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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

GESTÃO EMPRESARIAL

Carlos Chagas
2016
GESTÃO EMPRESARIAL

Trabalho em grupo apresentado à Universidade Norte do


Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção de média nas atividades interdisciplinares do 4º
semestre de 2016 do curso de Ciências Contábeis.

Carlos Chagas
2016
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................5

2. GESTÃO FINANCEIRA..........................................................................................6
2.1 A HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL ...............................................................7
2.2 INÍCIO DAS ATIVIDADES EFETIVAS..................................................................9
2.2 INOVAÇÃO...........................................................................................................12
2.4 O RESSURGIMENTO DO BANCO DO BRASIL ................................................14

CONCLUSÃO.............................................................................................................16

REFERÊNCIAS...........................................................................................................17
RESUMO

O artigo aborda as principais preocupações dos profissionais da área contábil


fixando-se em seus vários fornecedores de capital: acionistas, banqueiros e
poupadores, em geral, nas formas práticas disponíveis no levantamento de recursos.
Há uma singela ligação modelista nesse artigo, o ponto de partida para o
aprofundamento do assunto se dá a partir de uma análise de como se iniciou
historicamente a gestão financeira do Banco do Brasil e como ela funciona
atualmente. O primeiro Banco do Brasil, instituído em 1808, é habitualmente referido
como uma das principais iniciativas da responsabilidade do governo de D. João VI,
quando a corte portuguesa se instalou no Rio de Janeiro. O Banco do Brasil foi
concebido como elemento essencial para o desenvolvimento da política econômica
e financeira durante o período de permanência da corte no Rio de Janeiro. O artigo
procura explicar as motivações que estiveram na origem da criação do Banco do
Brasil e as razões do fracasso no cumprimento da sua missão e o triunfo logo em
seguida ao se erguer servindo ao governo na concessão de linhas de créditos e nas
situações de extrema importância.

Palavras-chave: Gestão Financeira; Banco do Brasil; D. João VI; transferência da


corte.
1. INTRODUÇÃO

O presente artigo apresentará em primeira instância a importância de uma


boa gestão financeira em relação ao sucesso das empresas e seus objetivos
econômicos. Para a administração financeira, o objetivo econômico da empresa é a
maximização de seu valor de mercado, pois dessa forma estará sendo aumentada a
riqueza de seus proprietários. Estes esperam que seus investimentos produzam um
retorno compatível com o risco assumido, por meio da geração de resultados
econômicos e financeiros por longo prazo. Nesse contexto, percebe-se a
importância da participação de um gestor financeiro, ou ao menos que os
empresários tenham uma visão lucrativa e econômica de seus negócios. Em um
segundo ponto, o artigo propõe uma idéia histórica da gestão financeira do Brasil por
meio da primeira instituição bancária luso-brasileira.

O primeiro Banco do Brasil, é instituído pelo Alvará de 12 de outubro de 1808


e extinto pela Lei de 23 de setembro de 1829. Com o objetivo de financiar a abertura
de empresas manufatureiras na época do Brasil Colonial o desdenhar seria
eminente, porém, em razão de saques de alto valor e o retorno de D. João VI a
Portugal essa instituição veio a falir. Os novos elementos que agora trazem à
atenção do leitor permitem dar mais consistência à explicação dos motivos que
justificam o relativo fracasso do Banco do Brasil no cumprimento da sua missão. As
novidades que se acrescentam permitem ainda avaliar o erguer da instituição
Bancária dando uma nova luz em 1851 quando o mesmo ressurge sob a direção do
Visconde de Mauá.
2. GESTÃO FINANCEIRA

A gestão financeira é fundamental para que as empresas sejam bem


sucedidas e sustentáveis buscando a perpetuidade. Ao longo dos tempos os
estudos sobre gestão financeira evoluíra bastante, com o crescimento das
empresas, e a expansão do mundo corporativo, os empresários passaram a sentir a
necessidade de compreender e controlar melhor as finanças empresariais, ASSF
NETO (2008, p.34) diz que:

[...] a partir dos anos 20 do século xx, já entendia como uma


área independente de estudo, as finanças das empresas são
motivadas a evoluir de maneira a atender à crescente
complexidade assumida pelos negócios e operações de
mercado.
Antes da crise de 1929, os estudos de gestão financeira estavam mais
voltados para a captação de recursos para as empresas, ao iniciar um novo negócio,
os empreendedores buscavam fontes externas de capital, para financiar seus
projetos e novos empreendimentos. O foco então era a captação de recursos
financeiros, em detrimento do uso e controle correto desses recursos financeiros
para garantir um retorno adequado aos fornecedores para ganho de capital.

