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All content following this page was uploaded by João Henrique Zoehler Lemos on 04 December 2020.
Dinâmicas espaciais
Olhares sobre o agrário,
o urbano e o cultural
2a edição – E-book
OI OS
EDITORA
São Leopoldo
2020
© Dos organizadores – 2020
Editoração: Oikos
Capa: Juliana Nascimento
Revisão: Rui Bender
Diagramação e arte-final: Jair de Oliveira Carlos
Introdução
O oeste do estado de Santa Catarina, aqui delimitado mais objetiva-
mente pela atual divisão regional do Brasil, envolvendo a Região Geográfica
Intermediária (RGINT) de Chapecó (IBGE, 2017), possui diversas especifici-
dades em sua constituição. Entre os elementos mais expressivos está a presença
de uma série de municípios que se caracterizam por uma complexa confluência
de características urbanas e rurais (CORRÊA, 2011). Para a compreensão a respei-
to desse contexto regional, os apontamentos de Fresca (2010) a respeito das
“cidades pequenas” e “centros locais” também se tornam relevantes.
Conforme os dados do IBGE (2019), esses centros possuem uma esti-
mativa populacional para 2019 que varia entre mais de 1.200 habitantes e pou-
cos menos de 10 mil. Entre os 109 municípios, 83 deles possuem a sua popula-
ção entre os estratos mencionados. Nesse cenário, a cidade de Chapecó – en-
tendida como sendo uma cidade média (MATIELLO et al., 2016) – é o maior
centro urbano da região, com população estimada em 220.367 habitantes. Esse
arranjo territorial na região em questão deve-se, entre outras questões, às ca-
racterísticas de sua peculiar formação socioespacial (SANTOS, 2012), que pro-
duziu uma complexa rede de centros urbanos variavelmente articulados, con-
dição imaterial produzida pelo produto material (as cidades propriamente di-
tas) de sua própria existência (CORRÊA, 2015).
Diante do exposto, o presente trabalho discutirá as relações entre as
cidades pequenas e centros locais e as suas centralidades, tomando como di-
mensão de análise as operações do transporte rodoviário de passageiros (TRP).
Têm-se como plano empírico de reflexão as cidades de Maravilha e de São
Miguel do Oeste, caracterizadas como cidades que possuem complexidades
mais significativas em seus espaços, constituindo áreas de influência nos seus
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Este capítulo resulta de estudos e reflexões feitas no âmbito da pesquisa de mestrado do autor
no Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGeo) da Universidade Federal da Frontei-
ra Sul (UFFS), de caráter multicampi, envolvendo os campi Erechim e Chapecó. Ela é desenvol-
vida sob orientação do Prof. Dr. Igor Catalão (UFFS/Chapecó), ambos vinculados ao Núcleo
de estudos e pesquisas sobre Região, Urbanização e Desenvolvimento (NERUD).
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Consideramos a rede de rodovias localizadas na RGINT de Chapecó como ainda sendo de
uma articulação relativa, como por exemplo pela ausência de acesso pavimentado a algumas
cidades. Isso implica, em certa medida, a circulação de maneira geral nessa região. Sobre esse
debate, realizamos algumas reflexões em Lemos e Catalão (2019).
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Hoje extinto, conforme Lei estadual complementar nº 741, de 12 de junho de 2019.
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(RS) a Balsas (MA); Juína (MT) a Passo Fundo (RS); Ijuí (RS) a Canarana
(MT) e outras. Sobre as operações com menores dimensões há um complexo e
denso conjunto de linhas regulares que ligam São Miguel do Oeste aos diver-
sos centros urbanos de relevância regional no sul do Brasil.
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Fonte: Organizado pelo autor a partir de ANTT (2018; 2019). (1) Cidades médias confor-
me o estudo de Castello Branco (2006). (2) Período de jan. a set. de 2018.
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Considerações finais
O transporte rodoviário de passageiros torna-se uma possibilidade para
a elucidação das dinâmicas de mobilidade da população em escalas local e
regional, como é o caso do presente estudo. A articulação de São Miguel do
Oeste a partir do transporte rodoviário interestadual de passageiros torna-se
relevante ao se considerar o acesso a outras cidades a partir de suas operações.
As centralidades produzidas pelas atividades econômicas de Maravilha per-
mitem, num primeiro momento, compreender o TRP como expressão dessas.
A abrangência do modal em cidades menores, limítrofes à cidade analisada,
possivelmente é repercussão da oferta de emprego e serviços na cidade-polo
dessa Região Imediata.
Também é possível apreender a produção de uma articulação entre os
modais de transporte coletivo analisados, considerando a possibilidade de co-
nexão entre as escalas de operação, fazendo uso dos terminais rodoviários das
cidades como fixo essencial à atividade. Ressaltamos a relevância dos traba-
lhos de campo, sobretudo para apreender a dinâmica do uso dos terminais
rodoviários, dado que são fixos que favorecem a elucidação da atividade à
qual são especialmente produzidos, compreensão já apontada por Santos
(2014b) ao mencionar que a interpretação geográfica dos fixos permite o en-
tendimento dos fluxos produzidos por esses.
A circulação de pessoas no território é um elemento essencial, sobretu-
do ao se considerarem os meios coletivos para a realização desses desloca-
mentos. Como Santos (2019, p. 136) menciona, trata-se de uma “atividade
econômica [que] é parte da divisão territorial do trabalho”, realizando a inte-
gração de “regiões variadas dentro de uma rede urbana nacional, perpassa[ndo]
por caminhos distintos na rede rodoviária e interliga centralidades diversas”,
o que conforma uma complexa e bastante específica rede de interações entre
diferentes locais.
Por fim, o intuito principal deste estudo é contribuir para abordagens
alternativas acerca das temáticas urbano-regionais na RGINT de Chapecó.
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