Doenças Associadas
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
AÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO: ENTENDENDO O TECIDO ADIPOSO BRANCO COMO UM
ÓRGÃO SECRETÓRIO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE..................................................................... 9
CAPÍTULO 1
PARTICULARIDADES DO TECIDO ADIPOSO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO................................. 10
CAPÍTULO 2
TECIDO ADIPOSO E DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA....................................... 13
UNIDADE II
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS..................................................... 16
CAPÍTULO 1
SÍNDROME METABÓLICA E RISCO CARDIOVASCULAR: REPERCUSSÕES NO ENDOTÉLIO............. 16
CAPÍTULO 2
SÍNDROME METABÓLICA E DIABETES MELLITUS......................................................................... 19
CAPÍTULO 3
SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA ...................... 23
CAPÍTULO 4
SÍNDROME METABÓLICA E CÂNCER....................................................................................... 26
UNIDADE III
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL................... 29
CAPÍTULO 1
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO............................................................................................ 29
CAPÍTULO 2
CAPACIDADE DE OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS, CONTROLE INSULÍNICO E DE CONSUMO
CALÓRICO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO................................................................................ 37
CAPÍTULO 3
EXERCÍCIO FÍSICO COMO ESTRATÉGIA NÃO FARMACOLÓGICA DO TRATAMENTO DA
OBESIDADE......................................................................................................................... 39
CAPÍTULO 4
RECOMENDAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DIETÉTICO DA OBESIDADE..................................... 43
CAPÍTULO 5
TRATAMENTO CIRÚRGICO...................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 64
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Sejam bem vindos ao Caderno de Estudos e Pesquisa de Tratamento da Obesidade e Outras
Doenças Associadas. Neste módulo, iremos abordar as principais formas de tratamento, com
uso de medicamentos ou não, na tentativa de controlar o desenvolvimento ou o agravamento dos
distúrbios advindos da obesidade. Contudo, em uma primeira etapa, para uma análise crítica de
todo arsenal disponível para o tratamento da obesidade, aprofundaremos o estudo da obesidade e
do tecido adiposo como fontes primárias do desequilíbrio vascular, endócrino e seus efeitos sobre o
controle do metabolismo da glicose como gatilhos para o desenvolvimento da síndrome metabólica
e a repercussão sobre os diversos órgãos e sistemas de nosso organismo.
Objetivos
»» Reconhecer o quadro fisiopatológico da síndrome metabólica, fatores de risco da
obesidade que favorecem o desenvolvimento dessa síndrome.
8
AÇÕES ENDÓCRINAS
DO TECIDO ADIPOSO:
ENTENDENDO O TECIDO
ADIPOSO BRANCO COMO UNIDADE I
UM ÓRGÃO SECRETÓRIO
DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS
À SAÚDE
Recentemente, a visão do tecido adiposo como simples depósito de gordura mudou
para um paradigma mais complexo que o considera como um órgão secretório
distribuído ao longo do corpo e altamente ativo. O estudo da expressão gênica do
tecido adiposo revelou que 30% dos genes analisados relacionam-se a proteínas
secretórias. Atualmente, reconhece-se que as células do tecido adiposo podem usar
diversos caminhos para secretar moléculas bioativas chamadas adipocitocinas e
adipocinas (FAIN et al., 2004). Com essa informação em mente, iremos aprofundar
o estudo do tecido adiposo branco como órgão secretório, conteúdo previamente
abordado no módulo sobre a fisiologia e a fisiopatologia da obesidade, para
entendermos seus efeitos no desenvolvimento da síndrome metabólica e a
relação com outras doenças. Com esse embasamento, descreveremos as principais
estratégias terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas para tratamento
dessas doenças.
Antes de iniciarmos essa teoria, vale lembrar qual a definição de órgão endócrino.
9
Após essa definição, surgem alguns questionamentos a respeito dessa nova função do
tecido adiposo.
CAPÍTULO 1
Particularidades do tecido adiposo
como órgão endócrino
O conceito de que os adipócitos são células secretoras surgiu a pouco mais de uma década. Até o
surgimento dessa nova teoria, acreditava-se que o tecido adiposo era um compartimento inerte
do corpo, responsável por um gasto energético inexpressivo e que tinha, basicamente, a função de
armazenar energia. Atualmente, contudo, sabe-se que o tecido adiposo se trata de um complexo
reservatório energético regulado funcionalmente por nervos, hormônios, nutrientes, mecanismos
autócrinos e parácrinos. Os peptídeos e as proteínas bioativas secretadas pelo tecido adiposo
chamam-se de adipocitocinas ou adipocinas.
Entre as particularidades do tecido adiposo como órgão endócrino, encontramos o fato de não
estar confinado a um lugar específico e, sim, espalhado por todo o corpo sem uma conexão física
entre as partes, ser composto por diferentes tipos de células que participam de diferentes funções
secretórias, ser heterogêneo em termos de capacidade metabólica e ter a capacidade de produção de
algumas adipocinas específicas. (GUERRE-MILLO, 2004)
Graças ao fato de os adipócitos secretarem várias citocinas (adipocinas) e proteínas da fase aguda
relacionadas com o processo inflamatório, estabeleceu-se uma relação entre obesidade e inflamação.
Assim, o aumento do nível circulante desses marcadores inflamatórios reflete uma produção
aumentada da massa adiposa branca. Entre todas as adipocinas relacionadas com processos
10
AÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO: ENTENDENDO O TECIDO ADIPOSO BRANCO COMO UM ÓRGÃO SECRETÓRIO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE │ UNIDADE I
inflamatórios, sem dúvida, a IL-6, o TNF-α, a leptina e a adiponectina vêm recebendo maior atenção
nos indivíduos obesos.
Figura 1. Representação esquemática das proteínas de fase aguda secretadas pelo tecido adiposo. TNF-α – fator
de necrose tumoral-α; IL – interleucina; PAI-1 – fator de inibição do plasminogênio; PCR – proteína C reativa.
A adipocina que tem chamado atenção em especial é a leptina. A leptina é uma proteína circulante
do tecido adiposo que age no controle da saciedade e foi considerada o primeiro hormônio específico
dos adipócitos. Após sua liberação pelo adipócito, a leptina circula até o sistema nervoso central em
áreas específicas do controle da adiposidade corporal. Ela, então, atravessa a barreira sangue-cérebro
por difusão facilitada e se une a receptores específicos do hipotálamo. A estimulação dos receptores
leva à supressão do apetite e ao aumento do metabolismo pela estimulação da atividade simpática.
(AINSLIE et al., 2000)
Há uma relação direta entre a quantidade de tecido adiposo e as concentrações de leptina, sendo que
um aumento das reservas de gordura, normalmente, leva a um aumento concomitante de leptina
no sangue. As hipóteses mais prováveis são que os efeitos da leptina sejam contrabalanceados por
mecanismos de sinalização nos níveis dos receptores e pós-receptores. (HUAN et al., 2003)
Além do tecido adiposo, alterações no balanço energético também regulam os níveis circulantes
de leptina, considerada um sensor do balanço energético corporal. A ingestão de carboidratos e a
secundária hiperinsulinemia induzem a uma elevação nos níveis de leptina, ao passo que a ingestão
de gorduras e o jejum prolongado induzem uma redução nos níveis dela.
Outros fatores hormonais e endócrinos também contribuem para a regulação da leptina. Insulina,
glicocorticóides, estrógenos, citocinas inflamatórias, como o TNF-α, e quadros de infecção aguda
aumentam seus níveis, ao passo que baixas temperaturas, estimulação adrenérgica, hormônio
do crescimento, hormônios tireoidianos, esteroides androgênicos, melatonina e fumo parecem
diminuir os seus níveis. (FONSECA-ALANIZ et al.,2006) A seguir, uma tabela em que expressamos
os efeitos biológicos dessas substâncias.
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UNIDADE I │ AÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO: ENTENDENDO O TECIDO ADIPOSO BRANCO COMO UM ÓRGÃO SECRETÓRIO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE
Tabela 1: Efeitos biológicos expressos pelas substâncias secretadas pelo tecido adiposo
Substância Efeito Biológico
Leptina Sinaliza o SNC sobre os estoques de energia
Adiponectina
Sensibilidade insulínica e atenua progressão da aterosclerose
Resistina
Resistência insulínica
TNF-α
Resistência insulínica, lipolítica e pró-inflamatória
IL-6
Resistência insulínica, lipolítica e pró-inflamatória
TGF-β Regula a proliferação, o desenvolvimento e a apoptose dos adipócitos
IGF-1 Estimula a proliferação e diferenciação dos adipócitos
Adaptado de FONSECA-ALANIZ et al., 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v50n2/29305.pdf>. Acesso em
6/4/2011.
Em síntese, o tecido adiposo parece exercer uma função central no controle do metabolismo. A
secreção de substâncias pró-inflamatórias e anti-inflamatórias tornam o balanço hormonal desse
tecido um importante alvo no estudo das doenças crônicas, entre elas, a síndrome metabólica.
