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Subestações Elétricas – Aula nº 8 1

Sistema Digital de Supervisão e Controle

As concessionárias que se dedicam à tarefa de exploração de um sistema


de energia elétrica, têm como meta:
- Garantir economicamente a qualidade do serviço;
- Assegurar uma vida razoável às instalações;
- Obter o melhor rendimento possível perante as perturbações e anomalias de
funcionamento que afetam as redes elétricas e seus órgãos de controle.
Devem assumir a operação do controle, supervisão e monitoramento, assim
como a proteção da SE. O termo proteção pode assumir sentido de:
- Proteção das pessoas: funcionários, terceirizados e visitantes que trafegam na
área da subestação.
- Proteção dos equipamentos que permitem o fluxo de energia desde a geração
até a distribuição.
Um bom sistema precisa ter:
- Segurança: operar nos casos em que for chamado evitando que ocorra
desligamentos desnecessários do fluxo de energia elétrica.
Um sistema digital de supervisão e controle é um conjunto de
equipamentos digitais capaz de executar todas as funções de um sistema de
supervisão e controle convencional, além de possibilitar a transmissão dos
dados e informações relevantes aos níveis hierárquicos superiores. Pode,
também, oferecer meios de interface com um operador local ou remoto, além de
fornecer relatórios e outras informações de interesse ao pessoal do Centro de
operações de Sistemas (COS) ou de outros setores que fazem o controle.
Suas principais partes constituintes são:
• unidade central de processamento (UCP);
• monitor de vídeo, teclado e impressora (IHM);
• unidades de aquisição e controle (UACs) ou unidades terminais remotas
(UTRs);
• rede de comunicação de dados.
As UTR passaram a ser dotadas de inteligência própria, sendo capazes
de executar funções como auto teste, pré-processamento da medição/eventos,
datação, registro de eventos, etc. Pelo fato de agora possuírem processamento
próprio, em algumas empresas, passaram a ser denominadas UAC – Unidades
de Aquisição e Controle.
A próxima figura mostra, de maneira simplificada, uma das configurações
possíveis para um sistema de supervisão e controle digital com redundância
(duplicidade) da UCP e do IHM. Nesta configuração, as funções de supervisão
e controle têm o processamento centralizado na UCP. As unidades de aquisição

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e controle (UACs) estão distribuídas fisicamente na casa de comando da


subestação. O sistema de proteção é digital e, em geral, redundante. Está
localizado na casa de comando onde estão os painéis onde localiza-se as UACs.

Sistema digital de supervisão, controle e automação

O funcionamento deste sistema pode ser resumido, de forma simplificada,


da seguinte maneira:
As UACs efetuam a “varredura” dos seguintes tipos de pontos:
• entradas digitais – onde são ligados os contatos auxiliares dos equipamentos
e os contatos de alarmes e eventos;
• entradas analógicas - correntes, tensões, temperaturas etc.;
• saídas digitais – correspondem aos comandos de abrir/fechar dos
equipamentos de manobra (disjuntores e chaves seccionadoras), ligar/desligar,
subir/descer etc.;
• sinais digitais recebidos de outros equipamentos como os IEDs (dispositivos
eletrônicos inteligentes).
A informação sobre cada ponto é armazenada em uma memória não
volátil, juntamente com a datação de cada evento, isto é, a indicação da hora,
minuto, segundo e milissegundo de sua ocorrência. Essas informações podem
ser consultadas pela ANEEL ou outros órgãos.
A freqüência de varredura das UACs pode variar de acordo com o tipo do
ponto, desde uma varredura a cada 1 a 5 ms para contatos auxiliares dos
disjuntores e de relés de proteção até uma varredura a cada um ou dois
segundos, para aquisição de grandezas mais lentas, como temperaturas. O
controle desses registros é efetuado pelos registradores digitais de perturbações
(RDP) para registro tanto de eventos de curta duração do tipo curto circuito,
energização, como também para fenômenos de longa duração como
osciladores, afundamentos de tensão, atendendo dessa maneira tanto o setor

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de transmissão e distribuição quanto o de geração. A mesma UAC pode


trabalhar, simultaneamente, com frequências de varredura diferentes.
A aquisição dos dados de medição é efetuada pela UACs (Unidades de
Aquisição e Controle) através de cartões de entradas analógicas ou pelas
entradas da proteção. Em cada painel pode existir um mostrador digital que
possibilite a indicação da grandeza selecionada pelo usuário.

