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OZONIOTERAPIA NA ODONTOLOGIA
Carlos Nogales
Mestrando em Endodontia pela USP – São Paulo
INTRODUÇÃO
O que é ozônio?
Ozônio é um composto químico que consiste de 3 átomos de oxigênio (O3 –
oxigênio triatômico), uma forma mais energética que o oxigênio atmosférico (O2). Desta
forma, as moléculas dessas duas formas diferem em estrutura (figura 1).
Este é um dos gases mais importantes na estratosfera, graças a sua capacidade de
filtrar os raios UV, auxiliando, assim, a manutenção do equilíbrio biológico na biosfera.
Esta camada protetora pode ser representada como o céu azul.
Aspectos Históricos
Toxicidade do Ozônio
• Gravidez;
• Deficiência da Glicose-6-fosfato-dehidrogenase (favismo)
Impresso por Deyvison Mendes, E-mail deyvisonmendes@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido
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• Hipertiroidismo
• Anemia severa
• Miastenia severa
• Hemorragia ativa
REVISÃO DA LITERATURA
A aplicação do gás ozônio tem sido advogada para o uso em Odontologia para
esterilização de cavidades, canais radiculares, bolsas periodontais e lesões herpéticas.
A CurOzone USA Inc (Ontário, Canadá) desenvolveu o HealOzone que agora é
distribuído pela KaVo Dental (KaVo, Biberach, Alemanha) para o uso em Odontologia.
Millar e Hodson compararam a seguridade de dois equipamentos, Ozi-cure (não
mais disponível ou com licença para uso na Europa) e o HealOzone, sobre a quantidade de
ozônio que escapa durante a aplicação do gás. O Ozi-cure quando usado sem uma adequada
sucção permite que o ozônio alcance concentrações acima dos níveis permitidos e dessa
forma, não deve ser usado. O HealOzone foi seguro no seu uso.
Prótese
com ultrassom sobro Cândida albicans. Os autores encontraram que a exposição ao fluxo de
água ozonizada (2 ou 4mg/L) por um minuto não encontraram C. albicans viáveis. Isto
sugerem que a aplicação da água ozonizada pode ser útil na redução de Cândida albicans
das dentaduras.
Cirurgia Bucomaxilofacial
Ozonioterapia X Cáries
Periodontia
Endodontia
Por causa das infecções polimicrobianas que acometem casos de periodontite apical,
a busca por soluções com alto poder antimicrobiano a que ofereçam uma mínima injúria
aos tecidos periapicais é o principal foco da pesquisa atual.
O poder oxidativo do ozônio caracteriza-o como um eficiente antimicrobiano e sua
indicação para a terapia endodôntica parece ser muito apropriada. Sua ação antimicrobiana
foi demonstrada em pesquisas in vitro sobre cepas da bactérias tais como: micobacteria,
Stafilococcus, Streptococcus, Pseudomonas, Enterococcus and Escherichia coli (Sechi et
al), Stafilococcus aureus (Velano et al), Enterococcus faecalis (Hems et al) e Cândida
albicans (Arita et al).
Pereira avaliou os efeitos radiográficos, histopatológicos e histobacteriológico da
medicação intracanal com óleo ozonizado, pasta de hidróxido de cálcio associada com
paramonoclorofenol canforado e glicerina (HPG) para o tratamento endodôntico de dentes
com lesão periapical. A análise dos dados não revelou diferença significante entre a
resposta do tecido perirradicular para ambas as medicações, sugerindo que o óleo
ozonizado pode ser usado na Endodontia como medicação intracanal.
Nagayoshi et al avaliaram o efeito da água ozonizada sobre Enterococcus faecalis e
Streptococcus mutans em dentes bovinos contaminados. Uma diminuição siginficante
intratubular dessas bactérias foi observada. Isto foi melhorado após a agitação mecânica,
aproximando o efeito da água ozonizada ao hipoclorito de sódio 2.5%. A citotoxicidade da
água ozonizada também foi avaliada em fibroblasto de rato. A atividade metabólica dos
fibroblastos foi maior quando tratadas com água ozonizada enquanto uma diminuição
destas células foi observado quando elas foram expostas ao hipoclorito de sódio.
Hems et al avaliaram o potencial antimicrobiano do gás em cepas isoladas de
Enterococcus faecalis. O biofilme incubado por 240 segundos com a água ozonizada não
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Estomatologia
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
terapêutico indicado para o tratamento de 260 patologias médicas, dentre elas Hepatite,
herpes simples, Zoster, disfunções circulatórias, doenças imunes e outras.
Seu uso na Odontologia é interessante devido ao grande número de doenças
infecciosas. O ozônio foi introduzido por Edward Fisch em 1950 usando-o para o
tratamento de feridas infectadas e infecções periodontais crônicas. Atualmente o foco da
pesquisa tem se voltado para a determinação de protocolos de uso. A principal linha de
pesquisa é desenvolvida com base no aparelho HealOzone e sua ação sobre tecido cariado
em fóssulas e fissuras, lesões de cárie não cavitadas, lesões de cárie primária de raiz. A
ação do ozônio sobre a microbiota constituinte dessa patologia é conhecida pelos estudos,
entretanto um desacordo ocorre em relação ao tempo de aplicação do gás. Um estudo
sugere que em um prazo de 10 a 20 segundos a aplicação do gás remove cerca de 99% dos
microrganismos, em contra partida há relato que a aplicação por 40 segundos não foi
eficiente na descontaminação e não atuou sobre a dentina contaminada sob o esmalte.
Na Endodontia o mesmo desacordo ocorre em relação à inativação da microbiota
intracanal, fazendo uso principalmente da água ozonizada. Os estudos relacionam diversas
concentrações, entretanto não há um consenso com relação à determinação de um protocolo
seguro e confiável.
Tais desacordos podem estar relacionados com diferenças metodológicas vinculadas
à falta de pesquisas in vitro e in vivo de longo prazo, estudos randomizados e duplo cego.
Diante do exposto, o futuro da ozonioterapia deve focar o estabelecimento de
parâmetros seguros e bem definidos através de estudos randomizados e controlados a fim
de determinar precisas indicações e protocolos para o tratamento das mais diversas
patologias médicas e odontológicas.