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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ


CAMPUS MARACANAÚ - CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LODOS ATIVADOS

Prof. Me. Ronald Pessoa

DEFINIÇÃO

O processo de lodos ativados é biológico. A remoção da matéria orgânica presente nas águas
residuárias sanitárias e industriais é realizada pela participação de micro-organismos aeróbios e
facultativos, principalmente bactérias. O princípio geral deste processo consiste em acelerar a
decomposição natural da matéria orgânica que ocorre nos corpos hídricos receptores, mantendo-se
em um reator ou tanque de aeração uma concentração elevada de micro-organismos.
Parte da matéria orgânica é convertida em biomassa microbiana e parte, em CO2 e H2O,
sendo a biomassa separada do líquido por meio de simples sedimentação.
Os seguintes mecanismos de depuração ocorrem durante o processo:
o captura física do material em suspensão;
o bioabsorção;
o oxidação da matéria orgânica para manutenção de suas atividades metabólicas e
produção de novas células.

A equação geral e simplificada da conversão aeróbia é mostrada na eq. (1).

C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + ENERGIA eq. (1)

A liberação de energia é responsável pela formação de novas células microbianas.


BREVE HISTÓRICO

O sistema de lodos ativados surgiu na Inglaterra, no início do século XX. O pesquisador inglês
John Flowler (1912) utilizou cultura de biomassa suspensa em tanque de aeração para tratamento de
água residuária, sem recirculação de lodo, e verificou que ao manter a inoculação contínua no
tanque, eram obtidas boas eficiências de remoção de matéria orgânica. Em 1914, Edward Andern e
William Lokett, discípulos de Flowler, apresentaram trabalho à Sociedade Britânica de Química
Industrial, no qual relataram que a matéria orgânica presente na água residuária era removida
eficientemente devido à introdução de ar em um tanque (reator) e a manutenção de concentração
elevada de micro-organismos, conseguida pela adição de lodo (biomassa).
Desta forma, a água residuária era convenientemente misturada, formando-se flocos
macroscópicos de micro-organismos que eram posteriormente separados da fase líquida por
sedimentação. Ao iniciarem nova batelada, parcela do lodo sedimentado no sedimentador,
caracterizado pela presença de micro-organismos ativos, retornava para o tanque (reator),
acelerando o processo de degradação da água residuária. Assim, surgiu o sistema que se
convencionou chamar de “lodos ativados”.

PRINCÍPIO DO PROCESSO
Aeração
Mistura
Água Residuária Ar Agitação
Bruta Água Residuária
Tratada
Reator
Sedimentação

Lodo
Lodo de Retorno
retorno
Excedente

No reator biológico ocorrem as reações bioquímicas de remoção de matéria orgânica


carbonácea e, em determinadas condições, de matéria nitrogenada. Os micro-organismos utilizam o

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substrato (água residuária) para se desenvolver e, com a degradação da matéria orgânica, ocorre
liberação de energia que, juntamente com os nutrientes (nitrogênio e fósforo), é utilizada para a
formação de novas células.
Quanto maior o número de bactérias no reator, mais eficiente será o processo, pois maior será
a assimilação da matéria orgânica presente na água residuária afluente.
A concentração de bactérias no reator é aumentada devido à recirculação de lodo presente na
unidade de sedimentação secundária, o qual possui elevada concentração de bactérias ativas e
ávidas por alimento. Este é o princípio básico do sistema de lodos ativados, em que os sólidos
(lodo) são recirculados do fundo do sedimentador, por meio de bombeamento, para o reator.
As recomendações de percentuais para recirculação de lodo são em relação à vazão da água
residuária tratada de 25% para SSV ≤ 3500 mg/L; de 50% para 3500 mg/L<SSV<4500 mg/L e de
100% para SSV  4500 mg/L, sendo os valores de SSV referentes à concentração de sólidos no
reator.
No sedimentador secundário, a biomassa é separada do líquido graças a sua propriedade
floculenta. O floco formado, constituído de bactérias que se unem a partir de uma matriz gelatinosa,
é de grande dimensão, o que facilita a sedimentação.
A maior permanência da biomassa no reator garante a elevada eficiência do lodo ativado, já
que os micro-organismos dispõem de tempo suficiente para metabolizar a matéria orgânica presente
no despejo. Por outro lado, a entrada contínua de alimento no reator, favorece o crescimento
microbiano, de modo que o lodo excedente deve ser removido para evitar problemas como o de
transferência de oxigênio. O lodo excedente deve receber tratamento adequado antes de sua
disposição final.

