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Elaine Bueno Silva

Projetos Didáticos
Educacionais e Culturais
1ª Edição

2018
Curitiba-PR
Editora São Braz

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Sumário

Aula 1 – Contextualizando os projetos educacionais 5

1.1 Atores do ambiente escolar 6

1.2 O papel do professor enquanto protagonista 8

1.3 Projetos educacionais 10

Aula 2 – O professor-pesquisador 13

2.1 Pesquisa no cotidiano escolar 15

2.2 O professor e a pesquisa como princípio educativo 19

2.3 Professor-pesquisador 21

Aula 3 – O projeto de pesquisa escolar na prática 25

3.2 Refletindo sobre o passo a passo desta estratégia 30

Aula 4 – Diretrizes de pesquisa educacionais em ambientes escolares e não-escolares 37

4.1 O pedagogo e sua atuação 39

4.2 Outros ambientes de atuação pedagógica 40

4.3 A pedagogia social 41

4.4 A pedagogia empresarial 43

4.5 A pedagogia hospitalar 43

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Palavra da professora-autora

Prezado, prezada estudante,

Ao longo desse caminho de estudo aqui descrito, você terá a oportunidade


de perceber a instituição educacional dentro de um contexto social, para então,
ampliar sua visão sobre as diversas intervenções que a escola recebe do meio
em que está inserida e, o quão é importante ter esse olhar para agir de forma
pontual sobre o planejamento das suas aulas, a fim de que possuam significado
para os indivíduos participantes desse processo e venham efetivamente oferecer
resultado de aprendizado na construção do conhecimento.
Além disso, também será abordado sobre como os planejamentos de
aulas que proponham projetos educacionais, tendo em vista esse contexto
educativo e o significado de aprender a partir daquilo que está à sua volta, pode
contribuir com o processo construtivo do saber. Portanto, importa-nos entender
o conceito primordial de projetos educacionais e como colocá-los em prática no
cotidiano da sala de aula.
Lembre-se de que você será instigado o tempo todo a se perceber como
protagonista do processo educacional, mediando o caminho das descobertas de
seus aprendizes, por meio de pesquisa, reflexões, debates, argumentações,
senso crítico e compartilhamento do saber individual para o saber coletivo.
Neste módulo “Projetos Didáticos, Educacionais e Culturais”, é importante
que você observe a relevância do seu trabalho como um pesquisador, que possui
a educação como objeto de estudo, além de incorporar as possibilidades de
amplitude da sua atuação profissional no mundo de trabalho, atendendo às
diversas demandas que necessitam de crescimento individual e coletivo por meio
do conhecimento para a transformação da sociedade em relações mais
humanitárias.
Aproveite toda a vantagem da flexibilidade de horários que um curso a
distância oferece e que permite a você conciliar seus estudos com o trabalho e
o lazer, além de escolher a melhor hora para estudar, e dedique-se de coração.
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Para tanto, mantenha-se nesse foco com muita disciplina e
responsabilidade. Esqueça-se das redes sociais e outros atrativos da internet
e concentre-se naquilo que fará de você um grande profissional. Organize sua
rotina, mantenha um cronograma firme e uma mente cheia de propósitos, pois a
educação ocorre com um objetivo planejado diante de reflexões e atitudes
bastante conscientes.
“A medida final de um homem não é onde ele fica nos momentos de
conforto e conveniência, mas onde fica em fases de desafio e controvérsia.”
Martin Luther King, Jr.

Tenha um excelente aprendizado!

Professora Elaine Bueno Silva

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Aula 1 – Contextualizando os projetos educacionais

Link da figura:

http://br.freepik.com/vetores-gratis/criancas-felizes-juntos-desenham-em-umagrande-folha-
de-livro_1215755.htm#term=estudante&page=1&position=34 Olá! Seja bem-vindo, seja
bem-vinda à primeira aula da disciplina Projetos didáticos, educacionais e culturais. Nesta
aula você entenderá os contextos em que se inserem as diversas instituições escolares,
seus atores, os muitos desafios que as rodeiam e as relações interpessoais que ocorrem
nesses meios em que estão inseridas. Perceberá a importância dos dados pertinentes à
elaboração de um estudo, de uma pesquisa coerente e significativa de um planejamento,

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de um projeto com caráter investigativo na educação, para que sua postura profissional
ganhe grandiosidade na transformação de pessoas na sociedade. Vamos trabalhar!

Costuma-se afirmar que o conhecimento representa, principalmente


nessa era da informação, um eixo pelo qual diversos desafios do
desenvolvimento interagem. São questões educacionais e de inovação girando
em torno de uma base comum de transformação. Integrando aqui conhecimento
e educação (meio e fim), é hora de refletirmos profundamente sobre o papel
interdisciplinar dos projetos planejados prioritariamente em ambiente escolar.

1.1 Atores do ambiente escolar

Observando a instituição escolar com olhos de quem vê de fora, podemos


afirmar que é um contexto que representa, em tamanho menor, as relações
sociais que vivenciamos no cotidiano, fora dos muros da escola, mas, que nos
permite como profissionais da educação (neste caso com olhos de quem enxerga
a realidade interna), refletir, recriar e agir na direção de práticas pedagógicas que
atendam necessidades específicas no tempo e no espaço, repensando as
relações que estabelecemos no exercício do nosso trabalho.
Fazendo esse paralelo do macro com o micro e vice-versa, o professor
também pode perceber o lugar central que a escola ocupa na organização da
sociedade, pois, experiências vivenciadas nesse ambiente acabam por se
externalizar em outras instâncias sociais, de forma que os atores reproduzam
conhecimento, valores e atitudes ali apreendidos. Daí uma das principais
vertentes de repensarmos continuadamente as relações interpessoais e
transpessoais estabelecidas no ambiente escolar.
Somos nós, os professores e gestores, as crianças e os jovens
estudantes, seus familiares e comunidade do entorno, os vistos como
participantes ativos de diversificadas demandas que surgem no cotidiano
educacional. Ainda aqui, é preciso considerar que cada um, no exercício do seu
papel, ainda interpreta de maneira bastante individual e subjetiva as muitas
realidades que se projetam nas relações que são travadas neste espaço social.
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Professores, gestores, estudantes e familiares, observam, interpretam,
significam, pensam, agem e reagem diante de tais estruturas, influenciando-as e
contribuindo para que esse contexto seja constantemente reelaborado.
O papel de cada ator é único, é diferenciado e desempenha uma
importância ativa e determinante na criação do ambiente em que interagem,
recriando possibilidades sociais e de conhecimento relacional. Cada um dentro
do ambiente escolar deve ser considerado a fim de que haja estruturação de
práticas educacionais conforme o tempo, o espaço as necessidades específicas
daquela determinada comunidade diante do saber. A partir de então, constrói-se
uma visão de ensino como um processo participativo diante do qual deve ocorrer
aprendizagem efetiva e de transformação social. Quando a ênfase na reflexão e
ação dos atores escolares se manifesta numa perspectiva interacionista e cheia
de significado, as experiências passam a permitir a criação e recriação, além da
elaboração de estratégias pertinentes e redefinem a realidade local para a
construção de uma autonomia autêntica e libertadora.
Cada qual desses atores no seu papel, traz uma história, uma vontade e
expectativa, uma contribuição. É preciso que o professor, protagonista central
dessas relações, não terceirize a responsabilidade profissional que lhe cabe, que
é mediar a construção de novos conhecimentos. Não adianta de nada
reclamarmos da política do Brasil, da família ou do trabalho, atribuindo a estes o
fato de não termos sucesso ou não podermos exercer nossas atividades. Pois,
enquanto. Enquanto apontamos para os outros, esquecemo-nos ou
distanciamo-nos dos aprendizes, pessoas que estão à nossa frente esperando
que algo que realmente importante se transforme em sua vida.
Jaques Delors (1999, p.99) afirma que “para que as atitudes e práticas
pedagógicas dos professores se transformem no sentido de promoverem uma
educação criativa, a educação não deve estar voltada para o saber, mas também
para o ser.”

