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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS


ENGENHARIA MECÂNICA

VINICIUS CAMPOS DE BARROS

BANCADA DIDÁTICA: EXEMPLOS ESTRUTURAIS METÁLICOS DE PERFIS E


UNIÕES

Rondonópolis
2022
VINICIUS CAMPOS DE BARROS

BANCADA DIDÁTICA: EXEMPLOS ESTRUTURAIS METÁLICOS DE PERFIS E


UNIÕES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto de Ciências Agrárias
e Tecnológicas da Universidade Federal de
Rondonópolis como requisito parcial para
obtenção do título de bacharel em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Mendes


Vieira.

Rondonópolis
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte
Ficha Catalográfica elaborada de forma automática com os dados
fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

B277b Barros, Vinicius Campos de Barros.


BANCADA DIDÁTICA: EXEMPLOS ESTRUTURAIS
METÁLICOS DE PERFIS E UNIÕES / Vinicius Campos de Barros
Barros. – Dados eletrônicos (1 arquivo: 56 f., il. color., pdf). – 2022.

Orientador(a): Dr. Marcelo Mendes Vieira.


TCC (graduação em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal
de Rondonópolis, Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas,
Rondonópolis, 2022.
Inclui bibliografia.

1. Estrutura Metálica. 2. Uniões Metálicas. 3. Bancada


Didática. I.
VINICIUS CAMPOS DE BARROS

BANCADA DIDÁTICA: EXEMPLOS ESTRUTURAIS METÁLICOS DE PERFIS E


UNIÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto de Ciências Agrárias e
Tecnológicas da Universidade Federal de
Rondonópolis como requisito parcial para
obtenção do título de bacharel em Engenharia
Mecânica.

Aprovado em: 06 de julho de 2022.


Dedico este Trabalho de Curso aos
bacharéis em Engenharias Mecânicas, ao
meu professor e orientador Drº Marcelo
Mendes Vieira, aos meus pais Leia
Cristhina de Campos Cunha Barros e
Fabricio Fernando de Barros e a minha
irmã Vitória Campos de Barros.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado condições que me


fizeram chegar até aqui, e também aos meus familiares e amigos que estiveram
sempre presentes durante a minha formação, e a Kaizen Elevadores por acreditar no
meu potencial e se comprometer a proporcionar algo importante a UFR. Agradeço aos
meus professores pelo conhecimento passado, principalmente ao meu orientador,
Marcelo Mendes e aos meus amigos Thiago Corrêa Souza e Wisley Bruno, que
através dos seus conhecimentos e práticas puderam me ajudar diretamente no
protótipo analisado.
“A satisfação psicológica é uma espécie de energia. Eu sou movido a entusiasmo”
João Gurgel
RESUMO
Projeto e construção de uma estrutura metálica de pequeno porte que serve
como bancada didática para a disciplina de Estruturas Metálicas. A estrutura é para
ser projetada, executada e fixada na UFR, com o objetivo de exemplificar os diversos
tipos de perfis e ligações que são usadas frequentemente em projetos mecânicos.
Todos os alunos do campus e professores terão acesso à estrutura didática e,
principalmente, aqueles que se dedicam à disciplina de Estruturas Metálicas. Com
isso o projeto tem a finalidade de abordar diferentes tipos de perfis metálicos como:
os laminados, soldados e dobrados e, assim, dar destaque a respectiva aplicação
prática. O trabalho deve contemplar as fases de um projeto estrutural em aço com a
definição de cada etapa com suas devidas atribuições e também uma apresentação
das simbologias de soldas, nomenclaturas, materiais de soldas e parafusos que são
normativos e comumente utilizadas em projetos, assim como, os tipos de ligações
metálicas e suas respectivas classificações. É importante também que seja indicada
as normas atuantes na parametrização do dimensionamento de estruturas metálicas
com exemplificação de memoriais de cálculos das ligações presentes na estrutura
didática. A mesma deve possuir: barras de ancoragem; ligações entre perfis laminados
como perfil I, perfil H e com algumas combinações entre soldas e parafusos; ligações
viga-pilar com chapa lisa; ligações com cantoneira; emenda de vigas e pilares por
soldas e por parafusos; ligação rígida; ligação rotulada; ligação de tirante rígido e
flexível e; utilização de chapas gusset nas ligações das estruturas treliçadas.

Palavras-chave: Estrutura Metálica, uniões metálicas, bancada didática.


ABSTRACT

TEACHING BENCH: METALLIC STRUCTURAL EXAMPLES OF PROFILES AND


JOINS

Project and construction of a small port metallic structure which serve as a


didactic bench for the metallic structure subject. The structure is intended to be
planned, executed and installed at UFR, with the goal of exemplifying several kinds of
frames and connections that are frequently used in mechanical projects. Every student
and teacher on campus will have access to the didactic structure, especially those who
dedicate themselves to the metallic structures subject. This said, the project has the
goal to engage the different types of metallic profiles, such as: laminated, welded and
bent, and by doing so, emphasize the respective practical applications. The paper will
contemplate the steps of a steel structural project with the definition of every step and
its due attributions, also a presentation of welding symbols, names, welding materials
and screws that are standard by norm e usually applied in projects, as well as kinds of
metallic connections and their respective classes. It is important that the
parametrization norms applicable in projecting metallic structures are indicated as well,
with examples of calculation memorials of connections present in the didactic structure.
It must contain: anchor bars; laminated profile connections with I profile, H profile, W
profile and with some combinations between welding and bolts; pillar-beam
connections with smooth plates; angle connections; amendment of beams and pillars
by welding and bolts; rigid connections; kneecap connections, rigid and flexible tether
connections and gusset plate usage in lattice framework connections.

Key words: metallic structure; metallic connections; didactic bench.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Ligação De Componentes .................................................................................... 22


Figura 2- Curva Do Momento Rotação ................................................................................ 23
Figura 3- Esforços Nos Parafusos ....................................................................................... 25
Figura 4-Emenda Com Chapa De Ligação .......................................................................... 25
Figura 5- Espaçamento Da Chapa De Ligação .................................................................... 26
Figura 6 - Distância Do Centro De Gravidade Dos Parafusos À Linha Neutra Da Chapa .... 29
Figura 7- Elementos Sujeitos A Tensões ............................................................................. 33
Figura 8 – Momento Fletor Em Viga .................................................................................... 34
Figura 9 - Flambagem Em Viga ........................................................................................... 34
Figura 10- Perfil I Pilar: Onde Todos Outros Elementos Serão Conectados ........................ 36
Figura 11 - Bancada Didática - Largura ............................................................................... 37
Figura 12 - Vista Isométrica Dos Elementos Com Algumas Cantoneiras ............................. 37
Figura 13 - Representação 3d Da Viga Em Cad E Procedimento De Corte Dela ................. 38
Figura 14- Cortando Os Elementos De Ligação Das Bancadas ........................................... 39
Figura 15- Acabamento Das Peças Para União Dos Elementos .......................................... 39
Figura 16 - Peças Lixadas ................................................................................................... 40
Figura 17 - Exemplo De Um Elemento Com As Medidas Para Furação .............................. 40
Figura 18 - Exemplo De Uma Junta De Ligação Da Viga Principal ...................................... 41
Figura 19-- Exemplo De Um Suporte De Ligação ................................................................ 42
Figura 20 - Viga Castelada .................................................................................................. 42
Figura 21 – Barra Estabilizadora .......................................................................................... 43
Figura 22 - Pintura Da Bancada ........................................................................................... 43
Figura 23 – Ilustração Do Peso Da Estrutura ....................................................................... 44
Figura 24 - Simulação De Flambagem No Pilar ................................................................... 45
Figura 25 Simulação No Furo Do Suporte (Orelhinha) ......................................................... 46
LISTA DE QUADRO

Quadro 1- modelos usuais de conexões metálicas ................................................... 20


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - parafusos vendidos nos comércios .......................................................... 24


Tabela 2-tensão mínima no parafuso ........................................................................ 27
Tabela 3 - resumo de esforços aplicados nas chapas de ligação ............................. 28
Tabela 4 - cálculo de solda........................................................................................ 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnica;


