Você está na página 1de 42

PENSANDO SOBRE

FAMÍLIAS NUMA
PERSPECTIVA SISTÊMICA
PROFa: Maria Aparecida Penso
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

CONCEITO: é uma teoria interdisciplinar que


pode ser usada para fenômenos investigados
nos diversos ramos da pesquisa científica.
Aplica-se a qualquer todo constituído por
componentes em interação

DEFINIÇÃO DE SISTEMA: é um complexo


de elementos em interação
IMPORTÂNCIA DA TEORIA GERAL
DOS SISTEMAS PARA O
SURGIMENTO DA TERAPIA
FAMILIAR E NA COMPREENSÃO
DAS FAMÍLIAS E SUA RELAÇÕES

Surgimento de uma nova compreensão


dos fenômenos que rompe com a
perspectiva dualista e causal dos
problemas das pessoas e das famílias
ANTES DE 1950 - dois pressupostos
dominantes
1 - As doenças mentais eram um distúrbio
unicamente do indivíduo. Os pacientes
portadores de transtornos mentais eram
segregados de suas famílias, pois estas eram
prejudiciais ao sujeito
2 - As correntes psicológicas dominantes
baseavam-se na suposição de que os
problemas psicológicos advinham de
interações doentias com os outros e
poderiam ser melhor aliviados em um
relacionamento privado entre o paciente e o
terapeuta.
Meados da década de 50
Três movimentos de reconhecimento da
necessidade de incluir a família nos
tratamentos.
1 - O estudo e tratamento dos transtornos
mentais: reconhecimento do poder de
influência da família no tratamento de
pacientes psiquiátricos. Constatação de que
quando o paciente melhorava, alguém na
família piorava. Ou que o paciente piorava
quando recebia a visita dos familiares ou
quando ia para casa em finais de semana.
“ A mudança em uma pessoa modifica o
sistema” (Nichols e Schwartz, 1998)
Pesquisas sobre a relação entre a vida familiar e a
esquizofrenia conduziram ao trabalho pioneiro dos
primeiros terapeutas de família.Nesta área,
diferentes pesquisadores tentaram entender a
família com um membro esquizofrênico.
1 - Gregory Bateson e o grupo de Palo Alto -
estudos sobre a comunicação.
2 - Theodore Lidz - Pesquisa sobre característica
gerais do ambiente familiar onde os
esquizofrênicos foram criados.
3 - Lyman Wynne: Pesquisas sobre o modo como
o pensamento patológico é transmitido nas famílias
de esquizofrênicos.
2 - O movimento de orientação à criança:
percepção de que o problema real não era aquele
que havia trazido a criança à clínica, mas sim as
tensões familiares.

3 - A influência do Serviço Social: Primeiros


profissionais que discutiram a importância de se
tratar as famílias. Trabalhavam com o conceito de
“Assistência Social Familiar”.
Foram os profissionais que mais aderiram ao
movimento da Terapia Familiar no seu início.
A Terapia Familiar surgiu de forma de forma
heterogênea, fora do meio acadêmico, teve
uma grande variedade de líderes e atraiu
profissionais de muitas formações diferentes.
Seus representantes eram profissionais
frustrados com a Terapia Tradicional da
época, buscando formas inovadoras de
intervir na busca de soluções para os
problemas de seus pacientes.
QUESTOES QUE SE COLOCARAM
PARA TODOS QUE DESEJARAM
COMPREENDER AS FAMÍLIAS
•Como as famílias operam?
•Como as famílias se desenvolvem?
•Qual a diferença entre as famílias saudáveis
e as famílias patológicas?
•Qual o relacionamento entre o sintoma de
um membro da família e o modo de atuar da
família?
•Como podem as famílias mudar o modo
como elas operam?
•Porquê as famílias às vezes resistem a dar
passos óbvios em direção à melhora?
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
(Principais conceitos de Bertalanffy aplicados
a Terapia Familiar)
- O conceito de que um sistema é mais do
que a soma de suas partes - Uma família é
mais do que a soma das subjetividades de
seus membros
- A ênfase na interação dentro dos sistemas
e entre eles - Na família é importante
observar a sua interação com o meio e entre
os seus membros
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
(Principais conceitos de Bertalanffy aplicados
a Terapia Familiar)
- Os sistemas humanos como organismos
ecológicos - isto significa que a família
interage com o meio e muda a partir desta
interação
- O conceito de eqüifinalidade - cada família
e cada pessoa reage de forma diferente aos
acontecimentos e possui a capacidade de
atingir um determinado objetivo final a partir
de diversas condições iniciais formas.
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
(Principais conceitos de Bertalanffy aplicados
a Terapia Familiar)
- Importância da atividade expontânea
(geradora de mudança) - a família pode
conseguir mudar a partir de uma mudança
dentro de si mesmo
-0 Importância do sistema de crenças e dos
valores ecológicos e éticos - qualquer
atividade com a família necessita de um
conhecimento das suas crenças e valores.
Não é desafiando as crenças que podemos
ajudar às famílias
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
(Principais conceitos de Bertalanffy aplicados a Terapia
Familiar)

