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Dentre o universo cerâmico estão os cachimbos históricos, ou de escravos como são

comumente denominados, que embora em poucos fragmentos configuram uma


expressividade a nível nacional, pois em poucos sítios históricos no contexto brasileiro os
mesmos aparecem nessas proporções. Com as escavações dos dois setores tem-se um
total de 104 cachimbos. Tais elementos são compostos tanto por exemplares inteiros como
fragmentos, sobretudo confeccionados a partir de duas técnicas: a moldada e a modelada,
com elementos figurativos tanto geométricos como antropomorfos, bastantes diversos.
Desse modo, a presente pesquisa teve como ponto de partida compreender esse contexto
escravista, marcado pelo intenso choque cultural entre americanos, europeus e africanos,
resultando numa cultura atlântica, ou segundo as palavras do pesquisador Paul Gilroy, um
“Atlântico Negro” (GILROY, 2001, p. 365). Como o tabaco inseriu-se na sociedade africana
e como o seu uso, através do cachimbo, tornou-se elemento de representação dessas
identidades africanas no contexto americano? Ainda, a diversidade das representações nos
cachimbos pode ser associada apenas às matrizes africanas? E, principalmente, como o
contexto sociocultural pode ser evidenciado e trazido à tona a partir desses objetos? Para
tanto, iniciaremos a discussão com a importância do tabaco no comércio escravista e a
relação entre as sociedades africanas com esse elemento exógeno, que culminou em um
(re)arranjo de suas distintas estruturas socioculturais.

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