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RESUMO DE ARTES

SEMANA DA ARTE MODERNA


A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo
mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi
compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras.
O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.
Contexto histórico da Semana de 22:
- Em 1922, o Brasil era governado por uma oligarquia ligada ao setor produtor e exportador de café
(principal produto econômico brasileiro). Portanto, o nosso país era governado por ricos fazendeiros,
principalmente paulistas ou mineiros. Foi o período da política do “Café com leite” e do coronelismo.
- Em 1922, o Brasil era governado pelo presidente Epitácio Pessoa.
- Estava ocorrendo o processo eleitoral no Brasil, cujos candidatos eram o mineiro Artur Bernardes (que foi
o vencedor) e o carioca Nilo Peçanha (derrotado).
- O começo da década de 1920, foi marcado por significativo avanço da industrialização na cidade de São
Paulo.
- A cidade de São Paulo passou a ser o principal polo econômico e cultural do Brasil, apresentando grande
crescimento populacional.
- Uma emergente burguesia industrial começava a ganhar força na cena política e econômica do Brasil.
- Período de grande imigração europeia (principalmente de italianos), trabalhar, em sua grande maioria, nas
indústrias de São Paulo.
- Crescimento das ideias anarquistas e comunistas na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro. Muitas dessas
ideologias foram trazidas pelos imigrantes italianos. Em março de 1922, por exemplo, foi fundado, no Rio
de Janeiro, o Partido Comunista Brasileiro.
- Crescimento urbano desordenado, principalmente das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital
paulista se multiplicavam os cortiços nos bairros centrais, enquanto na capital brasileira (Rio de Janeiro) as
favelas começavam a crescer em tamanho e população.
- No ano de 1922, ocorreu a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana no Rio de Janeiro, um dos principais
movimentos tenentistas contrários à política oligárquica brasileira. O tenentismo era contra, principalmente,
as fraudes eleitorais e as políticas governamentais, que atendiam os interesses econômicos das oligarquias
rurais.
Arte Moderna
Em um período repleto de agitações, os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que
precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a
um novo estilo completamente contrário, e do qual, não se sabia ao certo o rumo a ser seguido.
No Brasil, o descontentamento com o estilo anterior foi bem mais explorado no campo da literatura, com
maior ênfase na poesia. Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de
Almeida, Sérgio Milliet e Manuel Bandeira. Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira
exposição modernista brasileira em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e
futurismo, escandalizaram a sociedade da época. Monteiro Lobato não poupou críticas à pintora, contudo,
este episódio serviu como incentivo para a realização da Semana de Arte Moderna.
Como foi a Semana 22
A Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a explosão de ideias inovadoras que aboliam por
completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade
própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir
nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram
assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Ronald de Carvalho, ao recitar o poema Os Sapos, escrito
por Manuel Bandeira, foi desaprovado pela plateia através de muitas vaias e gritos.
Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância
ao inserir suas ideias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações
através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento
Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico.
Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas
as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem
sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a princípio, chocou por
fugir completamente da estética europeia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.
Marco oficial do Modernismo no Brasil
A Semana de Arte Moderna, também chamada Semana de 1922, foi uma manifestação artístico-cultural que
contou com apresentações de dança, música, recital de poesias, exposições e palestras. O evento realizado
no Teatro Municipal de São Paulo é considerado o marco do Modernismo no Brasil.
A Semana de Arte Moderna ocorreu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São
Paulo. O evento se tornou uma referência do mundo artístico e cultural do século XX.
Considerada o início oficial do Modernismo no Brasil, a Semana de Arte Moderna apresentou uma nova
perspectiva de arte com uma estética inovadora, influenciada por tendências das vanguardas europeias.
O seu objetivo era renovar o ambiente artístico-cultural e mostrar o que havia na escultura, arquitetura,
música e literatura brasileira do momento. Para isso, trouxe novas ideias e conceitos artísticos com a
declamação de poesias, concerto de músicas, artes plásticas exibida em telas, esculturas e maquetes de
arquitetura.
