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Máquinas Elétricas e Instalações - Prof.

: Elton Zacaratto

Transformador Monofásico

Os aparelhos eletroeletrônicos são construídos para funcionar alimentados


pela rede elétrica. Todavia, a grande maioria deles usam tensões muito baixas
para alimentar seus circuitos: 6 V, 12 V, 15 V. Um dos dispositivos
utilizados para fornecer baixas tensões a partir das redes de 110 V ou 220 V
é o transformador.

Por isso, é extremamente importante que os profissionais da área de


eletroeletrônica conheçam e compreendam as características desse componente.

Este capítulo apresenta as especificações técnicas e modo de funcionamento


dos transformadores, de modo a capacitá-lo a conectar, testar e especificar
corretamente esses dispositivos.

Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste


capítulo, você deverá ter bons conhecimentos prévios sobre corrente
alternada, indutores em CA, relação de fase entre tensões e eletromagnetismo.

Transformador

O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores


de tensão em um circuito de CA. A grande maioria dos equipamentos eletrônicos
emprega transformadores para elevar ou rebaixar tensões.

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A figura a seguir mostra alguns tipos de transformadores.

Funcionamento
Quando uma bobina é conectada a uma fonte de CA, um campo magnético variável
surge ao seu redor. Se outra bobina se aproximar da primeira, o campo
magnético variável gerado na primeira bobina corta as espiras da segunda

bobina.

Em conseqüência da variação do campo magnético sobre as espiras, surge uma


tensão induzida na segunda bobina.

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A bobina na qual se aplica a tensão CA é denominada primário do


transformador. A bobina onde surge a tensão induzida é denominada secundário
do transformador.

Observação
As bobinas primária e secundária são eletricamente isoladas entre si. Isso se
chama isolação galvânica. A transferência de energia de uma para a outra se
dá exclusivamente através das linhas de forças magnéticas.

A tensão induzida no secundário é proporcional ao número de linhas magnéticas


que cortam a bobina secundária e ao número de suas espiras. Por isso, o
primário e o secundário são montados sobre um núcleo de material

ferromagnético.
Esse núcleo tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético fazendo
com que o secundário seja cortado pelo maior número possível de linhas

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magnéticas. Como conseqüência, obtém-se uma transferência melhor de energia


entre primário e secundário.

Veja a seguir o efeito causado pela colocação do núcleo no transformador.

Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético gerado


seja melhor, o ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois
fatores: a histerese magnética e as correntes parasitas.
parasitas

As perdas por histerese magnética são causadas pela oposição que o ferro
oferece à passagem do fluxo magnético. Essas perdas são diminuídas com o
emprego de ferro doce na fabricação do núcleo.

As perdas por corrente parasita (ou correntes de Foulcault) aquecem o ferro


porque a massa metálica sob variação de fluxo gera dentro de si mesma uma
força eletromotriz (f.e.m.) que provoca a circulação de corrente parasita.

Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas ou lâminas


de ferro isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas
torna-o bastante reduzido em relação ao núcleo de ferro maciço.

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Observação
As chapas de ferro contêm uma porcentagem de silício em sua composição. Isso
favorece a condutibilidade do fluxo magnético.

A figura a seguir mostra os símbolos usados para representar o transformador,


segundo a norma NBR 12522/92

Transformador com dois Transformador com três Transformador com

enrolamentos enrolamentos Autotransformador derivação central em


um enrolamento

Transformadores com mais de um secundário


Para se obter várias tensões diferentes, os transformadores podem ser
construídos com mais de um secundário, como mostram as ilustrações a seguir.

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Relação de transformação (a)

Como já vimos, a aplicação de uma tensão CA ao primário de um transformador


causa o aparecimento de uma tensão induzida em seu secundário. Aumentando-se
a tensão aplicada ao primário, a tensão induzida no secundário aumenta na
mesma proporção. Essa relação entre as tensões depende fundamentalmente da
relação entre o número de espiras no primário e secundário.

Por exemplo, num transformador com primário de 100 espiras e secundário de


200 espiras, a tensão do secundário será o dobro da tensão do primário.

Se chamarmos o número de espiras do primário de NP e do secundário de NS


podemos escrever: VS/VP = 2 NS/NP = 2.

Lê-se: saem 2 para cada 1 que entra.

O resultado da relação VS/ VP e NS/NP é chamado de relação de transformação e


expressa a relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no
secundário.

Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de


transformação que seja necessária. Veja exemplo na tabela a seguir.

Relação de Transformação (a) Transformação


3 VS = 3 . VP
5,2 VS = 5,2 . VP
0,3 VS = 0,3 . VP

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Observação
A tensão no secundário do transformador aumenta na mesma proporção da tensão
do primário até que o ferro atinja seu ponto de saturação. Quando esse ponto
é atingido, mesmo que haja grande variação na tensão de entrada, haverá
pequena variação na tensão de saída.

Tipos de transformadores
Os transformadores podem ser classificados quanto à relação de transformação.
Nesse caso, eles são de três tipos:
• transformador elevador;
• transformador rebaixador;
• transformador isolador.

O transformador elevador é aquele cuja relação de transformação é maior que


1, ou seja, NS > NP. Por causa disso, a tensão do secundário é maior que a
tensão do primário, isto é, VS> VP.

O transformador rebaixador é aquele cuja relação de transformação é menor que


1, ou seja, NS < NP. Portanto, VS < VP.

Os transformadores rebaixadores são os mais utilizados em eletrônica. Sua


função é rebaixar a tensão das redes elétricas domiciliares (110 V/220 V)
para tensões de 6 V, 12 V e 15 V ou outra, necessárias ao funcionamento dos
equipamentos.

O transformador isolador é aquele cuja relação de transformação é de 1 para


1, ou seja, NS = NP. Como conseqüência, VS = VP.

Os transformadores isoladores são usados em laboratórios de eletrônica para


isolar eletricamente da rede a tensão presente nas bancadas. Esse tipo de
isolação é chamado de isolação galvânica.

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Veja a seguir a representação esquemática desses três tipos de

transformadores.

Relação de potência
Como já foi visto, o transformador recebe uma quantidade de energia elétrica
no primário, transforma-a em campo magnético e converte-a novamente em
energia elétrica disponível no secundário.

A quantidade de energia absorvida da rede elétrica pelo primário é


denominada de potência do primário, representada pela notação PP.
Admitindo-se que não existam perdas por aquecimento do núcleo, pode-se

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concluir que toda a energia absorvida no primário está disponível no


secundário.

A energia disponível no secundário chama-se potência do secundário (PS). Se


não existirem perdas, é possível afirmar que PS = PP.

A potência do primário depende da tensão aplicada e da corrente absorvida da


rede, ou seja: PP = VP . IP

A potência do secundário, por sua vez, é o produto da tensão e corrente no


secundário, ou seja: PS = VS . IS.

A relação de potência do transformador ideal é, portanto:


VS . IS = VP . IP

Esta expressão permite que se determine um dos valores do transformador se os


outros três forem conhecidos. Veja exemplo a seguir.

Exemplo
Um transformador rebaixador de 110 V para 6 V deverá alimentar no seu
secundário uma carga que absorve uma corrente de 4,5 A. Qual será a corrente

no primário?
VP = 110 V
VS = 6 V
IS = 4,5 A
IP = ? Como VP . IP = VS . IS, então:

VS .IS 6.4,5 27
IP = = = = 0,245 A ou 245 mA
VP 110 110

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Potência em transformadores com mais de um secundário


Quando um transformador tem mais de um secundário, a potência absorvida da
rede pelo primário é a soma das potências fornecidas em todos os secundários.

Matematicamente, isso pode ser representado pela seguinte equação:

PP = PS1 + PS2 + ... + PSn

Onde PP é a potência absorvida pelo primário;


PS1 é a potência fornecida pelo secundário 1;
PS2 é a potência fornecida pelo secundário 2;
PSn é a potência fornecida pelo secundário n.

Essa expressão pode ser reescrita usando os valores de tensão e corrente do


transformador:

VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . IS2) + ... + (VSn . ISn)

Onde VP e IP são respectivamente tensão e corrente do primário;


VS1 e IS1 são respectivamente tensão e corrente do secundário 1;
VS2 e IS2 são respectivamente tensão e corrente do secundário 2;
VSn e ISn são respectivamente tensão e corrente do secundário n.

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Exemplo
Determinar a corrente do primário do transformador mostrado a seguir:

PP = VP . IP
VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . S2) = (6 . 1) + (40 . 1,5) = 6 + 60 = 66 VA
PP = 66 VA

PP 66
IP = = = 0,6 A
VP 110
IP = 0,6 A ou 600 mA

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