12
CAPÍTULO 2
Tecido adiposo e desenvolvimento da
síndrome metabólica
Síndrome metabólica é considerada como um marcador clínico para a detecção precoce de doenças
cardiovasculares e diabetes tipo 2. Estima-se que pessoas com diagnóstico de síndrome metabólica
possuem o risco dobrado para o desenvolvimento dessas doenças, se comparados com indivíduos
da mesma faixa etária saudáveis. (NESTO, 2003) Uma interação entre a resistência à insulina, a
inflamação e a obesidade é a hipótese fisiopatológica mais amplamente aceitável dos diversos ítens da
síndrome metabólica. A resistência à insulina correlaciona-se com o grau de obesidade, especialmente,
a obesidade abdominal, sendo forte fator preditivo para o desenvolvimento de diabetes, assim como
o é a presença de processo inflamatório difuso e a obesidade. (GRUNDY, 2006)
Figura 2. Figura representativa da prevalência de síndrome metabólica em indivíduos com diabetes tipo 1 em
relação ao prolongamento da doença.
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UNIDADE I │ AÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO: ENTENDENDO O TECIDO ADIPOSO BRANCO COMO UM ÓRGÃO SECRETÓRIO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE
A resistência à insulina tem, como mais importante contribuinte, o excesso de ácidos graxos livres
(AGL) circulantes, os quais se originam do tecido adiposo e das lipoproteínas ricas em triglicerídeos.
No fígado, os AGL aumentam a produção de glicose, triglicerídeos e lipoproteínas de baixa densidade
(VLDL), associando-se redução do colesterol contido na lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e
aumento da densidade das lipoproteínas de baixa densidade (LDL). No músculo, os AGL reduzem
a sensibilidade à insulina, inibindo a captação de glicose insulino-mediada. (PANKOW et al., 2004)
Devido a seu amplo espectro de comprometimento e associação com diversos órgãos e sistemas, nos
últimos anos, dois sistemas de classificação ou critérios diagnósticos para a síndrome metabólica
vêm sendo amplamente utilizados. Eles apresentam similaridade quanto aos fatores de risco
cardiovascular, incluindo obesidade abdominal, intolerância à glicose/resistência à insulina,
dislipidemia e hipertensão arterial. Em abril de 2005, a International Diabetes Federation
(IDF) reformulou o sistema de Classificação da National Cholesterol Education Program Adult
Treatment Panel (NCEP-ATP III), apresentando critérios mais estritos para o diagnóstico de
síndrome metabólica. Contudo, a divergência entre os critérios de avaliação torna sua escolha
um processo mais específico quanto ao tipo de população analisada. A seguir uma síntese dos
principais critérios adotados pelas três principais organizações internacionais para o estudo da
síndrome metabólica.
Tabela 2. critérios da OMS, IDF e NCEP para a determinação da síndrome metabólica. Tabela de síntese dos
critérios adotados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), International Diabetes Federation (IDF) e National
Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel (NCEP-ATP III) para a detecção da síndrome metabólica.
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AÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO: ENTENDENDO O TECIDO ADIPOSO BRANCO COMO UM ÓRGÃO SECRETÓRIO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE │ UNIDADE I
A atividade física é determinante no gasto diário de calorias e fundamental para o balanço energético
e controle do peso. A atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado a
cada componente da síndrome metabólica e trazem benefícios substanciais, também, para outras
doenças (câncer de cólon e câncer de mama). Atividade física é conceituada como toda e qualquer
atividade em que o indivíduo tenha um gasto energético maior que seus níveis de repouso, ao passo
que exercício físico é, naturalmente, qualquer atividade física, estruturada, planejada e repetitiva
que tem por objetivo o aumento da aptidão física. (WINTER & FOWLER, 2009)
15
ASSOCIAÇÃO DA
SÍNDROME METABÓLICA UNIDADE II
E DOENÇAS CRÔNICAS
Todos os fatores apresentados constituem um alto risco para a patogênese de doenças cardiovasculares
e hepáticas, em como para o desenvolvimento de neoplasia e distúrbios metabólicos, como o diabetes,
sendo que o risco para essas doenças no estado de síndrome metabólica apresenta-se maior do que
o simples estado de obesidade.
Neste capítulo, entenderemos como ocorre a interação da síndrome metabólica com essas doenças
crônicas, destacando as adaptações do organismo nesse contexto.
CAPÍTULO 1
Síndrome metabólica e risco
cardiovascular: repercussões no
endotélio
Estudos recentes destacaram que pacientes com síndrome metabólica possuem de 1.5 a 3 vezes
aumentado o risco de desenvolver doença coronária ou acidente vascular cerebral. A associação
entre síndrome metabólica e doenças cardiovasculares traz importantes considerações sobre essas
doenças. (DE FLINES & SCHEEN, 2010)
16
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS │ UNIDADE II
(SAAD, M J.A.; ZANELLA, M. T.; FERREIRA, S. R. G.. Síndrome metabólica: ainda indefinida,
mas útil na identificação do alto risco cardiovascular. Arq Bras Endocrinol Metab [on-line].
2006, vol. 50, no 2, pp. 161-162)
Fonte: <http://www.news-medical.net>.
17
UNIDADE II │ ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS
Figura 3. Representação esquemática dos fatores que interligam a obesidade central e a disfunção endotelial.
HDL (High density Lipoprotein).
18
CAPÍTULO 2
Síndrome metabólica e diabetes
mellitus
Diabetes Mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da
incapacidade de ela exercer adequadamente seus efeitos, resultando em resistência insulínica.
Caracteriza-se pela presença de hiperglicemia crônica, frequentemente, acompanhada de
dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002. Diagnóstico e
classificação do diabetes Mellito e tratamento do diabetes Mellito tipo 2. São Paulo; 2003.
Até o momento, destacamos que a resistência insulínica é considerada um ponto de partida para o
desenvolvimento da síndrome metabólica. Contudo, a resistência insulínica também é considerada
um fator-chave no desenvolvimento do Diabetes tipo 2. Logo, surgem alguns questionamentos:
A resistência à insulina (RI) refere-se à diminuição da ação da insulina endógena em seus tecidos-alvo,
particularmente, músculos e tecido adiposo. Com o desenvolvimento da resistência, ocorre uma
hiperinsulininemia compensatória, mas, com a evolução da doença, o indivíduo passa a apresentar
deficiência na secreção de insulina, em função da exaustão da capacidade secretora das células
β, o que culmina na sua incapacidade de manutenção das concentrações glicêmicas normais, no
período pós-prandial. A essa fase de intolerância à glicose segue-se a hiperglicemia de jejum e a
consequente instalação do quadro clínico de Diabetes Mellitus. (McLELLAN et. al, 2007)
O transporte de glicose para as células de mamíferos é essencial para a sobrevivência. Órgãos como
o cérebro e os órgãos esplânicos captam a glicose independentemente dos transportadores de
insulina, contudo tecidos dependentes da insulina, como o músculo esquelético e o tecido adiposo,
precisam desse mecanismo para uma regulação dos níveis glicêmicos. (DEFRONZO, 1997)
Os transportadores de glicose são uma família de 14 membros, os quais permitem a difusão facilitada
de glicose, por gradiente de concentração, através da membrana plasmática das células, conforme
ilustrado na figura abaixo.
19
UNIDADE II │ ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS
Figura 4. Estrutura bidimensional das proteínas transportadoras de glicose por difusão facilitada (GLUTs),
determinada por análise hidropática dos segmentos de aminoácidos. Nos GLUTs, as sequências
transmembrânicas são muito homólogas, enquanto as alças de conexão e as terminações são altamente
heterólogas, determinando as especificidades de cada isoforma.
Ainda que muitos estudos tenham buscado identificar as causas das alterações na captação de
glicose, muita controvérsia permanece. Além do tipo de composição lipídica na sinalização da
insulina, acredita-se que uma alteração nos transportadores de glicose, como o GLUT 4 no músculo
e no tecido adiposo, possa ter efeito na redução na captação de insulina.
Os dois tipos principais de diabetes são: tipo 1, que é originário da destruição autoimune das
células pancreáticas produtoras de insulina (células β), levando a uma deficiência sistêmica
desse hormônio; tipo 2, que corresponde, predominantemente, à resistência à ação da insulina.