ASTM – American Society for Testing and Materials;
CAD – Computer Aided Design;
CAE – Computer Aided Engineering
CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço;
Cm – Centímetro;
Cm² - Centímetro quadrado;
D – Diâmetro;
DIN – Deutsches Institut für Normung;
3D – Três Dimimensões;
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo;
ISO – International Organization for Standardization;
Kg – Quilograma;
KN – Quilograma Newton;
MPA – Mega Pascal;
MT – Mato Grosso;
NBR – Norma Brasileira;
SAE – Society of Automotive Engineers;
UFR – Universidade Federal de Rondonópolis.
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................ 9
1.2 Objetivo especifico para este trabalho............................................................. 10
1 Organização do trabalho .................................................................................... 10
2 Motivação ........................................................................................................... 11
3 Revisão de literatura .......................................................................................... 12
4 Etapas de um projeto de estrutura metálica ....................................................... 15
5 Materiais e métodos ........................................................................................... 20
5.1 Comportamento dos elementos estruturais ..................................................... 21
5.2 Parafusos ........................................................................................................ 24
5.3 Solda ............................................................................................................... 31
5.4 Mecânica dos sólidos ...................................................................................... 32
5.5 Tensão de compressão ................................................................................... 32
5.6 Momento fletor................................................................................................. 33
5.7 Flambagem...................................................................................................... 34
6 Discussão........................................................................................................... 36
6.1 Projeto ............................................................................................................. 36
6.2 Fabricação ....................................................................................................... 38
6.3 Corte das vigas que enquadram na bancada didática ..................................... 38
6.4 Lixamento ........................................................................................................ 40
6.5 Furação ........................................................................................................... 40
6.6 Aparafusamentos da chapa de ligação da alma da viga ................................. 41
6.7 Confecção dos suportes de ligação da estrutura............................................. 41
6.8 Confecção da viga castelada........................................................................... 42
6.9 Chapa de enrijecedor de base......................................................................... 43
6.10 Pintura da bancada ......................................................................................... 43
7 Considerações do projeto .................................................................................. 44
7.1 Do Projeto........................................................................................................ 44
7.2 Simulação de flambagem no pilar ................................................................... 45
8 Conclusão .......................................................................................................... 47
9 Referências ........................................................................................................ 49
9

1 Introdução

As estruturas metálicas possuem propriedades benéficas para determinados


tipos de edificações, tais como: instalações para edifícios mais altos; melhor
aproveitamento do terreno; maior área útil; canteiros menores; liberação simultânea
de vários pavimentos; modulação com melhor desempenho em termos de fabricação
e montagem; a precisão beneficia outros componentes industrializados como:
vedações e fachadas.
As estruturas metálicas podem ser utilizadas em diversos tipos de edificações,
cada uma com características e necessidades próprias, como em diversas
implementações: comerciais, residenciais, estádios, ginásios, mezanino, pontes,
calçadas, suportes de equipamentos como caldeiras e silos.
Fatores como facilidade de implantação de vãos maiores e maior modulação
estrutural ajudam a explicar por que em prédios comerciais e universidades
geralmente não são implementadas as soluções em aço devido serem mais
adequadas a prédios residenciais, pois esses tipos utilizam estruturas mais
moduladas.
O presente trabalho tem como foco a construção de uma estrutura metálica de
pequeno porte que serve como bancada didática para a disciplina de Estruturas
Metálicas. A estrutura está na UFR, com o objetivo de exemplificar os diversos tipos
de perfis e ligações que são usadas frequentemente em projetos mecânicos. Todos
os alunos do campus e professores terão acesso à estrutura didática e principalmente,
aqueles que se dedicam à disciplina de Estruturas Metálicas.
Com isso o projeto tem a finalidade de abordar diferentes tipos de perfis
metálicos como: os laminados, soldados e dobrados e assim, dar destaque a
respectiva aplicação prática. Serão contemplados também as fases de um projeto
estrutural em aço com a definição de cada etapa com suas devidas atribuições e
também uma apresentação das simbologias de soldas, nomenclaturas, materiais de
soldas e parafusos que são normativos e comumente utilizadas em projetos, assim
como, os tipos de ligações metálicas e suas respectivas classificações.
É importante também que seja indicada as normas atuantes na parametrização
do dimensionamento de estruturas metálicas.
10

A mesma possui: barras de ancoragem; ligações entre perfis laminados como


perfil I, perfil H e com algumas combinações entre soldas e parafusos; ligações viga-
pilar com chapa lisa; ligações com cantoneira; emenda de vigas e pilares por soldas
e por parafusos; ligação rígida; ligação rotulada; ligação de tirante rígido e flexível e;
utilização de chapas gusset nas ligações de tirante rígido.

1.2 Objetivo especifico para este trabalho

• Pesquisar na literatura e exemplificar as possibilidades de implementações das


ligações em estrutura metálica;
• Elaborar revisão bibliográfica contemplando as ligações;
• Modelagem da estrutura e emendas com os elementos de ligação, empregando
o programa “SolidWorks” que apresenta os diferentes tipos de ligações
estruturais na estrutura.
• Descrever a construção da estrutura metálica didática e a importância de dar a
atenção das características de um projeto de estrutura metálica.

1 Organização do trabalho

Esta monografia é dividida em nove capítulos, após a introdução e objetivos da


monografia, no capítulo dois é feita uma descrição das motivações que foram
levantadas para a escolha deste tema, foram analisadas a descrição dos serviços
prestados pela produção de aço no mercado nacional, foram levantadas as principais
causas que contribuem para o interrompimento no fornecimento de serviços e os
impactos causados pela falta dele. No capítulo três é realizada uma revisão
bibliográfica dos autores que já publicaram trabalhos similares a este. No capítulo
quatro é feita uma sequência de como é realizado um projeto estrutural. No capítulo
cinco são apresentados os tipos de perfis e conexões usualmente disponíveis e o
levantamento das suas qualidades técnicas. Em seguida o capítulo seis e sete,
contém as condições necessárias no projeto para uma construção de diversos tipos
de perfis e ligações eficazes, tais como uma perspectiva macro dos parafusos. Por
fim, no capitulo oito temos a conclusão do trabalho.
11

2 Motivação

A indústria de aço brasileira obteve no ano de 2021, uma produção de mais de


1,03 milhões de toneladas de aço, com um universo de empresas que empregou
apenas 7,3% comparando com o ano de 2020, segundo o “Perfil dos fabricantes de
Estruturas de Aço” publicado anualmente pelo Centro Brasileiro da Construção em
Aço (CBCA ) e pela Associação Brasileira da Construção Metálica (CBCA, 2021).
A grande ociosidade da indústria é a imagem de uma série de limitações
financeiras que impõe o melhor aproveitamento possível dos recursos disponíveis
sem descuidar da segurança, usabilidade e durabilidade da estrutura produzida. Esta
aplicação só será possível com o avanço de estudos e pesquisas que concedam um
melhor entendimento do procedimento das estruturas, com posterior consolidação e
seleção do conhecimento científico, de maneira que possam ser trabalhadas pelas
equipes de engenheiros que projetam, fabricam e montam as estruturas.
A literatura técnica brasileira sobre estruturas de aço ainda não está tão
difundida, no que se refere as ligações e emendas entre perfis, esse assunto
desempenha pouco espaço nos grandes títulos de consulta, com informações
limitadas à definição da resistência dos componentes aos principais métodos de falha
e formas simplificadas de decisão dos esforços, criando a necessidade efetiva de
acrescentar estudo as informações e ferramentas já existentes.
Assim sendo, serão apresentados dados técnicos referentes a este tema, com
destaque em ligações soldadas e parafusadas entre perfis laminados.
12

