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Cartografia Temática
1ª EDIÇÃO ATUALIZADA
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da Educação Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
José Henrique Paim Fernandes Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
narcio Rodrigues da Silveira Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do Departamento de Filosofia/Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida Ângela Cristina Borges
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Comunicação e elaboração de cartas temáticas na geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
As geotecnologias, a cartografia turística e os gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 Gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Atividades de Aprendizagem- AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Geografia - Cartografia Temática
Apresentação
A necessidade de entender e racionalizar o espaço sempre foi o ponto de partida para o
avanço das ciências que estudam as formas de ocupação do espaço (geografia, ciências carto-
gráficas, engenharia e outras). O mapa é consequência dessa preocupação do homem de repre-
sentar o espaço real de forma cartográfica, a fim de pensá-lo de maneira mais efetiva, além de ter
registrado a forma de ocupação num dado momento histórico, o que no futuro permitirá estabe-
lecer parâmetros.
Os mapas são usados desde seu surgimento para várias finalidades – agricultura, descri-
ção da paisagem, manifestações religiosas, ações militares – o que os torna peças fundamentais
para entender a complexidade da ocupação humana sobre a superfície terrestre. Por isso Duarte
(2002, p. 19) afirma que “a história dos mapas confunde-se com a própria história da humanida-
de, tornando-se, por essa razão, um tema inesgotável, bastante amplo e complexo, mas, sobretu-
do, apaixonante pelas surpresas que nos são reveladas a cada documento analisado”.
Dada a importância dos mapas, sua elaboração e confecção evoluíram, a partir do momento
em que se torna um instrumento mais científico e com a invenção da imprensa, bem como com
as contribuições inigualáveis de Mercator. Esses avanços estão relacionados à utilidade dos ma-
pas no período do renascimento, pois eram instrumentos imprescindíveis na navegação.
Como o mapa é um instrumento que facilita a visão geral de uma área, tendo em vista que
expõe de forma didática os elementos de certo espaço num determinado momento, seu avanço
é contínuo, ou seja, a humanidade reconhece a utilidade dos mapas. O fato de todos os países,
principalmente os mais ricos, terem órgãos de mapeamento de informações geográficas é um
indicador da importância desse instrumento para o planejamento nacional.
O uso de técnicas de mapeamentos é usado para várias finalidades, na biologia para mapea-
mento de populações e incidência de espécies, na história para representar como era o espaço
no passado, nas ciências agrárias para uso do solo e previsão de safra, etc. O uso militar também
é muito grande, e vale destacar que os grandes avanços que ocorreram nas ciências cartográfica
e geográfica estão intrinsecamente relacionados à sua aplicação militar.
Entretanto, a geografia é uma das ciências que mais faz uso dos mapas em seus trabalhos,
isso devido ao fato de o objeto de estudo da ciência geográfica ser o espaço e, portanto, tudo
que é mapeado está em um espaço; isso torna a geografia e a cartografia complementares, prin-
cipalmente a cartografia temática que trata especificamente do domínio de mapas temáticos.
Com o intuito de tornar esse trabalho um objeto de ensino e aprendizagem, buscamos
elaborar um material didático que tratasse a cartografia temática dentro do contexto da ciência
geográfica, pois é essa situação que será vivenciada por vocês durante o curso de graduação em
geografia.
A disciplina Cartografia temática tem a seguinte ementa: A Cartografia Temática e suas re-
lações com a Geografia. A comunicação visio-espacial e a semiologia gráfica. Elaboração, leitura,
análise e interpretação de mapas temáticos. Novas tecnologias aplicadas à cartografia. A elabo-
ração e interpretação de perfis topográficos. Com a intenção de enriquecer o conteúdo estuda-
do, os autores acrescentaram o tópico sobre gráficos, por ser um assunto de extrema relevância
dentro da Geografia. Essa disciplina tem como objetivo estudar as operações científicas, artísticas
e técnicas, com vistas a elaboração ou estabelecimento dos mapas e gráficos, assim como a sua
utilização.
9
Geografia - Cartografia Temática
Unidade 1
Comunicação e elaboração de
cartas temáticas na geografia
1.1 Introdução
Nesta unidade trabalharemos com a essência da Cartografia Temática, haja vista que, para
dominar os mapas temáticos, temos que pensar a forma de comunicação entre o autor do
mapa e o leitor. Dessa forma, esta unidade se encontra estruturada para facilitar a compreen-
são do leitor sobre as formas de representação dos dados em cartas temáticas. Nesse senti-
do, estudaremos aqui a Cartografia Temática e suas relações com a Geografia; a comunicação
visio-espacial e a semiologia gráfica; elaboração, leitura, análise e interpretação de cartas temá-
ticas; cartas topográficas.
O objetivo geral desta unidade é capacitar o aluno a trabalhar com interpretação, leitura e
produção de produtos cartográficos aplicados à geografia. De maneira específica, esta unidade
permitirá, também, entender as formas de representação dos dados em mapas temáticos e os
métodos de facilitar a comunicação entre o autor do mapa e o leitor.
11
UAB/Unimontes - 3º Período
Com essa análise, podemos entender que a cartografia foi sobrecarregada por tratar de di-
versos temas que tangem à representação do espaço em um plano e, por isso, houve a fragmen-
tação e surgiu uma área especializada na elaboração de mapas temáticos.
Então, a cartografia temática surge por uma necessidade de dominar as técnicas para repre-
sentação de temas que estão no espaço. Embora Martinelli (2003) afirme que o mapa temático,
num primeiro momento, representava o ponto de vista do autor do mapa, mostrando, assim, a
visão de mundo de uma pessoa.
Dica Atualmente, a cartografia temática se fortaleceu e, com isso, foram estabelecidas normas
para confeccionar mapas temáticos. Assim, as cores e símbolos usados em um mapa dependerão
Volte ao caderno do tipo de mapa. No mapa hipsométrico, que mostra a altitude do relevo, as cores usadas não
didático 2, na discipli-
na cartografia e leia são as mesmas de um mapa de vegetação, pois trata de temas diferentes.
o trecho que trata da Com o advento da informática, a cartografia temática, assim como toda a cartografia, evo-
relação entre a geogra- luiu bastante, pois facilitou o trabalho de configuração dos mapas, além de trazer novidades,
fia e a cartografia. Isso como será apresentado no item sobre “novas tecnologias aplicadas à cartografia”.
vai permitir que você Um ponto a ser ressaltado nesta disciplina é que, apesar desses avanços da cartografia te-
se lembre mais desse
assunto. mática, a mesma é tratada, na maioria das vezes, como apêndice da geografia. Temos que reto-
mar uma discussão que foi iniciada na disciplina História do Pensamento Geográfico, ministrada
no primeiro período, foi a relação entre o objeto de estudo da geografia, o espaço, e o objeto de
estudo da Cartografia, que também é o espaço.
Naquele momento apontamos que, apesar de ser o mesmo objeto de estudo, os enfoques
são diferentes, pois a geografia estuda a relação entre sociedade e natureza; logo, isso ocorre no
espaço. Enquanto a cartografia busca representar num plano o espaço, com os seus elementos
naturais e artificiais. Nesse sentido, a cartografia temática representa um tema específico do es-
paço no mapa.
Esse esclarecimento mostra que, apesar de se tratar de duas ciências distintas, a geografia e
a cartografia estão intensamente relacionadas. Por isso, a todo o momento, neste material didáti-
co, aparece a cartografia integrada à geografia, pois, para nós, geógrafos, essas são indissociáveis.
Uma definição clássica de geografia, proposta por Yves Lacoste, que entende a geografia
como saber pensar o espaço, reforça a necessidade de trabalharmos a cartografia temática den-
tro das mais variadas disciplinas que integram a geografia, uma vez que, para pensar o espaço,
é imprescindível conhecê-lo, mas, se tratando de um espaço com grande dimensão, essa tare-
fa se torna muito difícil, por isso o mapa temático apresenta a distribuição e ocorrência de um
determinado fenômeno nesse espaço, assim o mapa elimina os fenômenos que não interessam
naquele momento. Essa síntese é importante para obter informações do espaço e, consequente-
mente, permite pensar com maior propriedade sobre o mesmo.
Comungando dessa idéia, Martinelli (2003, p. 22) ressalva que “os mapas temáticos interes-
sam à geografia, na medida em que não só abordam conjuntamente um mesmo território, como
também o consideram em diferentes escalas”. Com essa afirmação, o autor supracitado explica
que, com o auxílio da cartografia temática, é possível analisar o espaço pela associação de vários
temas, bem como pode se considerar um determinado tema em várias escalas. Para facilitar o
entendimento, vamos usar o exemplo: imaginem que vamos estudar o município de Montes Cla-
ros, podemos usar vários mapas temáticos, como de população, hidrografia, relevo e outros, para
conhecer melhor esse território. Da mesma forma, podemos utilizar um desses temas, mas para
estudar um território maior como, por exemplo, a hidrografia do norte de Minas Gerais.
Outro ponto que torna importante essa integração entre geografia e cartografia temática
é o fato de a geografia ser dividida em várias disciplinas, como geomorfologia, biogeografia,
geografia urbana, geografia da população, geografia agrária, entre outras. Com isso, a cartogra-
fia temática é usada por essas disciplinas, haja vista que, por se tratar de temas específicos, os
mapas representaram um tema determinado, ou seja, será um mapa temático. Como exemplo,
podemos citar a distribuição da população pelos estados brasileiros que são usados nas aulas de
geografia da população, assim como o mapa dos biomas brasileiros é referência na biogeografia.
Essa relação da cartografia, ou melhor, dos mapas, com a geografia não é recente, pois,
como foi abordado na disciplina de cartografia, a história dos mapas se confunde com a constru-
ção do conhecimento geográfico, uma vez que, mesmo antes da geografia ser sistematizada, os
mapas já traziam informações sobre a organização de alguns territórios. Como escreveu Kish:
12
Geografia - Cartografia Temática
“os mapas, junto a qualquer cultura, sempre foram, são e serão formas de saber
socialmente construído; portanto, uma forma manipulada de saber. São ima-
gens carregadas de julgamentos de valor. Não há nada de inerte e passivo em
seus registros” (HARLEY, 1988 apud MARTINELLI, 2003, p. 8).
Com isso, temos que ter muita atenção ao analisar um mapa que, por mais inocente que
possa parecer, o mesmo pode estar carregado de valores que podem induzir o leitor a tirar in-
formações equívocas. Um exemplo clássico dessa situação é o mapa que apresenta o continente
Europeu no centro do mapa mundial, como na figura 1. Esse mapa veicula a ideia do eurocentris-
mo, ou seja, a Europa como centro do mundo, que foi elaborada no período da expansão maríti-
ma comercial.
◄ Figura 1: Mapa
mundial com a
Europa no centro
representando a idéia
do eurocentrismo.