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1.2 O papel do professor enquanto protagonista

Figura 1.2: O que se ensina e o que se aprende Fonte:


© Freepik

Diante das muitas realidades, questionamos:


Crianças e jovens estão efetivamente aprendendo? Quais as variáveis
mais significativas no desempenho escolar? Como despertar mais interesse na
aquisição do conhecimento? Como favorecer relações positivas entre
professores e estudantes? Como resgatar o papel do professor no desempenho
da sua função de educador?

Essas e muitas outras perguntas também são levantadas por equipes que
elaboram diagnósticos para mensurar a qualidade escolar, tais como os
programas de avaliação da aprendizagem: Prova Brasil, Enem, SAEB, PISA e
outros.

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Contudo aqui, mais do que todas essas perguntas, a descoberta sobre
fatores externos ou internos ao ambiente escolar serem determinantes no
contexto de aprendizado de um indivíduo, nos faz entender que grande parte do
resultado desse processo de ensinagem está, sim, nas mãos dos professores.
São eles:
Disciplina, controle dos progressos dos alunos, maior tempo efetivo de
aprendizagem, utilização de feedback apropriados, maximização do tempo de
comunicação entre professor e alunos, liderança eficaz, enfoque intenso no
aprendizado, cultura escolar positiva, ênfase nas responsabilidades,
monitoramento do progresso em todos os níveis, capacitação de pessoal e
envolvimento da família.
Assim, sabedores de que detemos o poder de fazermos a diferença no
aprendizado das nossas crianças e jovens e, sendo conhecedores do contexto
escolar em que estamos inseridos, a partir de uma visão crítica sobre o projeto
Político Pedagógico da escola e uma ação efetiva na elaboração desse
documento, podemos criar planejamentos de aula com base no desenvolvimento
de um conjunto de habilidades que tornem esse estudante competente para
enfrentar os desafios da vida, utilizando temas pertinentes que se tornem
verdadeiros objetos de estudo, investigação e pesquisa.

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1.3 Projetos educacionais

Figura 1.3: Projetos Educacionais


Fonte: © Freepik
Link da figura: http://br.freepik.com/fotos-gratis/jovens-fazendo-o-dever-de-casajuntos_1308326.htm

Ao planejar um projeto educacional, o professor toma como base as


competências que deseja desenvolver nos aprendizes, agregando algumas
habilidades que o façam chegar a esse objetivo maior. Também parte da
realidade do contexto que o cerca, considerando os diversos atores que se
relacionam e interferem nesse ambiente, as suas variáveis externas, internas e
o tema que deve ser repleto de significados para aquele que construirá um novo
conhecimento.
Observe sumariamente a enumeração do passo a passo na construção
de um projeto:
1. Problematização a partir de um tema
2. Justificativa do estudo
3. Objetivo do estudo
4. Metodologia/estratégias de pesquisa
5. Avaliação

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6. Referências
Visto como uma estratégia para organizar a prática pedagógica, os
projetos representam uma forma de pensar e agir sobre a realidade para
transformá-la, recontextualizando o espaço do saber. Por isso, envolvem o olhar
do educador-pesquisador que junto aos estudantes e comunidade escolar,
envolve o estudo, a pesquisa, a busca e o tratamento de informações, a reflexão,
o debate, o exercício da crítica e da argumentação.
A partir de uma necessidade ou curiosidade identificada no grupo ou por
ele, a proposta começa a ser planejada em detalhes e explorada em sua
elaboração para dar espaço a concretização de um problema e o estudo do
objeto definido. Tal planejamento inclui o cronograma, que não precisa ser fixo e
deve estar de acordo com o tamanho do escopo e, a definição de funções.
Então, o professor, a professora, independentemente de onde está
atuando, seja na escola, seja na igreja, seja na comunidade etc., faz o
levantamento, junto com as crianças e jovens sobre o que exatamente precisa
ser feito para o desenvolvimento do trabalho, por exemplo, como a coleta de
material será realizada, organizada e como as informações serão registradas.
Quanto mais diversificadas as fontes, mais riqueza de conteúdo chegará ao
conhecimento do grupo, assim, além das fontes bibliográficas é bastante
pertinente que trabalhos concretos sejam inseridos no percurso, tais como
estudos do meio, entrevistas, palestras, depoimentos da comunidade, debates,
dramatizações e outras.
Com toda a riqueza de dados coletados, hipóteses provadas ou não, os
estudantes poderão organizar as informações obtidas em seus estudos de forma
a compartilhar esses saberes individuais, transformando-os em saber coletivo,
nesse momento supremo, orienta-se que a avaliação de todo o caminho até
então seja concluída.
Lembre-se sempre de referenciar a pesquisa, pois citar as fontes do
estudo dará ao trabalho de pesquisa a validade necessária.
Desse modo, podemos entender que os projetos consideram a
participação efetiva dos estudantes na elaboração da proposta, mas, vai além
disso, pois acaba por envolver os demais atores do ambiente escolar, baseia-se
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no projeto Político Pedagógico de cada instituição escolar, considerando o
contexto em que a escola se encontra inserida, e, isto, contribui para a relevância
do aprendizado individual e coletivo.

Espero que você tenha percebido que o contexto da instituição escolar


possui diversos atores: professores, diretores, familiares, estudantes e
comunidade em que se insere, além dos muitos desafios que permeiam tais
relações interpessoais pertinentes ao ambiente de ensino e aprendizagem
formal. Entender a importância das informações e ações que fazem parte da
elaboração de um estudo, de uma pesquisa significativa, de um planejamento ou
de um projeto com caráter investigativo na educação, faz com que sua postura
profissional ganhe notoriedade na verdadeira transformação de pessoas na
sociedade.

