Você está na página 1de 14

26/11/2020

7. SISTEMA RESPIRATÓRIO
Licenciatura em Equinicultura – FEB

Conceitos
 Frequência Respiratória (FR) = nº de movimentos respiratórios
por minuto (mpm).
 Volume Corrente ou Volume Tidal (TV)= volume de ar
inspirado (e expirado) durante a respiração normal (eupneica).
 Volume de Ventilação = FR x TV (expressa-se em litros por
minuto, L/min.)
26/11/2020

Respiração nasal obrigatória


 Em situações fisiológicas, os cavalos não respiram pela boca – a
epiglote sobrepõe-se ao palato mole, “selando” a comunicação
entre as vias aéreas e a cavidade oral (≠ humanos);
 A inexistência de comunicação entre a oro e a nasofaringe
representa uma vantagem evolutiva para alguns animais herbívoros,
já que assim conseguem mastigar e deglutir sem perder a
capacidade de detetar a presença de predadores através do olfato.

Respiração nasal obrigatória


26/11/2020

Mecanismos de controlo da respiração

 Controlo químico:
 O aumento da concentração de CO2 estimula o aumento da frequência respiratória e do
volume de ar inspirado (recetores alveolares).
 Controlo nervoso:
 A resposta ao stress aumenta a frequência respiratória.
 Controlo mecânico (variações de pressão):
 Músculos respiratórios (intercostais e diafragma) - expansão e contração da caixa torácica;
 Força do apoio dos membros dianteiros no solo – sincronização;
 Controlo químico e nervoso mais importantes a passo e a trote; controlo
mecânico mais importante a galope.

Controlo mecânico – sincronização com o aparelho


locomotor
 Relação entre os movimentos respiratórios e o deslocamento a
galope (proporção de 1/1) → ↓ trabalho dos músculos
respiratórios → menor consumo energético.
 Apoio dos membros anteriores → conteúdo abdominal pressiona o
diafragma → promove a expiração.
 Membros anteriores em suspensão → movimento anterior da escápula
→ avanço da arcada costal e dos músculos intercostais → expansão da
cavidade torácica → facilita a inspiração.
26/11/2020

Controlo mecânico – sincronização com o aparelho


locomotor
 Situações em que a proporção entre as
passadas e a FR é de 2/1, (↑ do volume
corrente):
 Cavalos de trote durante as corridas;

 Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou


hemiplegia laríngea;

 Quando existe um aumento da pressão parcial de CO2 no


sangue (hipercapnia):

 ↑ da concentração de CO2 no ar inspirado;

 ↓ da eliminação de CO2 através da expiração;


Geralmente, 1 passada de galope = 1 respiração

Controlo mecânico – sincronização com o aparelho


locomotor

 Transposição de obstáculos:
 O cavalo inspira quando se eleva e
expira na receção de anteriores;
 Quando se trata de uma composição
a tempo ou a 1 passada, o cavalo
sustém a respiração, só expirando e
voltando a inspirar após transpor a
composição.
26/11/2020

HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA PELO EXERCÍCIO

 O galope e a batida e a receção dos obstáculos


provocam sempre micro-roturas dos capilares ao
nível dos pulmões;
 Se a isso acrescentarmos a elevada pressão
sanguínea que se observa durante o exercício,
obtêm-se as condições ideais para a presença de
hemorragias;
 Crê-se que 90% dos cavalos sofre pequenas
hemorragias internas durante este tipo de exercício,
mas em 10% destes casos verifica-se adicionalmente
epistaxis (sangramento pelas narinas);

Resposta fisiológica ao exercício

 Durante o exercício intenso, o cavalo tem a capacidade de


aumentar o seu volume de ventilação por minuto em cerca
de 50 vezes;
 Para tal contribuem:
 A contracção diafragmática, que consegue produzir fortes pressões
negativas,
 O trato aéreo superior, que dilata e se torna mais rígido, diminuindo a
resistência à passagem do ar.
26/11/2020

Resistência ao fluxo de ar
 IMPEDÂNCIA do sistema respiratório superior = medida da resistência
das vias aéreas ao fluxo de ar; a resistência das vias aéreas é função do
comprimento e do diâmetro das mesmas (e da viscosidade do ar).
 O comprometimento das vias aéreas pode aumentar de forma
exponencial a resistência ao fluxo de ar:
 Hemiplegia laríngea “cornage”;
 Doença respiratória obstrutiva;
 Inflamação das vias aéreas superiores;

Resistência ao fluxo de ar
Diminuição da impedância
Exercício das vias respiratórias Adaptação das vias
aéreas para acomodação
Dilatação das dos elevados fluxos e
narinas diferenças de pressão,
minimizando a
Abdução da resistência ao fluxo de
laringe ar, por variação do
diâmetro das vias aéreas
Aumento do ângulo (já que o comprimento
cabeça-pescoço das vias e a viscosidade
do ar se mantêm
constantes).
Broncodilatação
26/11/2020

Dilatação das narinas

 A dilatação das narinas facilita a


entrada de um fluxo de ar superior.
 Em cavalos (tal como nos humanos)
utilizam-se adesivos para facilitar
este mecanismo durante o exercício.
[Flair ® Nasal strips]

Abdução da laringe
 A dilatação laríngea e da nasofaringe acontece por contracção da
musculatura inserida nos ossos hióideus, por estimulação
simpática.
26/11/2020

Aumento do ângulo cabeça-pescoço


 A posição da cabeça influencia significativamente a
impedância inspiratória;
 A flexão da cabeça dificulta o fluxo de ar, sendo que
cavalos com patologias obstrutivas revelam
dificuldades respiratórias acrescidas quando trabalham
com a cabeça e pescoço flectidos;

Broncodilatação
 Por estimulação do sistema
nervoso simpático, a dilatação
brônquica permite o aumento
do volume de passagem do ar.
26/11/2020

Resposta fisiológica ao exercício


 Capacidade ventilatória (CV) → capacidade aeróbica (VO2máx).
 A CV pode aumentar:
 Pelo ↑ da FR;
 Pelo ↑ do volume corrente;
 Pelo ↑ dos 2 parâmetros;

 Exercício a trote e a passo → ++ ↑ da FR


 Exercício a galope → ++ ↑ do volume corrente (até 3 a 4 vezes
acima do repouso).