Eficiências Típicas do Processo


Características Matéria orgânica, em DBO Sólidos suspensos
Efluente típico (mg/L) 20 a 40 20 a 30
Remoção típica (%) 75 a 95 85 a 95

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CONCEITOS BÁSICOS

o Reator ou tanque de aeração: local onde ocorrem os processos de biodegradação. O reator


possui alta concentração de micro-organismos (“lodos ativados”);
o Sistema de aeração: fornecimento de oxigênio necessário para a degradação aeróbia.
o Sedimentador: unidade de separação da água residuária da biomassa (lodo), podendo ser
primário ou secundário, em função da modalidade do sistema de lodos ativados.
o Lodo em excesso: quantidade de lodo que precisa ser removida do sistema, após o processo
de sedimentação, a fim de evitar o crescimento contínuo do lodo no reator, resultando na
falência progressiva do processo.
o Lodo de retorno: parcela do lodo que retorna ao reator para manutenção de concentração
adequada de micro-organismos, garantindo a eficiência do tratamento.
o Tempo de detenção hidráulica (TDH): refere-se ao volume de líquido do sistema em relação
ao volume de líquido retirado do sistema por unidade de tempo, expressando a relação entre
volume do reator e vazão.
o A/M: expressa a relação alimento/micro-organismo; em sistemas aeróbios deve ser da ordem
de 0,4 a 1,5. Está diretamente ligada à remoção de matéria orgânica.
o Tempo de retenção celular ou Idade do lodo (c): tempo médio de permanência do
lodo=biomassa no sistema.
o IVL (índice volumétrico do lodo): volume ocupado por 1 g de lodo após decantação de 30
min. Em processos aeróbios varia de 70 mg/L a 120 mg/L.

VARIAÇÕES DO PROCESSO

Lodos ativados convencional


Nesta modalidade de lodos ativados, o sedimentador primário é responsável pela remoção de parte
dos sólidos, reduzindo a energia a ser utilizada no reator para o tratamento da água residuária. Na
unidade de sedimentação secundária, localizada logo após o reator, há a separação da fase líquida
(água residuária) da sólida (lodo).

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Medidor de
vazão
Grade
Afluente Caixa de areia Sedimentador Reator

Lodo de
retorno Sedimentador
Efluente

Lodo
excedente

O lodo removido no sedimentador tem de ser estabilizado, devendo, assim como o lodo
secundário, sofrer tratamento antes de sua disposição final.
O processo tipo convencional necessita de menor tempo de detenção hidráulica, que é de 6 h
a 8 h. A idade do lodo (c) de 4 a 10 dias, não propiciando a endogenia das bactérias.

Boa remoção de matéria orgânica


Vantagens: Baixo requisito de área
Flexibilidade operacional

Mecanização
Ruídos
Desvantagens: Formação de aerossóis
Exige tratamento completo do lodo

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Lodos ativados com aeração prolongada

O reator tem dimensões maiores, devido à grande quantidade de lodo que se acumula em seu
interior. A idade do lodo (c) é maior, ou seja, a biomassa permanece mais tempo no sistema, em
geral, de 20 a 30 dias, e recebe a mesma carga de matéria orgânica. Com isso, há menos alimento
por unidade de volume do reator, fazendo com que as bactérias passem a utilizar o próprio
protoplasma celular para sobreviverem. O TDH também é alto, de 16 h a 24 h, de modo que como
há a necessidade da água residuária permanecer mais tempo no reator, o mesmo apresenta maiores
dimensões, ocorrendo, assim, menor concentração de substrato por volume do reator.

Grade
Afluente
Caixa de areia Reator Sedimentador

Medidor de Efluente
vazão
Lodo
excedente
Lodo de
retorno

Nesta modalidade de lodos ativados, não há a necessidade de se estabilizar o lodo biológico,


pois se evita gerar outra forma de lodo que venha requerer sua estabilização.
A reduzida disponibilidade de alimento que é praticamente assimilado em sua totalidade, faz
com que a aeração prolongada seja mais eficiente para a remoção de matéria orgânica. Os custos
com o tratamento do lodo a ser descartado são reduzidos, pois sua estabilização ocorre no sistema,
sendo necessários apenas os processos de desidratação e desinfecção, antes do seu destino final.