(WEINSTOCK et al., 1998) Resistência à insulina corresponde a uma diminuição na capacidade
20
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS │ UNIDADE II
de a insulina estimular a utilização de glicose, seja por deficiência de insulina, seja por defeito na
sua utilização. No estágio intermediário da doença, entre a homeostase da glicose e o diabetes,
é detectado um quadro de intolerância à glicose. A obesidade é um fator-chave na modulação
ambiental dessa doença, principalmente, nos casos de diabetes tipo 2. (SEIDELL, 1999)
Ambos, obesidade e Diabetes tipo 2, são associados ao quadro de resistência insulínica. Sob
condições normais, as células β pancreáticas aumentam a produção de insulina de forma suficiente
para sobrepor com eficiência o déficit de insulina e manter os níveis de glicose. Na obesidade ou no
quadro de resistência insulínica, associados ao Diabetes tipo 2, as células β tornam-se incapazes de
neutralizar o aumento dos níveis de glicose e desenvolve resistência à insulina. Um fator-chave na
redução de eficácia da insulina e do prejuízo funcional das células β pancreáticas é o aumento dos
níveis plasmáticos de AGL. (KAHN et al., 2006)
No Diabetes tipo 1, em que há uma perda progressiva das células produtoras de insulina no pâncreas,
a relação com a síndrome metabólica não está muito bem esclarecida. A experiência clínica tem
mostrado que, à medida que o Diabetes tipo 1 evolui, ele começa a apresentar vários componentes
da síndrome metabólica, o que, potencialmente, pode contribuir para um aumento no risco de
ocorrência de eventos cardiovasculares. No entanto, a prevalência e o significado da síndrome
metabólica no contexto da história natural do Diabetes tipo 1 não estão tão bem estudados como no
do Diabetes tipo 2. (DIB, 2006)
Na obesidade, a secreção de insulina está aumentada, enquanto que a captação hepática e a eficácia
periférica da insulina diminuem. A elevada secreção de insulina está relacionada ao grau de obesidade,
já a redução na depuração hepática e a resistência periférica ao hormônio estão relacionadas ao tipo
de obesidade (obesidade visceral). Os ácidos graxos livres, aumentados na circulação pela elevada
sensibilidade lipolítica da gordura abdominal e pelo menor efeito antilipolítico da insulina nesse tecido,
inibem a depuração hepática de insulina, levando à hiperinsulinemia e à resistência periférica dela,
além do direcionamento desses ácidos graxos para a síntese de triglicérides pelo fígado. (McLELLAN
et al, 2007)
Uma possível explicação para o desenvolvimento da resistência periférica à ação da insulina nos
indivíduos obesos estaria relacionada à maior ingestão de lipídios, o que não seria acompanhado
pelo aumento de sua oxidação. Ao contrário, os ácidos graxos livres (AGL) seriam estocados em
diferentes tecidos e células adiposas. Uma preferência pela utilização dos AGL advindos dos estoques
de triacilglicerol como substrato energético seria responsável pela diminuição da mobilização
de glicose via glicogênio. O resultado seria uma intolerância à glicose e uma resistência periférica
à ação da insulina, predispondo o indivíduo a desenvolver o diabetes e, na maioria dos casos, uma
hiperinsulinemia. (FELBER & GOLAY, 1995)
21
UNIDADE II │ ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS
aumento plasmático de AGL em indivíduos normais semelhante ao dos indivíduos obesos também
induz ao estresse oxidativo, à inflamação, à reatividade vascular anormal e, por fim, à resistência
insulínica. (TRIPATHY et al., 2003) Uma vez que a insulina também exerce um controle sobre o
metabolismo dos ácidos graxos, forma-se o ciclo vicioso da lipólise, do aumento dos ácidos graxos,
da resistência insulina e da inflamação. A seguir, uma figura que sintetiza essa interação.
Figura 5. O sobrepeso e o sedentarismo levam ao aumento de glicose e ácidos graxos livres (AGL)
nas células, que, quando metabolizados e transformados em energia, são acompanhados de um
aumento na formação de radicais livres (stress oxidativo). As células musculares e os adipócitos podem
se proteger dessa condição, produzindo resistência à ação da insulina, com o objetivo de reduzir a
entrada de glicose e AGL nas células. As células β e o endotélio são tecidos não dependentes de
insulina, sendo assim a sobrecarga de glicose e AGL nessas células provoca stress oxidativo que induz à
disfunção endotelial e das células β. A disfunção endotelial pode levar ao desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. A disfunção das células β pode ser caracterizada por uma alteração na secreção
de insulina. Essa condição agrava-se na presença de resistência insulínica, visto que existe um maior
requerimento secretório de insulina para a manutenção das concentrações plasmáticas normais de
glicose. A disfunção precoce das células β, caracterizada por uma diminuição da secreção de insulina,
e a hiperglicemia pós-prandial produzem o quadro clínico de tolerância diminuída à glicose (IGT). A
hiperglicemia pós-prandial induz ao stress oxidativo. A persistência dessa condição provoca exaustão
das células β e, consequentemente, o Diabetes Mellitus (DM). O stress oxidativo ocorre tanto na condição
de IGT como de DM e pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além
disso, todos os fatores de risco que acompanham a resistência à insulina também contribuem para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
(Adaptado de McLELLAN KCP et al. Rev. Nutr., Campinas, 20(5):515-524, set./out., 2007)
22
CAPÍTULO 3
Síndrome metabólica e doença
hepática gordurosa não alcoólica
Diversos estudos estabeleceram uma conexão entre a doença hepática gordurosa não alcoólica e a
síndrome metabólica. Especula-se que a resistência à insulina e à hiperinsulinemia causada pela
doença hepática gordurosa não alcoólica agravem o desenvolvimento de síndrome metabólica, de
forma mais precisa até que a obesidade.
Como observamos, o fígado é um órgão-alvo no controle das lipoproteínas e sofre ação direta dos
hormônios liberados pelo tecido adiposo. A doença hepática gordurosa não alcoólica é considerada
a consequência hepática da síndrome metabólica. Representa uma das mais importantes patologias
hepáticas tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento e sua relação com a obesidade
e o Diabetes Mellitus vem aumentando.
Logo, descreveremos, a seguir, como o fígado é afetado pelo quadro de obesidade e de síndrome
metabólica.
O fígado é o principal órgão de ação da insulina junto do músculo esquelético e do tecido adiposo.
Em estado de jejum, a insulina retira a glicose do fígado, para manter os níveis plasmáticos de
glicose em concentrações normais. A partir do momento em que o fígado desenvolve um estado de
doença hepática gordurosa não alcoólica, a habilidade de a insulina e inibir a produção de glicose
hepática é diminuída. Essa resistência hepática à insulina leva ao aumento de glicose plasmática e
ao estímulo à secreção de mais insulina, desenvolvendo um estado de hiperinsulinemia. (VANNI
et al., 2010)
A doença hepática gordurosa não alcoólica é uma condição clínico-patológica comum, caracterizada
por depósito de lipídios no hepatócito do parênquima hepático (ANGULO, 2002), figura abaixo. O
quadro patológico lembra o da lesão hepática induzida pelo álcool, mas ocorre em indivíduos que
não têm ingestão etílica significativa. O espectro de lesão hepática varia de esteatose macrovesicular
simples para esteatoepatite, fibrose avançada e cirrose. A doença hepática gordurosa não alcoólica
é, talvez, a causa principal de morbidade e mortalidade ligadas a doenças do fígado, com potencial
para progredir para insuficiência hepática.
Para ter acesso a diferentes imagens sobre a doença hepática gordurosa não
alcoólica, acesse o link <http://ciencia-atual.blogspot.com/2008/06/doena-heptica-
gordurosa-no-alcolica.html>. Acesso em 25/4/2011.
A prevalência mundial de doença hepática gordurosa não alcoólica não foi ainda determinada, mas
estima-se que seja entre 10–24% em várias populações (SASS et al., 2005). Embora possa haver erros
nessas estimativas, a doença hepática gordurosa não alcoólica é a doença hepática mais comum no
mundo ocidental e sua prevalência está aumentando. A prevalência de doença hepática gordurosa
23
UNIDADE II │ ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS
não alcoólica aumenta significativamente em obesos, podendo chegar a 50–75%. É provável que o
aumento na prevalência de doença hepática gordurosa não alcoólica seja paralelo ao aumento da
prevalência de obesidade e diabetes em todos os grupos etários. A doença hepática gordurosa não
alcoólica compreende uma doença de variáveis graus de esteatose (>5 a 10%), esteatohepatite não
alcoólica e cirrose (definições abaixo), sendo que a doença hepática gordurosa não alcoólica pode
ser considerada a manifestação hepática da síndrome metabólica.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Esteatose>
Fonte: <http://www.fmt.am.gov.br/imprensa/esteatoh.htm>
Cirrose – A cirrose hepática pode ser definida anatomicamente como um processo difuso de fibrose
e formação de nódulos, acompanhando-se, frequentemente, de necrose hepatocelular.
Embora a patogênese exata da doença hepática não alcoólica permaneça desconhecida, a hipótese
mais aceita é que diversas agressões estão envolvidas nesta condição. A insulina regula os níveis
energéticos dos tecidos insulino-dependentes, como o fígado, o músculo esquelético e a gordura.
No fígado, a resistência insulínica é associada ao aumento dos estoques celulares de ácidos graxos
e seus metabólitos. Além disso, o estado de hiperinsulinemia, causado pela resistência insulínica
na presença aumentada de ácidos graxos livres, aumenta ainda mais a captação hepática de
ácidos graxos e promove a lipogênese. (ANGULO, 2002) A sobrecarga de ácidos graxos levam
à lipotoxicidade, por induzir a expressão de citocinas pró-inflamatórias sistêmicas, como o fator
de necrose tumoral (TNF-α). (FELDSTEIN et al., 2004) Sabe-se, ainda, que o quadro inflamatório
basal aumentado está diretamente relacionado ao surgimento de doenças cardiovasculares e ao
desenvolvimento de tumores.
Numerosas substâncias liberadas pelos adipócitos e pelo fluxo venoso do fígado podem
contribuir para o quadro de resistência insulínica hepática. Isso inclui as citocinas pró-
inflamatórias IL-6 e TNF-α, o angiotensinogênio, a leptina, a resistina e o anti-inflamatório
adiponectina. Este polipeptídio possui um efeito antidiabético e antiaterogênico fortemente
correlacionado com a sensibilidade insulínica sistêmica. Ele aumenta a beta oxidação de ácidos
graxos no músculo esquelético, aumenta a ação insulínica no fígado e diminui acúmulo de
lípides nos macrófagos. (BERG et al., 2002) O uso da adiponectina em estudos experimentais
tem se mostrado promissor no controle das doenças hepáticas desencadeadas pela resistência
insulínica em obesos. (XU et al., 2003)
24
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS │ UNIDADE II
Ao contrário de outras citocinas, a adiponectina possui uma relação inversa com a patogênese
da doença hepática gordurosa não alcoólica. Diversos estudos epidemiológicos confirmaram que
indivíduos com distúrbios hepáticos possuíam uma menor concentração de adiponectina. Estima-
se uma redução de 50% de adiponectina em pacientes com esteatose hepática. Além disso, essa
redução de adiponectina é acompanhada de altos níveis inflamatórios, sugerindo que a deficiência
de adiponectina é um importante fator de risco para o desenvolvimento de esteatohepatite e outras
doenças (HUI et al., 2004).
