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António Alexandre Sitoe

Anducha Nazária Mabote

Ednólia Inocêncio

Emílio Carlos Vasco Sitoe

Inácio Mário Ussivane

Telma Gabriel Langa

Fundação da Sociologia e o Contexto Histórico-Social e Intelectual

Licenciatura em Geografia

Universidade Save

Chongoene

2022

1
António Alexandre Sitoe

Anducha Nazária Mabote

Ednólia Inocêncio

Emílio Carlos Vasco Sitoe

Inácio Mário Ussivane

Telma Gabriel Langa

Fundação da Sociologia e o Contexto Histórico-Social e Intelectual

Trabalho, a ser apresentado na Faculdade de


Ciências Naturais e Exatas, Universidade Save,
Extensão de Chongoene, para efeitos de
avaliação na cadeira de Didatica de Ciencias
Sociais, sob orientação do Phd. Jeronimo
Victor Teixeira.

Universidade Save

Chongoene

2022
Índice
1.0 Introdução..............................................................................................................................3
1.1. Objetivos...............................................................................................................................4
1.1.1. Geral:..................................................................................................................................4
1.1.2. Específicos:........................................................................................................................4
1.1.3. Metodologia.......................................................................................................................4
2.0. Fundação da Sociologia e o Contexto Histórico-Social e Intelectual...................................5
2.1. Sociologia..............................................................................................................................7
2.2. Fundamentos das ciências sociais.........................................................................................8
2.3. A formação da sociedade moderna.......................................................................................8
2.4. O pensamento de Maquiavel e a Ciência moderna...............................................................9
2.5. Revolução copernicana e a ciência moderna......................................................................12
2.6. O Confronto entre Racionalismo e Empirismo...................................................................13
3.0. Conclusão............................................................................................................................15
4.0. Referências..........................................................................................................................16
1.0 Introdução
A Sociologia surgiu em meados do século XIX, quando já havia ocorrido a Revolução Burguesa
na Inglaterra no século XVII e iniciado a Revolução Francesa, no final do século XVIII, em
1789. Estes dois movimentos revolucionários implantaram o processo liberal que deu
sustentação ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e ao Estado Burguês no mundo
ocidental. Desenvolve e consolida-se, no decorrer do tempo subsequente, o capitalismo que
assegurou as condições de produção e reprodução do Mundo Moderno.

Quando desencadearam as revoltas populares no campo e nos centros urbanos industriais


europeus na Inglaterra, desde 1835, e a revolução de 1848-49, na França e Europa, emerge e
desenvolve-se, também, a Sociologia. Ela nasce, portanto, de mãos dadas com a modernidade.
Pode-se dizer que, a Sociologia é o resultado desse Mundo Moderno, da mesma forma que ela se
posiciona e se coloca para desvendar e explicar os dilemas fundamentais deste novo mundo que
surge, superando, rompendo e propondo negar todo o passado.
1.1. Objetivos
1.1.1. Geral:
 compreender Fundação da Sociologia e o Contexto Histórico-Social e Intelectual

1.1.2. Específicos:
 Definir a sociologia;
 Falar de ciencias fundamentos das ciências sociais;
 Falar da formação da sociedade moderna;
 Compreender pensamento de Maquiavel e a Ciência moderna;
 Falar do Confronto entre Racionalismo e Empirismo.

1.1.3. Metodologia
Para a realização de qualquer trabalho cientifico deve recorrer-se a pesquisa bibliográfica que e
aquela que se realiza, segundo severino (2007), a partir do registro disponível, decorrente de
pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se
dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados.
Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de
contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007,
p.122).

