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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

“RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO”


ÁREA: CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Aluno (a): Magali Fernanda Souza dos Santos


Supervisor: Edelcio Diana Santa Maria
Orientador (ª): Renata Prestes Antonangelo
de Oliveira

Relatório apresentado, como parte das exigências


para a conclusão do CURSO GRADUAÇÃO EM
MEDICINA VETERINÁRIA

FOZ DO IGUAÇU-PR
Julho de 2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS
1
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

“RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO”


ÁREA: CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA PEQUENOS ANIMAIS

                                                           Aluno (a): Magali Fernanda Souza dos Santos


Orientador (a): Renata Prestes Antonangelo de Oliveira

Foz do Iguaçu, 05 de Julho de 2021.

_____________________________________
Profa Renata Prestes Antonangelo de Oliveira
(Orientadora)

_____________________________________
Drº Edélcio Diana Santa Maria
(Supervisor)

2
FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO

Local do estágio I: Castilha Agro Pet Ltda

Carga horária cumprida: 450 horas

Período de realização de estágio: 15 de Março de 2021 a 05 de Julho de 2021.

Orientador: Profª MSc. Renata Prestes Antonangelo de Oliveira

Supervisor: Edélcio Diana Santa Maria


AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pois sem Ele nada seria possível, foi Ele
quem me deu forças para continuar quando tive vontade de desistir. O caminho percorrido até
aqui foi longo e muito árduo, onde chorei, me entristeci, me alegrei, me emocionei, foram muitas
emoções vividas durante todo esse trajeto.

Em segundo lugar tenho muito o que agradecer aos meus pais, porque sem eles jamais
conseguiria realizar este sonho de infância, foi então que aos meus 4 anos de idade descobri
minha primeira paixão que são os animais. Agradeço todos os dias por ter essas duas pessoas
maravilhosas em minha vida, porque eles sempre foram o pilar de tudo não só a nível financeiro
como também a nível emocional, sempre me passando mensagens encorajadoras, positivas de
que era capaz sim de concretizar o sonho que sempre almejei.

Em terceiro lugar e não menos importante, gostaria de dizer que sou imensamente grata
por tudo o que aprendi com meus mestres e professores, cada um de vocês desempenharam um
papel fundamental ao longo desta trajetória. Sou grata por ter a oportunidade de aprender com
excelentes profissionais como vocês, levarei comigo todos os ensinamentos.

Agradeço também ao Dr. Edélcio Diana Santa Maria por ter compartilhado todo o seu
conhecimento comigo durante todo o tempo que estive estagiando com ele, com certeza terá um
espaço em meu coração não apenas pelo excelente profissional, mas também pela pessoa
maravilhosa que tive a oportunidade de conhecer e conviver.

E a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a minha formação, deixo a
minha gratidão.
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................6
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................7
LISTA DE ABREVIAÇÕES..................................................................................................8
1-INTRODUÇÃO....................................................................................................................9
2-DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO.......................................................................9
2.1- Castilha Agropet Ltda...............................................................................................9
2.1.2- Estrutura do Agropet.............................................................................................11
2.1.3- Atividade realizada...............................................................................................13
3-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA – Lesão na coluna em cães.............................................15
3.1- Introdução................................................................................................................15
3.2- Etiologia e Fisiopatologia da Doença do Disco Intervertebral................................16
3.3- Sinais Clínicos .........................................................................................................20
3.4- Diagnóstico ..............................................................................................................22
3.5- Tratamento................................................................................................................25
3.5- Prevenção.................................................................................................................27
4-RELATO DE CASO............................................................................................................28
5-DISCUSSÃO.........................................................................................................................28
6-CONCLUSÃO......................................................................................................................30
7-REFERÊNCIAS...................................................................................................................31
ANEXOS..................................................................................................................................37
Anexo 1- Imagem do paciente com suspeição de doença do disco intervertebral.......... 37
Anexo 2- Exame de imagem simples no paciente do relato de caso...............................38
Anexo 3 - Continuação do exame de imagem simples do paciente do relato de caso.....39
Anexo 4- Exame bioquímico do paciente do relato de caso............................................40
Anexo 5- Continuação do exame bioquímico do paciente do relato de caso..................41
Anexo 6- Hemograma completo do paciente do relato de caso......................................42
Anexo 7- Exame bioquímico do paciente do relato de caso...........................................43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número de animais assistidos e atendidos no Castilha Agro Pet Ltda, durante o
Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado, no período de 15 de março a 05 de julho de
2021. Foz do Iguaçu,
PR......................................................................................................................................13
Tabela 2. Tipo de procedimentos realizados no Castilha Agro Pet Ltda, por espécie durante o
Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado, no período de 15 de Março a 05 de julho de
2021, Foz do Iguaçu,
PR..........................................................................................................................14

