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Subestações Elétricas – Aula nº 7 1

Levantamento Topográfico
Este tipo de levantamento seria basicamente são feitas de três formas:

1. Planimétrico:

O primeiro objetivo é dar a forma do terreno (dimensão dos lados, ângulos


dos vértices, rumos dos lados), amarrando-o a algum terreno de acidente fixo
(estrada, ponte, etc.). Em segundo lugar serve para fazer o memorial descritivo
para a registro e escritura do imóvel. O memorial mostra os confrontantes
(vizinhos), mostra os rumos e as extensões. Serve para calcular exatamente a
área do terreno. Mostram também alguns acidentes no terreno
planimetricamente, assim como, a fórmula (contorno do terreno), dá com
exatidão os rumos e as distâncias do lado do terreno (perímetro) e permite o
cálculo do terreno.
Este levantamento indica os marcos dos vértices do perímetro do terreno,
fixa (amarra) a posição do terreno em relação ao norte e a uma referência fixa
(rodovia, curso de água, etc.). Mostram em planta todos os acidentes contidos
no terreno (avisos de água, matas, tipo de solo, etc.), indica os confrontantes e
permite a elaboração do memorial descritivo para registro da escritura do imóvel.

2. Altimétrico:

 Mostra o relevo do terreno;


 Mostra a profundidade ou altura dos acidentes naturais existentes
no terreno;
 Indica a declividade e a uniformidade do terreno;
 Serve para se efetuar o cálculo da terraplanagem (com base na
curva de nível).

Curva de Nível: É uma linha onde todos os pontos possuem a mesma


cota. No caso da subestação, este levantamento é feito com diferença de cota
de 50 cm em 50 cm e o paralelismo entre as curvas de nível indica que o terreno

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é regular (liso ou inclinado). Quanto maior a distância entre as curvas de nível


mais plano é o terreno. As escalas horizontais e verticais são diferenciadas.
Analisando as curvas de nível de um levantamento altimétrico podemos
concluir que quanto mais afastadas forem as curvas de nível, menos acidentado
é o terreno e quanto mais próximo do paralelismo for às curvas de nível, mais
regular será o terreno. Para a determinação dos volumes de corte e aterro
necessários para uma SE, determina-se a localização dos vários platôs com
respectivas dimensões previamente determinadas. Escolhe-se pontos em que
serão feitas seções transversais no terreno, afim de se obter os perfis das várias
seções. Em geral adota-se escalas horizontais e verticais diferentes para os
desenhos dos perfis, não devendo, entretanto, ultrapassar a relação de dez
vezes. Ex.: Vertical= 1:200 e horizontal = 1:2000

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Curva de nível de um levantamento altimétrico.

Talude é um plano inclinado que limita um platô. Tem a função de garantir


a estabilidade do platô. A sua geometria por natureza em platôs é de 1/1 ou seja,
45º graus, não sendo recomendado uma inclinação superior pois não garante a
sua estabilidade. Quando for escavação, também é normal que sejam 45 º graus,
agora em zonas rochosas esse valor pode ser superior pois a estabilidade não
será afetada.

Nas fotos acima vemos um enrocamento de pedras que pode ser usado
para proteger um talude, sendo constituído por um maciço de pedras arrumadas
ou jogadas, compactado ou não, destinado a proteger aterros ou platôs dos
efeitos da erosão.

1. Base do aterro.
2. Enchimento do núcleo do aterro.
3. Enchimento do coroamento do aterro.
4. Talude do aterro.
5. Solo de fundação

Platôs ou terra firme numa subestação, estão localizados nas partes mais
elevadas e fora do alcance das cheias dos rios. O ideal é ter dois platôs, um para
a casa de comando e outro para o restante da subestação.

Berma (encostamento) divide o talude em duas partes para evitar a


pressão (deslize) e a infiltração de água.

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A camada de terra vegetal deve ser retirada e não pode ser utilizada para
nada (em geral a camada é de 20 cm).

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Ideal é dois platôs, um para a casa de comando e outro para a SE


restante.

3. Planta de Situação:

Geralmente indicado no desenho do levantamento planimétrico, com uma


escala apropriada e serve para facilitar a localização do terreno em relação a
cidade, rodovias, etc.

Terraplanagem
Compreende o conjunto de operações de escavação, transporte, depósito
e compactação de solo necessário a realização de uma obra.

 Escavação: Diz-se que a escavação é raspagem nos casos


seguintes: Nas seções homo gênicas em terra, quando a média das alturas de
corte no eixo (h), e nas extremidades da plataforma (h1 e h2), é inferior a 40
cm.

Nas seções mistas em terra quando a altura máxima de corte, na

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extremidade da plataforma (h3) da figura for inferior a 80 cm e nas seções em


rocha, quando a altura máxima de corte é inferior a 50 cm.

As demais escavações feitas ao longo da diretriz para obtenção da


plataforma, são chamadas de corte.

 Área de empréstimo: Compreende a área de


escavação para utilização do material, por insuficiência do material
retirado dos cortes, ou por este material não ser próprio para
utilização em aterros, etc.
 Terraplanagem compensada: Diz-se da
terraplanagem na qual os volumes de corte e aterro se equivalem.
 Bota fora: Denominação pelo qual é conhecida a
área onde é depositado o material de corte, por excesso, ou ainda
por ser imprestável a obras de aterro.
 Terraplanagem manual: Diz-se dos trabalhos
executados com ferramentas comuns (pás, enxadas, picaretas) e
no máximo com veículos de tração animal.
 Terraplanagem mecanizada: Diz-se dos trabalhos
executados com máquinas e veículos próprios.

Aterramento em subestação
O aterramento em instalações elétricas, tem por finalidade a proteção das
pessoas em contato com as instalações elétricas e à proteção dos equipamentos
elétricos. Esta proteção pode ser identificada nos aspectos de:
- Dar segurança às pessoas, evitando que as mesmas fiquem
expostas a potenciais considerados perigosos;
- Dar condições para que as correntes resultantes de um rompimento de
isolação (corrente de falta), devido a curtos-circuitos, descargas atmosféricas ou
sobre tenções de manobra, possam escoar para a terra sem causar danos a
pessoas ou equipamentos;
- Permitir que o sistema de proteção instalado na SE tenha um
funcionamento perfeito.
Um sistema de aterramento projetado e montado corretamente é um dos
requisitos fundamentais para o bom funcionamento de um sistema elétrico,
principalmente no que diz respeito à confiabilidade e segurança.

Esse sistema tem as seguintes funções principais:


 Fazer com que a resistência de terra tenha valores mínimos
possíveis, para escoar correntes de falta para a terra.
 Fazer com que os potenciais produzidos pela passagem da corrente

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de falta, fiquem dentro dos limites de segurança, evitando danos a


pessoas e animais.
 Tornar os equipamentos de proteção mais sensíveis, fazendo com
que correntes de fuga a terra sejam isoladas rapidamente.
 Permitir um escoamento seguro das correntes provenientes das
descargas atmosféricas.
 Eliminar as cargas estáticas das carcaças dos equipamentos.

