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Unidade III

PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E
TEORIAS DA APRENDIZAGEM

Profa. Heloisa Garcia


Conteúdo programático

Unidade 1
1. Modelos pedagógicos e epistemológicos
em educação
2. Abordagem tradicional
3 Abordagem comportamental
3.
Unidade 2
1. Abordagem humanista
2. Abordagem psicanalítica
Unidade 3
1. Abordagem construtivista
2. Abordagem das inteligências múltiplas
3. Abordagem da inteligência emocional
Modelos pedagógicos em educação

Pedagogias:
 Diretiva, não diretiva e relacional.
2. Pedagogia relacional: A  P.
 Epistemologia – Interacionismo: S  O.
 Teorias psicológicas.
 Abordagem construtivista.
 Abordagem das inteligências múltiplas.
 Abordagem da inteligência emocional.
Abordagem construtivista

 Interacionismo.
 Pedagogia relacional: A ↔ P.
 Desenvolvimento ↔ Aprendizagem.
 Visão sistêmica do conhecimento = todo,
mais do que a soma das partes.
partes
Construtivismo: Piaget

 Neuchâtel (Suíça), 1896-1980


 Epistemologia genética
Desenvolvimento/Conhecimento:
 Maturação.
 Experiência.
 Interações sociais.
 Equilibração.
Eixos centrais

 Educação como espaço de construção


da autonomia intelectual e moral.
 Relação professor-aluno: atividade e
cooperação.
Funções da inteligência:
 Adaptação.
 Organização.
 Conservação.
 Transformação.
ç
Para refletir...

 Como Piaget influenciou o modo de


vermos os bebês e as crianças?
 A criança como “pai” do adulto.
 A importância da exploração lúdica.
 Inteligência anterior à linguagem
linguagem.
Princípios

 Interdependência entre inteligência,


afetividade e moralidade.
 Desenvolvimento da razão (pensamento
lógico) e da moralidade (cooperação
social) – andam juntas.
Três dimensões do desenvolvimento:
 Diacrônica.
 Sincrônica.
 Axiológica.
Desenvolvimento da inteligência

 Estádio sensório-motor.
 Estádio pré-operatório.
 Estádio operatório concreto.
 Estádio operatório formal.
Universais.
Interdependentes.
Sem idades fixas, servem apenas
como referência.
Desenvolvimento moral

Anomia: bebê
 Hábitos e regularidades.
Heteronomia: criança até +/- 7 anos
 Respeito unilateral.
 Relações de coação e submissão.
 Responsabilidade objetiva.
Autonomia: a partir de 8 anos
 Respeito mútuo.
 Relações
R l õ de d cooperação.
ã
 Responsabilidade subjetiva.
Moralidade e a escola

O desenvolvimento moral depende da:


 Interação com outras pessoas.
 Família e escola.
Deve basear-se em:
 Reflexão sobre a ação.
 Reciprocidade/solidariedade.
 Self-government (autogoverno).
Interatividade

Duas crianças começam a brigar porque


querem sentar na mesma carteira. Ambas
acham que têm razão e chamam a
professora para resolver a situação.
Considerando o desenvolvimento moral
numa perspectiva piagetiana,
piagetiana o que a
professora deve fazer?
a) Resolver ela mesma a questão.
b) Fazer um sorteio.
c) Mudar as alunas de lugar.
d) Buscar uma solução junto com elas.
e) Perguntar a outro aluno quem delas
tem razão.
Trabalho em grupo

 Grupo como estímulo e órgão de controle.


 Desenvolvimento da lógica, da coerência e
da argumentação: conflito sociocognitivo.
 Diálogo ↔ Reflexão.
 Egocentrismo → Descentração.
→ Descentração
 Cooperação → Autonomia intelectual e
moral + Criatividade.
Métodos ativos

 Contrário ao “espontaneísmo”.
 Foco: ação sobre os objetos e reflexão
(construção do pensamento científico).
 Aluno ativo e participativo → avaliação
formativa.
 Professor ativo e comprometido: método
mais trabalhoso e difícil do que os
métodos receptivos (tradicionais).
 Olhar para o processo e o produto.
Críticas à educação tradicional

Abordagem tradicional:
“Preocupa-se em povoar a memória e
treinar o aluno na ginástica intelectual.”
(PIAGET, 1998, p. 138).
 Acentua a heteronomia.
 Valoriza o conhecimento abstrato e
teórico sem integração com o
conhecimento prático, com a ação
da criança.
 Alfabetização: a proposta de Emília
Ferreiro e Ana Teberosky.
O valor dos “erros”

 São os desequilíbrios que movem


a inteligência.
 Importância dos conflitos cognitivos e
sociocognitivos.
Os erros com valor construtivo:
 Evidenciam o pensamento da criança.
 Fornecem uma oportunidade de
reflexão e problematização.
 Avaliação formativa.
Papel do professor

 Provocar desequilíbrios.
 Formular desafios para que os
alunos avancem.
Agir visando a dois planos
interdependentes:
 Cognição.
 Moralidade.
“Para onde vai a educação?”