Também recorremos algumas fontes devidamente identificadas e, a um aplicativo chamado


passei-directo disponibilizado pelo Google play-store.
2.0. Fundação da Sociologia e o Contexto Histórico-Social e Intelectual
A criação da Sociologia pode ser inserida entre os grandes eventos ocorridos no século XIX. Ela
mudou profundamente o modo do homem entender o mundo e a si próprio. Nesse Caso homem
descobriu-se definitivamente como um ser cuja essência é a sua sociabilidade permanente.
Obviamente as ações humanas fundamentais têm sempre o sentido da reprodução da vida. O que
a Sociologia nos permitiu perceber é que não há possibilidade de que a reprodução possa ser um
ato individual. A vida humana desenvolve-se numa estrutura espaçotemporal que passamos a
chamar de sociedade.

Os sociólogos logo descobriram que desenvolver uma “ciência da sociedade” é uma tarefa
extremamente difícil e complexa. Uma pergunta repetida até hoje é se a Sociologia pode ser
concebida como uma ciência, com o mesmo caráter das ciências físicas e naturais. Respostas
diferentes foram dadas a essa questão pelos autores que fundaram as três grandes teorias da
sociedade: Comte e Durkheim, Marx e Engels e Weber.

Vejamos a opinião de Peter Berger sobre a relação do sociólogo com a sociedade e com o seu
objeto de estudo:

O sociólogo é, ao mesmo tempo, sujeito e objecto do conhecimento sociológico. Ele sofreu ao


longo da sua vida um processo de socialização como qualquer outra pessoa, incorporando
valores, conceitos e habilidades, além de ocupar lugares sociais determinados.

A Sociologia é uma ciência com um caráter específico, que não pode ser reduzida às ciências
naturais. Esse debate esteve presente ao longo de todo o processo de desenvolvimento da
Sociologia. E nada indica que ele tenha sido superado. Atualmente tem se levantado, com
bastante freqüência, a tese de que se há um paradigma científico este deve ter como referência às
Ciências Sociais, pois mesmo os conhecimentos sobre a natureza são conhecimentos sociais.
Tome como exemplo a seguinte questão: por que uma instituição de pesquisa via de regra
financia um projeto de pesquisa sobre transgênicos e não sobre agroecologia?

A Sociologia nasceu num contexto de afirmação da modernidade, em que a sociedade industrial


capitalista, organizada territorialmente em economias nacionais, cuja unidade e soberania de
cada território é determinada por um poder político e ideológico igualmente nacional. Todas as
teorias sociológicas foram teorias elaboradas sobre essa sociedade. Por isso, não é surpreendente
que Auguste Comte tenha fundado, a partir do positivismo, que estudaremos mais adiante, uma
religião da humanidade, e Marx e Engels tenham atuado decisivamente na criação do primeiro
partido político moderno.

A Sociologia constitui a base e o fundamento das Ciências Sociais contemporâneas, como a


Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Geografia, a História, o Serviço Social, a
Comunicação Social, etc. Foi por meio da Sociologia que a pesquisa de temáticas diversas foi
possível, estabelecendo várias especialidades: rural, urbana, do trabalho, de Direito, da religião,
da cultura, da política, da economia, etc. O desenvolvimento da divisão do trabalho científico,
contudo, estabeleceu uma outra divisão, compondo o que hoje denominamos de Ciências Sociais
particulares.

Nas últimas décadas, duas idéias tomaram conta da intelectualidade mundial. De um lado, a
afirmação taxativa do fim das ideologias e da história como expressão do predomínio definitivo
da economia de mercado e do Estado liberal democrático. De outro, a idéia de crise do
paradigma científico da modernidade que atingiu em cheio a Sociologia e as Ciências Sociais. É
claro que não se pode separar a crise das Ciências Sociais da atual situação de transformação
social.

O objecto da sociologia desenvolve-se continuamente, tornando-se muitas vezes mais complexo


e provocando a recriação das suas configurações conhecidas. Em lugar de manter-se semelhante,
modifica-se todo o tempo. Além de que se aperfeiçoam continuamente os recursos
metodológicos e teóricos da sociologia, o que permite aprimorar os modos de refletir sobre a
realidade social, e é inegável que esta realidade se transfigura de tempos em tempos, ou
continuamente.