A principal preocupação é a proteção do ser humano, razão pela qual


vamos analisar alguns aspectos relacionados ao corpo humano, em presença
de correntes elétricas. Dados estatísticos determinaram que o corpo humano fica
vulnerável a correntes para a faixa de frequência menor do que 60 Hz e maior
do que 25 Hz. Por outro lado, frequências altas de 500 Hz ou superiores, não
apresentam grandes perigos ao ser humano.
Assim, a frequência da ordem de 50 a 60 Hz é a que em geral, traz como
consequência a fibrilação ventricular (batimento cardíaco desordenado, de difícil
recuperação). O maior perigo para o ser humano é a intensidade de corrente que
circula pelo seu corpo, e esta, depende da resistência elétrica da pele e interna
do indivíduo, bem como do valor da tensão aplicada nos pontos de contato.
Inúmeros valores de resistência elétrica do corpo humano foram medidos,
variando de 500  até 10000 . Os valores médios aceitos são 2300  entre as
mãos e 1100  entre mãos e pés. Todavia, para os cálculos, estabeleceu-se

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como valor razoável em 60 Hz, 1000  (mãos, pés e entre pés).


Também foi estabelecido que o limiar da percepção de uma corrente
elétrica (formigamento) surge quando a intensidade desta é de 1 mA, sendo que
acima deste valor poderá representar algum perigo. Foi constatado que uma
corrente de 100 mA, com duração de 3 segundos, percorrendo um corpo
humano, pode provocar fibrilação. O Prof. Charles Francis Dalziel, após
pesquisa que 99% das pessoas com peso de 50 Kg ou mais, podem suportar
sem a ocorrência de fibrilação ventricular. A corrente de choque é determinada
pela fórmula:

0,116
Ik 
t
Ik = máxima corrente de curta duração tolerável pelo corpo humano [A]
t = tempo de duração da corrente de falta em segundos. Considerar t = 0,5
s.
 = constante de energia, cujo valor é de 0,165 para corpos com peso de
70 kg e de 0,116 Kg para corpos com peso de 50 kg.
Considerar ρ = 0,116 kg para o cálculo.

Esta é a corrente mínima capaz de produzir a fibrilação cardíaca em 0,5 %


dos casos observados, válida para 0,03s<t<3s. O Prof. Dalziel determinou
também, que o tempo limite para a duração da corrente, deve ficar entre 0,03 a
3 segundos. A definição deste tempo, este relacionado com o sistema de
eliminação das faltas na SE, dependendo das características dos relés e
dispositivos de interrupção dos circuitos. Para se ter um bom aterramento dos
equipamentos de uma SE e manter as várias tensões que surgem durante uma
falta, dentro de limites toleráveis, toma-se necessário construir um sistema de
aterramento dentro da SE, denominado de " Malha de terra ".

Dois aspectos principais devem ser considerados em estudos de


aterramento de SE, a saber:
 O Comportamento do Sistema: quando da ocorrência de uma
corrente de falta para a terra na SE, a corrente, inicialmente injetada
na malha de aterramento, se divide por todo este sistema interligado,
cabendo então a cada um dos seus componentes, a função de
dissipar uma fração da corrente de falta para o solo.
 A interação malha/solo é função, basicamente, da geometria da
malha, de estruturas metálicas eventualmente enterradas no solo
dentro da sua área de influência, e da estratificação do solo na
região onde a mesma se encontra. Esta interação se reflete na
resistência de aterramento da malha e nos gradientes de potencial
no solo, decorrentes do processo de dissipação de uma dada
injeção de corrente.
O resultado do estudo de aterramento de subestações normalmente
engloba quatro grupos de informações:
 O dimensionamento da malha para projeto, aí incluindo a bitola do
condutor, a configuração e a profundidade da malha, os critérios de
segurança estabelecidos e os resultados das simulações, onde se

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destacam a resistência de aterramento da malha, a fração da


corrente de falta dissipada pela malha para o solo, os perfis de
potencial na superfície do solo, e os potenciais de passo e toque
obtidos em direções previamente selecionadas.
 De cabos para-raios e de blindagens de cabos de energia, o
aterramento de equipamentos, cercas, etc...
 Recomendações específicas para as instalações especiais (centros
de processamentos de dados ou de controle, estações de
comunicações, etc...

A área a ser abrangida pela malha da SE deve ser, em princípio, a mais


ampla possível, considerando-se as restrições existentes (topografia e
localização do terreno, instalações vizinhas, etc.). Nesta etapa, deve ser
elaborada uma estratégia prévia de aterramento da SE como um todo, com a
avaliação do inter-relacionamento da malha com outras estruturas, tais como
edificações, torres, cercas, portões, etc.

Estabelecimento de critérios de dimensionamento:

Com relação à segurança humana em locais onde a superfície do solo é


submetida a um gradiente de potencial, existem duas condições em que a
suportabilidade do corpo humano deve ser avaliada, a saber: as diferenças de
potencial que podem ser aplicadas a um indivíduo que caminha ou que toca em
uma estrutura local ou remotamente aterrada. As estas duas condições
correspondem os limites críticos de suportabilidade, conhecidos,
respectivamente por "potencial de passo tolerável" e "potencial de toque
tolerável". Estes limites são afetados pela frequência e duração da corrente
aplicada.
O ideal seria eliminá-los, porém, não sendo possível, procura-se manter
estas diferenças de potencial dentro de valores abaixo dos admissíveis, afim de
não oferecer qualquer risco às pessoas que trabalham ou circulam dentro das
SEs e imediações. Além do aspecto de segurança, cabe também ao projetista
não esquecer os aspectos de custos da malha, que adotando critérios muito
conservadores, poderá onerar demasiadamente esta parte da SE,
desnecessariamente.

Terminologia para sistemas de aterramento:


Para entender-se perfeitamente o aterramento é necessário, de início, o
conhecimento da terminologia utilizada e a fixação de alguns conceitos
fundamentais:

 Sistema de aterramento - conjunto de todos os condutores e


peças condutoras com as quais é constituído um aterramento, num
determinado local.

 Eletrodo de aterramento - condutor ou conjunto de condutores em


contato direto com a terra, para fazer um aterramento. São
considerados eletrodos de aterramento as hastes e as malhas de
aterramento.

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 Haste de aterramento - Eletrodo de aterramento constituído por


uma barra rígida cravada no solo.

 Malha de aterramento - Eletrodo de aterramento constituído por


um conjunto de condutores nus interligados e enterrados no solo.

 Condutor de aterramento - condutor que faz a ligação elétrica


entre uma parte condutora e o eletrodo de aterramento.

 Condutor ativo (vivo) - condutor destinado a transmissão de


energia elétrica, incluindo o condutor neutro em corrente alternada
e o compensador em corrente contínua.

 Condutor neutro - condutor ligado permanentemente ao ponto


neutro de um sistema polifásico.

 Parte viva - Parte condutora que, em condições normais,


apresenta ou pode apresentar diferença de potencial em relação a
terra. Assim, são partes vivas os condutores ativos e as partes
condutoras de componentes e equipamentos elétricos. São
chamados contatos diretos os contatos de pessoas com partes
vivas de componentes e de equipamentos elétricos. A ligação
intencional de um dos condutores ativos (geralmente o neutro) de
um sistema elétrico a terra é frequentemente chamada de
aterramento do sistema (na terminologia norte-americana ("system
ground"), ou aterramento funcional. Numa instalação elétrica, além
das partes vivas, há as “massas” e os "elementos condutores
estranhos à instalação".

 Massa (de um equipamento ou instalação) - conjunto das partes


metálicas não destinadas a conduzir corrente, eletricamente
interligadas e isoladas das partes vivas. Como exemplo de massas,
pode-se citar as carcaças de máquinas elétricas, as caixas
metálicas de equipamentos, de quadros de distribuição, condutos,
etc.

