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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância (IED)

Metodologia de Investigação Científica I, Curso de Biologia, 1° Ano

USO DO TABLET COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM À DISTÂNCIA

José Mussi, Código Do Estudante: 70822242; e-mail: 708222421@ucm.ac.mz

RESUMO:

A falta de uma análise e adequação do processo ensino-aprendizagem torna cada vez mais
difícil a missão de idealizar acções eficazes no tocante à inclusão digital nas escolas. Faz-se
necessário repensar como as novas tecnologias estão afectando o modo de pensar e agir das
pessoas, não só na vida cotidiana, mas também no universo escolar. Com o objectivo de
verificar a influência do uso das tabletes como ferramenta metodológica na construção do
processo ensino-aprendizagem em uma Universidade, em Moçambique, Delegação de
Nampula, foram aplicados questionários junto aos professores do ensino médio. Os resultados
mostraram que mesmo avaliando como positivo o uso dos tabletes como ferramenta para
ajudar no processo ensino-aprendizagem, nenhum estudante entrevistado recebeu treinamento
para o uso dos tabletes em sala de aula. E apontaram a falta de estrutura física e de acesso à
internet como um dos principais obstáculos a serem vencidos pela universidade no que diz
respeito o uso das novas tecnologias no dia-a-dia do processo educacional. Com isso, fica
comprovado que as políticas públicas de incentivo à inclusão digital ainda são muito falhas,
pois falta um planeamento com relação à capacitação dos profissionais envolvidos, bem como
um investimento na estrutura universitária.

Palavras-chave: Inclusão digital, Tecnologia, Educação.

INTRODUÇÃO

Na era digital, o potencial das tecnologias educacionais nas escolas não pode ser ignorado,
pois oferece ao ambiente de aprendizagem novas possibilidades (Montrieux et al., 2014;
Alvarez et al., 2011; Melhuish E Falloon, 2010). Trata-se de algo atraente, porém desafiador.

A relação entre educação e tecnologia é algo complexo e cheio de desafios. Pois, de acordo
com Maia e Barreto (2012), a introdução de recursos tecnológicos nas universidades não
garante, por si, uma mudança no desempenho dos estudantes. A criação de políticas públicas
direccionadas às tecnologias digitais na educação, predisposição dos Gestores,
Docentes/Tutores e estudantes em favor da inserção das tecnologias digitais, tanto no espaço
físico, quanto no currículo e na formação dos estudantes devem ser observados a fim de se
conseguirem melhores resultados.

Percebe-se que a tecnologia chega até as escolas, entretanto, infelizmente, a maioria dos
professores não sabem o que fazer com elas pedagogicamente. Além disso, os alunos também
não demostram afinidade para trabalhar com essas novas ferramentas no ambiente escolar.
Muitos deles acham que computadores e tabletes, por exemplo, só servem para acessar as
redes sociais e jogar joguinhos não pedagógicos. O potencial de dispersão que a internet tem
sobre os estudantes é um caso a ser estudado quando se fala em inclusão digital nas
universidades, pois, os estudantes também precisam ser conscientizados a respeito do uso das
novas tecnologias como ferramenta no processo de ensinoaprendizagem.

Segundo Cysneiros (1999), o maior desafio é fazer com essas inovações realmente melhorem
a qualidade do ensino e não se tornem apenas ferramentas obsoletas e sem adequação ao
processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, um descompasso é encontrado entre o potencial
das tecnologias digitais no contexto educativo e o seu uso efectivo para impulsionar o
processo (Conole, 2013). Pesquisas mostram que apesar de todo investimento realizado para
introdução das tecnologias da informação e comunicação na educação, alguns desafios
precisam ser superados no uso efectivo do computador e da internet pelos professores, nas
actividades com os alunos. Dentre os quais se destacam os problemas de infra-estrutura e da
formação dos docentes (TIC Educação, 2012).

A presença das tecnologias nas escolas requer das instituições de ensino e do professor novas
posturas frente ao processo de ensino e aprendizagem (Toledo et al, 2014). Para Kenski
(2003), para se ter um melhor ensino, faz-se necessário que se façam reformas estruturais na
organização da escola e no trabalho docente.