Sociologia nasceu, portanto, com objetivos práticos, ou seja, reorganizar a sociedade e isso
exigiria primeiramente conhecer para agir; compreender para reorganizar. Para Comte, somente
existe ciência quando se conhecem os fenômenos por suas relações constantes de concomitância
e de sucessão, advindo daí a possibilidade de previsão.
2.1. Sociologia
Sociologia: é a ciência mais complexa, uma vez que nos fenômenos sociais estão presentes
tantos outros fenômenos de ordem psíquica, biológica, natural. Daí ser o fim essencial de toda a
Filosofia Positiva.

Todos os dias as pessoas, em qualquer parte do mundo, realizam actos bastante simples,
necessários à vida: consomem alimentos, cultivam a terra, vão e voltam do trabalho, levam os
filhos à escola, conversam com os amigos, fazem exercícios físicos, enfrentam o trânsito caótico
etc. mecânica, como se não tivessem consciência de que os estão realizando.

Por um momento apenas vamos observar tais cenários cotidianos. Pode ser que a nossa reação
fosse de registro das pessoas e dos seus atos. Assim, não perceberíamos nada de diferente no
mundo dos homens. Por exemplo, perceber que embora os atos realizados sejam semelhantes – ir
ao trabalho – as pessoas que os realizam são diferentes; ou, ao contrário, que pessoas
semelhantes realizam trabalhos diferentes.

A Sociologia é um ato social porque os conceitos elaborados não serão conhecidos e empregados
apenas pelo sociólogo. Esses conceitos serão, de alguma forma, disseminados para o conjunto da
sociedade, tendo mais ou menos influência social. Muitos outros, no entanto, escreveram sobre a
sociedade, elaborando idéias até mesmo originais, mas que não foram apropriadas pela sociedade
como as idéias dos “clássicos”. Poderíamos formular a seguinte hipótese: além da profundidade
da análise social feita apelos “clássicos”, ela foi apropriada pelas classes fundamentais da
sociedade porque sistematizava os interesses das classes de forma mais coerente.

2.2. Fundamentos das ciências sociais


A Sociologia constituiu-se como um saber produzido segundo o método científico. A maneira
como fizemos a exposição do nosso exemplo indica como o saber sociológico se constrói. A
observação regulada das ações humanas é o modo de proceder à construção conceitual da
realidade social

Após intensos debates percebemos que qualquer ciência é uma força social activa, é um poder
criado pelo homem. A ciência refere-se sempre ao ser, mas não podemos eliminar o vir-a-ser (o
futuro). Quando fazemos uma afirmação sobre o ser, nesta afirmação já estão contidas as
possibilidades do vir-a-ser. Esse dilema é real, dele não podemos fugir. Ao longo da História
recente, fundamentaram projetos de sociedade, cuja expressão mais radical são os movimentos
políticos.

Por tanto os fundamentos da sociologia e de que Todo o conhecimento é um acto de criação da


realidade investigada no pensamento e como objectividade. O que isso significa? Que a
investigação sociológica não se esgota na compreensão da realidade vivida pelos homens; ela
também deve permitir ao homem projetar-se, presentificar o futuro. O que a Sociologia não pode
é aventurar-se exclusivamente na pesquisa do dever-ser, como procederam os pensadores da
Utopia e da Cidade do Sol. A investigação bem-sucedida, no entanto, exige do observador da
vida social uma grande capacidade de imaginação, como condição para ultrapassar o mundo das
aparências.

O sociólogo está proibido de moldar a realidade aos conceitos, como se estes fossem a própria
verdade. Ele deve ser capaz de deixar-se surpreender pela realidade investigada. Ser sociólogo é
exercitar permanentemente a liberdade de investigação, que não se resume a fazer o que se quer
ou a escolher entre alternativas; é também o exercício de refazer as escolhas, reavaliar o caminho
percorrido e assumir os erros cometidos.