 Elementos condutores estranhos á instalação (ou


simplesmente elementos condutores) são elementos suscetíveis
de propagar um potencial, sem fazer parte da instalação elétrica. E
o caso de:
 Elementos metálicos utilizados na construção de prédios;
 Canalizações metálicas de gás, água, aquecimento, etc., e os
equipamentos não elétricos que lhes sejam ligados;
 Solos e paredes não isolantes.
São chamados contatos indiretos os contatos de pessoas com
massas ou elementos condutores postos acidentalmente sob
tensão. O aterramento das massas e dos elementos condutores é,
com freqüência, chamado de aterramento do equipamento (na
terminologia norte-americana, ("equipament ground"). Os
condutores de proteção constituem os elementos principais desse

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aterramento, que é também chamado de aterramento de proteção.

 Condutor de proteção - Condutor que liga as massas e os


elementos condutores estranhos a instalação, entre si e/ou a um
terminal de aterramento principal. Os condutores de proteção são
utilizados na proteção contra os contatos indiretos e ligam as
massas - seja a outras massas, seja a elementos condutores, seja
a eletrodos de terra, a um condutor ligado à terra ou a uma parte
viva ligada á terra.

 Condutor de proteção principal - Condutor de proteção que liga


os diversos condutores de proteção de uma instalação ao terminal
de aterramento principal.

 Terminal de aterramento (da instalação) - Terminal destinado a


ligar os condutores de proteção ao condutor de proteção principal.

 Terminal de aterramento principal -Terminal destinado á ligação


de um condutor de aterramento aos condutores de proteção.

 Condutor PEN - Condutor que tem as funções de condutor neutro


e de proteção.

 Ligação equipotencial - Ligação elétrica entre massas e/ou


elementos condutores estranhos á instalação, destinada a evitar
diferenças de potencial entre eles.
 Condutor de equipotencialidade - Condutor de proteção que
assegura uma ligação equipotencial.

 Choque elétrico - Efeito patofisiológico resultante da passagem de


uma corrente elétrica através do corpo humano, ou de um animal.

 Corrente de choque (Corrente pato-fisiologicamente perigosa) -


Corrente que atravessa o corpo humano ou o corpo de um animal e
cuja intensidade (levando em conta, por exemplo, a freqüência, as
harmônicas e a duração) seja tal que possa causar danos.

 Isolação básica - Isolação aplicada a partes vivas para assegurar


proteção contrachoques elétricos.

 Isolação suplementar – Isolação adicional e independente da


isolação básica, destinada a assegurar proteção contrachoques
elétricos, no caso de falha da isolação básica.

 Isolação dupla - isolação composta por isolação básica e isolação


suplementar.

 Isolação reforçada - isolação única, mas não necessariamente


homogênea, aplicada sobre as partes vivas, que tem propriedades
elétricas equivalentes ás de uma isolação dupla.

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 Corrente de terra - Corrente que percorre um eletrodo de


aterramento.

 Tensão de um eletrodo de aterramento - Tensão entre um


eletrodo de aterramento e a terra de referência, quando percorrido
por uma corrente de terra. Chama-se terra de referência a uma
superfície equipotencial que se considera como potencial zero para
referência de tensões elétricas.

 Tensão para terra - Tensão entre uma parte energizada de um


sistema ou equipamento elétrico e a terra.

 Resistência de terra - Resistência elétrica entre um eletrodo de


aterramento e outro eletrodo de aterramento, situada a uma
distância teoricamente infinita.

 Tensão de passo - Tensão entre dois pontos da superfície da terra,


separados por uma distância igual ao passo de uma pessoa,
causada pela passagem de corrente no solo.

 Tensão de toque - Tensão entre uma parte metálica aterrada, que


pode ser alcançada pelo braço de uma pessoa, e um ponto da
superfície da terra onde se encontra essa pessoa, causada por uma
corrente de terra.

 Tensão de contato - Tensão que pode aparecer entre dois pontos


simultaneamente acessíveis.

 Tensão limite convencional (de contato) - Valor máximo da tensão


de contato que pode ser mantido indefinidamente, sem risco a
segurança de pessoas ou animais domésticos.
 Barreira - Anteparo que impede o acesso ás partes vivas, a partir
das direções habituais de acesso.

 Invólucro - Elemento que impede o acesso às partes vivas, a partir


de todas as direções.

 Obstáculo - Elemento que impede o acesso casual às partes vivas,


mas permite o acesso voluntário, sem auxílio de ferramenta para
removê-lo.

Ligação à terra de equipamentos:

Ao ocorrer um curto-circuito, ou fuga de corrente para a terra, espera-se


que a corrente seja suficientemente elevada para que o sistema de proteção seja
sensibilizado eliminado o defeito o mais rápido possível. Enquanto a proteção
não atua, a corrente de defeito escoa para o solo, produzindo potenciais distintos
nas massas metálicas e na superfície do solo.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 13

Para termos um sistema seguro e eficiente, deve aterrar todas as partes


metálicas sujeitas a um eventual contato com partes energizadas, para que em
caso de algum defeito, provoque um curto circuito fase terra, elevando o valor da
corrente a valores tais que provocarão a atuação das proteções, desenergizando
o sistema. Devemos, portanto, efetuar a ligação dos equipamentos elétricos a
um sistema de aterramento melhor possível, dentro das condições do solo, de
modo que as proteções sejam sensibilizadas o mais rápido possível, e os
potenciais de toque e de passo fiquem abaixo dos limites críticos de fibrilação
ventricular do coração humano.
Um sistema de aterramento pode ser feito através de uma simples haste,
de diversas hastes interligadas alinhadas, em forma de triângulo ou em forma de
círculo, etc., com placas de material condutor, fios ou cabos estendidos ou de
outras formas previstas em normas. A escolha correta do sistema de aterramento
depende do tamanho, tensão, importância e características gerais do sistema. O
sistema torna-se mais eficiente quando o aterramento é feito através de uma
malha de aterramento.
O projeto de um sistema de aterramento deve seguir basicamente as
seguintes etapas:

 Definir o local da malha de aterramento.


 Realizar várias medições do valor da resistividade do solo no local
previsto de instalação da malha.
 A partir dessas medições realizar a estratificação do solo em suas
respectivas camadas.
 Definir o tipo de sistema de aterramento necessário.
 Calcular a resistividade aparente do solo.
 Dimensionar o sistema de aterramento, levando em considerarão a
sensibilidade dos relés, e os limites de segurança pessoal, isto é, da
fibrilação ventricular do coração.

Configurações típicas de malha de terra:

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 14

Resistividade do solo:

Para iniciarmos o estudo de um projeto de um sistema de aterramento,


necessitamos conhecer o valor da resistividade do solo, bem como suas
características principais no que diz respeito ao tipo do solo, sua estratificação
em camadas, teor de umidade, temperatura do solo, etc.
A resistividade do solo varia significativamente com a elevação do teor de
umidade. A quantidade maior de água faz com que os sais presentes na
composição do solo, se dissolvam, formando um meio eletrolítico favorável à de
corrente iônica. A partir destas considerações, podemos concluir que os
sistemas de aterramento melhoram os seus desempenhos em períodos de
chuva, períodos úmidos, e pioram em épocas de seca.
A temperatura também influencia na variação da resistividade do solo.
Verifica-se no que se refere somente a temperatura, que a resistividade não varia
muito com temperaturas entre 10º C e 600º C, porém aumenta seu valor
significativamente quando a temperatura se aproxima de 1000º C, onde o estado
de vaporização deixa o solo mais seco.
No que diz respeito ao tipo de solo e a sua estratificação sabem que na sua
grande maioria os solos não são homogêneos mais sim por diversas camadas
de resistividade e profundidades diferentes. Essas camadas, devido a sua
formação geológica, são normalmente horizontais e paralelas à superfície do
solo. Essa variação na resistividade das diversas camadas do solo provoca
variação na dispersão da corrente de defeito ou de descarga, e deve ser
considerada no projeto de sistemas de aterramento.