Fonte: Disponível em
<http://www.portalsa-
ofrancisco.com.br/alfa/
padrao-mapas-mundiais/
imagens/mapa-
-mundi.jpg>. Acesso em
10/07/2009
É devido a esse poder que o mapa tem é que devemos, enquanto profissionais que, além
de trabalhar constantemente com eles, temos capacidade de elaborá-los, ter maior atenção no
momento de ler um mapa e analisar todos os elementos que o integram. E, quando capacitado
para elaborar um mapa, ter a preocupação de não inserir informações que possam ferir outras
culturas.
Essa responsabilidade se agrava quando trabalhos com o ensino da cartografia no ensino
básico é fundamental, pois a percepção da criança e do adolescente é diferente do adulto, prin-
cipalmente da nossa, enquanto profissionais. Logo, ao trabalharmos a leitura de mapas com os
alunos, temos que respeitar suas limitações e sua cultura. Mesmo entre os alunos de uma mes-
ma turma, haverá disparidades culturais e sociais, isso exige do professor de geografia habilidade
para trabalhar com diversas visões sobre um único produto. É nesse sentido que recomendamos
que se trabalhe a cartografia temática com o aluno de forma gradativa. Assim, inicie com a carto-
grafia de uma escala local, ou seja, um espaço familiar para o aluno, como a sua rua. Depois avan-
ce para níveis de maior complexidade como a cidade, o município, a região, o estado e o país.
Acreditamos que um dos motivos do alto índice de rejeição da cartografia está relacionado
ao modo como é apresentado o estudo cartográfico ao iniciante. Para atrair o aluno e torná-lo
13
UAB/Unimontes - 3º Período
mais interessado, temos que despertar nele o fascínio que os mapas provocam, principalmente
para aqueles que têm afinidade com a geografia.
Para isso, devemos nos apropriar das tecnologias em sala de aula, mesmo nas escolas com
limitações de recursos didáticos. Um simples globo terrestre traz emoções no aluno, quando esse
é observado pela primeira vez. Imaginem a sensação ao observar uma imagem de satélite ou
uma animação da construção de um mapa, em que os próprios alunos podem ser autores.
Caso seja possível contar com recursos mais sofisticados como o retroprojetor ou o projetor
multimídia (data show), o uso dos mapas pode ser potencializado, pois, com esses recursos, po-
demos dar uma dinâmica na apresentação dos produtos cartográficos. Como exemplo, podemos
usar mapas temáticos de crescimento de cidades ou de expansão da degradação ambiental de
vários períodos diferentes e sobrepô-los e, em seguida, ir passando de um período para outro,
isso mostra a dinâmica da transformação do espaço, podendo ser usado nas aulas das diversas
disciplinas da geografia.
Sobre essa importância da comunicação visual do mapa no ensino, bem como os avanços
causados nesse ramo, Taylor cita:
14
Geografia - Cartografia Temática
15
UAB/Unimontes - 3º Período
Para Martinelli (1998) o ponto não tem dimensão, representa apenas posição (localidade ou
localização). Por exemplo, localização de uma cidade, de uma indústria, etc.
A linha é unidimensional, representa apenas uma direção, por exemplo, o percurso de um
rio, uma estrada, etc.
A área é bidimensional, representa largura e comprimento. Por exemplo, densidade de po-
pulação, cultivos, áreas de cidades, etc.
O volume é tridimensional, representa largura, comprimento e altura. Por exemplo, quanti-
dade de precipitação, de produção, etc.
Nas palavras de Le Sann (1983), a linguagem gráfica é formada por variáveis da retina.
Martinelli (1998, p. 8) comenta que, ao cair um pingo de tinta sobre um folha de papel bran-
co, formando um borrão, imediatamente percebemos que o borrão está em determinado lugar
em relação às duas dimensões do plano (à direita e no alto). Essa mancha visível, além de ter uma
posição, pode assumir modulações visuais sensíveis. Assim, as duas dimensões do plano mais seis
modulações visuais possíveis que a mancha visual pode assumir constituem as variáveis visuais.
Segundo Rosa (2004, p. 49), as variáveis da retina ou visuais são:
Tamanho: nas palavras de Rosa (2004, p. 49), esta variável é usada para representar dados
quantitativos, traduzindo a proporção entre as classes dos diversos elementos cartográficos. Para
a sua representação, usaremos formas básicas (círculos, quadrados, retângulos, triângulos), con-
ferindo-lhes tamanhos proporcionais ao valor dos dados. Varia do grande, médio, pequeno (figu-
ra 2). Ex. total de população do Estado de Minas Gerais por município.
Para Cardoso (1984, p. 8), a propriedade fundamental desta variável é que somente ela pode
transcrever inequivocamente quantidades. Ainda que seja possível observar diferenças e orde-
nação, quando se aplica a variação de tamanho (por exemplo, uma barra de um centímetro é
menor que outra de dois centímetros e maior que outra de meio centímetro; ou, então, que uma
é diferente da outra), esta variável transmite acima de tudo a ideia de quantidade.
Na escolha de diferentes tamanhos a aplicar, por exemplo, tamanho de círculos, de barras,
ou espessuras de linhas, é importante ressaltar que a distância entre eles seja suficientemente
grande para que possa revelar de imediato as diferenças entre os elementos.
Figura 2: Variável ►
tamanho
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009
Valor: Para Rosa (2004, p. 49), o valor é usado para representar dados ordenativos, através
da variação de tonalidade do branco ao preto, passando pelos tons cinza ou vermelho, ou de
verde, ou de azul. O branco representa ausência (0%) e o preto a totalidade (100%), e os outros
níveis representam valores intermediários, indo do claro (percentagens menores) ao escuro (per-
centagens maiores) (figura 3). Ex. profundidades do mar, altitudes, etc.
16
Geografia - Cartografia Temática
◄ Figura 4: Variável
granulação
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009
Orientação: Segundo Cardoso (1984, p. 11), essa variável tem aplicação bastante restrita, na
implantação pontual, que é mais eficiente, e sempre para transcrever componentes diferenciais
(seletivos) em substituição à cor. É bom lembrar que a orientação são as variações de posição en-
tre o vertical, o oblíquo e o horizontal (figura 5).
◄ Figura 5: Variável
orientação
Fonte: Disponível em
<http://www.google.
com.br/search?hl=pt-BR
&q=teoria+das+cores+
em+cartografia+temat
ica&meta>. Acesso em
10/07/2009
17
UAB/Unimontes - 3º Período
Forma: Segundo Rosa (2004, p. 49), é usada para representar dados qualitativos (associa-
tivos). Agrupa todas as variações geométricas ou não. Elas são múltiplas e diversas, podem ser
geométricas (círculo, quadrado, triângulo, etc.) ou pictóricas. As formas não devem ser muito va-
riadas, se possível, devem ser limitadas a no máximo seis (figura 6).
Cor: Conforme Rosa (2004, p. 49), é usada para representar dados qualitativos (seletivos).
Consiste na variação das cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo as cores a mesma
intensidade. Por exemplo: usar o azul, o vermelho e o verde é usar a variável da retina “cor”. O uso
do azul claro, do azul médio e do azul escuro, corresponde à variável da retina “valor” (figura 7).
Dica É bom ressaltar algumas considerações em relação às cores e seu uso em mapas. Conforme
Nos monitores de
Martinelli (2003), a cor é uma variável seletiva, apenas separa um elemento cartográfico do outro
computador e nos e jamais devemos confundir cor (azul, vermelho, verde, alaranjado, violeta, púrpura) com valor
televisores as cores pri- (tonalidade da cor, variando do branco ao preto, vermelho escuro, vermelho, vermelho claro).
márias são: azul, verde Conforme Duarte (2002), todas as cores são vistas como combinação do vermelho, amarelo
e vermelho. e azul, que são cores primárias. Elas não podem ser obtidas por mistura e, por isso, diz-se que são
encontradas puras na natureza. Quando elas são misturadas em quantidades iguais, duas a duas,
dão origem às cores secundárias (laranja, verde e violeta).
Da mistura das cores primárias com as secundárias, também em partes iguais e duas a duas,
surgem as cores terciárias (abóbada, púrpura, anil, limão e ouro).
Cores frias: São aquelas que vão do violeta ao verde na Rosa Cromática (figura 8). Verde:
lembra umidade e frescura. Veja em um mapa de vegetação, quando o verde é mais escuro, de-
monstra maiores densidades. No mapa de relevo, o verde representa altimetria do relevo. Azul: é
uma cor que lembra o ar e água. Temos a sensação de brandura, simplicidade, calma, etc. Violeta:
nos dá a sensação de delicadeza e silêncio.
Cores quentes: São aquelas que vão do amarelo ao vermelho na Rosa Cromática. Simboli-
zam calor, fogo, seca. Nos mapas, o amarelo aparece associado a temperaturas quentes, climas
áridos, baixa densidade, baixa altitude. Em mapas, o vermelho aparece muito na representação
da temperatura, zonas térmicas e fortes densidades populacionais.
18
Geografia - Cartografia Temática
◄ Figura 8: Rosa
cromática
Fonte: Disponível em
<http://www.ufrr.br/com-
ponent/option,com_do-
cman/Itemid,5/task,doc_
view/gid,531/>. Acesso em
10/07/2009
Figura 9: Recursos ►
minerais do Brasil, 1993
Fonte: (MARTINELLI, 1998,
p. 74).
20
Geografia - Cartografia Temática
É na metodologia da coleta de dados que será definida a amostra, o tipo de roteiro de entre-
vista, se será questionário ou formulário, assim essa etapa decisiva no processo de obtenção de
dados.
A base cartográfica ou mapa base consiste na representação do território em que os dados
serão especializados. Caso seja um mapa da distribuição da população brasileira, a base será o
mapa do Brasil. A base cartográfica é o pano de fundo na construção do mapa temático, pois
esta agrupa os dados em limites (polígonos), constituindo assim o mapa temático.
Para a construção da base cartografia, é imprescindível ter pleno domínio de técnicas da
cartografia básica, como projeção, escala, rede geográfica, etc. Esse trabalho de elaboração dos
mapas temáticos foi facilitado significativamente com a aplicação de novas tecnologias à carto-
grafia; com essas tecnologias o trabalho cartográfico ganhou maior precisão e facilitou o traba-
lho dos cartógrafos.
Os dados e a base cartográfica, quando são integrados, formam o mapa temático, mas, para
elaborar um mapa, há certas convenções que tem que ser respeitadas. Essas normas são padro-
nizadas internacionalmente, com o intuito de facilitar a leitura de um mapa, independentemente
de onde este foi elaborado.
Os dados no mapa temático podem ser representados em métodos diferentes, sendo eles:
• Método para representações qualitativas;
• Métodos para representações ordenadas;
• Métodos para representações quantitativas;
• Método para representações dinâmicas.
Isso mostra que o mapa temático pode ser construído de acordo com esses métodos, esses
se encaixam de acordo com as características e a forma de manifestação (em pontos, em linhas,
em áreas) dos fenômenos considerados em cada tema.
Em cada um desses métodos serão exploradas as variáveis visuais que são mostradas no
quadro abaixo.
Martinelli (2003, p. 34) afirma que o “mapa temático exporá, assim, um tema, que deverá ser
declarado no título. Portanto, este, além de dizer do que se trata, deve especificar onde se dá o
acontecimento e em que data” (figura 10).