25
CAPÍTULO 4
Síndrome metabólica e câncer
Acompanhe algumas notícias vinculadas na Internet sobre a relação entre a síndrome metabólica e
diversos tipos de cânceres.
Essas e outras notícias alertam os profissionais de saúde para a associação de obesidade, síndrome
metabólica e diversos tipos de câncer. No presente capítulo, apresentaremos os possíveis fatores
que suportam essa associação.
Recentemente, a agência internacional para pesquisa em câncer (IARC) avaliou toda a literatura
disponível sobre a associação entre obesidade e câncer, considerando tanto estudos epidemiológicos
como ensaios clínicos e experimentais. Nessa revisão, concluiu-se que evitar o aumento de peso reduz
o risco de desenvolver cânceres de cólon, mama (em mulheres na pós-menopausa), endométrio, rim
26
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS │ UNIDADE II
A hiperinsulinemia crônica está associada com a patogênese do câncer de cólon e com os cânceres
de mama, pâncreas e endométrio. Esses efeitos podem ser mediados diretamente pela presença de
receptores de insulina nas células (pré) neoplásicas, estimulando o crescimento, ou ter a sua gênese
mediada por mecanismos comuns que ocasionam a resistência à insulina, como, por exemplo, a
inflamação crônica com o aumento do TNF-α, que agiria como agente promotor do crescimento
tumoral (CARVALHEIRA & SAAD, 2006).
27
UNIDADE II │ ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS
que possui conhecidos efeitos promotores tumorais. Estudos experimentais e humanos suportam
o efeito do IGF-1 no desenvolvimento de câncer de cólon. (SANDHU et al., 2002; CALLE &
KAAKS, 2004)
Estudos recentes ainda relacionaram que o efeito de algumas adipocinas, como o TNFα IL-6, TGF-β
e IGF-1, pode estar envolvido na carcinogênese. Tais adipocinas incluem o efeito de crescimento
das células epiteliais pela leptina e a redução da atividade da adiponectina, que possui um efeito
antiangiogenico e antitumoral (STATTIN et al., 2004; WEI et al., 2005).
Outro foco tumoral relacionado à obesidade é o câncer de mama. O tecido adiposo secreta enzimas
que promovem a formação de estrógenos em precursores androgênicos. (PISCHON et al., 2008)
Mulheres obesas possuem um elevado nível de estradiol. O aumento biodisponibilidade de
hormônios sexuais femininos (estradiol) e masculinos (testosterona) foi relacionado ao aumento
da proliferação celular e à inibição da apoptose. (CALLE & KAAKS, 2004) Documentou-se, ainda,
que os níveis de IGF-1 podem estar novamente associados ao estímulo de crescimento do tumor de
mama e à inibição da apoptose, no entanto as evidências foram mais inconsistentes que as do câncer
de cólon. (RENEHAN et al., 2004)
28
ESTRATÉGIAS
TERAPÊUTICAS PARA
REDUÇÃO DO UNIDADE III
TECIDO ADIPOSO E
DO PESO CORPORAL
Conforme observado nas sessões anteriores, o tratamento para a obesidade e suas doenças associadas
deve basear-se na gravidade do problema, como os vários níveis de obesidade, escalonados de
acordo com o IMC do indivíduo (grau I IMC de 30 a 34,9 kg/m2; grau II IMC 35 a 39,9 kg/m2 e
grau III com IMC superior a 40 kg/m2) e na presença de doenças associadas.
Entre as terapias para o controle da obesidade já reconhecidas como eficazes em diferentes etapas
da doença, encontramos: uso seletivo de medicamentos indutores de perda de peso, dietas de valor
calórico controlado, cirurgias em graus avançados de obesidade (II e III) e mudança no estilo de
vida, como a inclusão prática de exercícios físicos regulares e o controle nutricional. No entanto, qual
terapia deve ser recomendada? E em qual etapa da obesidade? São questionamentos que necessitam
de um maior esclarecimento por parte dos profissionais que trabalham com essa população.
Após um amplo estudo sobre a etiologia, as desordens metabólicas e os fatores de risco associados
à obesidade, exploraremos as terapias de controle e prevenção dessa doença. Além disso, veremos o
que é consenso ou não na literatura especializada sobre as estratégias de tratamento da obesidade.
CAPÍTULO 1
Tratamento farmacológico
»» IMC ≥ 30 kg/m2;
29
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
Os critérios médicos atuais recomendam que a eficácia do medicamento possa ser medida pela
perda de, cerca de, 2 kg (4 pounds) nas primeiras 4 semanas e que isso perdure até a 12a semana.
A literatura respalda que a diminuição de 5 a 10% de peso reduz, de forma significativa, os fatores
de risco para diabetes e doenças cardiovasculares. (ALBERTI et al., 2006) Contudo, a perda de
peso induzida por medicamentos, é, geralmente, reservada para pacientes que não tiveram sucesso
com as terapias convencionais, como dieta e exercício físico regular. Abaixo, podemos observar os
critérios clínicos seguidos pela Food and Drug Admnistration (FDA), dos EUA, para a inclusão do
tratamento farmacológico. (KAPLAN, 2010)
Tabela 4. Critérios adotados pelo FDA para prescrição de tratamento farmacológico para a obesidade.
Você deve ter notado algumas diferenças nos critérios adotados pela ABESO e pelo
FDA para a prescrição do tratamento farmacológico. Compare e relate quais são as
principais diferenças observadas?
Segundo as diretrizes da Associação Brasileira de Obesidade (ABESO, 2009), há, atualmente, cinco
medicamentos registrados no Brasil para o tratamento da obesidade: anfepramona (dietilpropiona),
femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate. Nesta sessão, discutiremos os principais efeitos,
eficácia, recomendação e dosagem dos medicamentos listados, segundo a referida diretriz, disponível
em <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes2010.pdf>, acesso em 10/4/2011
Anfepramona (Dietilpropiona)
É um medicamento de ação no sistema nervoso central que aumenta a liberação de noradrenalina na
fenda sináptica dos neurônios hipotalâmicos, estimulando os receptores noradrenérgicos e inibindo
a fome. Foi o primeiro medicamento com esse objetivo comercializado no Brasil.
30
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
relação ao grupo placebo foi de 3 kg (LI et al., 2005). No Brasil, um estudo duplo cego realizado em
2009 observou que, após 6 meses de tratamento, o grupo que recebeu 100mg diários de anfepramona
(50mg, 2x/d) perdeu 9,8 % do peso corporal e o grupo placebo reduziu 3,1%. Além disso, houve
redução dos níveis de triglicérides, insulina, glicose e elevação do colesterol-HDL nos indivíduos
que perderam peso, em ambos os grupos. (CERCATO et al., 2009) Desta forma, destacou-se que a
anfepramona é eficaz no traamento da obesidade em conjunto com o aconselhamento nutricional e
o incentivo à prática de atividade física.
Por ser uma medicação que estimula a liberação de noradrenalina, os principais efeitos colaterais
da anfepramona estão relacionados à ação noradrenérgica. Os mais frequentes são: secura na
boca, insônia, cefaleia e obstipação intestinal; mais raramente, irritabilidade e euforia. Além
disso, não foram observados elevação das frequências cardíacas, alterações eletrocardiográficas ou
ecocardiográficas, ainda que estudos a longo prazo controlados sejam necessários para esclarecer
possíveis efeitos adversos. Soma-se a isso, o fato de o estímulo gerado no SNC ser bem menor do que
a determinada pela anfetamina. Nesse sentido, a anfepramona é contraindicada em pacientes com
hipertensão arterial não controlada e não deve ser recomendada a pacientes com história de doença
cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência
cardíaca congestiva e arritmias cardíacas.
Nos estudos avaliados, as doses terapêuticas diárias eficazes variaram de 50 a 100mg de anfepramona.
Como os estudos não abordaram faixas extremas de idade, preconiza-se que o fármaco seja prescrito
para a população entre 18 e 60 anos de idade.
Femoproporex
Outra droga de ação no SNC utilizada desde a década de 1970. Possui ação catecolinérgica para
inibição do apetite.
Poucos estudos avaliaram o efeito a longo prazo desse medicamento. No entanto, 90 indivíduos
divididos em 3 grupos, incluindo tratamento com femoproporex, outro com femoproporex +
diazepan e outro com placebo, por 6 meses, apresentaram redução do peso corporal de 8,8, 12,2
e 5,3%, respectivamente, após 30 dias de término do tratamento. (ZARAGOZA, et al., 2005)
Contudo, a prescrição de dieta hipocalórica e a prescrição de atividade física podem confundir
os resultados.
31
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
Mazindol
É uma droga de derivado tricíclico que bloqueia a recaptação de noradrenalina nas terminações
pré-sinápticas no SNC.
32
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
Orlistate
O orlistate (Xenical), um inibidor pancreático e intestinal das lípases presentes no lúmen intestinal,
previne a quebra dos triglicérides em ácidos graxos e monogliceróis absorvíveis. Quando ingerido
junto com a comida, o orlistate é capaz de inibir a absorção de 30% da ingestão de gordura e não
possui efeito sobre o SNC. (LEUNG et al., 2003)
Estudos realizados em duplo cego, comparando orlistate e placebo, em pacientes obesos, com ou
sem fatores de risco definidos, como diabetes, hipertensão e dislipidemia, revelaram maior perda
de peso, manutenção do peso perdido e mudanças favoráveis nos fatores de risco cardiovascular
relacionados à obesidade no grupo que usou orlistate 120mg, 3 vezes ao dia. (HOLLANDER et al.,
1998) Efeitos colaterais: gastrintestinais (esteatorreia, flatus com evacuação etc), secundários ao
mecanismo de ação da droga.
