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Marcos Esdras Leite

Rachel Inez Castro de Oliveira

Cartografia Temática

1ª EDIÇÃO ATUALIZADA

Montes Claros/MG - 2014


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2014
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Carlos Caixeta de Queiroz
Autores
Marcos Esdras Leite
Professor e pesquisador do Departamento de Geociências
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: marcosesdras@ig.com.br

Rachel Inez Castro de Oliveira


Professora e pesquisadora do Departamento de Geociências
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Comunicação e elaboração de cartas temáticas na geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 A cartografia temática e suas relações com a geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 A comunicação visio-espacial e a semiologia gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.4 Elaboração, leitura, análise e interpretação de mapas temáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

1.5 Cartas topográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
As geotecnologias, a cartografia turística e os gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.2 Novas tecnologias aplicadas à cartografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.3 Cartografia turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

2.4 Gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . 71

Atividades de Aprendizagem- AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Geografia - Cartografia Temática

Apresentação
A necessidade de entender e racionalizar o espaço sempre foi o ponto de partida para o
avanço das ciências que estudam as formas de ocupação do espaço (geografia, ciências carto-
gráficas, engenharia e outras). O mapa é consequência dessa preocupação do homem de repre-
sentar o espaço real de forma cartográfica, a fim de pensá-lo de maneira mais efetiva, além de ter
registrado a forma de ocupação num dado momento histórico, o que no futuro permitirá estabe-
lecer parâmetros.
Os mapas são usados desde seu surgimento para várias finalidades – agricultura, descri-
ção da paisagem, manifestações religiosas, ações militares – o que os torna peças fundamentais
para entender a complexidade da ocupação humana sobre a superfície terrestre. Por isso Duarte
(2002, p. 19) afirma que “a história dos mapas confunde-se com a própria história da humanida-
de, tornando-se, por essa razão, um tema inesgotável, bastante amplo e complexo, mas, sobretu-
do, apaixonante pelas surpresas que nos são reveladas a cada documento analisado”.
Dada a importância dos mapas, sua elaboração e confecção evoluíram, a partir do momento
em que se torna um instrumento mais científico e com a invenção da imprensa, bem como com
as contribuições inigualáveis de Mercator. Esses avanços estão relacionados à utilidade dos ma-
pas no período do renascimento, pois eram instrumentos imprescindíveis na navegação.
Como o mapa é um instrumento que facilita a visão geral de uma área, tendo em vista que
expõe de forma didática os elementos de certo espaço num determinado momento, seu avanço
é contínuo, ou seja, a humanidade reconhece a utilidade dos mapas. O fato de todos os países,
principalmente os mais ricos, terem órgãos de mapeamento de informações geográficas é um
indicador da importância desse instrumento para o planejamento nacional.
O uso de técnicas de mapeamentos é usado para várias finalidades, na biologia para mapea-
mento de populações e incidência de espécies, na história para representar como era o espaço
no passado, nas ciências agrárias para uso do solo e previsão de safra, etc. O uso militar também
é muito grande, e vale destacar que os grandes avanços que ocorreram nas ciências cartográfica
e geográfica estão intrinsecamente relacionados à sua aplicação militar.
Entretanto, a geografia é uma das ciências que mais faz uso dos mapas em seus trabalhos,
isso devido ao fato de o objeto de estudo da ciência geográfica ser o espaço e, portanto, tudo
que é mapeado está em um espaço; isso torna a geografia e a cartografia complementares, prin-
cipalmente a cartografia temática que trata especificamente do domínio de mapas temáticos.
Com o intuito de tornar esse trabalho um objeto de ensino e aprendizagem, buscamos
elaborar um material didático que tratasse a cartografia temática dentro do contexto da ciência
geográfica, pois é essa situação que será vivenciada por vocês durante o curso de graduação em
geografia.
A disciplina Cartografia temática tem a seguinte ementa: A Cartografia Temática e suas re-
lações com a Geografia. A comunicação visio-espacial e a semiologia gráfica. Elaboração, leitura,
análise e interpretação de mapas temáticos. Novas tecnologias aplicadas à cartografia. A elabo-
ração e interpretação de perfis topográficos. Com a intenção de enriquecer o conteúdo estuda-
do, os autores acrescentaram o tópico sobre gráficos, por ser um assunto de extrema relevância
dentro da Geografia. Essa disciplina tem como objetivo estudar as operações científicas, artísticas
e técnicas, com vistas a elaboração ou estabelecimento dos mapas e gráficos, assim como a sua
utilização.

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Geografia - Cartografia Temática

Unidade 1
Comunicação e elaboração de
cartas temáticas na geografia

1.1 Introdução
Nesta unidade trabalharemos com a essência da Cartografia Temática, haja vista que, para
dominar os mapas temáticos, temos que pensar a forma de comunicação entre o autor do
mapa e o leitor. Dessa forma, esta unidade se encontra estruturada para facilitar a compreen-
são do leitor sobre as formas de representação dos dados em cartas temáticas. Nesse senti-
do, estudaremos aqui a Cartografia Temática e suas relações com a Geografia; a comunicação
visio-espacial e a semiologia gráfica; elaboração, leitura, análise e interpretação de cartas temá-
ticas; cartas topográficas.
O objetivo geral desta unidade é capacitar o aluno a trabalhar com interpretação, leitura e
produção de produtos cartográficos aplicados à geografia. De maneira específica, esta unidade
permitirá, também, entender as formas de representação dos dados em mapas temáticos e os
métodos de facilitar a comunicação entre o autor do mapa e o leitor.

1.2 A cartografia temática e suas


relações com a geografia
Ao estudar a disciplina cartografia, no período passado, podemos perceber o quanto é com-
plexa essa disciplina. Essa complexidade é tamanha que a mesma foi dividida em duas: Cartogra-
fia e Cartografia Temática. Vale lembrar que essa medida é adotada internacionalmente.
Voltando ao conteúdo da disciplina Cartografia, estudada anteriormente, podemos perce-
ber que sua definição a coloca como ciência que representa o espaço em mapas e, ao mesmo
tempo, é compreendida como arte, pois confeccionar um mapa, também, é criar uma obra.
No caso cartografia temática, vamos compreender como deve ser elaborado um produto
cartográfico, ou seja, quais são as normas para mapas, gráficos ou perfil topográfico. Isso significa
que devemos conhecer as normas para empregar as cores e as formas dentro de um mapa, isso é
importante para facilitar a leitura e a interpretação do material cartográfico.
Dessa forma, podemos concluir que a cartografia trabalha com os elementos básicos para
elaborar um mapa, como as projeções, coordenadas e fusos horários, enquanto a cartografia te-
mática está relacionada às normas para elaboração de produtos cartográficos.
Fazendo uma incursão histórica sobre a cartografia temática, o professor Marcelo Martinelli
do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo – USP, um dos maiores especialis-
tas nessa área escreveu:

A progressiva especialização e diversificação das realizações da cartografia


científica, operadas desde os séculos XVII e XVIII e cristalizadas no século XIX,
em atendimento às crescentes necessidades de aplicação confirmadas com o
florescimento e sistematização dos diferentes ramos de estudos constituídos
com a divisão do trabalho científico, no fim do século XVIII e início do século
XIX, culminaram com a definição de outro tipo de cartografia, a cartografia te-
mática – domínio dos mapas temáticos (MARTINELLI, 2003, p. 21).

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UAB/Unimontes - 3º Período

Com essa análise, podemos entender que a cartografia foi sobrecarregada por tratar de di-
versos temas que tangem à representação do espaço em um plano e, por isso, houve a fragmen-
tação e surgiu uma área especializada na elaboração de mapas temáticos.
Então, a cartografia temática surge por uma necessidade de dominar as técnicas para repre-
sentação de temas que estão no espaço. Embora Martinelli (2003) afirme que o mapa temático,
num primeiro momento, representava o ponto de vista do autor do mapa, mostrando, assim, a
visão de mundo de uma pessoa.
Dica Atualmente, a cartografia temática se fortaleceu e, com isso, foram estabelecidas normas
para confeccionar mapas temáticos. Assim, as cores e símbolos usados em um mapa dependerão
Volte ao caderno do tipo de mapa. No mapa hipsométrico, que mostra a altitude do relevo, as cores usadas não
didático 2, na discipli-
na cartografia e leia são as mesmas de um mapa de vegetação, pois trata de temas diferentes.
o trecho que trata da Com o advento da informática, a cartografia temática, assim como toda a cartografia, evo-
relação entre a geogra- luiu bastante, pois facilitou o trabalho de configuração dos mapas, além de trazer novidades,
fia e a cartografia. Isso como será apresentado no item sobre “novas tecnologias aplicadas à cartografia”.
vai permitir que você Um ponto a ser ressaltado nesta disciplina é que, apesar desses avanços da cartografia te-
se lembre mais desse
assunto. mática, a mesma é tratada, na maioria das vezes, como apêndice da geografia. Temos que reto-
mar uma discussão que foi iniciada na disciplina História do Pensamento Geográfico, ministrada
no primeiro período, foi a relação entre o objeto de estudo da geografia, o espaço, e o objeto de
estudo da Cartografia, que também é o espaço.
Naquele momento apontamos que, apesar de ser o mesmo objeto de estudo, os enfoques
são diferentes, pois a geografia estuda a relação entre sociedade e natureza; logo, isso ocorre no
espaço. Enquanto a cartografia busca representar num plano o espaço, com os seus elementos
naturais e artificiais. Nesse sentido, a cartografia temática representa um tema específico do es-
paço no mapa.
Esse esclarecimento mostra que, apesar de se tratar de duas ciências distintas, a geografia e
a cartografia estão intensamente relacionadas. Por isso, a todo o momento, neste material didáti-
co, aparece a cartografia integrada à geografia, pois, para nós, geógrafos, essas são indissociáveis.
Uma definição clássica de geografia, proposta por Yves Lacoste, que entende a geografia
como saber pensar o espaço, reforça a necessidade de trabalharmos a cartografia temática den-
tro das mais variadas disciplinas que integram a geografia, uma vez que, para pensar o espaço,
é imprescindível conhecê-lo, mas, se tratando de um espaço com grande dimensão, essa tare-
fa se torna muito difícil, por isso o mapa temático apresenta a distribuição e ocorrência de um
determinado fenômeno nesse espaço, assim o mapa elimina os fenômenos que não interessam
naquele momento. Essa síntese é importante para obter informações do espaço e, consequente-
mente, permite pensar com maior propriedade sobre o mesmo.
Comungando dessa idéia, Martinelli (2003, p. 22) ressalva que “os mapas temáticos interes-
sam à geografia, na medida em que não só abordam conjuntamente um mesmo território, como
também o consideram em diferentes escalas”. Com essa afirmação, o autor supracitado explica
que, com o auxílio da cartografia temática, é possível analisar o espaço pela associação de vários
temas, bem como pode se considerar um determinado tema em várias escalas. Para facilitar o
entendimento, vamos usar o exemplo: imaginem que vamos estudar o município de Montes Cla-
ros, podemos usar vários mapas temáticos, como de população, hidrografia, relevo e outros, para
conhecer melhor esse território. Da mesma forma, podemos utilizar um desses temas, mas para
estudar um território maior como, por exemplo, a hidrografia do norte de Minas Gerais.
Outro ponto que torna importante essa integração entre geografia e cartografia temática
é o fato de a geografia ser dividida em várias disciplinas, como geomorfologia, biogeografia,
geografia urbana, geografia da população, geografia agrária, entre outras. Com isso, a cartogra-
fia temática é usada por essas disciplinas, haja vista que, por se tratar de temas específicos, os
mapas representaram um tema determinado, ou seja, será um mapa temático. Como exemplo,
podemos citar a distribuição da população pelos estados brasileiros que são usados nas aulas de
geografia da população, assim como o mapa dos biomas brasileiros é referência na biogeografia.
Essa relação da cartografia, ou melhor, dos mapas, com a geografia não é recente, pois,
como foi abordado na disciplina de cartografia, a história dos mapas se confunde com a constru-
ção do conhecimento geográfico, uma vez que, mesmo antes da geografia ser sistematizada, os
mapas já traziam informações sobre a organização de alguns territórios. Como escreveu Kish:

Nos albores de sua existência, o homem gravou em pedra ou em argila, pintou


em pele de animais ou armou em estruturas diversas o seu lugar, seu ambiente
e suas atividades. Ao fazer isso não só representava a prática de suas relações
espaciais, em terra ou mar, como também expunha o conteúdo das relações
sociais de sua comunidade (KISH, 1980, apud MARTINELLI 2003, p. 7).

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Geografia - Cartografia Temática

As informações trazidas nos mapas foram fundamentais para a sistematização da geografia


e, consequentemente, para seu reconhecimento enquanto ciência.
Outro aspecto que associa a geografia e a cartografia foi o questionamento sobre o uso do Dica
conhecimento para a dominação de territórios e povos. Esta dominação que tem origem com
Volte ao caderno
o homem se organizando em sociedade e, logo, ocupando um território, se desenvolveu, pas- didático 2, na discipli-
sando por dominação de áreas continentais, por conflitos entre nações, até chegar a uma forma na cartografia, e leia
atual de dominação. Esse novo modelo também usa a cartografia, porém há uma subjetividade o trecho que trata da
nos mapas, em que se busca empregar uma nova visão e novas informações, transformando a história dos mapas.
cultura local, regional e nacional.
Essa ideia é confirmada por Harley, ao afirmar que

“os mapas, junto a qualquer cultura, sempre foram, são e serão formas de saber
socialmente construído; portanto, uma forma manipulada de saber. São ima-
gens carregadas de julgamentos de valor. Não há nada de inerte e passivo em
seus registros” (HARLEY, 1988 apud MARTINELLI, 2003, p. 8).

Com isso, temos que ter muita atenção ao analisar um mapa que, por mais inocente que
possa parecer, o mesmo pode estar carregado de valores que podem induzir o leitor a tirar in-
formações equívocas. Um exemplo clássico dessa situação é o mapa que apresenta o continente
Europeu no centro do mapa mundial, como na figura 1. Esse mapa veicula a ideia do eurocentris-
mo, ou seja, a Europa como centro do mundo, que foi elaborada no período da expansão maríti-
ma comercial.

◄ Figura 1: Mapa
mundial com a
Europa no centro
representando a idéia
do eurocentrismo.
Fonte: Disponível em
<http://www.portalsa-
ofrancisco.com.br/alfa/
padrao-mapas-mundiais/
imagens/mapa-
-mundi.jpg>. Acesso em
10/07/2009

É devido a esse poder que o mapa tem é que devemos, enquanto profissionais que, além
de trabalhar constantemente com eles, temos capacidade de elaborá-los, ter maior atenção no
momento de ler um mapa e analisar todos os elementos que o integram. E, quando capacitado
para elaborar um mapa, ter a preocupação de não inserir informações que possam ferir outras
culturas.
Essa responsabilidade se agrava quando trabalhos com o ensino da cartografia no ensino
básico é fundamental, pois a percepção da criança e do adolescente é diferente do adulto, prin-
cipalmente da nossa, enquanto profissionais. Logo, ao trabalharmos a leitura de mapas com os
alunos, temos que respeitar suas limitações e sua cultura. Mesmo entre os alunos de uma mes-
ma turma, haverá disparidades culturais e sociais, isso exige do professor de geografia habilidade
para trabalhar com diversas visões sobre um único produto. É nesse sentido que recomendamos
que se trabalhe a cartografia temática com o aluno de forma gradativa. Assim, inicie com a carto-
grafia de uma escala local, ou seja, um espaço familiar para o aluno, como a sua rua. Depois avan-
ce para níveis de maior complexidade como a cidade, o município, a região, o estado e o país.
Acreditamos que um dos motivos do alto índice de rejeição da cartografia está relacionado
ao modo como é apresentado o estudo cartográfico ao iniciante. Para atrair o aluno e torná-lo

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UAB/Unimontes - 3º Período

mais interessado, temos que despertar nele o fascínio que os mapas provocam, principalmente
para aqueles que têm afinidade com a geografia.
Para isso, devemos nos apropriar das tecnologias em sala de aula, mesmo nas escolas com
limitações de recursos didáticos. Um simples globo terrestre traz emoções no aluno, quando esse
é observado pela primeira vez. Imaginem a sensação ao observar uma imagem de satélite ou
uma animação da construção de um mapa, em que os próprios alunos podem ser autores.
Caso seja possível contar com recursos mais sofisticados como o retroprojetor ou o projetor
multimídia (data show), o uso dos mapas pode ser potencializado, pois, com esses recursos, po-
demos dar uma dinâmica na apresentação dos produtos cartográficos. Como exemplo, podemos
usar mapas temáticos de crescimento de cidades ou de expansão da degradação ambiental de
vários períodos diferentes e sobrepô-los e, em seguida, ir passando de um período para outro,
isso mostra a dinâmica da transformação do espaço, podendo ser usado nas aulas das diversas
disciplinas da geografia.
Sobre essa importância da comunicação visual do mapa no ensino, bem como os avanços
causados nesse ramo, Taylor cita:

A comunicação cartográfica também está se beneficiando enormemente das


citadas novas tecnologias vinculadas à visualização e à multimídia. Assim, além
da comunicação visual tida como central, outras formas adicionais, como o
som e o texto, estão participando efetivamente. Obtemos, assim, uma comu-
nicação integral completa. Com essa efetiva integração entre o usuário e os
mapas, podemos esperar grandes avanços no ensino e na comunicação geral
(TAYLOR, 1994, apud MARTINELLI, 2003, p. 23).

Diante dessas informações percebemos que a cartografia temática é de fundamental impor-


tância para a geografia, tendo em vista que, com os mapas temáticos, a geografia se torna mais
precisa nos seus estudos e, sem esses produtos, a análise do espaço certamente seria mais difícil,
o que causaria um desinteresse pela ciência geográfica.
Com essa importância dos mapas na geografia, a cartografia temática usa de métodos para
facilitar a interpretação dos mapas, isto é, a comunicação cartográfica. Como são os geógrafos os
usuários do mapa, a comunicação entre o cartógrafo e o geógrafo é de suma importância para
que o mapa atenda seu objetivo.

1.3 A comunicação visio-espacial e


a semiologia gráfica
Vários autores comentam que o mapa é um modelo de comunicação visual que é usado co-
tidianamente por leigos para vários fins e por diversos profissionais e de forma específica para os
geógrafos.
Para Andrade (2008), os modelos de comunicação na cartografia abrangem os elementos: o
cartógrafo, o usuário e o mapa. O uso do mapa pode ser considerado como um processo de co-
municação visual com o objetivo de obter informação do mundo real.
Andrade (2008, p. 39) menciona que, para o processo de comunicação cartográfica tornar-se
eficiente, é necessário considerar os fatores que influenciam no projeto, cartográfico, tais como a
necessidade do usuário, seu nível de entendimento, o meio de apresentação, o uso do mapa e a
percepção do usuário com relação aos mapas.
Assim, para assimilar as informações encontradas num mapa, é necessário conhecer o signi-
ficado de cada símbolo nele implantado. Veremos a seguir que existem mapas que utilizam sím-
bolos que não são pré-estabelecidos, ou seja, o cartógrafo utiliza o símbolo que considera ser
mais adequado àquele mapa em estudo. Isso veremos em mapas temáticos. Já nos mapas topo-
gráficos (cartas topográficas), utilizaremos símbolos convencionais, ou seja, já estabelecidos,co-
mo, por exemplo, a altitude, que é representada por curvas de nível.
Segundo Martinelli (1998) e Le Sann (1983), a semiologia gráfica é uma teoria que é baseada
nas propriedades da percepção visual. Assim, o mapa gerado é uma imagem lógica, pois não se
fundamenta em convenções, mas na percepção do ser humano em relação ao significado natural
de cores, tamanhos, tonalidades e formas diferentes.