As UACs são as fontes de dados de uma subestação, cuja função


principal é coletar os estados e as medidas da subestação, para transferi-las
para um sistema de Supervisão, Controle e Aquisição de Dados – SCADA (IHM)
no centro de controle para a visualização dos operadores na subestação e nos
centros de operações. As UACs possuem também funções de controle que
através de lógica digital interna transfere pontos de saída para o SCADA (IHM).
IHM – Interface Homem Máquina: informações que aparecem por
exemplo, no monitor do operador.
SCADA – Sistema de Supervisão, Controle e aquisição de dados tem a
sua configuração dos sistemas digitais da subestação que é feita normalmente
por dois softwares básicos:
1. Um programa o equipamento de controle;
2. Outro é supervisório, onde se desenvolvem todas as telas que servirão
de interface do operador com o sistema (IHM). O software supervisório é provido
de um esquema unifilar do circuito de supervisão e controle do diagrama unifilar
que representa. Nele também é configurada a base de dados do sistema, com
informações de números operacionais dos equipamentos e textos descritivos
que deverão aparecer na lista de eventos e alarmes. Por meio dele o operador
terá acesso aos comandos dos equipamentos da subestação, sendo esse o local
apropriado para executar esses comandos.
É através do software que são configuradas todas as entradas e saídas
digitais que fazem parte da instalação. Incluem na configuração deste software
os ajustes e parâmetros, os limites superiores e inferiores das grandezas
analógicas.
Todas as telas no IHM – Interface Homem Máquina estão representadas
no display de cristal líquido e são programadas para terem o seus estados e
comandos interligados com os equipamentos de campo. As UACs possuem

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também funções de controle que através de lógica digital interna transfere pontos
de saída para o SCADA.

IED´s – Intelligent Electronic Devices


Esses relés digitais e unidades de controle modernos conhecidos como
Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IEDs – Intelligent Eletronic Devices),
apresentam funções para proteção, controle, automação, medição e
monitoramento dos sistemas elétricos, e permitem a criação de lógicas de
Intertravamento, chaveamento, aberturas e bloqueio, ou seja, múltiplas
funcionalidades em um único dispositivo. Os IEDs (Dispositivos Eletrônicos
Inteligentes) se comunicam também através de protocolos de comunicação, em
conexão direta com a UAC, o que permite coletar dados dos IEDs.
Os IEDs têm sido cada vez mais utilizados nas subestações elétricas à
medida que agregam mais recursos. Seu uso permite uma redução no custo de
implantação e manutenção, pois necessita de um número menor de cabos e
equipamentos. Estas unidades possibilitam troca de informações mais rápidas
através de redes Intranet, simplificam o projeto, permitem sincronização
temporal dos dispositivos e expansão do sistema, além de fornecer maior
confiabilidade ao sistema.
Outra grande vantagem de IEDS são as lógicas programáveis utilizadas,
por exemplo, para funções como os Intertravamento e religamento automático.
Elas necessitam de certo número de entradas e saídas digitais. Essas lógicas
podem ser programadas por meio de softwares criados em um computador
convencional. Além disso, as funcionalidades de certo projeto podem ser
reaproveitadas para outros e novas características podem ser adicionadas. Uma
tendência moderna é a utilização de funções de proteção e controle em um
mesmo dispositivo através das lógicas programáveis.

Informações do SCADA na interface IHM no monitor do operador


.