Medição da resistividade do solo

O ponto inicial do nosso processo é a definição do local onde será feito o


sistema de aterramento. Esta definição deve ser analisada cuidadosamente caso
a caso, levando-se em consideração as características do sistema elétrico que
será objeto do sistema de aterramento, a disponibilidade do local a as
características peculiares do projeto e a sua viabilidade econômica. Deve-se
ainda levar em considerações a possibilidade de inundação do terreno e as

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 15

medidas preliminares do projeto. O solo apresenta resistividade que depende do


tamanho do sistema de aterramento. A dispersão da corrente elétrica atinge
camadas profundas com o aumento da área envolvida pela área malha de
aterramento.
Para se efetuar o projeto de um sistema de aterramento, deve-se
conhecer o valor da resistividade aparente que o solo apresenta. O levantamento
desses valores de resistividade é feito através de medições em campo, utilizando
método de prospecção geoelétrico. Os métodos mais conhecidos são o método
de WERNER, o método de LEE e o método de SCHULUMBERGER-PALMER,
sendo que nesse livro optei pelo método de Werner.

Método de Werner:

Este método utiliza um Megger (Terrômetro/Telurímetro) para medir os


valores da resistência necessária para o cálculo da resistividade do solo. Este
instrumento possui dois terminais de corrente “C1” e “C2” e dois terminais de
potencial “P1” e “P2”. As medidas são realizadas fazendo circular, por meio de
uma fonte interna do aparelho, uma corrente elétrica entre as duas hastes
externas que são conectadas aos terminais de corrente C! e C2. O aparelho
indica na leitura o valor da resistência elétrica medido entre as hastes ligadas
aos terminais de potencial P1 e P2. Feitas todas medidas de resistência, calcula-
se os respectivos valores para resistividade - “” relativo a cada ponto, segundo
eixos "x" e "y" com a fórmula:

  2. a . R  . m
R = valor indicado no potenciômetro do medidor.
a = espaçamento entre eletrodos.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 16

Possui quatro terminais, sendo dois de corrente e dois de potencial;


Possui quatro eletrodos tipo copperweld de ¾, com 60 cm de
comprimento;
 Possui quatro cabos isolados flexíveis e sem emendas;
 Possuiu uma marreta para cravar as hastes.
O método considera que praticamente 50% da distribuição de corrente que
passa entre hastes externas ocorre a uma profundidade igual ao espaçamento
entre hastes. A corrente na verdade atinge uma profundidade maior, porém
nesse caso sua dispersão é muito grande, e seu efeito pode ser desconsiderado.
Portanto podemos considerar para esse método que o valor da resistência
medida é relativa a profundidade “a” do solo.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 17

Os eletrodos deverão estar alinhados devendo ser enterrados,


aproximadamente, 30 cm dentro do solo. Posicionar o “G” ground no ponto a ser
medido.
A corrente atinge uma profundidade maior, com uma correspondente área
de dispersão grande, tendo em consequência, um efeito que pode ser
desconsiderado. Portanto, para efeito de Método de Werner, considera-se que o
valor da resistência elétrica lida no aparelho é relativo a uma profundidade "a"
do solo. Devem ser feitas diversas leituras, para vários espaçamentos, como as
hastes sempre alinhadas.
Para uma determinada direção devem ser usadas os espaçamentos
recomendados na tabela abaixo:
Espaçamento “a” Leitura R () Calculado  (.m)
(m)
2
4
8
16
32
64

O número de direções em que as medidas deverão ser levantadas


depende:
 Da importância do local de aterramento.
 Da dimensão do sistema de aterramento.
 Da variação acentuada nos valores medidos para os respectivos
espaçamentos.
Para medirmos a resistividade do solo no caso das malhas de terra,
convém tomarmos algumas precauções, já que o valor de ρ (resistividade) é de

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 18

importância fundamental:
 Efetuar as medições em duas direções segundo um eixo X e outro
Y (referências da SE). Sendo que em áreas com dimensão de até
100 x 100 m, deverão ser efetuadas pelo menos em seis pontos.

 Deverão ser medidos no mínimo seis pontos, com quatro pontos na


periferia e dois na região central.
 As medições devem ser efetuadas quando o terreno estiver bem
seco (pior caso). Preferencialmente efetuar as medições no terreno
após feita a terraplanagem.
 Tomar cuidados em utilizar aparelhos de medida que possuam filtros
que não permitam interferências nas medições, devido a correntes
externas.
 Procurar efetuar o máximo de medições para ter-se um valor médio,
o mais próximo possível do real.
 Nos pontos onde serão instalados equipamentos cujos os
aterramentos são fundamentais para o seu desempenho
(transformador). Para-raios, reatores, etc.), deve-se tomar o máximo
cuidado com as medições.
 As hastes deverão ter aproximadamente 50 cm de comprimento com
diâmetro entre 10 e 15mm;
 Durante a medição as hastes deverão estar alinhadas, igualmente
espaçadas e cravadas a uma profundidade de 20 a 30 cm e devem
estar limpas isentas de oxido ou gordura;
 O aparelho e a carga da bateria deverão estar em boas condições e
durante a medição o aparelho deve estar posicionado
simetricamente entre as hastes;
 As condições do solo devem ser levadas em consideração (seco ou
úmido);
 Por questões de segurança, as medições não devem ser efetuadas
em dias em que haja possibilidade de descargas atmosféricas.
Utilizar sempre luvas de segurança e calçado de segurança ao
executar as medições.

O solo é um elemento totalmente heterogêneo, de modo que seu valor de


resistividade varia de uma direção a outra, conforme o material de que é
composto, segundo a profundidade de suas camadas e idade de sua formação

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 19

geológica. O solo varia a sua resistividade com a umidade, salinidade e


temperatura. Para uma medição correta da resistividade do solo, devemos em
cada direção considerada efetuar diversas medições, sendo recomendado para
o espaçamento entre eletrodos as seguintes medidas para “a” = 1 m; 2 m; 3 m;
4 m; 6 m; 8 m; 16 m; 32 m; 64 m; etc., onde teremos a leitura dos diversos valores
de resistência em ohms e podemos então calcular os valores de resistividade em
ohms metro, de acordo com a formula abaixo:

  2. a . R  . m
Após a medição devemos agrupar os dados em uma tabela, e avaliar quais
deverão ser considerados e quais deverão ser desprezados, sendo que essa
avaliação deverá obedecer aos seguintes critérios:

 Calcular a média aritmética dos valores de resistividade calculados


para cada espaçamento;
 Com base nessa média calcular a diferença entre cada valor de
resistividade calculado e a média dos espaçamentos;
 Desprezar todos os valores de resistividade que tenham desvio
maior que 50%, em relação a média; Todos os valores com desvio
abaixo de 50% serão aceitos;
 Caso seja observado um elevado número de desvios acima de 50%,
recomendasse realizar novas medidas no local. Se a ocorrência dos
desvios persistir, devemos considerar esta região independente
para efeito de modelagem;
 Com os dados já analisados calculasse novamente a média das
resistividades remanescentes;
 Com as resistividades médias para cada espaçamento, tense os
valores definitivos para traçar a curva ρ x a, necessárias ao
procedimento das aplicações do método de estratificação do solo.