Nesta aula você viu sobre os atores do ambiente escolar, sobre o papel do
professor enquanto protagonista, sobre projetos educacionais e como estes
elementos podem contribuir para a ação educativa dentro das instituições, sejam
elas de ensino, de educação cristã, ou voltadas para a sociedade.

Atividade de aprendizagem

A partir da aula estudada, comente:


1. Como o professor deve pensar o desafio de educar por meio da
pesquisa, utilizando-se de projetos educacionais investigativos, já que
existe uma necessidade pungente no contexto social atual de
ressignificar a educação além da informação, reconstruindo
conhecimentos para o “saber” e para o “ser” individual e coletivo.
2. Qual a importância da utilização de recursos expressivos de função
imaginativa como a dança, a pintura, a escultura, a música, como
estratégias de representação do real no tratamento das informações
coletadas durante um projeto educacional? Por quê?

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Aula 2 – O professor-pesquisador

Link da figura: http://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-multietnico-de-homens-e-mulheresjovens-que-


estudam-em-ambientesfechados_1174221.htm#term=estudantes&page=1&position=29

Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à segunda aula de Projetos Didáticos,


Educacionais e Culturais. O objetivo desta aula é que você entenda que a
atividade de iniciação científica vai instrumentalizá-lo, instrumentizá-la para ser
um profissional com uma visão mais ampla sobre o que é aprender com
efetividade. Saiba que a atividade de pesquisa, com toda a sua formalidade,
pode parecer complexa, mas, na sua prática torna-se cada vez mais simplificada
e criativa como percurso de reconstrução do saber. Isto contribui para que o
professor, a professora seja um professor mais crítico e bastante dedicado às
transformações sociais.
Vamos trabalhar!

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Figura 2.1: Projetos educativosFonte: © Freepik
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/professor-de-geografia-e-estudantes-que-olham-
oglobo_860774.htm#term=professor&page=9&position=37

Então, vamos firmar um ponto de partida para todo esse nosso refletir
sobre a pesquisa na área educacional, tendo como norte a educação como
ferramenta de transformação social.
Observando o Brasil como um cenário diversificado em termos sociais,
econômicos e culturais, é notório que todos os cidadãos tenham direito a uma
educação de qualidade, o que significa dizer que é preciso se alinhar com o
espírito do buscar informações, comparar, pensar, debater, argumentar, sobre
temas significativos e contextualizados a serem estudados, desenvolvendo
ideais, valores e atitudes.

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Figura 2.2: Estudantes pesquisando
Fonte: © Freepik
Link da figura: http://br.freepik.com/fotos-gratis/jovens-assistindo-laptop-
nabiblioteca_1267948.htm

2.1 Pesquisa no cotidiano escolar

É fácil entender que o estudante que tem a iniciativa de ir em busca de

compreender o que está a sua volta, partindo de problemas de um contexto que

se faz significativo para ele, aprenda melhor. Essa busca está intimamente ligada

ao processo de pesquisa. Assim, pesquisa e aprendizado caminham juntos.

Vamos fazer um exercício? A partir das afirmações anteriores e tendo em

vista a sua percepção, em qual das imagens a seguir você acredita que o

aprendizado dos estudantes esteja ocorrendo de forma mais efetiva?

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Imagem 1

Fonte: © Frepik
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/irmaos-que-trabalham-com-um-ancinho-
naestufa_903969.htm#term=child planting&page=2&position=32

Imagem 2

Fonte: Rodrigo O.Sanchez / Wikimedia Commons


Link da figura: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sala_de_aula.JPG?uselang=pt-br

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Imagem 3

Fonte: © Freepik
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/fila-de-estudantes-de-ensino-fundamentalmultietnico-
lendo-livro-na-sala-de-aula-imagens-de-estilo-de-efeito-
vintage_1285035.htm#term=sala de aula&page=5&position=13

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Aprender é diferente de escutar aula e, é a partir dessa proposta de ir além
que recriamos a escola para se tornar um espaço do pensamento. Onde
podemos utilizar as potencialidades intelectuais aliadas a outras dimensões
inerentes ao ser humano, como as emoções, as intuições, as sensações.
O cérebro humano entende e interpreta as ambiguidades que se
apresentam no mundo real, possui percepções sobre detalhes que o cerca e
elabora propostas. O que não é possível e natural aos indivíduos é manter um
cérebro atento a uma única fala por quase uma hora ou mais.
Para que o professor tenha essa visão de conduzir suas aulas por meio
do processo de pesquisa, é preciso que ele também se veja e atue como um
professor-pesquisador. Que saiba, a partir do tratamento das informações
consolidar ideias e argumentar, ou seja, fundamentar conceitos sem ser o dono
da verdade, mantendo-se aberto para novas informações e conhecimentos
recriados continuamente.
A pesquisa no ambiente escolar como um princípio contínuo educativo
reconstrói a prática da maiêutica socrática e facilita a construção do aprendizado
efetivo.

Glossário
Maiêutica socrática - na filosofia socrática, arte de levar o interlocutor, através de
uma série de perguntas, a descobrir conhecimentos que ele possuía sem que o
soubesse.

Como diz Paulo Freire, não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino. Esses fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino
continuo buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque
indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho,
intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1996, p. 32-33).
Na escola atual já podemos observar diversos inícios de pesquisa, tais
como:

● Organização de uma feira de ciências.


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● Aprofundamento de um tema de estudo por um grupo de professores.
● Desenvolvimento de artigos e publicações em revistas.
● Projetos didáticos (sem base científica).

Contudo, é preciso que o professor atue profissionalmente com base em


um método como faz o pesquisador e deixe de lado a postura que menciona
Perrenout, quando afirma que ensinar é agir na urgência e decidir na incerteza.
(PERRENOUD, 2001).
Assim, a partir da elaboração de planejamentos embasados em projeto
didáticos, educacionais e culturais que proponham o método de pesquisa e
incentive a reflexão e o pensamento, cria-se na escola uma cultura de pesquisa.

2.2 O professor e a pesquisa como princípio educativo

Nessa perspectiva, o professor pesquisador passa a focar em uma


questão central que é o indagar e prepara-se a uma ação permanente junto ao
seu grupo de estudantes na busca de respostas. Projeta o que será necessário
para iniciar essa busca, uma pesquisa sobre o que se quer descobrir e
responder. E esse é o grande desafio proposto, nos tornarmos como
professores-pesquisadores especialistas em fazer boas perguntas. Essas
premissas justificam o processo de busca.

Saiba mais
A partir do texto lido nesta aula e da afirmação de Pedro Demo a seguir, reflita
sobre a importância de se tornar um especialista em fazer boas perguntas para
seus estudantes.
“Não se trata de construir conhecimento absolutamente original como alternativa
única, porque isto é algo raro. Trata-se, na verdade, da tese mais modesta e
realista de reconstruir conhecimento, partindo do já existente, como manda
tradicionalmente a hermenêutica” (DEMO, 2000).

