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UniAGES
Centro Universitário
Bacharelado em Psicologia

LEILIANE BARROS DA SILVA


MISLAINE DA SILVA LOPES

SOBRE FINS E RECOMEÇOS:


aplicação do TAT em pessoas
pós-término de relacionamento

Paripiranga
2021
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LEILIANE BARROS DA SILVA


MISLAINE DA SILVA LOPES

SOBRE FINS E RECOMEÇOS:


aplicação do TAT em pessoas
pós-término de relacionamento

Monografia apresentada no curso de graduação do Centro


Universitário AGES, como um dos pré-requisitos para a
obtenção do título de bacharel em Psicologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carolina Rodrigues Alves de Souza

Paripiranga
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2021
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LEILIANE BARROS DA SILVA


MISLAINE DA SILVA LOPES

SOBRE FINS E RECOMEÇOS:


aplicação do TAT em pessoas
pós-término de relacionamento

Monografia apresentada como exigência


parcial para obtenção do título de bacharel em
Psicologia à Comissão Julgadora designada
pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão
de Curso do UniAGES.

Paripiranga, 10 de julho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Carolina Rodrigues Alves de Souza


UniAGES

Prof. ª Catiele dos Reis Santos


UniAGES
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A todas as pessoas que tiveram seus corações partidos e conseguiram recomeçar!


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Barros, Leiliane da Silva, 1997. Lopes, Mislaine da Silva, 1997


Sobre fins e recomeços: aplicação do TAT pós término de
relacionamento / Leiliane da Silva Barros; Mislaine da Silva Lopes. –
Paripiranga, 2020.
73 f.: il.
 
Orientadora: Profª. Drª. Carolina Rodrigues Alves de Souza
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) –
UniAGES, Paripiranga, 2020..

1. Psicologia. Ciência. Teste de Apercepção Temática. Fim de


relacionamento.  I. Título. II. UniAGES. 
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AGRADECIMENTOS

Leiliane Barros da Silva

Quero começar agradecendo, primeiramente, a Deus, e segundamente, a


mim mesma, por, mesmo diante dos empecilhos, não ter desistido.
Também gostaria de agradecer aos meus pais, Pedro Barros e Adriana de
Oliveira, por sempre terem me apoiado, orientado e batalhado para que eu pudesse
ter acesso a uma educação de qualidade, sem vocês, nada disso seria possível.
Às minhas irmãs, Monique Barros, Mariana Barros e João Pedro Barros, por
todo apoio e suporte durante o período de graduação
Ao meu noivo, Adonis Jorge, por todo apoio e carinho durante essa jornada.
Ao meu filho de quatro patas, Romeu Barros, por sempre me acolher e
melhorar meu humor nos dias difíceis.
Ao Centro Universitário AGES, por ter me proporcionado todo conhecimento e
novas experiencias durante esses cinco anos de graduação.
À minha orientadora, Prof.ª Carolina, e aos meus professores, meu muito
obrigada por todo conhecimento e toda troca durante esse período. Meu muito
obrigada!
Quero agradecer, também, às duas grandes amigas que a graduação me
trouxe, Diana Paulo e Mislaine Lopes, por toda amizade, confiança, tolerância e todo
carinho. A Josineide Santa e Jannykelly Oliveira, pelo afeto e pelos momentos
felizes, que, com certeza, irão marcar minha graduação. A Bruno Lobo, grata pela
amizade, comida e pelos chocolates.

Mislaine da Silva Lopes

Finalmente, cheguei aqui e quero agradecer a Deus, por ser meu suporte,
refúgio e minha proteção.
Aos meus pais, Menilton Miranda e Eliene Maria, agradeço por todo apoio, por
nunca soltarem a minha mão, por florescer em mim o desejo de sempre melhorar,
suas orações e seus esforços foram fundamentais, mesmo diante dos sacrifícios e
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das renúncias conseguimos vencer e nada disso seria possível, se eu não tivesse
vocês ao meu lado. Vocês são minha fonte de inspiração.
Aos meus irmãos, Ludmila e Gabriel, por todo amor e toda parceria, essa
conquista também é de vocês. À minha tia Edney, por acreditar nesse sonho e me
incentivar, pelo notebook que me deu para que eu pudesse realizar os trabalhos da
faculdade, serei eternamente grata. 
A todos os membros da minha família que estiveram ao meu lado, obrigada.
Ao meu primo-irmão, Douglas, sou, extremamente, grata, por todo cuidado e por
sempre me estender a sua mão, amo-te incondicionalmente, Rodrigo, você foi e é
essencial na minha vida. A trajetória foi marcada por viagens incansáveis, renúncias,
dias difíceis, mas de muito aprendizado e conhecimento que foram essenciais para a
minha caminhada.  
Quero registrar o carinho por duas grandes amigas e numa frase clichê
afirmar que vocês são os presentes que a faculdade me deu, Diana
Paulo, Leiliane Barros, amizade além da faculdade, nos tornamos amigas, parceiras
e irmãs, dividimos muito mais que problemas acadêmicos, dividimos nossa
intimidade a nossa vida.
Ao meu amigo, Bruno Lobo, por todo apoio e carinho durante esses anos e
por todos os chocolates deixando meus dias mais alegres. 
Aos meus professores, o meu muito obrigada, em especial, à minha
orientadora, Prof.ª Carolina, por todo incentivo e toda dedicação.
À Casa Real, minha família de coração, o lugar que sempre me dava ânimo e
forças para continuar após um longo dia de estudo, lembrarei sempre com muito
carinho dos nossos momentos. 
E agradeço a mim mesma, por nunca desistir de sonhar, lutar e acreditar, já
dizia Clarice Lispector - já que sou o jeito é ser. E psicóloga também é o que sou.  
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Nada jamais continua,


Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas
Atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas.

Mario Quintana
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RESUMO

O término de um relacionamento é um fenômeno vivenciado por quase todos os


seres humanos, e cada vez mais presente na contemporaneidade. O fim de uma
união afeta em vários âmbitos a vida do sujeito, podendo causar problemas
psicológicos e físicos. Sendo papel da Psicologia, como ciência, estudar tais eventos
enfrentados pela humanidade, a presente pesquisa objetivou analisar e identificar se
existem semelhanças de sentimentos e emoções em sujeitos que terminaram seus
relacionamentos recentemente. Para isso, utilizou-se como instrumento de coleta e
análise de dados o Teste de Apercepção Temática (TAT), e os participantes foram
selecionados a partir de uma amostragem bola de neve. Como se tratou de uma
pesquisa qualitativa, foram colhidos e analisados os resultados de cinco
participantes de diferentes níveis de escolaridade e regiões do Nordeste. A partir dos
dados devidamente coletados e analisados, seguindo todos os padrões éticos
exigidos por uma pesquisa científica, chegou-se à conclusão que, de fato, existem
semelhanças nos resultados obtidos, todos os participantes apresentaram histórias
com enredos e sentimentos parecidos. A pesquisa abre uma ampla possibilidade
para novos estudos que busquem se aprofundar e colher mais informações sobre o
tema, pois não há uma quantidade considerável de referenciais teóricos sobre o
assunto, além de servir como referência para futuras pesquisas e práticas
psicológicas.

PALAVRAS-CHAVE: Psicologia. Ciência. Teste de Apercepção Temática. Fim de


relacionamento.
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ABSTRACT

The end of a relationship is a phenomenon experienced by almost all human beings,


and increasingly present in the contemporaneity. The end of a union affects the
subject’s life in several areas, and can cause psychological and physical problems.
Since the Psychology’s role, as a science, to study such events faced by humanity,
this research aimed to analyze and identify whether there are similarities in feelings
and emotions in subjects who have recently ended their relationships. For this, the
Thematic Apperception Test (TAT) was used as a data collection and analysis
instrument, and the participants were selected from a snowball sampling. As it was a
qualitative research, the results of five participants from different levels of education
and regions of the Northeast were collected and analyzed. From the data properly
collected and analyzed, following all the ethical standards required by a scientific
research, it was concluded that, in fact, there are similarities in the results obtained,
all participants presented stories with similar plots and feelings. The research opens
up a wide possibility for new studies that try to deepen and gather more information
about the subject, as there isn’t a considerable amount of theoretical references
about this theme, in addition to serving as a reference for future research and
psychological practices.

KEYWORDS: Psychology. Science. Thematic Apperception Test. End of


Relationship.
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LISTA DE GRÁFICOS

1: Traços que mais se repetiram nas histórias narradas: motivações do herói 55


2: Traços que mais se repetiram nas histórias narradas: forças do ambiente do
herói 56
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LISTA DE TABELAS

1: Resultados da aplicação da primeira prancha 48


2: Resultados obtidos da segunda prancha 49
3: Resultados obtidos da terceira prancha 50
4: Resultados obtidos na quarta prancha 51
5: Resultados obtidos na quinta prancha 51
6: Resultados obtidos na sexta prancha 52
7: Resultados obtidos na sétima prancha (feminina) 53
8: Resultados obtidos na sétima prancha (masculina) 53
9: Resultados obtidos na oitava prancha (masculina) 53
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 TERMINOU, E AGORA, O QUE ACONTECE? 18


2.1 Por que o Término de um Relacionamento causa tanto Sofrimento? 18
2.2 Por que os Términos se tornam tão Comuns? 25
2.3 Os Impactos da Separação na Vida do Sujeito e Reações mais Comuns
frente ao Término de um Relacionamento 32

3 MÉTODO 39
3.1 Teste de Apercepção Temática 39
3.2 Participantes 41
3.3 Procedimentos 41
3.4 Análise de Dados 43
3.5 Aspectos Éticos 44

4 RELATOS DE CORAÇÕES PARTIDOS (MARCO TEÓRICO) 46


4.1 Características da Amostragem e Dados sobre a Aplicação dos Testes 46
4.2 Análise e Discussão dos Resultados Obtidos 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 58

REFERÊNCIAS 60

APÊNDICE 66

ANEXOS 68
16

1 INTRODUÇÃO

Quando se trata dos ideais amorosos de relacionamentos, estes podem ser


entendidos como construções sócio-históricas, pois o modo como o ser humano
sente, expressa e vivencia o sentimento amoroso está relacionado às ideias,
fantasias, imagens e aos discursos aos quais ele tem acesso e é inserido por
intermédio da sua família e dos grupos sociais, com os quais ele se identifica ou não
(VIEIRA; STENGEL, 2010). A forma de amar e de se relacionar, amorosamente ou
não, é herança da cultura e da sociedade em que o sujeito está inserido. Em geral, a
cultura contemporânea tem tornado as relações utilitaristas, o outro pode ser visto
como um objeto que serve de meio de autossatisfação. Porém, apesar disso, o ideal
do amor romântico acabou por se instalar na cultura ocidental no final do século
XVIII e sua influência perdura até os dias atuais, servindo, inclusive, para camuflar
as relações utilitaristas, baseadas em interesses individuais (VIEIRA; STENGEL,
2012).
Cabe pontuar que, como ideal de amor romântico, se entende como sendo
um tipo de amor em que a pessoa amada é idealizada e projetada de maneira
fantasiosa, de acordo com as necessidades e os padrões daquele que ama. Navarro
Lins (2012) afirma que o amor do tipo romântico é baseado na idealização do outro,
engendrando a fusão total entre o casal apaixonado, transformando os dois em um
só. Porém, esse tipo de relação amorosa, além de não ser saudável e benéfica para
o casal, não se sustenta, já que, com as adversidades e convivência diária, o casal é
obrigado a se enxergar como eles são de fato, ou seja, é impossível que essa
idealização da pessoa amada dure eternamente (TOLEDO, 2013). Corroborando
com as afirmações já feitas, Souza (2017) traz que o amor romântico está ligado ao
imaginário de “amor perfeito”, uma crença que tem sua origem no período medieval,
quando o amor verdadeiro entre um homem e uma mulher deve ser uma adoração
extática.
Pelo fato de os relacionamentos na atualidade demandarem tanto um do
outro, quando chegam ao fim, mesmo que sejam relacionamentos curtos, acabam
por causar danos à saúde emocional e física do sujeito, sendo perdido o equilíbrio
emocional e existencial, provocando deterioração física e nervosa, tal como ocorre
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durante um luto (BIELSKI; ZORDAN, 2014). O fim de um relacionamento amoroso é


uma situação vivenciada pela maioria dos seres humanos, e o luto é uma resposta
ao rompimento de um vínculo significativo para o indivíduo (BIELSKI; ZORDAN,
2014). Quando uma relação chega ao fim, é comum que os envolvidos
experimentem um processo de luto. Assim, é válido salientar que o luto não se
refere apenas à morte física, é possível vivenciar o luto após a separação, pois há
uma interrupção dos vínculos e planos.
Contudo, Caruso (1986) afirma que o sofrimento pode ser mais intenso, pois
o sujeito “perdido” continua vivo, seguindo sua vida e construindo novos laços. O
tempo passa a ser aliado para a superação da separação, possibilitando uma
recuperação lenta e gradual. O enlutado, por sua vez, precisa ter um papel ativo no
processo de luto, tendo como objetivo superar a perda do sujeito amado e seguir em
frente com a sua vida (RAMOS, 2016).
Perder alguém que desempenhe um papel significativo é uma das
experiências universais que causam mais sofrimento na vida do sujeito, apesar de
ser um fenômeno comum, e que todo ser humano perpassa em sua existência, a
sua expressão varia. As pessoas tendem a reagir e manifestar seus sentimentos
diante da perda de maneiras diferentes, com durações e reações diferentes que vão
desde a depressão à raiva (HOWARTH, 2011).
Com o rompimento da relação, tanto o humor, quanto a capacidade de
concentração, energia, trabalho e a saúde, dentre outras dimensões da vida do
sujeito, podem ser profundamente afetadas. Assim, quando os relacionamentos
afetivos se rompem, algumas alterações dos estados emotivos e psíquicos se
manifestam na maioria das pessoas. A dor da separação, muitas vezes, é
fisicamente sentida, a exemplo de dores no peito e a sensação de peso,
sufocamento e falta de ar, reações comuns, quando alguns indivíduos ficam
incapacitados de trabalhar efetivamente, desenvolvendo problemas de saúde, como
mudanças no peso, disfunção sexual, insônia e outros transtornos do sono, que
também são frequentes (BRONINI et al., 2010).
Apesar das diferentes reações e comportamentos diante do luto, alguns
estudiosos pesquisaram e categorizam sentimentos comuns frente à perda de
alguém amado. Silva (2010) afirma que as reações consideradas “normais” frente à
perda são caracterizadas em manifestações comportamentais, a exemplo do choro,
isolamento, da fadiga e dos comportamentos de procura; manifestações afetivas,
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como raiva, solidão, anedonia, ansiedade, sentimento de culpa e humor depressivo;


