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EIKO INES FUKAZAWA

Influência da candidíase vulvovaginal recorrente


na qualidade de vida

Dissertação apresentada à Faculdade de


Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências

Programa de Obstetrícia e Ginecologia

Orientadora: Profa. Dra. Iara Moreno Linhares

(Versão corrigida. Resolução CoPGr 6018/11, de 1 de novembro de 2011.


A versão original está disponível na Biblioteca da FMUSP)

São Paulo
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da


Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

©reprodução autorizada pelo autor

Fukazawa, Eiko Inês


Influência da candidíase vulvovaginal recorrente
na qualidade de vida / Eiko Inês Fukazawa. -- São
Paulo, 2018.
Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo.
Programa de Obstetrícia e Ginecologia.
Orientadora: Iara Moreno Linhares.

Descritores: 1.Candidíase vulvovaginal 2.Recidiva


3.Saúde 4.Prurido 5.Qualidade de vida 6.Bem-estar
7.WHOQOL-bref

USP/FM/DBD-463/18

Responsável: Erinalva da Conceição Batista, CRB-8 6755


DEDICATÓRIA
Ao meu marido Américo, meu companheiro de todas as

horas e meu maior incentivador.

À minha filha Karen, minha razão de viver.

Ao meu irmão Inácio, por estar sempre ao meu lado e

fazer a minha vida mais leve e feliz.

À minha família Tae, Eiji, Teru, Edgar, Eric, e Miriam,

por sempre me apoiarem nas minhas escolhas, pela

paciência e acolhimento.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que torna o impossível possível.
Ao Prof. Dr. Edmund Chada Baracat, por ter me proporcionado a oportunidade
de ser aluna.

À minha orientadora Profª Drª Iara Moreno Linhares, pelas orientações,


paciência, oportunidade desde o inicio e confiança em todos os momentos.

À Profª Dulce Aparecida Barbosa, pela amizade, orientações e apoio.

Ao Prof. Steven S. Witkin pela inestimável orientação.

Às minhas amigas do Setor de Imunologia, Genética e Infecções do Trato


Reprodutivo, Joserita Serrano de Assis, Mariana Camargo, Renata Robial e
Leiriane Tamashiro, pela amizade e momentos de descontração.

À minha amiga Renata Rodrigues Menezes, pelo apoio e carinho.

À Sra Adriana Sanudo pelo auxílio na interpretação dos resultados.

Às funcionárias do ambulatório da Divisão de Ginecologia do Instituto Central


do Hospital das Clínicas, Cristina Miyuki Oligassa, Aline Jesus Gamarra Alves,
Erica dos Santos, Maria de Lurdes de Souza de Meira, Abigail Souza Adão,
Sonia Maria de Lima, Helena Oliveira, Silvia Mantovani, Lucia Fabiana
Bortoloti, Cláudia Vieira e Marcelina de Camargo, por todo auxílio e
dedicação.

À secretária da Pós Graduação, Sra Lucinda Cristina Pereira, pelo


profissionalismo, gentileza e atenção em todos os momentos.

E a todas as pacientes, sem as quais o estudo não seria possível.

Agradeço ainda pelo auxílio Bolsa CAPES/demanda social.


NORMATIZAÇÃO ADOTADA

Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no


momento desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors


(Vancouver).

Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e


Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.

Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria


F. Crestana, Marinalva de / Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria
Vilhena, 3ª ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e documentação; 2011.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed
in Index Medicus.
SUMÁRIO
SUMÁRIO

Listas de siglas, abreviaturas e símbolos


Lista de gráficos
Listas de tabelas
Resumo
Abstract
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
1.1 Candidíase vulvovaginal recorrente ................................................ 2
1.2 Qualidade de vida ........................................................................... 6
1.3 Candidíase vulvovaginal recorrente e qualidade de vida .............. 16
2 OBJETIVOS ............................................................................................. 18
2.1 Objetivo Geral ............................................................................... 19
2.2 Objetivos específicos .................................................................... 19
3 MÉTODO ................................................................................................. 20
3.1 Desenho do estudo ....................................................................... 21
3.2 Sujeitos ......................................................................................... 21
3.2.1 Critérios de inclusão e exclusão dos grupos estudo e
controle ............................................................................... 22
3.3 Método de estudo.......................................................................... 23
3.4 Cálculo Amostral ........................................................................... 24
4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .......................................................................... 26
5 RESULTADOS......................................................................................... 29
6 DISCUSSÃO ............................................................................................ 50
7 CONCLUSÃO .......................................................................................... 62
8 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 64
9 ANEXOS .................................................................................................. 77
ANEXO A - Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa ................... 78
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................... 79
ANEXO C - WHOQOL bref - World Health Organization Quality of
Life Abbreviated Assessment ........................................................ 83
ANEXO D - Interpretação de alfa de Cronbach ..................................... 87
LISTAS
SIGLAS E ABREVIATURAS

ACTH Hormônio adrenocorticotrópico

CAPPesq Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do


HCFMUSP

CEP Comitê de Ética em Pesquisas

CVV Candidíase vulvovaginal

CVVR Candidíase vulvovaginal recorrente

DLQI- The Dermatology Life Quality Index

EQ-5D Euro Quality of Life

EUA Estados Unidos da América

FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade


de São Paulo

HIV Human Immuno Deficiency Virus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

MBL Mannose-binding lectin

OMS Organização Mundial da Saúde

PIB Produto Interno Bruto

QV Qualidade de Vida

RVVC Recurrent Vulvovaginal Candidiasis

SF-36 The Short-Form Health Survey

SPSS Social Package for Social Science

SWLS- The Satisfaction With Life Scale

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VAS Visual Analogue Scale

WHO World Health Organization


WHOQOL World Health Organization Quality of Life Group

WHOQOL-100 The World Health Organization Quality of Life Instrument

WHOQOL-bref The World Health Organization Quality of Life Abbreviated


Assessment
SÍMBOLOS

α alfa de Cronbach
β beta
= igual a
> maior que
< menor
+ /- mais ou menos
% porcentagem
GRÁFICOS

Gráfico 1 - Escores em cada domínio do WHOQOL-bref segundo os


grupos. ............................................................................ 34

Gráfico 2 - Escore da percepção da qualidade de vida segundo idade


em mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente
(estudo) e mulheres saudáveis (controle). ...................... 36

Gráfico 3 - Escore médio do domínio físico em mulheres com


candidíase vulvovaginal recorrente (estudo), mulheres
saudáveis (controle) e etnia. ........................................... 40

Gráfico 4 - Escore médio do domínio psicológico segundo


escolaridade e mulheres com candidíase vulvovaginal
recorrente (estudo) e mulheres saudáveis (controle). ..... 43

Gráfico 5 - Escore médio do domínio social dos grupos (estudo e


controle) e escolaridade. ................................................. 46

Gráfico 6 - Escore médio do domínio meio ambiente segundo os


grupos (estudo e controle) e estado civil......................... 49
TABELAS

Tabela 1 - Características sociodemográficas dos grupos mulheres


com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
saudáveis (controle). ............................................................... 30

Tabela 2 - Coeficiênte alfa de Cronbach dos domínios e questões


(n=210) ................................................................................... 31

Tabela 3 - Média (desvio padrão) das questões do domínio geral do


WHOQOL-bref em mulheres com candidíase vulvovaginal
recorrente (estudo) e saudáveis (controle). ............................ 32

Tabela 4 - Média (desvio padrão) dos domínios do WHOQOL-bref em


mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo)
e saudáveis (controle). ............................................................ 33

Tabela 5 - Análise uni e multivariada da percepção da qualidade de


vida com variáveis demográficas em mulheres com
candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis
(controle). ................................................................................ 35

Tabela 6 - Análise uni e multivariada da satisfação com a saúde com


variáveis demográficas em mulheres com candidíase
vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis (controle). ........ 37

Tabela 7 - Análise uni e multivariada do domínio físico do WHOQOL-


bref com variáveis demográficas em mulheres com
candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis
(controle). ................................................................................ 39

Tabela 8 - Análise uni e multivariada do domínio psicológico do


WHOQOL-bref com variáveis demográficas em mulheres
com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
saudáveis (controle). ............................................................... 41
Tabela 9 - Análise uni e multivariada do domínio social do WHOQOL-
bref em mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente
(estudo) e saudáveis (controle) com variáveis
demográficas. ......................................................................... 44

Tabela 10 - Análise uni e multivariada do domínio meio ambiente do


WHOQOL-bref com variáveis demográficas em mulheres
com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
saudáveis (controle). ............................................................... 47
FIGURA

Figura 1 - Prevalência mundial de candidíase vulvovaginal recorrente

para cada 100 mil mulheres (2013)..................................... 3


RESUMO
Fukazawa EI. Influência da candidíase vulvovaginal recorrente na qualidade
de vida [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de
São Paulo; 2018.

Introdução: A candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR) afeta


aproximadamente 138 milhões de mulheres mundialmente. Motivo frequente
de consultas em ginecologia, é definida como a ocorrência de quatro ou mais
episódios em um período de 12 meses. Manifesta-se por sintomas
extremamente desagradáveis como prurido, corrimento, irritação
vulvovaginal, dor, comprometendo as atividades diárias e laborais, vida sexual
e relacionamentos sociais. Objetivo: Avaliar a influência da candidíase
vulvovaginal recorrente na qualidade de vida de mulheres com essa afecção,
comparativamente à mulheres saudáveis. Método: O estudo foi realizado no
Setor de Imunologia, Genética e Infecções do Trato Reprodutivo do
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo no período de Julho de 2016 à dezembro de 2017,
após aprovação pelo comitê de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
do Hospital das Clínicas da FMUSP. Foram avaliadas 100 mulheres com
diagnóstico de candidíase vulvovaginal recorrente, confirmado clínica e
laboratorialmente (grupo estudo) e 101 mulheres saudáveis (grupo controle),
em um estudo transversal analítico caso controle. Para avaliação da qualidade
de vida foi utilizado o questionário validado World Health Quality of Life
Abbreviated Assessment (WHOQOL-bref), autoadmininstrado, em ambos os
grupos. Tal questionário é constituído por quatro domínios (físico, psicológico,
social e meio ambiente) e contem 26 questões. A consistência interna foi
avaliada pelo coeficiente de alfa de Cronbach. Para a análíse estatística
foram utilizados o teste qui-quadrado e o teste T de Student. Resultados:
As médias etárias das mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente e das
do grupo controle foram 34,0 e 32,2 anos respectivamente. Os escores
médios das dimensões do WHOQOL-bref para a percepção da qualidade de
vida (59,7), satisfação com a saúde (46,7), físico (54,4), psicológico (56,8),
social (51,5), meio ambiente (43,5) para mulheres com candidíase
vulvovaginal recorrente foram menores do que os do grupo controle:
qualidade de vida (71,3), satisfação com a saúde (67,1), físico (68,5),
psicológico (65,8), social (69,1) e meio ambiente (57,4).O coeficiente alfa de
Cronbach resultou maior do que 0,8 para as questões gerais e maior do que
0,65 para questões específicas, indicando uma consistência interna quase
perfeita e substancial respectivamente. Assim, a percepção da qualidade de
vida e a satisfação com a saúde estiveram muito reduzidas nas mulheres com
CVVR (p<0,001). No domínio físico a percepção de dor, falta de energia,
problemas com o sono, redução da atividade diária, dependência de
medicações ou tratamentos apresentaram-se aumentados em mulheres com
candidíase vulvovaginal recorrente (p<0,001). No domínio psicológico tais
mulheres referiram pouca afetividade, baixa autoestima, dificuldade na
cognição e depreciação da imagem corporal (p<0,001). Todos os aspectos
sociais, incluindo atividade sexual também se mostraram reduzidos. No
domínio meio ambiente apresentaram menor satisfação em seu local de
moradia, poucos recursos financeiros, menos atividades recreativas e alto
índice de desemprego (p<0,001). Conclusão: Candidíase vulvovaginal
recorrente impactou de maneira negativa múltiplos aspectos do bem-estar das
mulheres afetadas. Mulheres com esta condição merecem especial atenção
dos profissionais de saúde e também o incentivo de novas pesquisas, que
possam melhor elucidar aspectos de susceptibilidade, prevenção e
tratamento.