Glossário
Hermenêutica - interpretar, interpretação do sentido das palavras. Interpretação ou
compreensão do texto, dos sentidos e/ou da significação das palavras que o
compõem

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Ao projetar, professor e estudantes como pesquisadores, elaboram o
planejamento dessa busca pelo conhecimento, seguindo alguns passos:
• Elaboração do projeto de pesquisa: tema, problema, justificativa,
objetivo, prazo, recursos.
• Execução: coleta, organização e discussão sobre dados e resultados.
• Apresentação dos resultados: trabalho
Tendo em vista esses três momentos centrais do processo de construção
do conhecimento, ampliamos nossa visão de pesquisa educativa, entendendo
que, inicialmente, é preciso saber quais competências e habilidades pretendese
desenvolver nesses sujeitos.
A partir de então, conhecendo profundamente os estudantes e contexto
que os rodeia, torna-se o tema escolhido para uma determinada pesquisa um
lugar de afetividade. Mas, o que isso significa? Significa que o tema, além de
contextualizado (interligado à leitura do cotidiano), precisa fazer sentido para o
estudante, ser algo que realmente ele queira entender a partir da
problematização proposta.
Então, define-se o objetivo da pesquisa: o que se pretende atingir com o
processo do trabalho que seguirá. Como se trata de uma ação, inicia-se com um
verbo, referindo-se ao “fazer” e por isso apresenta-se sempre no infinitivo.
Definido o objetivo, levanta-se o que o grupo de estudantes pensa sobre
a problematização. Quais hipóteses, vivências, fontes e referenciais já são
conhecidos.
Pronto. Já é possível planejar o passo a passo da pesquisa e como
apresentar seus resultados. Lembrando sempre de encerrar o trabalho
detalhando onde as informações foram pesquisadas, para que os dados e
respostas encontrados ganhem validade em seus referenciais.

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2.3 Professor-pesquisador

Figura 2.3: Professor pesquisador


Fonte: © Freepik
Link: https://br.freepik.com/fotos-gratis/ideia-de-leitura-de-mesa-espacoespaco-
universitario_1235679.htm#term=professor&page=7&position=0

É como afirmam Maturana e Varela (1995), ampliamos nossos


conhecimentos, a partir do que já conhecemos. Sempre interpretamos, nunca
reproduzimos, porque não somos capazes de assumir posição de mero objeto
que engole o que vem de fora; pelo argumento biológico: o ser vivo, ao captar a
realidade externa, o faz ativamente, de tal sorte que o “ponto de vista do
observador” se impõe mais do que o contrário (MATURANA, VARELA, 1995).
Se pensarmos na pesquisa como princípio educativo, que se instaura com
a cultura de uma escola do pensamento, com especialistas em fazer perguntas,
levando estudantes à reflexão, ao debate, à argumentação, a recriação de
conhecimentos já existentes, podemos verificar que o saber está muito mais
ligado ao processo metodológico que aos próprios conteúdos em si. É uma
superação de conteúdos isolados e estáticos, que passam a fazer o papel de

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pano de fundo para incentivar a busca pelas respostas. São conteúdos que se
entrelaçam de maneira transdisciplinar e que possuem o movimento que a
própria vida cotidiana apresenta aos sujeitos da aprendizagem.

Glossário
Interdisciplinar - é o processo de ligação entre as disciplinas. Adjetivo que
qualifica o que é comum a duas ou mais disciplinas ou outros ramos do
conhecimento.

Isso nos faz pensar sobre um lado bastante atraente da busca pelo
conhecimento, pois valoriza o “saber pensar” e o “aprender a aprender”, numa
reação construtiva de um aprendizado com resultados bem-sucedidos.
Questionar e conhecer sempre foram importantes para a humanidade
desde que iniciou sua existência, ao mesmo tempo, possuir conhecimento trouxe
a determinados grupos, mais poder sobre outros seres humanos e, a partir de
então, passou a ser utilizado para que poucos controlassem política e
economicamente a maioria e assim continua até os dias atuais.
Como professores, precisamos abstrair definitivamente de nossas
práticas a ideia do simples “dar aulas” e oferecer a oportunidade para que
crianças e jovens detenham conhecimento e o façam a partir desse questionar,
indo muito além da informação.
É preciso humanizar a instituição escolar, refazendo essa instituição como
um espaço do saber pensar, lugar onde se gera menor marginalização do saber,
formando para menos para a simples instrução e mais para a cidadania.

O professor-pesquisador é autônomo e passa a formular propostas e


socializar conhecimentos, multiplicando os resultados das pesquisas realizadas
junto com seus estudantes e participando como sujeito transformador da
realidade.
Desta forma, o perfil desse professor se caracteriza prioritariamente por
ser um profissional:
 reconstrutor do conhecimento, a partir da pesquisa como forma de
educar;

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 conciliador do conhecimento com a humanização cidadã;
 “fazedor” do aprendizado do aluno;
 formulador de propostas.

Nessa perspectiva a escola se torna um espaço em que a pesquisa não


só faz parte, mas se torna um ambiente da própria escola, lugar de diálogo. Inclui
professores sempre atualizados, não com a postura de pesquisadores
profissionais, mas profissionais pesquisadores, sabedores de que o aprendizado
se inicia com a prática e, a partir de então, passa a ser confrontado pela teoria
existente e, finalmente, sistematizado.
Insisto, aqui então, que os professores se atentem para formar sujeitos
que saibam pensar de maneira interdisciplinar, pois, uma vez nesse caminho, o
indivíduo não se distancia mais da prática e utiliza-se da teoria para embasar e
confrontar seus pensamentos. E, poder incentivar o pensar é a forma mais
competente que um profissional da educação pode intermediar a busca pelo
saber para se chegar ao aprendizado.
Para o pensar a realidade de maneira interdisciplinar, tal como é, o
professor, a professora especialista se abre para, junto a outros especialistas,
ampliarem a forma de tratar as problematizações sem as distâncias
metodológicas das áreas. Com essa postura interdisciplinar por parte dos
profissionais da educação nasce na escola os centros integrativos de pesquisa
para temas levantados a partir da necessidade da comunidade escolar.

Glossário
Transdisciplinaridade significa mais do que disciplinas que colaboram entre elas
em um projeto com um conhecimento comum a elas, mas significa também que
há um modo de pensar organizador que pode atravessar as disciplinas e que
pode dar uma espécie de unidade.

Refletir sobre a formação docente com base no referencial do professor


pesquisador, requer que consideremos vários pontos de vista do que é proposto
atualmente na graduação de pedagogia, uma vez que estamos tratando de um
processo que desmistificaria a reprodução do “velho” modelo vigente para
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desencadear uma proposta inovadora voltada para o método de pesquisa
científica como princípio educativo.
Contudo é mister saber que tais reflexões se fazem necessárias para
intensificar o desejo nos próprios professores de proporcionar uma
transformação na sua forma de fazer docência, valorizando-se como estudiosos
da educação e protagonistas na prática do ensinar.