3 Revisão de literatura

Antigamente os rebites eram os principais elementos de fixação usados em


estruturas de aço. Embora, os rebites guiado a quente sejam apropriados para
desenvolver força de tensionamento, a real característica do aço após a instalação
não podia ser controlada e variavam consideravelmente, o que impossibilitava sua
análise no cálculo das ligações.
Conforme Fisher e Beedle (1940), nesse ano foi criado um conselho de
pesquisa com o intuito de dar continuidade às pesquisas necessárias para que os
ajustes fossem feitos nos diversos tipos de ligações aplicadas em estruturas de aço.
Desde então, os parafusos de elevada resistência, aplicados apenas para o
posicionamento das peças durante a montagem, passaram a ser usados como meios
de conexão. Há entendimento de que esses parafusos poderiam ser de extrema
importância de uso na manutenção de pontes.
Segundo Valenciani (1997), Kulak; Fisher e Struik (1987), foram os primeiros
a indicar a possibilidade dos experimentos com o uso de parafusos de elevada
resistência de edificação de estruturas de aço. Diante disso, foi constatado que
parafusos com um limite de escoamento mínimo de aproximadamente 370 MPa
poderiam ser apertados de maneira suficiente para fornecer uma correta margem de
segurança contra o deslizamento das partes conectadas. Com referência nos
resultados de pesquisa de Kulak, Fisher e Struik, elaboraram e emitiram sua primeira
especificação para os elementos de ligações estruturais usando parafusos de elevada
resistência, sendo a partir daí utilizados na construção de estruturas de pontes e
edifícios, tanto para ações estáticas quanto para ações dinâmicas.
Essa especificação aprovou a substituição dos rebites por parafusos, com
isso, foi entendido a transferência de forças por atrito em todos os elementos de
ligações, sob condições de serviço e o fator de segurança contra deslizamento foi
determinado em um nível elevado, com tamanha intensidade que o comportamento à
fadiga foi similar ou superior àquele mostrado nas ligações rebitadas.
Conforme Pfeil (2009), o conector é um recurso de união que funciona por
meio de furos feitos nas chapas. Em estruturas mais usuais, realiza-se os seguintes
tipos de conectores: parafusos comuns, rebites e parafusos de altíssima resistência.
13

Outro jeito de se conectar peças estruturais é por ligação de soldagem. Nos


últimos anos, para a construção dos mais diferentes tipos de ligações estruturais se
aplica basicamente dois tipos de conexões, as parafusadas e as soldadas.
Segundo Vergílio ( 2011), para se conseguir alcançar um controle econômico
nos projetos de estruturas metálicas, desde a criação inicial é importante planejar os
modelos de ligações que serão utilizados. Algumas condições essenciais se fazem
necessárias nos projetos de estruturas de aço e de estruturas mistas, tais como: os
perfis de aço devem ser seção tubular sem costura ou com costura, laminados ou
soldados e as ligações devem ser executadas com soldas ou parafusos. O aço é um
material composto empregado em praticamente todos os setores construtivos,
contudo, vem se destacando em construções comerciais e industriais devido a sua
funcionalidade e facilidade de manuseio, evitando perdas, garantindo qualidade e
eficiência na montagem.
Para Vasconcellos (2011), uma ligação tem que ser dimensionada de modo
que a sua resistência de projeto seja idêntica ou superior à solicitada nos cálculos ou
uma porcentagem determinada da resistência de análise da barra.
O dimensionamento das ligações será definido com base na resistência dos
elementos e meios de conexão que a constituem, permitindo assim, a execução de
forma adequada e em boas condições de segurança da fabricação, do transporte, do
manuseio e da montagem da estrutura.
No trabalho de Vilela (2012) é visto que:
Ligação é o conjunto dos elementos de ligação, chapas ou outros tipos de
perfis, e dos meios de conexão, parafusos, soldas, pinos e rebites. Sua
função é unir uma barra a outra barra, a um elemento de concreto ou a um
dispositivo qualquer. Por apresentarem uma enorme diversidade de
dispositivos e configurações, as ligações dão origem a descontinuidades
físicas e geométricas, o que influencia significativamente o comportamento
não linear da estrutura de um modo geral.

Já Ribeiro Neto (2016), define ligação como:


Todo detalhe construtivo que promove a união de partes da estrutura entre
si, ou a união da estrutura com elementos externos a ela. As ligações devem
representar o mais fielmente possível os vínculos idealizados na análise
estrutural. Assim, para formar a ligação são utilizados principalmente, solda,
parafusos e barras roscadas com chumbadores. Desta formar apresentam
alguns componentes incluídos no conjunto para facilitar ou permitir a
transmissão dos esforços, tais como: placa de base, chapas de gusset,
enrijecedores, cantoneiras, talas de alma e de mesa e partes das peças
ligadas envolvidas localmente na ligação.

Conforme Vilela (2016), Os rebites eram os principais elementos de fixação


empregados em estruturas de ferro e aço. Embora os rebites conduzidos a quente
14

sejam capazes de ampliar as forças de proteção, estas não podiam ser controladas e
variavam consideravelmente, o que impedia sua importância nos cálculos das
ligações.
Segundo Prazeres et. al. (2018), os elementos de ligações têm como papel
fundamental em fazer a transmissão dos esforços atuantes em um componente da
estrutura para outro, de forma a garantir a segurança e conforto na aplicação através
dos pontos limites últimos e de serviço, apoiado como previsto em norma.
Os dois modelos mais comuns de elementos de ligações utilizadas em
estruturas metálicas são as ligações parafusadas e as soldadas. A seleção do tipo de
conexão a ser aplicadas em determinada estrutura é capaz de tornar a obra mais
econômica e a execução mais rápida. Alguns aspectos precisam ser analisados no
momento de selecionar do tipo de ligamento utilizada em uma estrutura metálica, tais
como: a infraestrutura disponível para a realização destas ligações, o local de
montagem da estrutura, e o grau de dificuldade de fabricação e montagem da peça.
Consoante Perondi (2019), para que ocorra o avanço de um produto eficiente,
é primordial que exista um empenho e dedicação de todos os envolvidos, além de
uma estrutura que seja capaz de realizar cada fase do projeto da melhor forma
possível, diminuindo ao máximo os erros que venham a gerar custos. Além disso, é
de grande importância ter um equipamento que possa ser aplicado na realização de
treinamentos básicos, qualificando profissionais, pois com um certo conhecimento e
pequeno investimentos é possível montar um negócio.
15

4 Etapas de um projeto de estrutura metálica

As etapas de projeto e desenvolvimento em aço devem seguir a cadeia


produtiva das estruturas de aço e podem ser representadas pelas seguintes etapas:
• Engenharia (projeto estrutural e detalhamento)
• Fabricação (suprimento, preparação, fabricação e proteção)
• Montagem (transporte e montagem)
Dependendo do porte da empresa, esta pode estar envolvida com toda a cadeia
produtiva ou apenas com uma parte dela.

4.1. Projeto base ou arquitetônico

Projetos tem como finalidade a capacidade de evitar gastos futuros


desnecessários, e gerar economia compatibilizando os projetos de sistema de
combate de incêndio, estrutural, hidráulico, elétrico, em alguns casos prever
expansões e reformas, redes de distribuição de GLP, gases hospitalares, central de
refrigeração, manutenções e retirada ou instalações de novos equipamentos.
Geralmente os projetos que possuem maior complexidade e com muitos fatores, são
realizados por uma equipe de engenheiros e arquitetos com expertise em
compatibilização de projetos e em todas as áreas que o projeto abrange.
As condições mínimas que o Projeto Arquitetônico deve fornecer para a etapa
seguinte são: Geometria básica da edificação, definição dos projetos envolvidos na
edificação, tipo de ocupação e tipos de equipamentos que serão instalados na
estrutura.

4.2. Projeto estrutural

O projeto estrutural é onde se concretiza o projeto arquitetônico, são calculados


os elementos estruturais, as principais ligações e as cargas na fundação. Esse é um
dos passos mais importantes, pois um projeto mal elaborado pode causar enormes
prejuízos a um empresário, fabricante ou construtora.
O processo desta etapa:
• Configuração estrutural;
• Determinação de cargas;
• Análise estrutural;
16

• Dimensões dos elementos (seções, aço);


• Desenhos de projeto.

