No estudo de caso apresentado dois farmacêuticos foram notificados pelo
Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF-RS), pelo estímulo à automedicação do medicamento Metadoxil, comumente utilizado para o tratamento de alterações no fígado, porém estava sendo divulgado através de uma propaganda a utilização do Metadoxil para burlar o bafômetro, com a premissa que a medicação diminuiria os níveis de álcool de sangue e não seria detectado no bafômetro. Essa propaganda foi realizada dentro da farmácia, com cunho inadequado e desrespeitoso, colocando em risco a vida das pessoas, seja pela utilização incorreta da medicação, ou seja pelos riscos de acidentes de trânsito, com o condutor conduzindo o veículo alcoolizado.
O caso infringe a ética farmacêutica, que consta na resolução 711, infringindo
o artigo que cita “ A profissão farmacêutica deve ser exercida com vistas à promoção, prevenção e recuperação da saúde, e sem fins meramente mercantilistas”, observada no estudo de caso, onde a finalidade era adquirir o máximo de clientes possíveis para a venda do medicamento. Além disso a farmácia não é apenas um ambiente de compra e venda, mas também um estabelecimento de saúde, reforçada pela Lei Nº 13.021, que além de assegurar a farmácia como um local de saúde, também reforça a prática do farmacêutico na assistência farmacêutica em seu artigo 2º “Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional”, o que não ocorre no estudo de caso, onde a medicação é incentivada sem seu uso racional e sem qualquer assistência positiva do farmacêutico. Outro aspecto a ser citado é a propaganda, no visor da balança da farmácia, que incentivava os clientes a utilizar o medicamento caso bebessem e fossem dirigir, a Lei Nº 9.294 dispõe sobre as restrições ao uso e a propaganda de diversos produtos, incluindo medicamentos, em que discorre que a propaganda, a qual, envolve medicamentos é rodeada de restrições e obrigatoriedades, incluindo advertência e malefícios dos produtos divulgados, na divulgação de um medicamento é preciso expor os possíveis efeitos colaterais e adversos deste medicamento, além da frase “se persistir os sintomas um médico deverá ser consultado”, entre outros, o que não ocorre na propaganda da farmácia do caso ocorrido, em que é explicitado apenas pontos “positivos” da medicação.
Por isso, é de suma importância a fiscalização dos órgãos responsáveis,
como o do Conselho Federal de Farmácia e dos Conselhos Regionais de Farmácia, para avaliar a correta execução da profissão de farmacêutico e em que situações como essas ocorram as devidas providências e não voltem a acontecer novamente. É de suma importância o cuidado farmacêutico, em todos ambientes, seja na farmácia, hospital, ou em outras localidades, o cuidado farmacêutico auxilia a população nas necessidades relacionadas aos medicamentos principalmente, em que a assistência farmacêutica promove serviços e ações para auxiliar na assistência terapêutica, proteção, promoção e recuperação da saúde, estimulando ao uso racional de medicamentos, além disso é importante a interprofissionalidade do farmacêutico com outros profissionais para assegurar a assistência em saúde total do indivíduo. Referências:
BRASIL. Resolução Nº 711, de 30 julho de 2021. Dispõe sobre o Código de Ética
Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece as infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares. 2021.
BRASIL. Lei Nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a
fiscalização das atividades farmacêuticas. 2014.
BRASIL. Lei Nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e
à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. 1996.
BRASIL. Decreto-Lei nº 85.878, de 07 de abril de 1981. Estabelece normas para
execução da Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder executivo, Brasília, DF, 09 abr. 1981.