Orlistate mostrou-se efetivo em levar à redução de peso pacientes com diabetes tipo 2, associada à
melhora do controle glicêmico, e em reduzir a progressão de tolerância normal para intolerância à
glicose e ao diabetes tipo 2, ao longo de quatro anos. (HARRISON et al., 2004)
Em um amplo estudo conduzido com 3000 pacientes por 4 anos, comparou-se os efeitos do orlistate
com o palcebo, estudo chamado de XENDOS (Xenical in prevention of diabetes in obese subjects
study). Nele, os autores observaram uma redução de 10,6kg x 6,2kg, no primeiro ano, e 5,8kg x
3,0kg, no final dos 4 anos. Além disso, o grupo orlistate apresentou uma redução mais expressiva
dos níveis de colesterol (8,8% x 1,3%), LDL (11,4% x 1,6%) e de circunferência abdominal (9,6% x
7%). (TORGERSON et al., 2004)
Mediante essas e outras evidências clínicas, o orlistate foi considerado uma droga eficaz, quando
associado ao aconselhamento nutricional e à atividade física, no tratamento de obesidade,
sobrepeso e síndrome metabólica.
O estudo XENDOS mostrou que não há diferenças entre os grupos placebo e tratado com orlistate
quanto a efeitos adversos. Contudo, tais eventos relacionados ao trato gastrointestinal, como óleo
nas fezes, urgência e incontinência fecal, flatulência e dores abdominais, com menos frequência,
foram observados nas fases iniciais do tratamento.
O FDA (Food and Drugs Admnistration) dos EUA pronunciou um alerta sobre uma eventual relação
de insuficiência hepática aguda e severa com o orlistate, após encontrar 12 casos de lesão hepática
em pacientes com uso de orlistate 120mg e 1 caso com uso de 60mg.
33
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
Estudos foram conduzidos com adolescentes, que fizeram uso do orlistate sem maiores complicações
e com resultados favoráveis, o que permitiu que a comunidade internacional liberasse o consumo de
orlistate a partir dos 12 anos, com o monitoramento da vitamina D.
Sibutramina
A sibutramina, um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina, aumenta os estímulos
adrenérgicos, serotoninérgicos e dopaminérgicos, sinalizando o cérebro. Essa ação tem efeitos
anorexígenos e sacietógenos.
A sibutramina foi testada em vários estudos. Um estudo bem controlado, com duração de dois
anos, demonstrou que este medicamento é eficaz na perda de peso, com melhora dos parâmetros
metabólicos, boa tolerabilidade e segurança. (JAMES et al., 2000) Os pacientes diabéticos também
se beneficiam com o uso da medicação. Um estudo clínico de alta qualidade, com um ano de duração,
documentou reduções nos níveis de glicemia de jejum, hemoglobina glicada, triglicérides e um
pequeno aumento no HDLc em participantes que receberam sibutramina, quando comparados aos
participantes que receberam placebo (MCNULTY et al., 2003).
Mediante essas e outras evidencias científicas, a sibutramina foi considerada eficaz no tratamento
da obesidade, do sobrepeso e dos componentes da síndrome metabólica, em associação à orientação
nutricional.
34
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
Como a maioria dos estudos foram conduzidos com adultos acima de 18 anos, preconiza-se o uso de
sibutramina em adolescentes a partir dos 12 anos e na ausência de hipertensão não controlada ou
de distúrbios psiquiátricos.
Qualquer associação entre medicações antiobesidade com ação central está contraindicada, sendo
esta prática vedada pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução do Conselho Federal de Medicina
no 1.477/1997, disponível em <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1997/1477_1997.
html>, acessada em 13/4/2011).
A primeira consideração a se fazer é que o tratamento medicamentoso não cura a obesidade. Como
observado, a perda máxima de peso com o uso de medicamentos ocorre, em média, com seis meses
de tratamento e após o efeito terapêutico é avaliado pela manutenção do peso.
O aumento da dose das drogas não se mostrou mais eficaz que a dose recomendada. Além disso,
os tempos máximos estudados de terapia foram de 5 (sibutramina) e 4 anos (orlistate). Estes, por
sua vez, foram considerados medicamentos de primeira linha no tratamento crônico do sobrepeso.
Vale ressaltar que a correta prescrição do medicamento deve ser feita por médicos com experiência
na área e que o sucesso do tratamento dependerá do controle da dieta, da prática regular de exercícios
físicos supervisionada por profissionais experientes, e, sobretudo, da disposição do paciente em ser
tratado.
35
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
1. Alguém na sua casa ou no seu convívio faz uso de medicação para emagrecer? Qual?
O uso é feito mediante orientação?
3. O que você julga interessante orientar a esse conhecido sobre o uso de medicamentos
para emagrecer?
36
CAPÍTULO 2
Capacidade de oxidação dos
ácidos graxos, controle insulínico e
de consumo calórico do músculo
esquelético
O músculo esquelético é o principal órgão captador de glicose, mediada pela ação da insulina,
correspondendo a, aproximadamente, 75% da captação dela em estado de repouso, o que leva à
íntima relação entre o quadro de resistência insulínica, o acúmulo de lipídios e as dislipidemias.
Sabemos, ainda, que um distúrbio metabólico evidente, como a obesidade, é a diminuição da
habilidade do músculo esquelético em oxidar os lipídios. Tal defeito pode ser um componente
crítico de comorbidade associada à obesidade, uma vez que a redução da oxidação de ácidos graxos
pode favorecer o estoque de lipídios nas células musculares, o que pode induzir uma resistência
insulínica. (HOROWITZ, 2007)
Em repouso, a oxidação dos lipídios corresponde, de forma significativa, ao gasto calórico total,
sobretudo, pela energia disponibilizada pela via da oxidação dos ácidos graxos, sendo importante
para o aumento da massa muscular. Outros estudos suportaram que a baixa taxa de oxidação
lipídica seria um preditivo de ganho de peso em indivíduos magros ou obesos. (MARRA et al., 1998)
37
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
A resistência à insulina é outro problema crítico nos indivíduos obesos. É amplamente aceito que
o músculo esquelético exerce um papel fundamental no controle dos níveis de glicose sanguíneos.
Com a redução do número e tamanho dos miócitos, há um prejuízo na captação de glicose, uma vez
que a expressão da proteína transportadora GLUT 4 na membrana plasmática está relacionada ao
volume das fibras no músculo esquelético humano. (GASTER et al., 2002)
Embora o músculo esquelético seja o principal sítio de captação de glicose estimulada pela insulina,
uma série de estudos vem apresentando provas convincentes de que a resistência insulínica se
iniciaria no tecido adiposo, e que este tecido teria um papel importante na indução dessa resistência
no músculo esquelético e no fígado. (SMITH, 2002) No entanto, não se pode provar uma relação
entre o defeito na oxidação de ácidos graxos livres e o defeito da captação de glicose pelo músculo
esquelético.
O que podemos esperar, com relativo sucesso, é que o exercício físico supervisionado melhore a
sensibilidade insulínica e a taxa de oxidação de ácidos graxos, contribuindo para um melhor
equilíbrio energético e para a regularização dos metabolitos em indivíduos normais ou obesos.
A seguir, apresentaremos diversas evidências dos efeitos do exercício físico como forma eficaz de
tratamento não farmacológico da obesidade e de suas doenças relacionadas.
38
CAPÍTULO 3
Exercício físico como estratégia não
farmacológica do tratamento da
obesidade
Provavelmente, você já deve ter ouvido falar da importância do exercício físico como agente eficaz
no tratamento da obesidade e de suas doenças relacionadas. No entanto, não há um consenso ou
uma diretriz das sociedades nacionais sobre a correta forma de realização do exercício físico para a
população obesa com o objetivo de atingirmos os melhores benefícios em detrimento de um possível
efeito maléfico do exercício para essa população.
Embora amplamente aceita como terapia para prevenção e tratamento de obesidade, a “dose” ou
quantidade necessária de exercício físico para sua melhor eficácia não está definida pelas entidades
competentes. As pesquisas que foram conduzidas com o objetivo de se averiguar a real influência
do exercício na perda de peso foram realizadas com indivíduos magros ou, quando foram realizadas
com obesos, uma quantidade muito baixa de gasto energético semanal foi prescrita, o que dificulta
a interpretação dos resultados. (SLENTZ et al., 2009)
39
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
A faixa alvo de exercício para o individuo obeso muda em relação ao indivíduo não obeso. Mesmo
uma caminhada leve pode representar uma dificuldade maior para os indivíduos obesos, já que
despendem uma intensidade maior de consumo de oxigênio do que os indivíduos não obesos (56%
x 35%). (POIRIER & DESPRES, 2001) Tais particularidades tornam a prescrição do exercício físico
para o obeso uma atividade individualizada e baseada nas doenças associadas que apresenta.
Em revisão da literatura, conduzida em 2001 por Ross e Janssen, para se investigar qual o melhor
efeito dose-resposta de exercício para a perda de peso e massa gorda, os autores concluíram que
quanto mais exercícios os indivíduos sedentários faziam mais eles perdiam peso e massa gorda.