Maior remoção de matéria orgânica


Vantagens: Baixo requisito de área
Nitrificação mais efetiva
Lodo é estabilizado no reator
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Desvantagens: Maior custo de implantação e operação
Maior consumo de energia
Lodo mais úmido

Lodos ativados intermitente (batelada)


Reator em
Medidor de descarte do
vazão efluente tratado
Grade
Afluente Caixa de areia Efluente

Reator em
enchimento

Lodo
excedente
O processo consiste de um ou mais reatores de mistura completa onde ocorrem todas as etapas do
tratamento. Os ciclos normais de tratamento são: enchimento (entrada de esgoto bruto), reação
(aeração/mistura da massa líquida contida no reator), sedimentação (sedimentação e separação dos
sólidos em suspensão do esgoto tratado), descarte do efluente tratado (retirada do esgoto tratado do
reator) e repouso (ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente). Pode ser utilizado tanto na
modalidade convencional como na aeração prolongada.

Elevada remoção de matéria orgânica


Vantagens: Baixo requisito de área
Menor número de unidades
Satisfatória remoção de N e P

Desvantagen Alto custo de implantação e operação


Maior potência instalada

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SISTEMA DE AERAÇÃO
A aeração tem dupla finalidade. A primeira é a de disponibilizar oxigênio suficiente para as
necessidades dos micro-organismos aeróbios e, a segunda, a de provocar agitação e homogeneidade
suficiente para ocorrer a mistura completa no reator. Além disso, vários produtos voláteis são
removidos do meio.
A quantidade de oxigênio exigida é função da idade do lodo e da carga orgânica, dependendo,
portanto, do crescimento bacteriano e da respiração endógena.
Existem dois tipos de aeração artificial:
o aeração por ar difuso;
o aeração superficial ou mecânica.

Na aeração por ar difuso, ar ou oxigênio são introduzidos diretamente no líquido. Deve ser
utilizada em reatores cuja profundidade não ultrapasse 3 m para que se obtenha mistura e
oxigenação adequada do líquido em toda a unidade. O sistema é composto por difusores submersos
no líquido, tubulações distribuidoras de ar e sopradores. O ar é introduzido próximo ao fundo do
tanque, evitando a sedimentação do lodo, e o oxigênio é transferido ao meio líquido à medida que a
bolha de ar se eleva à superfície. O sistema de aeração por ar difuso é classificado em função da
porosidade do difusor:
- difusor poroso: promove a geração de bolhas finas ( < 3 mm) e médias (3 mm < < 6 mm).
Podem ser na forma de pratos e tubos;
- difusor não poroso: forma bolhas grossas ( > 6 mm), sendo constituído por tubos
perfurados ou com ranhuras.

Os aeradores superficiais ou mecânicos são agrupados da seguinte forma:


o Classificação segundo o eixo de rotação:
- aeradores de eixo vertical: baixa (20 a 60 rpm) e alta rotação (300 a 1200 rpm);
- aeradores de eixo de eixo horizontal.
o Classificação segundo a fixação:
- aeradores fixos;
- aeradores flutuantes.

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REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NUTRIENTES

O sistema é capaz de promover a conversão de amônia a nitrato (nitrificação). Em regiões de


clima quente a nitrificação é realizada quase que sistematicamente, a menos que haja problemas no
reator como: pH baixo, falta de oxigênio dissolvido, presença de tóxico inibidor e pouca biomassa.
Porém, na nitrificação, há remoção apenas de amônia e não de nitrogênio.
A remoção de nitrogênio ocorre em condições anóxicas, ou seja, na ausência de oxigênio
livre e na presença de nitrato. Nestas condições, um grupo de bactérias utiliza o nitrato no seu
processo respiratório, convertendo-o a nitrogênio gasoso que escapa para a atmosfera, sendo o
processo conhecido por desnitrificação. Assim, para se alcançar a desnitrificação no sistema de
lodos ativados, é necessária a modificação do processo pela criação de uma zona anóxica.
Se o nitrato não for removido do meio antes do líquido chegar ao sedimentador, a
desnitrificação será desenvolvida no sedimentador, o que causará perda de eficiência no processo,
devido à remoção insuficiente de matéria orgânica. O controle dos processos de nitrificação e
desnitrificação é conseguido com o aumento da idade do lodo.
Nas equações eq. (2) e (3) são mostradas as reações de conversão da amônia em nitrito e
nitrito em nitrato.

_ +
+
2NH4 –N + 3O2 2NO2 –N + 4H + 2H2O eq. (2)
Nitrosomonas

_ _
2NO2 –N + O2 2NO3 –N eq. (3)
Nitrobacter

Os micro-organismos envolvidos no processo são autótrofos quimiossintetizantes, para os


quais o gás carbônico é a principal fonte de carbono e a energia é obtida através da oxidação de um
substrato inorgânico, como a amônia e formas mineralizadas.

A desnitrificação é realizada por bactérias Pseudomonas sp., de acordo com a eq. (4).
_
+
2NO3 –N + 2H N2 + 2,5O2 + H2O eq. (4)
Pseudomonas sp.