As principais preocupações do administrador financeiro


fixavam-se em seus vários fornecedores de capital - acionistas,
banqueiros e poupadores em geral, basicamente e nas formas
e práticas disponíveis de levantamento de recursos. (NETO,
ASSAF, 2008, p.34).
Atualmente, a gestão financeira busca resultados pragmáticos para os
negócios e o retorno para o capital investido através do lucro das empresas. Esse
retorno deve remunerar adequadamente o risco assumido pelo investidor. Um bom
gestor financeiro, deve possuir termos essenciais como retorno do investimento,
custo de capital, e gestão de risco. Por fim, esses termos são vitais para a gestão
adequada de qualquer negócio. O Banco do Brasil por exemplo, se tornou
inevitavelmente um modelo, de gestão financeira.
2.1 A HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL

A instituição do Banco do Brasil através do alvará de 12 de outubro de 1808


integrou-se no conjunto de medidas de organização econômica e financeira
naturalmente associadas à instalação da corte português no Brasil. Neste sentido,
cumpre destacar a carta régia inaugural de 28 de janeiro de 1808 que estabeleceu
novas regras de abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional. O novo
enquadramento legislativo dado à instalação de manufatura no Brasil e a criação ou
adaptação de instituições régias - tais como a junta do Comércio ou o Real Erário ao
novo ambiente político decorrente da presença duradoura da corte no Rio de
Janeiro.

"Conde da Ponte, do meu Conselho, Governador e Capitão


General da Capitania da Bahia. Amigo. Eu o Príncipe Tenente
vos envio muito saudar, como aquele que amo. Atendendo á
representação, que fizestes subir á minha real presença sobre
se achar interrompido e suspenso o comercio desta Capitania,
com grave prejuízo dos meus vassalos e da minha Real
Fazenda, em razão das criticas e publicas circunstancias da
Europa; e querendo dar sobre este importante objeto alguma
providencia e capaz de melhorar o progresso de tais danos:
sou servido ordenar interina e provisoriamente, enquanto não
consolido um sistema geral que efetivamente regule
semelhantes matérias, o seguinte. Primo: Que seja admissíveis
nas alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas
e mercadorias transportados, ou em navios estrangeiros das
Potencias, que se conservam em paz a harmonia com a minha
Real coroa, ou em navios dos meus vassalos, pagando por
entrada três e quatro por cento; a saber: vinte de direitos
grosso, e quatro do donativo já estabelecido, regulando-se a
cobrança destes direitos pela pautas, ou aforamentos, por que
até o presente se regula cada uma das ditas Alfândegas,
ficando os vinhos, águas ardentes e azeites doces, que se
denominam molhados, pagando o dobro dos direitos, que até
agora nelas satisfaziam. Segundo: Que não só os meus
vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros possam
exportar para os Portos, que bem lhes parecer a beneficio do
comercio e agricultura, que tanto desejo promover, todos e
quaisquer gêneros e produções coloniais, á exceção do Páo
Brasil, ou outros notoriamente estancados, pagando por saída
os mesmo direitos já estabelecidos nas perspectivas
Capitanias, ficando entretanto como em suspenso e sem vigor,
todas as leis, cartas regias, ou outras ordens que até aqui
proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio e
navegação entre os meus vassalos e estrangeiros. O que tudo
assim fareis executar com o zelo e atividade que de vós
espero". Escrito na Bahia aos 28 de Janeiro de 1808.
(COLEÇÃO DE LEIS DO BRASIL - 1808, p. 1)

Estas são algumas das principais ações políticas que permitem entender a
exigência de criação de um instrumento de natureza bancária e financeira com o
objetivo de organizar e centralizar as indispensáveis operações de circulação
monetária e de financiamento de atividades econômicas públicas e privadas.