14
Geografia - Cartografia Temática

Conforme Le Sann (1983), a elaboração de um documento cartográfico constitui um pro-


cesso complexo e, nem sempre, quem tem a intenção de elaborar um documento nota várias
etapas que deve percorrer para chegar a esse fim.
Então, vamos perceber que o processo de construção de um mapa pode ser resumido nas Glossário
seguintes etapas: escolha do tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala, análise
Semiologia gráfica:
da informação e a tradução. Estudo dos símbolos
Escolha do tema: a escolha do tema está vinculada a finalidade do documento, ao tipo de gráficos, suas proprie-
usuário a que se destina, uma apresentação em congresso, uma publicação científica e também dades e suas relações
as fontes de informações disponíveis. com os elementos da
informação que eles
Le Sann (1983, p.4) ressalta que, por exemplo, o tema “População de Minas Gerais” pode
revelam.
ser de vários modos, a critério do autor, como também em função das fontes existentes, de suas
pertinências e atualização. Os aspectos quantidades absolutos, relativa, densidade, crescimento,
migração, estrutura etária e outros, são os modos de tratar o tema “População”; o autor deve es-
colher o aspecto mais relevante para ser cartógrafo, a fim de completar o texto pretendido. A
escolha do tema também é dependente das informações disponíveis; portanto, das fontes.
Seleção das informações relevantes: após ter escolhido o tema, é necessário escolhermos
as informações mais significativas. É importante tratar as informações antes de serem utilizadas.
O tratamento pode ser simples (porcentagens, agrupamentos em classes, etc.).
Outra etapa importante, de acordo com Le Sann (1983), é a definição do formato de apre-
sentação definitiva, que deve ser pensado paralelamente à escolha da escala. O formato deve
incluir a identificação completa do documento, título (e subtítulo, se necessário), legenda, escala,
orientação, data de dados, fonte, autor, órgão divulgador e data de publicação.
Então, durante a fase de escolha da escala, devemos pensar, no fundo do mapa, pensar na
base cartográfica. É bom sermos cautelosos na seleção das informações que irão compor nosso
mapa, para não sobrecarregarmos desnecessariamente o nosso documento.
Le Sann (1983) ressalta que a escolha do fundo do mapa é uma etapa delicada. O fundo do
mapa é o conjunto de traços, específicos ou não, que servem de suporte para as informações
que compõem a legenda. Podem ser: limites, rios, estradas, etc.
Também é importante, nesse momento, o autor do mapa elaborar um rascunho do mesmo.
Os principais problemas que podem ser encontrados no momento da análise do rascunho são:
a. Escolha inadequada do fundo do mapa. Este fundo talvez torne complexo, ou seja, forme a
chamada imagem parasita, ou melhor, imagem inútil ou inadequada à informação.
b. O desajuste entre o fundo do mapa e o tamanho dos símbolos utilizados. Às vezes coloca-
mos símbolos completamente desproporcionais, ou grandes demais ou muito pequenos,
isso dificulta a leitura e interpretação do documento cartográfico.
c. A superposição de símbolos torna a leitura difícil ou mesmo impede que ela seja realizada.
Após termos escolhido o nosso tema, selecionado as informações significativas, escolhido a
escala, nosso próximo passo é a análise das informações a serem traduzidas.
Conforme Bertin (1967) apud Le Sann (1983), o conteúdo de uma informação é subdividido
em partes que recebem o nome de componente da informação. Mas, para representar uma in-
formação, não basta identificar os seus componentes; é necessário, também, conhecer as suas
características. A primeira característica é o comprimento (número de elementos, de classes, ou
de categorias).
Outra característica importante é o nível de organização do componente. O nível de orga-
nização está o significado do componente que pode ser três: nível quantitativo, nível ordenado
e qualitativo. O nível quantitativo: o componente é constituído de uma série de dados que ex-
pressam quantidades. Por exemplo, o número de alunos por série, o número de dias de chuva
por mês, etc. O nível ordenado: todo componente que expressa uma ordem universal apresenta
este nível. Por exemplo, dias da semana, meses do ano, hierarquias militares, etc. O nível quali-
tativo: se o componente não é naturalmente ordenado, ele é ordenável. Podemos fazer a com-
paração ou a diferenciação entre os seus elementos. O nível qualitativo é subdividido entre o
associativo (que associa) e o seletivo (que diferencia). Por exemplo, indústrias, culturas, etc.Mais
adiante veremos como utilizar essa característica,nível de organização.
De acordo com Martinelli (2003), a cartografia temática ilustra o fato de que não se podem
expressar todos os fenômenos num mesmo mapa e que a solução para esse problema é multipli-
cá-los, diversificando-os. Diante disso, o objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com a aju-
da de símbolos qualitativos, ordenados ou quantitativos, dispostos sobre uma base de referên-
cia, geralmente extraídos das cartas topográficas, as informações referentes a um determinado
tema ou fenômeno que esteja presente no território mapeado.

15
UAB/Unimontes - 3º Período

Outra característica do componente é a maneira como ele é representado no plano de uma


folha de papel, ou seja, o seu modo de implantação. O modo de implantação pode ser pontual,
diz respeito àqueles elementos cuja representação simbólica pode ser reduzida à forma de um
ponto, como cidades, casas, portos, etc. Se for um estrada, linear e se forem categorias de uso do
solo, zonal ou areal. Percebemos então que o modo de implantação de um componente pode
variar em função da escala considerada. Por exemplo, uma indústria, a princípio o modo de im-
plantação é pontual, isso se a escala for pequena, mas poderá ser representada por uma zona, se
a escala for maior.

1.3.1 Elementos de representação no espaço

Para Martinelli (1998) o ponto não tem dimensão, representa apenas posição (localidade ou
localização). Por exemplo, localização de uma cidade, de uma indústria, etc.
A linha é unidimensional, representa apenas uma direção, por exemplo, o percurso de um
rio, uma estrada, etc.
A área é bidimensional, representa largura e comprimento. Por exemplo, densidade de po-
pulação, cultivos, áreas de cidades, etc.
O volume é tridimensional, representa largura, comprimento e altura. Por exemplo, quanti-
dade de precipitação, de produção, etc.
Nas palavras de Le Sann (1983), a linguagem gráfica é formada por variáveis da retina.
Martinelli (1998, p. 8) comenta que, ao cair um pingo de tinta sobre um folha de papel bran-
co, formando um borrão, imediatamente percebemos que o borrão está em determinado lugar
em relação às duas dimensões do plano (à direita e no alto). Essa mancha visível, além de ter uma
posição, pode assumir modulações visuais sensíveis. Assim, as duas dimensões do plano mais seis
modulações visuais possíveis que a mancha visual pode assumir constituem as variáveis visuais.
Segundo Rosa (2004, p. 49), as variáveis da retina ou visuais são:
Tamanho: nas palavras de Rosa (2004, p. 49), esta variável é usada para representar dados
quantitativos, traduzindo a proporção entre as classes dos diversos elementos cartográficos. Para
a sua representação, usaremos formas básicas (círculos, quadrados, retângulos, triângulos), con-
ferindo-lhes tamanhos proporcionais ao valor dos dados. Varia do grande, médio, pequeno (figu-
ra 2). Ex. total de população do Estado de Minas Gerais por município.
Para Cardoso (1984, p. 8), a propriedade fundamental desta variável é que somente ela pode
transcrever inequivocamente quantidades. Ainda que seja possível observar diferenças e orde-
nação, quando se aplica a variação de tamanho (por exemplo, uma barra de um centímetro é
menor que outra de dois centímetros e maior que outra de meio centímetro; ou, então, que uma
é diferente da outra), esta variável transmite acima de tudo a ideia de quantidade.
Na escolha de diferentes tamanhos a aplicar, por exemplo, tamanho de círculos, de barras,
ou espessuras de linhas, é importante ressaltar que a distância entre eles seja suficientemente
grande para que possa revelar de imediato as diferenças entre os elementos.

Figura 2: Variável ►
tamanho
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009

Valor: Para Rosa (2004, p. 49), o valor é usado para representar dados ordenativos, através
da variação de tonalidade do branco ao preto, passando pelos tons cinza ou vermelho, ou de
verde, ou de azul. O branco representa ausência (0%) e o preto a totalidade (100%), e os outros
níveis representam valores intermediários, indo do claro (percentagens menores) ao escuro (per-
centagens maiores) (figura 3). Ex. profundidades do mar, altitudes, etc.

16
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 3: Variável valor


Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=te
oria+das+cores+em+cart
ografia+tematica&meta>.
Acesso em 10/07/2009

Granulação: Conforme Cardoso (1984, p. 10), a variação de grão, ou granulação, é a redução


fotográfica de uma textura dada; é quando a dimensão dos elementos constitutivos de uma tex-
tura pode variar, sem que mude a relação branco/preto, ou melhor, onde a proporção de preto e
branco permanece.
Para o autor supracitado, esta variável tem sua aplicação melhor em implantação zonal, mas,
desde que se sirva de um reduzido número de classes. É preciso observar que, para duas áreas
de iguais dimensões, não há variação de tamanho de linhas ou de pontos (nesta, o número de
linhas e de pontos é sempre o mesmo, variando, sim, o seu tamanho).
A variação de grão pode ser ordenada e associativa, mas, acima de tudo, é seletiva, ou seja,
há diferenças. Na percepção ordenada é possível transcrever um número maior de classes do
que na percepção seletiva (figura 4).

◄ Figura 4: Variável
granulação
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009

Orientação: Segundo Cardoso (1984, p. 11), essa variável tem aplicação bastante restrita, na
implantação pontual, que é mais eficiente, e sempre para transcrever componentes diferenciais
(seletivos) em substituição à cor. É bom lembrar que a orientação são as variações de posição en-
tre o vertical, o oblíquo e o horizontal (figura 5).

◄ Figura 5: Variável
orientação
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009

17
UAB/Unimontes - 3º Período

Forma: Segundo Rosa (2004, p. 49), é usada para representar dados qualitativos (associa-
tivos). Agrupa todas as variações geométricas ou não. Elas são múltiplas e diversas, podem ser
geométricas (círculo, quadrado, triângulo, etc.) ou pictóricas. As formas não devem ser muito va-
riadas, se possível, devem ser limitadas a no máximo seis (figura 6).

Figura 6: Variável forma ►


Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009

Cor: Conforme Rosa (2004, p. 49), é usada para representar dados qualitativos (seletivos).
Consiste na variação das cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo as cores a mesma
intensidade. Por exemplo: usar o azul, o vermelho e o verde é usar a variável da retina “cor”. O uso
do azul claro, do azul médio e do azul escuro, corresponde à variável da retina “valor” (figura 7).

Figura 7: Variável cor ►


Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009

Dica É bom ressaltar algumas considerações em relação às cores e seu uso em mapas. Conforme
Nos monitores de
Martinelli (2003), a cor é uma variável seletiva, apenas separa um elemento cartográfico do outro
computador e nos e jamais devemos confundir cor (azul, vermelho, verde, alaranjado, violeta, púrpura) com valor
televisores as cores pri- (tonalidade da cor, variando do branco ao preto, vermelho escuro, vermelho, vermelho claro).
márias são: azul, verde Conforme Duarte (2002), todas as cores são vistas como combinação do vermelho, amarelo
e vermelho. e azul, que são cores primárias. Elas não podem ser obtidas por mistura e, por isso, diz-se que são
encontradas puras na natureza. Quando elas são misturadas em quantidades iguais, duas a duas,
dão origem às cores secundárias (laranja, verde e violeta).
Da mistura das cores primárias com as secundárias, também em partes iguais e duas a duas,
surgem as cores terciárias (abóbada, púrpura, anil, limão e ouro).
Cores frias: São aquelas que vão do violeta ao verde na Rosa Cromática (figura 8). Verde:
lembra umidade e frescura. Veja em um mapa de vegetação, quando o verde é mais escuro, de-
monstra maiores densidades. No mapa de relevo, o verde representa altimetria do relevo. Azul: é
uma cor que lembra o ar e água. Temos a sensação de brandura, simplicidade, calma, etc. Violeta:
nos dá a sensação de delicadeza e silêncio.
Cores quentes: São aquelas que vão do amarelo ao vermelho na Rosa Cromática. Simboli-
zam calor, fogo, seca. Nos mapas, o amarelo aparece associado a temperaturas quentes, climas
áridos, baixa densidade, baixa altitude. Em mapas, o vermelho aparece muito na representação
da temperatura, zonas térmicas e fortes densidades populacionais.

18
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 8: Rosa
cromática
Fonte: Disponível em
<http://www.ufrr.br/com-
ponent/option,com_do-
cman/Itemid,5/task,doc_
view/gid,531/>. Acesso em
10/07/2009

Harmonia monocromática: refere-se à valorização de uma única cor, variando somente


sua tonalidade. A variação dessa cor demonstrará a intensidade de um fenômeno. Por exemplo,
cores fracas demonstram valores fracos e cores mais escuras valores fortes.
Harmonia pelas cores vizinhas: é uma maneira de harmonizar as cores vizinhas da Rosa
Cromática, estabelecendo um sentido, que deve ser anti-horário (DUARTE, 2002). É interessante
ressaltar que a harmonia das cores indica no mapa hierarquia ou sequência.
Harmonia pelas cores opostas: é utilizada com o objetivo de mostrar a diferença entre um
fenômeno e outro. É importante notar que cor oposta é aquela que fica diametralmente contrá-
ria uma a outra na Rosa Cromática, o verde e o vermelho, por exemplo.
Vamos agora mostrar um exemplo prático para mostrar a importância da Semiologia Gráfica
na aprendizagem da Geografia. Vimos que o processo de construção de um mapa pode ser resu-
mido em várias etapas: escolha do tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala,
análise da informação e a tradução. O tema a ser estudado no nosso exemplo consiste na dis-
tribuição espacial de algumas das principais reservas minerais brasileiras de alguns minerais do
Brasil, já que estudamos minerais em Fundamentos de Geologia I.
Para isso, utilizaremos um texto qualquer que fale sobre os Principais minerais do Brasil, por
exemplo, você poderá acessar o site http://www.slideshare.net/cristinaramos/recursos-minerais-
do-brasil e ler sobre o assunto, ou mesmo procurar textos sobre o assunto em livros didáticos.
Após termos lido sobre o assunto, vamos agora selecionar as informações e organizá-las. Pode-
mos construir um quadro onde, de um lado, colocamos os diversos minerais e, do outro lado, as
principais reservas.
Muito bem, agora percebemos que a informação a ser representada foi organizada, o passo
seguinte é traduzi-la para a forma de mapa.
Vimos anteriormente que a base de qualquer mapa é importante na sua elaboração e, por
isso, deve ser feita com muito critério, para que não comprometa a visualização da informação.
O fundo do mapa deve ser simples. Para o nosso exemplo, a escala de representação regional é
satisfatória para a localização de cada um dos recursos minerais em suas respectivas reservas.
Agora vamos fazer a análise da informação a ser traduzida, já que dela depende a correta
simbolização. Vamos identificar as partes que a compõem, os componentes, o nível de organiza-
ção e o modo de implantação. Muito bem, a informação a ser traduzida é a localização das prin-
cipais reservas de alguns recursos minerais no Brasil. Num texto sobre os Principais minerais do
Brasil, você verá que esta informação possui como componentes: as principais reservas nacionais
e os recursos minerais. Verificando cada um separadamente, temos: Principais reservas nacionais,
(Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Piauí, Maranhão); nível de organização – seleti-
vo (os elementos expressam uma relação de diferença entre si); modo de implantação – pontual
(as reservas serão representadas sob a forma de pontos). Outro componente, recursos minerais
(Manganês, Cassiterita, Bauxita, Níquel, Ouro, Cobre, Zinco, Chumbo, Ferro); nível de organiza-
ção- seletivo, e modo de implantação pontual.
Agora veremos qual é a variável visual mais adequada para o nosso exemplo. Como o nível
de organização é seletivo, o que é mais adequado ao nosso exemplo é a variável forma. Observe
o mapa de recursos minerais do seu geoatlas (figura 9).
19
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 9: Recursos ►
minerais do Brasil, 1993
Fonte: (MARTINELLI, 1998,
p. 74).

1.4 Elaboração, leitura, análise e


interpretação de mapas temáticos
Quando estudamos a cartografia temática, estamos nos qualificando para realizar trabalhos
com mapas temáticos, por isso é importante conhecer bem o que, na verdade, é o mapa temáti-
co e qual a diferença desses para outro tipo de mapa.
O mapa temático é um mapa que representa cartograficamente um determinado fenôme-
no, podendo ser esse fenômeno de ordem social, econômica ou natural. São exemplos de mapas
temáticos os mapas de recursos naturais, da vegetação, da distribuição da população, da concen-
tração de atividades econômicas e outros mapas que tenham como objetivo representar algo no
espaço.
Na geografia, como as atividades tanto natural, como humana, interessam-na e estas ocor-
rem em um determinado espaço, o mapa temático é um instrumento para conhecer melhor o es-
paço e suas transformações. Nesse sentido, a ciência geográfica valoriza o mapa temático como
suporte imprescindível para as análises geográficas.
A primeira regra, ao planejar a elaboração de um mapa, é que se tem que pensar quem será
o leitor, por isso, é preciso fazer um mapa que seja compreendido por uma pessoa leiga, já que
os mapas são instrumentos universais. A atenção às normas de uso das variáveis visuais e da for-
matação do mapa permitirá que o leitor faça uma leitura rápida e precisa do mesmo.
A elaboração do mapa temático está pautada em uma necessidade existente, logo o mapa é
um subsídio para a busca pela solução de tal problema. Para essa elaboração, o autor necessitará
de dois elementos essenciais, são eles: os dados e o mapa base.
Os dados são responsáveis por definir o tema do mapa, ou seja, se os dados são sobre o gê-
nero da população; portanto, o mapa temático será exatamente sobre esse tema. Esse fato eleva
a preocupação com a qualidade e confiabilidade dos mapas. Quando trabalhamos com dados de
uma grande área, como no caso de país, de estado ou de uma grande região, temos que conse-
guir esses dados de outras fontes (fontes secundárias).
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – é um dos principais órgãos
no fornecimento de dados, notadamente sobre aspectos demográficos. A coleta de dados não é
uma tarefa fácil, pois a confiabilidade desses está associada à maneira como os dados foram co-
letados, isso significa que é necessária uma metodologia eficaz para que os dados tenham valor.