Nesta aula você conheceu que a atividade de iniciação científica como


parte inerente ao dia a dia da vida escolar vai proporcionar a sua formação
profissional uma visão mais ampla sobre o verdadeiro sentido do aprendizado
significativo. Tenha convicção de que a atividade de pesquisa científica, apesar
da sua aparente complexidade, torna-se cada vez mais simples na execução
cotidiana e mais criativa no caminho da construção do conhecimento. Isto
contribuirá para que o profissional da educação se torne cada vez mais crítico e
focado nas transformações sociais.

Atividade de aprendizagem
A partir da aula estudada, comente:
1. Como se tornar um “fazedor” de boas perguntas para seus estudantes,
reconstruindo o ambiente escolar e o currículo baseado
exclusivamente em conteúdo, transformando a escola em um lugar do
pensamento?
2. Como você avalia a atuação atual do profissional da educação, tendo
em vista o que aprendeu sobre o perfil do professor-pesquisador? O
que precisaria ser modificado?
3. Que contribuição o agir de maneira interdisciplinar contribui no
planejamento de aulas baseadas em projetos numa escola do
pensamento?

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Aula 3 – O projeto de pesquisa escolar na prática

Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/trabalho-em-equipe-campus-


notasconversa-casual-de-casa_1235749.htm#term=projeto na
escola&page=4&position=18

Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda a terceira aula de Projetos didáticos,


educacionais e culturais. Com esta aula vamos caminhar juntos, passo a passo,
com um exemplo prático da construção de um projeto de pesquisa com princípio
educativo. A partir de um objetivo maior no desenvolvimento de competências e
habilidades, foi pensado um tema hipoteticamente contextualizado para
exemplificar como problematizar de forma significativa um determinado conteúdo
e, sobre ele elaborar um planejamento de pesquisa, sistematização e
socialização do conhecimento. Vamos trabalhar!

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Figura 3.1: Projetos educacionais
Fonte: © Freepik
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-de-educacao-estudante-estudando-ebrainstorming-
conceito-de-campus-perto-de-estudantes-discutindo-seu-assunto-em-livros-ou-
livros-didaticos-foco-seletivo_1239190.htm#term=projeto na escola&page=4&position=24

Sabe-se que a cognição humana também apresenta a sua complexidade


e deve ser percebida sob dois aspectos: o individual e o coletivo.
Para isso, ao longo do planejamento de um projeto, varie ao máximo as
estratégias a serem trabalhadas, oferecendo oportunidades artísticas
diversificadas e que atendam as múltiplas percepções dos estudantes,
desenvolvendo e/ou descobrindo todas as formas de inteligências deles
Os processos mentais de elaboração do aprendizado diante da música,
da dramatização, da pintura e de outros recursos visuais, assim também como
dos recursos corporais e tecnológicos, permitem que o professor tenha cada vez
mais instrumentos e subsídios para alcançar melhores resultados.

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3.1 Construção de um projeto

A apresentação deste projeto partirá do seguinte pressuposto contextual:


Após um acidente de trânsito ocorrido na frente da escola com uma das
alunas da sala, que foi socorrida e levada a um hospital, a turma se mobilizou
acerca do tema: regras do ambiente público e respeito coletivo.

Título:
O título de um projeto será, possivelmente, o contato inicial que o leitor
terá do trabalho a ser desenvolvido. Assim, deve ser construído para chamar a
atenção do leitor.
Informe ao seu leitor sobre o objeto da pesquisa, de que ela realmente se
trata, sob quais parâmetros será realizado o trabalho e que referencias teóricos
deverão ser pesquisados. Mesmo sendo um título geral, ele pode apresentar
uma natureza mais poética já que terá a função de despertar o interesse para a
sua leitura.

Exemplo:
O trânsito cotidiano: a responsabilidade de cada um nos espaços públicos
no título não se coloca ponto final.

Justificativa
A justificativa é a problemática em si apresentada e que, como o próprio
nome diz, justifica a realização da pesquisa e de todo o percurso do trabalho a
ser desenvolvido.
Exemplo:
Muitas vezes o espaço público é visto como um dado e não como uma
construção dinâmica. A pesquisa sobre o tema contribui para desenvolver a
percepção e a responsabilidade individual com o ambiente coletivo em que
vivemos e no qual transitamos.
A justificativa de um projeto tem relevância quando esse traz algum
benefício coletivo para a sociedade.

27
Objetivo

O objetivo de um projeto traduz a solução para o problema levantado. Responde a


justificativa, é onde se pretende chegar após todo o trabalho de investigação.
Pode ser subdividido entre objetivo geral e específico.
O objetivo geral geralmente está relacionado ao desenvolvimento de uma
competência.
Exemplo:
Relacionar informações, representadas em diferentes formas, aos
conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de
intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
O objetivo específico está relacionado a habilidades que podem a
contribuir no desenvolvimento da competência selecionada.
Exemplo:
Vivenciar a necessidade da organização, por meio de regras e sinalização,
para que a circulação/trânsito entre as pessoas e os veículos de um determinado
ambiente flua adequadamente com base em respeito mútuo.

Metodologia
Na metodologia são listadas algumas estratégias que devem ser utilizadas
no processo de pesquisa. As estratégias a serem levantadas aqui devem estar
diretamente relacionadas ao objeto de pesquisa.
Exemplos:
Levantamento de hipóteses (ponto de partida, que deve ou não ser
comprovado ao longo da investigação, item importantíssimo e que deve estar
sempre presente entre as estratégias listadas: cada estudante contribui com seu
conhecimento a respeito do problema, antes da pesquisa);
Observação (ato de observar o ambiente a ser pesquisado);
Coleta de dados e seleção de informações (anotar o que se observa no
ambiente de pesquisa e selecionar as informações relevantes para resolver o
problema e atingir o objetivo proposto);
28
Debates (troca de ideias sobre as anotações selecionadas a partir do que
foi observado no ambiente de pesquisa);
Reflexão sobre a construção das regras urbanas e suas finalidades
(reflexão sobre as ideias debatidas a respeito das informações selecionadas);
Palestras e entrevistas;
Confecção de materiais diversos.