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Sistemas de medição
Com a digitalização das subestações, os valores instantâneos de
medição são supervisionados automaticamente de maneira a poder alertar os
operadores quanto aos limites superiores ou inferiores pré-programados são
ultrapassados. Também é possível a realização da manipulação dos dados de
medição para cálculos de média, identificação de máximos, mínimos,
coincidências, cálculos de fator de carga, etc. e apresentação destas medidas
no SCADA, bem como o seu envio para os níveis superiores.
Os sistemas de medição têm a finalidade de manter um autocontrole do
fluxo de energia recebida e distribuída de maneira a propiciar conhecimento de
níveis de demanda em diversos períodos, com possibilidade de melhores
procedimentos. Através delas são resolvidos problemas, como remanejamento
de cargas, ampliação do sistema, sobrecargas, sobretensão, conferencia de
desligamento, etc. São utilizados para medir diversas grandezas elétricas tais
como tensão, corrente e frequência, etc. São utilizados para medir diversas
grandezas elétricas tais como tensão, corrente e frequência, etc.
Tipos de instrumentos de medição:
Gráficos ou Registradores: dão leituras gráficas através de fitas ou discos de
papel. Este registro também é feito por computador.
Indicadores: fornecem o valor da grandeza no instante da leitura.
Totalizadores: fornecem o valor total da grandeza ao longo de um período. Ex:
Medidor de energia ativa e reativa.
Chave manual de transferência ou Seletora Manual:
É um dispositivo destinadas à medição de tensão e corrente nas três fases do
circuito, utilizando-se de somente um medidor de tensão e um de corrente.
USA-SE O Nº 43 PARA REPRESENTÁ-LO.
Exemplo: Chave seletora para amperímetro – “43A“.
Chave seletora para voltímetro – “43V”.

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Os sistemas de medição que se encontram nas UACs são normalmente


conectados a TP’s e/ou TC’s em virtude dos valores medidos.

Os TC’s alimentam a UAC’s (Unidade de Aquisição e Controle) do painel


que se encontra na Casa de Comando, onde estão as interfaces analógicas com
um Módulo de Tensão (MV) com três entradas de tensão 0-150 VAC, Módulo de
Corrente (MA) com três entradas de 0-6,5 A e um Amperímetro (A).
As interfaces analógicas MA, MV e MT (Módulo de Tap ou Temperatura
com uma entrada de 0-6 VDC ou 0-20 mA) são acondicionadas em um
subbastidor analógico denominado “IA”, com capacidade para quatro interfaces
analógicas.
Nas interfaces analógicas MA, MV e MT a capacidade de medição de
corrente, tensão, tap do transformador e temperatura, são também limitadas ao
número de interfaces. Quando dois circuitos a serem supervisionados tiverem a
sua informação de tensão oriundas do mesmo “TP”, será utilizada uma única
interface “MV” para ambos os circuitos.

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Polaridade dos Instrumentos de Medição

Os pontos P1 e P2 são polaridades existentes nos terminais do TC e para


que alimentem os aparelhos de medição é de extrema importância o
conhecimento da polaridade, devido à necessidade da ligação correta das
bobinas desses instrumentos. Diz-se que um TC tem polaridade substrativa
(sentido concordante dos enrolamentos) se a corrente que circula no primário do
terminal P1 para P2 corresponde a uma corrente secundária, circulando no
instrumento de medida do terminal S1 e S2. Normalmente, os TC´s têm os
terminais dos enrolamentos primário e secundário de mesma polaridade postos
em correspondência.

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Defeitos no Sistema Elétrico de Potência

O sistema de potência deve ser projetado, construído, operado e mantido


para atender o seu objetivo básico que é entregar energia elétrica nos pontos de
utilização, simultaneamente com confiabilidade e economia. A alta confiabilidade
deve ser balanceada com a economia. Para permitir a flexibilidade durante a
operação normal e assegurar o mínimo de modificações logo após um
seccionamento do sistema, foi subdividido o sistema em zonas, cada qual
controlada por disjuntores e seccionadoras em associação com a proteção.
A anomalia que tem maior efeito sobre a continuidade do suprimento de
energia é o curto circuito. O enorme valor dessa corrente fluindo durante um
curto circuito, acompanhada pela liberação localizada de uma considerável
quantidade de energia, pode causar fogo no local do defeito e danos mecânicos
nos equipamentos próximos, especialmente em enrolamentos de máquinas e
transformadores.
Para reduzir a ocorrência de faltas pode adotar níveis de isolamento mais
altos, uso de para-raios e cabos de cobertura, redução de resistência de pés de
torres e adoção de técnicas mais modernas de operação e manutenção, etc.
Genericamente, são causas frequentes de defeitos:
 Problemas de isolação: erro de projeto ou fabricação, instalação
imprópria ou envelhecimento.
 Causas elétricas: descargas atmosféricas, surtos de manobra,
sobre tensões dinâmicas.
 Causas mecânicas: Ventos, objetos lançados ou que se
aproximam das partes energizadas, animais, vibrações,
contaminação ou poluição, quebra de isoladores por vandalismo.
 Causas térmicas: Sobrecorrente, sobretensão associada ou
não com subfrequência, fogo sob linhas de transmissão.