20
Geografia - Cartografia Temática

É na metodologia da coleta de dados que será definida a amostra, o tipo de roteiro de entre-
vista, se será questionário ou formulário, assim essa etapa decisiva no processo de obtenção de
dados.
A base cartográfica ou mapa base consiste na representação do território em que os dados
serão especializados. Caso seja um mapa da distribuição da população brasileira, a base será o
mapa do Brasil. A base cartográfica é o pano de fundo na construção do mapa temático, pois
esta agrupa os dados em limites (polígonos), constituindo assim o mapa temático.
Para a construção da base cartografia, é imprescindível ter pleno domínio de técnicas da
cartografia básica, como projeção, escala, rede geográfica, etc. Esse trabalho de elaboração dos
mapas temáticos foi facilitado significativamente com a aplicação de novas tecnologias à carto-
grafia; com essas tecnologias o trabalho cartográfico ganhou maior precisão e facilitou o traba-
lho dos cartógrafos.
Os dados e a base cartográfica, quando são integrados, formam o mapa temático, mas, para
elaborar um mapa, há certas convenções que tem que ser respeitadas. Essas normas são padro-
nizadas internacionalmente, com o intuito de facilitar a leitura de um mapa, independentemente
de onde este foi elaborado.
Os dados no mapa temático podem ser representados em métodos diferentes, sendo eles:
• Método para representações qualitativas;
• Métodos para representações ordenadas;
• Métodos para representações quantitativas;
• Método para representações dinâmicas.
Isso mostra que o mapa temático pode ser construído de acordo com esses métodos, esses
se encaixam de acordo com as características e a forma de manifestação (em pontos, em linhas,
em áreas) dos fenômenos considerados em cada tema.
Em cada um desses métodos serão exploradas as variáveis visuais que são mostradas no
quadro abaixo.
Martinelli (2003, p. 34) afirma que o “mapa temático exporá, assim, um tema, que deverá ser
declarado no título. Portanto, este, além de dizer do que se trata, deve especificar onde se dá o
acontecimento e em que data” (figura 10).

◄ Figura 10: Aspecto


qualitativo, ordenado e
quantitativo
Fonte: (MARTINELLI, 1998,
p. 71)

Os mapas temáticos respondem mais do que apenas à localização, eles vão além do “onde?”.
Dessa forma, o tema pode ser representado no aspecto qualitativo, respondendo à questão “o
quê?”. No aspecto ordenado, respondendo à pergunta “em que ordem?”. No aspecto quantitativo,
respondendo à questão “quanto?”.

1.4.1 Representações qualitativas

O mapeamento, no aspecto qualitativo, é usado para expressar algumas informações so-


bre a existência, a localização e a extensão de um determinado fenômeno em uma área. E, como
esse fenômeno se manifesta em linhas, pontos ou áreas, isso será representado cartograficamen-
te através de linhas, pontos e áreas (MARTINELLI, 2003).
Como os mapas com representações qualitativas trabalham com informações espaciais bá-
sicas, são os mais utilizados pelos geógrafos. Esse método de representação usa as variáveis vi-
suais seletivas: Forma, orientação e cor, além de fazer uso constante dos modos de implantação:
Pontual, linear e zonal (área).

21
UAB/Unimontes - 3º Período

Com a associação dessas variáveis visuais e modos de implantação, podemos obter mapas
de símbolos nominais pontuais, mapas de símbolos lineares nominais e mapa corocromáticos.
O mapa de símbolo nominal pontual usa os pontos para mostrar a existência e localização
de um determinado fenômeno. Nesse caso podemos fazer uso das variações de formas, nesse
caso são utilizadas as formas geométricas variadas. A figura 11 traz informações sobre a ocor-
rência de shopping centers no Brasil, com um mapa em que podemos notar a localização dos
shoppings e verificar a concentração no sudeste. Observe que o ponto isolado no norte de Minas
refere-se à cidade de Montes Claros.

Figura 11: Shoppings ►


Center.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/
img-2-small640.
png&titlepos=up>. Acesso
em 10/07/2009

As representações em símbolos lineares nominais usam linhas para mostrar o fenômeno de-
sejado. Esses fenômenos são feições que estão presentes no espaço e apresentam uma forma
linear, como, por exemplo, redes hidrográficas e viárias; com isso as variáveis visuais usadas são
cor e forma. Veja que, na figura 12, que mostra a rede de transporte no Brasil, a representação é
realizada com linhas que mudam a forma (espessura) e a cor. A concentração de linhas na região
sudeste denuncia a importância econômica dessa região.

22
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 12: Rede de


transporte.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/img-3.
png&titlepos=up>. Aces-
so em 10/07/2009

Nos mapas que usam a representação corocromática, há o uso de zonas (áreas) e essas são GLOSSáRIO
diferenciadas através de cores, como mostra a figura 13, que representa a ocorrência de favelas
Mapas corocromáti-
no Brasil. cos: Apresentam dados
geográficos e utilizam
diferenças de cor na
◄ Figura 13: Favelas no implantação zonal.
Brasil Este método deve ser
empregado sempre
Fonte: Disponível
que for preciso mostrar
em <http://confins.
revues.org/image. diferenças nominais
php?source=docannexe/ em dados qualitativos,
image/3483/ sem que haja ordem ou
img-4-small640. hierarquia.
png&titlepos=up>. Aces-
so em 10/07/2009

Com esses exemplos, podemos notar que a representação de fenômenos qualitativos é va-
riada e pode usar algumas variáveis visuais para representar um fenômeno.

23
UAB/Unimontes - 3º Período

1.4.2 Representações ordenadas

GLOSSáRIO Os mapas que buscam uma representação ordenada tratam de mapas que mostram uma
Mapas coropléticos: ordem, ou seja, uma hierarquia. Essa ordem varia bastante, pois podem ser diversos os fenôme-
São elaborados com nos que podem ser representados numa ordem de valor.
dados quantitativos Além da ordem de valor, há a ordem cronológica, ou seja, de tempo de ocorrência de um
e apresentam sua fenômeno, como, por exemplo, a expansão de uma cidade.
legenda ordenada Martinelli (2003) cita como exemplos clássicos da representação ordenada, a hierarquia ur-
em classes, conforme
as regras próprias de bana pelo critério de tamanho populacional. Com isso temos uma ordem visual, em que as áreas
utilização da variável com as formas maiores representam as cidades mais populosas. Esse autor ainda relata que há
visual valor por meio de também a ordem visual entre as cores, organizando das mais claras para as mais escuras, isso
tonalidades de cores, será usado no mapa coroplético. Além das cores, a granulação é outra forma de representar um
ou, ainda, por uma fenômeno.
sequência.ordenada de
cores que aumentam de Na figura 14 o mapa representado traz o crescimento das capitais e, para isso, usa, além das
intensidade, conforme cores, o tamanho para mostrar a intensidade do valor de crescimento populacional.
a sequência de valores
apresentados nas
classes estabelecidas.

Figura 14: Crescimento ►


das capitais.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/img-7.
png&titlepos=up>. Acesso
em 10/07/2009

Portanto, as representações ordenadas são importantes para realizar comparações entre um


mesmo fenômeno que ocorre em uma área. Diante disso, temos que ressaltar a importância des-
ses mapas para a geografia, pois, com eles, podemos criar representações complexas sobre a di-
nâmica do espaço.

24
Geografia - Cartografia Temática

1.4.3 Representações quantitativas

De acordo com Martinelli (2003, p.49), as representações quantitativas em mapas “são em-
pregadas para evidenciar a relação de proporcionalidade entre objetos (B é quatro vezes maior
que A), junto à realidade senso entendida por uma relação de quantidades”.
O tamanho é uma das melhores variáveis visuais que consegue cumprir o papel de repre-
sentar a ideia de proporcionalidade. O modo de implantação (pontos, linhas e zona) é usado com
valores diferentes para atender ao objetivo do mapa.
Archela e Théry (2008) afirmam que, nos mapas de representação quantitativa, a implan-
tação pontual é a mais empregada nos mapas de símbolos proporcionais. Nesse tipo de mapas
são usados pontos (círculos) proporcionais a cada classe de valor que a mesma representa. Como
exemplo, vamos ver a figura 15, que mostra a distribuição da população brasileira por municí-
pios. Neste exemplo, verificamos que há uma legenda que traz os valores proporcionais para
cada ponto do mapa.

◄ Figura 15: Distribuição


da população em
2000.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/
img-6-small640.
png&titlepos=up>. Aces-
so em 10/07/2009

Archela e Théry (2008) alertam para o fato de que a variação do símbolo dependerá da
quantidade que se pretende representar e recomendam um número máximo de classes (grupos
de valores) de tamanho cinco. Outra recomendação trata do uso de dois símbolos (círculo e qua-
drado) proporcionais em um mesmo mapa.
Na representação quantitativa, para mostrar quantidade em zonas, usamos os pontos. Para
cada ponto é atribuído um valor, como no exemplo da figura 16, em que cada ponto correspon-
de a 223 asininos (jumentos). Veja como o número desse animal é extremamente concentrado
no nordeste brasileiro.

25
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 16: Distribuição ►


da população de
jumentos no Brasil.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/
img-9-small640.
png&titlepos=up>. Aces-
so em 10/07/2009

Outro tipo de mapa que se caracteriza como representação quantitativa são os mapas iso-
pléticos (isolinhas). Esse tipo de mapa é construído ligando pontos de mesmo valor, formando,
assim, linhas com valor padrão. Esse processo é muito comum nos mapas de altitude de relevo,
tecnicamente denominados de mapas hipsométricos.

1.4.4 Representações dinâmicas

O grande problema da cartografia está na dificuldade de representar processos, ou seja, fe-


nômenos dinâmicos, pois, como o mapa é uma representação de um fenômeno em determina-
do espaço, em um período fica difícil mostrar situações de movimento.
A primeira busca de solução para esse problema foi proposto em 1840, por Minard. Este
propôs uma cartografia econômica, na qual representava, através de fluxos, a dinâmica espacial
e temporal dos fenômenos. Essa proposta teve origem com os gráficos e resultou em um mapa
de fluxo (MARTINELLI, 2003).
Na geografia, especificamente, essa alternativa se desenvolveu e ganhou notoriedade, pois
os fenômenos geográficos dinâmicos são variados, como a migração, as epidemias, a comerciali-
zação, o trânsito, entre outros.
Para a construção de um mapa de fluxo, são necessários os mesmos elementos básicos para
qualquer mapa: a base cartográfica e os dados. A base cartografia é a área na qual ocorre o fenô-
meno dinâmico e os dados tratam do ponto de origem e destino do fenômeno a ser mapeado.
Além desses, deve constar o percurso e a intensidade desse fluxo. A intensidade desse fluxo será
representada pela espessura das linhas.
Como exemplo, temos a figura 17, que traz um mapa de fluxo de passageiros entre os aero-
portos brasileiros. Para a construção desse mapa, o autor identificou os aeroportos representa-
dos pelos pontos e os fluxos são criados através dos dados sobre o número de passageiros que
fazem a viagem entre um aeroporto e outro. A espessura das linhas tem um determinado valor
que é representado na legenda.

26
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 17: Mapa de


fluxo de passageiros.
Fonte: Disponível
em <http://confins.
revues.org/image.
php?source=docannexe/
image/3483/img-10.
png&titlepos=up>. Acesso
em 10 /07/2009

Dessa forma, o mapa de fluxo, por trabalhar com a variável visual de tamanho, possibilita
uma resposta fácil e rápida para o leitor. Além de responder às seguintes questões: “qual a inten-
sidade do fluxo?”, “onde estão os maiores fluxos?”, “como se agrupam os fluxos?” e “como os fluxos
se articulam no espaço?” (MARTINELLI, 2003).
A partir dessas respostas do mapa de fluxo, podemos fazer várias inferências, como a identi-
ficação dos pontos de concentração (estrangulamento) de determinado fluxo, o que pode provo-
car dificuldades na dinâmica do fluxo, exigindo assim alguma alternativa que pode ser encontra-
da no mesmo mapa, ou seja, uma rota alternativa.
Os mapas de fluxos podem ter outros usos, como, por exemplo, finalidade econômica para
identificar o ponto de maior fluxo de veículo para instalação de posto de combustível, ou no
caso de políticas públicas, o trecho de maior fluxo terá a preferência na implantação de políticas
públicas.
O mapa de passageiros de ônibus interestaduais, mostrado na figura 18, revela a necessi-
dade de maior investimento em infraestrutura e fiscalização nos estados de Minas Gerais e São
Paulo, pois são os estados com maior concentração de fluxo de passageiros.

27
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 18: Fluxo de ►


passageiros de ônibus
interestaduais no
Brasil.
Fonte: (IBGE, 2003).

Glossário Martinelli (2003) destaca os mapas isocrônicos como exemplos de mapas de fluxo. Nesse
tipo de mapa, é aplicado o método isarítmico que constrói as isócronas. Exemplificando, o refe-
Isarítmico: É o método
de definição de linhas
rido autor menciona a construção de um mapa para identificar o tempo de deslocamento dos
de mesmo valor. trabalhadores da periferia para atingir uma área industrial. Esse mapa revela as possibilidades de
Isócronas: São linhas deslocamento dos trabalhadores e isso pode subsidiar a construção de conjuntos habitacionais
de mesma cor e espes- para esses trabalhadores, levando em consideração a logística, ou seja, essa facilidade de se des-
sura, isto é, possuem o locar no menor tempo possível. Outro aspecto revelado pelos mapas isocrônicos é a acessibilida-
mesmo valor.
de, isto é, o grau de facilidade para se atingir determinado espaço.
Com essa explicação sobre os tipos de representações, percebemos que sempre temos que
planejar a construção de um mapa, pois não é uma tarefa simplória e exige domínio dessa teoria,
para que o resultado atenda às normas cartográficas.

1.4.5 A cartografia de síntese

Ao explicar a cartografia de síntese, Martinelli (2003) tem grande preocupação em diferen-


ciar o mapa temático analítico do mapa de síntese, pois, para esse autor, há grande confusão e
equívoco na definição do mapa de síntese.
O mapa analítico, como os que foram apresentados até aqui, são mapas temáticos que re-
presentam um determinado fenômeno que ocorre no espaço; às vezes podemos representar
mais de um elemento em um mapa temático, como os mapas de fluxos que mostram a localiza-
ção dos aeroportos, através dos pontos, e o fluxo de passageiros com as linhas.
O mapa de síntese é mais complexo, pois não se trata de apenas representar um elemento
no mapa, haja vista que isso seria considerado como um mapa analítico. O mapa de síntese, tam-
bém, não é uma sobreposição de elementos no mapa, apesar de muitos entenderem assim.
Quando realizamos uma sobreposição de elementos no mapa, estamos mostrando uma
diversidade de fenômenos que ocorrem naquele espaço e que estão integrados. Esse mapa, na
maioria dos casos, será de difícil leitura, uma vez que acumula informações diversas. Portanto,
não se trata de um mapa síntese.
Então, o que é um mapa síntese? Essa inquietação já começa a nos perturbar. O mapa sínte-
se apresenta não uma sobreposição de elementos, mas sim uma fusão, isto é, temos que definir
alguns elementos que irão compor o mapa síntese e esses elementos aparecerão reunidos em
um só grupo.
Na verdade esses elementos são variáveis que são consideradas para elaborar o mapa de
síntese, e a associação dessas variáveis vai definir a legenda do mapa de síntese.
Vamos usar exemplos para mostrar, na prática, o que é um mapa de síntese. O trabalho de
Donha, A. et al (2006) traz um bom exemplo de mapa de síntese, pois foram definidos os ele-
mentos que foram fundidos e depois deram origem ao mapa de síntese. Primeiro os autores se-
lecionaram os elementos ou variáveis para identificar as áreas de maior fragilidade ambiental. As
variáveis estão expostas neste conjunto de mapas da figura 19.

28
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 19: variáveis


para o mapa síntese de
fragilidade ambiental.
Fonte: (DONHA, A. et al
2006, p. 177).

Depois de selecionar as variáveis, cada uma dessas recebeu um valor, e as mesmas foram
fundidas; com isso foi gerado um mapa que apresenta as áreas de maior fragilidade. O resultado
está na legenda da figura 20, em que aparecem as classes de fragilidade classificadas como mui-
to alta, alta, média, baixa e muito baixa.

◄ Figura 20: Mapa


síntese de fragilidade
ambiental.
Fonte: (DONHA, A. et al
2006, p. 177).

Com esse exemplo, podemos perceber que o mapa síntese não traz um conjunto de ele-
mentos sobrepostos, mas mostra um elemento síntese da associação de vários elementos.
Esse tipo de mapa é muito utilizado em trabalhos de pesquisa, nos quais o pesquisador quer
criar uma ordem de intensidade de um fenômeno, como no caso aqui aplicado na intensidade
ou potencialidade de fragilidade ambiental. Nesse sentido, esse exemplo mostra também uma
representação ordenada, pois expõe uma determinada ordem no fenômeno mapeado.

1.4.6 Interpretação do mapa

Outro ponto a ser destacado é o fato de que o iniciante à geografia precisa dominar as téc-
nicas de leitura de mapas, bem como as técnicas de mapeamento, haja vista que, na ciência geo-
gráfica moderna, os mapas são representações espaciais que subsidiam a análise geográfica.
Antes de sabermos elaborar um mapa, é preciso entender o mesmo, isto é, dominar as téc-
nicas de leitura e interpretação dos mapas. O mapa é um produto de leitura rápida, com ele o
leitor obtém o máximo de informação com uma simples visualização, mas a eficácia dessa leitura
depende do conhecimento prévio que o leitor já possui.
Por isso, ao pegar um mapa para ler, é preciso identificar de que tipo de mapa se trata, na
maioria dos casos certamente será um mapa temático. Depois a tarefa será identificar qual tipo de
representação há no mapa (qualitativa, ordenada e quantitativa); com essa identificação, encon-
traremos o objetivo do mapa, ou seja, qual é a pergunta que o mapa responde. Lembremos que
cada mapa com um tipo de representação responderá a uma pergunta, como mostra o quadro 1.

29
UAB/Unimontes - 3º Período

Quadro 1
Tipo de representação e o objetivo do mapa

Representação Questão a ser respondida


Qualitativa O quê?
Ordena Em que ordem?
Quantitativa Quanto?
Dinâmica (fluxos) Qual a intensidade do fluxo?, Onde estão os maiores fluxos?, Como
se agrupam? E como se articulam no espaço?
Fonte: Elaboração do autor

A partir da resposta para essas questões, o leitor alcançará a mensagem que o autor do
mapa buscou transmitir. Mesmo respondendo a essas questões-chave, a interpretação do leitor
pode ir além dessas constatações e, com isso, obter maiores informações.
Na verdade o conhecimento que temos acumulado com a nossa experiência é útil no mo-
mento de lermos um mapa. Isso ocorre devido ao fato de possuir mais informações que o mapa
traz, assim o nosso raciocínio integra informações que temos armazenadas em nossa memória
com os novos fornecidos pelo mapa, resultando, portanto, em novas informações.
Como já mencionado anteriormente, mas que é válido salientar dentro desse contexto, te-
mos que nos preocupar com o uso dos mapas para os estudantes de ensino fundamental e mé-
dio, bem como para os alunos de graduação. Isso devido a pouca experiência desses estudantes
com mapas, causando certa dificuldade na leitura complexa em cartas temáticas.
Quando trabalhamos com os mapas nas séries iniciais, temos que valorizar o espaço geo-
gráfico conhecido do aluno, pois assim ele consegue compreender a representação no mapa. Se
apresentarmos um mapa da Europa para uma criança, dificilmente ela conseguirá entender esse
mapa. Mas, se for um mapa da rua dessa mesma criança, em que são representados os espaços
mais conhecidos, como igreja, supermercado e praça, essa criança conseguirá associar essa re-
presentação com o espaço real.
Ainda se tratando da alfabetização cartográfica, desde os primeiros mapas que usamos para
ensinar as crianças, temos que nos atentar para o uso correto da semiologia cartográfica e as nor-
mas para elaboração dos mapas, com isso os alunos irão se familiarizar com as formas corretas da
cartografia temática.