Segundo Jesus et al (2012), as rápidas mudanças tecnológicas e o grande fluxo de


informações exigem do professor a disposição para estudar sobre a implantação desses
recursos na educação escolar. Os professores devem ser capazes de identificar o que as novas
ferramentas tecnológicas podem oferecer ao processo educacional escolar, bem como
estabelecer a melhor forma de utilizá-las para que atendam aos objectivos da educação.
A novidade que ronda as escolas no momento é uso de Tablet, dispositivo portátil que permite
consumir, produzir e compartilhar conteúdos como textos, fotos e vídeos, além de possibilitar
a interactividade e conexão à internet.

A mudança que o Tablet pode levar para o modelo de ensino é foco de estudos e pesquisas.
Para muitos especialistas, o uso da ferramenta em sala de aula é algo inevitável. Entretanto,
todos defendem a preparação dos docentes e a adequação de conteúdo para o uso da nova
tecnologia, bem como a melhoria nas instalações prediais das escolas (Mainardes, 2013).

Para Moran (2012), os tablets desafiam as instituições a sair do ensino tradicional para
investir em uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e
outros à distância, mantendo vínculos pessoais e afectivos, estando juntos virtualmente.

Gandin (2011), elenca algumas vantagens do uso do tablete na sala de aula:

 a busca de informações e realização de pesquisas na internet, jornais e revistas;


 facilidade em organizar os alunos em grupos ou sentados em "roda", no chão ou em
espaços abertos, fora da sala de aula, pois não é necessário deslocar a turma para o
laboratório de Informática;
 facilidade em registrar as aulas através de anotações, gravações de voz, filmagens etc.;
 redução do peso das mochilas com uso de livros e textos digitais;
 personalização das aulas, que podem ser construídas e organizadas de acordo com a
realidade de cada série e turma;
 não há perda de conteúdo, pois existe a ferramenta de salvamento automático;
 diferentemente de desktops e notebooks, o tablet não atrapalha o contacto visual entre
alunos e professor.

Contudo, sua implementação nas escolas requer um planeamento cuidadoso e de longo prazo,
antes, durante e após o processo de implementação (Montrieux at al, 2013). Esta aplicação
deve envolver uma rede técnica, preparação e o envolvimento contínuo de todos os
interessados, além de planos de acompanhamento da execução processo e avaliação (Burden
at al, 2012; Heinrich, 2012).

De acordo com Gandin e Strelow (2011), para o uso do tablet, como toda nova ferramenta
tecnológica, é necessário haver um suporte, e quando se fala em escola, um suporte
pedagógico. Para elas o que causa preocupação é o facto de que algumas universidades estão
simplesmente comprando os tablets e colocando na mão de Tutores e estudantes, sem nenhum
critério. Essa atitude vem ocasionando resistência de muitos estudantes, devido ao fato de
grande parte deles terem dificuldades na utilização destes meios de ensino, muitas vezes pelo
pouco conhecimento destes instrumentos e pela falta de materiais de ensino. Outro grande
problema enfrentado na utilização dos tablets é a falta de rede sem fio, que dificulta o acesso,
via internet, a materiais pedagógicos, limitando seu uso no processo de ensino-aprendizagem,
fazendo com que os professores abandonem este meio de aprendizado. Isto se deve ao alto
investimento em infra-estrutura necessário por parte das universidades, que não possuem tais
recursos disponíveis (Fahl et al, 2013).

Em 2021 a Universidade Católica de Moçambique, através do projecto Educação Digital,


política para computadores interactivos e tablets, destinou cerca de 647 milhões de meticais
para a aquisição de 5000 mil tablets a serem distribuídos para estudantes da Universidade
Católica de Moçambique todo o país, com objetivo de oferecer instrumentos e formação aos
estudantes, tutores e gestores do EaD/UCM para o uso intensivo das Tecnologias de
Informação e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem (Neves e Cardoso, 2013).