Quanto a duração do desligamento o defeito pode ser:

 Transitório (fugitivo).
 Permanente ou intermitente.

Quanto ao tipo de defeito poderemos ter:


 Curto circuito fase-terra; fase-fase-terra; fase-fase; trifásico
envolvendo ou não a terra; fase interrompida e em contato com a
terra apenas de um lado.
 Normalmente as proteções são para defeitos envolvendo a terra, já
que o que não envolve a terra é mais raro.

As consequências dos curtos circuitos podem ser: incêndio, danos a


equipamentos (por aquecimento ou esforços mecânicos), sobre tensões,
interrupções de fornecimento de energia, oscilações de potência, acidentes
pessoais, etc.

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Além dos curtos circuitos, outras condições anormais podem ocorrer num
sistema de potência que não exijam necessariamente um desligamento, que
pode ser simplesmente um alarme, um impedimento de uma manobra, etc.
Podemos citar: sobretensões, oscilações de potência, sub ou
sobrefrequência, sobrecargas, etc.

Sistemas de Proteção em Subestação

Define-se proteção elétrica como sendo todo o equipamento necessário


para reconhecer, localizar e iniciar a remoção de um defeito ou condição anormal
de sistema de potência. Além dos relés, o termo inclui todos os acessórios como
transformador de potencial e de corrente, fiação de CA e CC, relés auxiliares e
qualquer outro equipamento requerido para assegurar a operação de um
disjuntor ou sistema de proteção. Proteção deve prover indicação: local, tipo de
defeito ou natureza da condição anormal.
Na subestação automatizada que envolve muitos equipamentos e
métodos e exige um conhecimento teórico básico dos mesmos. Para um melhor
entendimento do sistema de proteção, controle e supervisão e os equipamentos
que o compõe, vamos nesse estudo separá-las em três partes:
1. Sistema de Proteção
2. Sistema de Controle e Supervisão
3. Sistema de Telecomunicações
Se depararem com subestações convencionais mais antigas que não
utilizam os equipamentos digitais (por exemplo: UACs), os três sistemas são
completamente separados onde as funções de proteção são limitadas aos relés
analógicos ou eletrônicos que não mandam suas informações, e em alguns
casos, não informam o que irão realizar ao sistema de controle e supervisão e
controle. Quanto ao sistema de supervisão e controle esse consiste apenas em
Inter travamentos elétricos, botoeiras e chaves seletoras no comando remoto
dos equipamentos na casa de comando utilizando-se painéis luminosos. Já o
sistema de telecomunicações para as subestações convencionais não
automatizadas, ela fica restrita à telefonia (por exemplo o Carrier), não tendo
efeito na operação da subestação. No caso das subestações automatizadas
esse sistema conecta os outros dois sistemas, assim como com outras
subestações e centro de operações.
Na subestação automatizada os sistemas de proteção e de supervisão e
controle se comunicam mantendo as informações de todos os dados para a sua
operação, como correntes, tensões, estado de funcionamento dos equipamentos
e os alarmes. A troca de informações entre esses sistemas numa subestação
utiliza o sistema de telecomunicações para a transferência de dados, além do
repasse das informações para os centros de operações, neles incluindo o
Operados Nacional de Sistema (ONS) e o Sistema Integrado Nacional (SIN).
Quanto a duração do desligamento o defeito pode ser:

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 Transitório (fugitivo)
 Permanente ou intermitente

Quanto ao tipo de defeito poderemos ter: Curto circuito fase-terra; fase-


fase-terra; fase-fase; trifásico envolvendo ou não a terra; fase interrompida e em
contato com a terra apenas de um lado. Normalmente as proteções são para
defeitos envolvendo a terra, já que o que não envolve a terra é mais raro.
As consequências dos curtos circuitos podem ser: incêndio, danos a
equipamentos (por aquecimento ou esforços mecânicos), sobretensões,
interrupções de fornecimento de energia, oscilações de potência, acidentes
pessoais, etc. Além dos curtos circuitos, outras condições anormais podem
ocorrer num sistema de potência que não exijam necessariamente um
desligamento, que pode ser simplesmente um alarme, um impedimento de uma
manobra, etc. Podemos citar: sobretensões, oscilações de potência, sub ou
sobrefrequência, sobrecargas, etc.