Descritores: bem-estar, candidíase vulvovaginal, prurido, qualidade de


vida, recorrência, saúde, WHOQOL-bref.
ABSTRACT
Fukazawa EI. Influence of recurrent vulvovaginal candidiasis on quality of life
[dissertation]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo”; 2018.

Background: Recurrent vulvovaginal candidiasis (RVVC) affects about 138


million women annually worldwide. A frequent reason for gynecologist
consults, RVVC is defined as four or more episodes of culture positive
symptomatic episodes in a 12 month period. Vulvovaginal itching, irritation,
pain, discharge and problems with their sexual and emotional relationships
are frequent complaints. We evaluated the influence of RVVC on aspects of
quality of life in affected women in comparison to a control group. METHODS:
This study was conducted at University of Sao Paulo Hospital of Medicine
between July 2016- December 2017. The study was approved by Ethical
Committee of University Sao Paulo Medical School. The cross sectional study
consisted of 100 women with RVVC and 101 epidemiologically healthy
matched women with no history of RVVC. Each subject completed a self-
administrated validated World Health Organization Quality of Life Abbreviated
Assessment (WHOQOL-bref) questionnaire, consisting of four domains
(physical, psychological, social relations, environment) and composed of 26
questions. Internal consistency of responses was evaluated by Cronbach
alpha. Data was analyzed by Chi square and student T test. RESULTS: The
mean age of women with RVVC and controls was 34,0 years and 32,2 years,
respectively. The mean WHOQOL-bref dimension scores for general health
(59,7), life satisfaction (46,7), physical well being (54,5), social relations
(51,5), psychological (56,8) and environment (43,5) for women with RVVC
were all lower than in the control group: general health (71,3), life satisfaction
(67,1), physical (68,5), social relations (69,1),psychological (65,8), and
environment (57,4). Cronbach alpha coefficient was >0.8 for general questions
and >0.65 for specific questions, indicating almost perfect and substantial
internal consistency, respectively. In total, perception of quality of life and
satisfaction with their health was greatly reduced in the RVVC group (p<0.001).
In the physical dominion, perception of pain, lack of energy, sleep problems,
reduced daily activity, reliance on medications or treatments was increased in
women with RVVC (p<0.001). Psychologically, RVVC patients reported
lowered affection, cognition, self-esteem and body image (p<0.001). All
aspects of social relations including sexual activity were also reduced
(p<0.001). Patients reported a less satisfactory home environment, lower
financial resources, lower frequency of recreational activities and higher
unemployment (p<0.001). CONCLUSION: RVVC affects multiple aspects of
affected women’s well being. Women with this condition deserve serious
attention from clinicians and research into susceptibility, prevention and
treatment of this infection should receive much greater support.

Descriptors: health, pruritus, quality of life, recurrent, vulvovaginal candidiasis,


well being, WHOQOL-bref.
1 INTRODUÇÃO
Introdução 2

1 INTRODUÇÃO

1.1 CANDIDÍASE VULVOVAGINAL RECORRENTE

O gênero Candida é constituído por aproximadamente 200 espécies de

leveduras oportunistas, que vivem normalmente nos mais diferentes tecidos e

secreções do corpo humano. No trato genital feminino a Candida sp pode ser

encontrada em 20% das mulheres saudáveis assintomáticas. Entretanto, por

fatores ainda pouco conhecidos, as leveduras podem se tornar patogênicas.

Os mecanismos que impedem ou favorecem tal transição ainda não estão

totalmente conhecidos, mas estão particularmente relacionados à atuação do

sistema imune do hospedeiro.1-5

As vulvovaginites por fungos foram descritas pela primeira vez por J.S.

Wilkinson em 1949, ocasião em que foi estabelecida a relação entre presença

de fungos na vagina e sintomas de vaginite.6

Dentre as infecções do trato genital inferior a candidíase vulvovaginal

é motivo frequente de procura por consulta ginecológica. Estima-se que

aproximadamente 75% das mulheres em idade reprodutiva apresentarão pelo

menos um episódio durante suas vidas; 50% apresentarão dois ou mais

episódios e 5% terão episódios recorrentes, ou seja quatro ou mais episódios

por ano.7

Segundo Sobel e Revankar (2007)8 estudos epidemiológicos para

determinar a frequência da vulvovaginite recorrente por Candida são de


Introdução 3

grande dificuldade, particularmente pela ampla disponibilidade de medicações

antifúngicas, que são utilizadas sem a necessidade de prescrição médica; tal

fato possibilita o acesso rápido aos medicamentos para alívio dos sintomas,

mas, por outro lado, elimina a procura por atendimento médico.

Embora não existam números absolutos, estimativas apontam para

uma incidência de 138 milhões de casos novos de candidíase vulvovaginal

recorrente (CVVR), a cada ano, no mundo. A maior prevalência ocorre na faixa

etária de 24 a 35 anos, período de maior produtividade na vida das mulheres;

em países com alta renda per capita, a perda de produtividade pode atingir 14

bilhões de dólares anualmente.9

A figura 1 ilustra a distribuição da CVVR no mundo.

Figura 1 - Prevalência mundial de candidíase vulvovaginal recorrente para


cada 100 mil mulheres (2013) 9

FONTE: Denning DW, Kneale M, Sobel JD, Rautemaa-Richardson R. Global burden of


recurrent vulvovaginal candidiasis: Lancet Infect Dis.2018;pii:S1473-3099(18)30103-8. 9

Dentre as diversas espécies de Candida (albicans, glabrata,

parapsilosis, tropicalis e outras) a albicans é a mais prevalente, sendo


Introdução 4

responsável por 85-95% desta infecção. Entretanto, nos últimos anos, tem

sido observado aumento na frequência das espécies não albicans.10,11

O quadro clínico da candidíase vulvovaginal é representado por prurido

vulvar de intensidade variável e corrimento geralmente esbranquiçado; nos

casos mais intensos pode haver dispareunia, disúria e edema vulvovaginal. O

prurido é o sintoma mais relevante, podendo haver ainda lesões vulvares

como escoriações e fissuras.12-15

Ressalta-se a necessidade de realização do diagnóstico correto pela

confirmação da presença do microorganismo no conteúdo vaginal, através da

microscopia a fresco, bacterioscopia com coloração pelo método de Gram ou

cultura em meios específicos. Reações de hipersensibilidade ou reações

alérgicas podem causar os sintomas atribuídos ao fungo.16,17

Define-se candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR), como a

ocorrência de quatro ou mais episódios confirmados clínica e

laboratorialmente em um período de 12 meses.12

Os fatores que determinam a transição da candidíase vulvovaginal

esporádica para a recorrente ainda não estão totalmente definidos. A maioria

dos casos de recorrências ocorrem em mulheres sem nenhum dos clássicos

fatores de risco para candidíase, como diabete melito não controlada,

gestação, uso de contraceptivos hormonais de alta dosagem, uso de

antibióticos, imunossupressores ou presença de doenças auto imunes.18-20

Estudos tem demonstrado que o aparecimento da CVVR pode estar

relacionado às deficiências específicas do sistema imune do hospedeiro,

particularmente no que se refere à imunidade do trato genital. Um dos


Introdução 5

componentes do sistema imune inato é a proteína lectina ligadora de manose,

que está presente nos fluidos corporais e na secreção vaginal. Tal proteína

possui a capacidade de reconhecer e ligar-se ao polissacarídeo manose,

presente na superfície da Candida sp e de outros microorganismos; essa

ligação ativa sistema de complemento, promovendo a lise celular e os

mecanismos de fagocitose, com destruição do fungo. Assim, a lectina

ligadora de manose representa importante componente da imunidade local no

combate à infecção fungica.21

O gene que codifica a lectina ligadora de manose é polimórfico, ou

seja, pode apresentar alterações na sequência de nucleotídeos que o

compõe; tal polimorfismo resulta na alteração do produto final que o gene

determina, a lectina ligadora de manose, que terá sua função alterada, sendo

menos eficaz no combate aos fungos e outros microorganismos. 21 Wojitani et

al. (2012)22 estudando mulheres brasileiras que apresentavam episódios de

candidíase vulvovaginal recorrente comparativamente à mulheres saudáveis,

verificaram que mulheres com recorrências apresentavam maior frequência

de polimorfismo no referido gene, o que facilita o aparecimento das recidivas.

Alterações na atuação de outros componentes do sistema imune também

podem aumentar a predisposição às recorrências.

Por outro lado, mecanismos de virulência relacionados ao

microorganismo podem facilitar as recorrências. Assim, a habilidade da

Candida sp para infectar diversos nichos é mantida por fatores tais como:

polimorfismo do fungo, expressões de adesinas e invasinas na superfície da

célula, formação de biofilmes, switching fenotípico, adaptação metabólica,


Introdução 6

secreções de enzimas hidrolítica e resposta ao estresse do meio

ambiente.23,24

Embora diversos estudos já tenham sido realizados, existe a

necessidade de maior entendimento da fisiopatogênese da CVVR, assim

como dos aspectos imunológicos do hospedeiro que atuam no combate à

essa afecção que acomete grande número de mulheres em todo o mundo.

Por outro lado, os sintomas extremamente desagradáveis, além de

prejudicarem o exercício da sexualidade, afetam de maneira importante

aspectos pessoais e profissionais da vida da mulher, impactando

negativamente a qualidade de vida.

1.2 QUALIDADE DE VIDA

Atualmente qualidade de vida é um objetivo relevante. Viver muito ou

pouco já não tem tanta importância; o que realmente importa é como viver

bem e esse tema tem sido motivo de estudos. Questões pouco valorizadas no

passado hoje fazem parte de metas a serem alcançadas, bem como a busca

da qualidade total em programas sociais e empresariais. Estas questões

dizem respeito, por exemplo, às condições de trânsito nas cidades, aos

diversos atendimentos médico-hospitalares, à existência ou não de áreas

verdes, aos efeitos que medicamentos podem causar ao paciente, à

realização pessoal, profissional e financeira, ao morar bem e ter conforto,

entre tantas outras questões que implicam na qualidade de vida. 25


Introdução 7

O conceito de qualidade de vida foi utilizado pela primeira vez por

Pigou26 em 1920, após a primeira guerra mundial. Este autor sugeriu a

intervenção do estado na distribuição de renda, resultando em maior

igualdade social consequentemente uma qualidade vida superior.

A partir dos anos 80 o conceito de qualidade de vida passou a ser

assunto de grande importância, principalmente no campo da saúde.

Contribuiu para este fato o aumento da expectativa de vida em virtude do

desenvolvimento tecnológico da medicina.27,28

Melhorar a qualidade de vida tornou-se a meta mais desejável em

todas as políticas de saúde. A discussão frequente sobre o assunto pela mídia

e em todos os ambientes em conversas do dia-a-dia veio acompanhada de

um dos maiores desafios, a definição de qualidade de vida.29,30

Segundo Dalkey e Rourke (1973)31, qualidade de vida pode ser

definida como “a sensação de bem-estar, satisfação ou insatisfação com a

vida, ou a felicidade ou infelicidade do indivíduo”.