1.5 Cartas topográficas


As cartas topográficas, também chamadas cartas-base, são denominados documentos de
informações oficiais e, para isso, elas são elaboradas em sistemas organizados que permitem a
cobertura completa do território nacional em folhas isoladas, mas articuladas entre si, como vo-
cês viram em Cartografia I.
Atualmente o sistema de projeção cartográfica mais usado com a finalidade de elaboração
de carta topográfica, tanto no mundo como no Brasil, é o UTM (Universal Transversa de Mercator).
O Brasil possui um sistema cartográfico nacional apoiado na carta topográfica derivada da Carta
Internacional ao Milinésimo.
Como foi estudado em Cartografia I, a apresentação das folhas topográficas obedece a um
esquema de articulação, normalmente, apoiado na projeção UTM e, a partir da escala 1:1000.000,
a menor escala do sistema. Esta compreende exatamente a unidade territorial delimitada por
dois meridianos com intervalo de 6º de longitude e dois paralelos com 4º de latitude, todos
preestabelecidos pelo sistema de fusos nos quais, nessa projeção, o mundo todo foi dividido em
60 fusos de 6º de longitude cada um, a partir do meridiano de Greenwich.
Na representação dos elementos componentes da planimetria e da altimetria, as cartas to-
pográficas adotam símbolos convencionais apropriados a suas escalas. Vejamos agora os princi-
pais componentes de um mapa.
Os principais componentes de um mapa são a planimetria e altimetria. A representação des-
ses elementos está baseada no princípio de coordenadas tridimensionais, onde a planimetria
corresponde a todos os eventos definidos no plano (coordenadas x, y) e à altimetria, a altitude
do relevo terrestre (coordenada z). Observem a figura 21.
30
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 21: Localização


teórica de um
ponto qualquer
de coordenadas
tridimensionais
Fonte: Disponível em
<http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/
thumb/9/9e/Plano_coord.
svg/309px-Plano_coord.
svg.png>. Acesso em
10/07/2009

Conforme o IBGE (1999), a representação da planimetria sobre os mapas abrange todos os


elementos da superfície terrestre, exceto o relevo.

1.5.1 Os principais componentes da planimetria

Tanto o IBGE (1999), como Oliveira (1988) e Granel-Peréz (2004) dizem que os elementos na-
turais e antrópicos da paisagem correspondem, nas cartas topográficas, a representações planas,
ou seja, referenciadas por duas dimensões (X, Y) do plano: hidrografia (águas continentais e ma-
rinhas), vegetação (florestas, mangue, brejo ou pântano, cerrado, etc.), uso do solo (plantação,
arrozal, área urbana, etc.), vias de comunicação (rodovias, estrada de ferro), linhas transmissoras
de energia, limites estaduais e internacionais, igrejas, escolas, minas, cemitérios, moinhos, etc.
É importante frisar que cada elemento planimétrico é representado por um símbolo cujo
significado vem recolhido na legenda do rodapé de cada carta. Segundo a categoria e o tipo
de elemento de que se trate, a implantação dos símbolos pode ser pontual, como vimos ante-
riormente em semiologia gráfica (representando uma escola, igreja, mina, etc.), linear (repre-
sentando uma rodovia, um curso de água, etc.) ou de área (representando uma floresta, um
arrozal, etc.).
A partir dessas implantações, podemos realizar medições e estabelecer relações espaciais
entre os elementos da mesma categoria, entre elementos de categorias diferentes, entre catego-
rias de elementos e o relevo.
Conforme Granel-Peréz (2004, p. 101), na análise da informação planimétrica, é importante
considerar que as cartas de escala 1:50.000 apresentam limitações derivadas da própria escala e
da dinâmica que caracteriza a paisagem. Assim, por exemplo, a separação das grandes catego-
rias de uso do solo(agrícola, pecuário, urbano, industrial, etc.) fica prejudicada pela falta de de-
talhamento, por utilizar uma legenda única que não se preocupa com a especificação das dife-
rentes regiões do Brasil e pela impossibilidade de reconhecer contínuas mudanças da paisagem.
Em curtos períodos de tempo, terras agrícolas são abandonadas e novas terras são incorporadas
à produção, florestas são desmatadas e novas áreas são reflorestadas, perímetros urbanos incor-
poram seu entorno rural, estradas são abertas, enquanto outras alteram seus traçados, surgem
novas vilas e cidades, etc. Essas limitações obrigam a procurar o apoio de outros documentos
cartográficos, de fotografias aéreas e de imagens de satélites quando se aborda a análise espa-
cial. Esse assunto é muito interessante, veremos mais sobre esse tema na unidade II.
É importante estudarmos os principais componentes da planimetria
Hidrografia: a representação dos elementos hidrográficos é obtida, sempre que possível,
por meio de símbolos que nos lembram a água, utilizando a cor azul para representar a hidrogra-
fia (rios, lagos, brejo, etc.) (figura 22).

31
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 22: Elementos de ►


hidrografia
Fonte: Disponível em
<http://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/mono-
grafias/GEBIS%20-%20RJ/
nocoescartografia.pdf>.
Acesso em 10/07/2009

Vegetação: De acordo com Granel-Peréz (2004, p. 102), através de implantação de área, a


vegetação é representada por manchas de cor verde (florestas) e por desenhos figurativos repe-
tidos (cerrado, mangue, pântano) que não diferenciam espécies vegetais. No caso das florestas,
as formas mais ou menos sinuosas ou retilíneas dos contornos das manchas que identificam os
fragmentos podem nos ajudar a diferenciar os remanescentes de florestas nativas (contorno irre-
gular e sinuoso), das florestas implantadas ou reflorestamentos com espécies homogêneas (con-
tornos regulares e retilíneos. Então, ao observamos uma carta, nós veremos como os fragmentos
se encontram para podermos diferenciá-los.
Geralmente, com relação à localização espacial dos fragmentos (margens fluviais), combi-
Dica
nada com formas alongadas e sinuosas, permite-nos identificar as florestas de galeria ou matas
Procure um mapa e ciliares.
veja essa diferença dos É importante observar nos mapas que a vegetação deve ser analisada, levando em consi-
contornos sinuosos e
contornos regulares da deração a topografia (altitude, orientação e declividade). É interessante estabelecermos rela-
vegetação. ções entre a vegetação, a hidrografia, o relevo, as aglomerações urbanas, as matas próximas que
podem contribuir para a qualidade ambiental do local em estudo. Você já percebeu isso num
mapa?
Através de procedimentos planimétricos, podemos estimar a superfície florestada de um
município ou de uma região, estabelecer a relação entre margens fluviais protegidas por mata
ciliar, etc.

Uso do solo: Conforme Granel-Peréz (2004, p. 103), nas cartas topográficas 1:50.000, a dife-
renciação dos usos do solo fica muito dificultada pelas limitações já mencionadas anteriormente.
Inicialmente é preciso determinar as grandes categorias de uso do solo (agrícola, florestal,
urbana, pecuário, etc.), levando sempre em consideração que todos esses usos são muito dinâ-
micos e estão sempre sujeitos, tanto a mudanças de categoria de uso como de superfície do ter-
reno ocupada por cada categoria. É bom lembrarmos que, na análise do uso urbano, há de se
considerar que o espaço urbano vai além da própria cidade, é só observarmos as nossas cidades.
Então, o uso urbano inclui o entorno onde se localizam serviços a ela vinculados (cemitérios, ae-
roportos, áreas comerciais, espaços de recreação, etc.).
Então, para cada uso do solo, podemos conhecer: limites ou contornos, extensão superficial,
relação com o meio físico.
Em Geografia é importante também conhecer as semelhanças e diferenças que os usos do
solo apresentam em várias unidades espaciais diferentes, como, por exemplo, em municípios,
distritos, regiões, etc. Por exemplo, para efeito de comparação, pode interessar saber qual é o
distrito municipal com maior superfície agrícola ou o mais florestado, ou aquele em que o uso
urbano predomina sobre as outras categorias de uso. Você, que é da região de Itacambira, Janaú-
ba e Pompéu, observe o que está acontecendo na sua região, em relação ao uso do solo.
As cidades, construções civis, vias de comunicação, cultura, limites administrativos, etc. ge-
ralmente, em áreas urbanizadas, são representadas na carta topográfica pela cor rosa, porém em
outras escalas podem ser representadas pela cor cinza.Utilizamos pontos pretos diferenciados
pela forma para representar área edificada,como prefeitura, escolas, igrejas, hospitais. As rodo-
vias são diferenciadas pelas cores preta, vermelha e pela granulação das linhas, enquanto as fer-
rovias em preto (figura 23).

32
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 23: Vias de


circulação
Fonte: Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/carto-
grafia/manual_nocoes/
elementos_representa-
cao.html>. Acesso em
10/07/2009

1.5.2 Altimetria

De acordo com Oliveira (1988), a representação do relevo sempre foi um dos maiores pro-
blemas na cartografia. Por muitos séculos, os mapas omitiram essa informação. As primeiras ten-
tativas em mostrar o relevo como é observado do espaço foram através do método lagartas, com
o objetivo de mostrar as grandes cadeias de montanhas do continente europeu. O cartógrafo
responsável por este método desenhou um padrão na forma de um lagarto.
Na segunda metade do século XVIII, começou na Europa a discussão da representação car-
tográfica do modelo terrestre, até que, finalmente, surgiu o modelo hachuras, e que chegou ao
seu máximo acabamento nos mapas do século XIX. Mas o problema não consistia apenas em
representar a forma através do claro-escuro apresentado pelas hachuras, faltava a resolução do
problema das altitudes. Além de não resolver o problema da altitude, o método de hachuras era
muito oneroso e demorado (OLIVEIRA, 1988) (figura 24).

◄ Figura 24:
Representação do
relevo mediante
hachuras
Fonte: (OLIVEIRA, 1988,
p. 112)

33
UAB/Unimontes - 3º Período

Das várias tentativas de representar o relevo, desde o início do século XIX, nenhum método
foi mais eficiente do que as curvas de nível.
Para Oliveira (1988), o melhor método de representação do relevo terrestre é o das curvas
de nível, pois fornece ao usuário, em qualquer parte da carta, um valor aproximado da altitude
que ele precisa.
A curva de nível, também denominada isoípsas ou linhas hipsométricas, é, portanto, uma
convenção cartográfica para representar as variações da superfície topográfica. Constitui uma li-
nha imaginária do terreno, em que todos os pontos da referida linha têm a mesma altitude, aci-
ma ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar.
Conforme Granel-Peréz (2004, p. 55 e 56), nas cartas topográficas 1:50.000, as curvas de nível
são representadas por linhas de traço fino e cor marrom, equidistantes 20m, denominadas cur-
vas normais. A cada cinco normais contíguas são desenhadas as curvas mestras, de traço mais
grosso e com indicação gráfica da altitude, que representam equidistância de 100m. As cotas al-
timetricas mais significativas, tais como cumes de morros, depressões topográficas, podem ser
representadas nas cartas topográficas por pontos cotados, com indicação do valor da altitude
absoluta do ponto.
Granel-Peréz (2004) e Oliveira (1988) mencionam também que há regras no traçado das
curvas de nível: cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma; nunca se cruzam nem se
bifurcam. Nos terrenos planos ou pouco acidentados, as curvas são poucas e aparecem muito
espaçadas; já nos terrenos acidentados e escarpados ocorre o inverso. As curvas de nível tendem
a ser quase paralelas entre si. Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma
elevação (figura 25 e 26).

Figura 25: Curvas de ►


nível
Fonte: (OLIVEIRA, 1988,
p. 115)

Compare: (a) um pequeno trecho com um rio e seus afluentes, bem como alguns pontos
cotados e, ainda, três curvas (as de 200, 300 e 400); (b) segundo o método descrito, estão traça-
das as curvas intermediárias.

34
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 26: Curvas de


nível
Fonte: Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/carto-
grafia/manual_nocoes/
elementos_representa-
cao.html>. Acesso em
10/07/2009

De acordo com o IBGE (1999, p. 81), geralmente, as curvas de nível cruzam os cursos d’água
em forma de “V”, com o vértice assinalando para a nascente (figura 27).

◄ Figura 27: Curvas de nível


cruzam os cursos d’água
em forma de “V”
Fonte: Disponível em <http://
biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/monografias/
GEBIS%20-%20RJ/nocoes-
cartografia.pdf>. Acesso em
10/07/2009

As curvas de nível formam um “M” acima das confluências fluviais (figura 28).

◄ Figura 28: As curvas de


nível formam um “M”
Fonte: Disponível em
<http://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/mono-
grafias/GEBIS%20-%20RJ/
nocoescartografia.pdf>.
Acesso em 10/07/2009

Geralmente, formam um “U” nas elevações, cuja base aponta para o pé da elevação (figura 29).

◄ Figura 29: As curvas de


nível formam um “U”
Fonte: Disponível em
<http://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/
monografias/GEBIS%20-
-%20RJ/nocoescarto-
grafia.pdf>. Acesso em
10/07/2009

Conforme Granel-Peréz (2004), as curvas de nível indicam se o terreno é plano, ondulado,


montanhoso, íngreme ou de declive suave. Elas são equidistantes, ou seja, a distância vertical, o
desnível entre as curvas, é constante e varia de acordo com a escala da carta topográfica.

35
UAB/Unimontes - 3º Período

Vejamos a tabela 1 com as equidistâncias das curvas de nível.

Tabela 1
Equidistâncias das curvas de nível

ESCALA EQÜIDISTÂNCIA CURVAS MESTRAS


1:25.000 10 m 50 m
1:50.000 20 m 100 m
1:100.000 50 m 250 m
1:250.000 100 m 500 m
1:500.000 100 m 500 m
1:1.000.000 100 m 500 m
Fonte: (ROSA, 2004, p. 54)

Não se preocupe, essa informação da equidistância aparece na legenda das cartas.


As curvas de nível nos permitem determinar as partes mais elevadas e mais baixas do relevo.
No processo de análise do relevo, é importante reconhecer a fisionomia dos diferentes ele-
mentos e formas que configuram a topografia e como esses elementos ficam representados, nas
cartas topográficas, por curvas de nível e pontos cotados.
Diante do exposto, é importante relacionarmos, a seguir, definições descritivas de elemen-
tos e formas topográficas simples que aparecem nas cartas topográficas, conforme IBGE (1999, p.
84) e Granel-Peréz (2004, p. 42).
Cume, pico, ponto culminante: elemento topográfico que constitui o ponto mais alto de
um maciço, uma serra, um morro, etc. Nas cartas topográficas, os cumes são identificados por
curvas de nível de configuração arredondada e fechada, que se aproxima em direção a um topo
pontiagudo, cuja altitude costuma estar indicada por um ponto cotado.
Colo, garganta, desfiladeiro: forma topográfica constituída por uma depressão acentua-
da, mais ou menos estreita ou larga e posicionada transversalmente a uma linha de crista, que
possibilita a comunicação entre vertentes montanhosas opostas. Identifica-se nas cartas por dois
conjuntos de curvas de nível divergentes entre si e transversais à linha da crista (figura 30).

Figura 30: Garganta ►


Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=o+terreno+e+sua+r
epresenta%C3%A7%C3
%A3o&met>. Acesso em
10/07/2009

Montanha: Forma topográfica constituída por uma grande elevação natural do terreno,
com altitude superior a 300m, no geral formada por um agrupamento de elevações com altitu-
des diferentes. Nas cartas, as montanhas são representadas por agrupamentos complexos de
curvas de nível, próximas entre si, que definem vertentes fortemente inclinadas e enquadram va-
les com diferentes orientações.

36
Geografia - Cartografia Temática

Morro: Forma topográfica constituída por uma elevação natural e individualizada do terre-
no, com altitude inferior à da montanha. Identifica-se nas cartas por curvas de nível fechadas,
grosseiramente concêntricas e com altitudes crescentes para o interior, onde costuma aparecer
um ponto cotado que indica a altitude culminante do morro.
Morro-testemunho: forma topográfica constituída por um morro de topo plano ou quase
plano, posicionada na frente de uma escarpa de planalto ou cuesta, e mantido por uma camada
rochosa superior mais resistente que as inferiores. Esse tipo de morro indica o recuo erosivo da
escarpa do planalto ou da cuesta, dos quais o morro fazia parte antes de ficar individualizado.
Colina: forma topográfica constituída por uma pequena elevação do terreno com altitude
de até 50 metros e declives suaves. Geralmente corresponde a uma forma derivada de erosão
(figura 31).

◄ Figura 31: Depressão e


elevação
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=ge
ra%C3%A7%C3%A3o+de
+curva+de+nivel&meta>.
Acesso em 10/07/2009

Planalto, chapada: forma topográfica constituída por uma superfície elevada acima de 200
metros, pouco acidentada ou plana e delimitada nas suas bordas por escarpas. No geral, os pla-
naltos são formados por rochas sedimentares com estrutura horizontal ou sub-horizontal, ou por
alternância de rochas vulcânicas e sedimentares, como vimos em Fundamentos de Geologia I.
Divisor de água: linha que passa pelos pontos mais elevados do terreno e ao longo do per-
fil mais alto entre eles, dividindo as águas de um e outro curso (figura 32).

◄ Figura 32: Divisor de


água
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=ge
ra%C3%A7%C3%A3o+de
+curva+de+nivel&meta>.
Acesso em 10/07/2009

Vertentes, encosta: declividade apresentada pelo morro, montanha ou serra.


Escarpa: elemento topográfico de uma vertente constituído por uma rampa (aclive ou de-
clive) íngreme (vertical ou quase vertical), posicionada na borda de um planalto, de um morro
testemunho, de uma frente de cuesta. Nas cartas as escarpas são representadas por curvas de
nível muito próximas ou sobrepostas umas às outras.
Patamar: elemento topográfico de uma vertente constituído por uma superfície horizontal
ou quase horizontal que interrompe a continuidade do declive da vertente. Nas cartas, os pata-
mares são identificados por curvas de nível muito espaçadas e posicionadas entre duas rupturas
de declive.
Rio: curso d’água natural que deságua em outro rio, lago ou mar. Seu curso estende-se do
ponto mais alto (nascente ou montante) até o ponto mais baixo (foz ou jusante).
De acordo com a hierarquia e o regionalismo, recebe um nome genérico diferente: córrego,
ribeirão, lajeado, sanga, arroio, igarapé, etc.

37
UAB/Unimontes - 3º Período

Talvegue: Canal de maior profundidade ao longo de um curso d’água (figura 33).

Figura 33: Talvegue ►


Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=ge
ra%C3%A7%C3%A3o+de
+curva+de+nivel&meta>.
Acesso em 10/07/2009

Vale: forma topográfica constituída por duas vertentes com sistemas de declive convergen-
tes num mesmo talvegue (figura 34).