A fundação do Banco do Brasil foi seguramente acalentada e desenhada por


D. Rodrigo de Souza Coutinho que, apesar de não exercer a tutela formal sobre
essa área de governo, possuía proverbial apetência por assuntos relativos à
organização e administração financeiras. Recorde-se, a este propósito, o plano
pioneiro de sua autoria para a criação em 1797 do Banco Real Bragantino, assim
como as diversas propostas que na sua qualidade de presidente do Real Erário
suscitou e recebeu, designadamente: o "Plano para formar um Banco Nacional"
apresentado por Feliciano António Nogueira em 1801, o projeto de "Banco de
Portugal estabelecido em Lisboa" de autoria de Henrique Palyart de Clamouse,
datado de 1802, e a proposta de "Banco de Empréstimo sobre Penhores" redigida
em 1803 por João Henriques Sequeira.

O desdenhar do projeto se mostrava ambicioso com objetivos


complementares de financiamento do Estado, de regularização da circulação
fiduciária e o excesso de emissões de papel moeda iniciadas em 1796. Com o
suporte a pequenas operações, pôde-se oferecer, empréstimos de curto prazo, e
ainda de apoio ao desenvolvimento de atividades econômicas de maior
envergadura.

Percebe-se que, a partir deste ponto, fica esclarecido que a fundação do


Banco do Brasil era motivada pela insuficiência dos fundos disponíveis no Real
Erário, pela necessidade de criação de meios de pagamento expeditos e ainda pela
exigência de remoção dos obstáculos ao desenvolvimento das transações mercantis
(Alvará, 12 out. 1808). Nesse sentido, o Banco é concebido com uma tripla função
de garantia de melhoramentos no financiamento do Estado e promovendo a
indústria nacional pelo giro e combinação dos capitais isolados. Sendo bem
conhecida a vantagem que resulta aos estados comerciantes do estabelecimento e
introdução de bancos públicos, que tanto facilitam a circulação geral, contribuindo a
diminuir os juros dos capitais e introduzindo uma moeda artificial, que deixa
empregar no comércio exterior os metais preciosos e tirar dos mesmos um lucro
anual sem que resulte ao comércio falta ou estagnação, que acrescem as utilidades
do estabelecimento de um grande e mais extenso crédito. Tudo se tratava de um
programa de ação extremamente ambicioso, com alguma concretização dessas
boas intenções na forma como nos seus estatutos (artigo VII) são organizadas as
operações de depósito, empréstimo e emissão de papel, moeda a que o banco
ficava autorizado. Todavia, o modo de captação e subscrição de capital para o novo
banco, a forma como foi concebida a sua estrutura de administração, a indefinição
de matérias relativas à articulação entre o capital privado do banco e a gestão de
fundos públicos pelo Real Erário e a ausência de regras e limitações relativas à
emissão de papel-moeda deixavam antever dificuldades no cumprimento da sua
missão.

2.2 INICIO DAS ATIVIDADES EFETIVAS

O início efetivo de atividade do banco ocorreu em dezembro de 1809, sendo a


sua primeira junta de deputados e diretoria constituída por importantes homens de
negócio da praça do Rio de Janeiro, com destaque para João Rodrigues Pereira de
Almeida, Manuel Caetano Pinto, Fernando Carneiro Leão, Antonio Gomes Barroso e
Luis de Souza Dias.

Durante os dois primeiros anos de funcionamento, o aspecto mais


significativo da atividade do banco refere-se às atribuições da sua agência em
Londres, para a qual foram nomeados como agentes as casas comerciais de
Antonio Martins Pedra Filho & Ca, Barroso Martins, Dourados & Carvalho e João
Jorge Júnior. As suas principais atribuições eram servir como intermediários do
Banco para a colocação na praça de Londres dos produtos sobre os quais o Banco
do Brasil possuía privilégio exclusivo de comercialização, ou seja: diamantes, pau-
brasil, marfim e urzela. A colocação em Londres visava a venda direta ou a
satisfação de obrigações contratuais decorrentes do empréstimo contraído com a
Grã-Bretanha em 21 de abril de 1809. Todavia, não foi fácil a atuação dos agentes,
conforme documenta a correspondência que, entre julho e novembro de 1810,
mantiveram com os diretores do Banco, o conde (depois marquês) de Aguiar
(Fernando José de Portugal e Castro), ministro dos Negócios Estrangeiros e
presidente do Real Erário, e Domingos de Sousa Coutinho, ministro plenipotenciário
de Portugal em Londres.