Entretanto, em uma pesquisa desenvolvida por Silva et al (2014), foi constatado que entre as
dificuldades encontradas pelos tutores de uma universidade localizada no nosso belo
Moçambique quanto ao uso do tablet educacional, pode-se destacar a falta de assistência
técnica, capacidade inferior em termos de: duração da bateria, memória interna e memória
RAM e as limitações dos mesmos tendo em vista, que não foram capacitados para utilização
dos equipamentos de maneira eficaz, gerando assim, um desinteresse pela exploração do
tablet nas aulas.

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de verificar a influência do uso dos tablets como
ferramenta metodológica na construção do processo ensino-aprendizagem na Universidade
Católica de Moçambique, Centro de Ensino a Distancia de Nampula. Entre outros aspectos
avaliados, verificou-se que, se os estudantes receberam algum treinamento para utilizar os
tablets na universidade como ferramenta educacional, como é a realidade das actividades
pedagógicas diárias da instituição com o uso dos tablets.

Questão de partida

 Será que a entrega de tablets para estudantes do ensino universitário está


contribuindo ou não para melhoria no processo de aprendizagem?
Objectivos
De acordo com o assunto em estudo e do problema levantado para investigação, foram
traçados os seguintes objectivos:

Objectivo geral

 Analisar o grau de influência do uso de tablet no processo de ensino e aprendizagem à


distância, ao nível dos estudantes universitários, na Universidade Católica de
Moçambique.

Objectivos específicos:

 Indicar o nível de uso dos tablets no processo de ensino e aprendizagem à distância,


para os estudantes universitários;

 Identificar os motivos alegados pelos estudantes por falta de ferramentas compatíveis


para os alunos usarem nas aulas online ou plataforma moodle;

 Verificar a existência de práticas culturais que inibem a continuidade do uso de tablets


nas universidades no processo de ensino e aprendizagem à distância;

METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica norteou inicialmente a pesquisa. Em seguida, foi realizado um
trabalho de campo com a finalidade de obter dados referentes ao uso dos tablets por
estudantes do ensino superior localizado na cidade de Nampula. O universo dos estudantes
universitários foi de 5 que receberam tabletes e usam esta ferramenta como meio de aquisição
de conhecimento. O fluxograma apresentado na Figura 1 mostra as actividades desenvolvidas
para alcançar o objectivo do trabalho.

Figura 1 – Fluxograma das actividades desenvolvidas

Revisão Bibliográfica

Aplicação do questionário

Análise dos resultados


Ilustração 1: Fonte - Trabalho de campo, 2022
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os tablets reúnem os principais recursos dos sistemas teleinformáticas da contemporaneidade.


Por meio deste equipamento é possível obter recursos como: conectividade, mobilidade,
interactividade e integração de mídias.

O equipamento, chamado de tablet educacional, se caracteriza por incluir recursos com acesso
a sites educacionais e de pesquisas, que facilitam o trabalho em sala de aula, tanto no que diz
respeito a leituras, quanto a pesquisas. Mas como ele também permite o acesso à internet, o
usuário pode baixar outros aplicativos e/ou acessar conteúdos que não estejam directamente
ligados ao campo educacional. Isso se a conexão que permite o acesso à internet não tiver
recursos que limita o acesso a determinados conteúdos ou páginas da web.

O uso do tablet em sala de aula virtual se configura como um recurso que permite uma
interacção maior entre os saberes do aluno e os conhecimentos trabalhados em sala de aula
pelo docente/tutor.

A utilização do equipamento no processo de ensino aprendizagem dinamiza as aulas,


tornando-as mais atractivas e motivadoras. Mas inova por ampliar as possibilidades de
pesquisa, leitura e comunicação por parte dos alunos.

A facilidade com que o público jovem tem em manipular os recursos tecnológicos e usufruir
de seus recursos torna o uso do tablet uma novidade que congrega a tecnologia compatível do
século XXI, com os objectivos da escola no processo de democratização do saber.1

Outra vantagem é o volume de materiais levados para a sala de aula, tanto por parte do
professor, quanto do próprio aluno. É fato que os livros didácticos do ensino médio
apresentam um grande volume de páginas pela necessidade de aprofundamento teórico de
muitos conteúdos. Apesar disso, eles não dão conta das inúmeras informações disponíveis na
sociedade.