Os mapas temáticos respondem mais do que apenas à localização, eles vão além do “onde?”.
Dessa forma, o tema pode ser representado no aspecto qualitativo, respondendo à questão “o
quê?”. No aspecto ordenado, respondendo à pergunta “em que ordem?”. No aspecto quantitativo,
respondendo à questão “quanto?”.
21
UAB/Unimontes - 3º Período
Com a associação dessas variáveis visuais e modos de implantação, podemos obter mapas
de símbolos nominais pontuais, mapas de símbolos lineares nominais e mapa corocromáticos.
O mapa de símbolo nominal pontual usa os pontos para mostrar a existência e localização
de um determinado fenômeno. Nesse caso podemos fazer uso das variações de formas, nesse
caso são utilizadas as formas geométricas variadas. A figura 11 traz informações sobre a ocor-
rência de shopping centers no Brasil, com um mapa em que podemos notar a localização dos
shoppings e verificar a concentração no sudeste. Observe que o ponto isolado no norte de Minas
refere-se à cidade de Montes Claros.
As representações em símbolos lineares nominais usam linhas para mostrar o fenômeno de-
sejado. Esses fenômenos são feições que estão presentes no espaço e apresentam uma forma
linear, como, por exemplo, redes hidrográficas e viárias; com isso as variáveis visuais usadas são
cor e forma. Veja que, na figura 12, que mostra a rede de transporte no Brasil, a representação é
realizada com linhas que mudam a forma (espessura) e a cor. A concentração de linhas na região
sudeste denuncia a importância econômica dessa região.
22
Geografia - Cartografia Temática
Nos mapas que usam a representação corocromática, há o uso de zonas (áreas) e essas são GLOSSáRIO
diferenciadas através de cores, como mostra a figura 13, que representa a ocorrência de favelas
Mapas corocromáti-
no Brasil. cos: Apresentam dados
geográficos e utilizam
diferenças de cor na
◄ Figura 13: Favelas no implantação zonal.
Brasil Este método deve ser
empregado sempre
Fonte: Disponível
que for preciso mostrar
em <http://confins.
revues.org/image. diferenças nominais
php?source=docannexe/ em dados qualitativos,
image/3483/ sem que haja ordem ou
img-4-small640. hierarquia.
png&titlepos=up>. Aces-
so em 10/07/2009
Com esses exemplos, podemos notar que a representação de fenômenos qualitativos é va-
riada e pode usar algumas variáveis visuais para representar um fenômeno.
23
UAB/Unimontes - 3º Período
GLOSSáRIO Os mapas que buscam uma representação ordenada tratam de mapas que mostram uma
Mapas coropléticos: ordem, ou seja, uma hierarquia. Essa ordem varia bastante, pois podem ser diversos os fenôme-
São elaborados com nos que podem ser representados numa ordem de valor.
dados quantitativos Além da ordem de valor, há a ordem cronológica, ou seja, de tempo de ocorrência de um
e apresentam sua fenômeno, como, por exemplo, a expansão de uma cidade.
legenda ordenada Martinelli (2003) cita como exemplos clássicos da representação ordenada, a hierarquia ur-
em classes, conforme
as regras próprias de bana pelo critério de tamanho populacional. Com isso temos uma ordem visual, em que as áreas
utilização da variável com as formas maiores representam as cidades mais populosas. Esse autor ainda relata que há
visual valor por meio de também a ordem visual entre as cores, organizando das mais claras para as mais escuras, isso
tonalidades de cores, será usado no mapa coroplético. Além das cores, a granulação é outra forma de representar um
ou, ainda, por uma fenômeno.
sequência.ordenada de
cores que aumentam de Na figura 14 o mapa representado traz o crescimento das capitais e, para isso, usa, além das
intensidade, conforme cores, o tamanho para mostrar a intensidade do valor de crescimento populacional.
a sequência de valores
apresentados nas
classes estabelecidas.
24
Geografia - Cartografia Temática
De acordo com Martinelli (2003, p.49), as representações quantitativas em mapas “são em-
pregadas para evidenciar a relação de proporcionalidade entre objetos (B é quatro vezes maior
que A), junto à realidade senso entendida por uma relação de quantidades”.
O tamanho é uma das melhores variáveis visuais que consegue cumprir o papel de repre-
sentar a ideia de proporcionalidade. O modo de implantação (pontos, linhas e zona) é usado com
valores diferentes para atender ao objetivo do mapa.
Archela e Théry (2008) afirmam que, nos mapas de representação quantitativa, a implan-
tação pontual é a mais empregada nos mapas de símbolos proporcionais. Nesse tipo de mapas
são usados pontos (círculos) proporcionais a cada classe de valor que a mesma representa. Como
exemplo, vamos ver a figura 15, que mostra a distribuição da população brasileira por municí-
pios. Neste exemplo, verificamos que há uma legenda que traz os valores proporcionais para
cada ponto do mapa.
Archela e Théry (2008) alertam para o fato de que a variação do símbolo dependerá da
quantidade que se pretende representar e recomendam um número máximo de classes (grupos
de valores) de tamanho cinco. Outra recomendação trata do uso de dois símbolos (círculo e qua-
drado) proporcionais em um mesmo mapa.
Na representação quantitativa, para mostrar quantidade em zonas, usamos os pontos. Para
cada ponto é atribuído um valor, como no exemplo da figura 16, em que cada ponto correspon-
de a 223 asininos (jumentos). Veja como o número desse animal é extremamente concentrado
no nordeste brasileiro.
25
UAB/Unimontes - 3º Período
Outro tipo de mapa que se caracteriza como representação quantitativa são os mapas iso-
pléticos (isolinhas). Esse tipo de mapa é construído ligando pontos de mesmo valor, formando,
assim, linhas com valor padrão. Esse processo é muito comum nos mapas de altitude de relevo,
tecnicamente denominados de mapas hipsométricos.
26
Geografia - Cartografia Temática
Dessa forma, o mapa de fluxo, por trabalhar com a variável visual de tamanho, possibilita
uma resposta fácil e rápida para o leitor. Além de responder às seguintes questões: “qual a inten-
sidade do fluxo?”, “onde estão os maiores fluxos?”, “como se agrupam os fluxos?” e “como os fluxos
se articulam no espaço?” (MARTINELLI, 2003).
A partir dessas respostas do mapa de fluxo, podemos fazer várias inferências, como a identi-
ficação dos pontos de concentração (estrangulamento) de determinado fluxo, o que pode provo-
car dificuldades na dinâmica do fluxo, exigindo assim alguma alternativa que pode ser encontra-
da no mesmo mapa, ou seja, uma rota alternativa.
Os mapas de fluxos podem ter outros usos, como, por exemplo, finalidade econômica para
identificar o ponto de maior fluxo de veículo para instalação de posto de combustível, ou no
caso de políticas públicas, o trecho de maior fluxo terá a preferência na implantação de políticas
públicas.
O mapa de passageiros de ônibus interestaduais, mostrado na figura 18, revela a necessi-
dade de maior investimento em infraestrutura e fiscalização nos estados de Minas Gerais e São
Paulo, pois são os estados com maior concentração de fluxo de passageiros.
27
UAB/Unimontes - 3º Período
Glossário Martinelli (2003) destaca os mapas isocrônicos como exemplos de mapas de fluxo. Nesse
tipo de mapa, é aplicado o método isarítmico que constrói as isócronas. Exemplificando, o refe-
Isarítmico: É o método
de definição de linhas
rido autor menciona a construção de um mapa para identificar o tempo de deslocamento dos
de mesmo valor. trabalhadores da periferia para atingir uma área industrial. Esse mapa revela as possibilidades de
Isócronas: São linhas deslocamento dos trabalhadores e isso pode subsidiar a construção de conjuntos habitacionais
de mesma cor e espes- para esses trabalhadores, levando em consideração a logística, ou seja, essa facilidade de se des-
sura, isto é, possuem o locar no menor tempo possível. Outro aspecto revelado pelos mapas isocrônicos é a acessibilida-
mesmo valor.
de, isto é, o grau de facilidade para se atingir determinado espaço.
Com essa explicação sobre os tipos de representações, percebemos que sempre temos que
planejar a construção de um mapa, pois não é uma tarefa simplória e exige domínio dessa teoria,
para que o resultado atenda às normas cartográficas.
28
Geografia - Cartografia Temática
Depois de selecionar as variáveis, cada uma dessas recebeu um valor, e as mesmas foram
fundidas; com isso foi gerado um mapa que apresenta as áreas de maior fragilidade. O resultado
está na legenda da figura 20, em que aparecem as classes de fragilidade classificadas como mui-
to alta, alta, média, baixa e muito baixa.
Com esse exemplo, podemos perceber que o mapa síntese não traz um conjunto de ele-
mentos sobrepostos, mas mostra um elemento síntese da associação de vários elementos.
Esse tipo de mapa é muito utilizado em trabalhos de pesquisa, nos quais o pesquisador quer
criar uma ordem de intensidade de um fenômeno, como no caso aqui aplicado na intensidade
ou potencialidade de fragilidade ambiental. Nesse sentido, esse exemplo mostra também uma
representação ordenada, pois expõe uma determinada ordem no fenômeno mapeado.
Outro ponto a ser destacado é o fato de que o iniciante à geografia precisa dominar as téc-
nicas de leitura de mapas, bem como as técnicas de mapeamento, haja vista que, na ciência geo-
gráfica moderna, os mapas são representações espaciais que subsidiam a análise geográfica.
Antes de sabermos elaborar um mapa, é preciso entender o mesmo, isto é, dominar as téc-
nicas de leitura e interpretação dos mapas. O mapa é um produto de leitura rápida, com ele o
leitor obtém o máximo de informação com uma simples visualização, mas a eficácia dessa leitura
depende do conhecimento prévio que o leitor já possui.
Por isso, ao pegar um mapa para ler, é preciso identificar de que tipo de mapa se trata, na
maioria dos casos certamente será um mapa temático. Depois a tarefa será identificar qual tipo de
representação há no mapa (qualitativa, ordenada e quantitativa); com essa identificação, encon-
traremos o objetivo do mapa, ou seja, qual é a pergunta que o mapa responde. Lembremos que
cada mapa com um tipo de representação responderá a uma pergunta, como mostra o quadro 1.
29
UAB/Unimontes - 3º Período
Quadro 1
Tipo de representação e o objetivo do mapa
A partir da resposta para essas questões, o leitor alcançará a mensagem que o autor do
mapa buscou transmitir. Mesmo respondendo a essas questões-chave, a interpretação do leitor
pode ir além dessas constatações e, com isso, obter maiores informações.
Na verdade o conhecimento que temos acumulado com a nossa experiência é útil no mo-
mento de lermos um mapa. Isso ocorre devido ao fato de possuir mais informações que o mapa
traz, assim o nosso raciocínio integra informações que temos armazenadas em nossa memória
com os novos fornecidos pelo mapa, resultando, portanto, em novas informações.
