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1
Acadêmica do Curso de Psicologia – URI Erechim - Email: daianacristianebielski@hotmail.com
2
Professora do Curso de Psicologia – URI Erechim - Psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica. Doutora
em Psicologia. Email: epzordan@gmail.com
Tempo
de
Há Terminou
Sexo Média duração Quem terminou Continuou amando
Partici- quanto com briga
Orientação Sexual do
pantes % Idade tempo % %
último %
terminou
relacio-
namento
Em
Het. Hom. Bis. Média Média Sim Não Eu Ele(a) Ambos Não Pouco Sim
branco
1 ano e 1 ano e
M 43,3 13 21 30,8 69,2 30,8 0 69,2 15,4 53,8 30,8
8 meses 1 mês
1 ano e 4
F 56,7 15 02 21 2 anos 64,7 35,3 41,2 29,4 29,4 52,9 29,4 17,7
meses
A partir dos dados foi constatado que a entanto, para 41,1% dessas mulheres tal sen-
média de idade dos participantes foi de 21 timento fluiu moderadamente. O sentimento
anos e predominou o sexo feminino, com uma de “alívio” foi constatado por 52,9% das par-
porcentagem de 56,7 % (17 mulheres). Com ticipantes, sendo atribuído igualmente entre
relação à orientação sexual, 28 participantes as ocorrências moderadas, frequente e ex-
identificaram-se como heterossexuais, e 2 do tremamente. Quanto a “conseguir distrair-se
sexo feminino não responderam a esse que- com outras coisas”, esse quesito foi atingido
sito. A média de duração do relacionamento por 52,9% das mulheres, embora nenhuma
amoroso (que foi rompido) variou de 1 a tenha assinalado ter “conseguido se distrair”
2 anos, para ambos os sexos. Com relação com intensidade extrema.
há quanto tempo os participantes haviam Já, entre os homens, os sentimentos com
terminado seu relacionamento, constatou-se maior incidência foram os de “felicidade”,
que as mulheres romperam há mais tempo do “satisfação” e “alívio”. Com efeito, os sen-
que os homens, sendo que a média de tempo timentos de “felicidade” e a “satisfação com
do término delas foi de 1 ano e 4 meses, e a a nova vida” atingiram a mesma porcenta-
média deles foi de 1 ano e 1 mês. gem: 76,9%. Porém, a “sensação de alívio”
Quanto à forma como a relação termi- foi assinalada por 69,2% deles. Esses dados
nou, 69,2% dos homens afirmaram que foi demonstram que os homens apresentam uma
amigável e 64,7% das mulheres informaram predominância maior de sentimentos positi-
que foi com brigas. Em relação à decisão vos do que as mulheres.
do término, 69,2% dos homens assinalaram Com relação aos sentimentos negativos,
que foi de ambos e 41,17% das mulheres as mulheres apresentaram com maior inten-
destacaram terem tomado a atitude de sidade os sentimentos de “desprezo” pelo
romper o relacionamento, o que corrobora ex-parceiro, “medo da solidão”, “tristeza e
os resultados de pesquisas anteriores com mágoa”, “preocupação com o que iria acon-
a predominância feminina nesta iniciativa tecer”, “raiva” do ex-parceiro”, “decepção
(FÉRES-CARNEIRO, 2003). com o término” e “choro constante”. O
Em relação a quem continuou amando “medo da solidão”, “tristeza e mágoa” foram
após o término, verificou-se que, dentre os que predominaram, com 76,4%, seguidos
os homens, 53,84% continuaram nutrindo pela “preocupação com o que iria acontecer”
sentimentos amorosos pouco intensos pelas em 70,5% das respostas. “Choro e raiva”
ex-parceiras, enquanto 52,9% das mulheres foram assinalados por 64,7% das mulheres,
não cultivaram sentimentos amorosos pelos a “decepção com o término” foi marcada por
ex-parceiros. 58,8%, e o “desprezo pelo ex-parceiro”, por
A vivência desses adultos jovens, ao 52,9% delas.