 Defesa de uma educação democrática,


que favoreça a autonomia dos cidadãos.
 ONU: Declaração dos Direitos Humanos.
Quatro pontos:
1 Educação científica.
1. científica
2. Educação familiar e escolar.
3. Interdisciplinaridade.
4. Preparação do professor.
Nas palavras de Piaget:

“Em primeiro lugar, existe o problema


social da valorização ou revalorização do
corpo docente primário e secundário, a
cujos serviços não é atribuído o devido
valor pela opinião pública, donde o
desinteresse e a penúria que se
apoderaram dessas profissões e que
constituem um dos maiores perigos para o
progresso, e mesmo para a sobrevivência
de nossas civilizações doentes.”
(PIAGET 1998
(PIAGET, 1998, p.
p 25,
25 grifos do autor)
Continuando...

“A seguir, existe a formação intelectual e


moral do corpo docente, problema muito
difícil, pois quanto melhores são os
métodos preconizados para o ensino mais
penoso se torna o ofício do professor.”
(PIAGET, 1998, p. 25, grifos do autor)
Para refletir...

 Construtivismo x espontaneísmo.
 Incertezas e desequilíbrios x certezas e
rigidez.
 Abertura para o novo x reprodução do
conhecido.
 Sujeito ativo x sujeito passivo.
Que sociedade queremos?
Interatividade

Com relação ao professor, assinale a


alternativa que corresponde às ideias
de Piaget:
a) Deve provocar desequilíbrios apenas
nos alunos mais avançados.
b) Deve ser objetivo para evitar
desequilíbrios nos alunos.
c) Deve valorizar os erros, pois indicam o
pensamento da criança.
d) Deve ater
ater-se
se ao desenvolvimento
cognitivo.
e) Deve valorizar os erros, pois indicam as
limitações dos alunos.
Inteligências múltiplas

Howard Gardner (1943- ...)


 Psicólogo cognitivo norte-americano.
 Teoria das inteligências múltiplas:
liderou pesquisadores da Universidade
de Harvard (USA) na década de 1980.
Eixos centrais

 Educação como um percurso múltiplo e


individual.
 Relação professor-aluno: centrada no
espectro de cada aluno.
Críticas em que a TIM se baseia:
 Visão unidimensional e incompleta dos
testes de inteligência.
 Inteligências lógico-matemática e
linguística (testes): insuficientes para
muitas situações da vida
vida.
Princípios

 Gardner caracterizou oito tipos de


inteligência (+2, Goleman).
 Em geral, as inteligências funcionam de
modo combinado.
 Inteligência: não apenas a capacidade de
resolver problemas (testes de QI), mas
também a elaboração de produtos
relevantes para determinado ambiente
ou comunidade cultural.
 Crítica à superestimulação ou produção
de gênios precoces: deve-se tanto
identificar talentos quanto estimular os
pontos fracos dos alunos.
1. Inteligência verbal ou linguística

 Habilidade para lidar criativamente com


as palavras, tanto no contexto oral
quanto na escrita.
 Poetas, escritores, jornalistas,
publicitários, vendedores:
 Guimarães Rosa;
 Washington Olivetto.
2. Inteligência lógico-matemática

 Capacidade para solucionar problemas


envolvendo números e demais
elementos matemáticos; habilidades
para o raciocínio dedutivo.
 Matemáticos, físicos, engenheiros:
 Pitágoras;
 Stephen Hawking.
3. Inteligência cinestésica corporal

 Capacidade de usar o próprio corpo de


maneiras diferentes e hábeis
(autocontrole e destreza corporal).
 Atletas, educadores físicos,
malabaristas, mímicos:
 Pelé;
 Ana Botafogo.
4. Inteligência espacial

 Capacidade de formar um modelo mental


preciso de uma situação espacial e
utilizá-lo para orientar-se entre objetos
ou transportar as características de um
determinado espaço (noção de espaço
e direção)
direção).
 Arquitetos, navegadores, pilotos,
cirurgiões, engenheiros, escultores,
decoradores:
 Ivo Pitanguy;
 Amyr Klink.
5. Inteligência musical