manifestações cognitivas, como baixa autoestima, desânimo, pensamento lento,
lapsos de memória e preocupação com a pessoa que perdeu, e as manifestações
fisiológicas, como perda de apetite, perturbações do sono, queixas somáticas e
vulnerabilidade para doenças.
Embora o luto seja um processo natural na vida de todo ser humano, quando
se estende por período de tempo, este pode acabar se tornando um luto patológico,
ou como é trazido por Bastos e Rocha (2012), ao se referirem ao luto complicado ou
luto patológico, que ocorre quando o indivíduo não consegue ou se sente
impossibilitado de retomar às suas atividades normais, anteriores à perda. Ou seja,
quando o processo de luto acaba por interferir na vida cotidiana em que o indivíduo
está inserido, no que se refere à intensidade e duração dos sintomas característicos
do luto.
No contexto da saúde mental, a assimilação das situações de estresse e os
modos de enfrentamento de adversidades em relações amorosas merecem atenção
psicológica, pois o profissional irá contribuir para a resolução de problemas
(SCHLÖSSER; CAMARGO, 2014). O auxílio terapêutico, nas situações de términos,
pode trazer inúmeros benefícios, contribuindo para a readaptação complexa e
restauração e superação do término. Antes do fim de qualquer relação, seja namoro,
noivado ou casamento, há um processo, afinal, ninguém acorda de um dia para o
outro e decide que não quer mais o seu parceiro. Este processo de separação
costuma ser difícil, trazendo sofrimento e dor às partes envolvidas, até porque,
mesmo que agora não mais exista, já houve amor e paixão entre o ex-casal. Essa
etapa é sempre delicada, pois faz emergir conflitos não resolvidos, mágoas e
remorsos. Por esse não ser um momento desgastante, a ajuda de um profissional da
psicologia pode auxiliar na resolução de questões internas. O sofrimento vivenciado
durante o período de término pode ser abrasado com um acompanhamento
psicológico, já que a psicologia visa estudar todas as questões que envolvem o
sujeito em situação de sofrimento (SOUZA, 2017).
Uma das maneiras que a psicologia encontrou para ajudar pessoas em fim de
relacionamentos, foi pesquisando e estudando sobre as reações e os efeitos desse
fenômeno na vida do ser humano, para isso, os testes projetivos têm sido de grande
valia, os quais são utilizados desde o início do século XX, e trazem a possibilidade
de se dizer algo sobre alguém, por meio de sua produção, de suas visões diante de
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estímulos ambíguos (PINTO, 2014). Ou seja, através da produção pessoal do


sujeito, seja de desenhos, narrações de histórias ou interpretação de imagens, é
possível explanar sobre seus sentimentos e pensamentos, as experiências prévias
também influem nas percepções e produzem entrelaçamentos que se materializam
nas fantasias criadas frente a estímulos ambíguos, e tais criações acabam
constituindo uma amostra válida e confiável do modo de ser da pessoa, de sua
personalidade (PINTO, 2014). Desta maneira, cabe pontuar que os testes, em geral,
são aplicados juntamente com um questionário, com o objetivo de colher
informações mais específicas a respeito do sujeito testado, mesmo todo teste sendo
projetivo ou psicométrico, precisa ser validado cientificamente pela SATEPSI
(Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos), o que garante e comprova sua
cientificidade e validade; outro fator a ser destacado é que somente profissionais da
psicologia possuem autorização para possuir e aplicar os testes psicológicos.
Os testes projetivos, além de servirem como instrumentos de diagnóstico,
também podem ser usados como material terapêutico. Como exemplos de métodos
projetivos podem ser mencionados os desenhos, as pinturas, as atividades com
brinquedos nas sessões livres, os testes lúdicos, toda a mímica e todos os
movimentos observáveis nas situações psicodramáticas. Todas as pinturas e
desenhos, desde os rabiscos de uma criança ao elegante e sofisticado traçado de
um arquiteto, podem revelar o mundo interior de seu autor. A presença ou ausência
do domínio consciente da gramática e da sintaxe da linguagem gráfica não impede a
revelação da vida psíquica do indivíduo (PINTO, 2014).
Em meio à pluralidade de testes projetivos, tem-se o TAT, o qual é um
instrumento psicológico projetivo, criado no ano de 1935, nos Estados Unidos, por
Henry A. Murray e Christina D. Morgan, mas, somente em 1943, foi publicado em
sua forma definitiva. O teste é utilizado para revelar impulsos, emoções,
sentimentos, complexos e conflitos da personalidade, evidenciando tendências que
o paciente pode não admitir por não ter consciência delas (PARADA; BARBIERI,
2011).
Esta pesquisa objetiva, através da aplicação das pranchas do TAT, analisar os
resultados de determinadas pranchas, quando aplicadas em sujeitos que tiveram um
rompimento recente do seu relacionamento, buscando identificar possíveis
diferenças e singularidades nos resultados obtidos, assim como já utilizada de
maneira similar por Dallagnol; Bordin Schmidt; De Lima Argimon (2014) e Lage
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(2004). Pontua-se que as pesquisadoras não visam aplicar o teste de Apercepção


temática, mas sim utilizar as pranchas presentes no teste como estímulo disparador
para os participantes.
Para alcançar esse objetivo, será feita a aplicação das pranchas: 1- o menino
e o violino (universal), 3 - masculina e feminina curvado/a sobre o divã, 4 - Mulher
que retém o homem (universal), 5 - a senhora na porta (universal), 6 - (masculina) O
filho que parte, 6 - (feminina) a mulher surpreendida, 10 - O abraço (universal), 13 -
(adultos) mulher na cama, 13 - (rapazes) menino sentado na soleira. A aplicação do
teste será realizada em sujeitos que terminaram seus relacionamentos em até seis
meses, tendo como finalidade coletar e identificar se existem singularidades
existentes nos resultados obtidos. Tal pesquisa se justifica devido à relevância do
seu tema para a comunidade científica, já que há pouca literatura a respeito do
tema, podendo, então, tal pesquisa ser uma importante fonte de recurso para a
obtenção de conhecimento e construção de outros estudos a respeito do assunto
abordado.
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2 TERMINOU, E AGORA, O QUE ACONTECE?

2.1 Por que o Término de um Relacionamento causa tanto Sofrimento?

Depois de sonhar tantos anos


De fazer tantos planos
De um futuro pra nós
Depois de tantos desenganos
.Nós nos abandonamos como tantos casais
)DEPOIS. Marisa Monte(

As relações amorosas são comuns na vida do indivíduo. Da Idade Antiga à


Idade Contemporânea, os relacionamentos tornaram-se alvo de discussão dos mais
variados campos do saber, mantendo a sua vitalidade e importância nas vidas das
pessoas (SCHLÖSSER; CAMARGO, 2014). Relacionar-se amorosamente é sempre
associado ao prazer de estar com outra pessoa, dividindo momentos e sentimentos
felizes; são raras as vezes em que se pensa a relação amorosa como algo ruim ou
fruto de sofrimento, afinal, como o próprio nome sugere, a relação tem como objetivo
produzir e trazer sentimentos de amor. Assim, tanto os homens quanto as mulheres
enxergam o relacionamento como fonte de realização afetiva e o seu parceiro como
responsável pela sua felicidade (FALCKE; ZORDAN, 2010).
Diante disso, ocorrem algumas frustrações durante as vivências dos fins dos
relacionamentos, já que, desde sempre, relatam que o amor deve ser para a vida
toda, durante a infância, nos contos de fadas, eternizam o romance, as
representações nas novelas, nos livros, filmes, nas músicas, o amor é colocado
como qualidade de vida, paixão e bem-estar, apenas pontos positivos são
destacados (SCHLÖSSER, 2014).
Entretanto, nem sempre os relacionamentos amorosos acontecem como são
narrados nas mídias e histórias contadas, já que nenhum relacionamento é eterno, e
nunca acaba por nada, às vezes, do nada, mas nunca por nada, e quase sempre
esse fim é precedido por brigas, mágoas, incompatibilidade de ideais,
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distanciamento afetivo, traição, dentre outros fatores. O rompimento das relações


amorosas causa grande sofrimento, acarretando um estado de luto. Os
relacionamentos podem ser vistos como proteção ou fator de risco, tendo relação
com a saúde e doença (SCHLÖSSER, 2014).
Quando uma relação chega ao fim, o indivíduo pode vir a ter a sensação de
que perdeu um pouco de si, isso causa sofrimento e faz com que a pessoa acabe
procurando estar perto do parceiro que se foi, seja ouvindo músicas que ele gostava
ou relembrando momentos vividos. Freud (1996) traz que o luto profundo, como
reação à perda de alguém que se ama, pode se resumir como um estado de espírito
intenso, provocando a desistência, momentânea ou não, de interesse pelo mundo
externo, e no distanciamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a
pensamentos sobre a pessoa amada. Não é possível estipular quanto tempo o
período de luto irá durar, também não é possível determinar o exato momento em
que o sujeito entra em luto efetivamente; outro fator relevante é que o tempo de
elaboração do luto pela separação pode ser maior do que aquele do luto por morte
(MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ, 2006).
Depois da concretização do término, e com o passar dos dias, pensamentos
depressivos costumam se manifestar, na maioria das vezes, acompanhados por
sentimentos de autodepreciação e baixa autoestima que se misturam,
principalmente, a depressão e autodesvalorização, raiva e hostilidade
(MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ, 2006). Esses pensamentos e sentimentos
podem ser parte do processo de luto vivenciado pelo sujeito. O desprezo da pessoa
amada também pode ser um mecanismo útil de vasta aplicação que permite o
sujeito suportar a decepção do término (KLEIN; RIVIÈRE, 1975). Até certo ponto, o
desapreço da pessoa a que se renunciou é quase inevitável, inclusive, quando o
sujeito se dá conta de que a pessoa, até então amada, foi idealizada de forma
equivocada (MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ, 2006).
Com o fim do relacionamento amoroso é esperado que se instale um
processo de luto, apesar de o conceito de luto está associado à morte, quando se
termina uma relação amorosa ou se perde algo amado, objeto ou não, estamos do
mesmo modo a falar de luto, todas estas situações são exemplos de perdas que o
sujeito passa ao longo de sua existência e necessita de tempo para superar
(RAMOS, 2016).
23

Existem distintas definições acerca do significado do luto, pois, cada pessoa o


vivencia de forma diferente, variando de acordo com a cultura, o meio em que está
inserida e o próprio contexto da perda, todas definições corroboram que o luto versa
um fenômeno natural, e acontece devido à perda de uma pessoa ou coisa
significativa, tratando-se de um processo singular, envolvendo diversas dimensões
do ser humano, e podendo variar de pessoa para pessoa, de momento para
momento (RAMOS, 2016).
O luto pode ser taxado como estando dentro dos parâmetros da normalidade
quando a pessoa enlutada consegue ultrapassar o processo de luto, através da
vivência e elaboração de seu sentimento, que costuma ser separado por “fases”. Na
primeira fase, o indivíduo lida com o sentimento de choque, descrença e negação, o
sujeito pode tentar negar ou não aceitar a ideia de que sua relação chegou ao fim. A
segunda fase é caracterizada por um período de desconforto somático e emocional,
e isolamento social, o indivíduo tende a se afastar do seu círculo social para lidar
com a sua perda; ainda nessa fase, são normais lágrimas, canções melancólicas e
romances melosos. Na derradeira fase, há um período de restabelecimento, quando
o sujeito consegue, de fato, superar o período de luto (RAMOS, 2016).
Contudo, sem a vivência e superação dessas fases, em um determinado
período de tempo, o luto, até então considerado um processo natural, pode se tornar
um luto não adaptativo ou luto patológico, o qual pode ser definido como a
intensificação do luto a um nível em que o sujeito se encontra destroçado, causando
alguns comportamentos disfuncionais diante da perda, como consequência, o
indivíduo tende a permanecer em uma única fase do processo de luto, o que
impossibilita a finalização do processo (RAMOS, 2016).
Outro fator que faz com que o término de um relacionamento cause tanto
sofrimento é a dependência emocional que o sujeito pode a vir desenvolver para
com o seu parceiro, definida por Moral Jiménez e Sirvent Ruiz (2008), como sendo
um padrão contínuo de necessidades afetivas insatisfeitas, que buscam ser
atendidas através de relacionamentos interpessoais tipificados por um apego
patológico. Tal fenômeno costuma ocorrer em relacionamentos interpessoais,
incluindo relações amorosas, familiares e de amizades, pois o sujeito dependente
deposita no outro a expectativa de preencher o vazio, buscando uma completude.
Bution e Wechsler (2016) afirmam que os mecanismos neurológicos
enredados nas relações amorosas utilizam as mesmas vias neurais que substâncias
24

psicoativas, ativando os sistemas de recompensa do cérebro, criando sintomas de


dependência similares, embora o uso do termo dependência, em geral, esteja ligado
ao uso de substâncias ou drogas psicoativas. A dependência emocional se
caracterizaria por comportamentos complementares que teriam como base os
relacionamentos interpessoais (SIRVENT, 2000).
Assim, é possível definir uma relação de dependência a partir de quatro
elementos: o motivacional, que se refere à precisão de suporte, orientação e
aprovação; o afetivo, que está relacionado à ansiedade sentida pelo indivíduo diante
de situações nas quais ele necessita agir independentemente; o comportamental,
que se refere à tendência de buscar ajuda de outros e de submissão em interações
interpessoais; e, por fim, o cognitivo, que remete à percepção do sujeito como
impotente e ineficaz (BUTION; WECHSLER, 2016).
Outros fatores que também podem favorecer o desenvolvimento da
dependência emocional estariam relacionados aos níveis de seleção filogenético e
cultural. O primeiro seria o componente neurobiológico, que explicaria a
dependência emocional a partir de uma fixação na superativação neuronal, que é
frequente no início de relacionamentos, o indivíduo precisaria dessa atividade
neuronal aumentada para se sentir confortável em seu relacionamento atual. O outro
fator seria o cultural, ligado, principalmente, à mídia, que retrata o amor como algo
idealizado, naturalizando comportamentos de obsessão e dependência exagerada
do objeto amado. Apesar da influência cultural no desenvolvimento e na manutenção
do fenômeno, a dependência emocional deve ser compreendida como um transtorno
multifatorial, sendo influenciada também por fatores neurológicos e psicológicos
(BUTION; WECHSLER, 2016).
A dependência emocional não costuma ser percebida em graus mais leves, o
que pode estar ligado ao fato de que a vida em sociedade é imediatista e
individualista a maioria das pessoas sente medo da solidão e de estar sozinho.
Quando um sujeito que é emocionalmente dependente do seu parceiro e se
encontra diante do término, este pode ter que lidar com pensamentos irracionais,
episódios depressivos, crises ansiosas, perda ou ganho de peso. Há, também,
muitos casos em que o indivíduo dependente sente a necessidade de engatar em
uma nova relação para preencher aquele vazio deixado pelo outro, mesmo que em
outro momento tenha amado imensamente o seu antigo parceiro (SANTOS, 2020).
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Quando o término chega, o sujeito é obrigado a lidar com o sentimento de