Deste modo, com o uso do tablet, muitos conteúdos podem ser acessados virtualmente pelo
estudante. Além disso, são disponibilizados recursos como vídeos, músicas, chats, imagens,
entre outros, que diversificam a maneira como os conteúdos são abordados.

1
https://1library.org/article/uso-do-tablet-na-educa%C3%A7%C3%A3o-uma-ferramenta-
inova%C3%A7%C3%A3o.qorpek7q
Considerando que cada pessoa tem uma singularidade no modo interage com os conteúdos, se
apropria e produz conhecimentos, com tempos e recursos que muitas vezes não são
consideradas pela escola e pelos professores, o uso do tablet pode se configurar em uma
estratégia de ensino que amplia as possibilidades educativas.

Como podemos verificar que:

O mundo físico e o virtual não se opõem, mas se complementam, integram, combinam


numa interacção cada vez maior, contínua, inseparável. Ter acesso ao digital é um
novo direito de cidadania plena. Os nãos conectados perdem uma dimensão cidadã
fundamental para sua inserção no mundo profissional, nos serviços, na interacção com
os demais (Moran, 2012, p. 9).

Por outro lado, de nada adianta um equipamento cheio de recursos se estes não são explorados
por parte do aluno e/ou do professor. Assim sendo, é preciso que o professor tenha formação e
que busque o conhecimento da utilização dos recursos do tablet. Por mais habituado que
esteja o aluno ao seu uso, tendo o domínio técnico da utilização de muitos recursos que o
professor desconhece, é o professor o responsável pelo processo educativo. Cabe a ele
planejar adequadamente as suas aulas para fazer o melhor uso possível do equipamento em
sala de aula.

O uso eficaz do tablet em sala de aula também depende de dispositivos que facilitem a
mobilidade e a conexão com a internet. Portanto, é preciso que também as escolas tenham
uma infraestrutura adequada com redes wi-fi que facilitem o uso do equipamento.2

Não se deve ter medo de usar a tecnologia, porque ela se torna uma aliada e não algo que vem
nos substituir, assim afirma Arthur Clacle, “qualquer professor que possa ser substituído por
um computador deve ser substituído” palestro assistida no YouTube através do vídeo do
professor Pierluigi Piazzi no dia 29/07/2022. E segundo Moran 2013, “as tecnologias móveis
trazem enormes desafios, porque descentralizam os processos de gestão do conhecimento:
podemos aprender em qualquer lugar, a qualquer hora e de muitas formas diferentes”.

Os tablets para escolas oferecem além da leitura, ebooks com imagens, vídeo e áudio, tudo
para captar a atenção do estudante. Aplicativos permitem aos alunos destacarem informações
relevantes, tomar notas e acessar o dicionário directamente do ebook. Esta interactividade

2
https://1library.org/article/uso-do-tablet-na-educa%C3%A7%C3%A3o-uma-ferramenta-
inova%C3%A7%C3%A3o.qorpek7q
facilita muito a interacção do aluno com os conhecimentos e ampliam as possibilidades de
ensino por parte dos professores.

Outra vantagem do tablet educacional é o baixo custo do equipamento. Isso também justifica
o investimento do UCM/IED na aquisição destes equipamentos e o interesse dos Estados em
adoptar esta política pública de ampliação do acesso à internet no ensino superior.

Embora ainda haja limites na efectivação desta política pública, o tablet educacional é uma
ferramenta que colabora com o processo de inclusão digital, fundamental ao combate de
exclusão social, cultural e económica e a democratização da educação, função social da escola
pública. Isso porque, embora muitos estudantes da escola pública já estejam habituados ao uso
de computadores e da internet, existem ainda muitos que são excluídos deste uso por
questões socioeconómicas e que têm na escola o único meio ascensão cultural, educacional,
profissional e económica.