Abrams (1973)32 definiu qualidade de vida em termos globais, como

sendo o grau de satisfação ou insatisfação sentido pelas pessoas nos vários

aspectos de suas vidas.

Farquhar (1995)33, no intuito de organizar as várias definições sobre

qualidade de vida, propos uma taxonomia, classificando-as em definições

globais, por componentes, focalizadas e combinadas. As globais são as mais

comuns, incorporam idéias de satisfação e insatisfação e de felicidade e

descontentamento. As por componentes dividem o conceito numa série de

partes que contribuem para a qualidade de vida global. Nas definições


Introdução 8

focalizadas um ou mais componentes são analisados mais detalhadamente.

As combinadas são junções de definições que buscam identificar os

elementos comuns a cada uma das definições.

Em 1995 a Organização Mundial da Saúde definiu qualidade de vida

como uma concepção pessoal do individuo, que se baseia no seu contexto

sociocultural, valores, sonhos, metas, padrões e preocupações. Ou seja, é a

percepção do individuo sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e

dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações.34

De acordo com Minayo et al. (2000)35, qualidade de vida é uma noção

particularmente humana, que no sentido mais objetivo, se relaciona com o

grau de satisfação encontrado em ambientes familiar, social, vida amorosa e

o que agrada ao individuo. Subentende-se a presença de todos os elementos

que uma determinada sociedade considera como seu padrão de conforto e

bem-estar. Qualidade de vida seria um composto biológico-social, que sofre

intervenções mentais, ambientais e culturais.

Segundo Gonçalves e Vilarta (2004)36, qualidade de vida é

apresentada pela maneira como as pessoas vivem, sentem e compreendem

seu cotidiano, envolvendo portanto, saúde, educação, transporte, moradia,

trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito. Assim, ao

abordar o tema, deve-se levar em consideração a sociedade a que o individuo

pertence, condições históricas, ambientais e socioculturais de determinado

grupo.
Introdução 9

A noção de qualidade de vida está relacionada a três aspectos. O

primeiro é o histórico ou seja, em um determinado tempo de seu

desenvolvimento social e tecnológico, uma sociedade específica tem um

parâmetro de qualidade de vida diferente da mesma sociedade em outra

etapa histórica. O segundo é o cultural, onde os valores e necessidades são

construídos e hierarquizados diferentemente pelos povos e o terceiro se refere

às estratificações ou classes sociais, ou seja, as sociedades que apresentam

grandes desigualdades socioeconômicas mostram que os padrões de bem

estar são também estratificados.35

Importante ressaltar que já em 1995 a Organização Mundial da Saúde

consolidou o conceito de qualidade de vida sob os aspectos de subjetividade,

multidimensionalidade e bipolaridade.37

Em relação à subjetividade, é considerada a percepção do indivíduo

sobre todos os aspectos cotidiano, incluindo seu estado de saúde, seu

contexto de vida e como tal indivíduo avalia a sua situação pessoal em cada

dimensão relacionadas à qualidade de vida37. De acordo com Slevin et al.

(1988)38, a noção de qualidade de vida somente poderia ser avaliada pelo

próprio indivíduo, ao contrário das tendências iniciais do uso do seu conceito,

quando era avaliada por um observador, usualmente um profissional da

saúde. Assim, deveriam ser consideradas as perspectivas da população ou

dos pacientes e não a visão dos profissionais de saúde. 39

Quanto à multidimensionalidade, refere-se ao reconhecimento pelo

qual o construto (conceito teórico não observável, por exemplo;


Introdução 10

personalidade, amor, medo) é composto por diversas dimensões,

quantitativas e qualitativas.40,41

Em relação à bipolaridade, considera-se que o construto possui

dimensões positivas e negativas, que podem ser aplicadas a condições

diferentes, tais como desempenho de papéis, autonomia, dor, fadiga e

dependência.42

Assim, mais do que definir através de conceitos, a ciência leva em

consideração as pesquisas sobre qualidade de vida sob diferentes aspectos,

como por exemplo as condições de saúde das pessoas. Além disso outros

dados são relevantes para a definição de qualidade de vida, sendo os mesmos

denominados de dimensões ou domínios. os quais compreendem: presença

de dor, alimentação, funções cognitivas, satisfação sexual, reserva

energética, comunicação, comportamento emocional, relacionamentos

sociais, atividade no trabalho, atividade domésticas e locomoção. 43,44

O termo dimensões ou domínios identifica um foco particular de

atenção, como por exemplo, capacidade funcional ou saúde mental, dentre

outros. Refere-se a uma determinada área de comportamento ou experiências

que estão sendo medidas. As dimensões ou domínios caracterizam-se por um

conjunto de questões agrupadas nos instrumentos de medida, sendo tais

questões relacionadas à uma determinada área do conhecimento ou da

condição humana.42

Assim, cada sociedade estabelece culturalmente seu padrão de vida

e isso direciona as expectativas e níveis de satisfação dos indivíduos que a


Introdução 11

compõem, exercendo influência sobre o que representa ou não uma boa

qualidade de vida.35

Recentemente, tem ocorrido crescente preocupação não apenas com

a frequência e a severidade das doenças, mas também com a avaliação de

medidas de impacto das mesmas na qualidade de vida do indivíduo. 45,46,47

Diversas são as formas de avaliação da qualidade de vida, não

havendo medidas consideradas como padrão-ouro.33

O Índice de Desenvolvimento Humano, (IDH) é uma das formas mais

tradicionais de avaliação de qualidade de vida em grandes populações; é um

indicador sintético, composto por: esperança ao nascer, escolarização,

alfabetização de adultos e renda per capta.48

De acordo com Laurenti (2003)49, os instrumentos para avaliação de

qualidade de vida utilizados no Brasil normalmente são traduções que

apresentam falhas ao serem aplicados em culturas diferentes, sendo

necessário validá-los.

A validade de um instrumento de medida pode ser definida como a

sua capacidade de mensurar o que se propõe a medir. A confiabilidade do

mesmo é a capacidade em reproduzir um resultado de forma consistente no

tempo e no espaço, refere-se à característica que determina o quanto a escala

de respostas produz resultados consistentes. O modo mais utilizado para

medir a confiabilidade é através da avaliação da consistência

interna.50,51

Um dos coeficientes mais utilizados para a avaliação da consistência

interna de um questionário é o alfa de Cronbach, que mede a correlação entre


Introdução 12

as respostas do questionário através da análise do perfil das respostas dadas

pelos respondentes, verificando se existe uma correlação adequada entre as

perguntas. A estimativa final do alfa de Cronbach revela o grau de correlação

entre os ítens do questionário.52,53 (Anexo D)

Diversos instrumentos têm sido utilizados para mensurar a de

qualidade de vida, a maioria dos quais desenvolvidos principalmente nos

Estados Unidos e na Europa. Em relação ao campo de aplicação, podem ser

divididos em dois grandes grupos: genéricos e específicos.54,55

Instrumentos genéricos são aqueles desenvolvidos com a finalidade

de refletir o impacto de uma doença sobre a vida do paciente, podendo ser

aplicados em várias populações. Avaliam o perfil de saúde e as medidas que

indicam a preferênciado paciente por determinado estado de saúde,

tratamento ou intervenção.56,57

Os instrumentos específicos são assim designados porque avaliam

grupos com diagnósticos específicos ou populações específicas, com o

objetivo de medir responsividade ou mudanças consideradas “clinicamente

importantes”, proporcionando assim uma maior sensibilidade na detecção de

melhora ou piora do aspectoem estudo.49

A ausência de um instrumento que avaliasse qualidade de vida sob

uma perspectiva internacional fez com que a Organização Mundial da Saúde

(OMS) constituísse um grupo de estudos de qualidade de vida, com a

finalidade de desenvolver instrumentos capazes de realizar esta avaliação

dentro de um âmbito transcultural.58


Introdução 13

A construção do instrumento de avaliação de qualidade de vida da

Organização Mundial da Saúde (WHOQOL) teve início em 1994, sendo

realizado em 15 centros simultaneamente e disponibilizado em 20 idiomas. O

resultado foi a criação de um instrumento que tem como objetivo avaliar a

qualidade de vida em diferentes culturas.59

No Brasil, tal projeto multicêntrico foi traduzido por um grupo de

pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, liderados pelo

professor Marcelo P. de Almeida Fleck (2000).60

O instrumento de avaliação de qualidade de vida, denominado World

Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100), é constituído por um

questionário contendo 100 questões, Tal instrumento é baseado em três

aspecos fundamentais: subjetividade, multidimensionalidade e presença de

dimensões positivas e negativas. Por sua vez, esses aspectos são

distribuídos em seis domínios, a saber: físico, psicológico, nível de

dependência, relações sociais, meio ambiente e qualidade de vida geral. Cada

domínio é constituido por vários subdomínios, denominados de facetas, sendo

cada uma das facetas avaliada por quatro questões. Assim, o instrumento é

composto por 24 facetas específicas e uma faceta geral, que inclui questões

de avaliação global de qualidade de vida.59

Após uma série de análises psicométricas (técnicas que viabilizam a

quantificação de fenômenos psíquicos) do desempenho dos itens deste

instrumento e buscando um instrumento menos complexo com maior

facilidade de aplicação,o grupo WHOQOL desenvolveu a versão abreviada do

WHOQOL-100, o World Health Organization Quality of Life Abbreviated


Introdução 14

Assessment (WHOQOL-Bref). O critério de seleção das questões para

compor a versão abreviada foi tanto psicométrica como conceitual. Tal versão

foi testada em 23 países, inclusive no Brasil, tendo sido respondida por 11.830

pessoas. O resultado da avaliação foi considerado entre bom e excelente,

referendando alta qualidade do questionário.60-63

O WHOQOL-bref abrange quatro domínios: físico, psicológico,

relações sociais e meio ambiente. É composto por 26 questões, duas gerais

sobre qualidade de vida e saúde e as demais 24 correspondendo às facetas

que compõem o instrumento original.58

As questões do WHOQOL-100 e WHOQOL-Bref foram formuladas

seguindo a escala de respostas tipo Likert, ou seja, padrão de resposta

psicométrica, obedecendo as magnitudes de intensidade (nada-

extremamente), capacidade (nada-completamente), frequência (nunca-

sempre), e avaliação (muito insatisfeito, insatisfeito, pouco satisfeito, muito

satisfeito).64,65

Ambos os questionário WHOQOL-100 e WHOQOL-Bref têm sido

utilizados em diversas áreas do conhecimento, em especial na área da saúde,

permitindo a comparação de resultados entre diferentes populações.66

As versões em português seguiram a mesma proposta de utilização,

ou seja, aplicabilidade em várias áreas de conhecimento e principalmente na

área da saúde.66

O Quadro 1 apresenta os domínios e facetas do WHOQOL-bref, na

versão validada para a língua portuguesa.55

Domínio 1 – Físico
Introdução 15

• Dor e desconforto
• Energia e fadiga
• Sono e repouso
• Mobilidade
• Atividade da vida cotidiana
• Dependência de medicação ou de tratamento
• Capacidade de trabalho

Domínio 2 – Psicológico
• Sentimentos positivos
• Pensar, aprender, memória e concentração
• Autoestima
• Imagem corporal e aparência
• Sentimentos negativos

Domínio 3 – Social
• Relacões pessoais
• Suporte (apoio) social
• Atividade sexual

Domínio 4 – Meio ambiente


• Segurança física e proteção
• Ambiente do lar
• Recursos financeiros
• Cuidados de saúde e sociais; disponibilidade e qualidade
• Oportunidade de adquirir novas informações e habilidades
• Participação em e oportunidade de recreação/lazer
• Ambiente físico (poluição/clima/ruído/trânsito)
• Transporte

1.3 CANDIDÍASE VULVOVAGINAL RECORRENTE E QUALIDADE DE

VIDA

A CVVR pode manifestar-se por sintomas extremamente

desagradáveis, que repercutem no dia a dia das mulheres acometidas,


Introdução 16

comprometendo suas atividades diárias e laborais, vida sexual,

relacionamentos sociais e familiares, afetando inclusive seus sentimentos.67

Além do desconforto físico, a CVVR acarreta significativos agravos

psicológicos e financeiros; quando comparadas à mulheres que foram

assistidas em programa de planejamento familiar, as mulheres com história

de CVVR apresentaram baixa autoestima, referindo estarem sob intenso

estresse, com depressão, menos satisfeitas com a vida em geral.68-70

Em entrevista qualitativa realizada nos Estados Unidos com a

participação de 127 mulheres com diagnóstico de CVVR, as mesmas

referiram que esta afecção afeta a vida pessoal, incluindo a habilidade de

socialização, prejudicando a atividade sexual e reduzindo a produtividade.