Figura 34: Vale ►


Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=ge
ra%C3%A7%C3%A3o+de
+curva+de+nivel&meta>.
Acesso em 10/07/2009

Bacia Hidrográfica ou bacia de drenagem: é constituída pelo conjunto de superfícies que,


através de canais e tributários, drenam água da chuva, sedimentos e substâncias dissolvidas para
um canal principal cuja vazão converge numa saída única (foz do canal principal num outro rio,
lago ou mar). As bacias hidrográficas são delimitadas pelos divisores de água, seus tamanhos po-
dem variar desde dezenas de metros quadrados até milhões de quilômetros quadrados. A rede
de drenagem, responsável pela drenagem de uma bacia, apresenta nas cartas topográficas con-
figurações espaciais dos canais fluviais que refletem a estrutura geológica e o relevo da região.
Outro fato importante em relação às curvas de nível é que, nas cartas de escalas pequenas,
usam-se cores distintas e diversas tonalidades para a representação das faixas de determinadas
altitudes, facilitando assim a visualização do relevo. Podemos exemplificar, pensando em um
mapa de relevo com cota positiva ou acima do nível do mar. As cores desse mapa poderão ser
representadas pelas cores verde, amarela, laranja, rosa e branca e suas tonalidades, a essa porção
denominamos cores hipsométricas, o verde representa baixas altitudes, enquanto o branco re-
presenta altitudes acima de 6.000 metros. Já as cores batimétricas – relevo com cota negativa ou
abaixo do nível do mar – usam-se o azul e suas tonalidades. O azul claro representa profundida-
de pequena e o azul escuro oceano muito profundo.
As curvas de nível proporcionam também outra importante interpretação do relevo, na for-
ma de perfil topográfico (figura 35).
Para Granel-Peréz (2004, p. 78), o resultado de cortar a superfície do terreno com um plano
vertical é um perfil topográfico. Se bem constituído, o perfil fornece uma imagem precisa da to-
pografia ao longo da linha de intercessão, informando sobre a geometria das vertentes, os com-
primentos das rampas, etc. Para que um perfil topográfico seja representativo da superfície que
intercepta, é importante saber escolher adequadamente a sua localização e representá-lo numa
escala vertical apropriada às variações de altitude que o terreno apresenta.

38
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 35: Perfil


topográfico
Fonte: Disponível em
<http://n.i.uol.com.br/
licaodecasa/ensmedio/
geografia/hipso4.jpg>.
Acesso em 10/07/2009

1.5.3 A elaboração de perfis topográficos


Glossário
Conforme Oliveira (1988) e Granel-Peréz (2004), para a elaboração de um perfil topográfico Perfil topográfico:
é uma representação
são necessários alguns passos: gráfica de um corte
Primeiro, vamos escolher uma zona que seja mais apropriada para se fazer o perfil e identi- vertical do terreno,
ficar, nessa zona, os dois extremos de referência que se constituirão nos extremos do perfil; tra- segundo uma direção
ça-se uma linha reta, o mais perpendicular possível às curvas de nível, unindo ambos os pontos previamente escolhida.
(figura 36).

◄ Figura 36: Linha do


perfil topográfico
Fonte: Disponível em
<http://www.politecnico.
ufsm.br/cursos/tecnicos/
images/downloads/ang_
perfil_aula.pdf>. Acesso
em 10/07/2009

A seguir, escolheremos a escala vertical para representar as altitudes. Quando se opta por
manter na escala vertical a mesma escala horizontal da carta, será obtida uma reprodução fiel do
perfil do relevo. No entanto, para uma melhor visualização da topografia da região em estudo, é

39
UAB/Unimontes - 3º Período

recomendável exagerar a escala vertical do perfil, principalmente quando se está trabalhando


em áreas pouco acidentadas ou quase planas.
Depois, sobre um papel milimetrado, ou sobre uma tira de papel em branco, escrevemos as
curvas de nível e seus valores. Posteriormente desenharemos o par de coordenadas cartesianas,
representando as distâncias horizontais no eixo horizontal, com a mesma escala da carta, e as
altitudes no eixo vertical com a escala escolhida (figura 37).

Figura 37: Elaborando ►


um perfil topográfico
Fonte: Disponível em
<http://www.politecnico.
ufsm.br/cursos/tecnicos/
images/downloads/ang_
perfil_aula.pdf>. Acesso
em 10/07/2009

No próximo passo, levamos a margem superior do papel milimetrado sobre a linha que, na
carta, une os pontos extremos do perfil e transferimos verticalmente cada uma das interseções
das curvas de nível com a margem do papel até a cota altimétrica correspondente, identificada
na escala vertical de altitudes.
Por último, unimos todos os pontos com uma linha curva e completamos o perfil com as
informações que irão auxiliar na sua identificação: escalas de horizontal e vertical, orientação e
coordenadas geográficas ou UTM dos extremos do perfil (figura 38).

Figura 38: Perfil ►


topográfico
Fonte: Disponível em
<http://www.politecnico.
ufsm.br/cursos/tecnicos/
images/downloads/ang_
perfil_aula.pdf>. Acesso
em 10/07/2009

Referências
ANDRADE, E. D. V. A elaboração de documentos cartográficos sob a ótica do mapeamen-
to participativo. 2008, 79f. Dissertação (Mestrado em Geografia). UFPE, Recife, 2008. Disponí-
vel em <http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5348>
Acesso em 10/07/2009.

40
Geografia - Cartografia Temática

ARCHELA, R. S. e THÉRY, H. Orientação metodológica para construção e leitura de mapas te-


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GRANEL-PERÉZ, Maria del Carmen. Trabalhando a geografia com as cartas topográficas. 2.


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ges/downloads/ang_cartografia_azimute_rumo.pdf> Acesso em 20/08/2005.

41
Geografia - Cartografia Temática

Unidade 2
As geotecnologias, a cartografia
turística e os gráficos

2.1 Introdução
Nesta unidade vamos estudar um ramo da ciência cartográfica que tem se destacado nos
últimos anos, trata-se das geotecnologias. Estas são compreendidas como um conjunto de tec-
nologias aplicadas à ciência cartográfica, pois, a partir das mesmas, é possível obter informações
importantes sobre o espaço e representá-las em mapas temáticos.
Logo, estudar as novas tecnologias aplicadas à cartografia é buscar atualizar-se sobre as no-
vas formas de elaboração de mapas temáticos. Nesse sentido, nesta unidade estudaremos as téc-
nicas que compõem essas novas tecnologias aplicadas à cartografia, em que se destacam: sen-
soriamento remoto, CAD, SIG e o GPS. Além dessas tecnologias, vamos analisar nesta unidade a
construção e leitura de gráficos.
Diante desses topicos que serão abordados nesta unidade, a mesma tem como objetivo
proporcionar ao acadêmico o entendimento da teoria das geotecnologias, bem como a interpre-
tação de imagens de satélites e a elaboração de gráficos.

2.2 Novas tecnologias aplicadas à


cartografia
Como foi colocado no tópico sobre a cartografia temática e suas relações com a geografia,
houve grandes transformações na ciência cartográfica a partir do advento da informática; nesse
momento a geografia passou a englobar ainda mais a cartografia e as técnicas computacionais
de mapeamento nos seus estudos. Essa importância dada à cartografia ocorreu principalmente
com a chamada “revolução da geografia”, que foi um movimento iniciado nos Estados Unidos e
na Inglaterra, durante as décadas de 1950 e1960, para transformar a geografia em uma ciência
mais precisa e, para isso, inseriu modelos matemáticos e computacionais nos estudos geográfi-
cos. Nesse contexto é que surge a geografia quantitativa ou teorética, como foi abordado duran-
te a disciplina História do pensamento Geográfico, no primeiro período do curso de geografia.
A aproximação da geografia e, consequentemente, da cartografia com a tecnologia propor-
cionou avanços imagináveis na criação dos mapas. Um dos grandes problemas na populariza-
ção dos mapas era o custo elevado, isso tem como causa a dificuldade de se produzir um único
mapa, haja vista que, em caso de qualquer alteração no espaço, o mapa tem que ser atualizado,
e como o mapa está em meio analógico (em papel) tem que se criar um novo mapa. Além disso,
vamos imaginar a dificuldade para se elaborar um mapa dos tipos de vegetação em um vasto
território, o trabalho de visita a campo era cansativo e muito caro.
Com as novas tecnologias aplicadas à cartografia, esses problemas foram minimizados sig-
nificativamente, quando não foram extintos por completo.
Quando mencionamos a expressão novas tecnologias aplicadas à cartografia, estamos tra-
tando de uma tecnologia recente e que vem se aperfeiçoando cada vez mais, trata-se das Geo-
tecnologias. Esse termo é bastante complexo, pois apresenta no seu bojo funções diferentes que
contemplam o processo de criação de mapas temáticos. Essa complexidade gera interpretações
equivocadas que acabam por serem retratadas em algumas definições e assimilações que com-
preendem Geotecnologias como sinônimo de geoprocessamento.

43
UAB/Unimontes - 3º Período

Desse modo, um ponto conflituoso ao se tratar de geotecnologias é a sua definição, bem


como das técnicas que a compõem. Há na literatura mundial grande quantidade de conceitos
para definir geotecnologias, geoprocessamento, sistema de informação geográfica e sensoria-
mento remoto.
A complexidade da geotecnologia requer uma definição mais criteriosa, sendo que a defini-
ção de cada técnica é importante para o entendimento correto da teoria da geotecnologia.
Portanto, geotecnologia é o termo mais abrangente para se referir às tecnologias da infor-
mação, pois se refere a toda tecnologia ligada à coleta, armazenamento, tratamento, análise e
apresentação de informações geográficas são denominadas de geotecnologias. Incluindo, assim,
a Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto, Sistema de Posicionamento Global - GPS, Sistema
de Informações Geográficas – SIG (MATIAS, 2001).
Na visão de Rosa (2004, p. 81), “as geotecnologias também são conhecidas como geopro-
cessamento”, porém o termo geotecnologia apresenta uma ideia de maior amplitude quando se
trata de tecnologias de informação geográfica. Além do mais, Câmara (1996) costuma se referir
a geoprocessamento como técnica que não inclui o sensoriamento remoto, mesmo porque
na literatura internacional não existe o termo geoprocessamento, usando-se apenas Geogra-
phicalInformation Systems (GIS) para designar as ações de análise, processamento e consulta de
dados.
Diante da confusão conceitual existente no termo geoprocessamento, devido a sua comple-
xidade e impossibilidade de contribuição internacional, pois é um termo exclusivamente brasi-
leiro, como alerta Pereira e Silva (2001, p. 104), “a definição do que seja geoprocessamento é uma
tarefa difícil”. Sendo assim, o termo geotecnologia é mais adequado para se referir às funções do
sensoriamento remoto, da cartografia digital, do sistema de localização por satélite, da geodési-
ca, da topografia aplicada e do sistema de informação geográfica – SIG, ou seja, geotecnologia é
a junção de todas as técnicas que trabalham com a coleta, armazenamento, manipulação, análise
e exposição de informações geográficas (Ver figura 39).

Figura 39: Técnicas ►


que compõem as
geotecnologias.
Fonte: Elaboração do autor

Para facilitar a compreensão das funções de cada uma dessas técnicas, vamos apresentar as
mesmas de maneira separada, ressaltando sempre que, apesar de se tratar de técnicas diferentes,
essas devem ser trabalhadas de forma integrada, haja vista que a função de uma completa a fun-
ção de outra, criando assim um verdadeiro sistema.

2.2.1 Sensoriamento remoto

O sensoriamento remoto é a técnica mais antiga que compõe as geotecnologias. Essa con-
siste na obtenção de informação de algum objeto, sem o contato físico, ou seja, podemos mo-
nitorar, observar ou ver um objeto sem precisar tocar nele. Sendo assim, a fotografia é o melhor
exemplo de sensoriamento remoto, pois, a partir de uma foto de qualquer lugar, mesmo sem
conhecer este lugar, podemos obter algumas informações dessa área.
Essa é a lógica do sensoriamento remoto, e para os profissionais que trabalham com essa
técnica o monitoramento do espaço é feito de cima, ou seja, através de fotografias aéreas, em
que a câmera de registro de imagem está acoplada em um avião, ou através dos satélites que
estão na órbita da terra. Mas, para se chegar a esse nível houve alguns fatos interessantes que
vamos apresentar agora.
O desenvolvimento do sensoriamento remoto começa com a descoberta da teoria da luz e,
com isso, foi possível avançar para a obtenção da fotografia (foto=luz e grafia=escrita). A primeira
fotografia foi gerada por Niepa, em 1822, na França. Esse foi o passo inicial para que imagem do
espaço se tornasse uma ferramenta para auxiliar os estudos científicos.

44
Geografia - Cartografia Temática

Ainda na França, no ano de 1856, Gaspar Felix Tournachou obteve a primeira foto aérea;
para isso, conectou uma máquina fotográfica em um balão e registrou imagens da cidade de Pa-
ris. Esse foi o primeiro exemplo de sensoriamento remoto, pois o autor da foto está distante do
alvo e, mesmo assim, consegue registrar as imagens (INPE, 1998).
Com a invenção dos aviões, as fotografias aéreas, ou seja, o sensoriamento remoto passa por
uma revolução. Infelizmente, foi no período de guerras mundiais que essa tecnologia mais se de-
senvolveu, pois, como se trata de um instrumento para monitoramento à distância, assim não
há risco de perda de soldados para os observadores. Com isso, câmeras fotográficas com filmes
especiais, como o infravermelho, eram usadas para fotografar o território inimigo.
No contexto da segunda guerra mundial, os filmes infravermelhos eram usados para desco-
brir acampamentos entre a vegetação, pois esse tipo de filme consegue diferenciar, através da
radiação emitida pelo corpo, o tipo de vegetação e, assim, mostrar o que é camuflagem.
Depois da câmera fotográfica, foram acoplados nas aeronaves radares. O radar é um instru-
mento semelhante à câmera, mas capta a energia que ele mesmo emite, como se fosse o flash
de uma máquina que bate no alvo e retorna. Quando a energia captada pelo sensor foi emitida
por ele mesmo, chamamos esse sensor de ativo, ou seja, ele não depende de fontes naturais para
obter informações. No caso dos sensores que captam a radiação, pois não possuem emissão de
energia, são denominados de passivos.
Com o desenvolvimento da tecnologia espacial, o sensoriamento remoto atingiu um nível
inimaginável, pois agora os sensores para monitoramento foram acoplados em satélites. Esses
satélites servem para várias atividades, como a comunicação e localização, e não apenas para
monitoramento.
Existem satélites para monitoramento apenas da atmosfera. Esses fornecem informações
para fazer a previsão do tempo, como aparece nos telejornais quando um jornalista comenta so-
bre a previsão do tempo e mostra a movimentação das nuvens. Esses satélites são responsáveis
também para identificar a possível ocorrência de fenômenos naturais que podem provocar de-
sastres, como os ciclones. Em outubro do ano de 1957 foi lançado o Sputnik 1, o primeiro satélite
artificial lançado pelo homem. Os russos conseguiram lançar o Sputnik primeiro, mas a única coi-
sa que esse satélite fazia era emitir sons em determinadas frequências, que podiam ser captados
por rádio-receptores na Terra. O satélite TIROS foi o primeiro satélite meteorológico colocado na
órbita da Terra, lançado em 01 de abril de 1960.
Além dos satélites meteorológicos, há também os satélites que são usados para monitorar o
espaço terrestre e, por isso, esses são os mais interessantes para a geografia, lembremos sempre
que o nosso objeto de estudo é o espaço geográfico. O primeiro satélite desse tipo foi o Earth
Resources Technology Satellite, conhecido pela sigla ERTS 1. Mas, a partir do dia 14 de janeiro de
1975, passou a ser chamado de Landsat (em inglês, Land= terrestre e Sat= satélite).
O Landsat é considerado a série de satélites terrestres mais importante para o sensoriamen-
to remoto, não só pelo seu pioneirismo, mas, principalmente, pela qualidade e inovação dos seus
produtos, ou seja, as imagens.
A série de satélites Landsat é a maior entre os satélites, no total foram lançados 7 satélites,
mas o satélite 6 apresentou problemas e não conseguiu gerar imagens, enquanto o último, o
Landsat 7, apresentou problemas em 2003 e não registrou mais imagens. Devido a esses proble-
mas, as imagens atuais são fornecidas pelo Landsat 5, que apresenta imagens com resolução es-
pacial de 30 metros, ou seja, a menor parte da imagem chamada de pixel, tem 30m² (veja a figura
40). Com isso, objetos com tamanho menor que isso não são registrados.

◄ Figura 40: Ilustração


do pixel (quadrado) de
uma imagem.
Fonte: Disponível em
<http://www.functionx.
com/win32/images/pixel1.
gif>. Acesso em 10/07/2009

45
UAB/Unimontes - 3º Período

Além da resolução espacial (tamanho do pixel), existe a resolução espectral, que trata do nú-
mero de bandas que o satélite registra. Para entendermos isso melhor, é preciso voltar um pouco
no estudo da radiação eletromagnética.
Como mostra a figura 41, essa radiação é a energia que é emitida pelo sol e que incide em
um corpo, consequentemente, esse corpo reflete parte dessa energia, isso é a reflectância (capa-
cidade do corpo em refletir energia). Sabemos que cada corpo tem uma reflectância, assim, há
corpos que refletem mais energia, como o solo arenoso exposto e, outros menos, como a água.
Por isso, o satélite capta várias faixas da radiação, pois assim consegue obter a energia dos cor-
pos que refletem mais e com dos que refletem menos.

Figura 41: Trajetórias ►


da radiação
eletromagnética.
Fonte: (INPE, 1998).

Cada faixa de energia que é captada por um satélite é denominada de banda. No caso do
Landsat 7 são sete bandas, assim, sabemos que esse satélite capta em sete bandas diferentes de
radiação. E cada banda dessas é uma imagem, logo, são 7 imagens do mesmo local, mas mos-
trando com maior detalhe os objetos que mais aparecem em cada banda específica, como mos-
tra a figura 42.

Figura 42: Bandas 2, 3 e ►


4 do satélite Landsat 7.
Fonte: (LEITE, M. E., 2009).

Ainda com base na Figura 42, podemos perceber que, apesar de ser o mesmo local, as ima-
gens mudam a tonalidade do cinza: em alguns pontos na banda 2 estão mais escuros e na banda
4 estão mais claros.
Essa variação dos tons de cinza está associada à reflectância, pois quanto mais o corpo refle-
te energia mais claro este será, assim podemos perceber que as áreas braças são solos expostos e
nas áreas mais escuras ou é água ou uma floresta. As imagens que aparecem apenas em preto e
branco, chamamos de pancromática.