As condições mínimas que o Projeto Estrutural deve fornecer para a etapa


seguinte: Definição dos tamanhos e tipos de perfis, tipos de conexões principais, lajes,
dimensões da estrutura, bem como o esforço conjunto. Uma definição mais detalhada
tem -se a seguir:
• Tipos de Perfis: O mercado oferece perfis estruturais (laminados, soldados,
conformados a frio e tubulares) em diversos tamanhos. A escolha do perfil
correto depende da relação custo/resistência/oferta/tamanho, que pode
variar de acordo com os elementos analisados.
• Tipo de conexão: O custo e a duração da fabricação e montagem de uma
estrutura estão intimamente relacionados ao tipo de conexão utilizada. Os
parafusos são mais rápidos de montar, mas exigem mais operações de
fabricação. A soldagem na fábrica é mais fácil de controlar do que no campo.
Dito isto, tem que verificar várias opções de vinculação.
• Tipo de estabilidade horizontal: O desempenho de projetar estruturas mais
altas ou mais finas é altamente dependente do tipo de estabilidade
horizontal. O contraventamento é um dispositivo de baixo custo quando a
edificação favorece (paredes cegas ou planos livres) o uso de
contraventamento e quando bem posicionado, tem efeito muito forte na
estabilização da estrutura metálica, permitindo conexões mais flexíveis
(menores custos de fabricação). O uso de um pórtico, por outro lado, requer
conexões rígidas (que são mais caras de fabricar) e adiciona peso
significativo aos pilares e vigas.
17

4.3. Detalhamento (desenhos de fabricação)

Nesta etapa, o projeto estrutural é detalhado um a um, indicando todas as


informações necessárias para a fabricação. Ele também fornece desenhos de
montagem para localizar peças em campo.
Processo nesta fase: Lista de materiais (perfis e chapas); desenhos de
fabricação; desenhos e diagramas de montagem; lista de parafusos e eletrodos.
As condições mínimas que o Detalhamento deve fornecer para a etapa
seguinte são: os detalhes do projeto, ao nível da peça isolada, todas as informações
necessárias para a fabricação, dimensões de conexão ainda não definidas no projeto
estrutural, lista de materiais para fornecimento, desenhos de montagem, indicação da
localização de cada peça a ser fabricada.

4.4 Suprimento e separação

Esta etapa inclui a compra e fornecimento de todos os materiais necessários


para a fabricação das peças de acordo com os desenhos detalhados e a obtenção de
condições favoráveis de custo comercial e a otimização de materiais para reduzir as
perdas. Para um bom desempenho de fabricação, a preparação deve ser feita com
antecedência, descrevendo o procedimento de fabricação, criando modelos e
descrevendo os processos e equipamentos que devem ser usados na produção.
As condições mínimas que o Suprimento e a Separação devem fornecer para
a etapa seguinte são: Planejamento do uso chapas e perfis, fornecimento de materiais
conforme prazo previsto, detalhamento de gabaritos, identificação das máquinas
utilizadas, otimização de recursos de mão de obra.

4.5 Fabricação/centro de serviços

A fabricação é o processo industrial de produção de peças estruturais. As


matérias-primas para este processo são materiais (chapas, perfis, etc.) processados
em equipamentos de corte, dobra e furação. Após a fabricação, quando especificado,
as peças estão prontas para proteção contra corrosão. Processos nesta fase: Corte,
furação, soldagem, dobra, calandragem, limpeza e pintura.
18

As condições mínimas que a Fabricação deve fornecer para a etapa seguinte


são: Produção dentro do prazo estabelecidos, fabricação conforme as tolerâncias
estruturais.

4.6 Limpeza e proteção

A limpeza da superfície remove incrustações, óxidos e outras impurezas e


prepara a superfície do aço para pintura ou galvanização, o que garantirá a
durabilidade da estrutura, dependendo da agressividade do ambiente e de outras
condições que deteriorem a estrutura. As condições mínimas que limpeza e
proteção devem fornecer para a etapa seguinte são: Proteção em todas as estruturas
produzidas, realização acordo com as especificações do projeto.

4.7 Durabilidade

A durabilidade das estruturas resistentes à corrosão depende do projeto, da


qualidade de execução e do controle dos mecanismos de deterioração que podem
diminuir a vida útil. Os sistemas de proteção contra corrosão devem, portanto, ser
estabelecidos com base na agressividade do meio ambiente e uma proteção com
custo inicial mais alto pode representar uma opção de menor custo a longo prazo,
refletindo na duração do dano, interrupções necessárias e custos de reparo. Tão
importante quanto um sistema de proteção mais robusto é o projeto detalhado da
estrutura, sem pontos inacessíveis, garantindo uma manutenção preventiva mais fácil.
A proteção contra incêndio deve garantir a integridade da estrutura para que o
edifício possa ser evacuado com segurança em caso de incêndio e para minimizar os
danos à estrutura em caso de acidente, o tipo apropriado de proteção deve ser
selecionado para cada projeto e cada legislação local, cujo custo depende do nível.

4.8 Montagem

Durante a montagem, as peças serão conectadas uma a uma para formar a


estrutura. Inclui serviços de descarga, inspeção e armazenamento de estruturas de
forma sequencial no canteiro de obras, inspeção de fundações, mão de obra de
montagem, ferramentaria, equipamentos e supervisão técnica.
Processos nesta fase: Planejamento de montagem, organização do canteiro,
disponibilidade de equipamentos, técnicas de içamento e montagem. As
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condições mínimas que a Montagem deve fornecer para a etapa seguinte são: As
peças produzidas devem estar prontas para o envio com o objetivo de não danificar
ou riscar a pintura, sempre pensando em tornar o envio mais econômico dentro das
restrições do sistema utilizado.
Durante o processo de montagem, a estrutura é recebida no canteiro de obras
e o material é descarregado. Inicia-se a montagem de acordo com o desenho de
montagem e dentro da ordem de prioridade definida no plano para colocar e montar
outros componentes no momento certo.
20

5 Materiais e métodos

Segundo a ABNT NBR8800 (2008), as conexões metálicas formam em


componentes de união, como enrijecedores, cantoneiras, chapas de conexão, e
recursos de junções, como parafusos, soldas, pinos e barras circulares rosqueadas.
No Quadro 1 é apresentado alguns tipos de ligações metálica mais comuns.

Quadro 1- Modelos usuais de conexões metálicas

Tipo de Ligação Vista Lateral Vista Frontal Perspectiva


Viga – Viga

Viga – Coluna
transmitindo
esforço cortante

Viga – Coluna
engastada

Ligação em treliça
21

Placa de base
para colunas

Emenda de
coluna

Emenda de viga

Fonte: Adaptado de Marcon e Pravia (2012)


A reação de um projeto de estrutura de aço é o resultado de um conjunto de
fatores a serem realizados, iniciando pelo modo de conexões (parafusos ou soldas)
que, por sua vez, necessita diretamente da atuação entre os elementos de ligação
(chapas e cantoneiras), assim como, das características geométricas dos perfis
conectados (Quadro 1).
O procedimento de concepção das ligações possui uma grande atuação no
compartilhamento dos esforços solicitantes entre os elementos estruturais, nos
deslocamentos e na estabilidade total da estrutura.

5.1 Comportamento dos elementos estruturais

As respostas do comportamento da estrutura às forças externas são muito


afetadas com a rigidez das conexões, em outras palavras, é a capacidade de dificultar
a rotação relativa pontual dos elementos conectados.
22

Por consequência, na concepção do projeto é necessário designar


corretamente a rigidez de cada elemento de ligação para a análise comportamental
da estrutura. As conexões deverão estar corretamente elaboradas e projetadas, caso
contrário, corre o risco da estrutura não reagir de maneira com que a rotação e
deslocamento foram designados em projetos.
Desse modo, os conectores deverão ser projetados conforme as possibilidades
de cada caso. Há regiões onde as ligações necessitam ser realizadas como rígidas
(Figura 1) e outras onde a conexão deve admitir a rotação casual das divisões,
entretanto, as particularidades precisarão existir para os casos que possibilitem essa
rotação, porém com restrição.