Como já mencionado anteriormente, mas que é válido salientar dentro desse contexto, te-
mos que nos preocupar com o uso dos mapas para os estudantes de ensino fundamental e mé-
dio, bem como para os alunos de graduação. Isso devido a pouca experiência desses estudantes
com mapas, causando certa dificuldade na leitura complexa em cartas temáticas.
Quando trabalhamos com os mapas nas séries iniciais, temos que valorizar o espaço geo-
gráfico conhecido do aluno, pois assim ele consegue compreender a representação no mapa. Se
apresentarmos um mapa da Europa para uma criança, dificilmente ela conseguirá entender esse
mapa. Mas, se for um mapa da rua dessa mesma criança, em que são representados os espaços
mais conhecidos, como igreja, supermercado e praça, essa criança conseguirá associar essa re-
presentação com o espaço real.
Ainda se tratando da alfabetização cartográfica, desde os primeiros mapas que usamos para
ensinar as crianças, temos que nos atentar para o uso correto da semiologia cartográfica e as nor-
mas para elaboração dos mapas, com isso os alunos irão se familiarizar com as formas corretas da
cartografia temática.
Tanto o IBGE (1999), como Oliveira (1988) e Granel-Peréz (2004) dizem que os elementos na-
turais e antrópicos da paisagem correspondem, nas cartas topográficas, a representações planas,
ou seja, referenciadas por duas dimensões (X, Y) do plano: hidrografia (águas continentais e ma-
rinhas), vegetação (florestas, mangue, brejo ou pântano, cerrado, etc.), uso do solo (plantação,
arrozal, área urbana, etc.), vias de comunicação (rodovias, estrada de ferro), linhas transmissoras
de energia, limites estaduais e internacionais, igrejas, escolas, minas, cemitérios, moinhos, etc.
É importante frisar que cada elemento planimétrico é representado por um símbolo cujo
significado vem recolhido na legenda do rodapé de cada carta. Segundo a categoria e o tipo
de elemento de que se trate, a implantação dos símbolos pode ser pontual, como vimos ante-
riormente em semiologia gráfica (representando uma escola, igreja, mina, etc.), linear (repre-
sentando uma rodovia, um curso de água, etc.) ou de área (representando uma floresta, um
arrozal, etc.).
A partir dessas implantações, podemos realizar medições e estabelecer relações espaciais
entre os elementos da mesma categoria, entre elementos de categorias diferentes, entre catego-
rias de elementos e o relevo.
Conforme Granel-Peréz (2004, p. 101), na análise da informação planimétrica, é importante
considerar que as cartas de escala 1:50.000 apresentam limitações derivadas da própria escala e
da dinâmica que caracteriza a paisagem. Assim, por exemplo, a separação das grandes catego-
rias de uso do solo(agrícola, pecuário, urbano, industrial, etc.) fica prejudicada pela falta de de-
talhamento, por utilizar uma legenda única que não se preocupa com a especificação das dife-
rentes regiões do Brasil e pela impossibilidade de reconhecer contínuas mudanças da paisagem.
Em curtos períodos de tempo, terras agrícolas são abandonadas e novas terras são incorporadas
à produção, florestas são desmatadas e novas áreas são reflorestadas, perímetros urbanos incor-
poram seu entorno rural, estradas são abertas, enquanto outras alteram seus traçados, surgem
novas vilas e cidades, etc. Essas limitações obrigam a procurar o apoio de outros documentos
cartográficos, de fotografias aéreas e de imagens de satélites quando se aborda a análise espa-
cial. Esse assunto é muito interessante, veremos mais sobre esse tema na unidade II.
É importante estudarmos os principais componentes da planimetria
Hidrografia: a representação dos elementos hidrográficos é obtida, sempre que possível,
por meio de símbolos que nos lembram a água, utilizando a cor azul para representar a hidrogra-
fia (rios, lagos, brejo, etc.) (figura 22).
31
UAB/Unimontes - 3º Período
Uso do solo: Conforme Granel-Peréz (2004, p. 103), nas cartas topográficas 1:50.000, a dife-
renciação dos usos do solo fica muito dificultada pelas limitações já mencionadas anteriormente.
Inicialmente é preciso determinar as grandes categorias de uso do solo (agrícola, florestal,
urbana, pecuário, etc.), levando sempre em consideração que todos esses usos são muito dinâ-
micos e estão sempre sujeitos, tanto a mudanças de categoria de uso como de superfície do ter-
reno ocupada por cada categoria. É bom lembrarmos que, na análise do uso urbano, há de se
considerar que o espaço urbano vai além da própria cidade, é só observarmos as nossas cidades.
Então, o uso urbano inclui o entorno onde se localizam serviços a ela vinculados (cemitérios, ae-
roportos, áreas comerciais, espaços de recreação, etc.).
Então, para cada uso do solo, podemos conhecer: limites ou contornos, extensão superficial,
relação com o meio físico.
Em Geografia é importante também conhecer as semelhanças e diferenças que os usos do
solo apresentam em várias unidades espaciais diferentes, como, por exemplo, em municípios,
distritos, regiões, etc. Por exemplo, para efeito de comparação, pode interessar saber qual é o
distrito municipal com maior superfície agrícola ou o mais florestado, ou aquele em que o uso
urbano predomina sobre as outras categorias de uso. Você, que é da região de Itacambira, Janaú-
ba e Pompéu, observe o que está acontecendo na sua região, em relação ao uso do solo.
As cidades, construções civis, vias de comunicação, cultura, limites administrativos, etc. ge-
ralmente, em áreas urbanizadas, são representadas na carta topográfica pela cor rosa, porém em
outras escalas podem ser representadas pela cor cinza.Utilizamos pontos pretos diferenciados
pela forma para representar área edificada,como prefeitura, escolas, igrejas, hospitais. As rodo-
vias são diferenciadas pelas cores preta, vermelha e pela granulação das linhas, enquanto as fer-
rovias em preto (figura 23).
32
Geografia - Cartografia Temática
1.5.2 Altimetria
De acordo com Oliveira (1988), a representação do relevo sempre foi um dos maiores pro-
blemas na cartografia. Por muitos séculos, os mapas omitiram essa informação. As primeiras ten-
tativas em mostrar o relevo como é observado do espaço foram através do método lagartas, com
o objetivo de mostrar as grandes cadeias de montanhas do continente europeu. O cartógrafo
responsável por este método desenhou um padrão na forma de um lagarto.
Na segunda metade do século XVIII, começou na Europa a discussão da representação car-
tográfica do modelo terrestre, até que, finalmente, surgiu o modelo hachuras, e que chegou ao
seu máximo acabamento nos mapas do século XIX. Mas o problema não consistia apenas em
representar a forma através do claro-escuro apresentado pelas hachuras, faltava a resolução do
problema das altitudes. Além de não resolver o problema da altitude, o método de hachuras era
muito oneroso e demorado (OLIVEIRA, 1988) (figura 24).
◄ Figura 24:
Representação do
relevo mediante
hachuras
Fonte: (OLIVEIRA, 1988,
p. 112)
33
UAB/Unimontes - 3º Período
Das várias tentativas de representar o relevo, desde o início do século XIX, nenhum método
foi mais eficiente do que as curvas de nível.
Para Oliveira (1988), o melhor método de representação do relevo terrestre é o das curvas
de nível, pois fornece ao usuário, em qualquer parte da carta, um valor aproximado da altitude
que ele precisa.
A curva de nível, também denominada isoípsas ou linhas hipsométricas, é, portanto, uma
convenção cartográfica para representar as variações da superfície topográfica. Constitui uma li-
nha imaginária do terreno, em que todos os pontos da referida linha têm a mesma altitude, aci-
ma ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar.
Conforme Granel-Peréz (2004, p. 55 e 56), nas cartas topográficas 1:50.000, as curvas de nível
são representadas por linhas de traço fino e cor marrom, equidistantes 20m, denominadas cur-
vas normais. A cada cinco normais contíguas são desenhadas as curvas mestras, de traço mais
grosso e com indicação gráfica da altitude, que representam equidistância de 100m. As cotas al-
timetricas mais significativas, tais como cumes de morros, depressões topográficas, podem ser
representadas nas cartas topográficas por pontos cotados, com indicação do valor da altitude
absoluta do ponto.
Granel-Peréz (2004) e Oliveira (1988) mencionam também que há regras no traçado das
curvas de nível: cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma; nunca se cruzam nem se
bifurcam. Nos terrenos planos ou pouco acidentados, as curvas são poucas e aparecem muito
espaçadas; já nos terrenos acidentados e escarpados ocorre o inverso. As curvas de nível tendem
a ser quase paralelas entre si. Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma
elevação (figura 25 e 26).
Compare: (a) um pequeno trecho com um rio e seus afluentes, bem como alguns pontos
cotados e, ainda, três curvas (as de 200, 300 e 400); (b) segundo o método descrito, estão traça-
das as curvas intermediárias.
34
Geografia - Cartografia Temática
De acordo com o IBGE (1999, p. 81), geralmente, as curvas de nível cruzam os cursos d’água
em forma de “V”, com o vértice assinalando para a nascente (figura 27).
As curvas de nível formam um “M” acima das confluências fluviais (figura 28).
Geralmente, formam um “U” nas elevações, cuja base aponta para o pé da elevação (figura 29).
35
UAB/Unimontes - 3º Período
Tabela 1
Equidistâncias das curvas de nível
Montanha: Forma topográfica constituída por uma grande elevação natural do terreno,
com altitude superior a 300m, no geral formada por um agrupamento de elevações com altitu-
des diferentes. Nas cartas, as montanhas são representadas por agrupamentos complexos de
curvas de nível, próximas entre si, que definem vertentes fortemente inclinadas e enquadram va-
les com diferentes orientações.
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Geografia - Cartografia Temática
Morro: Forma topográfica constituída por uma elevação natural e individualizada do terre-
no, com altitude inferior à da montanha. Identifica-se nas cartas por curvas de nível fechadas,
grosseiramente concêntricas e com altitudes crescentes para o interior, onde costuma aparecer
um ponto cotado que indica a altitude culminante do morro.
Morro-testemunho: forma topográfica constituída por um morro de topo plano ou quase
plano, posicionada na frente de uma escarpa de planalto ou cuesta, e mantido por uma camada
rochosa superior mais resistente que as inferiores. Esse tipo de morro indica o recuo erosivo da
escarpa do planalto ou da cuesta, dos quais o morro fazia parte antes de ficar individualizado.
Colina: forma topográfica constituída por uma pequena elevação do terreno com altitude
de até 50 metros e declives suaves. Geralmente corresponde a uma forma derivada de erosão
(figura 31).
Planalto, chapada: forma topográfica constituída por uma superfície elevada acima de 200
metros, pouco acidentada ou plana e delimitada nas suas bordas por escarpas. No geral, os pla-
naltos são formados por rochas sedimentares com estrutura horizontal ou sub-horizontal, ou por
alternância de rochas vulcânicas e sedimentares, como vimos em Fundamentos de Geologia I.
Divisor de água: linha que passa pelos pontos mais elevados do terreno e ao longo do per-
fil mais alto entre eles, dividindo as águas de um e outro curso (figura 32).