FR, Volume Corrente e Volume de Ventilação em


função da velocidade
Patamar
m/s m/min. Km/h

4 240 14,4

6 360 21,6

8 480 28,8

10 600 36,0

12 720 43,2

Andamento Velocidade

Passo 1,5 – 2 m/s

Trote 3 – 5 m/s (14 m/s)

Galope 3,5 – 6 m/s (18,5 m/s)


26/11/2020

Resposta fisiológica ao exercício

Durante exercício
Cavalo c/ 450 kg PV Em repouso
intenso
Frequência
12 rpm 120 rpm
respiratória
Volume corrente (tidal
5l 12-15 l
volume)
Volume inspiratório
5,09 ± 0,34 l/s 75 ± 9,35 l/s
máximo
Volume de
60 l/min 1400 – 1800 l/min
ventilação/minuto

Resposta fisiológica ao exercício

 Espaço morto respiratório (percentagem de ar compreendido no


sistema respiratório fora dos alvéolos, e onde não há trocas gasosas)
 Em repouso: 60 a 70% do volume de ar inspirado (é o dobro da dos
humanos ou dos cães)
 Em exercício intenso: 20% do volume de ar inspirado
 No exercício intenso a FR aumenta até 7 vezes, e o volume de ar inspirado aumenta
até 2 vezes.

 Perfusão sanguínea dos pulmões: aumenta até 8 vezes durante o


exercício (no humano, 4 a 5 vezes).
26/11/2020

Resposta fisiológica ao exercício

O exercício intenso (velocidades máximas) pode


provocar uma diminuição da pressão parcial de
O2 no sangue (hipoxémia arterial) e um aumento
da pressão parcial do CO2

→ Incapacidade em ven lar suficientemente para


compensar o nível de trabalho muscular realizado
em situações de esforço intenso.

Resposta fisiológica ao exercício


 Exercício → ↑ temperatura,
CO2 e H+ → facilita a
dissociação da oxihemoglobina
(libertação do O2)
 Efeito de Bohr – desvio à
direita da curva de dissociação
 Principal efeito mediador –
acidose metabólica.
Efeito de Bohr: a afinidade da hemoglobina
para o O2 é inversamente proporcional à
acidez e à concentração de CO2.
26/11/2020

Resposta fisiológica ao exercício


 Acidose Metabólica no exercício:
 Produção de Ácido Láctico em resultado de exercício extenuante, ou exercício em ambientes
com baixa concentração de O2;

 É compensada pelo Sistema Respiratório: aumento da eliminação de CO2 na expiração –


aumento da FR (hiperventilação ou Respiração de Kussmaul).

 Acidose Respiratória:
 Geralmente ocorre por problemas respiratórios (ex. DPOC ou HL) que causam hipoventilação
e aumento da concentração de CO2 no sangue (hipercapnia);

 Também pode ocorrer como compensação de uma Alcalose Metabólica (produzida por
desidratação e hipoclorémia consequente a um esforço de resistência, ou em cavalos
mantidos em ambientes muito quentes e húmidos por períodos prolongados).

Aumento do fluxo de O2 em resposta ao exercício


26/11/2020

Resposta fisiológica ao exercício

Variações de ↑ Consumo de
pressão O2 e produção
de CO2
A resposta fisiológica do sistema
respiratório do cavalo não acompanha o
nível máximo de aumento de necessidades
de consumo e eliminação metabólicos que
os demais sistemas conseguem produzir;

Por este motivo, considera-se que o sistema


respiratório é um FATOR LIMITANTE da
capacidade atlética do cavalo.

Efeitos do treino
 O aparelho respiratório não sofre alterações físicas em adaptação ao treino (ao contrário do
coração, do músculo ou do osso); as adaptações são apenas funcionais, e derivadas de outros
órgãos/sistemas:

 Ritmos respiratórios comparativamente mais baixos para a mesma intensidade de exercício;

 Recuperação mais rápida;

 Recrutamento alveolar: quando um animal não está em treino, alguns alvéolos pulmonares enchem-se
de muco; o exercício vai tornar estes alvéolos necessários, e por isso em alguns cavalos em início de
treino se observa a saída de muco pelas narinas, em virtude da limpeza desses alvéolos;

 Aumento da capilarização pulmonar, para permitir uma troca gasosa mais eficaz;

 Desenvolvimento dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais);


26/11/2020

Efeitos do treino

 O treino não melhora os


parâmetros ventilatórios;
 Além disso, como provoca
aumento do consumo máximo de
O2 e da produção máxima de CO2,
verifica-se uma deterioração dos
gases sanguíneos em
consequência do treino
(hipoxémia e hipercápnia). Elevadas necessidades metabólicas
+ inadaptação em resposta ao
treino = Sistema Respiratório é o
fator limitante.

Você também pode gostar