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39. | O Modelo dle Bohr do tomo de Hidogénio (EEE cio da década de 1900, os cientistas sabiam que a matéria era composta de pequenas entidades chamadas dtomos; sabiam também que um étomo de hidroge- nio possufa uma carga positiva +e no centro e uma carga negativa ~e fora do centro. Entretanto, ninguém era capaz de explicar por que a atragao elétrica entre o elétron © a carga positiva ndo fazia com que as particulas colidissem umas com as outras. ‘Uma coisa que os cientistas sabiam era que um étomo de hidrogénio nao emite € absorve todos os comprimentos de onda da luz visivel. Na verdade, o dtomo de hidrogénio emite ¢ absorve apenas quatro comprimentos de onda na faixa da luz visivel. Depois de vérias tentativas, Johann Balmer chegou a uma expresso mate~ matica que permitia calcular esses comprimentos de onda: (39-23) onde R é uma constante, Entretanto, nem Balmer nem nenhum outro cientista era capaz de explicar por que as emissdes e absoredes de um dtomo de hidrogénio se limitavam aos quatro comprimentos de onda dados por essa expresso. Por que um atomo de hidrogénio ng emitia e absorvia luz com qualquer comprimento de onda? A explicagdo comegou a ser formulada em 1913, quando Bohr tomou conheci- mento da equagdo de Balmer e percebeu que seria capaz de demonstré-la a partir de algumas hipoteses ousadas (ou seja, totalmente gratuitas, tendo em vista 0 que se conhecia na época): (1) 0 elétron de um dtomo de hidrogénio gira em torno do niicleo em uma drbita circular, do mesmo modo como os planetas giram em torno do Sol (Fig. 39-16a). (2) O médulo do momento angular L’ do elétron pode assumir apenas os valores mh, paran=1,2,3,..., (39-24) onde h (h cortado) € igual a h/2cre n é um nimero quantico. Vamos ver quais sio as conseqiiéncias das duas hipsteses de Bohr. © Raio Orbital E Quantizado no Modelo de Bohr Vamos examinar 0 movimento orbital do elétron no modelo de Bohr. A forga que mantém o elétron em uma Srbita de raio r € a forga eletrostitica. De acordo com a Eq, 21-1, 0 médulo dessa forga é dado por lal P= onde k = 14mey, 91 = —e & a carga do elétron e gy = +e 6 a carga do micleo (pro- ton). accleracio do elétron € a aceleracdo centripeta, cujo médulo é a = vir,onde v €a velocidade do elétron, Tanto a forga F como a aceleragao @ apontam na dire 40 do niicleo, ou seja, no sentido negativo de um eixo radial (Fig. 39-16). Assim, de acordo com a segunda lei de Newton (F = ma), temos, a0 longo de um eixo radial, (39-25) onde m & a massa do elétron, ‘Vamos agora introduzir @ quantizacio usando a hip6tese de Bohr expressa pela Eq, 39-24. De acordo com a Eq. 11-19, 0 médulo € do momento angular de uma particula de massa me velocidade v que se move em uma circunferéncia de raio ré dado por € = rmy sen ¢. No caso que estamos estuddando, (0 Angulo entre F eV) é 90°, Substituindo Z.na Eq.39-24 por rmy sen 90°, obtemos my = ni nh ou ve (39-26) rm Ne Orbits circular ‘Bléwon & wo FIG. 39-16 (a) Orbita circular de um létron no modelo de Bohr do étomo de hidrogénio.(b) A forea eletrosta- tica F a que oelétron esta submetido aponta na diregao do nticleo, Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéria Substituindo essa equagdo na Eq. 39-25, substituindo h por h/2ar © explicitando r. temos r= Be para n = 1,2,3 (99.27) AE g. 39-27 pode ser eserita na forma a, paran =1,23,0005 (39-28) onde a = 5291772 x 10“ m = 52,92 pm. (39-29) ame De acordo com as tiltimas trés equagies, no modelo de Bohr do dtomo de hidrogénio © raio orbital r do elétron é quantizado e 0 menor raio possivel (correspondente a n= 1) 6a, hoje conhecido como raio de Bohr. Segundo o modelo de Bohr, elétron nao pode se aproximar do miicleo a uma distancia menor que o raio orbital a,e é por isso que 0 elétron nao colide com o nticleo. A Energia Orbital E Quantizada ‘Vamos agora calcular a energia do étomo de