Os agentes queixosos protestaram veementemente contra a atuação do


representante diplomático português em Londres, acusando-o de não reconhecer o
seu estatuto de agentes do Banco do Brasil, de questionar a sua legitimidade e de
impedir o exercício do seu papel de intermediários nas operações de colocação e
venda dos produtos exclusivos. Referem mesmo a sua indignação pelo fato de
Domingos de Sousa Coutinho depositar diretamente no Banco de Inglaterra os
diamantes vindos do Brasil, contrariando todas as disposições e diretivas do Banco
em relação ao papel que caberia aos seus agentes e legítimos representantes. O
conhecimento que tais agentes tinham do mercado em que operavam era usado
como trunfo justificativo da legitimidade da sua atuação, conforme ilustra a
recomendação que fizeram para que o marfim não fosse posto à venda numa
conjuntura particularmente desfavorável de preços no mercado. Mas o braço de
ferro que mantiveram com Domingos de Sousa Coutinho era sinal inequívoco de
problemas de reconhecimento das capacidades de atuação do Banco do Brasil e
dos seus agentes no circuito financeiro internacional.

As dificuldades de arranque e as irregularidades contidas no alvará de 27 de


março de 1811 terão motivado importantes alterações no modo de funcionamento do
Banco, consubstanciadas na legislação aprovada em agosto e outubro de 1812. A
entrada da Real Fazenda no capital do Banco, através de um fundo proveniente da
cobrança de novos impostos sobre bens de consumo especialmente criados para o
efeito, assim como a atribuição de mercês e honras aos novos subscritores que
quisessem aventurar seus capitais, foram medidas que deram novo fôlego à
instituição e que permitiram que ela correspondesse positivamente às crescentes
necessidades resultantes do ânimo atingido pelos comerciantes nacionais e
estrangeiros na praça do Rio de Janeiro. Não obstante a revitalização então
operada, a documentação disponível sobre a atividade da junta do Banco do Brasil
nos anos de 1813 e 1814 revela sinais de dificuldade de angariação de acionistas e,
sobretudo, obstáculos relacionados com a cobrança de novos impostos, o que
certamente explicará a sucessão de medidas legislativas de esclarecimento do
conteúdo do alvará de 20 de outubro de 1812 .
O novo impulso dado ao Banco do Brasil em 1812 fez disparar a sua
atividade como banco emissor de papel-moeda, sobretudo a partir do ano de 1814.
Esse aspecto tem sido sistematicamente considerado pelos estudiosos da sua
história como o fator que mais negativamente contribuiu para o insucesso que o
Banco do Brasil viria a conhecer.

Não existia nenhuma disposição estatutária de controle das emissões de


papel-moeda, tais emissões não tinham em devida atenção as exigências do
mercado e os fundos metálicos disponíveis para lhe servirem como garantia. O
princípio básico da proporção entre notas em circulação e o seu encaixe metálico,
ou seja, a existência de fundos que pudessem ser dados em troca do papel
apresentado para desconto, não era minimamente respeitado. Acima de tudo, não
existia processo de fiscalização e escrutínio público dos atos do banco,
designadamente através da publicação regular dos seus relatórios de atividade e
balanços contabilísticos.

Além de servir como veículo de aceleração das despesas da corte, a emissão


monetária serviu também de expediente para a construção de obras públicas em
que o Banco do Brasil se viu envolvido, designadamente a aquisição das suas
próprias instalações e a edificação da Intendência de Polícia e da Bolsa ou Praça de
Comércio (atual Alfândega). Outra obra importante administrada diretamente pelo
Banco do Brasil foi o Teatro S. João, financiado através de uma lotaria gerida pelo
Banco, conforme documentam os diversos ofícios e informações emanados da Junta
do Banco nos anos de 1817 a 1819.