solidão, isso quase sempre causa sofrimento, principalmente, quando o indivíduo
evita estar só, pois, apesar de vivermos em uma sociedade individualista, nunca
estamos sós, uma vez que a solidão é vista na contemporaneidade como um mal a
ser evitado a todo custo. Estar só e estar isolado, separado do outro, são
considerados sinônimos, simultaneamente, a relação amorosa nos moldes
românticos é desejada como o grande bem, a meta de felicidade que ofusca todas
as outras, sendo usada para evitar a solidão (SÁ; MATTAR; RODRIGUES, 2006).
Não ter com quem compartilhar os momentos bons ou ruins, ou se ver obrigado a
ficar só nas datas de natal, passagem para ano novo, aniversários, domingos, pode
causar um efeito de solidão profunda em algumas pessoas (LIMA, 2013),
principalmente, para o sujeito que estava acostumado com a presença constante do
seu ex-parceiro, a solidão costuma ser sentida com maior intensidade para aqueles
que apresentam algum tipo de dependência emocional.
Com o fim da relação, o sujeito precisará lidar com mudanças em sua rotina,
seja evitar ir aos lugares que o seu ex-parceiro frequenta ou, até mesmo, mudar de
residência, e, para alguém que costumava dividir sua rotina com outra pessoa, isso
pode gerar muitos transtornos, principalmente, por ter que lidar com a solidão do
espaço, tanto físico, quanto emocional, deixado pelo outro. O sentimento de solidão
pode causar um efeito de vazio e mal-estar, fazendo com que o sujeito se sinta
desamparado, impotente, desiludido e rejeitado, além de saudade, abandono,
insegurança, ansiedade, desesperança, desespero, ressentimento,
incomunicabilidade e, até mesmo, depressão (LIMA, 2013).
A solidão é um sentimento comum após relacionamentos mal sucedidos, pois,
através dessa comoção do sujeito, a superação ocorre quando é compreendida a
importância do relacionamento interpessoal, ocorrendo a superação. Há a
possibilidade de que a solidão como vazio seja a causa de grande parte do
descontentamento e da sensação de falta de sentido que inunda as reportagens de
revistas, programas de entretenimento, consultórios psicológicos e enche as livrarias
com livros de autoajuda, com temas a exemplo de como encontrar alguém ao
desenvolvimento de intimidade nas relações interpessoais (DORNELAS, 2010).
O término de um relacionamento pode causar sofrimento, também, por
implicar no fim da idealização do ex-parceiro, se perpetua até a contemporaneidade,
principalmente, sobre influência da mídia, afinal, quem nunca sonhou em viver
26

aquele amor passado nos filmes e nas novelas, ou encontrar um amor tal qual
aqueles dos livros, viver aquela paixão avassaladora que os cantores trazem nas
letras de suas canções, um amor perfeito, que parece que o casal foi criado um para
o outro e, não importa o que aconteça, eles nunca irão se separar, toda a vida e
felicidade do casal estão depositadas no amor que um sente um pelo outro e na
relação perfeita de ambos. Esse tipo de idealização recebe o nome de amor
romântico, a felicidade prometida pelo ideal de amor romântico está no encontro da
sua outra metade e no encanto da paixão; amar preserva a ideia de amor como
sendo o centro da felicidade e mantém o sonho de viver uma relação de completude
e eternidade (TOLEDO, 2013). Porém, com o término da relação, esse ideal é
quebrado, causando sofrimento e angústia, a ideia de felicidade através do amor no
relacionamento influencia diretamente na intensidade da dor na separação.
A crença de que a relação amorosa, amar alguém é o único meio de
realização pessoal e afetiva, e de que é possível uma simbiose total entre dois
indivíduos. Achar a “outra metade” pode ser algo nocivo, Justi et al. (2020) trazem
que o amor cortês, retratado na figura do bom moço, que levava o lenço da mulher
amada, emergido no século XII, foi o impulsor do amor romântico. O amor
romântico, como construção social, é o resultado de inúmeros fatores que
contribuíram para sua concretização, Kestering (2017) cita que os romanos, os
primeiros padres da Igreja, os romances do século XIX e, até mesmo, a ciência,
todos eles contribuíram, de alguma forma, para o imaginário que se tem hoje sobre o
que é esse sentimento. A eclosão do amor romântico teve ligação com o fim do
matrimônio para fins lucrativos e alianças entre famílias, para a ideia de uma maior
liberdade proporcionada pelo casamento pela escolha individual, o amor romântico
possibilitaria a liberdade de escolher a pessoa por quem sentisse atração, desejo ou
semelhança (KESSLER, 2013).
A autora Kessler (2013) ainda estabelece uma relação entre amor romântico e
monogamia, no imaginário atual, uma das principais críticas a essa forma de
relacionamento, é que esse amor tão buscado e desejado é projetivo e irreal, dessa
forma, o amor romântico, inicialmente entendido como uma prática progressista e
libertadora, atualmente, possui características reacionárias, aprisionando os casais a
uma ideia de “completude” que, dificilmente, é encontrada em uma única pessoa. A
tribulação de encontrar, no presente, o chamado “amor romântico” parece ter gerado
uma obsessão constante, pela busca por um amor que não se sabe ao certo o que
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é, para que serve, mas que se deseja, na esperança de acabar com a insatisfação
pessoal e preencher suas carências. Essa busca por um parceiro torna-se algo
constante, em que, logo após o término de um relacionamento, rapidamente, outro é
iniciado (KESSLER, 2013).
Com o término desse tipo de relação fica o ressentimento, a dor e o ódio,
gerado pela constatação de que, ao ir embora, o parceiro frustrou essa expectativa
de complementação, os relacionamentos que envolvem o amor romântico, os
indivíduos projetam sua vida em torno do relacionamento vivido, tornando-se
sujeitos frágeis em caso de rompimento. Toledo (2013) aponta que, quando o sujeito
não consegue se adequar ao modelo de relacionamento apaixonado e feliz,
propagado pelo ideal de amor romântico, como sendo algo ao alcance de todos, ele
passa a ser visto pela sociedade, e também se percebendo, como alguém incapaz e
infeliz, mas nunca como produto de um ideal distante da realidade.
Assim, a idealização do encontro do amor ideal acaba por distanciar a
possibilidade real de encontrar uma relação saudável, pois a realidade nunca irá
corresponder à totalidade das expectativas fantasiadas. O amor fica, cada vez mais
circunscrito numa atmosfera nostálgica, em que se busca uma referência amorosa
que nunca fora vivenciada, e uma vez que esse sujeito consiga a tão sonhada união,
o convívio a dois, que implica tolerância com as imperfeições do outro, tende a não
durar, já que, só o relacionamento não é capaz de cumprir a promessa de felicidade
plena e contínua buscada pelo sujeito (TOLEDO, 2013).
Quando uma relação chega ao fim, não acaba apenas a relação, mas,
também, se encerra um futuro construído a dois, lidar com as lembranças e com a
idealização de um futuro que nunca irá acontecer. Em seu estudo, Lamela;
Figueiredo e Bastos (2010) afirmam que o fim de uma relação amorosa é o segundo
estressor que mais causa desestruturação na vida adulta, seguido pela morte do seu
companheiro. Grande parte dos estudos chegaram à conclusão de que pessoas
divorciadas sentem menor bem-estar psicológico, níveis de felicidade mais baixos e
maiores índices de sintomatologia psicológica, como depressão e ansiedade,
quando comparadas às pessoas que estão em uma relação (LAMELA;
FIGUEIREDO; BASTOS, 2010).
Contudo, esses transtornos e sofrimento podem acontecer, pois, ao decorrer
da construção e do fortalecimento de uma relação, o casal aumenta, às vezes, de
forma gradual, a procura e prestação de cuidados ao outro membro, o que pode se
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iniciar com prestação de cuidados imateriais, envolvendo dimensões instrumentais


e emocionais, porém, com o decorrer da relação e por conta da segurança
conquistada, os cuidados procurados pelo membro menos seguro tornam-se
essencialmente emocionais (LAMELA; FIGUEIREDO; BASTOS, 2010).
Com o encerramento da relação, os pares se veem desamparados, mesmo
que ambos levem a relação de maneira saudável, as respostas de cada sujeito ao
término de uma relação amorosa estão associadas à sua vinculação para com seu
par. Do ponto de vista teórico, as pessoas com um estilo de vinculação saudável
demonstram um conjunto de recursos pessoais e contextuais que lhes possibilitam
continuar a uma transição adaptativa a separação, enquanto sujeitos com vinculação
não saudável tendem a encarar a separação como algo perturbador, já que põe em
evidência os seus recursos insuficientes para lidar com este evento (LAMELA;
FIGUEIREDO; BASTOS, 2010).
Assim, cabe dizer que as separações são um fenômeno complexo, que
envolve tanto aspectos pessoais, como individuais e contextuais, que implicam
desde a família de origem de cada indivíduo até sua rede social e profissional, os
quais, por sua vez, são atravessados pelas crenças, ideologias, pelos sistemas
políticos e econômicos que caracterizam a cultura de determinada sociedade
(ZORDAN, 2010). E a depender desses diversos fatores, o término poderá causar
maior ou menor sofrimento nos sujeitos envolvidos.

2.2 Por que os términos se tornam tão comuns?

Ela falou que quer namorar, não dá


Pra esse tipo de relação eu não sou o cara certo
Mas se quiser ficar por ficar
Eu te prometo que meu corpo eu te empresto
Eu te prometo que meu corpo eu te empresto
Vamos combinar assim
Só liga pra mim
Fala quando quer que eu digo que também te quero
Se tá dando certo, não mexe pra dar errado.
(TE PROMETO. MC Don Juan)

As mudanças encontradas nos relacionamentos estão ligadas diretamente


aos papéis sexuais e às expectativas criadas em torno da relação, por conta disso,
29

novos modelos de relacionamentos começaram a surgir (GABRIEL et al., 2019).


Quem, em pleno século XXI, nunca ouviu falar em poliamor ou relacionamento
aberto? Cotta (2019) reafirma essas modificações e ressalta a necessidade de
refletir através do contexto cultural e sócio-histórico, para compreender as
transformações nas relações amorosas, é notório que a maneira como os sujeitos se
relacionam passou por alterações. Diante dessas transições, as relações
tornaram-se menos duradouras, as pessoas não possuem mais a mesma disposição
para resolver os problemas da união. O rompimento dos relacionamentos estão
cada vez mais comuns, a falta de paciência para tolerar os conflitos, a facilidade
para romper os vínculos, a normalização do rompimento amoroso e a idealização de
que terminar vai ser mais fácil que tentar uma reconciliação têm sido os grandes
pivôs das separações (SMEHA; OLIVEIRA, 2013). Outro ponto refere-se às
idealizações e à falta de diálogo, quando se está num compromisso sério, muitas
vezes, os pares acabam por depositar as suas expectativas e questões pessoais na
relação, afetando a individualidade do casal, ambos não se escutam, causando
problemas na união (ELISEU, 2017).
O diálogo é, sem dúvidas, de grande importância nas relações, através da
comunicabilidade, é possível a expressão de sentimentos, expectativas,
preocupações e interesses. A comunicação é crucial nas vivências dos seres
humanos, permitindo troca de informações e desejos, porém, a comunicação não
verbal entre casais pode gerar vários sentimentos que passam despercebidos e
influenciam o relacionamento de forma negativa, assim, a falta de comunicação é
um dos fatores causador dos términos (SMEHA; OLIVEIRA, 2013). A procura por
sucesso econômico e prazeres corporais afetam diretamente as relações amorosas,
as pessoas estão em buscas de acumular prazeres, fazendo com que os
relacionamentos se tornem desgastantes e insuportáveis (VIEIRA; STENGEL 2012).
No primeiro sinal de desavença ou quando a relação para de causar a sensação de
novidade, algo empolgante, quando o entusiasmo da paixão acaba, o indivíduo
“abandona o barco” ou em sentido denotativo, termina a relação. Por esses fatores,
há um maior número de casais se separando, devido a isso, as relações ficam cada
vez menos duráveis, na contemporaneidade, tanto os adultos, quanto os jovens
costumam estabelecer conexões de curta duração.
Os relacionamentos costumam durar apenas algumas horas, dias, semanas
ou meses (SMEHA; OLIVEIRA, 2013). Isso pode ser explicado devido à facilidade
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de encontrar parceiros, pois as redes sociais têm sido um grande aliado nessas
transformações, os aplicativos de namoro permitem que os sujeitos iniciem e
terminem seus relacionamentos virtualmente de maneira fácil e rápida, a exemplo de
acumular “match”, o que é considerado sinônimo de acumular amor. De acordo com
Bauman e Donskis (2014), a sociedade é líquida e nada foi feito para durar, os
indivíduos estão cada vez mais desapegados aos compromissos, devido à
possibilidade de manter relações sexuais com uma variedade de pessoas do seu
interesse, em consequência da facilidade de encontrar parceiros, possibilitando que
o sujeito escolha aquele que se adeque melhor aos seus ideais e interesses. Os
compromissos fixos não são levados a sério, as promessas tornam-se irrelevantes
(BAUMAN; DONSKIS, 2014). Fundamentado nisso, verifica-se que as pessoas se
tornaram colecionadoras de relacionamentos, da mesma forma que colecionam
medalhas, troféus e certificados, causando fragilidade nas relações, devido ao
impacto da pouca convivência, contribuindo para diversos sentimentos, a exemplo
da solidão, incerteza, tristeza e do desânimo (RAMOS, 2011).
Apesar de todo “acúmulo” de parceiros, os sujeitos sentem-se sozinhos e,
nessa solidão em que o indivíduo se encontra, ele tenta preencher com outras
pessoas para que, assim, se sintam completos. Baseado nesse pensamento de que
é incompleto, busca no outro aquilo que ele o imagina faltar. Seja confiança mútua,
diálogo sincero, respeito, fidelidade, ou apenas beleza física. Na esperança de
encontrar uma pessoa para manter um relacionamento, a qual corresponde
totalmente às suas expectativas, alguém idealizado que proporcione prazer e
felicidade, as vivências amorosas aparentam estar sustentadas na garantia dos
próprios interesses (SMEHA; OLIVEIRA, 2013). E nessa sensação de solidão, o
sujeito inicia um relacionamento sério colocando as suas expectativas, supondo que
essa seja a maneira de lidar com suas dificuldades e que nunca estarão sozinhos. A
procura por uma união e acreditando que esta trará segurança e será garantia de
solução para resolver seus problemas, as pessoas acabam ficando entre o poder
absoluto e a submissão, sufocando o seu companheiro ou si mesmo (BAUMAN;
DONSKIS, 2014).
É constatado um sentimento comum de incompletude entre as pessoas,
provocando discórdias nos vínculos afetivos, a procura por um cônjuge está em
grande maioria associada com necessidade de completude, assim, enxerga-se o
relacionamento como um escape de aflições e fragilidades, e essas expectativas se
31