hidrogénio no modelo de Bohr. O elé: tron possui uma energia cinética K = mv, ¢ 0 sistema elétron-niicleo tem uma energia potencial elétrica U = quqzi4me9r (Eq. 24-43), onde q; € a carga ~e do elé- tron € q; €a carga +e do préton, Assim, a energia total & E=K+U net (- Explicitando my" na Bq, 39-25 e substituindo 0 resultado na Eq, 39-30, obtemos: i (3931) BO ay 7 Substituindo r por seu valor, dado pela Eq. 39-27, obtemos: ie paran = "epee eM onde o simbolo E foi substitufdo por E, para indicar que a energia depende do valor de n, Substituindo os valores das constantes na Eq, 30-32, obtemos: 2180 x 10-8} __13,61eV By = I = SN para n= 1,2,3,... (39-33) n # De acordo com a Eq, 39-33, a energia E, do étomo de hidrogénio ¢ quantizada, ou seja, pode assumir apenas certos valores discretos, ja que depende do niimero quan: tico n. Como estamos supondo que o nticleo se mantém fixo e apenas o elétron se move, podemos associar os valores de energia dados pela Eq, 39-33 ao étomo como uum todo ou apenas ao elétron. Mudangas de Energia Quando um étomo de hidrogénio emite ou absorve luz sua energia muda, Como vi mos na Segao 39-3, a emissio ou absorgdo de luz s6 € possivel se f= AE onde fé a frequéncia da luz @ Ex. © Ensen $40 das energias permitidas. Ban ~ Evsisas (39-34) SS 39-9 | A Equacio de Schrédinger © o Atomo de Hidrogénio ‘Vamos fazer trés modificagdes na Eq, 39-34, No lado esquerdo substituimos f por c/A, No lado direito usamos a Eq, 39-32 duas vezes para substituir as energias Por seus valores em termos do niimero quintico 11. Colocando as constantes em evi- déncia, obtemos met 1 aie Ga oe A Eq, (39-35) pode ser escrita na forma 1 L 1 rN a) a onde met 373 mo (39-3; Reaite |, 097 373 X 107m (39-37) AEq, 39-36 do modelo de Bohr pode ser comparada diretamente com a Eq. 39- 23 proposta por Balmer: Fazendo ris) = 21 Eq. 39-36 e limitando os valores de Nhs 23,4,5 € 6, obtemos a equacio de Balmer. Esse resultado foi considerado um triunfo para o modelo de Bohr e estimulou os fisicos a tratar os atomos como sistemas quan- tizados, O sucesso do modelo de Bohr, porém, teve vida curta, Embora 0 modelo per- mita prever corretamente os comprimentos ce onda de luz emitidos e absorvidos pelo tomo de hidrogénio, nfo esti correto, jé que o elétron ndo gira em torno do nicleo do mesmo modo como os planetas giram em torno do Sol. Na verdade, os cientistas nio tiveram sucesso quando tentaram aplicar o modelo de Bohr a étamos mais com- plexos que 0 dtomo de hidrogénio. A razo para isso € que um elétron de qualquer tomo é uma onda de matéria confinada em um pogo de potencial,e para determinar os niveis de energia corretos do clétron € preciso utilizar a equago de Schrodinger. : J bojeconhesida como constante de Rydberg 39-9 A Equagdo de Schrédinger eo Atomo de Hidrogénio © poco de potencial de um dtomo de hidrogenio esta associado a uma energia poten tial eletrostatica U(r) que corresponde ao segundo termo do lado direito da Eq, 39-30: -é Aner ue (39-38) Como este pogo é tridimensional, é mais complexo que os pogos unidimensionais ¢ bidimensionais discutidos até agora. Como ¢ finito, € mais complexo que 0 pogo tridimensional da Fig, 39-14, Além disso, nfo tem limites claramente definidos; a es- pessura de suas paredes varia com a distancia radial r. A Fig. 39-17 é possivelmente __ omelhor que podemos fazer para representar graficamente 0 pogo de potencial do tomo de hidrogénio, mas mesmo esse desenho ¢ dificil de interpretar. i vey ) 600 400-200) 200 ano 00 (een) (pm) FIG.39-17 Energia potencial U/de ‘um tomo de hidrogénio em fun- fo da distancia rentre o elétrone © proton. O grafico é reproduzido dduas vezes (@ esquerda ea dircita da crigem) para dar idéia da armaditha, tridimensional com simetria esférica nna qual o elétron est4 confinado. 7 sianaiecebontb nn aneetahaneinat tana acai ania

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