Concepção de que embora a realidade


exista, o que conhecemos nunca nunca
será totalmente objetivo, porque a
nossa percepção é filtrada pela nossa
perspectiva particular - Isto significa
acreditar que a família reconstrói a
realidade objetiva a partir do seu
sistema de crenças, regras e mitos
familiares
DEFINIÇÕES DE FAMÍLIA NA
PERSPECTIVAS SISTÊMICA

A família é a matriz identitária de seus


membros, conferindo-lhes um sentido de
pertencimento e possibilitando a vivência da
individuação em um movimento dialético.
Somente a família pode mudar e apesar
disso manter a sua continuidade
(Minuchin, 1982)
DEFINIÇÕES DE FAMÍLIA NA
PERSPECTIVAS SISTÊMICA

“A família é um sistema dentro de outros


sistemas e contém outros sistemas”
(Minuchin, 1982, Andolfi, 1981)
“A família é a matriz de desenvolvimento
psicossocial de seus membros” (Costa &
Penso, 2005)
CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
FAMILIAR
A família é o grupo de origem de todos os
outros, de todas as instituições. É o primeiro
grupo a que cada pessoa pertence. O
sentimento de pertencer a uma família traz
para o indivíduo: proteção, segurança, bem
estar, conforto.
A estrutura da família é a de um sistema
sociocultural aberto, em transformação,
passando por estágios de desenvolvimento
que requerem constante adaptação. Este
sistema está sempre mudando e sempre
conservando os padrões interacionais
exigindo adaptabilidade.
A família também é o núcleo de socialização,
um espaço de continência para a ansiedade,
para as emoções e para as experiências. Um
contexto de aprendizagem, onde se dá a
experimentação de regras e limites, o treino
dos papéis sociais.
A família possui funções sociais, ou seja, um
compromisso com a sociedade maior, e
funções internas, um compromisso interno
com os seus membros
Para Minuchin, a família atende a 2
objetivos diferentes:
1 - Externo: acomodação a uma cultura
e transmissão dessa cultura
2 - Interno: proteção psicossocial de
seus membros
A família é a matriz identitária de seus
membros, conferindo-lhes um sentido
de pertencimento e possibilitando a
vivência da individuação em um
movimento dialético. Somente a família
pode mudar e apesar disso manter a
sua continuidade
(Minuchin, 1982)
“ Em toda família convive,
simultaneamente, um sentido de existir
separado, de ser único. O sentido de
pertencimento fornece o sentimento de
pertencimento a um grupo específico. O
sentido de existência individual regula a
individuação na família que ocorre
através da tolerância e encorajamento
para a autonomia de seus membros”
(Costa e Penso, 2005)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Estrutura familiar: Conjunto invisível de
exigências funcionais que organiza as maneiras
pelas quais os membros da família interagem,
criando padrões transicionais.que regulam o
comportamento dos membros da família.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Subsistemas: unidades menores dentro do
sistema: indivíduos, díades ou tríades. O
indivíduo pertence a diferentes subsistemas e
em cada um tem diferentes papéis e níveis
de poder. Nos diferentes subsistemas
ocorrem diferentes relações complementares.
A organização dos subsistemas é um
treinamento para a manutenção do “eu
diferenciado”, mas “em relação”. Cada
subsistema tem funções específicas e faz
exigências particulares a seus membros.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
1 - Subsistema conjugal: dois adultos que se
unem com o propósito de formar uma família.
Tem tarefas ou funções específicas e vitais
para a funcionamento familiar. As habilidades
necessárias para implementar estas tarefas
são a acomodação e a complementariedade,
que se baseiam no apoio. .
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
1 - Subsistema conjugal: deve ser ser um
refúgio para os estresses externos e a matriz
para o contato com outros sistemas sociais.
Pode favorecer o crescimento, a criatividade
e a aprendizagem, mas pode também
estimular os aspectos negativos de cada um
dos seus membros.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
1 - Subsistema conjugal: precisa ter uma
fronteira que o proteja da interferência das
exigências e necessidades de outros
subsistemas. Um abrigo no qual possam dar
apoio emocional um ao outro. Todo casal
deve ter um território psicossocial próprio.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
Conseqüências dos diferentes tipos de
fronteiras do subsistema conjugal no
relacionamento familiar:
- Fronteira rígida - stress conjugal pelo
isolamento do subsistema.
- Fronteira difusa - intromissão dos filhos e
parentes no subsistema conjugal.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
2 - O subsistema parental: novo nível de
formação familiar, em que o subsistema
conjugal precisa se diferenciar para
desempenhar as tarefas de socialização de
uma criança, sem perder o apoio mútuo.
Deve ser delineada uma fronteira que permita
o acesso da criança a ambos os pais, mas
excluindo-a das funções conjugais. Alguns
casais não conseguem passar de um grupo
de dois para um grupo de três.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
O processo da parentalidade: É um
processo difícil que ninguém desempenha
100%, mas ninguém passa por ele impune.
Requer a capacidade de nutrir, guiar e
controlar em medidas diferentes de acordo
com as idades das crianças. No entanto este
processo sempre vai requerer o uso da
autoridade. O funcionamento eficiente da
família requer que pais e filhos aceitem o fato
de que o uso diferenciado da autoridade é um
ingrediente necessário para o subsistema
parental
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
O processo parental e suas tarefas de
acordo com a idade das crianças:

1 - Crianças muito pequenas - a tarefa


principal é a nutrição,
2 - Crianças maiores - as tarefas principais
são o controle e a orientação,
3 - Adolescentes - processo de acomodação
mútua, com flexibilidade das regras.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Principais Subsistemas familiares
3 - O subsistema fraterno: é o primeiro
laboratório social no qual as crianças podem
experimentar as relações com iguais. No
mundo dos irmãos as crianças aprendem a
negociar, cooperar e competir.
As fronteiras do subsistema fraterno devem
proteger as crianças da interferência adulta,
permitindo o exercício da privacidade e a
existência de áreas próprias de interesse.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Fronteiras: regras que definem quem participa e
como participa de cada subsistema. Sua função é
proteger a diferenciação do sistema, possibilitando
o funcionamento adequado das famílias.
.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Tipos de fronteiras
________ Fronteira rígida: comunicação
difícil dos subsistemas. Funções protetoras
da família prejudicadas. Famílias desligadas
-------------Fronteira Nítida: os membros do
subsistema desempenham suas funções sem
interferência indevida. Ao mesmo tempo
admite contato entre os membros do
subsistemas e outros
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
COMPREENSÃO DAS FAMÍLIAS
Tipos de fronteiras
.................Fronteira difusa: a família gira em
torno de si mesma. Excessiva comunicação e
preocupação entre seus membros. Não há
demarcação clara dos subsistemas. Famílias
emaranhadas
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA
INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS
A importância do contexto: As pessoas são
produtos de seu contexto social, assim
qualquer tentativa para compreendê-las deve
incluir uma apreciação de suas famílias.
Crença de que a melhor maneira de se tratar
as pessoas é alterar suas interações
familiares.
Tem como método reunir a família toda para
tratamento.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA
INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS
Estrutura familiar: A idéia de que a
família pode ser melhor compreendida
estabelecendo-se as fronteiras em torno
dos vários subsistemas existentes
dentro dela (dando-se uma importância
particular às fronteiras entre as
gerações) tem-se tornado uma das
pedras angulares da terapia familiar.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA
INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS
A psicopatologia servindo a uma função
nas famílias: pressuposto de que os
problemas de um dos membros da família
pode ser funcional para o sistema familiar.
Seqüências de interações circulares: A
partir o conceito de circularidade, os
terapeutas de família pensam a
psicopatologia como algo que é parte de
seqüências de comportamentos contínuas e
circulares.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA
INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS
O Ciclo de Vida Familiar: as famílias se
desenvolvem com o passar do tempo, à
medida que entram e saem de diferentes
estágios do ciclo de vida
.A incapacidade de uma família de trilhar com
sucesso um destes estágios previsíveis pode
iniciar os tipos de seqüências circulares que
eventualmente conduzem a problemas.
Ao invés de ver a família como defeituosa
esta perspectiva nos permite vê-la como
paralisada.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA
INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS
Padrões multigeracionais: - os
problemas não se devem unicamente a
interações atuais, mas se desenvolvem
durante muitas gerações. Utilização do
genograma para detectar padrões
multigeracionais e ajudar a família a
compreender seus problemas em uma
perspectiva longitudinal que reduza a
responsabilidade e a culpa que ela
sente.
A FAMÍLIA COMO CONTEXTO DE
PROTEÇÃO.

A família como espaço de proteção


oferece proteção e cuidados, educa,
socializa e sustenta os seus membros.
Também os nutre de afeto, carinho e
amor. Dá continência para os erros e
acertos dos seus componentes,
ampara, orienta, perdoa. É o símbolo de
ligações eternas, de presença
constante, de perenidade.
FAMÍLIA COMO CONTEXTO DE
RISCO

Muitas vezes a família se apresenta como


contexto de risco. Em algumas situações,
estão presentes, no seio familiar, fatores de
risco que comprometem o desenvolvimento
psicossocial dos seus membros. A existência
de violência, de abandono, de
desorganização familiar, de abuso, ou de
dificuldades financeiras que trazem
obstáculos à subsistência das pessoas, e
indica a necessidade de atenção especial.
Família: Contexto de Proteção
Amparo, acolhimento,
Identificação social,
Socialização
Flexibilidade.
Papéis sociais definidos
Expressão do afeto positivo,
Carinho,Proteção.
Subsistência: satisfação das necessidades básicas.
Família Contexto de Risco
Abandono.
Rigidez.
Desorganização familiar.
Abuso,
Violência.
Dificuldades financeiras.
.

Você também pode gostar