tornam dolorosas, já que não se encontra o abrigo que tanto se anseia (BAUMAN;
DONSKIS, 2014). É válido ressaltar que a incompletude é uma emboscada para
iniciar um relacionamento como garantia de se sentir completo. O sujeito condenado
a viver numa eterna busca de completude e felicidade, ilusoriamente, acredita que o
objeto amado possui o que preenche a sua falta e apazigua momentaneamente o
seu desamparo, sem saber que está muito mal protegido contra o sofrimento,
principalmente, quando ama (BAYDOUN; MEDEIROS, 2012).
Poucos investimentos são depositados nos relacionamentos, superficialidade,
instabilidade e individualidade e um foco maior na vida profissional, tais
características influenciam diretamente na dinâmica das relações (SMEHA;
OLIVEIRA, 2013). Diante dessa falta de investimento, os convívios afetivos chegam
ao fim, pois, para se manter a relação, ambos precisam estar dispostos a solucionar
as complicações que ocorrem nesses elos. As pessoas estão sem capacidade para
resolver as problemáticas encontradas nas vinculações, gerando acomodação,
preguiça e tentativas de agradar o outro ao invés de resolver os problemas, além
disso, as opiniões definidas sobre determinadas coisas, como deveriam ser, como o
outro deveria agir, e quanto mais definidas essas opiniões, maiores a necessidade
de ser compreendido de forma excessiva (BAUMAN; DONSKIS, 2014). Outros
motivos que podem estar associados com a fragilidade dos laços referem-se ao
sexo, nos séculos passados, a prática sexual só poderia ser realizada dentro da
instituição do casamento, porém, ao longo dos anos, essas concepções foram
moldadas, tornando-se normal manter relações sexuais com vários parceiros, sem a
presença de qualquer vínculo emocional ou apego.
Essa facilidade do sexo pode ser explicada pelo acesso dos aplicativos de
namoro, pois encontrar seus parceiros se tornou muito mais fácil. Assim, com o
avanço da tecnologia, mais pessoas ficaram conectadas nas redes sociais e, apesar
dos grandes benefícios dessas conexões, os aplicativos têm sido uma ferramenta
não apenas de entretenimento, mas de conflitos entre os casais.

Um comentário, uma publicação, uma curtida quando feitos por alguém de


fora do relacionamento, podem ser interpretados como uma enorme
ameaça, surgindo discussões do tipo: “Quem é essa pessoa que curtiu sua
foto?”, “Por que você foi marcado nesta foto e/ou comentário?”, “Seus status
de relacionamento não está público por quê?”, são alguns exemplos de
frases que podem denotar o zelo/ciúme pelo (a) parceiro(a), bem como a
vontade de controlar algumas possibilidades de interação que envolvem o
ser amado. (CANEZIN; ALMEIDA, 2015, p.150)
32

Os ciúmes têm se tornado um grande vilão entre os casais, especialmente,


aqueles que o tratam como uma prova de amor. Esse zelo de forma exagerada vem
acompanhado de controle, comportamentos agressivos e atos violentos, porém,
camuflado e denominado como preocupação com o cônjuge (ALMEIDA;
LOURENÇO, 2011). Deste modo, enfatiza-se que tanto as redes sociais quanto os
ciúmes podem contribuir para o fim dos vínculos afetivos. São inúmeros os motivos
pelos quais os términos dos relacionamentos estão cada vez mais comuns. Nos
séculos passados, XIX e XVIII, os relacionamentos eram vistos como algo essencial,
garantindo uma posição na sociedade. Com as mudanças dessas idealizações,
ocorreram renovações nas relações amorosas. Dessa forma, os relacionamentos
têm se tornando um grande obstáculo, o que, para alguns, manter uma vivência
amorosa não é uma prioridade, é necessário se colocar em primeiro lugar e os
compromissos também, assim, a vida profissional é muito mais importante do que
manter uma união (SMEHA; OLIVEIRA, 2013).
Diante desses pareceres, identificam-se as alterações das preferências dos
sujeitos, colocando-o à realização profissional como enfoque essencial, à vista
disso, é necessário enfatizar que a dependência emocional também contribui para a
separação dos indivíduos. Eliseu (2017) afirma que um dos motivos que levam à
ruptura está ligado com a necessidade de pertencimento, os indivíduos confundem
amor com posse afetando diretamente a convivência do casal, pois esse
pertencimento contribui para a relação conflituosa e desgastante, ficando cada vez
mais difícil manter o convívio com seu parceiro (ELISEU, 2017).
A necessidade de pertencimento leva a pensar e problematizar a forma como
as pessoas enxergam as outras, como um objeto em que possui pertencimento e
validade. Sabe-se que os produtos possuem data de validade, assim, é possível
associá-los com os relacionamentos contemporâneos que parecem possuir uma
data de validade (COTTA, 2019). Essa curta durabilidade ocorre devido aos
confrontos dentro da intimidade dos casais e à falta de disposição para resolvê-los.
As relações na contemporaneidade possuem algumas características, sendo estas
de menor condescendência aos conflitos, pouca durabilidade e impassibilidade
(SMEHA; OLIVEIRA, 2013). Contudo, tem sido mais “fácil” terminar uma relação que
procurar resolver e lidar com os problemas presentes na vida a dois. Muitos querem
um relacionamento, porém, há uma contradição, pois, não sabem e não querem lidar
33

com as obrigações e os compromissos que essas relações oferecem. Existe uma


contraposição, mesmo querendo um relacionamento estável, também querem estar
livres com a liberdade de ir e vir (SAKATA; BRAZ; RIOS, 2017).
E nessa indecisão ocorrem as traições, na maioria das vezes, por parte do
homem. Essa situação pode ser explicada através da realidade sociocultural,
quando os homens sempre tiveram a liberdade de envolvimento com mais de uma
parceira, não sendo esse o único privilégio da classe masculina, já que vivemos em
uma sociedade patriarcal, cabe pontuar que, por sociedade patriarcal, entende-se,
uma relação civil e não simplesmente privada ao processo que concede direitos
sexuais, quase que de forma irrestrita, dos homens sobre as mulheres; um tipo
hierárquico de relação que está presente em todos os espaços da sociedade, além
de possuir uma base material que se solidifica em uma estrutura de poder baseada
na ideologia da violência (SAFFIOTI, 2015).
“[...] o poder é macho, branco e, de preferência, heterossexual” (SAFFIOTI,
2015, p. 33). Essa afirmação permite entender e refletir sobre a totalidade que
envolve as relações sociais entre homens e mulheres e, mais do que isso, nos
possibilita visualizar os elementos que estruturam nossa sociedade. A infidelidade
pode ter várias definições em diferentes culturas, porém, as semelhanças
encontradas na sociedade referem-se aos modelos diferentes entre mulheres e
homens, pois, os homens, desde sempre, tiveram a soberania de ficar com outras
companheiras, enquanto as mulheres, se cometessem adultério, poderiam acabar
assassinadas por seus parceiros em defesa de sua honra (SATTLER; TAVARES;
SILVA, 2017).
Em contraposição à influência do patriarcado na sociedade, surgiu o
movimento feminista, que reivindica igualdade de gênero. O movimento feminista no
Brasil, apesar de ter pouca visibilidade social, contribuiu de maneira fundamental
para a reversão de algumas das desigualdades de gênero no país, há uma relação
entre a história das lutas das mulheres e os processos de mudanças econômicas e
sociais que ocorreram no país (ÁVILA, 2017). O movimento feminista também
exerce um papel importante nas mudanças das dinâmicas nos relacionamentos.
Exposto isso, a partir dessas renovações, as mulheres começaram a perceber que
seu espaço e a sua capacidade iriam muito além do que apenas servir ao homem,
uma vez em que a visão sobre o divórcio fora modificada, principalmente, em
34

relação às mulheres. A culpa do divórcio era considerada sempre da mulher,


contribuindo para a perda de seus direitos (DIAS, 2011).
O divórcio mudou, dando mais abertura e liberdade para as mulheres na
decisão de prosseguir a separação. Verifica-se que a legislação, com a nova
realidade social, começou a ajustar as práticas de divórcio, sem que haja quaisquer
obstáculos jurídicos (DIAS, 2011). Com isso, os relacionamentos se tornaram menos
duradouros, sendo a facilidade de rompimento uma das causas, permitindo ao
sujeito casar hoje e separar amanhã. As transformações dos relacionamentos
ocorrem por diversos fatores, tanto pelos pares não possuírem paciência com os
conflitos quanto pela facilidade de encontrar novos parceiros, e também pela
possibilidade de sair de um relacionamento conflituoso sustentados pela submissão
sem medo dos julgamentos.
Para falar sobre os motivos que tornam o fim dos relacionamentos tão
comum, é preciso falar sobre as transformações ocorridas na sociedade, o indivíduo
moderno tem a autonomia de administrar a sua vida admirando a sua liberdade, as
transições ocorridas afetam diretamente na construção do indivíduo e modificam seu
pensamento sobre a construção de um relacionamento (BAUMAN, 2011). O olhar
em relação ao casamento também foi modificado, posto que era uma instituição que
visava lucros financeiros. O casamento deixou de visar apenas interesses
patrimoniais e econômicos, a partir daí entendeu-se que o matrimônio poderia trazer
novas perspectivas, sendo essas bem-estar e afeto (BUENO, 2020).
Os términos também podem estar associados à idealização do amor ou amor
romântico, onde o amor idealizado nunca corresponde ao amor da vida real.
Baseado nos contos de fadas, as pessoas idealizam um relacionamento perfeito, e
quando seu cônjuge não segue o roteiro previsto o amor se desfaz, é possível
observar tal fenômeno em referências culturais e musicais como é o caso da música
“de quem é a culpa?”, onde a cantora expressa de forma clara tal sentimento ao
recitar em sua canção “me apaixonei pelo que eu inventei de você” (MARÍLIA
MENDONÇA, 2017), a fantasia criada do amor ideal, a expectativa que o cônjuge
seja igual ao dos livros e novelas é claramente exposta. Compreende-se que o ideal
de amor romântico, eterno e verdadeiro está associado apenas ao casamento,
retirando a parte do felizes para sempre, ou seja, apenas para manter uma
estabilidade dentro do casamento (KESTERING, 2017).
35

Apesar de os ideais de amor romântico estarem presentes na cultura e no


imaginário da sociedade desde cedo, esse quadro vem se modificando, a respeito
disso, Kestering argumenta que:

Contudo, tanto Frozen, quanto Valente, representam uma quebra de


paradigma importante a esse respeito, pois eles mostraram que o amor
entre um homem e uma mulher não á o único que define e dá sentido à vida
de uma pessoa. Existem outras esferas que podem importar que, no caso
desses filmes especificamente, se trata da família. Quando analisamos
atentamente, percebemos que os dois filmes se tratam essencialmente a
respeito das relações familiares que foram rompidas ou danificadas. E mais,
eles trazem à tona um elemento constantemente ignorado nos demais
filmes da Disney: o relacionamento de amizade e carinho entre duas
mulheres (KESTERING, 2017, p. 146).

Existem várias outras questões que perpassam a relação e vão além do amor
romântico, é necessário separar a ficção e a idealização da realidade, é preciso falar
sobre o amor real, aquele que se constrói, nasce, cresce e se nutre com a
convivência diária, e assim como nasce, também morre, e pode ser uma das razões
dos relacionamentos chegarem ao fim, pois ao contrário dos contos de fadas, nem
todo amor é para sempre, com a convivência diária, as mudanças de objetivos de
vida, dentre outros milhares de fatores, o amor pode acabar, ausência do amor pode
estar correlacionado com todos os tópicos apresentados até aqui, muitos se
perguntam o que é o amor, como ele se constrói e como se mantém. Conforme
inquietações suscitadas, “O que é o amor? Como é sentido e expressado? [...]
pode-se afirmar que quando se trata de amor, assim como da complexidade
humana, não há fórmulas” (KESSLER, 2013, p. 364).