Aproximadamente 40% das mulheres entrevistadas afirmaram que a CVVR é

um incômodo muito grande em suas vidas e que os maiores desconfortos são

ocasionados pelos sintomas e gastos com medicações e consultas. Dentre as

entrevistadas 30% relataram terem se ausentado do trabalho devido à

infecção fúngica.69

Aballéa et al (2013)69 estimaram que a perda da produtividade no

trabalho devido à CVVR poderia atingir a média de 33 horas por ano, o que

corresponderia a aproximadamente a 1.260 dólares em 2011 nos Estados

Unidos.

Estudos mostraram que o estresse crônico afeta a reatividade do eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal. Em condições de estresse agudo ocorre a

liberação de hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e corticóides na corrente

sanguínea, como resposta fisiológica, pela ativação do eixo hipotálamo-


Introdução 17

hipófise-adrenal. Entretanto, quando o referido eixo é constantemente ativado

por longo período, ocorre o estresse crônico; nesta situação o mecanismo

fisiológico pode falhar, o que leva a alterações da resposta imune reduzindo

a imunidade celular e aumentando da suscetibilidade à infecções.70

Ehrström et al.71 (2005) realizaram estudo com 35 mulheres

portadoras de CVVR e 35 mulheres saudáveis, as quais foram submetidas à

análise quantitativa do nível de cortisol em amostras de saliva. Os autores

demonstraram que as mulheres com CVVR apresentaram níveis baixos de

cortisol quando comparadas às saudáveis, indicando estado de estresse

crônico nas portadoras da afecção.

Assim, a literatura tem apontado vários aspectos relacionados à

infecção fúngica no trato genital feminino: epidemiológicos, etiopatogênicos,

de diagnóstico e tratamento de tão relevante afecção. Entretanto, lacunas

existem na avaliação da qualidade de vida das mulheres acometidas, o que

motivou a realização do presente trabalho.


2 OBJETIVOS
Objetivos 19

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a influência da candidíase vulvovaginal recorrente na

qualidade de vida em mulheres portadoras dessa afecção.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1- Avaliar a percepção da qualidade de vida em mulheres portadoras

de candidíase vulvovaginal recorrente, comparativamente à

mulheres saudáveis utilizando World Health Organization Quality of

Life Abbreviated Assessment (WHOQOL-bref).

2- Verificar a adequabilidade do instrumento World Health Quality of

Life Abbreviated Assessment para a avaliação da qualidade de vida

em mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente e mulheres

saudáveis.
3 MÉTODO
Método 21

3 MÉTODO

Este projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética do

Departamento de Obstetrícia e Ginecologia e, posteriormente encaminhado à

Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,

(CAPPesq), processo número 0808/10, anexo A.

3.1 DESENHO DO ESTUDO

Estudo transversal analítico, caso controle.

3.2 SUJEITOS

As pacientes foram selecionadas no Setor de Imunologia, Genética e

Infecções do Trato Reprodutivo do Ambulatório da Divisão de Ginecologia do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo.

O estudo foi realizado no período de julho de 2016 à dezembro de

2017. Todas as pacientes com diagnóstico de candidíase vulvovaginal

recorrente e que respeitassem os critérios de inclusão foram convidadas,

durante a consulta, a participar. Tais pacientes caracterizaram o grupo estudo.

Para o grupo controle foram convidadas mulheres saudáveis e que obedeciam

aos critérios de inclusão.


Método 22

3.2.1 Critérios de inclusão e exclusão dos grupos estudo e controle

Critérios de inclusão do grupo de estudo

• Idade ≥18 anos

• Menacme

• Vida sexual ativa

• Diagnóstico de candidíase vulvovaginal recorrente (definida como

quatro ou mais episódios de candidíase confirmados clínica e

laboratorialmente no período de 12 meses)

• Ausência de sinais e sintomas de doenças imunológicas

Critérios de inclusão do grupo controle

• Menacme

• Vida sexual ativa

• Idade ≥18 anos

Critérios de exclusão dos grupos estudo e controle

• Gestação atual

• Uso de antibióticos e/ou corticosteróides nos últimos 30 dias

• Uso de creme vaginal nos últimos 30 dias

• Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

• Uso de contraceptivo hormonal oral com dosagem de etinil estradiol

acima de 30 microgramas

• Presença de doenças associadas: auto-imunes, diabete melito,

neoplasias malignas.
Método 23

3.3 MÉTODO DE ESTUDO

No momento da consulta, a paciente era informada sobre o estudo.

Se aceitasse participar era submetida à rotina de consulta do Setor de

Imunologia, Genética e Infecções do Trato Reprodutivo da Divisão de

Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo e, ao término da mesma, recebia o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, (Anexo B). Após leitura,

esclarecimento de eventuais dúvidas e assinatura do Termo, e se respeitasse

aos critérios de inclusão avaliados pela pesquisadora, era incluída no estudo.

Todas as pacientes convidadadas pela pesquisadora aceitaram

participar, recebendo então o instrumento de medida de qualidade de vida,

World Health Organization Quality of Life Abbreviated (WHOQOL-bref) (Anexo

C). Ao término do questionário devolviam o mesmo à pesquisadora.

O grupo controle foi constituído por mulheres que compareciam para

consulta ginecológica de rotina e/ou coleta de citologia oncológica e que não

apresentavam história, sinais e sintomas de doenças ginecológicas e/ou

outras doenças.

Como instrumento de pesquisa foi utilizado o WHOQOL-bref,

questionário composto por 26 questões, assim distribuídas: a primeira

questão avalia a percepção da qualidade de vida, a segunda avalia a

satisfação com a saúde e as demais 24 questões avaliam cada uma das

facetas que compõem os domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio

ambiente).
Método 24

A escala de respostas do questionário é do tipo Likert, como

previamente explicitado, composta por cinco elementos e variando de 1 a 5.

Ressalta-se que as questões Q3, Q4, Q26 do WHOQOL-bref apresentam

escala invertida, o que significa que as respostas quantificadas como 1, 2, 3,

4 e 5 são invertidas para os valores 5, 4, 3, 2, e 1, respectivamente (1=5, 2=4,

3=3, 4=2, 5=1).

Assim, tal inversão foi realizada pela pesquisadora quando recebia o

questionário preenchido pela paciente.

3.4 CÁLCULO AMOSTRAL

O estudo pretende avaliar a influência da candidíase vulvovaginal na

qualidade de vida das pacientes. Para tanto, serão observadas mulheres com

diagnóstico de candidíase comprovado e mulheres controle de mesma faixa

etária, etnia e nível cultural. Para avaliação da qualidade de vida será utilizado

o questionário WHOQOL-bref (World Health Quality of Life Abbreviated

Assessment).

Supondo que a as mulheres com candidíase apresentem queda na

qualidade de vida comparativamente às mulheres controle de pelo menos 1

DP (um desvio padrão) para qualquer dos domínios de qualidade de vida, os

grupos para realização do estudo deverão ser compostos de 16 mulheres

cada, com confiança de 95% e poder de 80% conforme formulação abaixo:


Método 25

2(Zα/2 + Zβ )
2

n= 2
 diferença média 
 desvio padrão 

(Equação 1)

Onde: Zα/2 é o valor da distribuição normal com 1- α de confiança;

Z α é o valor da distribuição normal com 1-α de poder; diferença é o

valor que se espera na diferença da qualidade de vida entre os dois grupos

de mulheres; desvio padrão é a variabilidade na qualidade de vida dentro de

cada um dos grupos.72

Devido à disponibilidade de pacientes no Ambulatório do Setor de

Imunológia, Genética e Infecções do Trato Reprodutivo, foram incluídas 100

pacientes no grupo estudo e 101 mulheres no grupo controle.


4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Análise Estatística 27

4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O resultado final dos domínios do WHOQOL-bref foi obtido

calculando-se a média dos valores de cada domínio. A média obtida foi

multiplicada pelo número quatro, uma vez que o instrumento de origem do

WHOQOL-bref, o WHOQOL-100, contém quatro questões para cada faceta.73

Portanto, os resultado dos questionários respondidos pelas pacientes

(respostas que variavam de 1 a 5) foram transformados em escores de 0 à

100, de acordo com as normas estabelecidas para a utilização de tal

instrumento de avaliação de qualidade de vida. Para o cálculo dos escores de

cada domínio, as questões foram agrupadas também de acordo com as

referidas normas.73

Para a análise estatística as variáveis categóricas foram descritas por

frequências absolutas e relativas. Variáveis contínuas foram avaliadas quanto

à normalidade por métodos gráficos e pelos valores de curtose e assimetria e

todas apresentaram distribuição normal, sendo descritas pelas médias e

respectivos desvios-padrão.74

As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e

relativas. Variáveis contínuas foram avaliadas quanto à normalidade por

métodos gráficos e pelos valores de curtose e assimetria e todas

apresentaram distribuição normal, sendo descritas pelas médias e respectivos

desvios-padrão.
Análise Estatística 28

Na análise univariada, foi utilizado o teste qui-quadrado para

comparação das variáveis categóricas entre os grupos estudo e controle. O

teste T de Student para amostras independentes foi utilizado para

comparação da idade e escores do WHOQOL-bref entre os grupos estudo e

controle. Para comparação dos escores quanto à escolaridade e estado civil

foi utilizado o teste ANOVA.74

Para identificação dos fatores associados de forma independente a

cada um dos domínios do WHOQOL-Bref, foi utilizada a técnica de regressão

linear múltipla. Foram incluídos nos modelos as variáveis grupo (estudo ou

controle), idade (independente de significância estatística, devido à

plausibilidade biológica) e variáveis com valor de p <0,10 na análise

univariada. Os pressupostos foram verificados e não foram violados.

Todos os testes foram bicaudados e valores finais de p menores que

0,05 foram considerados significativos. Todas as análises foram conduzidas

com auxílio do software Statistical Package for Social Sciences.74

Para a análise da confiabilidade da consistência interna, foi utilizado

o coeficiente alfa de Cronbach. Tal coeficiente mede a correlação entre as

respostas em um questionário através da análise do perfil das respostas

dadas pelos respondentes, avaliando a magnitude em que os itens de um

instrumento estão relacionados entre si e medem o mesmo conceito.53


5 RESULTADOS
Resultados 30

5 RESULTADOS

A Tabela 1 ilustra a distribuição dos dados sociodemográficos nos

grupo estudo e controle.