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Com relação ao fósforo, estima-se que cerca de 2,5% do lodo se compõe de fósforo e sua
remoção é atribuída à precipitação do fosfato mineral e à formação de biomassa bacteriana de alto
teor de fósforo, sendo sua remoção efetuado juntamente com a do lodo em excesso. Observa-se que
nas zonas anóxicas e aeróbias subsequentes à zona anaeróbia ocorrem à incorporação de fosfato
pelo lodo.

SISTEMA DE TRÊS LODOS

Prevê a remoção de nitrogênio segundo a seguinte configuração:

Fonte externa de carbono

Qa Qe
I II III

Qr Qr Qr
Qr
Qex Qex Qex

O sistema comporta-se com características distintas em cada um dos pequenos reatores, de modo
que em I, tem-se oxidação aeróbia de matéria orgânica carbonácea em curto tempo de retenção
celular; em II, ocorre predomínio de nitrificantes, produzindo efluente final com concentração
elevada de nitrato e matéria orgânica remanescente, porém em concentração muito baixa. No último
reator (III), é mantida condição anóxica visando à conversão do nitrato em nitrogênio gasoso,
porém há necessidade de adicionar fonte externa de carbono, em geral, metanol ou etanol.

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SISTEMA BARDENPHO

Visa à remoção de nitrogênio, sendo mais eficiente e econômico que o sistema anterior por
trabalhar com pré e pós-desnitrificação, dispensando o uso de fonte externa de carbono.

_
NO3

Qa Qe
(I) (II) (III)
Anóxico Aeróbio Anóxico

Qr
Qex

Na primeira célula ocorre a pré-desnitrificação, sendo a fonte de carbono oriunda do próprio


despejo que adentra o sistema e o nitrato proveniente da segunda célula, na qual ocorre nitrificação
a partir da amônia que é oxidada pelo oxigênio provido no meio. Como o efluente da célula II ainda
apresenta nitrato, o mesmo é convertido em nitrogênio gasoso em uma pós-desnitrificação,
existindo no meio quantidade suficiente de matéria orgânica remanescente para ser utilizada pelas
bactérias desnitrificantes.

SISTEMA JOHANNESBURGO
Visa à remoção de fósforo, possuindo a configuração abaixo:
_
NO3

Qa Qe
(I) (II) (III)
Anaeróbio Anóxico Aeróbio

Qr (IV)
Anóxico Qex

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Favorece o desenvolvimento das bactérias poli-P (acumuladoras de P) de modo que na célula
anaeróbia as mesmas são as únicas capazes de utilizar preferencialmente acetato para a produção de
polihidroxibutirato, o qual é armazenado no interior da célula. Durante a produção do
polihidroxibutirato há gasto energético elevado que resulta na liberação de fosfato para o meio
líquido.
Nas células II e III, o polihidroxibutirato é metabolizado e a energia reposta ocorrendo absorção de
grande concentração de fosfato do meio líquido. A célula IV é responsável pela manutenção das
condições anaeróbias em I, uma vez que impede a chegada de nitrato na referida célula.

SISTEMA BARDENPHO MODIFICADO

Aprimoramento do sistema Bardenpho visando remoção de N e P, pela introdução da filosofia


empregada no sistema Johannesburgo.

_
NO3

Qa
(I) (I) (III) (IV) (V)
Anaeróbio Anóxico Aeróbio Anóxico Aeróbio

Qe

Qr Qr
(VI)
Anóxico Qex

Desta forma, na célula anaeróbia ocorrerá a produção de PHB e seu armazenamento, com
conseqüente liberação de fósforo para o meio, o qual será assimilado em grande escala pelas
acumuladoras de fósforo nas células anóxicas e aeróbias.
Em relação ao nitrogênio, a remoção efetiva ocorrerá nas células II e IV, quando será processada a
desnitrificação. A célula III fornecerá o nitrato necessário para o processo de desnitrificação em II e
IV. A introdução da célula aeróbia após a IV é opcional e objetiva a diminuição da flotação de lodo

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devido à presença elevada de nitrogênio gasoso, o pode arrastar lodo para fora do fundo do
sedimentador.
Semelhantemente ao sistema Johannesburgo, há também a introdução de célula anóxica entre a
linha de recirculação do lodo como fator de segurança, a fim de impedir a entrada de nitrato no
ambiente anaeróbio, no caso de desnitrificação incompleta, o que inviabilizaria a remoção de
fósforo no sistema.