2.3 Os Impactos da Separação na Vida do Sujeito e Reações mais Comuns


frente ao Término de um Relacionamento

 
 E quando chega a noite e eu não consigo dormir
 Meu coração acelera e eu sozinha aqui
 Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão
)A NOITE, TIÊ(
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A palavra separação provém do Latim separare, composto por SE, “afastar” e


PARARE, “preparar previamente, tornar pronto, prover”, quer dizer “preparar à parte”
o dicionário Aurélio (HOLANDA, 2019) define separação como ato ou efeito de
separar-se, afastamento, apartamento, distância, rompimento da união matrimonial.
Qualquer união tem ante si a possibilidade da separação, porém, quando se trata de
uma união matrimonial, em que o casal tenha uma família constituída, a separação
não significa o fim, mas a transformação da família, apesar de a estrutura se alterar
com o fim do casamento, a família enquanto organização se mantém (CANO et al.,
2009). A separação não significa o fim da instituição familiar, ele significa o fim do
casamento, o rompimento do compromisso de amor e fidelidade entre marido e
mulher, proporcionando liberdade a ambas as partes para buscarem novos
relacionamentos.
Cano et al. (2009) consideram que a decisão por se separar é
multideterminada, podendo englobar diversos fatores e expectativas que se
reverberam em relação ao matrimônio, na maioria dos casos, o que se espera de um
casamento é vivenciado de maneira diferente pelos pares envolvidos, isso fica
evidente em algumas pesquisas Cano et al. (2009) trazem que a concepção de
casamento está relacionada com a formação de uma família, para os homens,
enquanto que para as mulheres o casamento é visto como uma relação amorosa.
Em média, no Brasil, os casamentos, sejam formalizados ou não, tem duração de
dez anos e meio, porém, essa média de duração apresentada não esclarece qual o
desvio padrão entre o menor e o maior tempo de duração do casamento (CANO et
al., 2009). A média de tempo da duração das relações pode afetar o impacto da
separação gerado nos sujeitos.
Com o relacionamento amoroso é esperado que ocorra a formação de uma
nova identidade para o casal, essa nova identidade vai se formando através da
convivência estabelecida entre os pares. Durante a separação, essa identidade
construída no decorrer do relacionamento vai se desfazendo, ocasionando uma
redefinição das identidades individuais do agora ex-casal (EVANGELISTA; SILVA,
2019).
Caruso (1989), um estudioso do tema, descreve a separação como uma das
mais dolorosas experiências pelas quais pode passar a espécie humana, um
processo complexo, vivido em diferentes etapas e em diferentes níveis, o autor
explica que estudar a separação amorosa significa estudar a presença da morte na
37

vida, pois na separação há uma sentença de morte recíproca, onde o “outro não
morre em vida, mas morre dentro de mim... e eu também morro na consciência do
outro” (CARUSO 1989, p. 20).
Quando um rompimento acontece, o humor, capacidade de concentração,
energia, saúde, dentre outras dimensões da vida, tendem a ser profundamente
afetadas, algumas alterações dos estados emotivo e psíquico também se mostram
presentes e constantes. Todos os âmbitos da vida são afetados, causando
dificuldades de concentração, alterações no humor, na saúde, no estado psíquico e
emocional (BRONINI et al., 2010). O que resulta na incapacidade e desânimo para
realizar trabalhos e atividades cotidianas, além da possibilidade do decaimento da
saúde do sujeito, podendo apresentar mudanças no peso, disfunção sexual, insônia,
irritabilidade, episódios depressivos, dentre outros sintomas. Para que o sujeito
recupere o seu equilíbrio emocional e existencial, é necessário um gasto de energia
psíquica, o que, por sua vez, provoca deterioração física e nervosa, como ocorre
durante um luto grave (BRONINI et al., 2010).
Com o fim do relacionamento, é comum que o sujeito revolucione sua vida
emocional, principalmente, quando o término ocorre de forma imprevisível, ou a
decisão por terminar parte do outro, sentimentos como raiva, insegurança, carência,
saudade, dor e desejo de vingança se misturam, durante esse momento, onde as
emoções estão à flor da pele, atitudes extremas são tomadas, alguns sujeitos se
expõem, esperneiam, suplicam pela retomada do vínculo, já outros se recolhem e
não conseguem expressar nenhuma reação diante do seu sofrimento (BRONINI et
al., 2010). Independente da reação, seja raiva, rancor, medo, choro, arrependimento
ou até mesmo o sentimento de liberdade e recomeço, é inevitável não sofrer com o
fim de um relacionamento amoroso, pois a separação não se trata somente do fim
de uma união física e material, mas do rompimento de vínculos emocionais e
afetivos, que foram construídos por momentos de amor, ódio, risos, tristezas, brigas
e reconciliações, quando uma relação amorosa chega ao fim não são apenas dois
corpos que deixam de se encontrar, mas também uma vida a dois que deixa de
existir.
A depender de quem é o responsável pelo final da relação, tipos de dores
diferentes são sentidas, apesar de ser uma situação ruim para ambos, aquele que
abandona tem a possibilidade de amenizar a sua dor por meio do impulso que o
levou a agir e o sentido de renovação. O que predomina, no início, é o alívio e
38

euforia, por se ver livre do outro, e essa sensação de alívio acaba por diminuir o
impacto da perda, o sentimento de novidade, a expectativa de mudanças, a
transição de um passado conhecido para um futuro sem previsões é algo
empolgante, afinal, agora ele está livre para viver um mundo de possibilidades
(BRONINI et al., 2010).
Porém, com o passar dos dias, a ausência do outro começa a ser sentida,
sentimento de culpa e tristeza costumam aparecer. Os bons momentos são
recordados, os sonhos desfeitos e a tristeza pelo que poderia ter sido, mas que não
foi possível manter, começa a ser sentida, nesses momentos o ódio e frieza surgem
para suavizar ou neutralizar os sentimentos de pesar e culpa, o sujeito passa a
tentar lembrar apenas dos aspectos ruins da relação, para assim anestesiar a dor de
lamentar o fim (BRONINI et al., 2010).
Costuma ter sofrimento mais intenso aquele que é tido como o abandonado, é
frustrante saber que o outro desistiu da relação, em meio ao ódio, ao ressentimento
e à dor, vem a tendência de difamar e rebaixar o ex-parceiro para se convencer de
que não perdeu grande coisa (BRONINI et al., 2010). Com o passar dos dias e
diante da constatação de que a decisão do outro é irreversível, surge a depressão,
em grande parte dos casos acompanhada pelos sentimentos de autodepreciação,
pena de si mesmo, baixa autoestima, assim como a vontade de querer ferir
emocionalmente, ou até mesmo fisicamente o ex-parceiro.
A depreciação da pessoa amada, segundo Klein (1996), pode ser um
mecanismo útil, de vasta aplicação, que permite ao sujeito suportar decepções, o
término da relação pode causar diversos sofrimentos, o sujeito muitas vezes não
sabe como enfrentar a perda, aceitar o fim é uma tarefa complicada e atacar o ex
com palavras pode ser uma das maneiras que o sujeito encontra para amenizar o
sofrimento. Diante do ódio, dor, ressentimento, o sujeito começa a difamar seu
ex-companheiro, para tentar se convencer de que não perdeu nada, pois com o
pensamento que o outro é insignificante será mais fácil esquecê-lo (MARCONDES;
TRIERWEILER; CRUZ, 2006).
Apesar desses sentimentos e atitudes diante do abandono serem frequentes,
existem aqueles que diante da separação ficam incapazes, temporariamente, de
sentir, outra situação que também pode acontecer é o isolamento como forma de
alcançar a sensação de paz e de alívio, porém, com o passar do tempo as emoções
que mantêm o sujeito impossibilitado de reagir vão sendo reelaboradas e vividas de
39

maneira mais direta e menos dilacerante (MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ


2006).
A baixa autoestima aparece depois do insucesso no relacionamento (VIEIRA;
STENGEL, 2012). A autoestima é afetada de maneiras diferentes, o sentimento de
inferioridade se faz presente quando o sujeito tem interesse em reatar a relação,
mas seu ex-parceiro não aceita, a dor sentida contribui para um pensamento de
inferioridade. A falta de amor próprio refere-se ao sentimento de insatisfação e
desvalorização, visto que a ausência de sucesso no relacionamento permite que o
sujeito crie diversas crenças, causando ainda mais angústia. O insucesso amoroso,
além da baixa autoestima, também causa sentimento de culpa (VIEIRA; STENGEL,
2012), na vivência da separação o indivíduo sente-se culpado pelo término e procura
motivos para justificar as causas que levaram ao rompimento e essas tentativas de
encontrar uma explicação aumenta ainda mais a sua aflição.

De modo que, se foi feito algo de errado, logo é possível corrigir. Nesse
processo, vários desejos incidem sobre o sujeito: identificar o problema que
culminou para o término; posteriormente nomear o culpado(a) para que seja
responsabilizado, e, por fim, dedicar-se a corrigir o que julga ter sido o
motivo para ter culminado no término do vínculo, com a esperança que haja
a reconciliação (GOMES, 2020, p. 36). 

A expectativa de que haja reconciliação causa frustrações e comportamentos


de esquiva, sendo presentes entre aqueles que têm a esperança de restabelecer o
relacionamento, acreditando que evitar alguns ambientes mostra ao ex que não está
bem. Alguns evitam sair com amigos ou tirar fotos para que o seu ex-cônjuge não
veja, considerando que isso pode evitar reatar a união, geralmente costumam
boicotar as suas relações sociais, criando fantasia de um possível retorno do
namoro e sentem-se impotentes (VIEIRA; STENGEL, 2012). Além disso, inúmeras
sensações fazem-se presentes, contribuindo para o sofrimento em que se
encontram. A tristeza, medo, solidão, desprezo pelo ex-cônjuge, decepção, choro,
raiva, mágoa são sentimentos predominantes (BIELSK; ZORDAN, 2014). Esses
sentimentos não se aplicam a todos, aqueles que desejaram a separação podem,
muitas vezes, sentir-se aliviados. Para quem deseja o rompimento, o que
predomina, de início, é o alívio, às vezes, a euforia, por se ver livre do peso e da
tensão da situação infeliz, a sensação de alívio amortece o impacto (MARCONDES;
TRIERWEILER; CRUZ, 2006).
40

Tanto o ciúme quanto o sentimento de posse em relação ao outro pode surgir,


especialmente, quando se perde todos os direitos: se antes havia a ideia de “direito
de amor exclusivo" sobre uma pessoa, com a separação surge uma profunda
sensação de frustração e impotência (BRONINI et al., 2010). É possível associar
com um trecho de uma música sertaneja, Recaídas, de Henrique e Juliano: “Às
vezes eu queria ter o poder de poder, te apagar da memória [...], Mas toda vez que
eu me lembro de nós dois meus corações sempre chora, e é sempre a mesma
história”. Diante desse trecho observam-se as lembranças presentes da pessoa
amada e a dificuldade de lidar com essas memórias. Observa-se que quanto mais
forte e afetuosa for a lembrança, mas intensos serão os sentimentos referentes às
memórias, causando solidão e angústia da ausência (GOMES, 2020).
Terminar um relacionamento pode ser terrivelmente doloroso, desgastante e
assustador, é um momento de solidão e questionamentos, quando o relacionamento
acaba não é apenas a perda da pessoa, mas das histórias que construíram dos
planos que ficaram para trás, é lamentar por tudo que viveu e por tudo que poderiam
viver juntos e, diante disso, muitos sentimentos podem aparecer, tendo como
exemplo o enjeitamento. É comum que alguns indivíduos, após o fim do
relacionamento, sintam-se rejeitados, recusados e abandonados (GOMES, 2020).
Vale ressaltar que no momento de perda do relacionamento, vários sentimentos
negativos predominam na vida do sujeito, o que afeta diretamente em todos os
aspectos da vida, já que o emocional acaba por afetar todos os âmbitos da vida do
sujeito, que quando não está bem psicologicamente, outros campos da vida são
afetados.
Controlar a tristeza não é fácil, principalmente quando esses indivíduos
sentem que o seu mundo caiu, perdidos na desesperança, encontrar pontos
positivos e motivos para seguir pode ser algo difícil. Às vezes a tristeza sentida faz
com que o sujeito pense que não irá suportar, mas esse sentimento só acontece
porque uma relação foi construída, sentimentos foram vividos em relação um ao
outro (GOMES, 2020). O fim do relacionamento se torna doloroso, pois vem
acompanhado de diversos sentimentos e emoções encaradas de forma negativa.
Dessa forma, a tomada de decisão inconversível pode causar sensação de
desabono, pena de si e depressão (MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ, 2006).
A utilização das redes sociais é uma ferramenta bastante utilizada após a
separação, sendo usada com diferentes objetivos, demonstrar que está bem ou
41

acompanhar a vida do ex. As pessoas fazem o uso dos aplicativos, podendo ser útil
na sua experiência, porém, em alguns casos, o sujeito usa para se distrair,
preencher o vazio, ou para stalkear seu ex-companheiro, a procura de informações
na tentativa de elaborar o luto do relacionamento, vendo que a outra pessoa está
ativa (GOMES, 2020).
Com isso, é de suma importância enfatizar as contribuições deste capítulo
com o objetivo desse trabalho, que busca identificar padrões semelhantes entre
pessoas após término de relacionamento. Todos esses sentimentos citados são
causados devido ao luto em que a pessoa se encontra, o luto não está relacionado
apenas à morte, perder um relacionamento, uma rotina, planos e sonhos causam
diversos impactos, e lidar com a dor se torna uma tarefa demasiadamente triste e
cansativa. A experiência de um término de relacionamento é, sem dúvidas, uma
vivência devastadora, o que era colorido tornou-se preto e branco. O rompimento da
relação é considerado como um luto, visto que o rompimento desse vínculo causa
um sofrimento devastador, assim, é a experiência do luto, os momentos de alegrias
se ausentam, porém, é necessário vivenciar esse momento. É fundamental que se
viva o luto, e essencial reconhecer a perda do objeto, sentir seu sofrimento, dessa
forma, será possível a elaboração do luto (ROSA; VALENTE; OLIVEIRA, 2013).
Vivenciar a elaboração do luto é angustiante, o sujeito sente-se perdido em
meio à tristeza e incerteza do futuro, uma vez em que os planos foram modificados e
se torna difícil imaginar como será o futuro sem a pessoa amada, já que há
mudança, a passagem de um passado conhecido para um futuro sem previsões
(MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ 2006).
A vida continua, depois de todos acontecimentos considerados difíceis, é
possível mudar, superar e ressignificar. Bronini et al. (2010) afirmam que o término
de um relacionamento amoroso é uma situação vivenciada pela maioria dos
indivíduos na sua vida adulta. Diante do caos em que a vida se encontra, muitos
caminhos não são enxergados, e vários questionamentos surgem em relação ao
futuro, no entanto, tudo passa e se transforma, é claro que não será de um dia para
o outro, não é fácil superar alguém, mas é necessário aceitar a dor e a partida do
outro, esse não é o fim, mesmo que pareça ser. É imprescindível que o sujeito
reconheça a sua perda e sua dor para que, assim, possa elaborar o luto (ROSA;
VALENTE; OLIVEIRA, 2013).
42

A psicologia é muito importante frente à vivência da separação, já que ajuda o


indivíduo a lidar com o rompimento, seja através da psicoterapia ou através de
estudos sobre o fenômeno, para que assim possa buscar arcabouço teórico para
ajudar o sujeito a lidar da melhor maneira possível com a situação. É essencial
recomeçar, conceder o processo de mudança e entender que as dores irão passar
(ANDRADE, 2009). Ressignificar-se é crucial para dar espaço ao novo, essas
transformações não são fáceis, mas é preciso. Depois do fim da união, o
considerado saudável é dar seguimento à vida, trabalho, estudos, relacionamentos,
investir em novos projetos e cuidar de si (ENÉAS, 2020).