 Capacidade de organizar sons de


maneira criativa, a partir da
discriminação de elementos como tons,
timbres e temas. Não depende de
aprendizado formal.
 Músicos, maestros, instrumentistas:
 Beethoven;
 Gilberto Gil.
6. Inteligência interpessoal

 Capacidade de se dar bem com as


pessoas, compreendendo-as,
percebendo suas motivações ou
inibições e sabendo como satisfazer
suas expectativas emocionais.
Habilidade de compreender e conviver
com os outros.
 Líderes de grupo, políticos, terapeutas,
animadores de espetáculos, professores:
 Gandhi;
 Mandela.
7. Inteligência intrapessoal

 Capacidade de relacionamento consigo


mesmo, autoconhecimento. Habilidade
de administrar seus sentimentos e
emoções a favor de seus projetos. É a
inteligência vinculada à autoestima.
 Indivíduos com equilíbrio emocional,
geralmente por isso são líderes,
escritores:
 Nelson Mandela;
 Clarice Lispector.
8. Inteligência pictográfica

 Habilidade que a pessoa tem de


transmitir, pelo desenho que faz, objetos
e situações reais ou mentais.
 Pintores, artistas plásticos, desenhistas,
ilustradores, chargistas:
 Leonardo Da Vinci;
 Maurício de Sousa.
9. Inteligência naturalista (Goleman)

 Capacidade de uma pessoa reconhecer-


se como um componente natural e
sistêmico do universo; interesse em
defender, estudar, pesquisar os
fenômenos do ambiente.
 Ecologistas, ambientalistas, naturalistas:
 Chico Mendes;
 Greenpeace.
10. Inteligência social (Goleman)

 As interações sociais moldam o cérebro


através da “neuroplasticidade”. São
indivíduos que percebem a importância
do impacto dos relacionamentos
agradáveis (ou tóxicos) no nosso
comportamento: capacidade de
influenciar os outros.
 Líderes políticos, religiosos e
empresariais:
 Tiradentes;
 Hitler.
Inteligências múltiplas e educação

 Objetivo: questionar uma visão única


sobre a inteligência.
Contra a “escola uniforme”:
 Currículo essencial, com poucas
disciplinas optativas.
 Instrumentos de ensino e de avaliação
semelhantes aos testes = lápis e papel.
Projeto Espectro

 Valorização da Educação Infantil.


 Diferentes ambientes, inspirados nos
diferentes tipos de inteligência.
 Explorações espontâneas.
 Formas diversificadas: individual,
individual com
colegas e junto a crianças mais velhas
ou adultos.
 Analisar o perfil de inteligência e os
estilos de trabalho das crianças
pequenas (construir seu espectro)
espectro).
Educação – IM

 Centrada no indivíduo.
 Utiliza rotas secundárias ou alternativas.
 Exemplo: construção de maquetes –
inteligência espacial – no ensino
da Matemática.
 Evita a “obstrução de rotas” (de
determinadas inteligências).
 Aprendizagem cooperativa e
significativa.
 Agentes escolares intercedem dentro da
escola e fora, visando a oportunidades
ocupacionais (ofícios) para os alunos.
Quatro fatores

 Avaliação: desenvolver instrumentos


capazes de avaliar a aprendizagem em
diferentes domínios.
 Currículo: rever os conteúdos e centrar
em habilidades e conhecimentos
verdadeiramente desejáveis hoje.
 Educação e desenvolvimento profissional
do professor: atrair para o magistério
“indivíduos fortes” e mantê-los
ensinando.
 Participação da comunidade: famílias,
mentores, instituições comerciais,
profissionais e culturais
(museus etc.).
Escola Lumiar (Brasil)

 2003, São Paulo.


 Educação Infantil e Ensino Fundamental.
 Currículo em mosaico.
 Personalização da aprendizagem.
 Tutores e mestres.
 Avaliação integrada.
 Roda: “assembleias semanais”.
Interatividade

Assinale a alternativa que corresponde à


inteligência intrapessoal:
a) Cristiano tem facilidade na leitura de
mapas e gráficos.
b) Viviam adora participar das campanhas
da escola e é representante de classe.
c) Ana cria músicas sobre os temas das
aulas e montou uma banda com as
colegas.
d) Felipe tem grande habilidade no
basquete e integra a equipe do clube.
e) Jéssica é muito sensível, adora escrever
poesias e quer ser escritora.
Inteligência emocional

Daniel Goleman (1946- ...)