Zonas de Proteção
Uma boa filosofia de proteção divide o sistema de potência em zonas de
proteção que possam ser protegidas adequadamente, implicando num mínimo
de desligamentos em casos de defeitos. Constituem zonas de proteção: os
geradores, os transformadores, os barramentos, as linhas de transmissão, os
bancos de capacitores, os alimentadores de distribuição, as derivações dos
alimentadores, etc.
A proteção de cada zona deve ser superposta para evitar a possibilidade de
áreas sem proteção, preferencialmente feitas em torno do disjuntor.
A proteção de uma SE é dividida em:
Proteção principal: atua em primeiro lugar e desliga exclusivamente o trecho
ou equipamento defeituoso.
Proteção de retaguarda (alternativa): Opera depois da proteção principal, ou
seja, substituindo a proteção principal mediante falha desta, ou de sua
incapacidade de operar. Quando a proteção de retaguarda opera, normalmente
abre mais disjuntores do que a proteção principal abriria caso atuasse
corretamente.
Como foi mencionado as zonas de proteção são superpostas para que
nenhuma área fique sem proteção, conforme vemos na figura a seguir.

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Zonas de Proteção Principal:


1. Unidades geradoras, 2. Transformadores, 3. Barramento, 4. Linhas de
transmissão e 5 Alimentadores de distribuição.

Na figura acima vemos a ilustração das zonas de atuação da proteção


principal. No caso das linhas e barramentos, as zonas de proteção se superpõem
num trecho extremamente pequeno, assim, se houver defeito numa LT, apenas
a linha é isolada do sistema. Se o defeito for no barramento, apenas os
disjuntores diretamente ligados à barra defeituosa seriam desligados.
Na proteção dos geradores e transformadores elevadores, apesar de
cada uma se constituir numa zona, num caso de defeito, ambos devem ser
isolados do sistema pelo disjuntor.
Durante uma condição de falta, o sistema de proteção deverá selecionar
e enviar sinal de disparo aos disjuntores mais próximos à mesma. Esta
propriedade é alcançada por meio de dois métodos gerais:
1. Relés são dispostos em sucessivas zonas de modo a operar em tempos
graduados considerando a sequência dos equipamentos, ou seja, embora um
certo número de relés seja sensibilizado, somente aqueles relevantes à zona de

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falta devem completar suas funções (disparo - trip). Os outros realizam


operações incompletas e retornam ao estado normal.
2. É possível projetar relés que respondam especificamente a faltas
contidas dentro de uma zona pré-definida. Estas unidades podem ser aplicadas
em toda a extensão do sistema, podendo apresentar tempo de atuação bastante
rápido, pois não envolvem graduações de tempo. Os relés de proteção principal
tem atuação instantânea sobre a anomalia detectada.
Quando o defeito ocorre na região de superposição de proteção, abrirão
mais disjuntores que o necessário para isolar a parte faltosa, isso é um mal
menor se compararmos com a alternativa de não termos superposições, o que
implicaria em trechos sem proteção principal.
Importante: A proteção deve ser instantânea em toda a sua zona de
atuação, isso nem sempre é possível, conforme será visto adiante.
Zona de Proteção Retaguarda
É aquela que deve atuar em caso de falha da proteção principal. São
causas possíveis de falha da proteção principal: falha de TC’s, falha de TP’s,
falta de CC, defeito de relé, problema na fiação, falha do disjuntor.
A proteção retaguarda deve assegurar o isolamento de um eventual
defeito no caso de a proteção principal estar em manutenção. Ela deve ser o
mais independente possível da proteção principal.
Existem dois tipos de proteção:
 Local (quando o defeito é isolado na própria subestação ou usina).
 Remota – UTR (o defeito é isolado em outra unidade). A Unidade Terminal
Remota é um dispositivo instalado numa localização remota no centro de
operação que coleta dados, codifica esses dados num formato
transmissível e os transmite para uma subestação central.