3 MÉTODO

3.1 Teste de Apercepção Temática

O TAT é formado por 31 pranchas, com diferentes temáticas, representando


situações humanas “comuns”. Essas pranchas possibilitam uma certa “distância
psicológica” para favorecer a projeção de desejos e tensões da pessoa que está
sendo testada, sem que essa distância seja tão acentuada e inviabilize a
identificação com o personagem, o objetivo do teste refere-se à avaliação do grau de
percepção da realidade do paciente (MURRAY; BERNSTEIN, 2005).
Para a realização dessa pesquisa, fez-se necessária a utilização do Teste de
Apercepção Temática (TAT), este foi aplicado em apenas uma sessão ao invés de
três, como é feito tradicionalmente. Isso acontece, tanto pelas quantidades de
pranchas que serão aplicadas, quanto pelo fato de se está aplicando o TAT para fins
43

de pesquisa, não se pretendendo ter uma leitura do sujeito de forma total, mas sim
observar quais traços são eliciados pelas pranchas, que têm como objetivo evocar
temas relacionados às relações interpessoais. Foram selecionadas 8 pranchas para
pessoas do sexo masculino e 7 pranchas para pessoas do sexo feminino, foram
aplicadas mais pranchas em pessoas do sexo masculino devido às dificuldades que
estes apresentam para se expressar. O sistema de pontuação presente no teste não
é levado em consideração, já que o objetivo da pesquisa não é avaliar os
participantes individualmente.
Para aplicação do teste, o aplicador, apresentou cartões ao sujeito e solicitou
que este lhe contasse histórias, inventadas e sem premeditação, sobre as imagens
presentes nos cartões. A capacidade das histórias revelarem componentes
significativos da personalidade depende do predomínio de duas tendências
psicológicas: a inclinação para interpretar uma situação humana ambígua em
conformidade com as experiências passadas, e a tendência daqueles que contam
histórias para proceder de modo semelhante (MURRAY; BERNSTEIN, 2005).
O teste de apercepção temática (TAT) caracteriza-se como instrumento
utilizados na prática do psicólogo, podendo prover importantes informações para a
elaboração de um diagnóstico quando do processo de avaliação. Para os testes
serem úteis e eficientes, eles devem passar por estudos que comprovem sua
efetividade, ademais, devem atender determinadas especificações que garantam
reconhecimento e credibilidade por parte da comunidade científica e de leigos
(NORONHA; VENDRAMINI, 2003).
O TAT, assim como os demais testes psicológicos, são instrumentos
exclusivos do psicólogo, a psicologia dispõe de um Código de Ética Profissional do
Psicólogo, que orienta o profissional a respeito da amplitude das possibilidades e
das responsabilidades de sua atuação, inclusive no que diz respeito à prática de
avaliação, as pesquisadoras, por ainda não terem concluído a graduação em
psicologia, foram supervisionadas e orientadas durante todo o processo de pesquisa
por uma psicóloga formada e apta para a função. O objetivo da aplicação do TAT no
presente estudo é identificar semelhanças ou diferenças nos resultados obtidos após
a aplicação do teste.
Para ajudar pessoas em fim de relacionamentos, a psicologia decidiu
pesquisar e estudar as reações e efeitos desse fenômeno na vida do ser humano, os
métodos projetivos têm sido de grande valor nesse processo (PINTO, 2014), apesar
44

de na utilização de métodos projetivos para o estudo dos relacionamentos amorosos


não haver registros do uso do TAT, em específico, para este fim, sendo, então, essa
uma pesquisa inovadora. A maioria dos métodos projetivos são vantajosos pelo fato
de se tratarem de recursos que servem tanto como instrumentos de diagnóstico,
como também podem ser usados como material terapêutico (PINTO, 2014).
O TAT costuma ser utilizado para revelar impulsos, emoções, sentimentos,
complexos e conflitos da personalidade, evidenciando tendências que o paciente
não pode admitir por não ter consciência delas (PARADA; BARBIERI, 2011). E, por
isso, é de grande utilidade para pesquisar o tema proposto e, assim, obter materiais
para ajudar os sujeitos a lidarem melhor com os fins de seus relacionamentos.
Destacando que a pesquisa não tem o objetivo de aplicar e corrigir o TAT de forma
tradicional, mas sim de utilizar as pranchas do teste para servir como estímulo
disparador acerca do tema tratado.

3.2 Participantes

A pesquisa conta com, no mínimo, 5 e, no máximo, 10 participantes, homens


e mulheres maiores de 18 anos, que terminaram seus relacionamentos, em até seis
meses. O período de tempo justifica-se pelo fato de o período de seis meses ser
considerado o período de um luto normal. Porém, cabe esclarecer que o DSM-V
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) afirma que o período de
tempo considerado “normal” varia de acordo com a cultura e a sociedade em que o
sujeito está inserido. Os participantes foram selecionados a partir da amostragem
bola de neve, que se caracteriza por ser um tipo de amostragem não probabilística,
costuma ser usada quando os participantes são difíceis de encontrar, ou quando a
amostra é limitada a um subgrupo muito pequeno da população. Nessa
amostragem, os participantes da pesquisa indicam outros participantes em potencial
para um teste ou estudo, o método de amostragem bola de neve é baseado em
referências de sujeitos iniciais para gerar assuntos adicionais, daí o nome “bola de
neve” (OLIVEIRA, 2011).
45

3.3 Procedimentos

Devido à situação pandêmica em que o mundo se encontra atualmente e para


garantia da segurança dos participantes, a pesquisa foi de forma remota, via
plataforma Meet. As aplicadoras entraram em contato com os participantes através
de mensagens via WhatsApp, para marcar o dia e horário da aplicação do teste,
junto com o agendamento da data também foi enviado o termo de esclarecimento e
consentimento livre e esclarecido, para que fosse assinado pelos participantes.
foram passadas orientações em relação ao local e solicitado que o participante, na
hora da aplicação do teste, procurasse estar em um local calmo e confortável, para
que nenhum estímulo externo atrapalhasse ou prejudicasse a sua realização.
No dia da testagem foi realizada uma entrevista semiestruturada para colher
dados sociodemográficos dos participantes. Logo em seguida foi dada início a
aplicação das pranchas, o procedimento consistiu na apresentação de cartões aos
sujeitos e uma solicitação do examinador para que contassem estórias inventadas e
sem premeditação sobre eles (PARADA; BARBIERI, 2011).
A análise e interpretação das histórias incidem sobre o texto das narrações do
examinando, anotadas na ordem de apresentação dos cartões. A capacidade de as
histórias revelarem componentes significativos da personalidade depende do
predomínio de duas tendências psicológicas: a inclinação para interpretar uma
situação humana ambígua em conformidade com as experiências passadas, e a
tendência daqueles que contam estórias para proceder de modo semelhante
(MURRAY; BERNSTEIN, 2005).
As pranchas utilizadas no presente estudo foram: 1- O menino e o violino
(universal), sobre a qual afirmam Murray e Bernstein (2005) ser a primeira prancha a
ser aplicada, e apesar de não demonstrar nenhuma situação ameaçadora, evoca a
relação que o paciente tem com figuras que lhe representem autoridade, e atitude
frente ao dever. 3 – (masculina e feminina) Curvado/a sobre o divã, essa prancha se
caracteriza como um estímulo de grande carga dramática, a qual evoca sentimentos
como tristeza, abandono, desespero, depressão e suicídio (MURRAY; BERNSTEIN,
2005). 4 - Mulher que retém o homem (universal), evoca sentimentos de conflitos
nas relações heterossexuais, 5 - A senhora na porta (universal), pode evocar a
imagem materna ou da esposa, 6 - (masculina) O filho que parte, traz sentimentos
46

relacionados à figura materna, dependência-independência, abandono-culpa. 6 –


(feminina) A mulher surpreendida, evoca relações com a figura paterna, 10 - O
abraço (universal), essa prancha evoca conflitos do casal e atitudes frente a
separação, 13 - (adultos) Mulher na cama, evoca atitudes dos indivíduos frente ás
mulheres e ao sexo, e, mais raramente, costuma evocar sentimento de culpa e
atitudes frente ao alcoolismo, 13 - (rapazes) Menino sentado na soleira, evoca
carência, solidão, abandono e expectativas (MURRAY; BERNSTEIN, 2005).
A primeira foi a 1- O menino e o violino (universal), sobre a qual afirmam
Murray e Bernstein (2005) ser a primeira prancha a ser aplicada, e apesar de não
demonstrar nenhuma situação ameaçadora, evoca a relação que o paciente tem
com figuras que lhe representem autoridade e atitude frente ao dever, essa prancha
foi aplicada não só devido a uma questão de praxe, já que por tradição ela é a
primeira a ser aplicada em todos os testes, mas também devido ao fato de a figura
presente na prancha não demonstrar nenhuma situação ameaçadora, fazendo com
que o sujeito testado se sinta relaxado diante da aplicação do teste, outra
justificativa para a escolha da prancha em questão seria verificar como os sujeitos
lidam em relação a figuras de autoridades, supondo-se que devido ao término
recente os sujeitos possam demonstrar dominância e indução.
A segunda prancha aplicada foi a 4 - Mulher que retém o homem (universal),
que evoca sentimentos de conflitos nas relações heterossexuais, essa prancha foi
aplicada estrategicamente para preparar o sujeito para próxima prancha, também é
esperado encontrar nessa prancha pressões ambientais do tipo: abandono e traição,
decepção, além da presença de agressão emocional e verbal. A terceira prancha, 3
– (masculina e feminina) Curvado/a sobre o divã, que se caracteriza como um
estímulo de grande carga dramática, o qual evoca sentimentos como tristeza,
abandono, desespero, depressão e suicídio (MURRAY; BERNSTEIN, 2005),
espera-se uma forte expressão dos sentimentos evocados pela imagem, é possível
que sentimentos de abandono e desespero se mostrem marcantes nas estórias
narradas pelos participantes, por ser uma prancha com grande carga dramática, é
esperado que os participantes fiquem incomodados e emocionados.
10 - O abraço (universal) foi a quarta prancha a ser aplicada, essa prancha
evoca conflitos do casal e atitudes frente à separação, é esperado que com essa
prancha, e com a sequência de pranchas quem vêm sendo apresentadas, que o
sujeito entre cada vez mais em questões relacionadas a relações amorosas mal
47

sucedidas. A quinta prancha apresentada foi a 13 - (adultos) Mulher na cama, evoca


atitudes dos indivíduos frente às mulheres e ao sexo, e mais raramente costuma
evocar sentimento de culpa e atitudes frente ao alcoolismo.
A sexta prancha, 5 - A senhora na porta (universal), pode evocar a imagem
materna ou da esposa, essa prancha foi colocada estrategicamente, com ela não se
pretende a evocação de sentimentos fortes, mas sim causar um alívio da carga
emocional causada pelas pranchas anteriores.
A sétima e oitava pranchas serão para os participantes masculinos, a 6 -
(masculina) O filho que parte, traz sentimentos relacionados à figura materna,
dependência-independência, abandono-culpa; para a participantes femininas,
6-(feminina) A mulher surpreendida, evoca relações com a figura paterna, é
esperado com essa prancha a evocação de sentimentos fortes, estórias com enredo
de abandono e desesperança e traição. A nona prancha, 13 - (rapazes) Menino
sentado na soleira, evoca carência, solidão, abandono e expectativas (MURRAY;
BERNSTEIN, 2005), espera-se dessa prancha uma grande carga dramática.

3.4 Análise de Dados

Os testes foram corrigidos de acordo com aquilo que foi preconizado por
Murray, o autor centraliza a interpretação dos testes no herói principal como
catalisador das projeções do sujeito, os traços do herói correspondem à imagem,
real ou ideal, que o sujeito tem ou acredita ter de si. O herói seria o centro das
projeções do sujeito, segundo a linha interpretativa de Murray e Bernstein (2005). A
idade do herói irá informar se o sujeito se percebe como jovem, criança, homem,
maduro ou velho, o sexo diz sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou
com o sexo oposto. A personalidade do herói, atitudes, sentimentos, conduta, traços,
dentre outras características, traduzem as qualidades que o sujeito possui ou deseja
possuir, já a aparência física se relaciona com os interesses do sujeito, sua imagem
corporal, seu ideal físico, sobretudo, se trata de figuras ambíguas.
Ainda de acordo com aquilo que preconizam Murray e Bernstein (2005), se a
estória possuir uma multiplicidade de heróis pode indicar deslocamento da
identificação do sujeito e revelar importantes fases, aspectos contraditórios, ou uma
48

dissociação mais ou menos forte da personalidade do sujeito. Pontua-se que, na


maioria das vezes, o herói principal é personagem em quem o narrador está mais
interessado, é comum que o narrador da história acabe por adotar o ponto de vista
do herói.
Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes “pontos”, pode haver uma
sequência de protagonistas, dois impulsos podem ser representados por dois
protagonistas, o conflito seria então mais intenso do que se os dois impulsos
estivessem representados num só protagonista. Também pode haver numerosos
protagonistas parciais, o personagem principal pode ser simplesmente um elemento
do meio ambiente do sujeito e não alguém com quem ele se identifica, o
protagonista estaria num personagem secundário (MURRAY; BERNSTEIN, 2005).
As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os relacionamentos
interpessoais do sujeito. Além disso, é importante levar em consideração o modo do
sujeito se relacionar com o examinador durante a testagem e suas atitudes frente a
diferentes tipos de pessoas. Logo após a correção, os dados foram cruzados, e foi
observado se existiam singularidades nos resultados obtidos.