Tabela 1- Características sociodemográficas de mulheres com candidíase


vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

GRUPO
Total
(n=201) Estudo Controle
Variáveis p-valor
(n=100) (n=101)
N % n % n %
Etnia 0,468
Branca 171 85,1 82 82,0 89 88,1
Negra 5 2,5 4 4,0 1 1,0
Parda 23 11,4 13 13,0 10 9,9
Amarela 2 1,0 1 1,0 1 1,0
Escolaridade 0,139
Ens. fund. ou menos 10 5,0 6 6,0 4 4,0
Ens. fund.Completo 66 32,8 28 28,0 38 37,6
Ens. médio completo 107 53,2 53 53,0 54 53,5
Ens. sup.Completo 18 9,0 13 13,0 5 4,9
Idade, anos 0,072
média ± desvio padrão 33,1 ± 7,3 34,0 ± 6,9 32,2 ± 7,6
Atividade laboral 0,006
Não 68 33,8 43 43,0 25 24,7
Sim 133 66,2 57 57,0 76 75,3
Estado civil 0,198
Casada/união estável 119 59,2 64 64,0 55 54,5
Solteira 69 34,3 30 30,0 39 38,6
Divorciada/separada 11 5,5 4 4,0 7 6,9
Viúva 2 1,0 2 2,0 0 0,0

Os dados são apresentados como n(%), exceto se especificado.


Resultados 31

Observa-se que não houve diferença estatisticamente significativa

entre os grupos estudo e controle com relação às variáveis etnia,

escolaridade, estado civil e idade. Entretanto, foi observada diferença em

relação à atividade laboral, sendo mais frequente no grupo controle (p=0,006)

A Tabela 2 ilustra a avaliação da consistência interna do total de

domínios, total de questões e cada um dos domínios do WHOQOL-bref de

acordo com o coeficiente de alfa de Cronbach para o total de mulheres dos

grupos estudo e controle (n=201).

Tabela 2 - Coeficiênte alfa de Cronbach dos domínios e questões (n=201)

Itens Coeficiente de Cronbach Número de itens


Domínios 0,81 6
26 questões 0,88 26
Domínio 1 – Físico 0,65 7
Domínio 2 – Psicológico 0,66 6
Domínio 3 – Relações Sociais 0,72 3
Domínio 4 – Meio Ambiente 0,74 8

Observa-se que, para o total de domínios e o total de questões, o

coeficiente de alfa de Cronbach esteve acima de 0,8, ou seja, quase perfeito.

Para cada domínio isoladamente os valores foram substanciais, ou

seja, 0,65 a 0,74.75


Resultados 32

A Tabela 3 ilustra a média (desvio padrão) das questões do domínio

geral do WHOQOL-bref de acordo com os grupos estudo e controle.

Tabela 3- Média (desvio padrão) das questões do domínio geral do


WHOQOL-bref em mulheres com candidíase vulvovaginal
recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

GRUPO
Total
Estudo Controle p-valor
(n=201)
(n=100) (n=101)

Percepção da Qualidade de
65,5 ± 18,1 59,7 ± 19,4 71,3 ± 14,7 <0,001
Vida

Satisfação com a Saúde 57,0 ± 21,2 46,7 ± 20,0 67,1 ± 17,3 <0,001

Observa-se que, nas questões do domínio geral do WHOQOL-bref, o

grupo estudo apresentou escores inferiores ao grupo controle; tais diferenças

foram estatisticamente significativas (p<0,001).


Resultados 33

A Tabela 4 ilustra a média (desvio padrão) dos diferentes domínios do

WHOQOL-bref de acordo com os grupos estudo e controle.

Tabela 4- Média (desvio padrão) dos domínios do WHOQOL-bref em


mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
saudáveis (controle)

GRUPO
Total
Estudo Controle p-valor
(n=201)
(n=100) (n=101)

Físico 61,5 ± 13,0 54,5 ± 11,2 68,5 ± 10,7 <0,001

Psicológico 61,3 ± 12,3 56,8 ± 12,1 65,8 ± 10,8 <0,001

Social 60,4 ± 19,8 51,5 ± 18,8 69,1 ± 16,7 <0,001

Meio ambiente 50,5 ± 13,2 43,5 ± 12,0 57,4 ± 10,5 <0,001

Total 57,9 ± 11,2 51,2 ± 9,6 64,6 ± 8,4 <0,001

Observa-se que, em todos os domínios, o grupo controle apresentou

escores superiores ao grupo estudo, sendo que em todos os domínios tais

diferenças foram estatisticamente significativas (p<0,001).


Resultados 34

O Gráfico 1 ilustra os comportamentos descritos nas Tabelas 3 e 4.

Gráfico 1 - Escores em cada domínio do WHOQOL-bref segundo os grupos

Observa-se que a questão 2 “satisfação com a saúde” apresentou a

maior diferença média entre ambos os grupos. Para cada um dos domínios

do WHOQOL-bref foi realizada uma análise comparando-se os escores

médios da percepção da qualidade de vida entre os grupos (estudo e controle)

e as demais variáveis sociodemográficas avaliadas.


Resultados 35

A Tabela 5 ilustra a análise uni e multivariada da percepção da

qualidade de vida com variáveis demográficas e grupos estudo e controle.

Tabela 5 - Análise uni e multivariada da percepção da qualidade de vida com


variáveis demográficas em mulheres com candidíase vulvovaginal
recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

Percepção da Qualidade
p-valor da análise
de Vida
Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 59,7 [55,9; 63,6]
Controle 71,3 [68,4; 74,2]
Etnia 0,069 n/s*
Branca 66,5 [63,7; 69,3]
Negra 45,0 [19,0; 71,0]
Parda 63,0 [57,5; 68,6]
Amarela 62,5 [0,0; 100,0]
Escolaridade 0,310 n/s*
Ens. fund. ou menos 70,0 [58,7; 81,3]
Ens. fund.completo 66,3 [61,5; 71,0]
Ens. médio completo 65,9 [62,6; 69,1]
Ens. sup.completo 58,3 [47,9; 68,8]
Idade, anos 65,5** [63,0; 68,0] 0,010 0,035
Atividade laboral 0,447 n/s*
Não 66,9 [62,3; 71,5]
Sim 64,8 [61,8; 67,9]
Estado civil 0,492 n/s*
Casada/ união Estável 64,5 [61,2; 67,8]
Solteira 68,1 [63,8; 72,5]
Divorciada/separada 61,4 [49,8; 72,9]
Viúva 62,5 [0; 100,0]

*n/s = não significativo ** representa a média do escore na faixa etária média de 33,1 anos

Observa-se através da análise univariada que escolaridade, atividade

laboral e estado civil não apresentaram diferença na média de percepção de

qualidade de vida (p>0,05). Para o ajuste multivariado do modelo foram

selecionadas as variáveis grupo, etnia e idade. Através do ajuste de tal modelo


Resultados 36

verificou-se que grupo e idade mostraram-se independentemente associados

com a percepção da qualidade de vida (p<0,05).

O gráfico 2 ilusta a percepção da qualidade de vida segundo idade e

grupos.

Gráfico 2 - Escore da percepção da qualidade de vida segundo idade em


mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
mulheres saudáveis (controle)

80
Percepção da Qualidade de Vida

70

60

50

40

30

20 Estudo Controle
10

0
20 25 30 35 40 45

Idade (anos)

Observa-se que o grupo estudo apresentou, em média, 10,9 ± 2,1

pontos a menos no escore da percepção da qualidade de vida quando

comparado ao grupo controle (p<0,001). Independente do grupo, observa-se

que para cada ano vivído, há um decréscimo de 0,3 ± 0,2 pontos no escore

da percepção da qualidade de vida (p=0,035). Mulheres do grupo estudo

apresentaram média de escore da percepção da qualidade de vida menor,

sendo tal diferença estatisticamente significativa (p<0,001).


Resultados 37

A Tabela 6 ilustra a análise uni e multivariada da satisfação com a

saúde com variáveis demográficas e grupo estudo e controle.

Tabela 6 - Análise uni e multivariada da satisfação com a saúde com


variáveis demográficas em mulheres com candidíase vulvovaginal
recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

Satisfação com a Saúde p-valor da análise


Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 46,7 [42,8; 50,7]
Controle 67,1 [63,7; 70,5]
Etnia 0,059 n/s*
Branca 58,3 [55,1; 61,5]
Negra 45,0 [19,0; 71,0]
Parda 50,0 [41,4; 58,6]
Amarela 50,0 [50,0; 50,0]
Escolaridade 0,310 n/s*
Ens. fund. ou menos 62,5 [53,1; 71,9]
Ens. fund. Completo 57,6 [52,0; 63,2]
Ens. médio completo 57,5 [53,5; 61,4]
Ens. sup.completo 48,6 [37,8; 59,5]
Idade, anos 57,0** [54,0; 59,9] 0,065 n/s*
Atividade laboral 0,224 n/s*
Não 54,4 [49,4; 59,4]
Sim 58,3 [54,6; 61,9]
Estado civil 0,414 n/s*
Casada/ união Estável 55,0 [50,9; 59,2]
Solteira 59,8 [55,1; 64,4]
Divorciada/separada 61,4 [49,8; 72,9]
Viúva 50,0 [50,0; 50,0]

n/s* = não significativo ** representa a média do escore na faixa etária média de 33,1 anos
Resultados 38

Observa-se através dos resultados da análise univariada que os

grupos estudo e controle diferenciaram de forma significativa a média da

satisfação com saúde (p<0,001). A média do escore de satisfação de saúde

não se diferenciou de forma significativa entre as categorias de etnia,

escolaridade, idade, atividade laboral e estado civil (p>0,05).

Para a construção do modelo multivariado foram incluídas as

variáveis grupo e as que apresentaram p-valor menor do que 20%. Mulheres

do grupo controle apresentaram, em média, 20,4 ± 2,6 pontos a mais no

escore de satisfação com saúde quando comparado com as do grupo estudo

(p<0,001).
Resultados 39

A Tabela 7 ilustra a análisse uni e multivariada do domínio físico do

WHOQOL-bref com variáveis demográficas e grupos.

Tabela 7 - Análise uni e multivariada do domínio físico do WHOQOL-bref


com variáveis demográficas em mulheres com candidíase
vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

Domínio Físico p-valor da análise


Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 54,5 [52,2; 56,7]
Controle 68,5 [66,3; 70,6]
Etnia 0,005 0,010
Branca 62,6 [60,7; 64,5]
Negra 57,9 [41,7; 74,0]
Parda 54,3 [48,2; 60,4]
Amarela 60,7 [15,3; 100,0]
Escolaridade 0,925 n/s*
Ens. fund. ou menos 62,1 [50,7; 73,6]
Ens. fund.Completo 62,1 [58,9; 65,2]
Ens. médio completo 60,9 [58,4; 63,4]
Ens. sup. Completo 62,5 [55,7; 69,3]
Idade, anos 61,5** [59,7; 63,3] 0,048 n/s*
Atividade laboral 0,040 n/s*
Não 58,9 [55,4; 62,3]
Sim 62,8 [60,7; 64,9]
Estado civil 0,059 n/s*
Casada/ união Estável 59,9 [57,4; 62,3]
Solteira 64,7 [61,9; 67,6]
Divorciada/separada 60,4 [54,7; 66,1]
Viúva 51,8 [0,0; 100,0]
*n/s = não significativo ** média do escore do domínio físico, na faixa etária média de 33,1 anos

Observa-se na análise univariada que grupos estudo e controle, etnia,

idade, atividade laboral e estado civil diferenciaram de forma significativa a

média do domínio físico (p<0,05). O grupo controle apresentou em média,

13,6 ± 1,5 pontos a mais no escore físico em relação ao grupo estudo


Resultados 40

(p<0,001). Na análise multivariada apenas etnia apresentou-se de forma

estatisticamente siginificativa.

O gráfico 3 ilustra o escore médio do domínio físico nos grupos

(estudo e controle) e etnia.