Esse estatuto de caixa do governo, para suprimento de despesas correntes e


financiamento de projetos públicos de maior envergadura financeira, justificavam os
privilégios que o Banco reclamava em matéria de execução fiscal e penal das
dívidas mal paradas (Alvará, 24 set. 1814). Quando tal prerrogativa não era
respeitada, por pressão dos devedores junto do governo e da corte, era a própria
Junta do Banco que recordava os sucessivos auxílios prestados pelo Banco à Real
Fazenda, atingiam o montante anual de 5 a 6 milhões de cruzados (2000 a 2400
contos de réis) e ameaçava diminuir a sua contribuição para o pagamento de
consignações do Erário, assim como alterar as condições de concessão de crédito a
particulares.
A situação era consensualmente diagnosticada como um sinal óbvio de
incumprimento das funções que lhe tinham sido confiadas. No início de março de
1821, a crise atravessada pelo banco foi explicitamente declarada em decreto que
criou uma comissão encarregada de analisar a situação e encontrar soluções para
as dificuldades do Banco do Brasil. Nesse ano a quantidade de papel-moeda emitido
excedia o triplo do capital do Banco, não é de estranhar a preocupação com o
estado de insolvência que o banco chegara. Além disso, era manifesta a
impossibilidade de eventuais pedidos de troca ou resgate do papel moeda devido à
dívida incobrável do Real Erário que atingia o montante de cerca de 4.800.000$000,
ou seja, cerca do dobro do capital do banco.

O reconhecimento da gravidade foi confirmado pelo decreto de 23 de março


de 1821, que assume passivamente como dívida nacional, já que era resultante dos
empréstimos para financiamento de despesa pública, sendo dada a garantia de
empenho do Real Erário através da (promessa de) entrega de diamantes e jóias
como meio de pagamento de tais dívidas. Alguns dias depois foi ainda decidido abrir
um empréstimo externo a favor do Banco do Brasil. No entanto, em 26 de abril de
1821 D. João VI e a corte retornam a Lisboa - treze anos após a chegada triunfal ao
Rio de Janeiro - acabariam por ser contrariados e invalidados os gestos generosos
de reabilitação do Banco do Brasil que, subitamente, se viu despojado dos fundos
metálicos e bens preciosos à sua guarda. Daí em diante não mais se resolveram as
dificuldades endêmicas do banco e, mesmo após a Independência, prosseguiram
soluções de endividamento e de emissão de moeda fiduciária que conduziriam ao
declínio natural e à inevitável insolvência da instituição que deixara de servir como
suporte da organização bancária e financeira do Brasil.

2.3 INOVAÇÃO

Da apresentação e revisão do legado historiográfico existente, importa


concluir que o Banco do Brasil fracassou nos seus intentos, essencialmente em
razão das más soluções (emissão descontrolada de papel-moeda) e da má gestão
(fraudes e prevalência de mesquinhos interesses particulares) dos fundos
destinados a financiamento das despesas públicas executadas pelo Real Erário
instalado no Rio de Janeiro.

Algumas das sugestões que apresenta para atrair capitais na nova subscrição
de ações do Banco do Brasil viriam a ser consagradas na Carta Régia de 22 de
agosto de 1812. Mas o objeto privilegiado da sua atenção não é o Banco do Brasil
em si mesmo, mas o modo como essa instituição poderia servir de instrumento à
resolução de um problema mais amplo de organização do sistema de finanças
públicas. É justamente essa visão global do problema que ressalta quando
procedemos à leitura da sua "Exposição". De forma breve, vejamos quais são os
passos com que constrói o seu argumento.

O primeiro passo consiste na apresentação de uma estimativa das receitas


públicas entradas no Real Erário, com base nos valores registrados nos anos de
1810 e 1811. Os valores inscritos em cada linha correspondem ao apuramento de
minuciosas tabelas que o autor constrói separadamente. No caso da Capitania do
Rio de Janeiro, o valor corresponde ao somatório de todos os impostos e
rendimentos arrecadados pelo Erário. Para as restantes capitanias, os valores
indicados correspondem à transferência desejada de uma parte dos saldos entre
receitas e despesas que o autor demonstrou numericamente em cada uma dessas
capitanias.

O passo seguinte consiste em determinar o montante das despesas


esperadas do Real Erário. Também aqui cada valor é pelo autor minuciosamente
decomposto, tendo a informação que dispunha graças ao seu cargo de Escrivão do
Real Erário.
 