37
UAB/Unimontes - 3º Período
Vale: forma topográfica constituída por duas vertentes com sistemas de declive convergen-
tes num mesmo talvegue (figura 34).
38
Geografia - Cartografia Temática
A seguir, escolheremos a escala vertical para representar as altitudes. Quando se opta por
manter na escala vertical a mesma escala horizontal da carta, será obtida uma reprodução fiel do
perfil do relevo. No entanto, para uma melhor visualização da topografia da região em estudo, é
39
UAB/Unimontes - 3º Período
No próximo passo, levamos a margem superior do papel milimetrado sobre a linha que, na
carta, une os pontos extremos do perfil e transferimos verticalmente cada uma das interseções
das curvas de nível com a margem do papel até a cota altimétrica correspondente, identificada
na escala vertical de altitudes.
Por último, unimos todos os pontos com uma linha curva e completamos o perfil com as
informações que irão auxiliar na sua identificação: escalas de horizontal e vertical, orientação e
coordenadas geográficas ou UTM dos extremos do perfil (figura 38).
Referências
ANDRADE, E. D. V. A elaboração de documentos cartográficos sob a ótica do mapeamen-
to participativo. 2008, 79f. Dissertação (Mestrado em Geografia). UFPE, Recife, 2008. Disponí-
vel em <http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5348>
Acesso em 10/07/2009.
40
Geografia - Cartografia Temática
CARDOSO, Jayme A. Construção de gráficos e linguagem visual. História: Questões & Deba-
tes, Curitiba, v. 5, n.8, p. 37-58, jun. 1984.
IBGE - Noções básicas de Cartografia. Manuais Técnicos em Geociências. n.8. Rio de Janeiro:
IBGE, 1999. 128 p.
MARTINELLI, M. Cartografia Temática: cadernos de mapas. São Paulo: Edusp, 2003. v.1. 160p.
MARTINELLI, M. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1998.
v.1. 120p.
41
Geografia - Cartografia Temática
Unidade 2
As geotecnologias, a cartografia
turística e os gráficos
2.1 Introdução
Nesta unidade vamos estudar um ramo da ciência cartográfica que tem se destacado nos
últimos anos, trata-se das geotecnologias. Estas são compreendidas como um conjunto de tec-
nologias aplicadas à ciência cartográfica, pois, a partir das mesmas, é possível obter informações
importantes sobre o espaço e representá-las em mapas temáticos.
Logo, estudar as novas tecnologias aplicadas à cartografia é buscar atualizar-se sobre as no-
vas formas de elaboração de mapas temáticos. Nesse sentido, nesta unidade estudaremos as téc-
nicas que compõem essas novas tecnologias aplicadas à cartografia, em que se destacam: sen-
soriamento remoto, CAD, SIG e o GPS. Além dessas tecnologias, vamos analisar nesta unidade a
construção e leitura de gráficos.
Diante desses topicos que serão abordados nesta unidade, a mesma tem como objetivo
proporcionar ao acadêmico o entendimento da teoria das geotecnologias, bem como a interpre-
tação de imagens de satélites e a elaboração de gráficos.
43
UAB/Unimontes - 3º Período
Para facilitar a compreensão das funções de cada uma dessas técnicas, vamos apresentar as
mesmas de maneira separada, ressaltando sempre que, apesar de se tratar de técnicas diferentes,
essas devem ser trabalhadas de forma integrada, haja vista que a função de uma completa a fun-
ção de outra, criando assim um verdadeiro sistema.
O sensoriamento remoto é a técnica mais antiga que compõe as geotecnologias. Essa con-
siste na obtenção de informação de algum objeto, sem o contato físico, ou seja, podemos mo-
nitorar, observar ou ver um objeto sem precisar tocar nele. Sendo assim, a fotografia é o melhor
exemplo de sensoriamento remoto, pois, a partir de uma foto de qualquer lugar, mesmo sem
conhecer este lugar, podemos obter algumas informações dessa área.
Essa é a lógica do sensoriamento remoto, e para os profissionais que trabalham com essa
técnica o monitoramento do espaço é feito de cima, ou seja, através de fotografias aéreas, em
que a câmera de registro de imagem está acoplada em um avião, ou através dos satélites que
estão na órbita da terra. Mas, para se chegar a esse nível houve alguns fatos interessantes que
vamos apresentar agora.
O desenvolvimento do sensoriamento remoto começa com a descoberta da teoria da luz e,
com isso, foi possível avançar para a obtenção da fotografia (foto=luz e grafia=escrita). A primeira
fotografia foi gerada por Niepa, em 1822, na França. Esse foi o passo inicial para que imagem do
espaço se tornasse uma ferramenta para auxiliar os estudos científicos.
44
Geografia - Cartografia Temática
Ainda na França, no ano de 1856, Gaspar Felix Tournachou obteve a primeira foto aérea;
para isso, conectou uma máquina fotográfica em um balão e registrou imagens da cidade de Pa-
ris. Esse foi o primeiro exemplo de sensoriamento remoto, pois o autor da foto está distante do
alvo e, mesmo assim, consegue registrar as imagens (INPE, 1998).
Com a invenção dos aviões, as fotografias aéreas, ou seja, o sensoriamento remoto passa por
uma revolução. Infelizmente, foi no período de guerras mundiais que essa tecnologia mais se de-
senvolveu, pois, como se trata de um instrumento para monitoramento à distância, assim não
há risco de perda de soldados para os observadores. Com isso, câmeras fotográficas com filmes
especiais, como o infravermelho, eram usadas para fotografar o território inimigo.
No contexto da segunda guerra mundial, os filmes infravermelhos eram usados para desco-
brir acampamentos entre a vegetação, pois esse tipo de filme consegue diferenciar, através da
radiação emitida pelo corpo, o tipo de vegetação e, assim, mostrar o que é camuflagem.
Depois da câmera fotográfica, foram acoplados nas aeronaves radares. O radar é um instru-
mento semelhante à câmera, mas capta a energia que ele mesmo emite, como se fosse o flash
de uma máquina que bate no alvo e retorna. Quando a energia captada pelo sensor foi emitida
por ele mesmo, chamamos esse sensor de ativo, ou seja, ele não depende de fontes naturais para
obter informações. No caso dos sensores que captam a radiação, pois não possuem emissão de
energia, são denominados de passivos.
Com o desenvolvimento da tecnologia espacial, o sensoriamento remoto atingiu um nível
inimaginável, pois agora os sensores para monitoramento foram acoplados em satélites. Esses
satélites servem para várias atividades, como a comunicação e localização, e não apenas para
monitoramento.
Existem satélites para monitoramento apenas da atmosfera. Esses fornecem informações
para fazer a previsão do tempo, como aparece nos telejornais quando um jornalista comenta so-
bre a previsão do tempo e mostra a movimentação das nuvens. Esses satélites são responsáveis
também para identificar a possível ocorrência de fenômenos naturais que podem provocar de-
sastres, como os ciclones. Em outubro do ano de 1957 foi lançado o Sputnik 1, o primeiro satélite
artificial lançado pelo homem. Os russos conseguiram lançar o Sputnik primeiro, mas a única coi-
sa que esse satélite fazia era emitir sons em determinadas frequências, que podiam ser captados
por rádio-receptores na Terra. O satélite TIROS foi o primeiro satélite meteorológico colocado na
órbita da Terra, lançado em 01 de abril de 1960.
Além dos satélites meteorológicos, há também os satélites que são usados para monitorar o
espaço terrestre e, por isso, esses são os mais interessantes para a geografia, lembremos sempre
que o nosso objeto de estudo é o espaço geográfico. O primeiro satélite desse tipo foi o Earth
Resources Technology Satellite, conhecido pela sigla ERTS 1. Mas, a partir do dia 14 de janeiro de
1975, passou a ser chamado de Landsat (em inglês, Land= terrestre e Sat= satélite).
O Landsat é considerado a série de satélites terrestres mais importante para o sensoriamen-
to remoto, não só pelo seu pioneirismo, mas, principalmente, pela qualidade e inovação dos seus
produtos, ou seja, as imagens.
A série de satélites Landsat é a maior entre os satélites, no total foram lançados 7 satélites,
mas o satélite 6 apresentou problemas e não conseguiu gerar imagens, enquanto o último, o
Landsat 7, apresentou problemas em 2003 e não registrou mais imagens. Devido a esses proble-
mas, as imagens atuais são fornecidas pelo Landsat 5, que apresenta imagens com resolução es-
pacial de 30 metros, ou seja, a menor parte da imagem chamada de pixel, tem 30m² (veja a figura
40). Com isso, objetos com tamanho menor que isso não são registrados.
45
UAB/Unimontes - 3º Período
Além da resolução espacial (tamanho do pixel), existe a resolução espectral, que trata do nú-
mero de bandas que o satélite registra. Para entendermos isso melhor, é preciso voltar um pouco
no estudo da radiação eletromagnética.
Como mostra a figura 41, essa radiação é a energia que é emitida pelo sol e que incide em
um corpo, consequentemente, esse corpo reflete parte dessa energia, isso é a reflectância (capa-
cidade do corpo em refletir energia). Sabemos que cada corpo tem uma reflectância, assim, há
corpos que refletem mais energia, como o solo arenoso exposto e, outros menos, como a água.
Por isso, o satélite capta várias faixas da radiação, pois assim consegue obter a energia dos cor-
pos que refletem mais e com dos que refletem menos.
Cada faixa de energia que é captada por um satélite é denominada de banda. No caso do
Landsat 7 são sete bandas, assim, sabemos que esse satélite capta em sete bandas diferentes de
radiação. E cada banda dessas é uma imagem, logo, são 7 imagens do mesmo local, mas mos-
trando com maior detalhe os objetos que mais aparecem em cada banda específica, como mos-
tra a figura 42.
Ainda com base na Figura 42, podemos perceber que, apesar de ser o mesmo local, as ima-
gens mudam a tonalidade do cinza: em alguns pontos na banda 2 estão mais escuros e na banda
4 estão mais claros.
Essa variação dos tons de cinza está associada à reflectância, pois quanto mais o corpo refle-
te energia mais claro este será, assim podemos perceber que as áreas braças são solos expostos e
nas áreas mais escuras ou é água ou uma floresta. As imagens que aparecem apenas em preto e
branco, chamamos de pancromática.
46
Geografia - Cartografia Temática
47
UAB/Unimontes - 3º Período
▲
Figura 45: Imagem
pancromática do
satélite Ikonos,
mostrando as Pirâmides
do Egito./
Fonte: Disponível em
<http://www.richard.eti.
br/ikonos_egito.jpg>. Figura 46: Imagem ►
Acesso em 10/07/2009 multiespectral
do satélite Ikonos
mostrando
Machupicchu.