A proteção de retaguarda deve atuar em tempo superior à proteção


principal, ou seja, a proteção principal deve ter a chance de atuar em primeiro
lugar. Ela normalmente abre mais disjuntores que a proteção principal abriria
caso atuasse corretamente. São relés com temporizador.

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A proteção de retaguarda pode ser local ou remota e corresponde a um


sistema de proteção destinado a operar quando uma falta no sistema elétrico,
por qualquer razão, não é isolada no devido tempo pela proteção principal. Para
que isso seja possível o relé de proteção de retaguarda tem um elemento sensor
que pode ser similar ou não ao do sistema de proteção principal, mas que
também inclui um retardo de tempo que facilita reduzir a velocidade de operação
do relé e deste modo, permite a proteção principal operar antes.

Requisitos básicos da Proteção Elétrica

 Confiabilidade: habilidade da proteção em atuar corretamente quando


necessário (certeza) e evitar as atuações desnecessárias (segurança).
 Seletividade: como a proteção é separado em zonas para cobrir todo o
sistema, quando ocorre uma falta, a proteção deve interromper apenas os
disjuntores mais próximos. É obtida por temporização e por sistemas
unitários.

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 14

 Velocidade: a proteção deve isolar o defeito em componentes de sistema


muito rapidamente do que seria possível manualmente. Evitar danos
maiores aos equipamentos e acidentes pessoais.
 Sensibilidade: o termo se refere à mínima corrente necessária para a
atuação de um sistema de proteção.

Relé de Proteção
Tem como finalidade a proteção dos circuitos a ele ligados. Essa proteção
pode ser por zonas de atuação. Os relés devem ter como desempenho:
 Sensibilidade: de forma a atuar dentro de sua faixa de operação e
evitando operações indevidas do mecanismo de atuação em tempos não
desejado.
 Rapidez: principalmente para evitar maiores danos ao sistema elétrico ou
ao equipamento que se está querendo proteger, condicionando ao menor
tempo na condição de defeito.
 Confiabilidade: Devem ser extremamente confiáveis, pois é de sua
responsabilidade receber todas as informações do sistema elétrico e atuar
se necessário.

Relés - Objetivo:
 Proteger o sistema elétrico de potência;
 Identificar defeitos;
 Atuar disparando alarmes, sinalizações e abrindo disjuntores;
 Vigiar diuturnamente o sistema elétrico.

Como tipo construtivo dos relés temos: Eletrodinâmico; Elemento Térmico;


Disco de Indução; digital; etc.

Os relés atuam no sistema elétrico nas grandezas como a tensão,


corrente, frequência, pressão, temperatura, etc. Esses parâmetros podem ser
combinados e termos: relés de potência, relés de impedância.
Ex.: O relé de tensão compara a tensão do sistema a tensão previamente
ajustada para sua atuação. Se o valor medido estiver acima ou abaixo desse
valor ajustado é que vai determinar a função Subtensão/Sobretensão (Funções
ANSI 27/59 respectivamente).
Componentes internos são:
 Elementos sensíveis: que percebe a grandeza a ser controlada.
 Elemento de comparação: que compara a grandeza a ser controlada com
o valor de ajuste.
 Elemento de comando: que executa os comandos. Ex.: desarme do
disjuntor, sinalização, alarme, etc.
Os relés por detectar anomalias e comandar dispositivos de proteção, são
ajustados para valores nominais de tensão e corrente, sempre ligados a TC e TP
de onde recebem alimentação. Tempo de atuação: instantâneo (principal) e

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temporizado (retaguarda). Veja a seguir a tabela de funções ANSI


caracterizando as proteções elétricas e/ou mecânicas.

Sua identificação é por número que vai de 1 a 100. Tempo de atuação:


instantâneo (principal) e temporizado (retaguarda).
TABELA ANSI / IEC 61850
1 Elemento Principal
2 Função de partida ou fechamento temporizado
3 Função de verificação ou Inter bloqueio
4 Contator principal
5 Dispositivo de interrupção
6 Disjuntor de partida
7 Disjuntor de anodo
8 Dispositivo de desconexão da energia de controle
9 Dispositivo de reversão
10 Chave de sequência das unidades
11 Reservada para futura aplicação
12 Dispositivo de sobre-velocidade
13 Dispositivo de rotação síncrona
14 Dispositivo de sub-velocidade
15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou frequência
16 Reservado para futura aplicação
17 Chave de derivação ou descarga
18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 Contator de transição partida-marcha
20 Válvula operada eletricamente
21 Relé de distância ou de impedância – relé 121 1ª zona e relé 221 2ª zona
22 Disjuntor equalizador
23 Dispositivo de controle de temperatura
24 Relé de sobre excitação ou Volts por Hertz