Dispositivos móveis como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem á distância

A inserção da educação a distância como modelo de ensino possibilitou a inclusão de uma


parcela significativa da população. Uma das formas de utilização desta ferramenta apresenta-
se no chamado Mobile Learning, ou "aprendizado com mobilidade" (Dias, 2012). Para
realização do aprendizado com mobilidade é necessário, conforme Morais et al, (2011) o uso
de dispositivos móveis, como celular, tablet, notebook, netbook, palm e etc. Para que a
acessibilidade destes dispositivos seja concretizada, é necessária a existência de conexão com
a internet, através de redes wi-fi, bluetooth e GPRS/3G/4G. Ainda, dispositivos móveis
caracterizam-se por possuir algum meio de comunicação sem fio, normalmente com uma
capacidade limitada de poder computacional e fazendo uso de bateria como fonte de
alimentação (Morais et al, 2011).

A implementação de um projecto de Educação a Distância por tecnologias móveis pode


enfrentar algumas limitações resultantes do contexto de actuação do ensino à distância. Um
aspecto importante a ser considerado é o acesso à tecnologia para essa modalidade de ensino.
Os custos que envolvem o acesso à internet ainda são elevados (Bezerra e Júnior, 2009). Além
disso, em muitas regiões a rede ainda apresenta problemas como lentidão e dificuldades de
acesso ao ambiente, por limitações de capacidade da banda de internet.
Outro ponto a considerar para uma utilização proveitosa do ambiente é o conhecimento
técnico necessário para utilizar ao máximo todas as tecnologias com elas relacionadas. Por
exemplo, é pertinente o conhecimento de tecnologias como os Chats, Fóruns interactivos.
Muitas vezes, os envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem não estão aptos para
utilizar as novas tecnologias de transmissão de informação (Bezerra e Júnior, 2009).

APRESENTAÇÃO DOS DADOS RECOLHIDOS, ANALISE E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS
O questionário aplicado junto aos estudantes universitários foi dividido em três (3) etapas: a
primeira colectou informações sobre o perfil pessoal dos entrevistados, a segunda, da colecta
de dados dos estudantes e a terceira, do ponto de vista tecnológico.

Perfil pessoal

60% são do sexo feminino;


Diferentes faixas etárias, porém, todos com mais de 25 anos;
100% deles são imigrantes digitais, pois nasceram antes da chamada era
tecnológica. Geralmente, são pessoas que possuem dificuldade com algum tipo de
tecnologia.

Perfil do estudante

Os estudantes entrevistados fazem os cursos de Biologia, Geografia e Educação Física e


desportos. A Figura 2 mostra o perfil estudantil dos estudantes entrevistados.

Figura 2: Dados de estudantes

70%

60%

50%

40%
3
30%
2
20%

10%

0%
Nivel Periodo

Ilustração 2: Fonte - Trabalho de campo, 2022


De acordo com a Figura 2, quanto ao tempo de serviço na escola, 80% começaram a estudar
na faculdade mais recentemente (de 1 à 2 anos). Em relação ao tempo de estudo na faculdade
e no estado, possuem períodos bastante variados. Entre os estudantes entrevistados apenas 2
(dois) possuem domínio e os demais só estão se ambientando.

Ponto de vista tecnológico

Em relação ao conhecimento tecnológico do estudante, isto é, se o discente sabe utilizar um


computador, Datashow ou tablet, os dados colectados mostraram que 80% possuem algum
conhecimento, porém, de forma superficial/básica.

Em seguida, foi questionado se participaram de alguma formação para o uso dos tablets em
sala de aula, todos (100%) afirmaram que não.

Foi perguntado aos mesmos como eles avaliam o uso dos tablets como ferramenta para ajudar
no processo ensino-aprendizagem. Entre as respostas obtidas pode-se destacar:

 “O uso dos tablets em sala de aula virtual seria interessante e bastante produtivo e
dinâmico, porém, verifica-se alto custo de megabites para acessar a plataforma.”
 “Boas, pois se for bem orientado, os Tutores e Estudantes poderão usá-los em muitas
áreas da matemática, como a geometria.”
 “Ajuda no preparo das aulas e na aquisição de conhecimentos.”
 “Avalio como positivo.”
 “Não basta entregar tablets, tem que haver formação presencial e não somente deixar
ficha de leitura sobre o uso de tablet ou plataforma.”