Gráfico 3 - Escore médio do domínio físico em mulheres com candidíase


vulvovaginal recorrente (estudo), mulheres saudáveis (controle)
e etnia

100
90
80
70
60
Físico

50
40
30
20
Estudo Controle
10
0
Branca Negra Parda Amarela
Etnia

Observa-se que mulheres do grupo controle apresentaram em média

13,8 ± 1,5 pontos a mais no escore do domínio físico quando comparadas às

mulheres do grupo estudo. Tal diferença foi também observada em relação à

etnia; mulheres de etnia branca, negra e amarela apresentaram, em média

7,0 ± 2,4 pontos a mais no escore domínio físico do que as mulheres de etnia

parda (p=0,004).
Resultados 41

A Tabela 8 ilustra a análise uni e multivariada do domínio psicológico

do WHOQOL- bref com variáveis demográficas e grupos.

Tabela 8- Análise uni e multivariada do domínio psicológico do WHOQOL-


bref com variáveis demográficas em mulheres com candidíase
vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

Domínio Psicológico p-valor da análise


Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 56,8 [54,4; 59,2]
Controle 65,8 [63,7; 67,9]
Etnia 0,303 n/s*
Branca 61,7 [59,8; 63,6]
Negra 60,0 [45,1; 74,9]
Parda 59,1 [54,1; 64,0]
Amarela 58,3 [0,0; 100,0]
Escolaridade 0,190 0,041
Ens. fund.ou menos 67,9 [58,7; 77,1]
Ens. fund.completo 59,4 [56,0; 62,9]
Ens. médio completo 61,9 [59,8; 64,1]
Ens. sup.completo 60,6 [55,6; 65,7]
Idade, anos 61,3** [59,6; 63,0] 0,255 n/s*
Atividade laboral 0,206 n/s*
Não 59,8 [56,4; 63,1]
Sim 62,1 [60,1; 64,1]
Estado civil 0,441 n/s*
Casada/ União Estável 61,4 [59,1; 63,8]
Solteira 61,7 [59,2; 64,3]
Separada/Divorciada 59,5 [50,2; 68,8]
Viúva 47,9 [21,4; 74,4]

*n/s = não significativo ** média do escore no domínio psicológico na faixa etária média de 33,1 anos
Resultados 42

Observa-se através dos resultados da análise univariada que apenas

os grupos diferenciaram de forma significativa a média do escore psicológico

(p<0,001). As demais variáveis etnia, escolaridade, idade, atividade laboral e

estado civil não se diferenciaram de forma significativa na média do escore

desse domínio. Para o ajuste do modelo multivariado selecionou-se, além do

grupo, a variável escolaridade (p<0,20); mulheres do grupo estudo

apresentaram em média, 9,5 ± 1,6 pontos a menos no escore psicológico que

a média do grupo controle (p<0,001). Para a variável escolaridade, verificou-

se diferença estatisticamente significativa (p=0,041).


Resultados 43

O Gráfico 4 ilustra o escore médio do domínio psicológico segundo os

grupos( estudo e controle).

Gráfico 4 - Escore médio do domínio psicológico segundo escolaridade em


mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e
mulheres saudáveis (controle)

100
90
80
70
Psicológico

60
50
40
30
20 Estudo Controle
10
0
Fundamental inc Fundamental comp Médio comp Superior comp

Escolaridade

Observa-se que os grupos estudo e controle apresentaram diferença

estatisticamente significativa (p<0,001) no escore médio do domínio

psicológico. A escolidade influenciou no escore deste domínio (p=0,041).


Resultados 44

A Tabela 9 ilustra a análise uni e multivariada do domínio social do

WHOQOL-bref com variáveis demográficas e grupo estudo e controle.

Tabela 9 - Análise uni e multivariada do domínio social do WHOQOL-bref


com variáveis demográfica em mulheres com candidíase
vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis (controle)

Domínio Social p-valor da análise


Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 51,5 [47,8; 55,2]
Controle 69,1 [65,8; 72,4]
Etnia 0,028 n/s*
Branca 61,6 [58,6; 64,7]
Negra 55,0 [27,0; 83,0]
Parda 59,1 [54,1; 64,0]
Amarela 50,0 [0,0; 100,0]
Escolaridade 0,156 0,042
Ens. fund. ou menos 48,3 [38,3; 58,4]
Ens. fund.completo 58,7 [53,4; 64,0]
Ens. médio completo 62,2 [58,6; 65,8]
Ens. sup. completo 62,0 [51,6; 72,5]
Idade, anos 60,4** [57,6; 63,1] 0,018 n/s*
Atividade laboral 0,001 n/s*
Não 54,2 [49,4; 58,9]
Sim 63,5 [60,2; 66,8]
Estado civil 0,252 n/s*
Casada/ união Estável 59,5 [56,0; 63,1]
Solteira 63,2 [58,4; 67,9]
Separada/divorciada 55,3 [39,0; 71,6]
Viúva 41,7 [41,7; 41,7]

*n/s = não significativo ** média do escore no domínio social na faixa etária média de 33,1 anos
Resultados 45

Observa-se através dos resultados da análise univariada que grupo,

idade e atividade laboral diferenciaram de forma significativa a média do

escore social dessas pacientes (p<0,05).

Com o objetivo de verificar se a diferença na média dos escores do

domínio social entre os grupos (estudo e controle) permaneciam significativas

mesmo na presença de outras variáveis sociodemográficas que se mostraram

associadas na análise univariada, prosseguiu-se com a análise através da

construção de um modelo multivariado. Para o ajuste do modelo multivariado

introduziu-se todas as variáveis que na análise univariada apresentaram p-

valor menor do que 20% (p<0,20); dessa forma o ajuste multivariado levou em

consideração as variáveis grupo, etnia, escolaridade, idade e atividade

laboral.

Após o ajuste multivariado pode-se verificar que idade e atividade

laboral não se mostraram significativos (p=0,186 e p=0,266, respectivamente).

Dessa forma observa-se que as variáveis grupo e escolaridade

mostraram-se independentemente associadas ao escore social (p<0,05).

Mulheres do grupo estudo apresentaram em média, 17,7 ± 2,5 pontos a

menos no escore social que o grupo controle (p<0,001), mulheres com maior

escolaridade apresentaram média do escore social maior que mulheres com

menor escolaridade (p=0,042).


Resultados 46

O Gráfico 5 ilustra os escores do domínio social nos grupos (estudo e

controle) e escolaridade.

Gráfico 5 - Escore médio do domínio social dos grupos (estudo e controle)


e escolaridade
100
90
80
70
60
Social

50
40
30
20
10 Estudo Controle
0
Fundamental inc Fundamental Médio comp Superior comp
comp
Escolaridade

Observa-se que, no domínio social, as mulheres do grupo controle

apresentaram, em média 18,2 ± 2,5 pontos a mais quando comparadas ao

grupo estudo ( p<0,001). Verificou-se que a medida que o nível de

escolaridade aumenta, ocorre um acréscimo na média de escore do domínio

social (p=0,042).
Resultados 47

A Tabela 10 ilustra a análise uni e multivariada do domínio meio

ambiente do WHOQOL-bref com variáveis demográficas e grupo estudo e

controle.

Tabela 10 - Análise uni e multivariada do domínio meio ambiente do


WHOQOL-bref com variáveis demográficas em mulheres com
candidíase vulvovaginal recorrente (estudo) e saudáveis
(controle)

Domínio Meio Ambiente p-valor da análise


Média IC 95% Univariada Multivariada
Grupo <0,001 <0,001
Estudo 43,5 [41,1; 45,9]
Controle 57,4 [55,3; 59,5]
Etnia 0,035 n/s*
Branca 51,3 [49,4; 53,3]
Negra 43,1 [16,2; 70,1]
Parda 45,1 [40,1; 50,1]
Amarela 60,9 [0,0; 100,0]
Escolaridade 0,657 n/s*
Ens. fund. ou menos 47,5 [38,0; 57,0]
Ens. fund.completo 49,3 [46,3; 52,4]
Ens. médio completo 51,5 [48,8; 54,2]
Ens. sup. completo 50,7 [45,2; 56,2]
Idade, anos 50,5** [48,7; 52,3] 0,005 n/s*
Atividade laboral 0,021 n/s*
Não 47,5 [44,2; 50,8]
Sim 52,0 [49,8; 54,2]
Estado civil 0,001 0,004
Casada/ União Estável 48,2 [45,7; 50,7]
Solteira 55,1 [52,4; 57,8]
Separada/Divorciada 50,0 [43,3; 56,7]
Viúva 32,8 [0,0; 100,0]

*n/s = não significativo ** média no escore domínio meio ambiente na faixa etária média de 33,1 anos
Resultados 48

Observa-se através dos resultados da análise univariada que grupo

(estudo e controle), etnia, idade, atividade laboral e estado civil diferenciaram

de forma significativa a média do escore do domínio meio ambiente (p<0,05).

Tal diferença foi estatisticamente significativa entre os grupos estudo e

controle (p<0,001). As mulheres solteiras apresentaram escore no meio

ambiente maior quando comparadas com as casadas/união estável,

divorciadas/separadas e viúvas (p=0,001) independentemente do grupo

(estudo, controle).

Após o ajuste multivariado pode-se verificar que etnia, idade e

atividade laboral não se mostraram significantes no domínio meio ambiente.

(p=0,109, p=0,122, p=0,461, respectivamente).


Resultados 49

O Gráfico 6 ilustra o escore médio do domínio meio ambiente segundo

estado civil e grupos (estudo e controle).

Gráfico 6 – Escore médio do domínio meio ambiente segundo os grupos


(estudo e controle) e estado civil

80
70
60
Domínio Meio Ambiente

50
40
30
20
Estudo Controle
10
0
Casada/união Solteira Separada/Divorciada Viúva
estável
Estado cívil

Observa-se que o grupo estudo apresentou, em média, 13,5 ±1,6

pontos a menos no escore meio ambiente quando comparado com o grupo

controle (p<0,001), para a variável estado civil verificou-se que mulheres

divorciadas/separadas e casadas/união estável não apresentaram diferenças

significativas. Entretanto as solteiras de ambos os grupos apresentaram

escore do meio ambiente 5,6± 1,7 pontos acima quando comparadas com as

mulheres casadas/união estável (p=0,001); as viúvas do grupo estudo

apresentaram a maior diferença no escore do meio ambiente, 16 ± 1,9 pontos

menor do que o grupo controle.


6 DISCUSSÃO
Discussão 51

6 DISCUSSÃO

As vulvovaginites estão entre as causas mais frequentes de queixas

ginecológicas, dentre as quais a candidíase ocupa o segundo lugar, afetando

milhões de mulheres mundialmente e apresentando considerável aumento a

cada ano.

A Candida albicans é a espécie mais frequente, responsável por até

80% das infecções fúngicas de repetição. Estudos tem sido realizados com o

objetivo de conhecer os fatores que determinam a recidiva da candidíase

vulvovaginal, particularmente os relacionados à resposta imune do

hospedeiro.21

Estudo recente de revisão sistemática realizado por Denning et al.

(2018),9 demonstrou que até 2030, no mundo, o número de mulheres com

candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR) aumentará para 158 milhões. No

Brasil a prevalência atual é em torno de 4.200/100.000 mulheres.9

A CVVR é definida como o aparecimento de quatro episódios em um

período de 12 meses; estima-se que 5% das mulheres terão episódios

recorrentes durante a menacme, ou seja, no período de maior potencial físico,

emocional, intelectual e reprodutivo.7

Os sintomas relacionados a infecção fúngica tais como prurido

vulvovaginal, corrimento, edema, dispareunia, disúria podem por vezes,

serem extremamente desconfortáveis, particularmente no episódios

recorrentes.
Discussão 52

A CVVR repercute em aspectos sociais, familiares e no exercício da

sexualidade das mulheres acometidas, levando à baixa autoestima,

ansiedade, depressão, perda na produtividade. Tais fatores têm como

consequência impacto negativo na qualidade de vida.