46
Geografia - Cartografia Temática

Para facilitar o reconhecimento de cada


objeto em uma imagem, podemos fazer uma
composição colorida, veja na figura 42 o que é
uma composição colorida.
Para fazer uma composição colorida, te-
mos que ter no mínimo três bandas, isso por-
que usamos as três cores primárias que são as
corres azul, verde e vermelho (em inglês blue,
green e red). O processo é fácil, usando um
programa de computador (software) associa-
mos cada cor a uma banda, como resultado, te-
mos uma imagem multiespectral, ou seja, com
várias cores. Lembremos que, com a junção das
cores primárias, obtemos todas as outras cores.
Na figura 42, podemos ver que a banda 2
foi associada a blue (azul), a 3 a red (vermelho)
e a 4 a green (verde). Como a banda 4 mostra
mais a vegetação, na imagem a vegetação apa-
receu em verde. Mas, se mudasse a banda 4
para vermelho, a vegetação apareceria em ver-
melho.
Apesar de a composição colorida facilitar
a fotointerpretação da imagem, traz um pro-
blema com relação à resolução espacial (tama-
nho do pixel), pois, como é uma sobreposição
de três imagens, os erros se acumulam, com
isso há perda da resolução espacial. Mas, como
se trata de tecnologia, é possível reverter esse
erro com a técnica de fusão. Essa técnica obje-
tiva dar imagem colorida a mesma resolução
de uma única banda.
Esse processo que foi mostrado pode ser
realizado com todos os satélites de monitora-
mento terrestre. E existem vários outros que
disponibilizam imagem para várias finalidades.
Como explicamos, o Landsat tem resolução
espacial de 30 metros, isso impossibilita que
as imagens desse satélite sejam usadas para algumas funções como estudos urbanos. Por isso, ▲
os satélites com resolução espacial superior a 5 metros são considerados aptos para trabalhos Figura 43: Lançamento
ambientais, ou seja, em menor escala (menor detalhe no mapeamento). Além do Landsat para do satélite CBERS 2,
estudos ambientais, destacam-se no mercado o satélite europeu SPOT (satélite para observação em outubro de 2003,
terrestre) e o satélite sino-brasileiro (parceria da China com o Brasil), CBERs. a bordo do foguete
chinês Longa Marcha
O programa China-Brazil Earth ResourcesSatellite (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terres- 4 B.
tres) – CBERS é destaque, em função de disponibilizar gratuitamente imagens digitais. Isso foi im- Fonte: Disponível em
portante para popularizar o acesso a produtos orbitais. Esse programa mantém três satélites de <http://www.globoama-
observação terrestre em órbita: o CBERS-1, lançado em 1999, o CBERS-2, lançado em 2003(figura zonia.com/Amazonia/
foto/0,,15446406-
43) e o CBERS-2B, lançado em 2007. Este último registra imagens com resolução espacial de 2,7 -EX,00.jpg>. Acesso em
m, representando um ganho de informação nas imagens do CBERS-2B. O sucesso dessas missões 10/07/2009
fez com que os governos do Brasil e China assinassem um acordo para continuação do progra-
ma, prevendo o lançamento do CBERS-3 e 4 (NOVO, 2008).
DICA
Nas cidades a complexidade e variedade dos objetos que se encontram no espaço intra-ur-
bano, como casas, ruas, asfalto, ruas sem pavimentação, tipos variados de telhados e outros tor- O site do Instituto
Nacional de Pesquisas
nam a aquisição de informações por meio do sensoriamento remoto uma tarefa mais cara, pois, Espaciais – INPE – traz
para se obter uma imagem de um satélite para o estudo urbano, é necessário recorrer à imagem informações obre
de satélites que tenham uma resolução espacial menor que 5 metros (o pixel da imagem tem o CBERS que pode
que ter menos de 5m²). auxiliar os que queiram
Essas imagens são chamadas de alta resolução e existem, hoje, no mercado, dois satéli- se aprofundar nesse
assunto. Site www.dpi.
tes que possuem as menores resoluções espaciais, são eles: O Ikonos e o QuickBird. O Ikonos foi inpe.gov.br
lançado no dia 24 de Setembro de 1999, está a uma altitude média e 681 km, sua órbita é sin-
cronizada com o sol (heliosincronia). A necessidade de acompanhar a órbita do sol é explicada

47
UAB/Unimontes - 3º Período

pela necessidade de energia solar, pois nesse


Figura 44: Satélite ► satélite há painéis fotovoltaicos que captam a
Ikonos com os painéis energia solar, como pode ser visto na figura 44,
fotovoltaicos. além do fato de os satélites captarem a energia
Fonte: Disponível em refletida pelos alvos terrestres, e a fonte que
<http://www.igeo.pt/
instituto/cegig/gdr/pro-
emite essa energia é o sol.
jectos/carfor/carfor1.gif>. O satélite Ikonos foi o primeiro satélite que
Acesso em 10/07/2009 disponibilizou imagens de satélites com reso-
lução menor que 1 metro, vale destacarmos
que esse satélite pertencia ao Departamento
de Defesa dos Estados Unidos e era controlado
pela Agência Espacial Americana (NASA), mas,
com os avanços e o desenvolvimento de satélites mais avançados, o Ikonos foi repassado para a
empresa norte-americana SPACE IMAGING que opera e detém os direitos de comercialização das
suas imagens em nível mundial.
As imagens desse satélite têm até um
metro de resolução espacial no modo pancro-
mático (apenas uma banda que aparecesse
em preto e branco) e quatro metros no modo
multiespectral (imagem colorida, pois associa a
cada cor primaria uma banda). veja o exemplo
das figura 45 e 46.
Apesar do pioneirismo e inovação do saté-
lite Ikonos, as imagens do satélite QuickBird são
as de melhor resolução espacial do mercado,
pois o seu sistema coleta dados com 61 centí-
metros de resolução espacial no pancromático
e 2,5 metros no multiespectral.
Esse satélite foi desenvolvido pela Digital-
Globe, exclusivamente para uso civil, e possui
uma órbita quase polar, também síncrona com
o sol, devido aos mesmos motivos do Ikonos,
e está a uma altitude de 450 Km. A figura 47
mostra o satélite americano QuickBird.


Figura 45: Imagem
pancromática do
satélite Ikonos,
mostrando as Pirâmides
do Egito./
Fonte: Disponível em
<http://www.richard.eti.
br/ikonos_egito.jpg>. Figura 46: Imagem ►
Acesso em 10/07/2009 multiespectral
do satélite Ikonos
mostrando
Machupicchu.
Fonte: Disponível
em <http://www.
apolo11.com/ima-
gens/etc/ikonos_
machupicchu_500.
jpg>. Acesso em
10/07/2009

48
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 47: Satélite Quick


Bird com os painéis
fotovoltaicos.
Fonte: Disponível em
<http://www.envi.com.br/
PNG/satelites/quickbird/
quickbird.jpg>. Acesso em
10/07/2009

Com essas características que apresentamos sobre os satélites e suas imagens, podemos
perceber que esses instrumentos são de grande utilidade para várias áreas, pois tudo que está
no espaço e tem tamanho para ser registrado por um satélite poderá ser estudado pelas ima-
gens orbitais. Como exemplo, podemos citar o desmatamento que, numa imagem de satélite de
média resolução, como o Landsat e o Cbers, pode ser monitorado, trazendo assim informações
valiosas para conter esse processo. Além desse, exemplo há a potencialidade das imagens de alta
resolução para dar suporte ao planejamento das cidades. Além desses exemplos, existe uma infi-
nidade de aplicações para as imagens provenientes do sensoriamento remoto.
Essas vantagens do sensoriamento remoto são potencializadas, se trabalharmos esses pro-
dutos (imagens aéreas e de satélite) integrados a outras tecnologias que compõem a geotecno-
logia, destacamos aqui o Sistema de Informação Geográfica – SIG.

2.2.2 Sistema de Informação Geográfica – SIG

O Sistema de Informação Geográfica é uma tecnologia informacional que tem atraído bas-
tante os geógrafos, isso devido à capacidade que esse sistema possui de trabalhar com uma va-
riedade de dados de diversas fontes e períodos diferenciados, como produto final esse sistema
apresenta produtos cartográficos como gráficos e, principalmente, mapas.
Na geografia esse sistema se destaca pelo fato de ter uma linguagem espacial, ou seja, os
dados são representados sempre com relação ao espaço. O primeiro exemplo da aplicação do
SIG trata de um episódio ocorrido em Londres em que ocorreu um surto de cólera e um médico,
Dr. Snow, mapeou a ocorrência dos casos e sobrepôs essas informações à distribuição dos poços
de água, com isso constatou que a maior parte dos casos concentrados próximos a um determi-
nado poço. Essa informação possibilitou que as autoridades fechassem o poço.
Com os avanços computacionais, o processamento de grande quantidade de dados se tor-
nou mais rápido e eficiente. O uso de instrumentos computacionais para processamento de da-
dos espaciais ocorreu no Canadá na década de 1960. Em seguida essa tecnologia chegou aos
Estados Unidos, onde ganhou novas funções e maior operacionalidade.
E, hoje, esse sistema se tornou um instrumento importante para os estudos acadêmicos,
para a gestão pública e para o setor privado. Esse mercado fez com que as geotecnologias se
tornassem o terceiro setor tecnológico de maior investimento, ficando atrás apenas para a bio-
tecnologia e para a nanotecnologia.
Os professores do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, Roberto
Rosa e Jorge Brito definem o SIG como

49
UAB/Unimontes - 3º Período

Um sistema destinado à aquisição, armazenamento, manipulação, análise e re-


presentação de dados referidos espacialmente na superfície terrestre. Portan-
to, o sistema de informação geográfica é uma particularidade do sistema de
informação no sentido mais amplo (ROSA e BRITO, 1996, p. 8).

Apesar do uso desse sistema na geografia ter se iniciado no contexto da revolução quantita-
tiva e por ter sido criticado inicialmente pelas outras correntes da geografia, notamos que atual-
mente o SIG é aplicado em estudos de quase todas as linhas da geografia, uma vez que, por ser
geografia, há estudo do espaço e o SIG representa o espaço.
O SIG assume essa importância pelo uso do banco de dados, que consiste numa série de
Figura 48: Mapa como
exemplo do SIG. dados alfanuméricos (letras e números) que estão ligados a uma determinada área. Esses dados
Fonte: (LEITE, M. E. et al podem ser relacionados a diversos aspectos como saúde, social, economia, infraestrutura, entre
2009). outros, mas que sejam atributos de uma única área. Dessa forma, é possível cruzar esses dados
▼ para se obter um diagnóstico desse lugar.
Exemplificando, imaginemos
que se queira saber se há uma rela-
ção entre a ocorrência de uma doen-
ça e a renda da população, para isso,
basta associar os dados da incidência
da doença com a renda, obteremos
como resultado um mapa mostrando
a distribuição dessas variáveis. Esse
resultado é mostrado na figura 48,
que traz o caso da cidade de Montes
Claros com a incidência da dengue
com a renda per capita.
A popularização do SIG teve
como contribuinte a facilidade de
operação dos softwares de SIG, como
exemplo temos o ArcViewGIS, pro-
gramado pela empresa dos Estados
Unidos, ESRI. Esse software é o mais
usado no mundo, devido à varieda-
de de funções que possui e, princi-
palmente, por ser de fácil operação.
Apesar de ser um programa em que
a linguagem está em inglês, os co-
mandos são de fácil operação.
Veja na figura 49, que mostra a
tela de trabalho do ArcView, aparece
uma imagem do satélite Quick Bird
da cidade de Montes Claros e sobre-
posta a ela está a hidrografia.
Com essa breve exposição so-
bre o SIG, podemos verificar que esse
sistema tem duas partes principais,
o banco de dados e a base cartográ-
fica, que são integrados para gerar o
produto final. A base cartográfica, ou
seja, a estrutura do mapa é uma con-
tribuição de outra tecnologia, que é
o CAD (desenho auxiliado por com-
putador) ou cartografia digital.
Com o CAD, os mapas passaram
a ser desenhados no computador,
isso trouxe grandes benefícios para a cartografia e, consequentemente, para a geografia. O fato
de o mapa ser atualizado no computador, sem precisar construir um novo mapa, fez com que o
custo do mapa se reduzisse ainda mais, além disso, a qualidade dos mapas foi melhorada consi-
deravelmente.

50
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 49: Tela de


trabalho do ArcView
com a imagem do
satélite Quick Bird
da cidade de Montes
Claros.
Fonte: (LEITE, M. E. et al
2009).

O CAD é muito usado na elaboração de projetos arquitetônicos, devido à riqueza de ferra-


mentas, mas o uso desse para a elaboração de mapas está em grande expansão. Há vários soft-
wares de CAD no mercado, embora o mais usado seja o Auto Cad, esse software, apesar de ser
em inglês,é muito usado por técnicos (os chamados cadistas). Existe uma versão própria para tra-
balhar com elaboração de mapas, trata-se do Auto CadMap 2000. A figura 50 mostra a tela de
trabalho desse software.

◄ Figura 50: Tela de


trabalho do Auto
CadMap 2000 com a
imagem do satélite
Quick Bird da cidade
de Montes Claros.
Fonte: (LEITE, M. E. et al
2009).

Portanto, o trabalho integrado do CAD e SIG é inevitável, pois a base cartográfica é elabora-
da no CAD e depois é exportada para o SIG e, a partir disso, recebe o banco de dados.
Mesmo com a disponibilidade dessas tecnologias, notamos que há uma escassez de produ-
tos (mapas) em meio digital, pois a maioria ainda está em meio analógico (no papel). Há várias
explicações para essa situação, entretanto, o domínio da tecnologia pelos profissionais e o custo
são as mais convincentes.
51
UAB/Unimontes - 3º Período

Há pouca oferta de profissional qualificado para trabalhar com as geotecnologias, por isso o
mercado de trabalho e a remuneração estão cada vez mais atrativos. Essa demanda faz com que
o geógrafo se aperfeiçoe para dominar essas tecnologias. Nesse contexto, os cursos de geografia
trazem na sua grade curricular as disciplinas de geoprocessamento, SIG e sensoriamento remoto.
Embora, a pouca familiaridade com a informática por parte da maioria dos acadêmicos de geo-
grafia tenha se tornado um desafio para os professores dessas disciplinas que contemplam as
geotecnologias.
Além desse fator, o custo das geotecnologias, ainda, é um entrave para a popularização des-
sa técnica. Com a redução dos preços dos produtos de informática, como o computa-
dor, impressoras e scanners, verificamos que a informática tem se tornado acessível. Po-
rém, os dados para o trabalho com as geotecnologias são muito caros, como exemplo
estão as imagens de alta resolução.
Outra tecnologia que está agregada às geotecnologias e tem se popularizado é o
aparelho receptor do sinal GPS, como o modelo da figura 51.
Há uma confusão, no que se refere ao GPS, que é bom explicarmos. A sigla GPS
(Global Position System – Sistema de Posicionamento Global) é uma marca do siste-
ma de localização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Assim
como o Galileo é a marca do sistema semelhante ao GPS, porém da União Europeia.
Mas, como o único em plena atividade em todo o mundo é o GPS, costumamos tratar
esse termo como todo sistema de localização.
Outro equívoco é quando nos referimos ao aparelho e o denominamos apenas de
GPS. Temos que compreender que o aparelho capta o sinal dos satélites que compõem
o sistema de satélites, que é chamado de GPS. Esse sistema é composto basicamente
de um grupo de satélites artificiais (24 ativos) em órbita terrestre, à baixa altitude, ser-
vindo de referencial de localização e o contato entre o aparelho receptor e o satélite é
feito através de ondas de rádio.
Outra informação a qual temos que ficar atentos é sobre os tipos de aparelhos re-
ceptores, pois esse mostrado na figura 51 é o mais comum, que é denominado de apa-

relho de navegação, pois tem como finalidade principal orientar a direção e mostrar a
localização, haja vista que esse aparelho apresenta um erro que pode chegar a 30 metros; com
Figura 51: Aparelho
isso certas atividades ficam inviá-
receptor do sinal GPS,
Garminetrex. veis, já que necessitam de máxima
Fonte: (LEITE, M. E. et al precisão.
2009). Os outros tipos são o topo-
gráfico e o geodésico. O topográ-
fico possui um erro máximo de 5
metros, sendo recomendado para
trabalhos de medição de áreas e
elaboração de curvas de níveis. O
geodésico, mostrado na figura 52, é
o mais preciso, pois possui um erro
quase nulo, isso lhe permite reali-
zar atividades de extrema precisão.
Mas, como a antena é externa, é
preciso que a mesma esteja sempre
no lato para captar o melhor sinal,
Figura 52: GPS ► por isso é comum o uso de tripé
geodésico fixado em para fixar a antena.
um tripé. A tendência é que o aparelho
Fonte: Disponível em GPS se popularize de tal forma que
<http://www.hcengenha-
ria.com.br/indexpre_ar- os veículos e aparelhos eletrônicos
quiv/gtra%20006.jpg>. venham de fábrica com esse recep-
Acesso em 10/07/2009 tor. Isso já ocorre no caso dos auto-
móveis que possuem esse equipa-
mento para auxiliar a orientação no
espaço para o motorista. No caso
dos caminhões, o GPS tem uma
função de segurança, pois os con-
troladores em uma central podem,
à distância, monitorar o trajeto do

52
Geografia - Cartografia Temática

veículo, possibilitando, em caso de roubo, acionar um dispositivo que desliga o motor do cami-
nhão e, assim, comunicar à polícia. Essa mesma funcionalidade já está em teste para monitorar o
ser humano, pois os pais poderiam controlar os lugares que o filho frequenta.

2.3 Cartografia turística


A cartografia temática, como podemos perceber, trata do domínio dos mapas temáticos em
geral e, para isso, usa normas estabelecidas em convenções internacionais. Mas há um tipo de
cartografia que tem sido amplamente difundida, que trata da representação cartográfica de es-
paços, com a finalidade de auxiliar a atividade do turismo.
Essa cartografia trabalha com mapas temáticos específicos, pois não tem uma preocupação
científica tão rígida quanto os mapas técnicos. Até mesmo porque essa cartografia ainda não é
um ramo reconhecido da cartografia.
Os mapas que costumamos receber em locais turísticos como praias, cidades históricas e
mesmos roteiros de viagens são exemplos de mapas turísticos que foram elaborados com o in-
tuito de informar o leitor (turista) do mapa.
A figura 53 mostra o mapa turístico da cidade de Olinda, em Pernambuco. Observe nesse
mapa que os símbolos retratam os principais pontos turísticos e há uma legenda com o nome
desses locais. Não há escala e nem mesmo coordenada, isso mostra que não se trata de um tra-
balho científico.
Veja, também, que nesse mapa há um uso abusivo de símbolos, mas isso é possível por se
tratar de um mapa simples, isto é, retrata uma área pequena e dá ênfase nos principais pontos
turísticos.