Tabela dos valores obtidos nas medições

Distânci
as Resistividade calculada
Resistência média ()
Entre =2..a.médio [.m]
Resistividade
hastes
média
Ponto Ponto m (.m)
Ponto 1 Ponto 3 Ponto Ponto
a(m) 2 4 Ponto 3 Ponto 4
R () R () 1 2
R () R ()
2
4
8
16
32
64

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 20

No caso de áreas para construção de SE`s com dimensão até 100 X 100
m, deverão ser efetuadas pelo menos seis pontos de medida da resistência, com
prospecção de resistividade até 64 metros.
Caso os valores de resistividade encontrados para uma mesma separação
entre eletrodos, variem mais que 50 % com relação ao valor médio aritmético,
devem ser feitas medições em maior número de pontos (isto é indício de
variações de tipo de solo, inclinação das camadas, altura diferente do lençol
freático, presença de pedra, etc.

Determinação dos desvios em relação ao valor médio

% = m - . 100


a (m) 100 m = desvio
máximo
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
2
4
8
16
32
64
Nota: Os desvios obtidos não devem ser superiores a 50 % (limites
aceitáveis) em relação a média, caso contrário, os valores serão
descartados.

Tensão máxima de passo admissível numa SE - “Ep”

Durante a ocorrência de uma falta, principalmente curto fase terra, o fluxo


da corrente que penetra no solo, provoca gradientes de potencial em volta do
ponto de penetração, que podem assumir valores elevados. Estes gradientes na
superfície do solo, podem trazer perigo às pessoas que trabalham na SE ou que
transitam nas suas imediações. Embora seja impossível eliminar estas tensões,
é possível dimensionar uma malha para mantê-las dentro de valores aceitáveis.
A Tensão Máxima de Passo é a diferença de potencial que pode surgir
entre os pés de uma pessoa que toca o solo simultaneamente (considerando
que o passo possui 1 metro), durante a ocorrência de uma corrente de falta.
Nessas condições, teremos uma circulação de corrente pelo corpo do indivíduo,
que deverá ficar a níveis toleráveis.
Para este cálculo, parte-se das seguintes premissas:
 O pé de uma pessoa é considerado como um eletrodo circular com
raio aproximado de 8 cm;

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 21

 A resistividade do solo sob os pés é denominada de resistividade


superficial (ps) dada em .m, e depende do tipo de revestimento
utilizado para o pátio da SE.
Considera-se os seguintes valores para “ρs”:
ρs para brita molhada = 3000 .m
ρs para grama = 50 .m
ρs para terra ( média) = 1300 .m

Adota-se para a resistência de contato de um pé com o solo, Rf = 3. .s


[], e desconsidera-se a resistência da sola dos sapatos. A resistência do corpo
humano, conforme já visto é de Rk = 1000 , adotado para efeito de cálculo.

 Icc = corrente de curto circuito.


 Ik = corrente de choque que poderá circular pelo corpo no instante
de uma falta. Limite de corrente para não causar a fibrilação
ventricular.
 R1 = resistência do solo.
 R2 = resistência do solo entre os pés do indivíduo.
 R0 = resistência do solo entre o pé mais afastado do ponto de
injeção da Icc e o solo com potencial zero.
 Rk = resistência de contato de um pé com o solo.

O circuito equivalente será:

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 22

Onde: Ep = ( Rk + 2Rf ) .x Ik mas,


k 

0,116
Ik 
t
Rk = 1000 [Ω] e Rf = 3 x ρs [Ω]

Ep = (1000 + 6 ρs) x 0,116 [V]


√t
Então:
116  0,7 s
Ep  V 
t
Ep = tensão máxima de passo admissível para o corpo humano dada em
Volts.
ρs = resistividade do material de acabamento da superfície do solo da
malha. Geralmente utiliza-se a pedra brita (ρs = 3000 .m) na superfície da
malha.
t = tempo para eliminação da corrente de falta. Considerar t = 0,5 s.
Rk = resistência do corpo humano. Rk = 1000 
Se tomarmos os valores aceitos como razoáveis, já discutidos, teremos
para um pátio revestido com brita (ρs = 3000 .m), usando a fórmula teremos
Ep = 3133 V.
O tempo para eliminação da corrente de falta pelos dispositivos de
proteção, foi considerado como sendo de t = 0,5 segundos, que será adotado,
doravante, para todos os nossos cálculos.
Tensão máxima de passo calculada na periferia da malha - Ep

Como já vimos, é a tensão a que fica submetida um indivíduo quando toca


com os pés dois pontos simultaneamente espaçados de um metro, dentro da

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 23

malha de terra. O valor calculado deve ser inferior ou igual a tensão de passo
máxima admissível na área da subestação ( Ep ≥ Ep ).
A expressão que veremos, permite determinar o valor de Ep em função da
geometria da malha e características do condutor.

Ks.Ki.a.Ia
Ep  V 
Lt
Ep = tensão de passo existente na periferia da malha.
a = resistividade média ou aparente em .m.
Lt = comprimento total da malha, incluindo as hastes de terra e conexões
enterradas [ m ].
Ki = coeficiente de correção do efeito da não uniformidade na distribuição
das correntes na malha (geralmente a maior dispersão é na periferia e nos
vértices). Medidas elaboradas em malhas já implantadas indicam que o valor de
Ki fica entre 1,5 e 2,5, sendo que normalmente em malhas com mais de 10
condutores paralelos, adotaremos o valor de Ki = 2 nos cálculos.
Ia = parcela da corrente de curto circuito que flui pela malha. A corrente de
curto “Icc” quando atinge a malha subdivide-se em pelo menos em dois sentidos,
sendo 65% para um lado e 35% para o outro, então, considerar:

Ia = 0,65 x Icc [A]

Ks = coeficiente de superfície que leva em consideração o número de


condutores paralelos, o espaçamento médio entre eles e a sua profundidade de
implantação. Para determinar Ks, usaremos a fórmula:

1 1 1 1 1 1 1 
Ks        ...  
  2.h C  h C  2 3 N  1 
C = espaçamento entre condutores na direção considerada [m]
h = profundidade da instalação da malha ( geralmente de 0,60 à 1,00m).
N = número de condutores paralelos na direção considerada, “x” ou “y”.

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Tensão máxima admissível de contato ou toque - “Ec”

Esta tensão é a diferença de potencial que pode surgir entre um ponto não
energizado (intencionalmente) de material condutor e aterrado (estruturas,
equipamentos, etc.), ao alcance das mãos de uma pessoa em pé, em um ponto
do solo distante de 1 metro da estrutura de referência, devido a corrente de falta
(Icc) que pode circular através do corpo. Também nestas condições, a corrente
que circula pelo corpo humano deverá ficar dentro de valores toleráveis. Para
calcular a Tensão de Contato, considera-se que os pés estejam juntos de forma
que as Rf (resistência de contato de um pé com o solo) estejam em paralelo,
resultando um total de Rf / 2. Assim teremos:

Circuito equivalente será:

Ec = ( Rk + Rf ) x Ik sendo:
0,116
Ik 
t
Rk = 1000 Ω
Rf = 1,5 x ρs [Ω], substituindo na fórmula teremos:

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 25

116  0,174 s
Ec  V 
t
Vendo a fórmula, notamos que a “Ec” depende da resistividade do material
de acabamento da superfície do solo da malha, já vistos. Como exemplo, se
considerarmos um pátio revestido com pedra brita e tempo de eliminação da
corrente de falta igual a t = 0,5 s, usando a fórmula teremos Ec = 3.133 V.

Tensão máxima de contato calculada " Ec "

A expressão a seguir permite calcular a tensão de contato existente nas


estruturas metálicas no interior da subestação:

Km.Ki.a.Ia
Ec  V 
Lt
Ec = tensão máxima de contato calculada. O valor da tensão máxima de
contato calculada deve ser menor ou igual à tensão máxima de contato
admissível pelo corpo humano ( Ec > Ec ).
Km = coeficiente que leva em conta a profundidade da malha, o diâmetro
do condutor da malha, espaçamento médio entre eles e o número de condutores
paralelos.