No mesmo ano, outro estudo era publicado, com o objetivo de se averiguar quanto de intensidade
e duração refletia na perda de peso e no risco cardiovascular, agora em indivíduos com sobrepeso,
obesos moderados e com níveis de dislipidemias moderados. (KRAUS et al., 2001) A tabela abaixo
sumariza a intensidade e a duração utilizadas.
Tabela 5. Diferentes intensidades e durações de exercício físico no tratamento de indivíduos com moderada
obesidade e riscos cardiovasculares
14 kcal/kg de peso por semana 14 kcal/kg de peso por semana 23 kcal/kg de peso por semana
a 50% do VO2máx a 75% do VO2máx a 75% do VO2máx
Equivalente a caminhada de 12 milhas por Equivalente a corrida leve de 12 milhas por Equivalente a corrida leve de 20 milhas por
semana (20 km) semana (20 km) semana (32 km)
(Adaptado de KRAUS et al., 2001)
O estudo observou que moderadas intensidades de exercício foram suficientes para se atingir
perda de peso, mesmo com ausência de dieta. Além disso, a duração do exercício foi mais eficaz do
que o aumento da intensidade (grupo 1x2) para perda de peso e de massa gorda. O estudo ainda
pontuou que distâncias mínimas de 6,4 km, para perda de massa gorda, ou 12,9 km, para perda de
peso, por semana seriam necessárias. Em relação aos metabólitos relacionados aos fatores de risco
cardiovascular, recomendou-se que 21km, para redução de gordura visceral e LDL, e 16,2km, para
aumento de HDL, por semana em indivíduos com obesidade moderada.
Para um indivíduo obeso e com fatores de risco elevados quanto mais exercício melhor? O estudo
citado apontou que não. Ou seja, os efeitos do exercício de moderada intensidade foram superiores
ao de alta intensidade quando nos atentamos para redução de peso corporal e diminuição dos fatores
de risco para doenças cardiovasculares ou desenvolvimento de síndrome metabólica.
40
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
Após a leitura deste item, destacamos que o exercício, mesmo quando em intensidades elevadas,
oferece mais benefícios que o sedentarismo nos quesitos apresentados. Contudo, uma questão
muito relevante deve ser apresentada:
Como relatado anteriormente, os estudos controlados com indivíduos obesos são, ainda, limitados
quanto aos possíveis riscos nos diversos estágios da obesidade. O que parece ser um consenso
entre os trabalhos é que a prescrição de exercícios a moderada intensidade (55-60%) da frequência
cardíaca máxima parece estar na faixa ótima de benefícios e menor risco para essa população.
Por se tratar de uma população com acometimentos sistêmicos, devemos atentar para os seguintes
fatores:
Uma vez estabelecidos as particularidades e os riscos da população quanto à prescrição e aos efeitos
do exercício físico como tratamento não farmacológico da obesidade, vamos observar quais são
as diretrizes do Colégio Americano de Medicina Esportiva. Ao final, faremos um paralelo com a
realidade brasileira.
A prática de exercícios com o objetivo de perder peso é mais desafiadora do que a sua prática com
objetivos de manutenção dos indicadores de saúde. Quando objetivamos emagrecimento e melhora
dos parâmetros metabólicos pré-disponentes de doenças, como o LDL, os triglicerídeos ou os níveis
de glicose, as demandas energéticas, o controle de ingestão calórica e o tempo de atividade são
maiores. Segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva, estima-se que o gasto enérgico
semanal para essa população aumente de 33 a 100% (de 150 para 200-300 min/semana), se
comparado com o da população saudável que almeja a manutenção dos indicadores de saúde.
Agora, qual a melhor forma de atingirmos esses valores? Atualmente, dispomos de diversas
modalidades de exercício (aeróbia, resistido, intermitentes, entre outras) eficazes em reduzir o peso
corporal e melhorar os fatores de risco. Como utilizá-las?
41
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
Paralelo ao exercício aeróbio, o exercício resistido deve ser incentivado como um componente
essencial no tratamento e na prevenção da obesidade. De um ponto de vista fisiológico, é bem
reconhecido que o exercício aeróbio aumenta a densidade capilar, melhora o fluxo sanguíneo para
o músculo esquelético e aumenta sua densidade mitocondrial e estimula proteínas envolvidas no
transporte de insulina. (HOLLOSZY, 2005) Entretanto, o exercício aeróbio não promove ganhos de
hipertrofia e força muscular como o exercício resistido. O aumento de massa muscular promovido
pelo exercício resistido pode aumentar a capacidade de captação de glicose e a sensibilidade
insulínica, em parte pela redução do estoque de triglicerídeo intramuscular. (KOOPMAN et al.,
2006) Ainda que resultados prévios tenham mostrado benefício de ambas as modalidades no
controle glicêmico e de triglicerídeos, são necessários mais estudos para se compreender como
o organismo do indivíduo obeso se adapta a esses estímulos, principalmente, quanto à duração,
intensidade, frequência e modalidade de exercício praticada.
A atividade intermitente, em que fracionamos os períodos de exercício durante o dia, parece ser uma
forma eficaz de incentivar pessoas iniciantes na prática de exercícios ou que apresentem dificuldades
com a realização deles. Embora seus efeitos em longo prazo para perda de peso ainda sejam pouco
comprovados, os ganhos cardiorrespiratórios são significativos, por ser essa modalidade uma
ferramenta muito útil para a população obesa que apresenta dificuldades para adesão a programas de
exercícios físicos.
Em suma, mesmo quando a perda de peso em indivíduos obesos é mínima, grandes ganhos sobre a
capacidade cardiorrespiratória e massa magra são observados. Níveis de insulina e catecolaminas
repercutem drasticamente sobre essa população. Programas de exercício físico que incluam
atividades aeróbias, como caminhada, corrida, natação, entre outras, associadas a atividades de
ganho de resistência muscular e força, como a musculação, melhoram a capacidade de utilização
de oxigênio e, por conseguinte, a queima de lipídios, assim como o ganho de massa magra aumenta
o gasto energético basal. Tais medidas, associadas ao controle nutricional, tornam a prescrição
correta de exercício físico uma estratégia fundamental no programa de tratamento da obesidade.
Após essa leitura, como você interpreta a prescrição de exercício físico para a população obesa?
42
CAPÍTULO 4
Recomendações sobre o tratamento
dietético da obesidade
Mesmo não havendo controvérsia sobre a necessidade de um balanço enérgico negativo para o
sucesso de qualquer dieta, há muita divergência em como reduzir essa ingestão. Ou ainda, como
adequar a prescrição da dieta com as preferências alimentares do indivíduo, o aspecto financeiro, o
estilo de vida, a prática ou não de exercícios físicos, o uso concomitante de outra forma de tratamento.
Com a popularização dos meios de comunicação em massa e do apelo social de magreza, dietas
milagrosas que encorajam práticas irracionais, algumas vezes perigosas, passam a ser seguidas
pela população sem qualquer acompanhamento profissional. Nesse sentido, faz-se necessária uma
abordagem dos meios científicos sobre os efeitos e tipos de dieta explorados pelos pesquisadores
da área.
›› um défice de 500 a 1000kcal é necessário para uma perda de 0,5 a 1kg por
semana;
43
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
›› Dieta escassa em gordura e/ou muito escassa de gordura: tal dieta era
baseada no princípio de que a redução na quantidade de gordura da dieta seria
necessário para prevenir ou reverter as doenças cardiovasculares. Era baseada
em uma quantidade alta de carboidratos e moderada de proteínas, como vegetais,
frutas, grãos integrais, feijão e moderada quantidade de ovos, laticínios com
pouca gordura, produtos de soja e pequenas quantidades de açúcar ou farinha.
44
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
›› Dieta de baixíssima caloria: dieta altamente restritiva que deve ser usada
como única fonte de nutrição, durante um período de 1 a 4 meses. É baseada
em um baixo valor calórico (400–800 kcal/dia) com uma boa qualidade de
proteínas, minerais, vitaminas e ácidos graxos essenciais.
Como observado, várias opções de dieta, com objetivo de emagrecimento, estão à disposição dos
consumidores, contudo poucas possuem evidência científica comprovada em longo prazo e podem
trazer, até mesmo, prejuízos ao paciente. Em linhas gerais, toda dieta que possui um balanço
energético negativo promove uma perda de peso, mas o monitoramento dessa perda de peso, dos
indicadores lipídicos, bem como de seus componentes vitamínicos, é essencial para se garantir a
eficácia da terapia nutricional.
Um ponto de atenção na prescrição da terapia dietética é quanto à idade do indivíduo, pois alterações
fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento podem comprometer a correta avaliação
45
UNIDADE III │ ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL
das necessidades nutricionais desse indivíduo. Sampaio (2004) alerta para as características do
idoso que interferem na avaliação nutricional. O autor considera que a avaliação nutricional do
idoso apresenta limitações, também, em relação aos dados e padrões de referência para as medidas
antropométricas. Nesses indivíduos, o cálculo do IMC deve seguir alguns ajustes, como a estimativa
da altura pelo comprimento da perna e do peso pelas circunferências do braço, pela panturrilha e
pela prega cutânea subescapular, conforme as formulas sugeridas por Chumlea (1988).
Tabela 6. Fórmulas para estimativa do peso corporal em indivíduos idosos com limitações de deslocamento.