No presente estudo a qualidade de vida das mulheres com CVVR foi

avaliada pelo instrumento World Health Organization Quality of Life

Abbreviated Assessment (WHOQOL-Bref), comparativamente à mulheres

saudáveis. A faixa etária média encontrada em ambos os grupos foi

discretamente diferente, sendo 32,2 ± 7,6 anos no grupo controle e 34,0 ± 6,9

em mulheres com CVVR. Rathod et al. (2012),75 realizando estudo para

caracterizar os fatores epidemiológicos e de riscos para CVVR encontraram

média etária de 26 ± 2,1 anos nas mulheres avaliadas.

Com relação à escolaridade, observou-se que apenas 13% das

mulheres do grupo estudo e 4,9% das do grupo controle tinham nível superior,

não havendo diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Tais

dados provavelmente refletem o baixo grau de escolaridade apresentado pela

população brasileira que utiliza os serviços públicos de saúde.

A etnia predominante foi a branca, em ambos os grupos, 82% no grupo

estudo e 88,19% no grupo controle. Geiger et al. (1995)76 realizaram estudo

caso controle em mulheres atendidas em clínica especializada em candidíase

vulvovaginal crônica e observaram que 75,6% das mesmas eram de etnia

branca e 14,4% não branca, dados discretamente diferentes aos do presente

estudo.
Discussão 53

Com relação ao estado civil, 64% das mulheres do grupo estudo e

54,5% do grupo controle eram casadas/união estável; o percentual de

solteiras foi 30% e 38,6 %, respectivamente. Aballéa et al. (2013)69 estudaram

mulheres com CVVR em cinco países europeus e nos EUA, utilizando os

questionários The EuroQol (EQ-5D) e o The Short Form Health Survey (SF-

36); demonstraram que dentre as mulheres com CVVR, 47,5% eram

casadas/união estável e 31,5% solteiras, resultados não concordantes com o

presente estudo. Eventualmente, a mulher casada ou em união estável,

necessita assumir diferentes papéis: esposa, mãe, profissional, responsável

pelo lar. Tal fato, em um lar onde não exista divisão de tarefas, pode acarretar

sobrecarga física e emocional, o que poderia facilitar o aparecimento das

recorrências.

Ao analisar o exercício da atividade laboral observou-se que 43% das

mulheres com CVVR encontravam-se desempregadas e que no grupo

controle apenas 24,7% estavam na mesma situação. Tais diferenças foram

estatisticamente significativas (p=0,006) e esses percentuais refletem a

realidade atual da sociedade brasileira; de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas (IBGE)77 a taxa de desemprego no primeiro trimestre

de 2018 atingiu 14 milhões de pessoas, das quais 51% são mulheres. Por

outro lado, em países desenvolvidos, as taxas de desemprego são muito

menores, como por exemplo 4% na Inglaterra, 6,10% na Suécia, 3,9% nos

Estados Unidos, o que resulta em situação econômica favorável e

consequente elevação na qualidade de vida.78,79 Cumpre ressaltar que no

Brasil a grande maioria as mulheres em idade reprodutiva são


Discussão 54

economicamente responsáveis pela manutenção da casa e dos filhos; assim,

certamente o desemprego atua como fator de estresse e ansiedade, piorando

a qualidade de vida e alterando o funcionamento do sistema imune,

predispondo a recorrências de infecções.

No presente estudo, na análise dos escores do World Health

Organization Quality of Life (WHOQOL-bref), a questão sobre a percepção da

qualidade de vida em mulheres com CVVR apresentou escore médio de 59,7

± 19,4 e no grupo controle de 71,3 ±14,7. Tal diferença foi estatisticamente

significativa (p<0,001) apontando para o impacto que a CVVR acarreta no dia

a dia das mulheres com esta afecção. Zhu et al. (2016)80 utilizando o

questionário The Short-Form Health Survey (SF-36), avaliaram a qualidade de

vida geral em mulheres com CVVR, comparativamente à mulheres saudáveis.

O escore médio na percepção de qualidade de vida foi de 54,95 e de 67,38,

respectivamente. Assim, de maneira semelhante aos achados do presente

estudo, mulheres com CVVR apresentaram menor qualidade de vida do que

mulheres sem a afecção. Certamente os sintomas dos episódios recorrentes,

dependendo de sua intensidade e frequência, afetam negativamente as

atividades diárias das mulheres acometidas, assim como outros aspectos da

qualidade de vida.

Em relação ao domínio satisfação com a saúde, também foi observada

diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, com escore

médio 46,7 no grupo estudo e 67,1 no grupo controle (p<0,001). Dentre todos

os domínios do WHOQOL-bref, este foi o que apresentou a maior diferença

entre os grupos, mais uma vez demonstrando o quanto a CVVR exerce


Discussão 55

impacto negativo na vida das mulheres com esta afecção. Irving et al. (1998) 81

realizaram estudo utilizando o instrumento The Satisfaction with Life Scale

(SWLS) para avaliar a satisfação com a vida em mulheres com CVVR e

mulheres saudáveis. Os autores demonstraram que mulheres com CVVR

apresentaram escore médio igual a 20 enquanto que em mulheres saudáveis

o escore foi de 26,6 (em escala de 5-35, onde 35 indica o melhor grau de

satisfação). Os autores concluíram que mulheres com CVVR apresentaram

maior grau de insatisfação com a vida.

O domínio físico avaliou questões sobre as condições físicas. Este

domínio compreende questões referente à dor e desconforto, energia e fadiga,

sono e repouso, mobilidade, atividade da vida cotidiana, dependência de

medicação ou de tratamento relacionados principalmente aos cuidados

básicos de higiene pessoal e tarefas de autocuidados. Observou-se que

mulheres com CVVR apresentaram escore médio de 54,5 ± 11,2 e o grupo

controle 68,5 ± 10,7, sendo a diferença estatisticamente significativa

(p<0,001).

Já foi demonstrado que o óxido nítrico atua como um mediador químico

no processo de inflamação, em resposta a um microrganismo invasor,

substância química ou reação imune, estando associado à dor. 82 Alvendal et

al. (2017)83 quantificaram o nível de óxido nítrico em mulheres com CVVR por

técnica de quimioluminescência, demonstrando que tais níveis encontravam-

se aumentados. Os autores desta maneira demonstraram a correlação entre

o aumento nos níveis de óxido nítrico e a resposta inflamatória na CVVR, que

é responsável pelos sintomas de dor e desconforto.


Discussão 56

Saunders et al. (2008)84 avaliaram através do instrumento The McGill

Scale, mulheres com candidíase vulvovaginal crônica e vulvodínia. Tal

questionário avalia a intensidade da dor por meio de escala de valores.

Verificaram que mulheres com candidíase vulvovaginal crônica apresentaram

escore menor (16,20 ± 10,21) quando comparadas à mulheres com vulvodínia

(24,16 ± 13,03) mas também apresentaram dor.85

Nguyen et al. (2017) 86 avaliaram o impacto da terapia com Fluconazol

no desconforto e dor em mulheres com candidíase vulvovaginal crônica. Os

autores utilizaram o The Dermatology Life Quality Index (DLQI 0-30) e o Visual

Analogue Scale (VAS). O primeiro avalia a proporção em que afecções

dermatológicas afetam o paciente e o segundo é uma escala que avalia o grau

de edema e hiperemia (0-3). Os resultados demonstraram que, após o uso de

Fluconazol, ambos os escores estiveram reduzidos quando comparados aos

escores antes do tratamento, sendo as diferenças estatisticamente

significativa. Tais resultados foram concordantes com os do presente estudo,

demonstrando o impacto negativo da CVVR no domínio físico em presença

dos episódios da infecção.

Cumpre ressaltar que, muitas vezes, o desconforto presente nos

episódios de recorrência faz com que as mulheres acometidas busquem uma

solução rápida através da utilização de medicamentos sem a de vida

prescrição médica, seguindo a orientação de balconistas de farmácia, de

amigas ou repetindo medicamentos que já haviam utilizado em episódios

anteriores. Tal prática de automedicação deve ser desencorajada pois impede

a avaliação adequada da paciente pelo profissional de saúde e


Discussão 57

consequentemente o acesso ao diagnóstico e ao tratamento corretos.

Adicionalmente, existe a possibilidade da associação da infecção fúngica com

infecções por outros agentes bacterianos (como por exemplo a Chlamydia

trachomatis ou as bactérias presentes na vaginose bacteriana) ou virais (como

por exemplo o papiloma vírus humano ou mesmo o vírus da imunodeficiência

humana).

O domínio psicológico avaliou itens em relação à percepção individual

sobre a condição afetiva e cognitiva, abrangendo os itens: sentimentos

positivos, pensar, aprender, memória e concentração, autoestima, imagem

corporal e aparência, sentimentos negativos. Observou-se que mulheres com

CVVR, apresentaram escore médio menor do que o grupo controle: 56,8 ±

12,1 e 65,8 ± 10,8 respectivamente (p<0,001). Tais resultados foram

concordantes com Ehrström et al. (2006)71, que analisaram os níveis de

cortisol sanguíneo em mulheres com CVVR, verificando baixos níveis do

mesmo, o que indica que a CVVR é causa de estado de estresse crônico.

Outro estudo, realizado por Powell et al. (2014)87, demonstrou que 29% das

mulheres com CVVR tinham diagnóstico de depressão, quando comparadas

ao grupo controle. Os resultados do presente estudo e os dados da literatura

sugerem que o desconforto decorrente dos sintomas desagradáveis,

associado ao receio do aparecimento de novos episódios agudos interferem

com o estado emocional da mulher.

O domínio social avaliou a percepção das mulheres de ambos os

grupos sobre os relacionamentos sociais e os papéis adotados na vida, ou

seja questões de bem-estar, interação com as outras pessoas. No presente


Discussão 58

estudo as mulheres do grupo estudo apresentaram escores menores do que

o grupo controle, 51,5 ± 18,8 e 69,1 ± 16,7, respectivamente (p<0,001). Tais

resultados foram concordantes com Jelovsek et al. (2008)88 ,que avaliaram o

impacto psicossocial em mulheres com doenças vulvovaginais crônicas

através de questionário auto administrável, encontrando piora no

comprometimento psicossocial; a maioria das mulheres referiu impacto

negativo no exercício da atividade sexual e estado emocional. Assim, na

CVVR, o sintoma prurido genital, associado à descarga vaginal, pode fazer

com que a mulher enfrente situações socialmente constrangedoras.

Nyirjesy et al. (2006)89 aplicaram questionário para avaliar sintomas de

depressão e estresse em mulheres com diagnóstico de CVVR, vulvodínia,

vaginite inflamatória descamativa, dermatite de contato e vaginite atrófica. O

diagnóstico mais frequente observado foi de dermatite atópica (21%), seguido

por CVVR (20,5%), vaginite atrófica (14,5%), vulvodínia (12,5%), sendo que

18% das participantes apresentaram dois ou mais diagnósticos. Os autores

concluíram que dentre as participantes, as mulheres com CVVR tinham maior

impacto negativo na atividade laboral e na vida social, resultados

concordantes com o presente estudo.

O domínio do meio ambiente avaliou itens relacionados à segurança

física e proteção, ambiente do lar, recursos financeiros, cuidados com a

saúde, informações do dia-a-dia, recreação, ambiente físico e transporte.