3.5 Aspectos Éticos

O trabalho foi submetido ao comitê de ética e aguardou aprovação. Devido às


demandas da pandemia e à priorização de pesquisas que estivessem diretamente
relacionadas às questões relativas a ela e ao covid19, ocorreu uma demora maior
para a aprovação de projetos como o que aqui apresentamos por aquele comitê. A
despeito disso e diante do pouco tempo que dispomos, por se tratar esse trabalho
de uma monografia de conclusão de curso, optamos pela continuidade da nossa
pesquisa, garantindo o cumprimento dos preceitos éticos a partir da boa aplicação
dos testes, seguindo o cumprimento das orientações que sustentam o seu uso, o
sigilo das informações pessoais dos nossos participantes e a sua voluntariedade,
conforme a assinatura por todos eles de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), a partir do qual todos estavam de acordo com a realização da
pesquisa proposta e dos seus objetivos.
49

4 RELATOS DE CORAÇÕES PARTIDOS (MARCO TEÓRICO)

4.1 Características da Amostragem e Dados sobre a Aplicação dos Testes

Para esta pesquisa foram entrevistadas e testadas cinco pessoas, por se


tratar de uma pesquisa qualitativa, procurou-se uma amostragem variada, sendo
entrevistados 2 sujeitos do sexo feminino e 3 sujeitos do sexo masculino com idades
entre 19 e 47 anos que terminaram seus relacionamentos entre um e seis meses. As
50

pessoas testadas são das cidades de Uauá (BA), Euclides da Cunha (BA), Canindé
de São Francisco (SE) e Coronel João Sá (BA).
As entrevistas foram realizadas no período da noite, entre os dias 11/06 e
16/06, tanto as datas quanto os horários foram estabelecidas pelos participantes,
sobre alegação de ser o momento mais calmo do seu dia. As aplicações do
questionário tiveram duração mínima de 12 minutos e máxima de 20 minutos, já a
aplicação do TAT teve duração mínima de 50 minutos e máxima de uma hora e
meia. Foram testados sujeitos de diferentes níveis de escolaridade, desde pessoas
com ensino médio incompleto a pessoas com nível superior, tanto completo quanto
incompleto.
Para aplicação dos testes, as pesquisadoras entraram na plataforma Meet
com antecedência, para testagem da qualidade da conexão e garantia da
visibilidade das pranchas aplicadas, os links das salas on-line foram enviados 5
minutos antes da hora marcada para aplicação do teste. Assim que os entrevistados
adentravam na sala as pesquisadoras se apresentavam, buscando estabelecer uma
relação de confiança com os participantes, logo em seguida, as perguntas presentes
no questionário eram feitas por apenas uma das pesquisadoras, enquanto a outra
anotava as respostas, depois das perguntas feitas, as pesquisadoras explicavam
como funcionaria a aplicação, dando instruções claras a respeito do teste e
esclarecendo possíveis dúvidas dos entrevistados, os testes só foram iniciados
depois que os participantes afirmaram estarem prontos e esclarecidos a respeito do
mesmo.
As entrevistas e as aplicações dos testes foram realizadas através da
plataforma on-line Meet, no geral, não se apresentou grandes problemas ou
dificuldades relacionadas à conexão, no entanto, a terceira entrevista apresentou
dificuldades no áudio, sendo necessário uma breve interrupção durante a aplicação
do questionário, esse foi o único empecilho encontrado, ademais, durante a
aplicação das pranchas nenhum problema foi encontrado, não interferindo nos
resultados. No geral, os sujeitos não apresentaram dificuldades ou inibições para
narrar as histórias ou responder ao questionário, no entanto, alguns se
demonstraram incomodados durante a narração de algumas pranchas, devido às
imagens apresentadas, todas as pranchas foram interpretadas, e apenas um dos
participantes não conseguiu interpretar uma das pranchas, a prancha 5 - Mulher na
51

porta, demonstrando incômodo e tristeza em relação à imagem presente na


prancha, não conseguindo narrar nenhuma história sobre a imagem.

4.2 Análise e Discussão dos Resultados Obtidos

Tratando dos resultados obtidos nos questionários aplicados, constatou-se


que apenas um dos entrevistados afirmou ter tido um fim de relacionamento
tranquilo, enquanto os outros 4 afirmaram que o fim da sua relação foi conturbado.
Todos os participantes afirmaram que durante o dia da aplicação do teste estavam
em um bom dia, ou, em um dia agradável. E apenas um dos participantes procurou
ajuda psicológica depois do fim do seu relacionamento.
Após aplicação e correção do TAT, foram analisados os traços apresentados
tanto nas motivações, quanto nas forças do ambiente do herói. É necessário
esclarecer que traços ou atitudes são ações, estados sentimentais e impulsos,
narrados pelos participantes diante das pranchas apresentadas. A motivação do
herói diz respeito aos motivos, necessidades, inclinações e sentimentos do herói, já
as forças do ambiente do herói dizem a forma como o sujeito interpreta o seu meio.
Depois de feita as correções das pranchas aplicadas, foram obtidos os
seguintes resultados; na prancha 1 - O menino e o violino, que foi a primeira ser
aplicada, com objetivo de que o sujeito testado se sentisse relaxado diante da
aplicação do teste e verificar como ele lida em relação a figuras de autoridades. A
hipótese inicial era que que devido ao término recente, os indivíduos pudessem
apresentar traços de dominância e indução, já que, com o fim do relacionamento, o
sujeito sofre uma queda na autoestima, fazendo com que procure consolo em uma
figura de autoridade, foi possível verificar que apenas 1 dos participantes apresentou
os traços esperados pelas pesquisadoras, 3 dos 5 participantes apresentaram traços
de realização, 3 dos 5 dos participantes apresentaram traços de abatimento, 3 dos 5
participantes apresentaram traços de instabilidade emocional, 2 dos 5 participantes
apresentaram traços de degradação, 2 dos 5 participantes apresentaram traços de
conflitos, 2 dos 5 participantes apresentaram traços de passividade e autoagressão.
Quando tratado das forças do ambiente do herói, foi observado que apenas três
participantes conseguiram contar histórias que projetassem traços a respeito, 1 de 5
52

participantes apresentou traços de afiliação, 1 de 5 apresentou traços de falta/perda


e 1 de 5 apresentou traços de dominância, enquanto os outros 2 participantes
demonstraram uma pobreza imaginária sobre o ambiente em que herói se
encontrava. Todos os participantes apresentaram distorção em relação ao violino.
Para melhor representação dos resultados, segue a Tabela 1.

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE


HERÓI DO HERÓI
PARTICIPANTE 1 Realização Afiliação
Abatimento Falta/Perda
Instabilidade Emocional
PARTICIPANTE 2 Degradação Dominância
Conflito
Abatimento
PARTICIPANTE 3 Passividade
Realização
PARTICIPANTE 4 Autoagressão
Degradação
Passividade
Instabilidade Emocional
PARTICIPANTE 5 Autoagressão
Realização
Abatimento
Conflito
Instabilidade Emocional
Tabela 1: Resultados da aplicação da primeira prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Já na segunda prancha aplicada, 4 - Mulher que retém o homem, onde era


esperado que os sujeitos apresentassem traços de abandono, traição, decepção,
além da presença de agressão emocional e verbal, foram encontrados traços de
traição, 1 em 5 pessoas, traços de conflitos, 4 em 5 pessoas, traços de degradação,
1 em 5 pessoas, traços de sexo, 2 em 5 pessoas, ambas do sexo feminino, traços
de agressão, 2 em 5 pessoas, traços de autoagressão, 2 em 5 pessoas, traços de
abatimento, 2 em 5 pessoas, traços de ajuda e dominância, 1 em 5 pessoas. Em
relação às forças ambientais do herói, todas as 5 apresentaram traços de afiliação,
enquanto apenas 2 apresentaram traços de agressão e somente 1 apresentou
traços de ajuda e dominância, não houve nenhuma distorção em relação a essa
prancha. Segue a Tabela 2.
53

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE DO


HERÓI HERÓI
PARTICIPANTE 1 Traição Afiliação
Abatimento
Conflito
PARTICIPANTE 2 Degradação Afiliação
Sexo
Conflito
PARTICIPANTE 3 Agressão Afiliação
Autoagressão Agressão
PARTICIPANTE 4 Agressão Afiliação
Conflito Agressão
Ajuda
Dominância
PARTICIPANTE 5 Ajuda Afiliação
Autoagressão
Dominância
Sexo
Abatimento
Conflito
Tabela 2: Resultados obtidos da segunda prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na terceira prancha, Curvado sobre o divã, cuja a hipótese era de que os


sujeitos apresentassem uma forte expressão dos sentimentos, a exemplo de
abandono e desespero, por ser uma prancha com grande carga dramática, foram
obtidos os seguintes resultados, 2 de 5 pessoas apresentaram traços de ajuda, 2 de
5 apresentaram traços de autoagressão, 4 de 5 pessoas apresentaram traços de
abatimento, 3 de 5 pessoas apresentaram traços de conflito, 2 apresentaram traços
de degradação e apenas 1 em 5 pessoas apresentaram traços de passividade,
agressão e sexo. Em se tratando das forças do herói, 2 de 5 pessoas apresentaram
traços de dominância e 1 em 5 pessoas apresentaram traços de afiliação e
falta/perda. Segue a Tabela 3 para melhor apreciação dos resultados.

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE DO


HÉROI HERÓI
PARTICIPANTE 1 Ajuda
Autoagressão
Degradação
Abatimento
Conflito
PARTICIPANTE 2 Passividade Dominância
Conflito
54

PARTICIPANTE 3 Agressão Agressão


Degradação Dominância
Abatimento
PARTICIPANTE 4 Abatimento Afiliação
PARTICIPANTE 5 Ajuda Falta/Perda
Autoagressão
Sexo
Abatimento
Conflito
Tabela 3: Resultados obtidos da terceira prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na quarta prancha aplicada, 10 - O abraço, onde se esperava que os sujeitos


trouxessem histórias de despedidas e abandono, os resultados obtidos foram os
desejados, 3 de 5 pessoas apresentaram traços de passividade, 3 de 5 pessoas
apresentaram traços de sexo, 4 de 5 pessoas apresentaram traços de ajuda, 1 de 5
pessoas apresentou traços de instabilidade emocional e apenas 1 em cada 5
sujeitos apresentou traços de agressão, abatimento, conflito e desvelo. Tratando-se
das forças ambientais dos heróis, 1 de 5 sujeitos apresentou traços de agressão, 4
de 5 sujeitos apresentaram traços de ajuda e 5 de 5 sujeitos apresentaram traços de
afiliação. Apenas 1 sujeito apresentou distorção frente à prancha apresentada.
Segue a Tabela 4.

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE DO


HERÓI HERÓI
PARTICIPANTE 1 Agressão Afiliação
Abatimento Agressão
Conflito
Instabilidade
emocional
PARTICIPANTE 2 Ajuda Afiliação
Sexo Ajuda
PARTICIPANTE 3 Ajuda Afiliação
Desvelo Ajuda
Passividade
PARTICIPANTE 4 Ajuda Afiliação
Desvelo Ajuda
55

Passividade
Sexo
PARTICIPANTE 5 Ajuda Afiliação
Desvelo Ajuda
Passividade
Sexo
Tabela 4: Resultados obtidos na quarta prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na quinta prancha apresentada, 13 - Mulher na cama, as pesquisadoras


esperavam que os testados apresentassem caráteres frente às atitudes tomadas em
seus relacionamentos, foram encontrados traços de abatimento em 5 de 5 pessoas,
autoagressão em 4 de 5 pessoas, degradação em 2 de 5 pessoas, conflito em 2 de
5, agressão e instabilidade em apenas 1 em 5 pessoas. Nas forças ambientais do
herói foram encontrados traços de afiliação em 4 de 5 pessoas e de agressão em 2
de 5 pessoas, pessoas estas que afirmaram ter passado por um termino conturbado.

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE


HERÓI DO HERÓI
PARTICIPANTE 1 Autoagressão Afiliação
Abatimento Agressão
Degradação
PARTICIPANTE 2 Agressão Afiliação
Autoagressão Agressão
Abatimento
PARTICIPANTE 3 Autoagressão
Abatimento
Conflito
PARTICIPANTE 4 Abatimento Afiliação

PARTICIPANTE 5 Autoagressão Afiliação


Degradação
Abatimento
Conflito
Instabilidade Emocional
Tabela 5: Resultados obtidos na quinta prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na sexta prancha, 5 - Senhora na porta, que tinha como objetivo causar um


alívio da carga emocional evocada nas pranchas anteriores, pode-se observar que 4
de 5 pessoas apresentaram traços de passividade, 2 de 5 pessoas apresentaram
traços de conflito e 2 de 5 pessoas apresentaram traços de instabilidade emocional
56

e apenas 1 de 5 apresentou traços de desvelo. Relacionados as forças ambientais


do herói, 3 de 5 apresentaram traços de afiliação; destaca-se que um dos
participantes não conseguiu elaborar uma história sobre a prancha, aparentando
incômodo frente à imagem apresentada, no mais, todos os outros participantes
conseguiram narrar uma história sobre a prancha sem apresentar desconforto.
Segue a Tabela 6 com os resultados.

FORÇAS DO AMBIENTE DO
MOTIVAÇÕES DO HERÓI
HERÓI
PARTICIPANTE 1 Passividade Afiliação
Conflito
PARTICIPANTE 2 Conflito
Instabilidade emocional
PARTICIPANTE 3 Passividade
PARTICIPANTE 4 Passividade Afiliação
PARTICIPANTE 5 Desvelo Afiliação
Passividade
Instabilidade emocional
Tabela 6: Resultados obtidos na sexta prancha.
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na sétima prancha, 6 - Mulher surpreendida (feminina), foram encontrados


traços de degradação e instabilidade em 1 de 2, abatimento e sexo em 1 de 2, em
se tratando das forças ambientais foram encontrados traços de dominância em 2 de
2 e traços de afiliação e agressão em 1 de 2. Na sétima prancha, 6 - O filho que
parte (masculina), foram encontrados traços de ajuda em 2 de 3 participantes,
autoagressão, abatimento, desvelo, passividade e instabilidade emocional em 1 de 3
participantes, quando tratado das forças ambientais do herói, todos os três
apresentaram traços de afiliação e 2 de 3 apresentaram traços de ajuda.
MOTIVAÇOES DO FORÇAS DO AMBIENTE DO
HERÓI HERÓI
PARTICIPANTE 2 Sexo Dominância
Abatimento
PARTICIPANTE 5 Degradação Afiliação
Instabilidade emocional Agressão
Dominância
Tabela 7: Resultados obtidos na sétima prancha (feminina).
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE DO


HERÓI HERÓI
57

PARTICIPANTE 1 Ajuda Afiliação


Autoagressão Ajuda
Abatimento
PARTICIPANTE 3 Ajuda Afiliação
Desvelo Ajuda
Passividade
PARTICIPANTE 4 Instabilidade emocional Afiliação
Tabela 8: Resultados obtidos na sétima prancha (masculina).
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Na aplicação da oitava prancha masculina e a nona prancha do teste, 13 -


(rapazes) Menino sentado na soleira, a qual tinha como objetivo que os participantes
narrassem em suas histórias acontecimentos presentes em seu término, foram
obtidos os seguintes resultados, todos os três participantes apresentaram traços de
abatimento e passividade, apenas 1 em cada 3 apresentou traços de conflito e
desvelo, nas forças ambientais do herói foram identificados traços de afiliação em 3
de 3 participantes, e falta em 1 de 3.