Estratégias
Nas estratégias, detalha-se o plano de ação de cada item listado na
metodologia e a ser trabalhado ao longo da pesquisa.
Exemplo:
1) Observação
Observar as placas de trânsito e conversar sobre o que cada uma
comunica.
Após observação das placas de trânsito, selecionar aquelas que podem
fazer parte do trânsito interno escolar, de maneira que comuniquem uma forma
de organização desse ambiente.
Verificar os mecanismos de funcionamento de cada sinal de comunicação
do trânsito com relação à: cores, palavras, desenhos, luzes e gestos.
2) Coleta de dados.
Pesquisa bibliográfica no Código de Trânsito Brasileiro e sobre os
princípios das crianças e adolescentes no trânsito.
Pesquisar em revistas e jornais figuras que indiquem a circulação de
pessoas em vias públicas.
3) Debates e reflexões
As entrevistas serão realizadas seguindo um roteiro de questionamentos,
com a elaboração prévia das perguntas. O entrevistado deve conhecer o motivo
de estar com os alunos, autorizando o uso dos dados fornecidos pelo
depoimento.
Organização de palestras sobre o tema em que os alunos sejam os
multiplicadores das primeiras ideais coletadas.
4) Representações

29
a) Construção de cartazes com recortes de revistas e jornais para
sistematizar reflexões proposta sobre o tema. Imagens trazem personagens não
privilegiados nos contextos históricos como: mulheres, idosos, negros, operários
e outros, a fim de recuperar experiências silenciadas para a formação da
identidade de cada aluno.
b) Construção de placas de trânsito e outros tipos de sinalizações, a
fim de criar um ambiente de comunicação que atenda às necessidades de
circulação interna da escola.
c) Construção de uma maquete, evidenciando os elementos de
trânsito necessários para uma boa circulação de veículos e pedestres na cidade:
faixa de travessia, semáforos, sinalizações verticais, passarelas, etc.
d) Representação por meio de desenho de uma planta baixa das vias
públicas de uma cidade pesquisada na qual houve planejamento para a
mobilidade urbana.

Avaliação
A avaliação de um projeto deve estar relacionada à uma ação concreta de
socialização do conhecimento construído individual e coletivamente pelos
estudantes.
Exemplo:
Cada grupo criará uma história de trânsito a ser dramatizada que envolva
um tipo de sinalização de sua responsabilidade. Criar cenário e confeccionar
figurinos para os personagens da história. Apresentar a dramatização da história
para os alunos de outras turmas.

3.2 Refletindo sobre o passo a passo desta estratégia

Esta aula será toda pautada em um projeto de pesquisa a partir de dados


hipoteticamente criados para exemplificar o passo a passo de um planejamento
colocado em prática na sua elaboração.

30
No caso desse exemplo trazido para essa aula específica, vamos partir da
intenção de desenvolver nos estudantes a seguinte Competência:

Passo 1

Relacionar informações, representadas em diferentes formas, aos


conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de
intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
Isso significa, que a partir da busca de informações em diferentes fontes,
sejam elas pessoais, bibliográficas, imagéticas ou outras, cada sujeito deverá ser
capaz de elaborar propostas de intervenção social, ou seja, deve atuar como um
cidadão crítico diante de situações-problema no meio em que vive.

Glossário
Imagético - Que advém da imagem, que se consegue exprimir por meio de
imagens.

Para que essa competência se desenvolva, obviamente não será um


único projeto de pesquisa que dará conta do recado, e sim, uma série de
habilidades que vão sendo desenvolvidas ao longo dos anos de escolarização e
que vão se consolidando no cotidiano de cada indivíduo, até que ele esteja
formado para agir coletivamente.
A partir de um planejamento previamente definido pelo professor com esta
visão ampla de desenvolvimento dos estudantes, é importante que se esteja
atento às diversas situações que surgem no dia a dia e que trazem significado
para a turma.

No caso aqui abordado, temos o seguinte contexto:


Passo 2
Após um acidente de trânsito ocorrido na frente da escola com uma das
alunas da sala, que foi socorrida e levada a um hospital, a turma se mobilizou a
cerca do tema: regras do ambiente público e respeito coletivo.

31
Se posso entender que um ambiente público inclui uma multiculturalização
e interesses individuais diversificados e que, não é possível uma haver uma boa
convivência coletiva sem que haja respeito uns com os outros, entendo também
a necessidade da criação de regras para esse espaço.
Neste caso, algumas propostas de intervenção social (competência a ser
desenvolvida) podem ser criadas, pois de alguma forma no caso do acidente
(contexto) é possível que alguma regra de convivência tenha sido quebrada.

Glossário
Multiculturalização - relativo à pluralidade cultural.

Passo 3

Esse contexto por si só já cria a justificativa de se criar espaço para a


busca de novos conhecimentos para ação e transformação da realidade:
Muitas vezes o espaço público é visto como um dado e não como uma
construção dinâmica. A pesquisa sobre o tema contribui para desenvolver a
percepção e a responsabilidade individual com o ambiente em que vivemos e no
qual transitamos.
Como há um contexto em que trouxe um tema direcionado ao respeito
coletivo em ambiente público, a justificativa aqui foca na visão de que a pesquisa
contribuirá na percepção individual com o coletivo.

Passo 4

A partir de uma justificativa para a pesquisa, podemos elaborar o objetivo


do projeto.
Vivenciar a necessidade da organização, por meio de regras e sinalização,
para que a circulação/trânsito entre as pessoas e os veículos de um determinado
ambiente flua adequadamente com base em respeito mútuo.
Quando crianças e jovem vivenciam na prática situações que lhes
permitam entender o que acontece em sua volta, sentindo a necessidade de
transformar o ambiente e, aqui no caso, para uma melhor convivência por meio

32
de regras, fica mais fácil refletir, debater e agir na proposição de mudanças, se
efetivando as propostas de intervenção social.
A partir desse momento elaborado junto com seu grupo de estudantes, o
passo mais importante é abrir para uma conversa inicial, a fim de que você
perceba que conhecimentos eles já trazem a respeito do tema.

Passo 5

Conversar com os alunos sobre situações cotidianas de trânsito, fazendo


questionamentos, tais como:
No transporte que utilizamos, fazemos uso de cinto de segurança?
Os locais em que brincamos são espaços reservados para crianças e não
trazem riscos de acidentes?
Fazemos travessias de forma adequada e segura? Utilizamos faixa de
travessia e passarelas?
Procuramos ver e ser vistos?
Respeitamos o espaço dos veículos e motoristas, para também sermos
respeitados enquanto pedestres?
É importante entender esse conhecimento que a criança ou o jovem já
trazem consigo a respeito do que será estudado, uma vez que o conhecimento
será reconstruído durante o processo de pesquisa, confirmando ou confrontando
as hipóteses levantas nesse momento inicial.
Assim, você não deve dar resposta nesta fase, muito pelo contrário,
quanto mais perguntas e, quanto melhor elaboradas forem, mais curiosos os
estudantes ficarão para buscar informações a respeito do objeto de estudo.