Observou-se que mulheres com CVVR apresentaram escore médio abaixo

dos apresentados pelo grupo controle 43,5 ± 12,0 e 57,4 ± 10,5,

respectivamente (p<0,001). Interessante ressaltar que, no domínio meio


Discussão 59

ambiente, as mulheres solteiras de ambos os grupos apresentaram escore

médio maior do que o apresentado pelas casadas/união estável,

separadas/divorciadas ou viúvas. Tal fato pode estar relacionado à maior

disponibilidade para cuidados pessoais e com a saúde, inclusive com maior

disponibilidade financeira, apresentado pelas mulheres solteiras,

comparativamente às mulheres com os outros estados civis.

Por outro lado, segundo a Seção de Dados Administrativos do Hospital

das Clínicas da FMUSP90, a grande maioria de usuários do ambulatório do

Hospital das Clínicas de São Paulo é procedente da periferia da cidade de

São Paulo ou de outras cidades, utilizando principalmente o transporte

público. A malha de transporte público na cidade de São Paulo é deficitária e

o tráfego é intenso, dificultando a mobilidade. A falta de investimentos

necessários repercutem em superlotação, falta de conforto, lentidão no

deslocamento, veículos em mau conservação. Existe ainda grau considerável

de poluição sonora e poluição do ar atmosférico. As dificuldade de locomoção,

por si só, já representam fatores limitantes ao acesso aos serviços de saúde,

influenciando na qualidade de vida. Certamente mulheres que apresentem os

sintomas desagradáveis durante os períodos de recorrência da candidíase

vulvovaginal enfrentarão tais desafios do dia a dia com maior dificuldade.91

Desde 2014 o Brasil se encontra em uma forte recessão econômica,

com taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) média negativa em

8,33% e piora em vários indicadores sociais. Consequentemente, a população

brasileira apresenta aumento na taxa de desocupação, perda do poder

aquisitivo individual e familiar, comprometendo moradias, redução e


Discussão 60

modificação do consumo de nutrientes, aumento de estresse e poluição

ambiental, diminuição na oferta de serviços público em saúde, com

repercussões negativas em todos os itens do domínio meio ambiente.92

Certamente tais condições de vida pouco favoráveis podem contribuir para

recidivas da candidíase vulvovaginal.

Importante ressaltar que, no presente estudo, a confiabilidade do

WHOQOL-bref foi extremamente satisfatória, já que o coeficiente alfa de

Cronbach esteve acima de 0,8 para o total de questões e acima de 0,65 para

as questões específicas. De acordo com os parâmetros para a sua

interpretação, valores de alfa de Cronbach acima de 0,8 significam

confiabilidade quase perfeita, e valores 0,80 a 0,61 significam confiabilidade

substancial.75

Portanto, frente aos resultados apresentados e aos dados da literatura,

pode-se afirmar que , de maneira geral, a percepção da qualidade de vida e

satisfação com a saúde estiveram reduzidos em mulheres com CVVR,

comparativamente à mulheres sem a afecção. Tais mulheres apresentaram

maior frequência de percepção de dor, falta de energia, problemas de sono,

redução das atividades diárias, dependência de medicamentos ou

tratamentos do que as mulheres do grupo controle. Referiram ainda

diminuição no afeto, cognição, autoestima e imagem corporal. Todos os

aspectos das relações sociais, incluindo atividade sexual, também estiveram

diminuídos. E finalmente, as mulheres com CVVR referiram um ambiente

familiar menos satisfatório, menores recursos financeiros, menor frequência

de atividades de lazer e de atividades laborais remuneradas.


Discussão 61

Embora condição tão relevante ainda seja vista de maneira trivial pelos

profissionais de saúde, a CVVR deve receber considerável atenção dos

mesmos, no que diz respeito ao acolhimento da paciente e de suas queixas,

e de procedimentos para o correto diagnóstico, tratamento e prevenção das

recorrências. Além disso, é extremamente necessário a realização de novas

pesquisas na área, particularmente as relacionadas aos aspectos de

susceptibilidade individual, prevenção e tratamento da afecção; certamente

mais verbas devem ser destinadas para tais pesquisas.

Neste estudo avaliou-se aspectos importantes da interferência da

candidíase vulvovaginal recorrente na qualidade de vida. Entretanto, existem

ainda lacunas que necessitam ser melhor avaliadas, tais como o tempo

decorrido desde o primeiro episódio, frequência e duração das recorrências,

interferência do período pré menstrual ou dismenorreia, dentre outros.

Finalmente, espera-se que este estudo incentive a busca de novos

conhecimentos na área e que tais conhecimentos sejam incorporados à

prática clínica do ginecologista, contribuindo dessa maneira para o melhor

controle ou mesmo a eliminação dos episódios recorrentes, o que certamente

proporcionará melhor qualidade de vida às mulheres.


7 CONCLUSÃO
Conclusão 63

7 CONCLUSÃO

Na amostra estudada, a candidíase vulvovaginal recorrente impactou

de maneira negativa a qualidade de vida em mulheres portadora desta

afecção.

A percepção geral da qualidade de vida e a satisfação com a saúde,

assim como nos aspectos relacionados aos domínios físico, psicológico,

relações sociais e meio ambiente estiveram prejudicados em tais mulheres,

comparativamente àmulheres sem a afecção.

O instrumento World Health Organization Quality of Life Abbreviated

Assessment mostrou-se adequado para avaliar a qualidade de vida na

população estudada.
8 REFERÊNCIAS
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9 ANEXOS
Anexos 78

9 ANEXOS

ANEXO A - Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa


Anexos 79

ANEXO B -Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU


RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME: .:.................................................................................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M □ F □
DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO .................................................................. Nº ........................... APTO: ...........................
BAIRRO: ........................................................................ CIDADE ..........................................................
CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) .................................................................

2.RESPONSÁVEL LEGAL ........................................................................................................................


NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ...........................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: .......................................................................... Nº ................... APTO: ..........................
BAIRRO: .......................................................................... CIDADE: ............................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............).................................................................

DADOS SOBRE A PESQUISA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: “Influência da candidíase vulvovaginal recorrente na


qualidade de vida”.

PESQUISADOR Responsável : Iara Moreno Linhares

CARGO/FUNÇÃO: médica

INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 29034

UNIDADE DO HCFMUSP: Disciplina de Ginecologia

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

RISCO MÍNIMO □ RISCO MÉDIO □

RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □


4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 3 anos
Anexos 80

1 – Desenho do estudo e objetivo(s): A senhora está sendo convidada a participar de


uma voluntariamente de uma pesquisa para verificar se o corrimento causado por
fungos que se repete (chamado de candidíase vulvovaginal recorrente) afeta a sua
qualidade de vida. O corrimento vaginal causado por fungos causa coceira e ardor,
o que pode incomodar a mulher. Algumas mulheres apresentam esse corrimento no
mínimo quatro vezes por ano. Nesses casos, os sintomas também aparecem com
maior frequência, podendo atrapalhar a vida da mulher. O objetivo dessa pesquisa é
avaliar a qualidade de vida em mulheres com esse tipo de corrimento causado por
fungos.

2 e 3 – Descrição dos procedimentos que serão realizados e dos procedimentos


rotineiros: se a senhora aceitar participar, responderá um questionário com perguntas
sobre a sua qualidade de vida. A senhora irá lendo e respondendo as perguntas, mas
poderá pedir ajuda ao seu médico caso tenha alguma dúvida. A senhora tem direito
de não responder a todas as perguntas do questionário, caso alguma delas a deixe
envergonhada, sem nenhum problema. O questionário tem diversas perguntas e a
senhora gastará entre 30 e 40 minutos para responder. Em seguida será realizado
exame ginecológico pelo médico, como sempre é feito no ambulatório, para ver se
há alguma alteração nos seus genitais. Durante o exame será colhido um pouco de
secreção vaginal para exame no microscópio, da mesma forma que sempre tem sido
feita nesse ambulatório onde a senhora é atendida. Esse exame serve para ver se
há outra causa para o corrimento (cujos nomes em medicina são tricomonas ou
vaginose bacteriana). O resultado desse exame será dado para a senhora assim que
o exame terminar.

4 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados: A senhora poderá sentir


desconforto na hora do exame ginecológico, devido a colocação do espéculo (bico
de pato), usado para observar o conteúdo da vagina e o aspecto colo do útero. A
participação na pesquisa não envolve quaisquer riscos ou prejuízos para o
participante.

5 – Benefícios para o participante: não existe vantagem direta na participação na


pesquisa. Mas os resultados podem ser importantes para os médicos saberem o
quanto os sintomas do corrimento atrapalham a vida das mulheres e tentar ajuda-las
a lidar melhor com eles.

6 – Relação de procedimentos alternativos que possam ser vantajosos, pelos quais


o paciente pode optar: Não existe outro tipo de procedimento alternativo.
Anexos 81

7 – Garantia de acesso: em qualquer momento do estudo, a senhora terá acesso aos


profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
O investigador principal é a Prof.Dra. Iara Moreno Linhares que pode ser encontrada
no endereço: Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, Instituto Central, Ginecologia,
10º andar, fone: 2661-6647 (Clínica Ginecológica). Se você tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Ovídio Pires de Campos, 225. Cerqueira César
05403-010 São Paulo- SP – 5º andar – Prédio da Administração - tel: 2661-7585 –
E-mail: cappesq@hcnet.usp.br / marcia.carvalho@hc.fm.usp.br.
8 – É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu
tratamento na Instituição; a senhora poderá desistir de participar do estudo a
qualquer momento, e mesmo assim continuará a ser atendida como sempre foi.

9 – Direito de confidencialidade – As informações obtidas serão analisadas em


conjunto com as demais pacientes, não sendo divulgada a sua identificação; todas
as respostas obtidas no estudo são confidenciais, ou seja, apenas o pesquisador terá
acesso ao seu questionário e exames, se a senhora concordar em responder.

10 – A senhora tem o direito de conhecer os resultados da pesquisa, assim que os


mesmos forem obtidos.

11 – Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em


qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não haverá
pagamento pela sua participação.

12 – Os pesquisadores se comprometem a utilizar o questionário respondido apenas


para esta pesquisa. Se no futuro quiserem fazer outra pesquisa, a nova pesquisa
deverá ser aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas e a senhora será
novamente consultada se aceita participar. Terá toda liberdade de recusar, se quiser.
Anexos 82

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE


DE SÃO PAULO - HCFMUSP

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo ÏNFLUÊNCIA DA CANDIDÍASE
VULVOVAGINAL RECORRENTE NA QUALIDADE DE VIDA”, e não tenho nenhuma
dúvida.
Eu discuti com a Profa. Dra. Iara Moreno Linhares sobre a minha decisão em
participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo,
os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha
participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento
hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o
mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa
ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.

----------------------------------------------------------------------------------------------- Data ___/___/___

Assinatura da Paciente

------------------------------------------------------------------------- ----------------------- Data / /

Assinatura da testemunha

(para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de


deficiência auditiva ou visual).
(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e


Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

----------------------------------------------------------------------------------------- Data / /

Assinatura do responsável pelo estudo


Anexos 83

ANEXO C- WHOQOL bref - World Health Organization Quality of Life


Abbreviated Assessment
Anexos 84
Anexos 85
Anexos 86
Anexos 87

ANEXO D - Interpretação do alfa de Cronbach

Valor de alfa Consistência interna

Maior do que 0,8 Quase perfeito

De 0,80 a 0,61 Substancial

De 0,60 a 0,41 Moderado

De 0,40 a 0,21 Razoável

Menor que 0,21 Pequeno

Fonte: Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data.
Biometrics. 1977 Mar;33(1):159-74.75

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