Fonte: Disponível
em <http://www.
apolo11.com/ima-
gens/etc/ikonos_
machupicchu_500.
jpg>. Acesso em
10/07/2009
48
Geografia - Cartografia Temática
Com essas características que apresentamos sobre os satélites e suas imagens, podemos
perceber que esses instrumentos são de grande utilidade para várias áreas, pois tudo que está
no espaço e tem tamanho para ser registrado por um satélite poderá ser estudado pelas ima-
gens orbitais. Como exemplo, podemos citar o desmatamento que, numa imagem de satélite de
média resolução, como o Landsat e o Cbers, pode ser monitorado, trazendo assim informações
valiosas para conter esse processo. Além desse, exemplo há a potencialidade das imagens de alta
resolução para dar suporte ao planejamento das cidades. Além desses exemplos, existe uma infi-
nidade de aplicações para as imagens provenientes do sensoriamento remoto.
Essas vantagens do sensoriamento remoto são potencializadas, se trabalharmos esses pro-
dutos (imagens aéreas e de satélite) integrados a outras tecnologias que compõem a geotecno-
logia, destacamos aqui o Sistema de Informação Geográfica – SIG.
O Sistema de Informação Geográfica é uma tecnologia informacional que tem atraído bas-
tante os geógrafos, isso devido à capacidade que esse sistema possui de trabalhar com uma va-
riedade de dados de diversas fontes e períodos diferenciados, como produto final esse sistema
apresenta produtos cartográficos como gráficos e, principalmente, mapas.
Na geografia esse sistema se destaca pelo fato de ter uma linguagem espacial, ou seja, os
dados são representados sempre com relação ao espaço. O primeiro exemplo da aplicação do
SIG trata de um episódio ocorrido em Londres em que ocorreu um surto de cólera e um médico,
Dr. Snow, mapeou a ocorrência dos casos e sobrepôs essas informações à distribuição dos poços
de água, com isso constatou que a maior parte dos casos concentrados próximos a um determi-
nado poço. Essa informação possibilitou que as autoridades fechassem o poço.
Com os avanços computacionais, o processamento de grande quantidade de dados se tor-
nou mais rápido e eficiente. O uso de instrumentos computacionais para processamento de da-
dos espaciais ocorreu no Canadá na década de 1960. Em seguida essa tecnologia chegou aos
Estados Unidos, onde ganhou novas funções e maior operacionalidade.
E, hoje, esse sistema se tornou um instrumento importante para os estudos acadêmicos,
para a gestão pública e para o setor privado. Esse mercado fez com que as geotecnologias se
tornassem o terceiro setor tecnológico de maior investimento, ficando atrás apenas para a bio-
tecnologia e para a nanotecnologia.
Os professores do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, Roberto
Rosa e Jorge Brito definem o SIG como
49
UAB/Unimontes - 3º Período
Apesar do uso desse sistema na geografia ter se iniciado no contexto da revolução quantita-
tiva e por ter sido criticado inicialmente pelas outras correntes da geografia, notamos que atual-
mente o SIG é aplicado em estudos de quase todas as linhas da geografia, uma vez que, por ser
geografia, há estudo do espaço e o SIG representa o espaço.
O SIG assume essa importância pelo uso do banco de dados, que consiste numa série de
Figura 48: Mapa como
exemplo do SIG. dados alfanuméricos (letras e números) que estão ligados a uma determinada área. Esses dados
Fonte: (LEITE, M. E. et al podem ser relacionados a diversos aspectos como saúde, social, economia, infraestrutura, entre
2009). outros, mas que sejam atributos de uma única área. Dessa forma, é possível cruzar esses dados
▼ para se obter um diagnóstico desse lugar.
Exemplificando, imaginemos
que se queira saber se há uma rela-
ção entre a ocorrência de uma doen-
ça e a renda da população, para isso,
basta associar os dados da incidência
da doença com a renda, obteremos
como resultado um mapa mostrando
a distribuição dessas variáveis. Esse
resultado é mostrado na figura 48,
que traz o caso da cidade de Montes
Claros com a incidência da dengue
com a renda per capita.
A popularização do SIG teve
como contribuinte a facilidade de
operação dos softwares de SIG, como
exemplo temos o ArcViewGIS, pro-
gramado pela empresa dos Estados
Unidos, ESRI. Esse software é o mais
usado no mundo, devido à varieda-
de de funções que possui e, princi-
palmente, por ser de fácil operação.
Apesar de ser um programa em que
a linguagem está em inglês, os co-
mandos são de fácil operação.
Veja na figura 49, que mostra a
tela de trabalho do ArcView, aparece
uma imagem do satélite Quick Bird
da cidade de Montes Claros e sobre-
posta a ela está a hidrografia.
Com essa breve exposição so-
bre o SIG, podemos verificar que esse
sistema tem duas partes principais,
o banco de dados e a base cartográ-
fica, que são integrados para gerar o
produto final. A base cartográfica, ou
seja, a estrutura do mapa é uma con-
tribuição de outra tecnologia, que é
o CAD (desenho auxiliado por com-
putador) ou cartografia digital.
Com o CAD, os mapas passaram
a ser desenhados no computador,
isso trouxe grandes benefícios para a cartografia e, consequentemente, para a geografia. O fato
de o mapa ser atualizado no computador, sem precisar construir um novo mapa, fez com que o
custo do mapa se reduzisse ainda mais, além disso, a qualidade dos mapas foi melhorada consi-
deravelmente.
50
Geografia - Cartografia Temática
Portanto, o trabalho integrado do CAD e SIG é inevitável, pois a base cartográfica é elabora-
da no CAD e depois é exportada para o SIG e, a partir disso, recebe o banco de dados.
Mesmo com a disponibilidade dessas tecnologias, notamos que há uma escassez de produ-
tos (mapas) em meio digital, pois a maioria ainda está em meio analógico (no papel). Há várias
explicações para essa situação, entretanto, o domínio da tecnologia pelos profissionais e o custo
são as mais convincentes.
51
UAB/Unimontes - 3º Período
Há pouca oferta de profissional qualificado para trabalhar com as geotecnologias, por isso o
mercado de trabalho e a remuneração estão cada vez mais atrativos. Essa demanda faz com que
o geógrafo se aperfeiçoe para dominar essas tecnologias. Nesse contexto, os cursos de geografia
trazem na sua grade curricular as disciplinas de geoprocessamento, SIG e sensoriamento remoto.
Embora, a pouca familiaridade com a informática por parte da maioria dos acadêmicos de geo-
grafia tenha se tornado um desafio para os professores dessas disciplinas que contemplam as
geotecnologias.
Além desse fator, o custo das geotecnologias, ainda, é um entrave para a popularização des-
sa técnica. Com a redução dos preços dos produtos de informática, como o computa-
dor, impressoras e scanners, verificamos que a informática tem se tornado acessível. Po-
rém, os dados para o trabalho com as geotecnologias são muito caros, como exemplo
estão as imagens de alta resolução.
Outra tecnologia que está agregada às geotecnologias e tem se popularizado é o
aparelho receptor do sinal GPS, como o modelo da figura 51.
Há uma confusão, no que se refere ao GPS, que é bom explicarmos. A sigla GPS
(Global Position System – Sistema de Posicionamento Global) é uma marca do siste-
ma de localização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Assim
como o Galileo é a marca do sistema semelhante ao GPS, porém da União Europeia.
Mas, como o único em plena atividade em todo o mundo é o GPS, costumamos tratar
esse termo como todo sistema de localização.
Outro equívoco é quando nos referimos ao aparelho e o denominamos apenas de
GPS. Temos que compreender que o aparelho capta o sinal dos satélites que compõem
o sistema de satélites, que é chamado de GPS. Esse sistema é composto basicamente
de um grupo de satélites artificiais (24 ativos) em órbita terrestre, à baixa altitude, ser-
vindo de referencial de localização e o contato entre o aparelho receptor e o satélite é
feito através de ondas de rádio.
Outra informação a qual temos que ficar atentos é sobre os tipos de aparelhos re-
ceptores, pois esse mostrado na figura 51 é o mais comum, que é denominado de apa-
▲
relho de navegação, pois tem como finalidade principal orientar a direção e mostrar a
localização, haja vista que esse aparelho apresenta um erro que pode chegar a 30 metros; com
Figura 51: Aparelho
isso certas atividades ficam inviá-
receptor do sinal GPS,
Garminetrex. veis, já que necessitam de máxima
Fonte: (LEITE, M. E. et al precisão.
2009). Os outros tipos são o topo-
gráfico e o geodésico. O topográ-
fico possui um erro máximo de 5
metros, sendo recomendado para
trabalhos de medição de áreas e
elaboração de curvas de níveis. O
geodésico, mostrado na figura 52, é
o mais preciso, pois possui um erro
quase nulo, isso lhe permite reali-
zar atividades de extrema precisão.
Mas, como a antena é externa, é
preciso que a mesma esteja sempre
no lato para captar o melhor sinal,
Figura 52: GPS ► por isso é comum o uso de tripé
geodésico fixado em para fixar a antena.
um tripé. A tendência é que o aparelho
Fonte: Disponível em GPS se popularize de tal forma que
<http://www.hcengenha-
ria.com.br/indexpre_ar- os veículos e aparelhos eletrônicos
quiv/gtra%20006.jpg>. venham de fábrica com esse recep-
Acesso em 10/07/2009 tor. Isso já ocorre no caso dos auto-
móveis que possuem esse equipa-
mento para auxiliar a orientação no
espaço para o motorista. No caso
dos caminhões, o GPS tem uma
função de segurança, pois os con-
troladores em uma central podem,
à distância, monitorar o trajeto do
52
Geografia - Cartografia Temática
veículo, possibilitando, em caso de roubo, acionar um dispositivo que desliga o motor do cami-
nhão e, assim, comunicar à polícia. Essa mesma funcionalidade já está em teste para monitorar o
ser humano, pois os pais poderiam controlar os lugares que o filho frequenta.
Para facilitar a interpretação do mapa, os autores usam símbolos de fácil compreensão, mas
não se preocupam com as escalas desses símbolos nos mapas.
Mesmo não existindo uma padronização para esse tipo de cartografia, os elaboradores des-
sas representações usam o bom senso para facilitar a leitura e interpretação do mapa turístico.
Algumas características dos mapas turísticos seguem a lógica da cartografia temática, como,
por exemplo, o título que sempre deve estar destacado na parte superior do mapa e estar bem
claro em relação ao que é mapeado, ou seja, ao tema do mapa. Quanto à legenda, é necessário
estar sucinta, pois assim facilita a leitura, e sua localização no mapa deverá ser na parte inferior,
mas, dependendo da estrutura do mapa, poderá vir na parte superior.
Outro ponto importante na elaboração de um mapa turístico é a fonte e tamanho do texto, já
que ela permite que determinados pontos se sobressaiam no mapa. A cor do fundo do mapa deve
ser uma cor que não ofusque a parte importante do mapa, os pontos turísticos e vias de circulação.
53
UAB/Unimontes - 3º Período
Não é recomendável usar símbolos muito pequenos, pois isso dificulta a visualização, no-
tadamente da população idosa. Por isso, os símbolos devem ser bastante visíveis e estar numa
localização equivalente à do espaço real. Outra recomendação trata do uso de encartes de loca-
lização da área mapeada. Esse encarte consiste num mapa de escala menor que mostre a locali-
zação da área que está representada e as vias que levam a esses pontos, como podemos ver na
figura 54.