Realizada em uma época de turbulências no âmbito político, social, econômico e cultural, a Semana de Arte
Moderna teve como uma das figuras mais importantes, o escritor Mário de Andrade que, lado do escritor
Oswald de Andrade e do artista plástico Di Cavalcanti, articulou e organizou o evento.
Características da Semana de Arte Moderna
Os artistas envolvidos na Semana de Arte Moderna tinham como principal objetivo revolucionar a arte
brasileira. Para isso, eles buscaram chocar o público que ainda estava envolvido com o conservadorismo da
arte e que seguia padrões tradicionais europeus. Conheça as principais características desse momento foram:
 Utilização de uma linguagem coloquial e vulgar, buscando aproximação da linguagem oral;
 Abandono do formalismo nas composições;
 Rompimento com os padrões tradicionais da academia;
 Valorização da identidade nacional com temáticas nacionalistas e abordagem da realidade cotidiana
brasileira;
 Liberdade de expressão;
 Inspiração em vanguardas europeias como futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo e expressionismo;
 Experiências estéticas;
 Ausência de formalismo;
 Crítica ao modelo parnasiano;
 Fusão de influências externas aos elementos brasileiros.
Em 1922, quando a Independência do país completava cem anos, o Brasil passava por diversas modificações
sociais, políticas e econômicas (advento da industrialização, fim da Primeira Guerra Mundial). Surge então a
necessidade de recorrer a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna". Ela esteve composta
por artistas, escritores, músicos e pintores que buscavam inovações. O intuito era criar uma maneira de
romper com os parâmetros que vigoravam nas artes em geral. A maioria dos artistas era descendente das
oligarquias cafeeiras de São Paulo, que junto aos fazendeiros de Minas, formavam uma política que ficou
conhecida como “Café com Leite”. Esse fator foi determinante para a realização do evento, uma vez que foi
respaldado pelo governo de Washington Luís, na época governador do Estado de São Paulo.
Além disso, a maioria dos artistas - que tinha possibilidades financeiras para viajar e estudar na Europa -
trouxe para o país diversas tendências artísticas. Assim foi se formando o movimento modernista no Brasil.
Com isso, São Paulo demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos horizontes e uma figura de
protagonismo na cena cultural brasileira. Para Di Cavalcante, a semana de arte: “Seria uma semana de
escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista.” Foi assim que
durante três dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística, política e cultural reuniu jovens
artistas irreverentes e contestadores.
O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha: “A emoção estética da Arte Moderna”;
seguido de apresentações musicais e exposições artísticas. O evento estava cheio e foi uma noite
relativamente tranquila. No segundo dia, houve apresentação musical, palestra do escritor e artista plástico
Menotti del Picchia, e a leitura do poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira. Ronald de Carvalho fez a leitura,
pois Bandeira encontrava-se em uma crise de tuberculose. Nesse poema, a crítica à poesia parnasiana era
severa, o que causou indignação do público, muitas vaias, sons de latidos e relinchos.
Por fim, no terceiro dia, o teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical com mistura de
instrumentos, exibida pelo carioca Villa Lobos. Nesse dia, o músico subiu ao palco vestindo casaca e
calçando em um pé sapato e no outro um chinelo. O público vaiou pensando que se tratasse de uma atitude
afrontosa, mas depois foi explicado que o artista estava com um calo no pé. A crítica ao movimento foi
severa, as pessoas ficaram desconfortáveis com tais apresentações e não conseguiram compreender a nova
proposta de arte. Os artistas envolvidos chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos. Com isso,
ficou claro que faltava uma preparação da população para a recepção de tais modelos artísticos. Monteiro
Lobato foi um dos escritores que atacou com veemência as ações da Semana de 22. Anteriormente, ele já
havia publicado um artigo criticando as obras de Anita Malfatti, em uma exposição da pintora realizada em
1917. Após a Semana de Arte Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do
Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos.