Figura 1- Ligação de componentes

Ligação Flexível Ligação Rígida


Fonte: Adaptado Sardá (2018)
Os gráficos de momento-rotação são normalmente obtidos por meios
experimentais, por referências teóricos, empíricos ou semi-empíricos. São
apresentados no gráfico momento-rotação experimentais em laboratórios para alguns
tipos de ligação, obtidas relacionando-se o momento fletor total com a rotação relativa
de cada ligação.
Pode se constatar que todos os tipos de conexões possuem reações
localizadas entre dois extremos: perfeitamente flexível e perfeitamente rígida. Uma
curva coincidente a uma ligação perfeitamente rígida aplicada por um segmento reto
23

simultâneo com o eixo vertical e uma curva que simboliza a ligação otimamente
flexível seria permitida por uma seção reto conforme com o eixo horizontal (Figura 2).
Por exemplo, a rigidez e a resistência de uma conexão com chapa de
extremidade podem ser alteradas ao variar a espessura da chapa e/ou o diâmetro do
parafuso.

Figura 2- Curva do momento rotação

Fonte: Oliveira(2015)
As conexões semirrígidas mostram reação caracteristicamente não linear
desde o início da fase de carregamento, apresentando assim a redução da rigidez
conforme a rotação aumenta. Assim, pode-se observar que quanto mais flexível for
uma ligação, a rotação atingida será maior, ainda que para valores mais baixos do
momento fletor. De outro modo, quanto mais rígida for uma conexão, maior será o
momento máximo que esta conexão será capaz transmitir, ainda que seja para
pequenos valores de rotação relativa.
Para um determinado tipo de conexão é capaz de identificar diversos
procedimentos rotacionais, apenas modificando os seus parâmetros de projeto. Por
exemplo, a rigidez e a resistência de uma conexão com chapa de extremidade podem
ser alteradas ao variar a espessura da chapa e/ou o diâmetro dos parafusos, bem
como outros parâmetros de conexão.
24

5.2 Parafusos

Nos últimos anos, no mercado de modo geral, existem dois tipos de parafusos:
os parafusos comuns e os de elevada resistência. Com isso, os parafusos comuns
possuem menor resistência devido as propriedades que o compõem, aço com baixo
teor de carbono, com algumas particularidades, tais como: cabeça e porca geralmente
sextavadas com a designação A307 da ASTM. Já em relação aos parafusos de
elevada resistência, como o próprio nome já diz, se deve ao fato de serem de aço de
médio teor de carbono ou de aços temperados, com a designação ASTM A325 ou
A490 (Tabela 1 ) e possuem uma cabeça e porca hexagonal.

Tabela 1 - Parafusos vendidos nos comércios

Classificação 𝑓𝑦 (MPa) 𝑓𝑢 (MPa) Diâmetro db

Mm pol
ASTM A307 - 415 - 1/2≤ db ≤ 4
(parafuso comum)

ASTM A325 635 825 16 ≤ db ≤ 25 1/2≤ db ≤ 1


(parafuso alta 560 725 25 ≤ db ≤ 36 1
1 ≤ db ≤ 12
resistência)

ASTM A490 895 1035 16 ≤ db ≤ 36 1/2≤ db ≤ 1 2


1

(parafuso alta
resistência)

ISO 8.8 635 825 16 ≤ db ≤ 36 1/2≤ db ≤ 1 2


1

ISO 10.9 900 1000 16 ≤ db ≤ 36 1/2≤ db ≤ 1 2


1

Fonte: Urquhart (2019)


Onde:
• 𝑓𝑦 – Resistencia a Tração;
• 𝑓𝑢 – Limite de Escoamento;

Os parafusos precisam suportar os esforços de tração e cisalhamento ( Figura


3), assim como a solda têm que resistir ao estado de tensão de tração, compressão e
cisalhamento (IBDS, 2004).
25

Figura 3- Esforços nos parafusos

Falha por cisalhamento Falha por tração

Fonte: Araújo e Pereira (2016)

A distância mínima entre eixos de furos não deve ser inferior ao valor de 2,7 D
(D é o diâmetro do parafuso), por isso é aconselhável usar 3D. Com isso, a distância
entre as bordas de dois furos seguidos não deve ser inferior ao valor de D. Com base
na utilização de um Parafuso ISO 8.8 com diâmetro (D) de ½” (12,7 mm) no projeto.

𝑑𝑚𝑖𝑛 = 3 ∗ 𝐷 ou 𝑑𝑚𝑖𝑛 = 2,7 ∗ 𝐷 (4)

𝑑𝑚𝑖𝑛 = 2,7 ∗ 12,7 = 34,29𝑚𝑚

𝑑𝑚𝑖𝑛 = 3 ∗ 12,7 = 38,10𝑚𝑚


As chapas de ligação foram utilizadas um Aço SAE 1010 com espessura (t) de
¼” (6,35 mm).
𝐷𝑚𝑎𝑥 = 12 ∗ 𝑡 ≤ 150𝑚𝑚
𝐷𝑚𝑎𝑥 = 12 ∗ 6,35 = 76,2𝑚𝑚

Figura 4-Emenda com chapa de ligação

Fonte: Autor
26

As determinações de projeto incluem os critérios mais exigentes relacionado a


espaçamento de conexões recomendados pela ABNT NBR 8800 (2008). Os esforços
solicitados no projeto (Figura 4) na região onde se encontra a ligação das vigas,
apresenta os esforços solicitantes atuando simultaneamente. Com base nisso utilizou-
se auxílio da literatura, com valores pré-estabelecido com o objetivo de encontrar a
força cortante na viga, com isso obteve o valor de 𝑣𝑠𝑑 = 54𝐾𝑁 e o momento fletor
solicitante de projeto de 𝑀𝑠𝑑 = 32𝐾𝑁𝑚𝑜𝑢3200𝐾𝑁𝑐𝑚.

Figura 5- Espaçamento da chapa de ligação

Fonte: Autor

Com essas informações obtidas, foi possível realizar os cálculos do momento


de inércia e da posição da linha neutra (NETO;; CUNHA, 2020). Observando que para
chapa com número par de furos por linha vertical e total de 12 furos (Figura 5)

𝜋𝐷 2 𝜋12,72
𝐴𝑔 = = = 126,67𝑚𝑚2 𝑜𝑢1,2667𝑐𝑚2
4 4
110
𝑑′1 = = 55𝑚𝑚𝑜𝑢5,5𝑐𝑚
2
𝑑1
𝑑′2 = + 𝑑2 = 55 + 45 = 100𝑚𝑚𝑜𝑢10𝑐𝑚
2
2 2
𝐼𝑥 = 4𝐴𝑔 (𝑑′1 + 𝑑 ′ 2 ) = 4 ∗ 1,2667 ∗ [5,52 + 102 ] = 659,951𝑐𝑚4
𝑑2 𝑑 45 45
2 + 𝑑1 + 22 2 + 110 + 2
𝑦𝑐𝑔 = = = 72,5𝑚𝑚𝑜𝑢7,25𝑐𝑚
2 2
27

Assim, as tensões solicitantes de cisalhamento normal e de cisalhamento


podem ser calculadas.
𝑀𝑠𝑑.∗𝑦𝑐𝑔 3200∗7,25
σ= = = 35,15 𝐾𝑁⁄𝑐𝑚2
𝐼𝑥 659,951
𝑣 54
τ 𝑛𝐴𝑠𝑑 = 12∗1,2667 = 3,553 𝐾𝑁⁄𝑐𝑚2
𝑔

Tabela 2-Tensão mínima no parafuso


Tração no parafuso (Kips) Tração no parafuso (KN)
Diâmetro do Diâmetro do
parafuso (in) A325 A449 A490 parafuso (mm) A325 A449 A490
1/2 12 17 12,70 52 73
Usar parafusos A325 ou A490

Usar parafusos A325 ou A490


5/8 19 27 15,88 75 105
3/4 28 40 19,05 141 200
7/8 39 55 22,22 170 240
1 51 73 25,4 220 310
1 1/8 56 91 28,58 275 388
1 1/4 71 116 31,75 322 454
1 3/8 85 138 34,93 438 618

1 1/2 104 168 38,1 591 834

Acima 1 1/2 0,7 fua Acima de 40 0,7 fua


2 50,8 628 MPa
2 1/4 137,5 ksi 57,15 886
2 1/2 178,8 63,5 1057
2 3/4 220 69,85 1215
3 328 76,2 1440
Fonte: Neto; Cunha (2020).