Homem: (0,98 x CP) + (1.16 x comprimento da perna) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,69
Mulher: (1,27 x CP) + (0,87 x comprimento da perna) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35
Com o envelhecimento, a distribuição da gordura corporal também sofre alterações, com maior
depósito de gordura na região abdominal, o que pode gerar alguma confusão nos índices de relação
cintura/quadril. A mesma limitação ocorre em relação às pregas cutâneas, em virtude da perda da
elasticidade e da maior compressibilidade dos tecidos. A seguir, um quadro sumariza as alterações
desencadeadas pelo processo de envelhecimento.
Outro ponto de interesse diz respeito aos tratamentos combinados. Sabemos que o estilo de vida
sedentário é, comprovadamente um fator de risco para a obesidade e suas doenças associadas e, por
outro lado, a prescrição de exercício oferece grandes vantagens para a perda de peso, a motivação
46
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
do paciente e a redução dos fatores de risco. Logo, questionamos se as terapia isoladas seriam
suficientes ou, ainda, quais seriam as vantagens e as desvantagens da combinação das terapias
dietéticas e do exercício físico.
Trombetta (2003) publicou um trabalho em que aborda a questão das vantagens e desvantagens
da combinação dessas terapias. No estudo, podemos observar que a dieta hipocalórica por si só é
eficaz em gerar perda de peso, por favorecer o balanço energético negativo, e que o exercício físico
por si gera perdas muito reduzidas ao peso corporal. O exercício físico, contudo, gera benefícios
imprescindíveis ao indivíduo em tratamento dietético para redução de peso. Quais seriam eles?
Ainda no referido trabalho, discute-se que a dieta hipocalórica é acompanhada da perda de massa
magra, o que geraria redução do gasto energético basal, diminuição da capacidade de oxidação
das gorduras e perda significativa da qualidade de vida. Nesse sentido, programas de exercício
físico estruturado com programas aeróbio e resistido poderiam reverter essa perda de massa
magra, melhorando sua densidade mitocondrial e gerando aumento da atividade da enzima lípase,
hormônio sensível (enzima responsável pela maior mobilização de lipídios no tecido adiposo),
maior sensibilidade β-adrenérgica do tecido adiposo e redistribuição da gordura corporal. Portanto,
alerta-se que controle do peso pela dieta não melhora o quadro geral do paciente, que necessita de
um programa de exercícios que contemple os déficits gerados pela dieta e favoreçam a manutenção
do peso. O artigo citado pode ser acessado na íntegra pelo link <http://departamentos.cardiol.br/
dha/revista/10-2/exercicio2.pdf>.
Por outro lado, reduções agudas do peso corporal que envolvem dieta de restrição calórica severa e
exercícios físicos podem se tornar um risco à saúde. Fabrini e colaboradores observaram que judocas
que utilizaram esse método de emagrecimento apresentaram sinais de desidratação, transtornos
psicológicos, alterações no sistema imune, diminuição dos estoques de glicogênio do organismo e
possível perda de massa magra, que pode comprometer a manutenção da temperatura corporal.
(FABRINI et al., 2010)
47
CAPÍTULO 5
Tratamento cirúrgico
c. O paciente deve ser selecionado para a cirurgia após cuidadosa avaliação por
equipe multidisciplinar especializada e composta por endocrinologistas ou clínicos,
intensivistas, cirurgiões, psiquiatras ou psicólogos e nutricionistas.
d. A operação deve ser feita por um cirurgião experiente no procedimento e que trabalhe
com equipe e em local com suporte adequado para todos os tipos de problemas e
necessidades que possam ocorrer. Após a operação, deve haver acompanhamento
médico de longo prazo.
48
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA REDUÇÃO DO TECIDO ADIPOSO E DO PESO CORPORAL │ UNIDADE III
O estudo longitudinal, prospectivo, controlado, não randomizado, mais consistente até o momento
é o SOS (Swedish Obese Subjects), que comparou obesos submetidos a tratamento cirúrgico com
obesos submetidos a tratamento clínico, demonstrando maior diminuição e manutenção do peso
perdido, com melhora dos parâmetros metabólicos, nos obesos submetidos à cirurgia. (SJOSTROM
et al., 1999) O sucesso e a efetividade da cirurgia bariátrica é definido por um IMC <35kg/m2 ou por
uma perda maior que 50% do excesso de peso pré-operatório. (MACLEAN et al., 1993)
Ainda que a efetividade da cirurgia bariátrica tenha sido comprovada em situações de obesidade
não responsiva ao tratamento clínico, a cirurgia bariátrica envolve riscos e complicações que devem
ser considerados. A mortalidade do desvio gástrico com Y de Roux varia entre 0,5% e 1,5% e as
complicações do pós-operatório são de, aproximadamente, 10%. (FERNANDEZ et al., 2004)
Após a leitura deste material, assista à série, produzida pelo Dr. Drauzio Varella em 2004 “Questão
de Peso”, que aborda as dificuldades e os desafios das terapias medicamentosas. Disponível em:
<http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM223491-7823-QUESTAO+DE+PESO+C
OM+DRAUZIO+VARELLA,00.html>, acesso em 18 de abril de 2011.
1. Fale dos benefícios e dos malefícios do tratamento farmacológico com o uso do Orlistate.
2. Quais são as drogas de ação sobre o sistema nervoso central aprovadas pela ABESO
e quais seus riscos?
3. Qual o principal efeito do músculo esquelético sobre o metabolismo? Como ele pode
ser útil no tratamento da obesidade?
7. Por fim, discuta com seus colegas quando seria indicado o tratamento cirúrgico da
obesidade?
49
Para (não) Finalizar
A alta prevalência e a importância das comorbidades fazem com que a obesidade seja considerada uma
das mais importantes doenças nutricionais do mundo ocidental. Estudos epidemiológicos mostram
uma tendência de aumento de peso da população, tanto de países desenvolvidos quanto de países
em desenvolvimento. Atualmente, a obesidade ganha proporções de epidemia mundial, sendo que
50 a 60% da população da América do Norte pode ser classificada como tendo sobrepeso e, desse
percentual, 35% dos americanos são considerados obesos. Paralelamente, a mesma tendência de
aumento de peso verificado em países desenvolvidos também é encontrada no Brasil. Nos últimos
20 anos, em praticamente todas as faixas etárias, houve um aumento na prevalência de obesidade,
inclusive entre crianças de 3 a 12 anos de idade.
Na maioria dos casos, a obesidade desenvolve-se sem que uma doença primária seja identificada,
ocorrendo um desequilíbrio do balanço entre a ingestão calórica e o gasto energético de um indivíduo,
sendo que existem diversos fatores envolvidos, desde socioculturais até genéticos e ambientais.
Apesar dos avanços feitos nos últimos anos, a etiologia deste desbalanço ainda não foi totalmente
esclarecida.
Classificação
Medidas de peso e altura são, atualmente, os passos iniciais na determinação clínica da presença de
sobrepeso ou obesidade. O grau de sobrepeso pode ser expresso de diversas formas, sendo uma das
mais úteis a relação que corrige o peso pela altura, conforme descrita por Quetelet. Esse é o índice
de massa corpórea (IMC), que é a relação entre peso, medido em quilogramas, e estatura, medida
em metros e elevada à segunda potência.
50
PARA (NÃO) FINALIZAR
Essa classificação, no entanto, deixa a desejar, pois o IMC não é capaz de quantificar a gordura
corporal e leva em consideração, apenas, o peso e, não, a composição corporal de cada indivíduo.
Assim, um atleta com grande massa muscular e pequena quantidade de gordura pode ser classificado
como obeso. O mesmo pode acontecer com um paciente edemaciado ou com ascite. Com o intuito
de eliminar essa possibilidade, utiliza-se a análise da composição corporal e determinação da
quantidade de gordura (massa gorda) e da quantidade de tecido sem gordura (massa livre de
gordura) para o diagnóstico e a classificação da obesidade
A determinação da composição corporal pode ser feita por meio de diversos exames, sendo os
mais precisos: densitometria de dupla captação (DEXA), água duplamente marcada, pesagem
hidrostática, bioimpedância elétrica.
A avaliação de um paciente com obesidade deve ser feita de maneira integral, como se avalia um
paciente com outra doença. Por outro lado, a avaliação clínica do paciente obeso deve englobar itens
específicos, sendo necessária a elaboração de uma história clínica completa, incluindo anamnese
alimentar, e um minucioso exame físico.
História clínica
Devem-se enfatizar os antecedentes pessoais, familiares e socioculturais do paciente. Além disso,
é importante determinar o momento do início de ganho de peso e seu curso clínico, os fatores
desencadeantes e de manutenção, os hábitos nutricionais, as atividades físicas e o estilo de vida, os
aspectos psicológicos. A investigação de tratamentos anteriores e de seus resultados, de sintomas
sugestivos de doenças endócrinas, de uso de medicamentos para perda de peso e de presença
de fatores de risco associados e seus tratamentos são extremamente úteis no planejamento do
tratamento.
Exame físico
O exame físico deve ser completo, buscando sinais indicativos de doenças associadas à obesidade,
como “acantose nigrans”, que está relacionada à presença de resistência à insulina. Além disso,
medidas de peso e altura (para cálculo do IMC), medidas de circunferências (cintura e quadril),
medida de pressão arterial, entre outras, são imprescindíveis. Lembrar de utilizar manguito
adequado à circunferência braquial do indivíduo, para não superestimar os níveis pressóricos,
também é fundamental.
51
PARA (NÃO) FINALIZAR
História alimentar
A história ou anamnese alimentar visa a determinar o padrão alimentar do paciente e a identificar
erros que contribuam para a obesidade. Estudos mostram que é extremamente difícil avaliar
a quantidade da ingestão de alimentos. Indivíduos obesos, muitas vezes involuntariamente,
subestimam a quantidade de energia ingerida.