Pode ser calculado por:


1 C2 1 3 5 7 2N  3 
Km  . ln  . ln  x x x...x 
2. 16.h.d   4 6 8 2N  2 
d = diâmetro dos condutores da malha em metro.
h = profundidade da malha (geralmente de 0,60 m ou 1 m).
C = distância entre os condutores paralelos [m].
N = número de condutores paralelos na direção considerada (x ou y).

Tensão de transferência - "Et"

Esta tensão, que é um caso particular da tensão de toque, é a diferença


de potencial que pode surgir durante a ocorrência de uma falta, entre um
ponto remoto, ligado à malha e o ponto onde há injeção da Icc (pode ser um
eletrodo ou a própria malha). Assim, podemos melhor definir a tensão de
transferência como sendo a elevação total de potencial da malha (p/ SE's), a
que uma pessoa poderá ficar sujeita, estando em um ponto remoto e toque
um elemento metálico conectado à malha de aterramento no momento que a
corrente de falta está sendo dispersada por esta malha. A pessoa poderá

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 26

tocar um condutor aterrado em um ponto remoto, estando ela no interior da


malha conforme a figura a seguir:

Circuito equivalente:

Et = ( Rf + Rk ) x Ik
2
Et = ( 1,5 x ρs + 1000 ) x 0,116
√t substituindo a fórmula teremos:

0,174 s  116
Et  V 
t
Dimensionamento da seção dos condutores da malha de terra

A primeira medida a ser tomada, é a determinação do pior caso de curto


circuito fase e terra, ou seja, a maior corrente que poderá fluir para a terra. É fácil
compreender que no caso de um curto, a corrente que atinge a malha subdivide-
se em pelo menos dois sentidos. Admite-se que 65% desta corrente tenham um
sentido e 35% outro.
Nesta condição, podemos adotar para o cálculo da seção do condutor de
aterramento (na malha) o valor dado por: Ia = 0,65 x Icc [A] (Ia = corrente

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 27

aparente e Icc = corrente de curto circuito ou corrente de falta). Na malha, a pior


hipótese é a de que toda a corrente “Ia” circulará apenas em um ramo dos
condutores da malha, sabendo-se que na realidade ela será distribuída entre
todos os condutores.
A seção do condutor pode ser obtida (inclusive para os cabos de descida
dos equipamentos):
Ia
A

Sendo:
A = seção do condutor em circular mil (CM)
Ia = parcela da corrente de curto circuito que flui para a malha (A)
σ = densidade de corrente no condutor.

Para obtermos a seção do condutor em circular mil (CM), temos que


determinar o valor da densidade de corrente no condutor “σ”:

 Tm  Ta 
log   1
   234  Ta 
33. t

Tm = temperatura máxima permitida p/ o condutor (geralmente é adotado


300 °C) para o cobre (Oº C)
Ta = temperatura de referência (em geral o ambiente do solo é considerado
com um valor de 40°C)
t = tempo máximo de duração da corrente de falta (Icc) em segundos
dependendo do sistema de proteção. Podemos tomar 0,5 s para a bitola
mínima ou 3 s para a bitola máxima. Para efeito de projeto, usaremos
a bitola máxima na continuidade do cálculo da malha.

Geralmente o cálculo da bitola dos condutores destina-se apenas como


uma verificação, pois por questões de padronização da concessionária local, não
se adota bitolas muito diferentes para cada subestação. A bitola mínima,
normalmente aceita é 2/0 A WG.

Como orientação, damos algumas bitolas de cabos utilizadas em malhas


de terra em subestação:

 2/0 A WG em geral setor de 13,8 kV e 34,5 kV.


 2/0 A WG em geral setor de 69 kV.
 2/0 e 4/0 A WG em geral setor de 138 kV.
 4/0 a 250 kCM em geral setor de 250 kV.

Para se obter mm², dividir CM por 1,973 x 10³.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 28

Determinação do espaçamento máximo entre condutores paralelos

O processo é interativo visando uma solução econômica e necessita de um


valor inicial de espaçamento.

 Determinação dos espaçamentos entre condutores paralelos:

Para tal, faz-se uma hipótese de configuração da rede, e como


valor prático, costuma-se iniciar com espaçamentos da ordem de
10% dos comprimentos dos lados (para subestações de
dimensões de até 60m).
Para dimensões maiores, adotar porcentagens menores.
Definidos os espaçamentos, calcula-se o número de condutores
paralelos em cada direção da malha.

 Determinação do número de condutores paralelos:

Chamaremos de condutores no eixo “X” aqueles que são


colocados na direção correspondente a largura da malha e de
condutores no eixo “Y” aqueles que são colocados na direção do
comprimento da malha.
Assim sendo:
O número de condutores no eixo X (Nx), será dado por:

Nx = Lx + 1 (Nx inteiro)
Cx

O número de condutores de junção será dado por:

Ny = Ly + 1 (Ny inteiro)
Cy

Adotando-se a prática citada acima (10%) para um comprimento de até 60


m, teríamos sempre:

Nx = Ny = 11 condutores

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 29

c) Cálculo do comprimento dos condutores

Lt  Lrede  Lx . Ny  Ly . Nx

- COMPRIMENTO MÍNIMO DE CONDUTORES NECESSÁRIOS NA


MALHA DE TERRA

Deve ser verificado o comprimento mínimo para as duas direções de malha,


e em ambos os casos, o comprimento real deve ser superior ao calculado

Km.Ki.a.Ia. t
Lt 
116  0,174 s
pela expressão:

Lt = comprimento total dos cabos da malha [ m ]


Ia = parcela da corrente de curto circuito que flui para malha
Ia = 0,65 x Icc [ A ]
pa = resistividade média ou aparente [ .m ]
ps = resistividade superficial [ .m ]
Para cada direção, considerar os respectivos km e ki.
Devemos ter Lt  La e Lt  Lb.
Caso não se verifique alguma destas condições, devemos recomeçar o projeto,
adotando outros valores de espaçamento ou profundidade ou bitola do cabo,
etc..; até verificar-se as condições acima.

- CORRENTE DE CHOQUE (Ik)

0,116
Ik 
t
É a máxima corrente que pode circular pelo corpo humano sem causar
fibrilação. É dada por:
Quando a duração da corrente de falha é desconhecida, admitem-se
valores de Ik = 100 mA (limite de fibrilação).

- RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO DA MALHA

Em geral, a área a ser coberta pela malha de terra, é conhecida


previamente, mesmo que com valor aproximado, pois normalmente já se tem
disponível o lay-out da SE. É possível, portanto, estimar o comprimento dos
cabos a serem enterrados para a malha, sabendo-se o limite desejado para o
valor da resistência de terra e a resistividade do solo. O procedimento
S
r

normalmente adotado é o de determinar um raio de um círculo cuja área seja
equivalente a área de cobertura da malha.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 30

Assim temos:
S= área total coberta pela malha na SE (m²)
r = raio de um círculo de área equivalente (m)
A Resistência da Malha pode ser determinada por:

a a
Rm   
4r Lt

Rm < 2 Ω

Sendo:
Rm = resistência da malha () Deve ser inferior a 2 .
a = resistividade média ou aparente considerada para o solo da SE (.m)
Lt = é o comprimento total dos cabos da malha (m)

Quando não se tem definida a malha (comprimento de condutores) e existe


a necessidade de se calcular a corrente de curto circuito fase-terra (Ic), pode-se
utilizar uma simplificação da fórmula anterior para se ter a resistência estimada
da malha, como segue:

a a
Rm  ou Rm  .0,443 
4r s

- CORRENTE DE PICK-UP DOS RELÉS DE TERRA “Ipick-up”

Estas correntes devem ser inferiores às correntes perigosas para o ser


humano, e suficientes para sensibilizar os relés de terra. Para tal, é necessário
que:

Ipick  up 
Rc  1,5 . s  . 9 . Lt  A
Rc . Km . Ki . a

Rc = resistência do corpo humano [] Obs: para efeito de cálculo, adota-


se Rc = 1000 , considerando a situação do corpo humano submetido a
potencial.
Lt = comprimento total dos condutores da malha [ m ]
a = resistividade média ou aparente [  . m ]

- POTENCIAL DE PASSO NA PERIFERIA DA REDE: "Eper"

É a diferença entre dois pontos no solo separados de 1 metro, na periferia


da malha. É dado por:

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Ks.Ki.a.Icc
Eper 
Lt
Para cada direção, considerar os respectivos Ks e Ki.
Ep  Epera e Ep  Eperb Caso contrário, deve-se recomeçar o projeto,
adotando convenientemente outros valores de espaçamento ou profundidade,
ou bitola do cabo, etc..; até verificar a condição acima.

- POTENCIAL DA MALHA: "Em"

É a diferença de potencial a que será submetida uma pessoa que estando


dentro da rede, no centro de uma sub-malha, tocar com as mãos em uma
estrutura aterrada à malha.
É dada por:
Km.Ki.a.I
Em 
Lt
Em cada direção, considerar os respectivos Km e Ki. Devemos ter Ema ≤
Et e Emb ≤ Et

CORRENTE DE CHOQUE QUE PASSA PELO CORPO HUMANO


DEVIDO AO POTENCIAL DE PASSO DA PERIFERIA: "Iper"
Eper
Iper 
100  6 a
Devemos ter Iper ≤ Ik para o valor máximo de Eper.

CORRENTE DE CHOQUE QUE PASSA PELO CORPO HUMANO DEVIDO


AO POTENCIAL DE MALHA: "Im"
Em
Im 
1000  1,5a
Devemos ter Im ≤ Ik para o valor máximo de “Em”.

RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO FINAL

É o valor que se obtém, colocando-se em paralelo a resistência de


aterramento dos cabos para-raios, equipamentos e

Rat 
Rm.Rn

Rm  Rn

Rn = resistência dos cabos para-raios e resistência das torres de


transmissão existentes ao redor da subestação até 1 km ou 2 km de raio. Adota-
se um valor entre 2,7 a 10 Ω.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 32

Exercício resolvido:

Calcular a malha da terra de uma SE Rebaixadora 69/13,8 kV conforme os


dados fornecidos:

Potência de curto circuito trifásico: Pcc 30 = 1036 MVA


Potência de curto circuito fase-terra: Pcc 0T =869 MVA
Corrente de curto circuito: Icc = 7800 A
Tempo máximo considerado pl atuação da proteção (s): t = 0,5 s
Consideramos conexões soldadas (solda convencional).
Área da Malha: 60 m x 60 m
Profundidade da malha: h = 1,0 m
Revestimento do pátio da subestação: ρs = pedra brita
Rn = 3 Ω
Medição da resistividade do solo:

“a” Resistência medida no Resistividade ρ = 2π.a.R (Ω.m) Resistividade


(m) aparelho R (Ω)
Média
Ponto Ponto Ponto Ponto Ponto Ponto Ponto Ponto
ρm (Ω.m)
1 2 3 4 1 2 3 4

2 8,1 7,1 7,2 7,4 101,8 89,2 90,5 93,0 94 = ρ1

4 3,1 3,4 3,2 3,1 77,9 85,5 80,4 77,9 80

8 3,0 1,7 1,9 1,9 150,8 85,5 90,5 95,5 107

16 1,1 1,0 1,1 1,1 110,6 100,5 110,6 110,6 108

32 0,7 0,6 0,7 0,5 140,7 120,6 140,7 100,5 126

Resistência média ou aparente “ρa” (Ω.m) 103 = ρa

Determinação dos desvios em relação ao valor médio:

% 
m  
100
m =
m desvio
máximo (%)
a (m)
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4

2 8 5 4 1 8

4 3 7 0,5 3 7
8 41 20 11 11 41

16 2 7 2 2 7
32 12 4 12 20 20

Obs: Os desvios obtidos encontram-se dentro dos limites aceitáveis (50%),


portanto todos os valores serão considerados. Caso sejam encontrados alguns
valores discrepantes de resistividade, deverão ser projetados sistemas de
aterramentos especiais para esses pontos, ou conforme a porcentagem desses

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 33

valores no total do levantamento, poderão ser desprezados e adotado o valor


médio, visando a estabelecer um único padrão para o local.

1. DETERMINAÇÃO DA CORRENTE APARENTE

A primeira medida a ser tomada, é a determinação do pior caso de curto-


circuito fase e terra, ou seja, a maior corrente que poderá fluir para a terra. É fácil
compreender que no caso de um curto, a corrente que atinge a malha, subdivide-
se em pelo menos dois sentidos. Admite-se que 65% desta corrente tenha um
sentido e 35% outro.
Nesta condição:
Ia  0,65 . Icc  A

Ia = corrente máxima a circular em um ramal da malha

Ia  0,65 . Icc  0,65 . 7800  5070 A

2. DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO DOS CONDUTORES DA


MALHA:

2.1. Seção mínima do condutor da malha: considerar t = 0,5 s:

 Tm  Ta 
log   1
   234  Ta 
33. t

 300  40 
log   1
 234  40   0,13252
Ia  
A 33. 0,5

5070
A  38258 CM
0,13252
Cálculo da área do condutor:

Para se obter mm² da CM:

38,258
A  19,39 mm 2  20 mm 2
1,973

O condutor mínimo escolhido é 4 AWG, cujo diâmetro é d = 0,00588 m

Para se obter o tipo e o diâmetro do condutor em metro, consultar a tabela


a seguir:

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 34

Secção Diâmetro Número de Resistência


Rótulo Kg por Km Capacidade (A)
(mm²) (mm) espiras por cm (ohms/Km)
500 1000 MCM 25,2
400 800 MCM 22,6
300 600 MCM 19,5
240 500 MCM 17,5
185 400 MCM 15,4
150 300 MCM 13,8
120 250 MCM 12,7
107,2 0000 AWG 11,86 0,158 319
85,3 000 AWG 10,4 0,197 240
67,43 00 AWG 9,226 0,252 190
53,55 0 AWG 9,46 0,317 150
33,63 2 AWG 6,544 295 1,5 96
21,15 4 AWG 5,189 188 0,8 60
Propriedades físicas do cabo de cobre.

2.2. Seção máxima do condutor da malha, considerar t = 3 s:

 Tm  Ta 
log   1
   234  Ta 
33. t

 300  40 
log   1
   234  40   0,0541033
33. 3

Cálculo da área do condutor:

Ia 5070
A A  93709 CM
 0,0541033

Para se obter mm² da CM:

93,709
A  47,49 mm 2
1,973

O condutor máximo escolhido é 1/0 AWG, cujo diâmetro é d = 0,00946


m

Neste caso adotaremos, porém, um condutor de bitola maior que a mínima


determinada, porem no projeto, dependerá das bitolas padronizadas pela
concessionária local desde que maior que a bitola mínima. Num cálculo de
malha de terra de subestação, adotar sempre a bitola máxima – 1/0 AWG.