Através dos dados encontrados, foi possível verificar a tensão no topo da


chapa:
6𝑀 6 ∗ 3200
𝜎𝑡 = 2
= 2
= 0,5465 𝐾𝑁⁄𝑐𝑚2
𝑏ℎ 19 ∗ 43
𝑛𝑇𝐵 12 ∗ 122
𝜎𝑐 = = = 1,792 𝐾𝑁⁄𝑐𝑚2
𝑏ℎ 19 ∗ 43
Tb é encontrado na (Tabela 2).
Onde:
• 𝜎𝑡 – Tensão de tração;
• 𝜎𝑐 – Tensão de compressão;
• 𝑀 – Momento fletor;
28

• 𝑏 – Largura da chapa;
• ℎ - Altura da Chapa;
• 𝑛 – Número de parafusos
• 𝑇𝐵 – Tensão mínima do parafuso

Como a tensão de compressão é superior a tensão de tração, não haverá


separação entre as chapas, as chapas encontram-se pré-comprimidas e a tração
aplicada apenas reduz essa pré-compressão.
Fazendo o dimensionamento das chapas de ligação para a primeira CL-1
(Tabela 3), pode ser obtido os valores dos esforços solicitantes de projeto ao fazer a
multiplicação do coeficiente de majoração de carga (γ).
Para a resolução deste projeto, as cargas já foram indicadas na (Tabela 1) com
todas as ponderações.

Tabela 3 - Resumo de esforços aplicados nas chapas de ligação

Viga Perfil da viga Vd (KN) Md (KNm) Chapa de


Ligação
V1 W 310 x 23,80 2,257 7,807 CL-1
V2 W 310 x 32,7 1,773 28,259 CL-2
V3 W 310 x 32,7 1,782 26,484 CL-2
V4 W 310 x 23,80 1,614 8,096 CL-1
V5 W 310 x 38,7 3,033 23,895 CL-3
V6 W 310 x 32,7 1,665 12,167 CL-2
V7 W 310 x 23,80 1,136 4,357 CL-1
Fonte: Neto; Cunha (2020)

Feita as observações tem-se as seguintes informações:


• VSd = γ *VSol = 2,257 KN;

• MSd = γ *MSol = 2,257 KN.

Onde:
• VSd – Esforço cisalhamento de projeto (KN);
• MSd – Momento fletor de projeto (KNm);
• VSol – Esforço cisalhante nominal (KN); e
• MSol – Momento solicitante nominal (KNm).
29

Figura 6 - Distância do centro de gravidade dos parafusos à linha neutra da chapa

Fonte: Neto; Cunha (2020)

Com os dados da chapa de ligação do perfil W 310 x 23,80 para fim de cálculos
(figura 6) obtido de um catálogo da Gerdau Açominas, pode ser obter as seguintes
informações:
• d = 305,5 mm = 30,5 cm;
• hw = 292 mm =29,2 cm;
• d’ = 272 mm = 27,2 cm;
• bf = 101 mm = 10,1 cm;
• tf = 6,7 mm = 0,67 cm;
• tw = 5,6 mm = 0,56 cm.
Com isso tem-se as seguintes propriedades da chapa (Figura 6) definida a
altura (h) e a largura da chapa (b). Assim, como a espessura depende do
dimensionamento, foi adotado um valor de 3/8” (9,5 mm).
Para chapas de ligação é comum a utilização de parafusos como conectores,
já as barras com as extremidades rosqueadas são mais usuais no caso de haver um
30

comprimento muito longo. O aconselhável é a utilização de parafusos de alta


resistência e em nenhuma hipótese a utilização de parafuso comum para ligações
sujeitas a ações simultâneas de esforços, seja cortante e de momento fletor.
Assim, a título de projeto serão estimados parafusos com diâmetro de ½”.
Com essas observações serão realizados os cálculos de distância entre os
furos:
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 3 ∗ 12,7 = 38,10𝑚𝑚
𝐷𝑚𝑎𝑥 = 12 ∗ 𝑡 ≤ 150𝑚𝑚
𝐷𝑚𝑎𝑥 = 12 ∗ 9,5 = 114𝑚𝑚
114𝑚𝑚 ≤ 150𝑚𝑚
De posse dessas informações, pode-se saber que o diâmetro mínimo entre
eixos de parafusos deve ser de 38,1 mm e a máxima de 114 mm. Desta forma, pode-
se utilizar uma distância mínima de até 2,7 * D. Mas para que o projeto atenda todas
as necessidades de projeto, a distância mínima entre eixos de conectores deve
atender ao valor da seguinte expressão:
2 ∗ 𝑉𝑆𝑑 𝑑 2 ∗ 2,257 1,27
𝑑≥ + = + = 0,75
𝑓𝑢 ∗ 𝑡 2 40 ∗ 0,95 2
𝑑 ≥ 0,75𝑐𝑚
Assim, foi possível realizar os cálculos de distância entre eixos de furos e
bordas de chapas:
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 2 ∗ 𝑑 = 2 ∗ 12,7 = 25,7𝑚𝑚
Sabendo a distância mínima entre eixo dos parafusos, foi realizado um esboço
da chapa de ligação (figura 5), para poder manter as posições dos parafusos sobre a
linha neutra da chapa simetricamente e posicionando maior número possível de
parafusos afastados da linha neutra. A fim de evitar o esforço de tração que será
gerado pelo binário do momento fletor na parte superior da chapa.
31

5.3 Solda

A partir dos tipos de soldagem, se em uma mesma conexão forem empregados


dois ou mais perfis de solda (filete, penetração, tampão em rasgos ou furos), a análise
de resistência é realizada separadamente em cada componente, podendo ser definida
à parte e referenciada ao centro do grupo, com o propósito de se definir a resistência
de análise da fusão.
Em relação a este procedimento de constituir resistências específicas de
soldas, não é admissível as soldas de filete sobreposta a soldas de penetração parcial,
condição em que se deve analisar a parte crítica da solda e do metal base. Assim a
resistência de avaliação de soldas é fundamentada em duas situações limites, na
fratura da solda na divisão real e no derramamento do metal base na área de fusão.
• 𝐹𝑤,𝑅𝐷 – Esforço de resistência calculada, dos diferentes tipos de solda;

• 𝐴𝑤 - Área realista da solda;


• 𝐴𝑀𝐵 - Área do metal base;
• 𝑓𝑦 - Resistência mínima do derramamento dos metais base da junta de
contato; e
• 𝑓𝑤 – Menor resistência à tração do metal da solda.

Tabela 4 - Cálculo de Solda

Tipo de Tipo de solicitação e orientação Força resistente de cálculo


Solda
Compressão ou tração paralelas ao eixo da Não precisa ser considerado
solda
Penetração Compressão ou tração normal à seção efetiva Metal base 𝐴𝑀𝐵 𝑓𝑦 ⁄ϒ𝑎𝑙
total da solda
Cisalhamento (soma vetorial) na seção efetiva Metal base: 0,60𝐴𝑀𝐵 𝑓𝑦 ⁄ϒ𝑎𝑙

Compressão ou tração paralelas ao eixo da Não precisa ser considerado


solda
Penetração O menor dos dois valores:
parcial Compressão ou tração paralelas ao eixo da a) Metal base:𝐴𝑀𝐵 𝑓𝑦 ⁄ϒ𝑎𝑙
b) Metal da solda: 0,60𝐴𝑤 𝑓𝑤 ⁄ϒ𝑤𝑙
solda
32

Cisalhamento paralelo ao eixo da solda, na Metal-base deve atender a 6.5


seção efetiva Metal da solda:0,60𝐴𝑤 𝑓𝑤 ⁄ϒ𝑤2

Compressão ou tração paralelas ao eixo da Não precisa ser considerado


solda
Filete Cisalhamento na seção efetiva (a exigência de Metal-base deve atender a 6.5
cálculo é igual à resultante vetorial de todas as Metal da solda:0,60𝐴𝑤 𝑓𝑤 ⁄ϒ𝑤2
forças de cálculo na conexão que gerem
tensões cisalhamento e normais na superfície
de contato das partes ligadas)
Tampão em Cisalhamento paralelo às superfícies em Metal base deve atender a 6.5
furos ou contato, na seção efetiva Metal da solda:0,60𝐴𝑤 𝑓𝑤 ⁄ϒ𝑤2
rasgos
Fonte: Adaptado de Marcon e Pravia (2012)

5.4 Mecânica dos sólidos

Por meio de cálculos fundamentados na física pode-se verificar se a


empregabilidade do projeto para tais serviços está apropriada e se é aplicável à
engenharia. Cálculos validados pela disciplina de mecânica dos sólidos, baseiam a
parte dimensional do trabalho.