terminarem o relacionamento amoroso, foi Esses achados, ao indicarem que 64,7%
compreendida a partir dos sentimentos posi- das mulheres sentiram “raiva” e 52,9%
tivos e negativos analisados pela Escala de “desprezo pelo ex-parceiro” confirmam a
Vivência de Sentimentos Após o Término descrição de Maldonado (2000 apud MAR-
de Relacionamentos Afetivos. Sendo assim, CONDES; TRIERWEILER; CRUZ, 2006)
o sentimento positivo que predominou com de que os sentimentos de raiva anestesiam a
o término do relacionamento amoroso, dor de lamentar o que não deu certo. E, em
com maior incidência nas mulheres, foi o meio ao ódio, ao ressentimento e à dor, vem a
sentimento de “felicidade”, em 58,8%. No tendência a denegrir, difamar e rebaixar o (a)
ex-parceiro (a) para convencer-se de que “não As mulheres atingiram níveis maiores de
perdeu grande coisa”. No momento em que sentimentos negativos, quando comparadas
um dos parceiros evidencia os defeitos mais aos homens, o que revela um maior sofri-
do que as qualidades do outro, torna-se mais mento, por parte delas, frente à ruptura de
leve o sofrimento pela separação e, portanto, um relacionamento amoroso.
mais fácil de ser superado. Esses resultados corroboram os de Perei-
Os homens, comparados às mulheres, ra, et al. (2012), os quais afirmam que homens
revelaram ter maiores sentimentos de “arre- e mulheres diferem na depressão provocada
pendimento” (38,4%), e de “culpa” (30,7%). após o término, pois estas relatam uma
Do mesmo modo, 38,4% deles identificaram depressão mais severa. O que se identifica,
sentimentos de “tristeza e mágoa”, bem como pois, é que os homens tendem a vivenciar o
“irritação constante”. Além disso, 30,7% sofrimento de maneira mais amena do que as
assinalaram os itens que seguem: “estava in- mulheres, comportando-se e manifestando
certo do que fiz”, “preocupava-me com o que seus sentimentos de forma discreta.
iria acontecer”, “pensava que era uma grande
perda”, “senti raiva” e “estava desiludido”.
Considerações Finais
Ao mesmo tempo, verificou-se que, entre
os homens dessa amostra, os sentimentos Neste estudo, constatou-se que, após o
negativos não foram tão intensos, o que pode término do relacionamento amoroso, houve
estar relacionado às expectativas culturais de uma predominância de sentimentos positivos
que devam omitir tais sentimentos, associa- tanto para homens como para as mulheres,
dos aos relacionamentos amorosos. embora em intensidades diferentes, pois o ní-
Os resultados dessa pesquisa apontam vel de sentimentos positivos para os homens
a predominância de sentimentos positivos, foi superior ao das mulheres. Além disso, as
após o término do relacionamento amoroso, mulheres atingiram níveis mais elevados de
tanto para os homens como para as mulheres, sentimentos negativos quando comparadas
embora em intensidades diferentes. Num aos homens, o que indica um maior sofri-
primeiro momento, esses dados parecem mento por parte delas.
ir ao encontro dos apontados nos diversos Esses achados podem estar relacionados
estudos que destacam o sofrimento e o luto a aspectos culturais que caracterizam a dife-
decorrentes da ruptura dos relacionamen- renciação de gênero, pelos quais as mulheres
tos amorosos (GIKOVATE, 2008; MAR- ainda são educadas com uma maior valoriza-
CONDES, TRIERWEILER; CRUZ 2006; ção do relacionamento amoroso, estimuladas
RÍOS-GONZÁLEZ, 2005; SILVA, 2009; a encontrarem um parceiro, enquanto que
KOVÁCS, 2002). Contudo, considerando as os homens são educados com maior ênfase
etapas do luto, apontadas por Varela (2006), no aspecto predominantemente profissional,
podemos inferir que esses adultos jovens preponderando a expectativa de que eles
estariam nas últimas etapas do luto, isto é, devam exercer maior autocontrole, não se
aceitação e superação. Além disso, confir- envolvendo tanto nos relacionamentos amo-
mam a facilidade em desistir da relação frus- rosos e, também, não expressando sofrimento
trada e seguir em busca de uma nova relação quando dessas rupturas.
satisfatória (SILVA NETO; MOSMANN; O fato de prevalecerem os sentimentos po-
LOMANDO, 2009). sitivos e não os negativos, como era esperado
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