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 16

25 Relé de verificação de Sincronismo ou Sincronização


26 Dispositivo térmico do equipamento
27 Relé de subtensão
28 Reservado para futura aplicação
29 Contator de isolamento
30 Relé anunciador de alarme
31 Dispositivo de excitação
32 Relé direcional de potência
33 Chave de posicionamento
34 Chave de sequência operada por motor
35 Dispositivo para operação das escovas ou curto-circuitar anéis coletores
36 Dispositivo de polaridade
37 Proteção de motor: relé de subcorrente ou subpotência
38 Dispositivo de proteção de mancal
39 Reservado para futura aplicação
40 Relé de perda de excitação
41 Disjuntor ou chave de campo
42 Disjuntor/ chave de operação normal
43 Dispositivo de transferência manual
44 Relé de sequência de partida
45 Reservado para futura aplicação
46 Relé de proteção de sequência negativa
47 Relé de sequência de fase de tensão
48 Relé de sequência incompleta de partida
49 Relé de proteção térmica
50 Relé de sobrecorrente instantâneo
50N Relé de sobrecorrente instantâneo de neutro
50BF Relé de proteção de falha de disjuntor (a COPEL usa a numeração 95)
51 Relé de sobrecorrente temporizado
51N Relé de sobrecorrente temporizado de neutro

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 17

51GS Relé de sobrecorrente temporizado de sensor de terra (GS)


52 Disjuntor de corrente alternada
53 Relé para excitatriz ou gerador CC
54 Disjuntor para corrente contínua, alta velocidade
55 Relé de fator de potência
56 Relé de aplicação de campo
57 Dispositivo de aterramento ou curto-circuito
58 Relé de falha de retificação
59 Relé de sobretensão
59N Relé de tensão de terra
60 Relé de balanço de tensão / queima de fusíveis
61 Relé de balanço de corrente
62 Relé de interrupção ou abertura temporizada
63 Relé de pressão do gás ou nível de fluxo líquido (Buchholz)
64 Relé de proteção de terra
65 Regulador (governador) de velocidade
66 Proteção de motor: supervisão do número de partidas
67 Relé direcional de sobrecorrente
68 Relé de bloqueio por oscilação de potência
69 Dispositivo de controle permissivo
70 Reostato eletricamente operado
71 Dispositivo de detecção de nível
72 Disjuntor de corrente contínua
73 Contator de resistência de carga
74 Função de alarme
75 Mecanismo de mudança de posição
76 Relé de sobrecorrente DC
77 Transmissor de impulsos
78 Relé de medição de ângulo de fase/ proteção contra falta de sincronismo
79 Relé de religamento AC

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 18

80 Reservado para futura aplicação


81 Relé de sub ou sobre frequência
82 Relé de religamento DC
83 Relé de seleção/ transferência automática
84 Mecanismo de operação
85 Relé receptor de sinal de telecomunicação
86 Relé auxiliar de bloqueio por oscilação de potência
87B Proteção diferencial de barramento
87T Proteção diferencial de transformador
87G Proteção diferencial de gerador
87L Proteção diferencial de- linha
88 Motor auxiliar ou motor gerador
89 Chave seccionadora
90 Dispositivo de regulação
91 Relé direcional de tensão
92 Relé direcional de tensão e potência
93 Contator de variação de campo
94 Relé de desligamento
95 COPEL – usa como relé detector de falha do disjuntor ou 50BF
96 a 99 Reservado para aplicações específicas
Relés Eletromecânicos
São os relés pioneiros da proteção, projetados e construídos com predominância
dos movimentos mecânicos provenientes dos acoplamentos elétricos e
magnéticos. Quando o relé de sobrecorrente eletromecânico opera, fecha o seu
contato, energizando o circuito DC que irá comandar a operação de abertura do
disjuntor.