5.5 Tensão de compressão

A intensidade da força ou força por unidade de área, atua perpendicularmente


à uma área, essa intensidade é chamada de tensão normal, devido a força em questão
estar com orientação normal à área. Se a força tracionar a referida área, ela será
chamada de tensão de tração, da mesma forma que, se comprimir será designada
tensão de compressão (Figura 7) (HIBBELER, 2010).
33

Figura 7- Elementos sujeitos a tensões

Fonte: Curso Módulo 2: Projeto de Estruturas de Aço CBCA (2021)

Frequentemente, elementos estruturais ou mecânicos são comprimidos e


delgados devido à sobrecarga exercida sobre o material (HIBBELER, 2010). Os
valores de carga não devem ultrapassar o valor máximo admissível para a tensão
admissível na situação, isto está diretamente relacionado a tensão máxima de
escoamento do material e o coeficiente de segurança adequado.

5.6 Momento fletor

Elementos compridos que suportam carregamentos aplicados


perpendicularmente ao seu eixo longitudinal são classificados como vigas. Em geral,
vigas são elementos longos e retos com área de seção transversal constante e
definidas conforme o modo como são apoiadas. As vigas são consideradas os
componentes mais importantes de todos os elementos estruturais (HIBBELER, 2010).
Por conta do carregamento aplicado, as vigas desenvolvem um momento fletor
que, em geral variam conforme o ponto analisado ao longo do seu eixo. Os valores
máximos de momento fletor podem ser obtidos através de um estudo de caso, levando
em conta a posição dos apoios da viga, a carga exercida e o momento fletor (Figura
8Figura 8) resultante (HIBBELER, 2010), gerando assim uma flexão no elemento em
análise. O momento fletor tem seu limite parametrizado pelas características do
material e geometria da viga.
34

Figura 8 – Momento fletor em viga

Fonte: Martinez, D. D. (2017)

5.7 Flambagem

Para Hibbeler (2010), elementos estruturais compridos e esbeltos sujeitos a


uma força de compressão axial são denominados de colunas, e a deflexão lateral que
pode ocorrer é denominada flambagem. Por muitas vezes a flambagem de uma
coluna pode resultar em uma falha repentina e drástica de uma estrutura ou
mecanismo, e por isso, é preciso dedicar especial atenção ao projeto de colunas para
que possam suportar com segurança as cargas pretendidas sem sofrer flambagem
(Figura 9).
Figura 9 - Flambagem em viga

Fonte: Hibbeler (2010)


35

A carga axial máxima que uma coluna pode suportar quando está em iminência
de sofrer flambagem é denominada carga crítica, sendo que qualquer carga adicional
provocará flambagem na coluna, e desta forma deflexão lateral (HIBBELER, 2010) .
Para realizar análises sobre o comportamento de flexão, deve se levar em
conta aspectos de como a coluna está sendo apoiada, comprimento da coluna,
módulo de elasticidade do material, menor raio de giração e a avaliação segundo NBR
8800 (2008) relacionado ao índice de esbeltes parametrizado.
36

6 Discussão

O desenvolvimento do trabalho foi executado utilizando o laboratório de uma


empresa privada onde foi realizado o estágio supervisionado e atual trabalho efetivo
na cidade de Cuiabá - MT. Toda parte construtiva foi efetuada através de máquinas e
equipamentos dispostos por meio de aquisição própria e contribuição da empresa.

6.1 Projeto

Para a construção de um projeto mecânico previamente definido, faz-se


necessário o projeto ilustrado em Desenhos 3D. A utilização de programa
computacional de CAD, como “SolidWorks”, foi de fundamental importância para
realizar esta etapa. Para o pilar foi utilizado no projeto o perfil “I” 250 com a base
contendo elementos de enrijecimento de chapa, a estrutura foi desenvolvida com as
dimensões que mostra a Figura 10.

Figura 10- Perfil I Pilar: Onde todos outros elementos serão conectados

Fonte: Autor

Definiu-se a altura de 2415 mm e largura de 1789,30 mm da bancada didática,


sendo assim, foi medido o comprimento das vigas que seriam empregadas
lateralmente.
37

Figura 11 - Bancada didática - largura

Fonte: Autor

A Figura 11 demostra de forma ilustrativa a largura e altura da bancada, vistas


lateral e frontal. Além disso, podem ser vistas as conexões que estão sendo utilizadas
através de cantoneiras e elementos de união. Uma visão de perspectiva da bancada
está representada na figura 12.

Figura 12 - Vista isométrica dos elementos com algumas cantoneiras

Fonte: Autor

Levando em consideração a altura adequada para soldagem da bancada


didática, para o apoio satisfatório das peças de ligação, foi criado um gabarito como
38

base que estabeleceu a altura ideal para a soldagem (respeitando a melhor execução
e ergonomia na realização da atividade) e fixação de parafusos nas conexões,
levando em conta a altura do perfil da viga e a regulagem de altura dos pés da
bancada.

6.2 Fabricação

Após o procedimento de projeto e dimensionamento em programa CAD, pode-


se iniciar a etapa de fabricação seguindo os desenhos técnicos ilustrando as
dimensões de cada peça para usinagem.

6.3 Corte das vigas que enquadram na bancada didática

Definidas as dimensões do projeto, iniciou-se o processo de fabricação das


peças com o corte de cada perfil. A Figura 13 mostra esse procedimento com o uso
de uma esmerilhadeira angular 4”.

Figura 13 - Representação 3D da Viga em CAD e procedimento de corte dela

Fonte: Autor

Para as vigas laterais (ramificação) da bancada, segmentou-se com a


esmerilhadeira peças da viga com uma peça medindo 250 mm e outra 720 mm para
a realização de ligação, conforme mostra a figura 14.
39

Figura 14- Cortando os elementos de ligação das bancadas

Fonte: Autor

É visto que durante a fabricação, existe a formação de rebarbas, encrustações


de solda e ferrugem superficial, entre outros, que devem ser posteriormente extraídos
da peça. Assim, retirou-se, com uma lixadeira elétrica manual, os cantos das peças
com um ângulo de 90º e demais inconformidades superficiais mais grosseiras, para
adequação com o perfil da viga a se unir (Figura 15).

Figura 15- Acabamento das peças para união dos elementos

Fonte: Autor
40

6.4 Lixamento

Com o intuito de preservar a qualidade da bancada, utilizou-se o processo de


lixamento. Este processo garante a retirada da camada oxidada de metal encrostada
na peça, bem como a retirada de algumas imperfeições apresentadas pelo elemento.
O lixamento foi feito através de uma lixadeira elétrica manual utilizando discos “flap” e
lixas manuais de granulometria 120 para áreas de difícil acesso como pode ser visto
na figura 16.

Figura 16 - Peças Lixadas

Fonte: Autor

6.5 Furação

Para a inserção dos parafusos de ligações na bancada, fez-se necessário a


furação nas vigas para a união parafusada. Este processo foi feito através da furadeira
de bancada (Figura 17) da empresa privada parceira. Foi definida a utilização devido
a facilidade de manuseio das peças.

Figura 17 - Exemplo de um elemento com as medidas para furação

Fonte: Autor
41

6.6 Aparafusamentos da chapa de ligação da alma da viga

Após a confecção das vigas que constituem o pilar da bancada, estas foram
unidas através do método de aparafusamento. Para conseguir confeccionar a união,
foi necessário utilizar as chapas de ligação como gabarito de furação das vigas, como
mostra a Figura 18.