◄ Figura 53: Mapa


turístico da cidade de
Olinda/PE.
Fonte: Disponível em
<http://www.quatro-
cantos.com/carna-
val_de_olinda/imag_grd/
mapatur.jpg>. Acesso em
10/07/2009

Para facilitar a interpretação do mapa, os autores usam símbolos de fácil compreensão, mas
não se preocupam com as escalas desses símbolos nos mapas.
Mesmo não existindo uma padronização para esse tipo de cartografia, os elaboradores des-
sas representações usam o bom senso para facilitar a leitura e interpretação do mapa turístico.
Algumas características dos mapas turísticos seguem a lógica da cartografia temática, como,
por exemplo, o título que sempre deve estar destacado na parte superior do mapa e estar bem
claro em relação ao que é mapeado, ou seja, ao tema do mapa. Quanto à legenda, é necessário
estar sucinta, pois assim facilita a leitura, e sua localização no mapa deverá ser na parte inferior,
mas, dependendo da estrutura do mapa, poderá vir na parte superior.
Outro ponto importante na elaboração de um mapa turístico é a fonte e tamanho do texto, já
que ela permite que determinados pontos se sobressaiam no mapa. A cor do fundo do mapa deve
ser uma cor que não ofusque a parte importante do mapa, os pontos turísticos e vias de circulação.
53
UAB/Unimontes - 3º Período

Não é recomendável usar símbolos muito pequenos, pois isso dificulta a visualização, no-
tadamente da população idosa. Por isso, os símbolos devem ser bastante visíveis e estar numa
localização equivalente à do espaço real. Outra recomendação trata do uso de encartes de loca-
lização da área mapeada. Esse encarte consiste num mapa de escala menor que mostre a locali-
zação da área que está representada e as vias que levam a esses pontos, como podemos ver na
figura 54.

Figura 54: Mapa ►


turístico de bento
Gonçalves, como o
encarte de localização
e rodovias, na parte
inferior à esquerda.
Fonte: Disponível em
<http://www.carlosbarbo-
sa.rs.gov.br/novo/turismo/
mapa_cb_tur_g.jpg>.
Acesso em 10/07/2009

O mapa turístico de pequena área usa uma semiologia gráfica diferente dos mapas de gran-
de área, pois, no mapa de uma cidade, os pontos a serem representados são em número menor,
mas em um mapa de uma grande área esses pontos serão em maior número, com isso os símbo-
los usados serão diferentes.
Como exemplo dessa comparação, podemos citar o caso de uma igreja, que será represen-
tado em um mapa de maior escala com um desenho de uma igreja, mas no mapa de escala me-
nor essa igreja será representada por apenas a torre da igreja ou um sino. Com essas adequações
haverá espaço no mapa para retratar todos os pontos interessantes para o turista.
Com essa breve explicação dessa nova tendência de uso da cartografia no turismo, devemos
nos ater à necessidade de elaborar um mapa de simples interpretação, o qual mostre e valorize
os espaços destinados ou de interesse dos turistas, como os pontos turísticos, os restaurantes, as
vias de acesso aos principais locais, entre outros.
Apesar de não ser um ramo científico da cartografia temática, o mapa turístico e classificado
como temático, pois representa um tema específico de uma área, ou seja, trata de um mapa que
mostra os espaços de interesse para o turismo num determinado local, podendo ser um municí-
pio, uma região ou um país. E, com essa variação de escala espacial, serão determinados os sím-
bolos usados para representação cartográfica.
Com essa exposição, concluímos que, como o turismo é uma atividade importante para al-
gumas áreas, pois gera renda e emprego, devemos nos capacitar para usar a cartografia como
um facilitador do turismo. Mesmo não havendo uma normatização da cartografia turística, deve-
mos pensar o mapa turístico mais simples para leitura do usuário.

2.4 Gráficos
Os gráficos são muito úteis ao estudo da geografia porque servem para a complementação
de análises regionais. Servem para estabelecer comparações das partes com o todo ou da evolu-
ção de um fato.
Mas é bom lembrar que todo gráfico deve ser, antes de tudo, fácil de ser entendido. Os gráfi-
cos confusos perdem seu objetivo, não têm sentido.
O gráfico leva consigo uma informação, uma mensagem, por isso deve ser construída com
muita honestidade, buscando sempre retratar a realidade.
A apresentação de dados sob a forma gráfica possui algumas vantagens em relação à tabu-
lar, pois temos uma impressão visual mais clara, rápida e abrangente dos fenômenos descritos.

54
Geografia - Cartografia Temática

Segundo Le Sann (1991) e Crespo (2002), para uma boa tradução do que se deseja represen-
tar num gráfico, devemos seguir algumas regras que nos auxiliaram:
• O gráfico deve possuir um título que expresse de forma clara e objetiva as informações de-
sejadas;
• No caso de uso de legendas ou convenções, devemos ser claros ao colocar as mesmas;
• Em gráficos que utilizem sistemas de coordenadas, as linhas contendo os eixos de origem
devem ser destacadas em relação às demais;
• A escolha da escala é talvez o ponto mais importante na construção de um gráfico, porque
o emprego de uma escala inadequada pode comprometer a interpretação da informação. Glossário
• Deve-se colocar no gráfico a fonte dos dados, data dos dados, as unidades de medidas, as Dados absolutos: são
convenções adotadas; aqueles que foram
coletados e passaram
• Sempre devemos imaginar o usuário como sendo leigo no assunto apresentado, buscando
apenas por um pro-
facilitar, ao máximo, o entendimento do produto final. cesso de contagem ou
Conforme Crespo (2002) e Levin (1987), nem todos os elementos do espaço podem ser ma- medida, não receberam
peados; sendo assim, são representados por gráficos ou diagramas. nenhum tratamento.
Nas palavras de Spinelli (1990) e Levin (1987), gráfico é uma forma ilustrada de representar Dados relativos: são
aqueles que passaram
dados, com o objetivo de permitir uma visualização imediata da distribuição dos valores ob-
por algum tipo de
servados. Por isso, os meios de comunicação, com frequência, oferecem a informação estatística tratamento, como, por
por meio de gráficos. exemplo, porcenta-
Na geografia os gráficos são muito utilizados para representar valores absolutos ou relativos gens, taxas, etc.
e, através deles, estabelecer comparações das partes com o todo ou a evolução de um ou mais
fatos. Eles devem ter simplicidade, clareza e veracidade.
No início do estudo de gráfico, teremos que ressaltar alguns conceitos importantes da esta-
tística.

2.4.1 Séries estatísticas


Conforme Crespo (2002), uma sequência de dados correspondentes a duas variáveis é cha-
mada de série. Quando uma dessas variáveis é o tempo, temos a chamada série temporal, crono-
lógica ou histórica. Quando uma das variáveis é a localização geográfica, temos série geográfica
ou de localização, e quando descrevemos os valores, em determinado tempo local, discrimina-
dos segundo especificações ou categoria, temos as chamadas séries específicas ou categóricas.
Denominamos série estatística toda tabela que apresenta a distribuição de um conjunto de
dados em função da época, do local ou da espécie (fenômeno). Daí, podemos inferir que, numa sé-
rie estatística, observamos a existência de três elementos ou fatores: o tempo, o espaço e a espécie.

Série temporal, cronológica ou histórica

É a série cujos dados estão em correspondência com o tempo, ou seja, variam com o tempo.
Exemplo: Elemento variável: tempo (fator cronológico); Elemento fixo: local (fator geográfico) e
fenômeno (espécie) (tabela 2).

Tabela 2
Série temporal, cronológica ou histórica

Preço do Acém no varejo São Paulo – 1989-94


Anos Preço médio (US$)
1989 2,24
1990 2,73
1991 2,12
1992 1,89
1993 2,04
1994 2,62
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 27)

55
UAB/Unimontes - 3º Período

Série geográfica ou de localização

É a série cujos dados estão em correspondência com a região geográfica, ou seja, o elemen-
to variável é o fator geográfico (a região). Exemplo: Elemento variável: localidade (fator geográfi-
co); Elemento fixo: tempo e o fenômeno (espécie) (tabela 3).

Tabela 3
Série geográfica ou de localização

Duração média dos estudos superiores - 1994


Países Nº de anos
Itália 7,5
Alemanha 7,0
França 7,0
Holanda 5,9
Inglaterra Menos de 4
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 27)

Série específica ou categórica

É a série cujos dados estão em correspondência com a espécie, ou seja, variam com o fenô-
meno. Exemplo: Elemento variável: fenômeno (espécie); Elemento fixo: tempo e local (tabela 4).

Tabela 4
Série específica ou categórica

Rebanhos Brasileiros - 1992


Espécie Quantidade (1.00 cabeças)
Bovinos 154.440,80
Bubalinos 1.423,30
Equinos 549,5
Asininos 47,1
Muares 208,5
Suínos 34.532,20
Ovinos 19.955,90
Caprinos 12.159,60
Coelhos 6,1
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 28

Séries conjugadas, compostas, mistas ou tabela de dupla entrada

É um tipo mais abrangente que as anteriores, pois faz a conjugação de duas ou mais séries
estatísticas em apenas um único demonstrativo de dados. Na tabela abaixo, temos a conjugação
de uma série geográfica- série histórica, que gerara a série geográfico-histórica ou geográfico-
temporal (tabela5).

56
Geografia - Cartografia Temática

Tabela 5
Séries conjugadas, compostas, mistas ou tabela de dupla entrada

Terminais telefônicos em serviço - 1991/1993


Regiões 1991 1992 1993
Norte 342.938 375.658 403.494
Nordeste 1.287.813 1.379.101 1.486.649
Sudeste 6.234.501 6.729.467 7.231.634
Sul 1.497.315 1.608.989 1.746.232
Centro-Oeste 713.357 778.925 884.822
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 28

Segundo Levin (1987), os elementos de identificação de um gráfico são: título, datas dos da-
dos, a fonte, a legenda, a escala, etc. São de grande importância, sem eles ou alguns deles, o grá-
fico pode se tornar inútil.

2.4.2 Tipos de gráficos

Para Le Sann (1991), Martinelli (1998) e Crespo (2002), os gráficos mais usuais são: Gráficos
em Barras, Gráficos em Colunas, Gráficos em Barras ou em Colunas compostas, Gráficos em Bar-
ras ou em Colunas 100%, Gráfico Linear (ou gráfico de linhas ou curvas), Gráfico de Setor, Histo-
grama (gráfico de pirâmide), Diagramas Pictóricos, Diagrama Triangular, Gráfico Polar, etc.
O quadro 2 procura ordenar aqueles mais comumente usados no ensino de Geografia, com
o objetivo de facilitar o entendimento das características de cada um dos diagramas.

Quadro 2
Os gráficos simples: características e construções

Gráfico Característica principal Aplicações


Gráfico de Linha ou Representa variáveis contínuas com dados Diversas
curva absolutos ou relativos
Gráfico em Barra Representa variáveis descontínuas com Diversas
dados absolutos ou relativos
Gráfico em Coluna Representa variáveis descontínuas com Diversas
dados absolutos ou relativos
Gráfico em Barra % Representa proporções com dados relativos Diversas
Gráfico em Coluna % Representa proporções com dados relativos Diversas
Gráfico de setores Representa proporções com dados relativos Diversas
Histograma Representa variáveis contínuas com dados Diversas
absolutos ou relativos
Triangular Correlaciona três variáveis Pedologia; Setores de
atividades da popu-
lação
Ombrotérmico Combinação de curva com histograma Climatologia
Fonte: (LE SANN, 1991, p. 44)

Conforme Le Sann (1991), para a construção de um gráfico, o primeiro ponto a se observar


é qual a melhor maneira de representar as informações, já que a solução gráfica é somente uma,
mas as possibilidades de representação são várias.

57
UAB/Unimontes - 3º Período

Inicialmente devemos analisar as informações através da identificação dos componentes


(cada parte da informação) e do nível de organização (qualitativo, quantitativo ou ordenado) e a
identificação do tipo de variável (absoluta ou relativa).
Na confecção do gráfico, propriamente dita, devemos nos preocupar com o formato, ou
seja, devemos considerar a aparência estética, considerando o tamanho do papel, a posição do
título, subtítulo, fonte e a escala adequada. Quanto à escala, é importante ressaltar para que não
ocorra exagero o que pode mascarar um fenômeno.
Conforme Le Sann (1991), nos manuais de estatísticas aconselha-se respeitar determinada
proporção entre os eixos vertical e horizontal. O eixo vertical deve ser de 50 a 75% do eixo hori-
zontal, por exemplo, se o eixo horizontal tiver 12 cm de comprimento, a medida do eixo vertical
deve estar entre os seguintes valores: 6 cm e 9 cm, obtidos conforme as expressões 12x0,5= 6 cm
e 12x0,75=9 cm.
A seguir, explicaremos os tipos de gráficos mais usuais, exemplificando-os.

Gráfico em barras e em colunas

De acordo com Martinelli (1998) e Le Sann (1991), o gráfico em barra e em colunas, recebe
esse nome porque os dados das variáveis em estudo são representados por barras (horizontais) ou
colunas (verticais). É um gráfico simples, bastante utilizado para representar variáveis contínuas ou
descontínuas com dados absolutos ou relativos. Os dados de informação são representados pelos
componentes da barra ou coluna. Veja os exemplos a seguir (tabelas 6 e 7 e figuras 55 e 56).

Gráfico em barras
Tabela 6
População mundial - 1997

Países População (em milhões)


China 1 240
India 970
EUA 268
Indonésia 204
Brasil 150
Fonte: Revista Veja – 08/10/97

Figura 55: População ► População mundial -1997


mundial 1997
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&ei=X6
xxSs6NGqP8tgerqp2NBA
&sa=X&oi=spell&resnum
=0&ct=result&cd=1&q=FA
CULDADES+ADAMANTINE
NSES+INTEGRADAS+ESTA
T%C3%8DSTICA+APLICA-
DA+%C3%80+EDUCA%C3
%87%C3%83O&spell=1>.
Acesso em 10/07/2009

58
Geografia - Cartografia Temática

Gráfico em colunas

Tabela 7
Focos de incêndio no Brasil - 1991-1995

Anos Queimadas (em milhares)


1991 17,8
1992 13,1
1993 19,8
1994 8,5
1995 39,9
Fonte: INPE

Focos de incêndio no Brasil - 1991-1995 ◄ Figura 56: Focos de


incêndio no Brasil 1991
1995
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&ei=X6xxSs6NGqP8tge
rqp2NBA&sa=X&oi=spe
ll&resnum=0&ct=result
&cd=1&q=FACULDADES
+ADAMANTINENSES+IN
TEGRADAS+ESTAT%C3
%8DSTICA+APLICADA+-
%C3%80+EDUCA%C3%87
%C3%83O&spell>. Acesso
em 10/07/2009

Gráficos em barras ou em colunas compostas

Conforme Le Sann (1991), Martinelli (1998) e Crespo (2002), esse gráfico é geralmente em-
pregado para representar, simultaneamente, dois ou mais fenômenos, com o propósito de com-
paração (tabela 8 e figura 57).

Tabela 8
Balança comercial do Brasil - 1989-93

Valor (US$ 1.000.000)


Especificações
1989 1990 1991 1992 1993
Exportação (FOB) 34.383 31.414 31.620 35.793 38.783
Importação 18.263 20.661 21.041 20.554 25.711
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 43

59
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 57: Balança ► Balança comercial do Brasil - 1989-93


Comercial do Brasil
1989-93
Fonte: (CRESPO, 2002,
p. 43

Gráficos em barras e em colunas 100%

Para Le Sann (1991) e Martinelli (1998), esse gráfico é simples, onde os valores absolutos são
transformados em valores relativos (%). Diferente do gráfico anterior, o gráfico de barra ou colu-
na 100% requer uma legenda para identificar cada porção do gráfico ou podem-se colocar no
próprio gráfico os dados (tabela 9 e figura 58).

Tabela 9
Produção de Sardinha em Lata. Empresa Cerca Pescado. Itajaí. 2001 a 2004.

Anos Produção em Toneladas % cm


2001 3 8,8 0,9
2002 7 20,6 2,1
2003 10 29,4 2,9
2004 14 41,2 4,1
Total 34 100,0 10
Fonte: Disponível em http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Construindo+Gr%C3%A1ficos+Estat%C3%ADstico
s+Manualmente&meta= Acesso em10/07/2009

Figura 58: Produção ► Produção de Sardinha em Lata. Empresa Cerca Pescado. Itajaí.
de Sardinha em 2001 a 2004.
Lata. Empresa Cerca
Pescado. Itajaí. 2001 a
2004.
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=C
8,8% 20,6% 29,4% 41,2%
onstruindo+Gr%C3%A1fi
cos+Estat%C3%ADsticos
+Manualmente&meta=>.
Acesso em 10/07/2009 2001 2002 2003 2004
Anos

60
Geografia - Cartografia Temática

Gráfico de linhas

Martinelli (1998) e Crespo (2002) comentam que esse gráfico é simples e utiliza uma linha
para representar dados tanto absolutos quanto relativos, particularmente indicado para variáveis
contínuas (temporais ou cronológicas), como temperaturas, anos e altitudes. Caso queiramos fa-
zer esse gráfico manualmente, na sua construção utilizam-se duas retas concorrentes, que são os
eixos das coordenadas, sendo que o eixo horizontal é denominado eixo das abscissas (ou eixo
dos x), onde são marcadas as variáveis, por exemplo: os tempos (anos, dias, meses, etc.) e o eixo
vertical, eixo das ordenadas (ou eixos dos y), onde são marcadas as variáveis dos objetos (tabela
10 e figura 59).

Tabela 10
Consumo de energia elétrica de uma residência - Jan/Jun - 97

Meses Consumo (KWh)


Janeiro 52
Fevereiro 160
Março 340
Abril 210
Maio 320
Junho 305
Fonte: Conta de energia elétrica - EletropauloDisponível em http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&ei=X6xxSs6NG
qP8tgerqp2NBA&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=FACULDADES+ADAMANTINENSES+INTEGRADAS+ESTAT
%C3%8DSTICA+APLICADA+%C3%80+EDUCA%C3%87%C3%83O&spell=1. Acesso em 10/07/2009

Consumo de energia elétrica de uma residência Jan/Jun – 97 ◄ Figura 59: Consumo de


energia elétricade uma
residência Jan/Jun - 97
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&ei=X6
xxSs6NGqP8tgerqp2NBA
&sa=X&oi=spell&resnum
=0&ct=result&cd=1&q=FA
CULDADES+ADAMANTINE
NSES+INTEGRADAS+ESTA
T%C3%8DSTICA+APLICA-
DA+%C3%80+EDUCA%C3
%87%C3%83O&spell=1>.
Acesso em 10/07/2009

Gráfico de setor ou circular

Outro exemplo de gráfico simples e muito utilizado é o gráfico de setor ou circular. Os va-
lores utilizados nesses gráficos são relativos(percentuais), conseguidos através de uma regra de
três simples.

Total → 100%
Parcela → X% X%= parcela x 100
total

61
UAB/Unimontes - 3º Período

Ele é construído com base em um círculo de raio qualquer, que fica dividido em tantos seto-
res quantas as variáveis em estudo. Os setores tais como suas áreas são proporcionais aos dados
da série, e são medidos com a ajuda de um transferidor, quando elaborados manualmente.

Após termos encontrado os valores do X%, vamos encontrar o ângulo do setor em graus.
360° →100%
ângulo do setor° → X%
ângulo do setor° = 360° x X%
100%

Observe o exemplo abaixo, (tabela 11 e figura 59).