Relés Eletrônicos ou Estáticos

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 19

São relés construídos com dispositivos eletrônicos, próprios e específicos aos


objetivos da proteção. Nesses relés não há nenhum dispositivo mecânico em
movimento, todos os comandos e operações são feitos eletronicamente.
 Bons recursos para funções mais complexas.
 Baixo tempo de operação e rearme.
 Ausência de diagnóstico e maior custo de aquisição.

Relés Digitais
São relés digitais gerenciados por microprocessadores específicos a este fim,
onde sinais de entrada das grandezas e parâmetros digitados são controlados
por um software que processa a lógica da proteção através de algoritmos. O relé
digital pode simular um relé ou todos os relés existentes num só equipamento,
produzindo ainda outras funções, tais como, medições de suas grandezas de
entradas e/ou associadas, sendo conhecido como relé multifunção.
O relé digital microprocessados pode efetuar várias funções, tais como:
Proteção; Supervisão de rede; Transmissão de sinais; Religamento dos
disjuntores; Identificação do tipo de defeito; Oscilografia (registro de ciclos de
grandezas analógicas em caso de falta; Sincronização de tempo via GPS.
Os computadores foram evoluindo rapidamente e com isso, foram atendendo as
sofisticadas demandas dos programas de proteção com velocidade e economia
pelos atuais microcomputadores. Os relés digitais fazem parte dessa tecnologia
digital, pois além das funções de proteção, ele é programado para desempenhar
outras tarefas, como por exemplo, medir correntes e tensões do circuito.
Os relés são fabricados por: GE, Siemens, ABB, ALSTON, Merlin Gerin e AEG.
Duas funções importante dos relés digitais são o autodiagnostico e o auto teste.
Por meio dele o relé realiza uma supervisão contínua de seu hardware e
software, detectado grande parte das anormalidades que possam surgir,
podendo ser reparado antes que opere incorretamente ou deixe de fazê-lo na
ocasião certa.

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 20

Os reles digitais apresentam ainda:


 Oscilografia e análise de sequência de eventos: possibilita a análise de
perturbações.
 Localização de defeitos: possibilita a manutenção corretiva de pontos
indicados pelas reincidências de faltas transitórias (queimadas, descargas
atmosféricas ou isoladores danificados).
 Detecção de defeitos incipientes em transformadores: a maioria de
defeitos internos em transformadores começa com descargas parciais
que podem ser detectadas através da monitorização do espectro de
frequência de TCs ligados nesses transformadores.
 Monitoração de disjuntores: Tempo de abertura e fechamento de um
disjuntor.

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 21

Relés de Interface
Relés de interfaces, são equipamentos utilizados na multiplicação de
contatos, com intuito de diminuir a quantidade de cabos entre os equipamentos
de campo e os painéis de controle e proteção.

Campo de Proteção de um relé


O campo de proteção do relé está localizado entre dois TC´s, como vemos
esse relé.

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 22

Alimentação dos Relés


Em um sistema de proteção de uma SE os relés recebem alimentação
dos TC’s e/ou TP’s, e na lógica de proteção irão atuar nas condições de anomalia
no disjuntor ou na entrada ou saída de um outro relé. Na atuação podem utilizar-
se de CC por meio do banco de baterias.

Cuidados a serem seguidos no projeto com a posição dos T´s no


barramento
Arranjo dos TC’s no barramento de 230kV e 138 kV: Um dos cuidados
que se deve ter ao projetar um sistema de proteção em uma subestação é a
posição dos TC’s em relação ao by-pass. Como se sabe todos os disjuntores do
barramento precisam periodicamente passar por manutenção.
Quem vai substituí-lo é o disjuntor de transferência, por isso, se os TC’s
estão dentro do by-pass (passagem ao lado) desse disjuntor, o disjuntor de
transferência também deve ter TC’s entre as suas seccionadoras.
TC´s no interior do bay passa: Precisa TC’s entre as seccionadoras do
disjuntor de transferência.

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Subestações Elétricas – Aula nº 8 23

TC´s fora do bay pass: Não precisa TC’s entre as seccionadoras do


disjuntor de transferência.

Arranjo misto dos TC´s no barramento: Nessa situação deve-se colocar


os TC’s entre as seccionadoras do disjuntor de transferência.

Arranjo barras duplas com TC´s mistos:

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