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O estado de Minas Gerais foi um dos principais destinos de grupos africanos para o

trabalho escravo dentre os séculos nos quais o comercio escravista foi um dos pilares da
economia da Coroa Portuguesa, sobretudo a partir do século XVII e findando no século
XIX. Sobretudo destinados a cultura mineradora, a partir da descoberta de reservas de
ouro e diamantes em meados do século XVII, tais grupos vieram em sua grande maioria da
África Ocidental, representados principalmente pelo povo sudanês, com predominância do
grupo Mina4.
Grande parte dos negros vindos da África Ocidental fazia parte de um mercado
caracterizado pela vinda de cativos em troca de fumo, sendo a Bahia o principal destino
desses grupos. Uma parte desses africanos era enviada ao norte mineiro, enquanto que o
sul de Minas ficava dependente da distribuição desses mancípios por parte do Rio de
Janeiro.
Nesse cenário, os cachimbos eram utilizados não somente para o hábito de fumar, mas sim
como meio onde os seus fabricantes (os cativos) incorporavam elementos que muitas
vezes representavam as lembranças de suas matrizes africanas. Desde formas
geométricas a antropomorfas os cachimbos hoje são objetos de estudo passiveis de se
trazer à tona informações sobre as dinâmicas culturais, sociais e econômicas
características do período escravocrata da História do Brasil, marcado pelo choque de
culturas vindas além-mar e sobretudo pela (re)formulação de identidades presentes nesse
contexto Atlântico (HANDLER, 2008; AGOSTINI, 2009; LOVEJOY, 2002; GILROY, 2002).
Sobre o presente objeto de estudo, o local a ser pesquisado refere-se a uma residência do
século XVIII, localizada na atual cidade de Diamantina, estado de Minas Gerais, que dentre
seus moradores teve Chica da Silva, ex-cativa que obteve ascensão social ao se casar
com o Contratador de Diamantes João Fernandes de Oliveira, que resultou na inserção da
mesma na elite diamantinense.

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