A partir disso, diversos grupos de artistas se reuniam com o intuito de disseminar esse novo modelo.
Destacam-se:
 Revista Klaxon (1922)  Manifesto Regionalista (1926)
 Revista Estética (1924)  Terra Roxa (1927)
 Movimento Pau-Brasil (1924)  Outras Terras (1927)
 Movimento Verde-Amarelo (1924)  Revista de Antropofagia (1928)
 A Revista (1925)  Movimento Antropofágico (1928)
Principais artistas
1. Anita Malfatti (1889-1964)
A artista plástica Anita Malfatti teve uma participação muito marcante na Semana de 22, expondo 20 telas
diferentes. Com formação artística europeia, Anita foi a artista mais massacrada pela crítica da época, por
conta de seu estilo único — caracterizado pelas cores intensas, figuras com elementos deformados e uso de
linhas contrastantes. Algumas de suas obras mais famosas é O homem amarelo (1917), representação de um
imigrante italiano, e A mulher de cabelos verdes (1916).
2. Mário de Andrade (1893-1945)
Mário de Andrade participou ativamente da Semana de 22 e foi um dos grandes intelectuais que articularam
as premissas do movimento modernista no Brasil. Considera-se, inclusive, que o Modernismo se inaugura a
partir de um livro de poemas de Andrade, chamado Pauliceia Desvairada, de 1922. Sua grande obra, no
entanto, é o romance Macunaíma, publicado em 1928. O livro mistura elementos das culturas indígena e
afro-brasileira para contar a história de Macunaíma, o “herói sem nenhum caráter”, um indígena nascido na
Floresta Amazônica que viaja até São Paulo para recuperar um amuleto. Embora tenha um caráter
nacionalista, a obra faz uma leitura bastante crítica do país.
3. Oswald de Andrade (1890-1954)
É praticamente impossível pensar na Semana de 22 sem mencionar o militante político e agitador cultural
Oswald de Andrade. Isto porque ele foi um dos grandes agitadores do movimento que deu origem ao evento.
Escreveu vários manifestos que trouxeram base ao Modernismo — dentre eles está o Manifesto Pau-Brasil,
de 1924. Dentre suas obras, estão poemas, romances e peças de teatro.
4. Manuel Bandeira (1886-1968)
Poeta, cronista, professor e tradutor: Manuel Bandeira é um dos nomes mais importantes da literatura
brasileira. Já com uma carreira consolidada, ele aproximou-se de Oswald de Andrade e Mário de Andrade e
identificou-se com as propostas revolucionárias do Modernismo. Bandeira participou da Semana de 22 com
um poema chamado Os sapos, no qual criticava o parnasianismo, estilo marcante daquela época. No entanto,
a apresentação do texto foi vaiada pelo público.
5. Di Cavalcanti (1897-1976)
Emiliano Augusto Cavalcanti, conhecido como Di Cavalcanti, foi um dos idealizadores da Semana de 22. O
pintor desenvolveu uma obra bastante reconhecida pela crítica — por exemplo, foi premiado como o melhor
pintor brasileiro na Bienal de São Paulo, em 1953. Seus quadros tinham como marca a representação de
festas populares, com elementos como favelas e a presença de operários, sempre numa perspectiva alegre.
6. Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Multi-instrumentista, Villa-Lobos é conhecido como um dos grandes músicos da história brasileira. Sua obra
é peculiar pois conseguiu transpor a cultura nacional para dentro da música clássica, como na série de
composições Bachianas Brasileiras. Ele tocou durante todos os dias que a Semana de 22 no Teatro
Municipal de São Paulo.
7. Tarsila do Amaral (1886-1973)
Tarsila do Amaral é um dos nomes mais proeminentes das artes plásticas no Brasil. Mas não participou da
Semana de 22 por uma razão: ela estava em Paris nesta época. Mesmo assim, seu nome entra na lista pois
ela se juntaria posteriormente ao grupo e se tornaria um dos símbolos do Modernismo. Curiosamente, nesta
época, ela era casada com Oswald de Andrade.

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