2.3. A formação da sociedade moderna


A formação da sociedade moderna resulta da completa decomposição das instituições que
formavam a sociedade feudal. A nova sociedade afirma-se pela constituição de um sistema
econômico industrial capitalista, por um Estado laico (não religioso) fundado na soberania
popular e por uma cultura centrada na idéia de nação (ou de uma identidade nacional) e na
dimensão racional do homem.

A longa marcha do feudalismo ao capitalismo é marcada por dois momentos importantes: a


conquista e a exploração da América, no século XVl e pela ascensão a afirmação das burguesias
nacionais, no século XVII. São esses processos que estabelecem as condições para o
desenvolvimento das revoluções (inglesa, americana e francesa) e da Revolução Industrial
inglesa.

A expansão européia é precedida de um amplo crescimento do comércio e das finanças, a partir


do século Xlll. Além disso, a invenção da imprensa, os avanços na metalurgia, na produção de
metais e de produtos têxteis, a fabricação de canhões e de outras armas de fogo, o aprimoramento
da construção de caravelas e das técnicas de navegação, entre outros fatores, ampliam as
condições para o desenvolvimento do comércio e das conquistas de novos territórios.

2.4. O pensamento de Maquiavel e a Ciência moderna


A Ciência moderna surge a partir das reflexões feitas por Maquiavel (1469-1527) sobre o Estado
e a política.

As lições elaboradas por Maquiavel em O príncipe (1513) e nos Discursos sobre a primeira
década de Tito Lívio (escritos entre 1513 e 1519) estabelecem uma nova maneira de produzir o
conhecimento.

Foi dai que o Maquiavel abandona a ideia de estabelecer as coisas como elas deveriam ser, para
analisar as coisas como elas são.

Na verdade, Maquiavel, mediante a observação, estabelece princípios sobre o homem e a


natureza do Estado, bem como das ações que levaram certos “príncipes” a serem vitoriosos e
outros derrotados.

O fato de os homens serem “ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, fogem dos perigos,
são ávidos de ganhar” determina a necessidade do Estado, como instituição capaz de estabelecer
alguma ordem entre os homens, que obviamente se transformará em desordem, considerando as
características imutáveis dos homens.

Também justifica a necessidade do Estado o fato de existirem duas forças em confronto nas
sociedades: “o povo não quer ser comandado nem oprimido pelos grandes, enquanto os grandes
desejam comandar e oprimir o povo” (1998, p. 43).

O Maquiavel fez algumas observações de uma forma detalhada das acções dos grandes homens
e, particularmente sobre si mesmo enquanto dirigente da Republica de Florença, que lhe permitiu
construir um conjunto de regras necessárias para a conquista e manutenção do poder politico.

Para a compreensão das ações políticas, Maquiavel emprega duas categorias analíticas virtú e
fortuna.
E verdade que muitos defendem que as ações humanas são governadas pela fortuna e por Deus,
neste contexto o Maquiavel posiciona-se da seguinte maneira: “já que o nosso livre-arbítrio não
desapareceu, julgo possível ser verdade que a fortuna seja árbitro de metade de nossas ações,
mas que também deixe ao nosso governo a outra metade, ou quase” (1998, p. 119).

A fortuna pode ser traduzida como sorte ou, mais precisamente, como a indeterminação, o
acaso.

A virtú representa a ação determinada ou o conhecimento da situação.

Se fôssemos inteiramente governados pela deusa fortuna pouco teríamos a fazer; como somos
apenas em parte governados pela fortuna, podemos, por meio da virtú, dominá-la. Maquiavel cita
o exemplo dos rios caudalosos, que durante as enchentes arrasam tudo o que está próximo.
Quando volta a calmaria nada impede que os homens construam diques para controlar a fúria das
águas na próxima enchente. O que isso significa? É a efetiva presença da virtú, ou seja, da
capacidade dos homens observarem um fenômeno natural e inventarem estruturas de proteção.

Assim, a fortuna é controlada pela virtú; os homens conquistam sua liberdade. A política é uma
atividade humana, desvinculada dos deuses e da ética; ela é governada pela capacidade dos
homens em conhecer e transformar o mundo.