Tabela 11
A internet no Brasil – 1997

Estados Quantidade de usuários


Minas Gerais 1627
Paraná 1137
Rio Grande do Sul 1784
Rio de Janeiro 3788
São Paulo 12089
Outros Estados 4356
Total 24781
Fonte: (SILVA, N. P., p. 54, 1998)

A internet no Brasil
A internet 1997– 1997
no Brasil
Figura 60: A internet ►
no Brasil - 1997
Fonte: (SILVA, N. P, p. 54,
1998). 7%
18% 5%
Minas Gerais
7% Paraná
Rio Grande do Sul
15% Rio de Janeiro
São Paulo
Outros Estados
48%

Histograma

Le Sann (1991) diz que o histograma é gráfico simples, usado para representar duas variá-
veis quantitativas. No histograma, a área é formada por colunas justapostas de maneira contínua,
na qual cada classe é uma coluna. Vejamos o exemplo a seguir, no eixo x vão as classes de fre-
quência “xi”, e no eixo y, a frequência “fi”. (tabela 12 e figura 61).

62
Geografia - Cartografia Temática

Tabela 12
Distribuição de pontos obtidos pelos alunos do curso de matemática na prova final. Escola E. 2001

xi(pontos) fi(alunos)
30 l— 40 8
40 l— 50 15
50 l— 60 17
60 l— 70 22
70 l— 80 28
80 l— 90 7
90 l— 100 3
Total 100
Fonte: Disponível em ttp://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Construindo+Gr%C3%A1ficos+Estat%C3%ADstic
os+Manualmente+FURB+%E2%80%93+Universidade+Regional+de+Blumenau&btnG=Pesquisar&meta=. Acesso em
10/07/2009

Distribuição de Pontos obtidos Pelos Alunos do Curso de ◄ Figura 61: Distribuição


Matemática na Prova Final. Escola E. 2001. de Pontos obtidos
Pelos Alunos do Curso
de Matemática na
Prova Final. Escola E.
2001
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=Construindo+Gr%C
3%A1ficos+Estat%C3%A
Dsticos+Manualmente+
FURB+%E2%80%93+Un
iversidade+Regional+d
e+Blumenau&btnG=Pe
squisar&meta=>. Acesso
em 10/07/2009

A pirâmide de idades resulta da justaposição de dois histogramas, um representando as


quantidades de homens para cada faixa etária, em dados absolutos ou relativos, e outro mos-
trando as mesmas faixas de idades, o contingente de mulheres. É utilizado para comparar a dis-
tribuição da população por sexos e por idades, com parâmetros como: população residente, nú-
mero de habitantes alfabetizados, taxa de mortalidade, etc. (figura 62).

63
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 62: Pirâmide ►


etária da população
residente – Brasil
Período de 1980 e 2000
Fonte: Disponível em
<http://www.saude.rio.
rj.gov.br/media/anexos_
PMS2005.pdf>. Acesso em
10/07/2009

Diagrama pictórico

Para Crespo (2002) e Le Sann (1991), esses diagramas são construídos a partir de figuras
representativas da intensidade do fenômeno. Esse tipo de gráfico tem a vantagem de despertar
a atenção do público leigo, pois sua forma é atraente e sugestiva. Os símbolos devem ser auto-
-explicativos. A desvantagem dos pictogramas é que apenas mostram uma visão geral do fenô-
meno, e não detalhes minuciosos. É muito usado em publicidade, induzindo o leitor à curiosida-
de da observação(figura 63).

Figura 63: A vaca ►


crescente
Fonte: Disponível em
<http://www.amattos.eng.
br/Leituras/Como_mentir/
TXT/CAPITULO-06.htm>.
Acesso em 10/07/2009

Gráfico triangular

Para Le Sann (1991) e Martinelli (1998), o gráfico triangular é um dos exemplos de gráfico
composto, é usado somente para três variáveis, necessitando que as mesmas sejam complemen-
tares, ou seja, que façam parte do mesmo conjunto. Em outras palavras, a soma das três deve
totalizar 100%, é um gráfico de dados relativos. O gráfico é formado por um triangulo equilátero.
Cada um dos lados recebe a graduação de 0 a 100%, de maneira que cada vértice tenha, ao mes-
mo tempo, o valor 0 de uma classe e o valor 100 da outra. A leitura é feita pelo encontro das três
linhas num ponto dentro do triângulo (figura 64).

64
Geografia - Cartografia Temática

◄ Figura 64: Diagrama


Ombrotérmico
Fonte: Disponível em
<http://www.redebrasil.
tv.br/salto/boletins2003/
ce/pgm3.htm>. Acesso
em 10/07/2009

Diagrama ombrotérmico

De acordo com Le Sann (1991), o diagrama ombrotérmico é uma cominação de um histo-


grama de precipitação (ombros em grego significa chuva) e uma curva de temperatura (térmico).
Esse gráfico é utilizado em climatologia, para caracterizar o clima em um determinado local, veja
o exemplo a seguir (figura 65).

Tabela 13
Clima equatorial – Manaus

Meses Temperaturas Chuvas


Janeiro 27 440
Fevereiro 26 450
Março 25 280
Abril 26 370
Maio 27 80
Junho 28 60
Julho 28 40
Agosto 25 45
Setembro 26 30
Outubro 26 100
Novembro 27 260
Dezembro 27 255
Fonte: Disponível em <http://www.redebrasil.tv.br/salto/boletins2003/ce/pgm3.htm>. Acesso em 10/07/2009

65
UAB/Unimontes - 3º Período

Figura 65: Gráfico ►


triangular
Fonte: (MARTINELLI, 1998,
p. 60 e 62).

Gráfico Polar

Para Crespo (2002) e Le Sann (1991),os gráficos polares são construídos sobre uma circun-
ferência, dividida em um determinado número de partes iguais, dependendo do número de va-
lores a serem representados. Para representar, por exemplo, a variação de um determinado fenô-
meno, temperatura média mensal, nos doze meses do ano, divide-se a circunferência em doze
partes iguais, que figurarão como as doze direções radicais. Em seguida adota-se a média dos
valores observados como o valor do raio do círculo (tabela 14 e figura 66).
Os gráficos polares podem ser usados também para o registro de precipitação pluviométri-
ca ao longo do ano, arrecadação de imposto mês a mês, importações e exportações de um país
mês a mês, etc.

Tabela 14
Precipitação Pluviométrica - Florianópolis – 1993

Meses Milímetros
Janeiro 165,7
Fevereiro 106,6
Março 71,6
Abril 34,7
Maio 184,9
Junho 102,7
Julho 198,3
Agosto 36,8
Setembro 72,2
Outubro 147,8
Novembro 175,1
Dezembro 198,3
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 53)

66
Geografia - Cartografia Temática

Precipitação Pluviomérica- Florianópolis- 1993 ◄ Figura 66: Precipitação


Jan Pluviométrica
198,3 200165,7 Florianópolis - 1993
Dez Fev Fonte: (CRESPO, 2002, p.
150 53)

106,6
Nov
175,1 100 Mar

50 71,6

Out
147,8 0 34,7 Abr
72,2 36,8

Set 102,7 Mai


184,9

Ago Jun
198,3
Jul

Referências
CÂMARA, G.; CASANOVA, M. A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.; MAGALHÃES, G. Anatomia de
Sistemas de Informação Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, 1996.

CRESPO, A. A. Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva, 2002.

INPE. Projeto EDUCA SeRe I. Cadernos didáticos nº 2. Introdução ao sensoriamento remo-


tohistórico. São José dos Campos: INPE, 1998.

LEITE, Marcos Esdras, BRITO, Jorge Luiz Silva, LEITE, Manoel Reinaldo. SIG aplicado ao estudo
comparativo de favelas: O Caso de uma Cidade Média. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de
Geografia, v.1, n.2, p. 20-34, jul. 2009.

LE SANN, J.G. Os Gráficos Básicos no Ensino de Geografia: Tipos, Construção, Análise, Interpreta-
ção e Crítica. Revista Geografia e Ensino. Belo Horizonte, 11/12(3): 42-57, 1991.

LEVIN, J. Estatística Aplicada a Ciências Humanas. São Paulo: Harbra.1987.

MARTINELLI, M.. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1998.
v.1. 120p.

MATIAS, L. F. Sistema de Informações Geográficas (SIG): teoria e método para representação


do espaço geográfico. Tese. 313p. (Doutorado em Geografia Humana). FFLCH/USP: São Paulo,
2001.

PEREIRA, G. C. e SILVA, B. C. N. Geoprocessamento e urbanismo. In GERARDI, L. H. de O. e MEN-


DES, I. A. (org.). Teoria, técnica, espaço e atividades. Temas de geografia contemporânea.
Rio Claro: Unesp; AGTEO, 2001, pp. 97-137.

ROSA, R. Cartografia básica. Universidade Federal de Uberlândia, Laboratório de Geoprocessa-


mento, fevereiro de 2004.

ROSA, R. e BRITO, J. L. S. Introdução ao Geoprocessamento: Sistema de Informação Geográfica.


Uberlândia, Ed. Da Universidade Federal de Uberlândia, 1996.

SILVA, N. P. Estatística Auto-Explicativa. São Paulo: Érica, 1998.

67
Geografia - Cartografia Temática

Resumo
• A Cartografia temática é de fundamental importância para a geografia, tendo em vista que,
com os mapas temáticos, a geografia se torna mais precisa nos seus estudos e, sem esses
produtos, a análise do espaço certamente seria mais difícil, o que causaria um desinteresse
pela ciência geográfica. Com essa importância dos mapas na geografia, a cartografia temáti-
ca usa métodos para facilitar a interpretação dos mapas, isto é, a comunicação cartográfica.
Como são os geógrafos os usuários do mapa a comunicação entre o cartógrafo e o geógrafo
é de suma importância para que o mapa atenda a seu objetivo.
• Existem mapas que utilizam símbolos que não são pré-estabelecidos, ou seja, o cartógrafo
utiliza o símbolo que considera ser mais adequado àquele mapa em estudo, mapas temáti-
cos. Já nos mapas topográficos (cartas topográficas), utilizamos símbolos convencionais, ou
seja, já estabelecidos, como, por exemplo, a altitude que é representada por curvas de nível.
• A linguagem gráfica é formada por variáveis da retina: tamanho, cor, valor, granulação,
orientação e forma.
• A semiologia gráfica é uma teoria que é baseada nas propriedades da percepção visual. As-
sim, o mapa gerado é uma imagem lógica, pois não se fundamenta em convenções, sim na
percepção do ser humano em relação ao significado natural de cores, tamanhos, tonalida-
des e formas diferentes.
• O processo de construção de um mapa pode ser resumido nas seguintes etapas: escolha do
tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala, análise da informação e a tra-
dução.
• O modo de implantação num mapa ou gráfico pode ser pontual, linear ou zonal. O pontual
diz respeito àqueles elementos que a representação simbólica pode ser reduzida à forma
de um ponto. O linear, se for uma estrada, por exemplo, ser forem categorias de uso do solo,
zonal ou areal.
• O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com a ajuda de símbolos qualitativos, orde-
nados ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência, geralmente extraídos das
cartas topográficas, as informações referentes a um determinado tema ou fenômeno que
está presente no território mapeado.
• A elaboração do mapa temático está pautada em uma necessidade existente, logo o mapa é
um subsídio para a busca pela solução de tal problema. Para essa elaboração o autor neces-
sitará de dois elementos essenciais, são eles: os dados e o mapa base. Os dados são respon-
sáveis por definir o tema do mapa, ou seja, se os dados são sobre o gênero da população,
portanto, o mapa temático será exatamente sobre esse tema. A base cartográfica ou mapa
-base consiste na representação do território, em que os dados serão especializados. Caso
seja um mapa da distribuição da população brasileira, a base será o mapa do Brasil. A base
cartográfica é o pano de fundo na construção do mapa temático, pois esta agrupa os dados
em limites (polígonos) constituindo assim o mapa temático.
• As cartas topográficas, também chamadas cartas-base, são denominadas documentos de
informações oficiais e, para isso, elas são elaboradas em sistemas organizados que permitem
a cobertura completa do território nacional em folhas isoladas, mas articuladas entre si.
• Na representação dos elementos componentes da planimetria e da altimetria, as cartas to-
pográficas adotam símbolos convencionais apropriados a suas escalas.
• Os principais componentes de um mapa são a planimetria e altimetria.
• O perfil topográfico é uma representação gráfica de um corte vertical do terreno, segundo
uma direção previamente escolhida.
• Geotecnologia é o termo mais abrangente para se referir às tecnologias da informação, pois
se refere a toda tecnologia ligada à coleta, armazenamento, tratamento, análise e apresen-
tação de informações geográficas; são denominadas de geotecnologias. Incluindo, assim, a
Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto, Sistema de Posicionamento Global - GPS, Siste-
ma de Informações Geográficas – SIG.
• A cartografia temática, como podemos perceber, trata do domínio dos mapas temáticos em
geral e, para isso, usa as normas estabelecidas em convenções internacionais. Mas há um
tipo de cartografia que tem sido amplamente difundida, que trata da representação carto-
gráfica de espaços, com a finalidade de auxiliar a atividade do turismo.

69
UAB/Unimontes - 3º Período

• Os gráficos são muito úteis ao estudo da geografia porque servem para a complementação
de análises regionais. Servem para estabelecer comparações das partes com o todo ou da
evolução de um fato.
• Na geografia os gráficos são muito utilizados para representar valores absolutos ou relativos
e,através deles, estabelecer comparações das partes com o todo ou a evolução de um ou
mais fatos. Eles devem ter simplicidade, clareza e veracidade.
• Os gráficos mais usuais são: Gráficos em Barras, Gráficos em Colunas, Gráficos em Barras ou
em Colunas compostas, Gráficos em Barras ou em Colunas 100%, Gráfico Linear (ou gráfico
de linhas ou curvas), Gráfico de Setor, Histograma (gráfico de pirâmide), Diagramas Pictóri-
cos, Diagrama Triangular, Gráfico Polar, etc.

70
Geografia - Cartografia Temática

Referências
Básicas

ARCHELA, R. S., FRESCA, T. M., SALVI, R. F. (org.) Novas Tecnologias. Londrina: UEL, 2001.

JOLY, F. A Cartografia. Campinas: Papirus , 1985.

MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.

Complementares

ANDRADE, E. D. V. A elaboração de documentos cartográficos sob a ótica do mapeamen-


to participativo. 2008, 79f. Dissertação (Mestrado em Geografia). UFPE, Recife, 2008. Disponí-
vel em <http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5348>
Acesso em 10/07/2009

CÂMARA, G.; CASANOVA, M.A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.; MAGALHÃES, G. Anatomia de
Sistemas de Informação Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, 1996.

CRESPO, A. A. Estatística Fácil. São Paulo. Saraiva, 2002.

DUARTE, P. A. Fundamentos de Cartografia. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2002.

GRANEL-PERÉZ, M. del C. Trabalhando a geografia com as cartas topográficas. Porto Alegre


Unijuí 2004.

IBGE – Noções básicas de Cartografia. Manuais Técnicos em Geociências. n. 8. Rio de Janeiro:


IBGE, 1999. 128 p.

INPE. Projeto EDUCA SeRe I. Cadernos didáticos n. 2. Introdução ao sensoriamento remoto


histórico. São José dos Campos: Inpe, 1998.

LEITE, Marcos Esdras, BRITO, Jorge Luiz Silva, LEITE, Manoel Reinaldo. SIG aplicado ao estudo
comparativo de favelas: O Caso de uma Cidade Média. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de
Geografia, v. 1, n. 2, p. 20-34, jul. 2009.

LE SANN, J. G. Documento Cartográfico: considerações gerais. Revista Geografia e Ensino. Belo


Horizonte, 1(3): 3-17, 1983.

LE SANN, J.G. Os Gráficos Básicos no Ensino de Geografia: Tipos, Construção, Análise, Inter-
pretação e Crítica. Revista Geografia e Ensino, Belo Horizonte, 11/12(3): 42-57, 1991.

LEVIN, J. Estatística Aplicada a Ciências Humanas. São Paulo: Harbra.1987.

MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. 180p.

MARTINELLI, M. Mapas da geografia e cartografia temática. São Paulo: contexto, 2003.

ROSA, R. e BRITO, J.L.S. Introdução ao Geoprocessamento: Sistema de Informação Geográfica.


Uberlândia, Ed. da Universidade Federal de Uberlândia, 1996.

71
UAB/Unimontes - 3º Período

Suplementares

ARCHELA, R. S. eTHÉRY,H. Orientação metodológica para construção e leitura de mapas temáti-


cos, Confins [Online], 3, 2008, posto online em 23 juin 2008, Consultado o 15 juillet 2009. URL:
<http://confins.revues.org/index3483.html>. Acesso em 15/07/2009.

NAZARETH, Helenalda Rezende. Curso Básico de Estatística. São Paulo: Ática. 1997.

SILVA, N. P. Estatística Auto-Explicativa. São Paulo: Érica, 1998

SPINELLI, W. e QUEIROZ, M. H. S. Introdução à Estatística. São Paulo: Ática, 1990.

72
Geografia - Cartografia Temática

Atividades de
Aprendizagem- AA
1) Sobre a cartografia,
a) É uma disciplina ligada à ciência cartográfica e auxilia a geografia.
b) É uma ciência isolada, que não se associa a outras ciências.
c) Foi desenvolvida depois do desenvolvimento computacional.
d) Trabalha exclusivamente com mapas analógicos.

2) São tecnologias que compõem a geotecnologia, EXCETO


a) Sistema de Informação Geográfica.
b) Sensoriamento Remoto.
c) Sistema de Posicionamento Global.
d) Biotecnologia.

3) Em no máximo três linhas, defina sensoriamento remoto.

4) Observe a figura.

◄ Figura 67: Imagem


Fonte: Disponível em
http://www.engesat.
com.br/?system=public
acoes&action=publicac
oes&cid=36.Acesso em
20/05/2009.

A imagem acima pode ser classificada como:


a) Coromática
b) Multiespectral.
c) Radiométrica.
d) Pancromática.

5) Assinale a alternativa que apresenta a definição correta de sensoriamento remoto.


a) É a técnica de cruzamento de banco de dados geográficos em uma base cartográfica.
b) É o conjunto de tecnologias para mapeamento terrestre.
c) É um conjunto de aparelhos para monitoramento e localização precisa dos alvos no espaço.
d) É a forma de se obter informações de um alvo, sem que haja contato físico com o mesmo.

73
UAB/Unimontes - 3º Período

6) Cite as etapas para o processo de construção de um mapa:

7) Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.


1. Nível qualitativo
2. Nível ordenado
3. Nível quantitativo

( ) o componente é constituído de uma série de dados que expressam, por exemplo, o número
de alunos por série, o número de dias de chuva por mês, etc.
( ) é subdividido entre o associativo (que associa) e o seletivo(que diferencia).
( ) todo componente que expressa uma sequência, como, por exemplo, dias da semana, meses
do ano, hierarquias militares.

8) Entre as opções abaixo, qual variável não é visual?


a) cor
b) tamanho
c) granulação
d) linha

9) Com relação à altimetria, podemos citar, assinale a alternativa incorreta.


a) A curva de nível, também denominada isoípsas ou linhas hipsométricas, é uma convenção car-
tográfica para representar as variações da superfície topográfica.
b) A curva de nível constitui uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos de refe-
rida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície da referência,
geralmente o nível médio do mar.
c) Cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma.
d) As curvas de nível tendem a ser quase perpendiculares entre si .

10) Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.


1. Triangular
2. Ombrotérmico
3. Gráfico em Barra

( ) Climatologia
( ) Representa proporções com dados relativos
( ) Pedologia; Setores de atividades da população

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