MICROBIOLOGIA DOS LODOS ATIVADOS


No processo de lodos ativados, os flocos formados resultam de fragmentos orgânicos não
digeridos, de fração inorgânica (por exemplo, grãos de areia), de células mortas e micro-organismos
vivos, principalmente, de bactérias dos gêneros: Pseudomonas, Achromobacter, Flavobacterium,
Citromonas, Zooglea, além de bactérias filamentosas (Nocardia sp., Sphaerotilus natans,
Microthrix parvicella, Thiohtrix, etc.)
A estrutura do floco é constituída por dois níveis:
o macroestrutura;
o microestrutura.
A macroestrutura é formada por bactérias filamentosas e é o esqueleto do floco. A
microestrutura é composta de agregados de células.
Embora as bactérias filamentosas tenham grande importância na estrutura do floco, seu
crescimento deve ser limitado, evitando o fenômeno conhecido por “bulking” (intumescimento do
lodo), impedindo a sedimentação do floco.

Classificação dos flocos


o Lodos com predominância de características adequadas: presença de bactérias formadoras
de flocos (microestruturas) e bactérias filamentosas (macroestrutura), em equilíbrio,
propiciando a formação de flocos grandes e com boa resistência mecânica;
o Lodos com predominância de características inadequadas: presença excessiva ou quase
ausência de bactérias filamentosas (macroestrutura)

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Formação dos flocos
A teoria clássica da formação de flocos parte do princípio da presença da bactéria Zooglea,
que se caracteriza por possuir uma matriz gelatinosa. Esta característica seria responsável pela
absorção de partículas em suspensão, dando origem ao floco.
Contudo, observações posteriores revelaram que, dependendo da composição da água
residuária a ser tratada, tais bactérias podem aparecer ou não, sem que haja interferência na
formação dos flocos.
Este fato deu origem a uma nova teoria, baseada em estudos mais recentes, a de que a
formação dos flocos não estaria diretamente relacionada à produção de substâncias gelatinosas. A
aglutinação de bactérias para a formação de flocos nada mais seria que o resultado de forças físicas
de atração. Embora não se trate de um colóide, a suspensão de bactérias em um meio líquido
comporta-se como tal, dentro de certos limites. Porém outra força interfere na floculação, a força
motora das bactérias.
Em meios ricos em nutrientes, a força de locomoção das bactérias se sobrepõe às forças de
atração, que procuram aproximá-las. De fato, observa-se que no material floculado as bactérias se
apresentam imóveis, com o metabolismo reduzido ao mínimo.
Na fase exponencial, quando há alta carga orgânica disponível e o número de bactérias ainda
é pequeno, não há floculação. Nesta fase, as bactérias apenas querem degradar a carga orgânica para
a obtenção de energia, utilizada na reprodução das mesmas. Quando a matéria orgânica escasseia
para o grande número de bactérias, as bactérias menos resistentes começam a morrer, ocorrendo a
floculação devido à liberação de polissacarídeos.

Outros micro-organismos envolvidos


Fungos: habitantes frequentes dos lodos ativados. Seu desenvolvimento é estimulado em condições
específicas, como de pH baixo (ao redor de 5). Os fungos são tão eficazes na biodegradação quanto
às bactérias, mas por serem filamentosos podem causar o intumescimento do floco. Os gêneros mais
freqüentes nos lodos ativados são o Fusarium, Geotrichum, Penicillum e Cladosporium.
Protozoários: alimentam-se de bactérias, de outros protozoários e de matéria orgânica dissolvida
particulada.

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Algas: embora o ambiente não seja propício ao seu desenvolvimento, devido à ausência de luz,
algumas espécies podem ser encontradas, porém pouco se sabe sobre sua participação no processo
de lodos ativados. Os principais grupos encontrados são os de algas azuis e verdes e diatomáceas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tratamento de águas residuárias por processo de lodos ativados é muito eficiente,


particularmente para a remoção de matéria orgânica. Sua performace é justificada pelo fato de parte
da matéria orgânica ser transformada em gás carbônico e água e parte, em biomassa bacteriana,
reutilizada como cepa (lodo recirculado) no sistema.
Seu custo de implantação é alto devido ao grau elevado de mecanização e ao consumo de
energia. Porém, o efluente industrial tratado pode ser reaproveitado, podendo o sistema apresentar
uma relação custo e benefício favorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JORDÃO, E. J. e PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 5ª edição. ABES. Rio de


Janeiro, RJ. 941p. 2009.
VAN HAANDEL, A. e MARAIS, G. O comportamento do sistema de lodo ativado. Epgraf.
Campina Grande, PB. 488p. 1999.
VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias – Lodos
Ativados. 2ª edição. DESA: Belo Horizonte, MG. 428p. 2002.

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