Como pode ser observado, todos avaliam como positivo o uso dos tablets como ferramenta
para ajudar no processo ensino-aprendizagem, porém concordam também que há uma
distância entre o ter e o saber usar os tablets.

A pergunta seguinte foi: Em sua opinião os tablets são bem programados para um acesso mais
descomplicado, tanto para professores como para os alunos? 60% dos entrevistados disseram
que sim, ou seja, acham fácil o manuseio dos tablets. Porém, nunca usaram para o preparo das
aulas nem em sala de aula.

Entre as justificativas dos professores para a não utilização dos tablets nos preparos das aulas,
pode-se destacar a falta de acesso à internet e o fato do professor não ver utilidade no uso do
tablet quanto ao preparo de suas aulas.
As justificativas dadas quanto ao não uso dos tablets em sala de aula virtual podem ser
observadas na Figura 3 (vale salientar que neste item poderia ser marcado mais de uma
alternativa):

Figura 3: Queixa dos estudantes para a não utilização dos tablets em sala de aula virtual.

90%

80% Falta de facilitadades de


megabites
70%

60% Menor capacidade dos


50% tablets

40%
Não sabe usa-lo como
30% ferramenta de ensino

20%
Não sabe manusear o
10% tablet, pois não lhe deram
informacao sobre o uso
0%
1

Ilustração 3: Fonte- Trabalho de campo, 2022

Como pode ser observado na Figura 2, a maior queixa dos estudantes para a não utilização
dos tablets em sala de aula é a menor capacidade que influencia na lentidão do processamento
durante a participação das aulas online e, em seguida, vem o alto custo de megabites que
permitem o acesso à internet.

Quanto a opinião dos entrevistados sobre a contribuição para o processo de aprendizagem dos
alunos em relação ao fornecimento de tablet, 80% disseram que não contribuiu para o
processo de aprendizagem dos mesmos. Na opinião de um dos estudantes, “só o objectivo não
basta. Tem que oferecer uma viabilidade para a conexão colectiva da rede e informação sobre
o uso como ferramenta de ensino.” Ou seja, como dito anteriormente, uma negociação de
acesso a rede de internet free (mahala) para estudantes universitários daquele estabelecimento
de ensino superior, concretamente os que usam a modalidade virtual/digital e treinamento
específico para o uso como ferramenta de ensino.
CONCLUSÃO

As políticas públicas de incentivo à inclusão digital ainda são muito falhas, pois falta um
planeamento com relação a capacitação didáctico-pedagógica dos profissionais envolvidos,
bem como um investimento na estrutura escolar. O uso dos tablets educacionais no ambiente
escolar não veio para resolver todos os problemas relativos ao processo de ensino-
aprendizagem e sim para complementar o processo. Ou seja, não basta apenas disponibilizar
os dispositivos tecnológicos, é necessário um maior comprometimento dos órgãos
responsáveis no intuito de priorizar acções que possam, de facto, resolver a problemática que
assola as escolas estaduais, em relação ao processo de inclusão digital.

Dentro da perspectiva evolutiva do homem na transmissão dos conhecimentos, assim como a


aquisição, a tecnologia torna-se uma ferramenta fundamental por estar fortemente associada à
independência, possibilitando maior controle e participação de pessoas com deficiência em
actividades diversas, visando sua autonomia, qualidade de vida e inclusão social.

No que tange aos discentes, estes se comportam sempre como espectadores diante do novo,
porém em contacto com a plataforma, ou seja, no acto da interacção com os recursos que
foram utilizados, foi possível notar um óptimo rendimento, pois desenvolveram todas as
actividades a contento, demonstrando avanço significativo ao conseguirem superar nossas
expectativas.

De modo geral, entendemos que a utilização do tablet e seus aplicativos é um caminho que
pode favorecer visualizações e análises, de maneira prática, em qualquer tempo e lugar,
porém essa tecnologia ainda não está acessível à maioria. Por isso compreendemos que,
conforme os caminhos já trilhados, e com os avanços tecnológicos disponíveis, a
popularização desses recursos necessita se tornar uma realidade nas salas de aula em geral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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