Figura 18 - Exemplo de uma junta de ligação da viga principal

Fonte: Autor

6.7 Confecção dos suportes de ligação da estrutura

Para a confecção das chapas de ligação ou chapa gusset, a princípio, foi


necessário a usinagem de vários componentes. Foi efetuado o corte de uma chapa
retangular nas dimensões e geometria solicitadas com atenção às características de
cada um dos elementos de ligação. A chapa utilizada foi de ¼ de polegada (Figura
19). Também foi necessário a furação da chapa através de diversos passes de broca
(furo com brocas, 6mm,10mm, 13 mm, 17 mm diâmetro), esta chapa se fez necessária
para unir adequadamente as vigas ao pilar de sustentação.
42

Figura 19-- Exemplo de um suporte de ligação

Fonte: Autor

6.8 Confecção da viga castelada

Após definida a distância das extremidades, as vigas de ligação foram


posicionadas e esquadradas para a adequada soldagem de uma viga castelada. A
soldagem da viga ao pilar da bancada foi feita utilizando um esquadro de 90º e
procedimentos de pontiamento, soldagem e acabamento superficial com a lixadeira.

Figura 20 - Viga castelada

Fonte: Autor
43

6.9 Chapa de enrijecedor de base

Após montada a estrutura completa da bancada, foi inserido o enrijecedor na


base com o intuito de estabilizar a estrutura através de solda e barra roscada, como
mostra a Figura 21.

Figura 21 – Barra estabilizadora

Fonte: Autor

6.10 Pintura da bancada

Pensando na proteção superficial contra umidade e deterioração da estrutura


através do tempo. A bancada foi novamente lixada pelo disco “flap” a fim de retirar
qualquer oxidação adquirida e detalhes para o acabamento antes da pintura
eletrostática. As cores utilizadas foram a cor azul e branco.

Figura 22 - Pintura da bancada

Fonte: Autor

Após concluída a etapa de resultados, se faz importante analisarmos suas


discussões e efeitos a fim de destacar seus fins e aplicações
44

7 Considerações do projeto

Na etapa de concepção de projeto, foram selecionados alguns componentes


para análise, onde foram analisadas simulações através do projeto da estrutura em
desenhos CAD (Computer Aided Design – Desenho Assistido por Computador) e
simuladas em CAE (Computer Aided Engineering – Engenharia Assistida por
Computador) com o intuito de avaliarmos a situação de esforço máximo que o projeto
poderá ser empregado.

7.1 Do Projeto

A situação de esforço máximo designado para a bancada didática em projeto é


para a sustentação de diversos tipos de ligações e perfis de vigas e comprimentos
diferentes, sendo adotado o material Aço 1020 para simulações estruturais.

Através do software SolidWorks, pode-se mensurar o peso sendo


aproximadamente 224 kg (Figura 23), sem considerar as soldas e parafusos desta
estrutura e a partir disto fez-se algumas simulações em pontos específicos que
supostamente tenderiam a falhar anteriormente aos demais componentes.

Figura 23 – Ilustração do peso da estrutura

Fonte: Autor
45

7.2 Simulação de flambagem no pilar

Como mencionado anteriormente, utilizando o programa “SolidWorks” e


sabendo da tendência de corpos esbeltos tenderem a flambar, visto que, o índice de
esbeltez é uma medida mecânica utilizada para estimar com que facilidade um pilar
irá inclinar, de acordo com a Norma NBR 6118 (2014). Assim, o índice de esbeltez,
que leva em consideração o comprimento da flambagem, o raio de giração, a
excentricidade e a classificação dos pilares para definição das armaduras.

Portanto, foi simulado o esforço na viga de sustentação “Pilar” (Aço 1020) com
a carga de 300 kg resultando (aproximadamente 3000 Newtons, consideramos a
gravidade 10 m/s²). A Figura 24 ilustra a simulação.

Figura 24 - Simulação de flambagem no pilar

Fonte: Autor
46

O parafuso utilizado da Classe Iso 8.8, onde na Tabela 1 apresenta as


propriedades mecânicas do material, tais como a resistência a tração e o limite de
escoamento. Portanto, o ponto de maior tensão no parafuso é bem inferior ao limite
do material.
Com isso, a contra tensão do parafuso no furo da viga, de material aço 1020 foi
analisada, conforme figura 25.

Figura 25 simulação no furo do suporte (orelhinha)

Fonte: Autor

Essa simulação buscou demonstrar que antes do parafuso falhar, o furo da viga
irá cisalhar, tendo em vista que a aplicação da força (peso da apenas da estrutura) no
ponto é de 14,88 MPa e esta é inferior a do limite do material que foi fabricado o
suporte que é de 351,6 MPa, assim como podemos observar na figura 25.
47

8 Conclusão

Mostrou-se no decorrer do desenvolvimento deste estudo, as possibilidades de


aplicações práticas para atuação do engenheiro no mercado de trabalho com a
respectiva importância e abrangência do assunto de uniões metálicas nos serviços de
engenharia.
As etapas de desenvolvimento de um projeto desde o projeto arquitetônico com
os levantamentos em campo até a entrega dos materiais no canteiro de obra,
demonstrando também as condições; mínimas de projeto necessárias em cada etapa
do serviço, com algumas citações de normas ABNT que abrangem esse tipo de
assunto.
Na pesquisa efetuada por este trabalho, foi demonstrado alguns quesitos que
influenciam o engenheiro projetista na seleção do tipo de ligação. No primeiro
momento é baseado na análise estrutural e é motivado exclusivamente pelo critério
de cálculo de esforços, as quais são levados pela caracterização de um conjunto de
ligações, podendo ser rígidas ou flexíveis, em sua maior parte, seguindo a tendência
de ligações soldadas serem de fábrica e em campo ser utilizados os parafusos.
Também foi levado em conta que em um segundo estágio são analisados
outros fatores particulares aos processos determinantes, tais como: logística de
materiais, mão de obra, detalhamento e custos. O critério de custo pode ser ou não
um fator decisivo, fica a critério do profissional habilitado, geralmente se analisa como
um todo cada caso e pela dimensão da obra. A título de exemplo, o custo das
conexões rígidas realizadas em parafusos é mais caro do que as realizadas por
soldas, mas em obras de grande dimensão esse alto custo é dissolvido com a rapidez
na montagem das peças apresentado pelas diversas utilizações das ligações
parafusadas. Portanto, o custo é um critério influenciado pela dimensão da obra e
pelos possíveis imprevistos no decorrer da mesma. E ainda no que se refere aos
processos determinados, cada obra possui suas peculiaridades e exigências
diferenciadas, é uma boa prática, analisar sempre em função da disponibilidade de
material e de empresas contratadas para fabricação e montagem dos elementos na
localidade em que construção será realizada. Desta forma, compete ao engenheiro
responsável ter o conhecimento de todos os pontos de vista referentes à construção
a ser projetada e executada antes de estabelecer a ligação a ser empregada para que
não gere problemas futuros e por consequência custos extras.
48

Com a bancada surgiram novas possibilidades de integração, com a prática


com aulas de campo nas matérias de mecânica dos sólidos, resistências de materiais,
estrutura metálica, estática e soldagem, além da demonstração visual das ligações
metálicas, a bancada pode ser explorada como base para cálculos de vigas
casteladas, chapas, enrijecedor, comparações entre perfis do tipo I e H, analises de
forças do vento em estruturas, estruturas expostas ou ainda em fases de construção
estão mais propícias para sofrer esforços não previstos devido a falta de travamentos,
elementos complementares, com isso deve se ter atenção de análise do vento,
conforme a montagem, caso a estrutura for modular, garantir a estabilidade global
durante a montagem.
Outras possibilidades são a comparação de tirantes rígidos e flexíveis, pontos
de ancoragem, vigas soldadas e laminadas, sendo a fabricação de vigas bem comum
em pontes metálicas rodoviárias e até mesmo pontes rolantes.
Por todo o exposto, fica evidente a importância do estudo das estruturas
metálicas e o desenvolvimento de trabalhos que estimulam o conhecimento dos
discentes da UFR.
49

9 Referências

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Brasileira de Normas Técnicas.

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51

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