Nessa ordem de ideias, o governante vitorioso é aquele que é capaz de desenvolver a virtú,
transformando-se num verdadeiro sujeito do conhecimento e da política. Ele precisa conhecer as
diferentes forças sociais, a capacidade das mesmas em mobilizar recursos para a disputa pelo
poder, as estratégias políticas tradicionais e novas e, principalmente, conhecer a si próprio, as
suas próprias forças.

Na modernidade, o governante é o partido político, que tem um plano de ação administrativa


(programa de governo), capaz de expressar os interesses da maioria da população, de tal modo
que ela o assume como seu (hegemonia).

O Maquiavel faz uma advertência sobre o seguinte problema: “para conhecer bem a natureza
dos povos, é preciso ser príncipe, e, para conhecer a natureza dos príncipes, é preciso ser
povo” (1998, p. 130).
Ele esta ciente da oposição que pode ser encontrada na sociedade, por isso mesmo, o Maquiavel
afirma que; como há sempre uma oposição na sociedade, os conhecimentos são relativos e
respondem aos interesses concretos do povo ou do príncipe.

Além disso, há uma dimensão fundamental a ser observada pelo príncipe, que sobrepõe o parecer
ser ao ser. Essa intransparência se manifesta, por exemplo, em relação à palavra empenhada para
o povo. Como ninguém é absolutamente bom, novas circunstâncias podem obrigar o príncipe a
mudar de posição. É nesse momento que deve aparecer uma habilidade inerente ao príncipe:
saber disfarçar, ser um grande simulador e dissimulador.

Por isso, não é necessário que o príncipe efetivamente tenha as qualidades que ele afirma ter,
como a integridade, a humanidade, a piedade, a fé, a bondade, a convicção democrática, etc.,
“mas é indispensável parecer tê-las”. Por isso, precisa “não se afastar do bem, mas entrar no mal,
se necessário” (1998, p. 85).

No âmbito das verdades encontramos duas: a primeira do príncipe e a segunda do povo.

Poderíamos julgar, apressadamente, que este é o pior dos mundos, na medida em que ele nos
impede de chegar a um conhecimento universal ou ao mundo do “bem absoluto”.

O príncipe (ou o Estado) é necessário para instaurar a ordem no mundo dilacerado pelos
egoísmos e os conflitos inerentes ao homem.

E povo aparece como o ator decisivo para a preservação da liberdade e da República (“a
desunião entre o povo e o Senado de Roma foi a causa da grandeza e da liberdade da
República”). Também quando afirma que um príncipe deve “valorizar os grandes”, ele não se
descuida quanto ao papel do povo, pois o príncipe não pode “se fazer odiar pelo povo”.

O Maquiavel foi transformado num grande demônio da política, num símbolo do mal, devido as
teses de que os fins justificam os meios e da violência como instrumento do Estado.

A partir dai, a Igreja Católica encarregou-se de elaborar e propagar essa ideia, e então, os
vocábulo maquiavélico e maquiavelismo adquiriram um sentido pejorativo, significando
maldade, crueldade, má-fé, mentira, sacanagem, manipulação, etc.
Todavia, a obra de Maquiavel sobreviveu, sendo incorporada definitivamente na formação do
pensamento ocidental. Uma obra nunca produz unanimidade de pensamento, por isso ela só pode
se destacar pela sua capacidade de despertar o pensamento crítico.

2.5. Revolução copernicana e a ciência moderna


A revolução copernicana trata-se de um processo que apresenta três momentos importantes:

 a revolução “astronômica”, sustentada pelas reflexões de Copérnico, Tycho Brahe,


Kepler e Galileu;
 as contribuições de Bacon e Descartes;
 a formação da Física clássica por Isaac Newton. Comecemos pela chamada revolução
copernicana, o estopim desse processo.

