O jusnaturalismo tem como sua premissa fundamental a identificação de uma
normatividade válida de forma universal e atemporal. Esse código de conduta identificado pela corrente filosófica pode ser aferido por meios metafísicos (derivado de um livro de revelações, por exemplo), encontrado pelo uso da racionalidade ou embutido na própria natureza biológica do ser humano.
O cerne da questão ideológica está em reconhecer a diferença entre o direito
positivo e as ditas normas imutáveis e universais. Já na Antiguidade, a tragédia grega “Antígona” de Sófocles apresentava um enredo de claro embate entre uma normatividade emanada de um soberano local e humano (Creonte) e Antígona, que advogava em favor dos deuses para o justo rito de sepultamento de seu irmão morto.
Assim, ao reconhecer a dualidade entre os tipos normativos, os jusnaturalistas
elevam o direito natural a um patamar superior. A validade eterna e a-histórico permite que o mesmo sirva de baliza para outros tipos normativos com fundamentos de validade inferior. Por conseguinte, alguns termos como a equidade e a justiça encontram um paralelo no direito natural e servem como métrica e correção para o direito positivo.
Fruto dessa corrente jurídico-filosófica e a tradição histórica de parte do ocidente,
que teve o seu berço no láscio, o Direito Romano foi (e ainda é) utilizado como parâmetro de equidade e racionalidade. Destarte, a tradição romanística, por sua durabilidade e funcionalidade milenar, é e foi pensada como um objeto de estudo de natureza próxima a essas leis imutáveis do espírito humano: “ou aquella boa razão, que consiste nos primitivos princípios, que contém verdades essenciaes, intrínsecas, e inalteráveis, que a Ethica dos mesmos Romanos havia estabelecido (....)”.