Passo 6

Aqui inicia-se o planejamento da metodologia em si, projeta-se o que


estaremos pesquisando coletiva e individualmente.
Será organizado com os participantes do processo sobre o papel que cada
um deve assumir nesse trabalho de observação, pesquisa, organização de

33
dados e tratamento das informações em que o conceito “transitar de forma
cidadã” será desenvolvido no ambiente escolar e extraescolar.
Também são definidos os prazos do cronograma e as estratégias de
pesquisa. Lembrando-se de que não há uma regra para o tempo de finalização
de um projeto, ele apenas precisa estar adequado à necessidade e extensão da
pesquisa.
Se faz bastante pertinente solicitar a participação de pessoas da
comunidade que possam trazer testemunhos ou documentos e imagens que
permitam reproduzir a contextualização do trânsito regional em outros tempos,
contando para a turma como se locomoviam.
Ao longo da coleta de dados, vá propondo reflexões, como por exemplo
neste tema:
O que vocês estão vendo nas imagens?
Vocês já utilizaram alguns desses meios de transporte? Em quais
situações?
Qual a importância dos meios de transporte?
Quais os cuidados que devemos ter ao utilizarmos os meios de
transporte?
Quais sinais podemos observar nas ilustrações?
Qual a importância dos sinais no trânsito?
Que tipos de sinais você já observou em nossa cidade?
O que você acha que cada um desses sinais
comunica? Como a comunicação humana por meio de
sinais evoluiu com o tempo?
Qual sua utilidade no dia a dia e particularmente no trânsito?

Traga a comunidade escolar para participar da ideia do espírito


cooperativo de convivência social no trânsito que estará sendo construído ao
longo da coleta de dados. Uma ideia é organizar palestras sobre o tema em que
os estudantes sejam os multiplicadores das primeiras ideias pesquisadas.

34
Passo 7

Esse é um dos momentos mais importantes da pesquisa como um todo,


a avaliação final.
Cada grupo criará uma história de trânsito a ser dramatizada que envolva
um tipo de sinalização de sua responsabilidade. Criar cenário e confeccionar
figurinos para os personagens da história. Apresentar a dramatização da história
para os alunos de outras turmas.
Nesta fase todo o saber individual se transforma em saber coletivo,
momento avaliativo culminante de todo o processo.

Passo 8

É de suma importância que os estudantes desde muito cedo listem as


fontes de suas pesquisas, pois referenciar a busca do conhecimento em saberes
já consolidados é o que valida todo o trabalho.

A interação dos estudantes e de outros participantes da comunidade,


interagindo com os instrumentos utilizados na busca do saber ao longo dos
diversos passos de um projeto de pesquisa com princípio educativo, fortalece o
aprendizado e se torna decisiva na construção do conhecimento.
Busque também incrementar a prática avaliativa de cada estudante,
estimulando-os a desenvolver uma autoavaliação processual, para que eles
observem sua evolução ao longo do aprendizado.

Nesta aula pudemos destrinchar juntos o passo a passo na construção de


um projeto de pesquisa com princípio educativo. Nesta construção prática no seu
dia a dia escolar, tenha sempre em mente um objetivo maior para desenvolver
competências e habilidades nos estudantes, pense em um tema que esteja
contextualizado à realidade deles para problematizar de forma significativa um
determinado conteúdo e, então, elabore de forma participativa um planejamento
de pesquisa. Ao final do processo, não deixe de sistematizar o conteúdo

35
pesquisado com a turma e, principalmente, socializar o conhecimento com a
comunidade escolar.

Atividade de aprendizagem
Para aprofundar a sua visão acerca de planejamentos de projetos e
ampliar sua prática na elaboração dessa estratégia didática:
1. Realize uma pesquisa na internet de dois ou mais projetos e faça
uma comparação do passo a passo desenvolvido, analisando criticamente se
estão direcionados para desenvolver o pensar dos estudantes.
2. Busque em documentos oficiais do MEC uma competência a ser
desenvolvida em crianças ou jovens, crie uma contextualização e descreva a
partir de um determinado tema o esboço de um projeto de pesquisa com princípio
educativo.

36
Aula 4 – Diretrizes de pesquisa educacionais em ambientes escolares e
não-escolares

https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Environmental_education#/media/File:4_6_2008_.6887934_17_10_12_PROTOCOL_800_
1_sviva8.jpg

Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à quarta aula de Projetos didáticos,


educacionais e culturais. Com esta aula você poderá perceber que seu campo
de atuação docente como um investigador da área educacional é muito mais
amplo do que você imaginava. A pesquisa tendo a educação como objeto de
estudo está em ambientes escolares e não escolares, o que possibilita ao
professor-pesquisador atuar profissionalmente em diversos setores da
sociedade em que a formação do ser humano esteja presente.

37
Apesar de a pesquisa estar aparentemente ligada a descoberta do
desconhecido, engana-se aquele que entende que os objetos de estudo devem
ser assuntos de que se possui pouca familiaridade.
O trabalho científico busca aprofundar conhecimentos e mostrar novas
interpretações da realidade e dos fenômenos que nos cercam. Assim, sempre
que buscar um tema para pesquisar individual ou coletivamente junto a um grupo
de estudantes, parta de assuntos próximos da vivência da comunidade e que
gere interesse de estudo.
Para isso, vamos abordar algumas práticas educativas e as atribuições do
Pedagogo em ambientes diversos, tendo em vista sua formação como o
investigador da educação.

Figura 4.1: Educação ambiental


Fonte: (cc) Walton LaVonda, U.S. Fish and Wildlife Service / Wikimedia Commons
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Environmental_education#/media/File:Children_g
et_instructions_from_teacher_on_how_to_plant_trees_in_their_schooyard.jpg

38
4.1 O pedagogo e sua atuação

Vamos iniciar essa conversa analisando um trecho das Diretrizes


Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia:
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia na
Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu Art. 3º e incisos I, II e
III:
O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações
e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e
práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão,
fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização,
democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade
afetiva e estética.
Parágrafo único.
Para a formação do licenciado em Pedagogia é central:
I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função
de promover a educação para e na cidadania;
II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de
investigações de interesse da área educacional;
III - a participação na gestão de processos educativos e na
organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino.
Observando as palavras destacadas percebemos que o profissional da
educação precisa ter um conhecimento amplo tanto teórico quanto prático, pois
seu repertório de informações prevê uma interação entre diversas áreas do
conhecimento. Ao pedagogo se atribui a habilidade da pluralidade e da
interdisciplinaridade, de entender o contexto para que haja pertinência da ação
educativa, de considerar a ética e a afetividade numa perspectiva de relevância
na ação social. As Diretrizes evidenciam sua atuação na gestão, na pesquisa e
nas complexas relações que se firmam instituições escolares.
Segundo Libâneo (2002), considera-se, então, a pedagogia na
caracterização de sua cientificidade como a ciência que tem como objeto de
estudo a educação e, por isso passa a ser responsável pelo estudo da educação

39
em quaisquer espaços onde são previstos conhecimentos educativos e
pedagógicos.
Nessa perspectiva vemos a atuação do pedagogo tendo como cenário os
mais variados ambientes da sociedade em que a educação se faz necessária e,
para tanto, precisa de profissionais capacitados para essa prática.
Ao abordar as habilidades profissionais e uma capacitação continuada
para a prática docente nos diversos setores sociais, podemos avaliar também na
Diretrizes curriculares nacionais para o curso de pedagogia que diz que o
professor deve estar apto a “trabalhar em espaços escolares e não-escolares,
na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do
desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo
educativo.”