Com base nesse cálculo provisional de receitas e despesas, Nogueira da


Gama conclui que haverá um saldo positivo anual nas contas públicas de cerca de
120.000$000, o que afastava qualquer espectro negativo sobre o incumprimento das
obrigações por parte do Estado. No entanto, constata o autor que existia um
problema de defasagem temporal entre a realização de pagamentos e a
arrecadação de receitas, razão de sobra para verificar intensos e legítimos protestos
de empregados públicos e fornecedores do Real Erário. Para a resolução desse
problema, Nogueira da Gama procede a um fracionamento mensal das despesas e
receitas, com atenção no período próprio de sua execução, para concluir sobre a
necessidade de antecipação de fundos que permitissem o pagamento pontual das
despesas, sobretudo dos encargos com pessoal da administração pública. Era
precisamente para poder cumprir tal plano de orçamento subdividido em
duodécimos mensais que Nogueira da Gama propunha o recurso a financiamento
garantido pelo Banco do Brasil, mediante a contrapartida de juros mensais de 0,5%
(montante bastante acima da taxa de remuneração praticada nos anos iniciais de
atividade do banco). Afastava-se, desse modo, o cenário negro do recurso à
emissão de papel-moeda e dotava-se o Estado de um meio eficaz com vista à
recuperação da sua credibilidade e da confiança do público.

2.4 O RESSURGIMENTO DO BANCO DO BRASIL


No inicio do segundo reinado do império do Brasil ouve uma liquidação
finalizando as atividades em 1833, onde Irineu Evangelista de Souza, que viria a ser
o visconde de Mauá, fez ressurgir a instituição do Banco do Brasil. Com este seu
"segundo nascimento" ouve uma forte ligação permanente como mercado de
capitais. Em 1853, por iniciativa do Ministro Joaquim José Rodrigues Torres, o
visconde de Itaboraí,foi determinado pela lei de 5 de julho, a criação do novo Banco
do Brasil, através da fusão do Banco do Brasil de Mauá com o Banco Comercial do
Rio de Janeiro, com exclusividade na emissão do papel-moeda.

Situado como um dos maiores bancos de patrimônio e receita liquida. O


mesmo está presente nos agronegócios, e principalmente, financiando grande parte
das exportações feitas pelo país. Beneficiando micro pequenas empresas,
fornecendo capital de giro e opções de investimentos, o Banco se tornou cada vez
mais procurado por pessoas com o interesse de estabelecer uma empresa
particular. Hoje com programas na área da saúde, previdência, capitalização e
seguros, o Banco do Brasil, atende pessoas de todo o tipo de renda proporcionando
ainda a criação do Banco Popular do Brasil, a partir de 2003, oferecendo uma conta
corrente simplificada, empréstimos a juros reduzidos, cartões de débitos, poupança
e cartões de créditos. O horizonte daquele que a falência fez surgir uma nova gestão
financeira, expande de forma significativamente irônica diante de sua História. O
Banco do Brasil "Renasce" de forma modelista para uma boa gestão financeira.
Peça essencial nesse processo, Nogueira da Gama acreditava ser possível
ambicionar um novo rumo de sucesso.
Conclusão

Apesar da procura de diversidade geográfica, o Banco do Brasil continuava a


ser um banco centrado no Rio de Janeiro. Sobre as dificuldades e problemas que o
primeiro Banco do Brasil conheceu desde a Independência até à extinção do Banco
(1822 a 1829) pode se entender que o "crescimento" econômico de qualquer
negócio advêm de uma boa gestão financeira. As tentativas fracassadas de
proceder à reforma do seu funcionamento mais tarde se tornaram um triunfo para
sua economia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LISBOA, José António. Reflexões sobre o Banco do Brasil, oferecidas aos seus
acionista. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1821, p.11.         

SAMPAIO, João Ferreira da Costa. Carta dirigida aos acionista do Banco do Brasil,
em conseqüência de certas reflexões sobre o mesmo. Rio de Janeiro: Tipografia
Nacional, 1821, p.10.         

Tal é o ponto de vista de MOTA, Frutuoso Luís Da. Indicação apontada à Junta do
Banco do Brasil... Rio de Janeiro: Oficina de Silva Ponto e Comp., 1825.         

FERREIRA, Gervásio Pires. Projeto de reforma e aditamento dos Estatutos do


Banco do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1823, p.3.

Cf. GORENSTEIN, Riva. Comércio e política: o enraizamento de interesses


mercantis portugueses no Rio de Janeiro (1808-1830). In: Lenira Menezes Martinho
e Riva Gorenstein, Negociantes e caixeiros na sociedade da Independência. Rio de
Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1992, p.159-165.         

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