MOTIVAÇÕES DO FORÇAS DO AMBIENTE


HERÓI DO HERÓI
PARTICIPANTE 1 Passividade Afiliação
Abatimento
PARTICIPANTE 3 Desvelo Afiliação
Passividade
Abatimento
Conflito
PARTICIPANTE 4 Passividade Afiliação
Ajuda Falta
Abatimento
Tabela 9: Resultados obtidos na oitava prancha (masculina).
Fonte: Elaboração da autora (criada em 2021).

Ao cruzar os dados, com o objetivo de identificar se, e quais traços se


repetiram nas histórias narradas pelos participantes, notou-se que os traços mais
presentes nas histórias, tratando-se das motivações dos heróis, são os de
abatimento, estando presente em 52,68% das histórias narradas, conflito, presente
em 39,46% das histórias, passividade, presente em 36,88%, e ajuda, presente em
10,57% das histórias narradas. Já quando tratado das forças presentes no ambiente
do herói, observou-se que 63,42% dos participantes apresentaram traços de
afiliação, enquanto 18,49% apresentaram traços de agressão e ajuda, 15,71%
traços de dominância e apenas 7,83% traços de falta/perda.
58

Isso quer dizer que em 52,68% das histórias contadas, o herói da história, ou
seja, o personagem com qual o contador da história se identificou, era caracterizado
como alguém desapontado, desiludido, depressivo, triste, infeliz, desesperado,
melancólico, alguém em sofrimento com narrativas do tipo. Em 39,46% das histórias,
o herói era descrito como alguém em estado de incerteza, cercado de conflitos
morais e inibições paralisantes, apresentando oposição momentânea entre
impulsos, necessidades, desejos e objetivos. Em 36,88% o herói era caracterizado
como alguém cansado, quieto, submetendo-se aos desejos e vontades dos outros
personagens, por apatia ou inércia. Já em 10,57% das histórias narradas o herói
procurava auxilio ou consolo, dependia de alguém para ser estimulado, para ter
clemência, apoio, proteção ou cuidados.
Nas forças presente no ambiente do herói, 63,42% dos conteúdos das
histórias o herói estava ligado a alguém afetuosamente, a um amigo, um parente,
genitor ou parceiro amoroso. Em 18,49% dos conteúdos das histórias os
participantes apresentaram traços de agressão, ou seja, em 18,49% das histórias o
herói era odiado por alguém ou alguém ficava irritado ou furioso com o herói, alguém
o criticava, repreendia, depreciava, ridicularizava, amaldiçoava, ameaçava ou o herói
se envolvia em discussões verbais com outros personagens. 18,49% das histórias
contadas apresentaram traços de ajuda, ou seja, nas histórias criadas pelos
participantes o herói é protegido, estimulado, auxiliado ou consolado por alguém. Em
15,71% dos conteúdos das histórias o herói ficava exposto a imposições, ordens ou
persuasões violentas, alguém tentava forçar o herói a fazer alguma coisa, ou alguém
tentava impedir o herói de fazer algo. Em apenas 7,83% das histórias narradas o
herói perdia algo ou alguém, ou carecia do indispensável para viver.
Observou-se que todos os participantes ao se depararem com as pranchas
acabaram por contar história parecidas evocando traços semelhantes, ou seja,
notamos que de fato existem semelhanças nos resultados obtidos. Nas histórias
contadas por todos os participantes os personagens principais, heróis da história,
eram descritos como pessoas tristes, cercadas de conflitos morais e pessoais,
pessoas cansadas, pessoas que se submetiam às vontades e desejos de outras por
medo ou simplesmente cansaço. Outra característica em comum era que os heróis
dessas histórias estavam sempre ligados a alguém, mesmo quando a imagem
apresentava apenas um sujeito. Esses resultados indicam que existem semelhanças
de sentimento e emoções em pessoas que terminaram os seus relacionamentos
59

recentemente, especialmente quanto à presença de afetos, como tristeza, cansaço e


abatimento, bem como elementos que se referem às forças do ambiente (de suporte
ou, ao contrário, de ausência dele) como processos de afiliação e necessidade de
ajuda. Para melhor visualização seguem os Gráficos.

Gráfico 1: Traços que mais se repetiram nas histórias narradas: motivações do herói.
Fonte: Elaboração da autora (criado em 2021).

Gráfico 2: Traços que mais se repetiram nas histórias narradas: forças do ambiente do herói.
Fonte: Elaboração da autora (criado em 2021).

Lidar com os sentimentos causados pelo fim de um relacionamento amoroso,


pode ser algo difícil, pois, com o fim de uma relação, são comuns sentimentos de
60

tristeza, baixa autoestima, humor, capacidade de concentração, energia, trabalho e


saúde, que podem ser profundamente afetados, como é possível ver na fala de um
dos participantes, onde o mesmo traz a seguinte narrativa diante da prancha 4 – A
mulher que retem o homem: [...] Eu acho que eles vivem uma relação que não é
recíproca, parece que ela tá disposta a fazer muitas coisas, muitos sacrifícios, e ele
não, ele tá com ela como um passatempo. Como se ele estivesse com ela enquanto
ele não achava alguém melhor [...].
A dor da perda causada pelo fim do relacionamento pode, inclusive, acarretar
em um processo de luto, assim como demonstrado nos resultados obtidos após a
aplicação do TAT, em que é possível observar que a maioria dos sentimentos e das
emoções projetados pelos participantes tratam de sentimentos e emoções
característicos do processo de luto, em falas como: [...] e ela acabou de ter uma
desilusão, sobre o que é a vida, ela tinha suas crenças, mas chegou um certo ponto
da vida que ele implorou por ajuda e a ajuda nunca veio, no caso ajuda divina, ela se
encontra num conflito existencial intenso, isso tudo por uma desilusão, ele tá
pensando....se vale ou não vale a pena viver [...]. O fim de uma relação pode ser
encarado como um momento delicado, e esta pesquisa possibilitou um maior
aprofundamento sobre a vivência desse período.
Com a aplicação do TAT, foi possível comprovar que existem semelhanças de
sentimentos, emoções, pensamentos e anseios presentes em pessoas que
terminaram seus relacionamentos amorosos em um período de até seis meses.
Além de responder à pergunta aqui levantada, o estudo também abre uma gama de
possibilidades para futuras pesquisas que abordem a temática dos relacionamentos,
ou contribuam para o desenvolvimento de técnicas e protocolos para lidar com
pessoas que estejam vivenciando essa situação.
Como exposto nos Gráficos 1 e 2, os traços predominantes entre os
participantes foram os de abatimento, conflito, passividade, ajuda, afiliação,
agressão dominância e falta/perda. Analisando os resultados apresentados, foi
possível perceber que se tratam de fenômenos característicos do luto, pois, ao se
fazer uma comparação dos sentimentos e emoções enfrentados no processo de luto
e dos apresentados nos resultados dos testes, é possível notar que estes são
semelhantes.
Outro traço que apareceu em quase todas as pranchas foi o de afiliação
emocional, o que pode indicar dependência emocional. No decorrer dessa pesquisa,
61

foi pontuado o quanto a dependência emocional pode agravar o sofrimento após um


término de relacionamento. Era comum nas narrativas dos participantes frases como
essa: [...] eles têm um tipo de dependência tóxica [...], participante 2. [..] Eu diria que
eles têm um relacionamento tóxico um com o outro e são abusivos um com o outro,
mas não conseguem se deixarem [...], participante 1. [...] o que eu vejo é uma
pessoa que ganhou um abrigo, arrumou um conforto e tá sendo acolhida. Por uma
palavra, um carinho [...], participante 3. [...] ela tem um apego emocional tão grande
com ele [...], participante 5. [....] ele sente raiva e ela tenta acalmar ele [...],
participante 4.
A separação pode causar diversos pensamentos, emoções e sentimentos, as
dúvidas começam a surgir depois do rompimento, pensar se aquela decisão foi a
correta ou se aceitar a decisão do outro foi o melhor a se fazer, é comum que,
depois do término, os sujeitos se sintam perdidos, os traços presentes nos testando,
tanto em relação às motivações, quanto às forças do ambiente do herói (Gráficos 1 e
2), além do enredo das histórias contadas que evidenciam esses sentimentos. Em
frases como essa: [...] fez algo e depois se arrependeu ou se sentiu culpado, ou o
sexo no relacionamento não estava sentindo mais o mesmo prazer, está mais para,
não quero, não posso, não devo e, arrependimento do que fez [...]
O estudo em questão não se trata somente de um compilado de dados, mas
de uma pesquisa científica que pode vir a abrir espaço para futuros estudos a
respeito do tema, servir de apoio para outras pesquisas, além de ser utilizada como
material de apoio para práticas psicológicas. Tendo o conhecimento e a
comprovação de que os sujeitos tendem a apresentar sentimentos, pensamentos e
emoções semelhantes após terem terminado suas relações em um período de até
seis meses, o profissional da psicologia poderá desenvolver técnicas e meios para
lidar melhor com pacientes nessa situação, claro que não deixando de levar em
conta a subjetividade de cada sujeito.
62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ideais amorosos de relacionamentos são entendidos como construções


sócio-históricas, e o modo como o ser humano sente, expressa e vivência o
sentimento amoroso está relacionado às ideias, fantasias, imagens e aos discursos
aos quais ele tem acesso e é inserido por intermédio da sua família e dos grupos
sociais, tanto a forma que os indivíduos amam quanto o modo com que se
relacionam, seja de forma amorosa ou não, são heranças da cultura e da sociedade
em que o sujeito está inserido.
Na atualidade, as relações amorosas têm sido cada vez mais idealizadas,
sendo isso herança do amor romântico, que, por sua vez, serve para disfarçar o
utilitarismo dos relacionamentos, ou seja, as relações são cada vez mais baseadas
em interesses individuais, o que acaba demandando ainda mais do outro, e
justamente pelo fato de os relacionamentos, nos dias de hoje, demandarem tanto do
outro, quando chegam ao fim, mesmo que sejam relacionamentos curtos, causam
danos à saúde emocional e física do sujeito.
O fim de uma relação amorosa é uma situação vivenciada por quase todos os
seres humanos, e o luto é uma resposta ao rompimento de um vínculo significativo.
A assimilação das situações de estresse e os modos de enfrentamento de
adversidades em relações amorosas merecem atenção psicológica, o auxílio
terapêutico, nas situações de términos, pode trazer inúmeros benefícios,
contribuindo para a readaptação complexa para a restauração e superação do
término. Antes do fim de qualquer relação, há um processo que costuma ser difícil,
trazendo sofrimento e dor às partes envolvidas, e, por esse ser um momento
desgastante, o apoio de um profissional da psicologia pode ajudar. Vale destacar
que uma das várias maneiras que a psicologia encontrou para ajudar pessoas em
63

fim de relacionamentos foi pesquisando e estudando sobre as reações e os efeitos


desse fenômeno na vida do ser humano.
Para isso, os testes projetivos têm sido de grande valia, pois trazem a
possibilidade de se dizer algo sobre alguém, por meio de sua produção, de suas
visões diante de estímulos ambíguos. O TAT, um instrumento psicológico projetivo,
utilizado para revelar impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos da
personalidade, evidenciando tendências que o paciente pode não admitir por não ter
consciência delas, foi utilizado na presente pesquisa.
Após a coleta e análise dos dados, e diante das discussões levantadas, fica
evidente que, com o fim de um relacionamento amoroso, ocorrem mudanças na vida
dos sujeitos envolvidos, tanto de mudanças físicas quanto psicológicas. O objetivo
desse estudo consistiu em identificar a existência de semelhanças nos sentimentos
e nas emoções apresentados por sujeitos que terminaram seus relacionamentos em
um período de até seis meses. Observou-se que os participantes apresentaram
sentimentos que são comuns em pessoas que estão em processo de luto, pois
vivenciar o luto do término de um relacionamento é extremante desgastante, e passa
a ser ainda mais quando há dependência emocional, seja por parte de um ou de
ambos os parceiros, uma vez que seguir em frente se torna uma tarefa ainda mais
difícil.
É preciso aceitar e lidar com o luto e com o fim da união. Assim, buscar
auxílio para lidar com esse processo pode ser fundamental para a superação
saudável do término. Procurar ajuda psicológica pode ser um recurso viável para
superação dessa fase, e, por isso, cabe à Psicologia, sendo uma ciência, buscar
estudar esse fenômeno, para que, desta maneira, se consigam ferramentas e
repertórios prático e teórico para lidar com essa demanda, que, apesar de não
parecer tão urgente, é muito necessária, já que cada vez mais os términos de
relacionamento têm se tornado comuns.
A presente pesquisa, ao investigar e constatar que, de fato, existem
semelhanças nos resultados obtidos na aplicação do TAT em pessoas que
terminaram recentemente os seus relacionamentos, abre uma ampla possibilidade
para novos estudos que busquem se aprofundar e colher mais informações sobre o
tema, já que, no geral, não há uma quantidade considerável de referenciais teóricos
recentes sobre o assunto, além de poder servir como referencial teórico para futuras
pesquisas e práticas psicológicas.
64

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70
71

APÊNDICE
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Roteiro de entrevista

1. Idade____ anos.

2. Escolaridade?
( ) Fundamental
( ) Médio
( ) Superior
( ) Pós graduação

3. Gênero?
( ) Homem
( ) Mulher
( ) Não binário

4. Você terminou um relacionamento nos últimos 6 meses? Há quanto tempo?

5. Como você acha que têm lidado com esse término?

6. Como você consideraria o término do seu relacionamento?

7. No dia de hoje como você se descreveria emocionalmente?

8. Você fez ou deu início em algum processo de terapia nos últimos seis meses?

9. Você se considera uma pessoa com uma vida social ativa?

10. Seus pais são vivos? Se sim, eles são divorciados?

11. Você possui irmãos? Se sim, informe a idade e sexo deles.


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ANEXOS
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