A obra de Nicolau Copérnico, de revolutionibus orbium celestium, escrita em 1532, começa a


mudar a imagem do mundo, produzida pela concepção de Ptolomeu (e Aristóteles) e sustentada
pela Igreja Católica afirma que:

 o mundo e a Terra são esféricos – o movimento dos corpos celestes é uniforme, circular
e perpétuo –; a Terra se move em um círculo orbital em torno do seu centro e gira sobre
o seu próprio eixo –; a Terra não está no cento do universo.
 Segundo um texto do próprio Copérnico, citado por Reali e Antiseri (1990, p. 219):
“todas as esferas giram em torno do Sol como o seu ponto central. Portanto, o centro do
universo está em torno do Sol (...). O movimento da Terra, portanto, é suficiente para
explicar todas as desigualdades que aparecem no céu”.
 Tycho Brahe desenvolveu uma posição crítica ao sistema criado por Copérnico, sem
negá-lo totalmente. Brahe afirmou que a Terra não ocupa o centro em relação a todos os
planetas. Para ele, o Sol e a Lua giram ao redor da Terra, que preside a determinação do
tempo, porém os demais planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em
torno do Sol.

Newton, autor de Philosophiae naturalis principia matemática, é considerado o ponto


culminante de muitos esforços e obstáculos para compreender a dinâmica do universo, dos
princípios da força e dos corpos em movimento. Inventou um telescópio por reflexão, estudou a
luz, formulando a teoria corpuscular da luz, as cores, o cálculo infinitesimal e a mais importante
das suas formulações, a lei da gravitação universal. Procedeu à demonstração matemática da
teoria copernicana do universo, afirmando que todos os movimentos celestes estão submetidos a
uma força de gravitação em direção ao Sol, inversamente proporcional ao quadrado das
distâncias em relação a ele

As regras da Física, estabelecidas por Newton, podem ser assim resumidas:

 A simplicidade da natureza – não se deve admitir mais causas para explicar os


fenômenos naturais do que aquelas que são tanto verdadeiras como suficientes para
explicá-los;
 A uniformidade da natureza – aos mesmos efeitos deve-se atribuir as mesmas causas;
 As qualidades que pertencem a todos os corpos presentes num experimento devem ser
consideradas qualidades universais dos corpos. Assim, a natureza é simples e uniforme e
por meio das observações e dos experimentos

Em síntese: a formação da ciência moderna tem um fundamento: o mundo é uma realidade


ordenada e uniforme. A tarefa da Ciência é captar as regularidades dos fenômenos,
estabelecendo as relações entre eles. Esse empreendimento só é possível mediante o método
experimental, ou seja, formulam-se hipóteses – como fez Copérnico e por meio da experiência
como fez Galileu conclui-se pela comprovação ou não das hipóteses.

2.6. O Confronto entre Racionalismo e Empirismo


A história da Ciência terá ainda novos confrontos importantes. A imagem do mundo construída
de Copérnico a Newton abre novos confrontos, apesar da condenação de Galileu pela Igreja.

Dois movimentos importantes vão se constituir:

 O racionalismo cartesiano (vai colocar a necessidade de submeter a experiência ao


domínio da razão);
 O empirismo (vai afirmar a experiência como fundamento e limite do conhecimento).

Descartes quis estabelecer um método universal, inspirado no rigor matemático e em suas


"longas cadeias de razão". Para isso utilizou -se das seguintes regras:

A primeira regra era a evidência: não admitia "nenhuma coisa como verdadeira se não a
reconheço evidentemente como tal. Por conseguinte, a evidência é que salta aos olhos, é aquilo
de que não posso duvidar, apesar de todos os meus esforços, é o que resiste a todos os assaltos da
dúvida, apesar de todos os resíduos, o produto do espírito crítico”. Em outras palavras, evitar
toda precipitação e toda prevenção (preconceitos) e só ter por verdadeiro o que for claro e
distinto.

A segunda, era a regra da análise: "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas
quantas forem possíveis".