O mapa turístico de pequena área usa uma semiologia gráfica diferente dos mapas de gran-
de área, pois, no mapa de uma cidade, os pontos a serem representados são em número menor,
mas em um mapa de uma grande área esses pontos serão em maior número, com isso os símbo-
los usados serão diferentes.
Como exemplo dessa comparação, podemos citar o caso de uma igreja, que será represen-
tado em um mapa de maior escala com um desenho de uma igreja, mas no mapa de escala me-
nor essa igreja será representada por apenas a torre da igreja ou um sino. Com essas adequações
haverá espaço no mapa para retratar todos os pontos interessantes para o turista.
Com essa breve explicação dessa nova tendência de uso da cartografia no turismo, devemos
nos ater à necessidade de elaborar um mapa de simples interpretação, o qual mostre e valorize
os espaços destinados ou de interesse dos turistas, como os pontos turísticos, os restaurantes, as
vias de acesso aos principais locais, entre outros.
Apesar de não ser um ramo científico da cartografia temática, o mapa turístico e classificado
como temático, pois representa um tema específico de uma área, ou seja, trata de um mapa que
mostra os espaços de interesse para o turismo num determinado local, podendo ser um municí-
pio, uma região ou um país. E, com essa variação de escala espacial, serão determinados os sím-
bolos usados para representação cartográfica.
Com essa exposição, concluímos que, como o turismo é uma atividade importante para al-
gumas áreas, pois gera renda e emprego, devemos nos capacitar para usar a cartografia como
um facilitador do turismo. Mesmo não havendo uma normatização da cartografia turística, deve-
mos pensar o mapa turístico mais simples para leitura do usuário.
2.4 Gráficos
Os gráficos são muito úteis ao estudo da geografia porque servem para a complementação
de análises regionais. Servem para estabelecer comparações das partes com o todo ou da evolu-
ção de um fato.
Mas é bom lembrar que todo gráfico deve ser, antes de tudo, fácil de ser entendido. Os gráfi-
cos confusos perdem seu objetivo, não têm sentido.
O gráfico leva consigo uma informação, uma mensagem, por isso deve ser construída com
muita honestidade, buscando sempre retratar a realidade.
A apresentação de dados sob a forma gráfica possui algumas vantagens em relação à tabu-
lar, pois temos uma impressão visual mais clara, rápida e abrangente dos fenômenos descritos.
54
Geografia - Cartografia Temática
Segundo Le Sann (1991) e Crespo (2002), para uma boa tradução do que se deseja represen-
tar num gráfico, devemos seguir algumas regras que nos auxiliaram:
• O gráfico deve possuir um título que expresse de forma clara e objetiva as informações de-
sejadas;
• No caso de uso de legendas ou convenções, devemos ser claros ao colocar as mesmas;
• Em gráficos que utilizem sistemas de coordenadas, as linhas contendo os eixos de origem
devem ser destacadas em relação às demais;
• A escolha da escala é talvez o ponto mais importante na construção de um gráfico, porque
o emprego de uma escala inadequada pode comprometer a interpretação da informação. Glossário
• Deve-se colocar no gráfico a fonte dos dados, data dos dados, as unidades de medidas, as Dados absolutos: são
convenções adotadas; aqueles que foram
coletados e passaram
• Sempre devemos imaginar o usuário como sendo leigo no assunto apresentado, buscando
apenas por um pro-
facilitar, ao máximo, o entendimento do produto final. cesso de contagem ou
Conforme Crespo (2002) e Levin (1987), nem todos os elementos do espaço podem ser ma- medida, não receberam
peados; sendo assim, são representados por gráficos ou diagramas. nenhum tratamento.
Nas palavras de Spinelli (1990) e Levin (1987), gráfico é uma forma ilustrada de representar Dados relativos: são
aqueles que passaram
dados, com o objetivo de permitir uma visualização imediata da distribuição dos valores ob-
por algum tipo de
servados. Por isso, os meios de comunicação, com frequência, oferecem a informação estatística tratamento, como, por
por meio de gráficos. exemplo, porcenta-
Na geografia os gráficos são muito utilizados para representar valores absolutos ou relativos gens, taxas, etc.
e, através deles, estabelecer comparações das partes com o todo ou a evolução de um ou mais
fatos. Eles devem ter simplicidade, clareza e veracidade.
No início do estudo de gráfico, teremos que ressaltar alguns conceitos importantes da esta-
tística.
É a série cujos dados estão em correspondência com o tempo, ou seja, variam com o tempo.
Exemplo: Elemento variável: tempo (fator cronológico); Elemento fixo: local (fator geográfico) e
fenômeno (espécie) (tabela 2).
Tabela 2
Série temporal, cronológica ou histórica
55
UAB/Unimontes - 3º Período
É a série cujos dados estão em correspondência com a região geográfica, ou seja, o elemen-
to variável é o fator geográfico (a região). Exemplo: Elemento variável: localidade (fator geográfi-
co); Elemento fixo: tempo e o fenômeno (espécie) (tabela 3).
Tabela 3
Série geográfica ou de localização
É a série cujos dados estão em correspondência com a espécie, ou seja, variam com o fenô-
meno. Exemplo: Elemento variável: fenômeno (espécie); Elemento fixo: tempo e local (tabela 4).
Tabela 4
Série específica ou categórica
É um tipo mais abrangente que as anteriores, pois faz a conjugação de duas ou mais séries
estatísticas em apenas um único demonstrativo de dados. Na tabela abaixo, temos a conjugação
de uma série geográfica- série histórica, que gerara a série geográfico-histórica ou geográfico-
temporal (tabela5).
56
Geografia - Cartografia Temática
Tabela 5
Séries conjugadas, compostas, mistas ou tabela de dupla entrada
Segundo Levin (1987), os elementos de identificação de um gráfico são: título, datas dos da-
dos, a fonte, a legenda, a escala, etc. São de grande importância, sem eles ou alguns deles, o grá-
fico pode se tornar inútil.
Para Le Sann (1991), Martinelli (1998) e Crespo (2002), os gráficos mais usuais são: Gráficos
em Barras, Gráficos em Colunas, Gráficos em Barras ou em Colunas compostas, Gráficos em Bar-
ras ou em Colunas 100%, Gráfico Linear (ou gráfico de linhas ou curvas), Gráfico de Setor, Histo-
grama (gráfico de pirâmide), Diagramas Pictóricos, Diagrama Triangular, Gráfico Polar, etc.
O quadro 2 procura ordenar aqueles mais comumente usados no ensino de Geografia, com
o objetivo de facilitar o entendimento das características de cada um dos diagramas.
Quadro 2
Os gráficos simples: características e construções
57
UAB/Unimontes - 3º Período
De acordo com Martinelli (1998) e Le Sann (1991), o gráfico em barra e em colunas, recebe
esse nome porque os dados das variáveis em estudo são representados por barras (horizontais) ou
colunas (verticais). É um gráfico simples, bastante utilizado para representar variáveis contínuas ou
descontínuas com dados absolutos ou relativos. Os dados de informação são representados pelos
componentes da barra ou coluna. Veja os exemplos a seguir (tabelas 6 e 7 e figuras 55 e 56).
Gráfico em barras
Tabela 6
População mundial - 1997
58
Geografia - Cartografia Temática
Gráfico em colunas
Tabela 7
Focos de incêndio no Brasil - 1991-1995
Conforme Le Sann (1991), Martinelli (1998) e Crespo (2002), esse gráfico é geralmente em-
pregado para representar, simultaneamente, dois ou mais fenômenos, com o propósito de com-
paração (tabela 8 e figura 57).
Tabela 8
Balança comercial do Brasil - 1989-93
59
UAB/Unimontes - 3º Período
Para Le Sann (1991) e Martinelli (1998), esse gráfico é simples, onde os valores absolutos são
transformados em valores relativos (%). Diferente do gráfico anterior, o gráfico de barra ou colu-
na 100% requer uma legenda para identificar cada porção do gráfico ou podem-se colocar no
próprio gráfico os dados (tabela 9 e figura 58).
Tabela 9
Produção de Sardinha em Lata. Empresa Cerca Pescado. Itajaí. 2001 a 2004.
Figura 58: Produção ► Produção de Sardinha em Lata. Empresa Cerca Pescado. Itajaí.
de Sardinha em 2001 a 2004.
Lata. Empresa Cerca
Pescado. Itajaí. 2001 a
2004.
Fonte: Disponível em
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt-BR&q=C
8,8% 20,6% 29,4% 41,2%
onstruindo+Gr%C3%A1fi
cos+Estat%C3%ADsticos
+Manualmente&meta=>.
Acesso em 10/07/2009 2001 2002 2003 2004
Anos
60
Geografia - Cartografia Temática
Gráfico de linhas
Martinelli (1998) e Crespo (2002) comentam que esse gráfico é simples e utiliza uma linha
para representar dados tanto absolutos quanto relativos, particularmente indicado para variáveis
contínuas (temporais ou cronológicas), como temperaturas, anos e altitudes. Caso queiramos fa-
zer esse gráfico manualmente, na sua construção utilizam-se duas retas concorrentes, que são os
eixos das coordenadas, sendo que o eixo horizontal é denominado eixo das abscissas (ou eixo
dos x), onde são marcadas as variáveis, por exemplo: os tempos (anos, dias, meses, etc.) e o eixo
vertical, eixo das ordenadas (ou eixos dos y), onde são marcadas as variáveis dos objetos (tabela
10 e figura 59).
Tabela 10
Consumo de energia elétrica de uma residência - Jan/Jun - 97
Outro exemplo de gráfico simples e muito utilizado é o gráfico de setor ou circular. Os va-
lores utilizados nesses gráficos são relativos(percentuais), conseguidos através de uma regra de
três simples.
Total → 100%
Parcela → X% X%= parcela x 100
total
61
UAB/Unimontes - 3º Período
Ele é construído com base em um círculo de raio qualquer, que fica dividido em tantos seto-
res quantas as variáveis em estudo. Os setores tais como suas áreas são proporcionais aos dados
da série, e são medidos com a ajuda de um transferidor, quando elaborados manualmente.
Após termos encontrado os valores do X%, vamos encontrar o ângulo do setor em graus.
360° →100%
ângulo do setor° → X%
ângulo do setor° = 360° x X%
100%
Tabela 11
A internet no Brasil – 1997
A internet no Brasil
A internet 1997– 1997
no Brasil
Figura 60: A internet ►
no Brasil - 1997
Fonte: (SILVA, N. P, p. 54,
1998). 7%
18% 5%
Minas Gerais
7% Paraná
Rio Grande do Sul
15% Rio de Janeiro
São Paulo
Outros Estados
48%
Histograma
Le Sann (1991) diz que o histograma é gráfico simples, usado para representar duas variá-
veis quantitativas. No histograma, a área é formada por colunas justapostas de maneira contínua,
na qual cada classe é uma coluna. Vejamos o exemplo a seguir, no eixo x vão as classes de fre-
quência “xi”, e no eixo y, a frequência “fi”. (tabela 12 e figura 61).