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 35

3. Determinação do número de condutores paralelos e seus


espaçamentos:

O cálculo visa determinar um espaçamento máximo entre condutores, que


nos forneça potenciais de toque, passo, etc., dentro dos valores admissíveis. O
processo é interativo, visando uma solução econômica e necessita de um valor
inicial de espaçamento. Para tal, faz-se uma hipótese de configuração de rede,
e como valor prático, costuma-se iniciar com espaçamentos da ordem de 10 %
dos comprimentos dos lados para subestações de dimensões de até 60 metros.

Lx = Ly = 60 m

Como a subestação tem 60 x 60 m, como valor prático iniciamos o


espaçamento dos condutores com 10 % de seu comprimento, ou seja, Cx e Cy
= 6,0 m.

Assim sendo, na área da SE acima, o número de condutores em “x”, será


dado por:

Nx = Lx + 1 (Np inteiro)
Cx

Nx = número de condutores paralelos em “x”, que são colocados na direção


correspondente ao eixo x.
Cx = distância dos condutores no eixo x

Nx = 60 + 1 = 11 condutores paralelos
6

O número de condutores no eixo y será dado por:

Ny = Ly + 1 (Ny inteiro)
Cy

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 36

Ny = número de condutores paralelos no eixo y, que são colocados na


direção na direção correspondente ao eixo y.
Cy = distância dos condutores no eixo y

Ny = 60 + 1 = 11 condutores paralelos
6

4. Cálculo do comprimento total dos condutores da malha

Lt  Lrede  Lx . Ny  Ly . Nx

Lt  Lrede  60 .11  60 .11  1320 m

Determinação da resistência estimada da malha:

S 3600
r   33,85 m 60 x 60 = 3600 m ² (área da malha)
 

r = raio equivalente da área da malha

a 103
Rest    0,76 
4. r 4 . 33,85
Rest = resistência estimada da malha, sendo que o que vale é Rm.

Por enquanto está abaixo do limite que é 2 Ω. Rest < 2 Ω

5. Determinação dos Coeficientes da malha de terra:

5.1. Determinação do coeficiente de correção de irregularidade “ki”:

O “ki” auxilia a corrigir o efeito de não uniformidade de distribuição de


corrente da malha para o solo ou vice-versa. A maior dispersão de corrente
verifica-se na periferia da malha e principalmente nos vértices da mesma. Os
estudos em modelos reduzidos indicam 1,5 ≤ ki ≤ 2,5.
Para efeito de cálculo adotaremos ki = 2.

5.2. Determinação do coeficiente da malha “km”:

O coeficiente da malha “km” introduz no cálculo a influência da


profundidade da malha, do diâmetro do condutor, do número de condutores da
rede e do espaçamento entre condutores.

 2
 1
km 
1
. Ln  C   . Ln 3 x 5 x 7 x ... x 2 N  3 
2.  
 16 . h . d   4 6 8 2N  2 

C = espaçamento entre condutores paralelos na direção considerada (X ou


Y)

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 37

h = profundidade da malha
d = diâmetro do condutor em metro
N = número de condutores na direção considerada (X ou Y)

Como o número de condutores paralelos é o mesmo nas direções X e Y, e


Cx = Cy, calcularemos somente um “km”, pois kmx = kmy (possuem o mesmo
C).

1  62  1 3 5 7 2 x 11  3 
kmx, y  . Ln    . Ln x x x ... x 
2.  16 . 1 . 0,00946   4 6 8 2 x 11  2 
(0,352)

Kmx,y = 0,539

Valores que estão entre parênteses no km e ks: km=0,352 e ks=1,929

5.3. Determinação do coeficiente da malha “ks”:

O coeficiente de superfície que leva em consideração o número de


condutores paralelos, o espaçamento médio entre eles e a sua profundidade de
implantação. Quando temos Cx ≠ Cy ou Nx ≠ Ny, há necessidade de
calcularmos Ksx para o eixo “X” e Ksy para o eixo “Y”.

1,929
Ksx,y = 0,312

6. Comprimento mínimo de condutores necessários na malha de


terra [m]:

Para cada direção, considerar os respectivos km e ki.


Devemos ter nos cálculos Lt > Lxmin e Lt > Lymin.

Caso não se verifique essa condição, adotar valores menores de espaçamento,


pois a subestação tem 60 x 60 m e como valor prático iniciamos o espaçamento
dos condutores com 10% de seu comprimento, ou seja, Cx e Cy = 6,0 m, agora
diminuiremos essa porcentagem passando para 9% até chegar no máximo 4%.
Essas porcentagens poderão ser diferentes em “Cx” e “Cy”.
Com 10% de espaçamento tanto para Cx como para Cy encontramos:
Lxmin = Lymin = 623,2 m Lt = 1320 m > Lxmin e Lymin Ok

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 38

7. Determinação da Tensão de Passo máxima admissível pelo corpo


humano:

Não esquecer: ρs = resistividade do material de acabamento da superfície do


solo da malha. Utilizou-se a pedra brita (ρs = 3000 Ω.m) na superfície da malha.
Tempo = 0,5 s
Ep = 3133,9 V

8. Determinação da Tensão de Passo calculada na periferia da malha:

= tensão de passo calculada na periferia da malha [V]


ρ1 = resistividade da primeira camada do solo [ .m]
Lt = comprimento total da malha [m]
Ki = 2 (coeficiente de correção fica entre 1,5 < Ki < 2,5)
Ia = parcela de “Icc” que flui pela malha.

x,y = 224,23 V OK ≥

9. Determinação da Tensão de Contato máxima admissível pelo


corpo humano:

Ec = 902 V

10. Determinação da Tensão de Contato calculada na periferia da


malha:

𝐸𝑐 𝑥, 𝑦 = 387,51 V 𝑬𝒄 ≥ 𝑬𝒄 𝒙, 𝒚

11. Determinação da Corrente de Choque “Ik”:

Ik = 0,164 A

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 39

12. Determinação da Resistência estimada de Aterramento da Malha:

S 3600
r   33,85 m
 
60 x 60 = 3600 m ² (área da malha)

r = raio da malha em metros


S = seção da malha em m²
a a 103 103
Rest      0,84 
4. r Lt 4 . 33,85 1320
Por enquanto está abaixo do limite que é 2 Ω. Rest < 2 Ω

13. Determinação da Corrente de Pick-up:

Ipick-up (30 A) < 647,6 A OK

Rc = resistência do corpo humano (1000 Ω)


Ipick up = 30 A

14. Determinação da Corrente de Choque que passa pelo corpo


humano devido a tensão de passo:

Ep
Iper   [ A]
1000  6.1
Iperx,y = 0,144 A Iper < Ik OK

15. Determinação da Corrente de Choque que passa pelo corpo


humano devido ao potencial da malha:

Ec
Im  [ A]
1000  1,5 1

Imx,y = 0,340 A Im < Ik OK

16. Considerando a resistência do revestimento da superfície da


malha que no caso é a pedra brita:

16.1. Determinação da Corrente de Choque que passa pelo corpo


humano devido a tensão de passo na periferia, considerando a pedra brita:

Ep
Iper  [ A]
1000  6 1  6 s

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Subestações Elétricas – Aula nº 7 40

Iperx,y = 0,011 A Iper < Ik OK

16.2. Determinação da Corrente de Choque que passa pelo corpo


humano devido ao potencial da malha:

Imx,y = 0,069 A Im < Ik OK

17. Determinação da Resistêncial Final da malha:

Rn = 3 Ω Rat = 0,66 Ω Rat < 2  OK

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