A terceira, era a regra da síntese: "concluir por ordem meus pensamentos,


começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender,
como que por meio de degraus, aos mais complexos".

O método é racionalista porque a evidência de parte não é, de modo algum, a evidência sensível
e empírica. Segundo essa corrente, os sentidos humanos enganam -se, suas indicações são
confusas e obscuras, só as ideias da razão são claras e distintas. O ato da razão que percebe
diretamente os primeiros princípios é a intuição.

A dedução limita -se em veicular, ao longo das belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das
"naturezas simples" (DESCARTES, 1999, p. 41).

A dedução nada mais era do que uma intuição continuada. Enfim, o importante e o que constitui
o preceito metodológico básico apontado por Descartes (1999) é que só se considere verdadeiro
o que for evidente, o que for intuível com clareza e precisão.

A crítica ao racionalismo (positivismo) é feita porque ele deixa suas teorias com caráter
imutáveis, uma vez "descobertas" as leis da ciência, elas são imutáveis. Para que ocorra
progresso, entretanto, o conhecimento precisa estar sujeito a situações conflituantes, confronto de
teorias, e que elas não são absolutas.

Tanto no caso dos racionalistas como dos empiristas, não há garantias de que está - se
conhecendo, de fato, a realidade em si mesma.

O que se conhece são ideias dessa realidade, representações que se recebe na consciência.
Assim:

Para o Empirismo, o conhecimento tem um valor relativo; não só porque varia com a experiência
(o que é verdadeiro para a experiência deste mundo poderá não o ser para um mundo diverso),
mas porque se limita a conhecer os fenômenos. E, por isso, vale só para o mundo constituído
pelos fenômenos.

Para o Racionalismo, a realidade é interpretada em função de certos dados da razão que traduzem
as possibilidades do espírito humano. Nesse sentido, o seu valor também é relativo, uma vez que
é válido apenas para os seres que tenham uma constituição psicológica como a do ser humano.

3.0. Conclusão
A Sociologia é uma ciência em construção que, desde seu início, em meados do século XIX,
procurou explicar as estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais da
sociedade moderna. Trata-se de uma ciência que surgiu no decurso da consolidação do Estado
Liberal Burguês.

Isto nos ajuda a compreender que, também ela, não está ilesa das contradições que caracterizam
a moderna sociedade capitalista. Pelo fato de vivermos em uma sociedade altamente complexa
em sua forma de organização, em seus diferentes níveis de funcionamento e em seus avançados
meios de comunicação, adquirimos muitas noções básicas que podem nos ajudar a compreender
os acontecimentos sociais.

Somente quando estudamos, criticamente, as questões teóricas e metodológicas das diferentes


teorias sociológicas, estamos nos apropriando das ferramentas necessárias e próprias para a
compreensão da organização social e da vida humana em sociedade.

As principais questões teóricas e metodológicas da Sociologia necessitam ser colocadas para o


estudo e a compreensão da realidade social. Compreender, analisar, criticar e explicar os fatos, as
estruturas e os processos sociais são desafios que estão colocados no cotidiano de todos nós,
trabalhadores (as) da educação.

Nem o racionalismo nem o empirismo eram respostas totais aos problemas que pretendiam-se
resolver. O racionalismo opunha -se ao empirismo, e a doutrina empírico - racionalista
representa uma tentativa de estabelecer a mediação entre estas duas, afirmando que o
conhecimento ocorre com participação da experiência e da razão.
4.0. Referências
BEAUD, Michel. História do capitalismo – de 1500 aos nossos dias. São Paulo: Ed Brasiliense,
1991.

HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977a.

HOBSBAWM, Eric J. A era do capital (1848-1875). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977b.

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Petrópolis: Vozes, 1996.

BERGER, Peter. Perspectivas sociológicas – uma visão humanista. Petrópolis: Vozes, 1980.

FERNANDES, Florestan. A natureza sociológica da Sociologia. São Paulo: Ática, 1980.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.

MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

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