62
Geografia - Cartografia Temática
Tabela 12
Distribuição de pontos obtidos pelos alunos do curso de matemática na prova final. Escola E. 2001
xi(pontos) fi(alunos)
30 l— 40 8
40 l— 50 15
50 l— 60 17
60 l— 70 22
70 l— 80 28
80 l— 90 7
90 l— 100 3
Total 100
Fonte: Disponível em ttp://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Construindo+Gr%C3%A1ficos+Estat%C3%ADstic
os+Manualmente+FURB+%E2%80%93+Universidade+Regional+de+Blumenau&btnG=Pesquisar&meta=. Acesso em
10/07/2009
63
UAB/Unimontes - 3º Período
Diagrama pictórico
Para Crespo (2002) e Le Sann (1991), esses diagramas são construídos a partir de figuras
representativas da intensidade do fenômeno. Esse tipo de gráfico tem a vantagem de despertar
a atenção do público leigo, pois sua forma é atraente e sugestiva. Os símbolos devem ser auto-
-explicativos. A desvantagem dos pictogramas é que apenas mostram uma visão geral do fenô-
meno, e não detalhes minuciosos. É muito usado em publicidade, induzindo o leitor à curiosida-
de da observação(figura 63).
Gráfico triangular
Para Le Sann (1991) e Martinelli (1998), o gráfico triangular é um dos exemplos de gráfico
composto, é usado somente para três variáveis, necessitando que as mesmas sejam complemen-
tares, ou seja, que façam parte do mesmo conjunto. Em outras palavras, a soma das três deve
totalizar 100%, é um gráfico de dados relativos. O gráfico é formado por um triangulo equilátero.
Cada um dos lados recebe a graduação de 0 a 100%, de maneira que cada vértice tenha, ao mes-
mo tempo, o valor 0 de uma classe e o valor 100 da outra. A leitura é feita pelo encontro das três
linhas num ponto dentro do triângulo (figura 64).
64
Geografia - Cartografia Temática
Diagrama ombrotérmico
Tabela 13
Clima equatorial – Manaus
65
UAB/Unimontes - 3º Período
Gráfico Polar
Para Crespo (2002) e Le Sann (1991),os gráficos polares são construídos sobre uma circun-
ferência, dividida em um determinado número de partes iguais, dependendo do número de va-
lores a serem representados. Para representar, por exemplo, a variação de um determinado fenô-
meno, temperatura média mensal, nos doze meses do ano, divide-se a circunferência em doze
partes iguais, que figurarão como as doze direções radicais. Em seguida adota-se a média dos
valores observados como o valor do raio do círculo (tabela 14 e figura 66).
Os gráficos polares podem ser usados também para o registro de precipitação pluviométri-
ca ao longo do ano, arrecadação de imposto mês a mês, importações e exportações de um país
mês a mês, etc.
Tabela 14
Precipitação Pluviométrica - Florianópolis – 1993
Meses Milímetros
Janeiro 165,7
Fevereiro 106,6
Março 71,6
Abril 34,7
Maio 184,9
Junho 102,7
Julho 198,3
Agosto 36,8
Setembro 72,2
Outubro 147,8
Novembro 175,1
Dezembro 198,3
Fonte: (CRESPO, 2002, p. 53)
66
Geografia - Cartografia Temática
106,6
Nov
175,1 100 Mar
50 71,6
Out
147,8 0 34,7 Abr
72,2 36,8
Ago Jun
198,3
Jul
Referências
CÂMARA, G.; CASANOVA, M. A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.; MAGALHÃES, G. Anatomia de
Sistemas de Informação Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, 1996.
LEITE, Marcos Esdras, BRITO, Jorge Luiz Silva, LEITE, Manoel Reinaldo. SIG aplicado ao estudo
comparativo de favelas: O Caso de uma Cidade Média. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de
Geografia, v.1, n.2, p. 20-34, jul. 2009.
LE SANN, J.G. Os Gráficos Básicos no Ensino de Geografia: Tipos, Construção, Análise, Interpreta-
ção e Crítica. Revista Geografia e Ensino. Belo Horizonte, 11/12(3): 42-57, 1991.
MARTINELLI, M.. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1998.
v.1. 120p.
67
Geografia - Cartografia Temática
Resumo
• A Cartografia temática é de fundamental importância para a geografia, tendo em vista que,
com os mapas temáticos, a geografia se torna mais precisa nos seus estudos e, sem esses
produtos, a análise do espaço certamente seria mais difícil, o que causaria um desinteresse
pela ciência geográfica. Com essa importância dos mapas na geografia, a cartografia temáti-
ca usa métodos para facilitar a interpretação dos mapas, isto é, a comunicação cartográfica.
Como são os geógrafos os usuários do mapa a comunicação entre o cartógrafo e o geógrafo
é de suma importância para que o mapa atenda a seu objetivo.
• Existem mapas que utilizam símbolos que não são pré-estabelecidos, ou seja, o cartógrafo
utiliza o símbolo que considera ser mais adequado àquele mapa em estudo, mapas temáti-
cos. Já nos mapas topográficos (cartas topográficas), utilizamos símbolos convencionais, ou
seja, já estabelecidos, como, por exemplo, a altitude que é representada por curvas de nível.
• A linguagem gráfica é formada por variáveis da retina: tamanho, cor, valor, granulação,
orientação e forma.
• A semiologia gráfica é uma teoria que é baseada nas propriedades da percepção visual. As-
sim, o mapa gerado é uma imagem lógica, pois não se fundamenta em convenções, sim na
percepção do ser humano em relação ao significado natural de cores, tamanhos, tonalida-
des e formas diferentes.
• O processo de construção de um mapa pode ser resumido nas seguintes etapas: escolha do
tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala, análise da informação e a tra-
dução.
• O modo de implantação num mapa ou gráfico pode ser pontual, linear ou zonal. O pontual
diz respeito àqueles elementos que a representação simbólica pode ser reduzida à forma
de um ponto. O linear, se for uma estrada, por exemplo, ser forem categorias de uso do solo,
zonal ou areal.
• O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com a ajuda de símbolos qualitativos, orde-
nados ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência, geralmente extraídos das
cartas topográficas, as informações referentes a um determinado tema ou fenômeno que
está presente no território mapeado.
• A elaboração do mapa temático está pautada em uma necessidade existente, logo o mapa é
um subsídio para a busca pela solução de tal problema. Para essa elaboração o autor neces-
sitará de dois elementos essenciais, são eles: os dados e o mapa base. Os dados são respon-
sáveis por definir o tema do mapa, ou seja, se os dados são sobre o gênero da população,
portanto, o mapa temático será exatamente sobre esse tema. A base cartográfica ou mapa
-base consiste na representação do território, em que os dados serão especializados. Caso
seja um mapa da distribuição da população brasileira, a base será o mapa do Brasil. A base
cartográfica é o pano de fundo na construção do mapa temático, pois esta agrupa os dados
em limites (polígonos) constituindo assim o mapa temático.
• As cartas topográficas, também chamadas cartas-base, são denominadas documentos de
informações oficiais e, para isso, elas são elaboradas em sistemas organizados que permitem
a cobertura completa do território nacional em folhas isoladas, mas articuladas entre si.
• Na representação dos elementos componentes da planimetria e da altimetria, as cartas to-
pográficas adotam símbolos convencionais apropriados a suas escalas.
• Os principais componentes de um mapa são a planimetria e altimetria.
• O perfil topográfico é uma representação gráfica de um corte vertical do terreno, segundo
uma direção previamente escolhida.
• Geotecnologia é o termo mais abrangente para se referir às tecnologias da informação, pois
se refere a toda tecnologia ligada à coleta, armazenamento, tratamento, análise e apresen-
tação de informações geográficas; são denominadas de geotecnologias. Incluindo, assim, a
Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto, Sistema de Posicionamento Global - GPS, Siste-
ma de Informações Geográficas – SIG.
• A cartografia temática, como podemos perceber, trata do domínio dos mapas temáticos em
geral e, para isso, usa as normas estabelecidas em convenções internacionais. Mas há um
tipo de cartografia que tem sido amplamente difundida, que trata da representação carto-
gráfica de espaços, com a finalidade de auxiliar a atividade do turismo.
69
UAB/Unimontes - 3º Período
• Os gráficos são muito úteis ao estudo da geografia porque servem para a complementação
de análises regionais. Servem para estabelecer comparações das partes com o todo ou da
evolução de um fato.
• Na geografia os gráficos são muito utilizados para representar valores absolutos ou relativos
e,através deles, estabelecer comparações das partes com o todo ou a evolução de um ou
mais fatos. Eles devem ter simplicidade, clareza e veracidade.
• Os gráficos mais usuais são: Gráficos em Barras, Gráficos em Colunas, Gráficos em Barras ou
em Colunas compostas, Gráficos em Barras ou em Colunas 100%, Gráfico Linear (ou gráfico
de linhas ou curvas), Gráfico de Setor, Histograma (gráfico de pirâmide), Diagramas Pictóri-
cos, Diagrama Triangular, Gráfico Polar, etc.
70
Geografia - Cartografia Temática
Referências
Básicas
ARCHELA, R. S., FRESCA, T. M., SALVI, R. F. (org.) Novas Tecnologias. Londrina: UEL, 2001.
Complementares
CÂMARA, G.; CASANOVA, M.A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.; MAGALHÃES, G. Anatomia de
Sistemas de Informação Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, 1996.
LEITE, Marcos Esdras, BRITO, Jorge Luiz Silva, LEITE, Manoel Reinaldo. SIG aplicado ao estudo
comparativo de favelas: O Caso de uma Cidade Média. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de
Geografia, v. 1, n. 2, p. 20-34, jul. 2009.
LE SANN, J.G. Os Gráficos Básicos no Ensino de Geografia: Tipos, Construção, Análise, Inter-
pretação e Crítica. Revista Geografia e Ensino, Belo Horizonte, 11/12(3): 42-57, 1991.
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UAB/Unimontes - 3º Período
Suplementares
NAZARETH, Helenalda Rezende. Curso Básico de Estatística. São Paulo: Ática. 1997.
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Geografia - Cartografia Temática
Atividades de
Aprendizagem- AA
1) Sobre a cartografia,
a) É uma disciplina ligada à ciência cartográfica e auxilia a geografia.
b) É uma ciência isolada, que não se associa a outras ciências.
c) Foi desenvolvida depois do desenvolvimento computacional.
d) Trabalha exclusivamente com mapas analógicos.
4) Observe a figura.
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UAB/Unimontes - 3º Período
( ) o componente é constituído de uma série de dados que expressam, por exemplo, o número
de alunos por série, o número de dias de chuva por mês, etc.
( ) é subdividido entre o associativo (que associa) e o seletivo(que diferencia).
( ) todo componente que expressa uma sequência, como, por exemplo, dias da semana, meses
do ano, hierarquias militares.
( ) Climatologia
( ) Representa proporções com dados relativos
( ) Pedologia; Setores de atividades da população
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