Para que se consiga realizar uma estimativa mais fidedigna possível dessa ingestão, uma boa
relação entre o terapeuta e o paciente é fundamental. A partir de uma relação terapeuta/paciente
adequada, pode-se lançar mão de alguns instrumentos que estimam a ingestão alimentar individual:
o recordatório alimentar de 24 horas, o registro alimentar, a frequência alimentar ou, ainda, a
observação direta da ingestão alimentar.
O recordatório alimentar de 24 horas visa a fazer com que o paciente relate sua ingestão alimentar
em um período de 24 horas específico. É fácil de ser realizado, rápido, pode ser feito mesmo que
o paciente não seja alfabetizado e não influencia seu hábito alimentar, porém pode não retratar
a realidade, não refletir a ingestão alimentar habitual do paciente. Sem mencionar que depende
totalmente da memória dele.
O registro alimentar faz com que o paciente anote tudo o que ingeriu durante um determinado
período de tempo (por exemplo: 72 ou 96 horas). Geralmente, é mais preciso que o recordatório
alimentar, porém influencia o hábito alimentar do paciente e exige que ele seja alfabetizado e tenha
noções sobre o preparo dos alimentos.
A frequência alimentar é o relato de qual a frequência semanal de ingestão dos diversos grupos de
alimentos. Não influencia o hábito alimentar do paciente, porém também depende da memória do
paciente e pode não retratar a realidade.
Estilo de vida
Além do padrão alimentar do paciente, deve-se investigar seu estilo de vida, desde o hábito de
praticar atividade física formal ou informal até o ambiente onde ele realiza suas refeições. As
correções das possíveis falhas são imprescindíveis ao sucesso do tratamento.
Tratamento
A obesidade deve ser reconhecida como uma enfermidade e tratada como tal. O paciente deve
compreender que a perda de peso é muito mais que uma medida cosmética e visa à redução da
morbidade e mortalidade associadas à obesidade. Perdas de 5 a 10% do peso corpóreo inicial são
associadas a reduções significativas de pressão arterial, glicemia e valores séricos de lipídios.
52
PARA (NÃO) FINALIZAR
Tratamento clínico
O tratamento clínico não medicamentoso inclui prática de atividade física formal, aumento de
atividade física informal e mudanças de hábito alimentar, como realizar refeições sem pressa e em
ambientes tranquilos, evitar associar emoções com ingestão alimentar, mastigar bem os alimentos,
além da correção dos erros alimentares (tratamento dietético).
Tratamento dietético
Mudanças no comportamento alimentar constituem processos ativos nos quais as pessoas têm de se
esforçar, consciente e consideravelmente, a fim de mudar antigos hábitos. Ao prescrever uma dieta,
é preciso determinar um modelo que possa ser seguido, para alcançar e manter o peso adequado.
O planejamento dietético baseia-se no estabelecimento de hábitos e práticas relacionados à escolha
dos alimentos, aos comportamentos alimentares, à adequação do gasto energético e à redução da
ingestão energética que terão que ser incorporados a longo prazo.
A influência da composição da dieta para perda de peso é bastante discutível. A composição ideal
de dieta para perda e manutenção de peso é ainda desconhecida. Sabe-se, no entanto, que dietas
drasticamente alteradas nas proporções de nutrientes podem ser perigosas e não são mais efetivas
a médio e longo prazo na manutenção de perda de peso. Dietas com composições adequadas
das quantidades de proteínas (10-15%), carboidratos (55-75% calorias totais), gorduras (15-30%
calorias), vitaminas, minerais e fibras (> 25g/dia), de acordo com as especificações para idade e
sexo, são mais efetivas a médio e longo prazo, além de promoverem um bom funcionamento do
organismo e melhorias na saúde do indivíduo.
Dietas fracionadas em várias refeições ao dia parecem ocasionar menos oscilações nos níveis séricos
de insulina, resultando em menor sensação de fome, facilitando a adesão do paciente à dieta.
53
PARA (NÃO) FINALIZAR
Um programa que inclui 30 minutos de caminhada, pelo menos 3 vezes por semana, é o mais
recomendado. O importante é escolher uma atividade física que o indivíduo goste, para aumentar a
adesão ao tratamento.
Tratamento medicamentoso
O uso de medicamentos no tratamento da obesidade deve sempre visar a auxiliar o processo de
mudança de estilo de vida e facilitar a adaptação às mudanças dietéticas. Assim, a farmacoterapia
deve servir, apenas, como auxílio ao tratamento dietético e, não, como estrutura fundamental do
tratamento da obesidade.
Os medicamentos que podem ser utilizados no processo de perda de peso são distribuídos em três
grupos: os que diminuem a fome ou modificam a saciedade, os que reduzem a digestão e a absorção
de nutrientes e os que aumentam o gasto energético, sendo que estes últimos não são aprovados no
Brasil.
54
PARA (NÃO) FINALIZAR
Medicamentos do futuro
Com o avanço dos estudos e conhecimentos dos mecanismos do controle da fome e da saciedade,
além do desenvolvimento de novas tecnologias, outros medicamentos estão sendo estudados
e desenvolvidos para o tratamento da obesidade. Variam desde medicamentos que atuam sobre
neurotransmissores, e hormônios associados à obesidade (leptina e grelina) a medicamentos que
aumentam o gasto metabólico.
A obesidade é uma doença de difícil controle e mudanças no estilo de vida, incluindo o comportamento
alimentar e a prática de atividade física, são fundamentais no seu tratamento. Identificar os fatores
causais da doença é imprescindível para que possamos mudá-los.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
A prevalência mundial de NAFLD não foi ainda determinada, mas estima-se que seja
de 10-24% em várias populações. Embora possa haver erros nessas estimativas, a
NAFLD é a doença hepática mais comum no mundo ocidental e sua prevalência
está aumentando. Afeta todos os grupos raciais e étnicos, sem predileção por sexo
ou idade.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Diagnóstico
Como em outras doenças hepáticas, muitos pacientes com NAFLD (50-100%) são
assintomáticos. A doença hepática é, muitas vezes, descoberta acidentalmente,
durante exames de rotina que revelam um aumento da AST. A NAFLD é a causa mais
comum de aumentos não explicados de AST, desde que se exclua hepatite C ou
outras doenças crônicas do fígado. Quando ocorrem os sintomas, em geral, são pouco
específicos. Dor vaga, no quadrante superior direito do abdômen, cansaço e fraqueza
são os mais comuns. Ocasionalmente, prurido, anorexia e náusea desenvolvem-se.
Icterícia, ascite, sangramento gastrointestinal e manifestações de encefalopatia
são indicativos de doença hepática avançada (cirrose descompensada), ocorrendo
tardiamente na evolução.
Elevações discretas ou moderadas nos níveis de AST e ALT são as alterações laboratoriais
mais frequentes. Não há correlação entre o grau de elevação dessas enzimas com a
gravidade histológica da inflamação ou fibrose. Diferentemente do que ocorre em
pacientes com esteatoepatite induzida por álcool, que apresentam aumento maior de
AST em relação à ALT, em pacientes com NAFLD, a relação AST/ALT é menor que 1. Essa
relação tende a aumentar com o desenvolvimento de cirrose, perdendo capacidade
de discriminação diagnóstica. Os níveis de fosfatase alcalina podem ser discretamente
57
PARA (NÃO) FINALIZAR
Um pequeno percentual de pacientes com NAFLD pode apresentar baixos títulos (<
1/320) de anticorpos-antinucleares (ANA). O papel do ferro na patogênese da NAFLD
é controverso. Alguns estudos mostram uma elevação da saturação de transferrina
em cerca de 10% e de ferritina em cerca de 50% dos pacientes. Não há indicação
para que se pesquise, rotineiramente, hemocromatose genética em pacientes com
esteatoepatite não alcoólica.
58
PARA (NÃO) FINALIZAR
A história natural da NAFLD ainda não está bem estabelecida, mas parece ser
determinada pela gravidade da lesão histológica. Estudos transversais de NAFLD
indicam que a maioria dos indivíduos apresenta somente esteatose, e é rara a
progressão para esteatoepatite ou fibrose na evolução. Em alguns estudos, encontrou-
se, no momento do diagnóstico, fibrose hepática avançada, em 30-40% dos casos, e
cirrose bem estabelecida, em 10-15% dos pacientes. Pode haver progressão para
carcinoma hepatocelular. A coexistência de esteatose com outras doenças hepáticas,
como hepatite C, pode acelerar a progressão da doença hepática.
Dados recentes sugerem que NASH pode ser a principal causa de cirrose
“criptogênica”. Há perda de infiltração gordurosa em pacientes com NASH associada
à cirrose. Serão necessários grandes estudos prospectivos nessa área, para uma
melhor definição da história natural da NAFLD.
Tratamento
Não há, ainda, tratamento efetivo que mude a história natural da NAFLD. Na ausência
de terapêutica eficaz, o tratamento é direcionado à correção dos fatores de risco
para NASH.
59
PARA (NÃO) FINALIZAR
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Hiperuricemia
Insuficiência cardíaca
Diabetes e obesidade são fatores de risco para insuficiência cardíaca e ambos estão
associados com resistência à insulina. Recentemente, uma investigação proveniente
61
PARA (NÃO) FINALIZAR
Alterações cognitivas
Câncer
62
PARA (NÃO) FINALIZAR
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