 Psicólogo e escritor norte-americano.
 Integrou a equipe de Howard Gardner,
depois desenvolveu um trabalho próprio.
 Faz uma crítica à visão “cognitiva” da
emoção proposta por Gardner.
Goleman

“Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil.


Mas zangar-se com a pessoa certa, na
medida certa, na hora certa, pelo motivo
certo e da maneira certa – não é fácil.”
(Aristóteles, “Ética a Nicômano”)
 Crítica à supervalorização de
competências cognitivas pela sociedade.
“Os padrões emocionais aprendidos podem
ser mudados, porque temperamento
não é destino.”
(GOLEMAN, 1995, p. 229)
Emoção

 Instrumento evolutivo de sobrevivência.


 Movere (latim) = mover + prefixo “e” –
significa “afastar-se”.
 Relacionada a ações imediatas.
 Baseada em tendências biológicas
moldadas pela experiência e pela cultura.
O que é amígdala cerebral?

 O centro nervoso de nossa inteligência


emocional é a amígdala, localizada na
base do cérebro.
 Nela se processam as reações de
sobrevivência, armazenadas desde
épocas primitivas por uma espécie de
“memória emocional”.
 Um sujeito sem amígdala cerebral
(acidentes, tumores) é incapaz de
expressar emoção.
“Mente emocional”

1. Reações rápidas, simplificadas e


impulsivas aos estímulos.
2. Lógica associativa (símbolos evocam
emoções).
3. Pensamento categórico (extremos:
bom/mau).
4. Personaliza as situações
(autorreferente).
5. O presente é interpretado em função do
passado ((“gato
gato escaldado tem medo de
água fria”).
 Sofre influências culturais (brasileiro
como povo “alegre e afável”).
O que é inteligência emocional?

 É não ser dominado pela mente


emocional.
 É ser capaz de gerenciar emoções,
promover cooperação e um ambiente de
harmonia entre as pessoas com quem se
trabalha tomar decisões adequadas
trabalha, adequadas,
desenvolver o autoconhecimento (de si e
daqueles com quem se relaciona).
 Capacidade de ter empatia pessoal.
Inteligência emocional:
QI / Mente Racional + QE / Mente Emocional
As cinco habilidades

1. Autoconhecimento emocional.
2. Controle emocional.
3. Automotivação.
4. Reconhecimento de emoções em outras
p
pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos
interpessoais.
 Envolvem a dimensão intrapessoal e
interpessoal.
 Valorização
ç do trabalho em equipe
q p e do
estabelecimento de redes sociais.
Princípio da educação emocional

 Pais/professores são os preparadores


emocionais dos filhos/alunos.
 Ensinar a tomarem consciência sobre as
emoções no momento em que ocorrem.
 Aproveitar os estados de emoções dos
filhos/alunos para ensinar estratégias
para lidar com os altos e baixos da vida.
 Combater o “analfabetismo emocional”.
Como tornar-se um
preparador emocional?

1. Perceber as emoções da criança e as


suas próprias.
2. Reconhecer a emoção como uma
oportunidade de intimidade e orientação.
3. Ouvir com empatia e legitimar os
sentimentos da criança.
4. Ajudar a criança a verbalizar as emoções.
5. Impor limites e ajudar a criança a
encontrar soluções para seus problemas.
Epistemologias,
pedagogias e psicologias

Empirismo / Pedagogia diretiva


 Abordagem tradicional – Snyders.
 Abordagem comportamental – Skinner.
Inatismo / Pedagogia não diretiva
 Abord. humanista – Rogers / Neill.
 Abord. psicanalítica – Freud.
Interacionismo / Pedagogia relacional
 Abord. construtivista – Piaget.
 Abord.
Ab d inteligências
i t li ê i múltiplas
últi l – Gardner.
G d
 Abord. inteligência emocional – Goleman.
Interatividade

Ana não sabe como lidar com o filho de três


anos que se recusa a obedecer regras
básicas: tomar banho, comer, dormir,
vestir-se nos horários adequados. Qual
seria uma ação baseada na IE?
a) Ignorar as birras do filho, pois ele quer
chamar sua atenção.
b) Ajudá-lo a nomear sua frustração e a
perceber outras formas de expressá-la.
c) Bater ou colocar o filho de castigo.
d) Recorrer à autoridade paterna.
e) Retirar algo de que ele gosta para que
aprenda a se comportar.
ATÉ A PRÓXIMA!

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