4.2 Outros ambientes de atuação pedagógica

Libâneo (2002) também afirma que se há uma diversidade de práticas


educativas, há também uma diversidade de pedagogias: a pedagogia familiar, a
pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação, a pedagogia dos
movimentos sociais etc. e também, obviamente, a pedagogia escolar
Desta forma podemos afirmar que a educação se faz presente em outros
ambientes da sociedade, como por exemplo, vamos iniciar um despertar para o
trabalho da pedagogia social, hospitalar e empresarial. Contudo, este assunto
será visto com mais detalhes na disciplina Pedagogia em espaços não escolares
no módulo 6.

40
Figura 4.2: Pedagogia nas ONGs
Fonte: (cc) Pos, Robert H, U.S. Fish and Wildlife Service
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Child_learns_about_species.jpg

4.3 A pedagogia social

Entende-se por pedagogia social aquela que possui como objetivo o intuito
de resgatar crianças e jovens de volta ao ambiente escolar ou educativo. Ela está
diretamente relacionada à pedagogia da rua, o profissional deste setor é um
professor que atua como um agente social da mudança. Seu trabalho está
diretamente ligado à vulnerabilidade de crianças e jovens, às suas famílias, à
comunidade e à sociedade em que estão inseridos histórica e culturalmente.

41
Os pedagogos sociais trabalham a partir de uma observação muito
apurada da realidade, em que analisam os problemas sociais pertinentes a um
determinado espaço e tempo.
A partir da análise de dados e informações do ambiente social em que
atuam. Exercem uma função organizativa para a formação dos indivíduos ali
presente.

Figura 4.3: Pedagogia social Fonte:


© Freepik
https://br.freepik.com/fotos-gratis/professora-de-sexo-feminino-apoiada-em-uma-mesadesviando-o-
olhar_1267517.htm#term=professora&page=1&position=12

É comum que os pedagogos sociais, junto a profissionais da psicologia,


do serviço social, da sociologia e outras áreas afins, orientem crianças e jovens
para que eles possam organizar seus processos de aprendizagem.

42
4.4 A pedagogia empresarial

Já a pedagogia empresarial foca sua atividade na aprendizagem de


profissionais em suas áreas de atuação específica. Também aqui, o pedagogo
precisa ter um espírito de pesquisa para conhecer intimamente o ambiente em
que está trabalhando, a fim de propor as melhores estratégias de treinamentos
que contemple as necessidades da equipe da empresa, bem como a capacitação
para o desenvolvimento individual de cada participante do processo.
O pedagogo empresarial planeja, coordena e executa cursos de formação
profissional direcionado. Ele busca elevar os índices de desempenho na
produtividade profissional, seja pela motivação ou desenvolvimento pessoal,
intelectual, social, afetivo que atenda a necessidade do mundo do trabalho em
que está inserido.

4.5 A pedagogia hospitalar

A pedagogia hospitalar é um serviço com o objetivo de oferecer a seus pacientes de


internação mais prolongada, a oportunidade de dar continuidade a seus estudos
enquanto estiver sob tratamento.
São crianças e jovens em idade escolar e que se encontram temporária
ou permanentemente hospitalizados.
A fim de promover uma saúde integral ao enfermo, de forma que seu
atendimento seja cada vez mais humanizado, o pedagogo hospitalar cria
situações de aprendizagem e principalmente de interação social enquanto o
paciente aguarda sua recuperação e retorno à vida cotidiana.
Assim, como um investigador que tem a educação como objeto de estudo,
o professor-pesquisador formado em pedagogia, deve deter todos os
conhecimentos educativos para lidar com a demanda formativa de crianças e
jovens em qualquer um desses espaços em que a Educação está presente ou
se faz prevista.

43
Com esta aula você pode verificar que o campo de atuação profissional
docente como um investigador é bastante amplo e está muito além da sala de
aula. A pesquisa tem na educação como objeto de estudo em ambientes
escolares e não escolares um vasto campo investigativo para contribuir com a
formação de uma nova sociedade. Este contexto possibilita ao
professorpesquisador atuar em diversos segmentos profissionais em que a
formação do ser humano esteja presente.

Atividade de aprendizagem
A partir destas novas perspectivas de atuação do pedagogo, indique:
1. Com qual destes ambientes não escolar de trabalho você mais se
identifica? Cite três razões do porquê atuar nesta área?
2. Por que é possível afirmar que o pedagogo é um investigador da
Educação?

44
Referências

ANDRÉ, M. E. D. A. de. Etnografia da prática escolar. Campinas:


Papirus,1995.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. da G. S. Projetos pedagógicos na educação


infantil. Porto Alegre: ARTMED, 2008.

BRASIL, Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 9.503, de


23-9-97 - 1ª edição - Brasília: DENATRAN, 2008

BROOKE, N. & SOARES, J.F. Pesquisa em eficácia escolar: origem e


trajetória. Belo Horizonte: editora UFMG, 2008. DELORS, Jaques. Educação
um tesoura a descobrir. 3.ed. São Paulo: Cortez. 1999

BRUNS, César B. Educando crianças para o trânsito. Curitiba, Tecnodata


Educacional, 2010.

DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.


______, P. 2001. Educação & Conhecimento - Relação necessária, insuficiente
e controversa. Vozes, Petrópolis, 2ª ed. ______, P. 2001a. Saber Pensar. Cortez,
São Paulo, 2ª ed.

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia na Resolução


CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006.

Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf Acesso: 26/06/2017

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática


educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

LIBÂNEO, José C. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o


pedagogo, o que deve ser o curso de pedagogia. In: PIMENTA, S. G. (Org.).
Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.

MATURANA, H. & VARELA, F. 1995a. El Árbol del Conocimiento. Editorial


Universitaria, Santiago.

PERRENOUD, P. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e


competências em uma profissão complexa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
OLIVEIRA, Zilma Moraes Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e
métodos. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2005

45
Elaine Bueno Silva

Bacharel em Comunicação Social pela Unip/SP e pedagoga pela UniSantana/SP, pós-


graduada em Tecnologias Educacionais e EaD. Palestrante e consultora educacional.
Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I da rede estadual e particular em
São Paulo. Educadora em creches da Secretaria do Menor em São Paulo e também diretora
pedagógica de escola da rede particular, implantando e coordenando trabalhos de Educação
Infantil e Ensino Fundamental. Autora de livros didáticos e paradidáticos. Sócia-diretora da
“SITE – Soluções Integradas em Tecnologia Educacional”.

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