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Curso: Administração
Disciplina: Direito II
AD.II_16
Atualizado em 16/10/07

Falência

Falência

Conceito
“A falência (...) é um processo de execução coletiva, em que todos os bens do falido
são arrecadados para uma venda judicial forçada, com a distribuição proporcional do
ativo entre os credores”. (MAXIMILIANUS FÜHRER)
Podemos, portanto, conceituar a falência como o fato jurídico que atinge o
comerciante, submetendo-o a um processo judicial, para arrecadar meios de
pagamentos devidos ao(s) credor(es), e que não foram pagos pela impossibilidade
material de fazê-lo, já que o patrimônio disponível era menor do que o devido.

Finalidade da Falência

As principais finalidades da falência são as seguintes:


1 - A realização da par condicio creditorum, ou seja, fazer com que todos os
credores fiquem em uma situação igual, de forma a que todos sejam satisfeitos
proporcionalmente aos seus créditos;
2 - O saneamento do meio empresarial, já que uma empresa falida é causa de
prejuízos a todo o meio social, sendo prejudicial às relações empresariais e à
circulação das riquezas;
3 - E, por fim, auxiliar e possibilitar o desenvolvimento e a proteção da economia
nacional.

A falência, portanto, constitui-se um processo de execução coletiva, onde todos os


credores do falido, ressalvadas as exceções previstas legalmente, acorrem a um
único juízo e em um único processo executam o patrimônio do devedor empresário.
Diferencia-se, portanto, da execução individual, onde são executados algum(s) bem(s)
do devedor, visto que na falência todo o patrimônio penhorável do devedor é
comprometido pela execução. E, ainda, na execução temos um ou alguns credores
determinados acionando o devedor, já na falência temos todos os credores,
ressalvadas as exceções legais, executando coletivamente o patrimônio do falido.

Fases do Processo Falimentar


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Segundo nos ensina o autor Maximilianus Führer, o processo falimentar comum


comporta três fases. A primeira é a fase preliminar ou declaratória; a segunda é a
fase de sindicância e a terceira é a de liquidação.

A primeira fase vai da petição inicial até a sentença declaratória da falência. Se a


falência for requerida pelo próprio devedor, atendidos os pressupostos legais,
proferirá o juiz desde logo a sentença. Caso se o pedido apresentado por credor,
determinará o juiz a citação do devedor para que este apresente sua defesa.

A sentença declaratória da falência conterá os requisitos do art. 14, parágrafo único,


da lei falimentar, consignando o nome do devedor, a hora da declaração, o termo
legal, a nomeação do síndico, o prazo para as habilitações de crédito e demais
diligências, podendo inclusive ordenar a prisão preventiva do falido.

Na sentença declaratória, o juiz nomeia o síndico escolhido entre os maiores


credores do falido para desempenhar fielmente o cargo e assumir todas as
responsabilidades inerentes à qualidade de administrador. As principais atribuições
do síndico estão expressas no art. 63 da Lei de Falências.

A segunda fase também é chamada informativa ou investigatória, que vai da sentença


até o início da realização do ativo.

Na fase de investigação, apuram-se o ativo e o passivo, arrecadam-se os bens,


investiga-se a conduta do falido, declaram-se os créditos existentes, apuram-se
eventuais crimes falimentares, enfim, tudo reunido em dois outros autos, os de
declarações de crédito e os de inquérito judicial, que se juntam aos autos principais,
formando três autos paralelos, simultâneos e interdependentes, mas cada um com
andamento próprio e finalidade específica.

A terceira e última fase é a de liquidação, que é processada nos autos principais da


falência e na qual os bens arrecadados são vendidos e os credores são pagos. Nesta
fase esgota-se a finalidade dos autos paralelos das declarações de crédito e do
inquérito judicial, que auxiliaram os autos principais na verificação do ativo e do
passivo, bem como da conduta do falido, além de por fim ao processo de falência.

Encerrada a falência, devolvem-se os livros ao falido se não estiver respondendo por


crime falimentar e as sobras do ativo.

FALÊNCIA DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR CIVIL


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Não pode ocorrer a falência (submetida à Lei nº 11.101/2005) do devedor civil,


somente aplicando-se tal instituto ao devedor empresário (seja ele individual ou
sociedade empresária), conforme se depreende do artigo 1º da referida norma 1.
A insolvência do devedor civil é regida pelos Códigos Civil e Processual Civil.

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS NÃO SUJEITAS À FALÊNCIA


A LFR, em seu artigo 2º, é enfática ao estabelecer que não estão submetidas à
falência e recuperação as seguintes pessoas jurídicas: 2
a) empresa pública e sociedade de economia mista;
b) instituições financeiras pública ou privadas, cooperativas de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência
à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades
legalmente equiparadas às anteriores.

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Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.
2
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição
financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização
e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

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