6
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Vista frontal da recepção do Castilha Agro Pet


Ltda................................................................................................................................................10

FIGURA 2 - Vista interna do Consultório veterinario do Castilha Agro Pet


Ltda................................................................................................................................................11

FIGURA 3 – Vista interna da sala de atendimento ao paciente


…....................................................................................................................................................12

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

Dr- Doutor(a)
MSC –Mestre em Ciências
BID – Bis in die (Duas vezes ao dia)
SID – Semel in die (Uma vez ao dia)
DDIV- Doença do Disco Intervertebral
DIV- Disco Intervertebral
ME- Medula Espinhal
EIC – Espaço intercostal
IV – Intravenoso
IM - Intramuscular
TPC – Tempo de Preenchimento Capilar

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo colocar em pauta o que se aprendeu tanto a nível
teórico quanto a nível prático pelo estudante da área de Medicina Veterinária, lecionado ao longo
dos 5 anos de graduação. Na conclusão do curso, é de extrema importância a realização do
relatório de estágio curricular para avaliar a competência do aluno e suas habilidades no curso
escolhido. No estágio, fui orientada pela Profª MSc. Renata Prestes Antonangelo de Oliveira e
supervisionada pelo médico veterinário Edélcio Diana Santa Maria, desenvolvendo atividades
direcionadas à área clínica de pequenos animais.
O estágio curricular obrigatório supervisionado para a conclusão do curso de Medicina
Veterinária no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) foi realizado no Castilha
Agro Pet Ltda, localizado na Rua Mané Garrincha, 1954, Bairro Morumbi 2, pertencente ao
Município de Foz do Iguaçu, Paraná, no período 15 de março a 05 de julho de 2021, totalizando
450 horas de estágio. Foram desenvolvidas atividades tais como: exames clínicos de animais
acometidos por doenças, manejos de feridas, acompanhamento de cirurgias ortopédicas e
abdominais, auxílio na realização de consultas, atividades realizadas no consultório e atividades
na função de RT.
Durante o estágio foi possível o acompanhamento de diversas atividades atreladas à
assistência veterinária, sendo um caso selecionado para o relato de caso, envolvendo um
buldogue francês com suspeição de lesão na coluna.
Este trabalho também apresentará um dos casos clínicos que foram acompanhados de
forma precisa, ocorrido no Castilha Agro Pet Ltda. Este caso foi comprovado precisamente
através de anamnese, exames clínicos exames complementares e seu possível tratamento. O
relato de caso será aperfeiçoado com complementos de artigos científicos.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1 . Castilha Agro Pet Ltda

9
O Castilha Agro Pet Ltda, tem como prioridade as atividades direcionadas a área de
Medicina Veterinária para pequenos animais, com atendimento do médico veterinário Edélcio
Diana Santa Maria e auxiliado por estagiários em todos os procedimentos realizados. No
estabelecimento também é realizado a prestação de serviços na área de vendas e comercialização
de todos os tipos de produtos agropet.
O Castilha Agro Pet Ltda está localizado na Rua Mané Garrincha, 1954, Bairro Morumbi
2, pertencente ao Município de Foz do Iguaçu, Paraná. Fundado em janeiro de 1993, tem como
registro de CNPJ de micro empresa no nome da Sra.Mirna de Castilha, mãe do atual proprietário.
Um ano após a abertura da loja em 1994, houve a necessidade de realizar o registro junto ao
conselho de medicina veterinária (figura 1).

Figura 1: Vista frontal da Clínica Veterinária Castilha Agropet

Fonte: Arquivo pessoal (2021)

A primeira responsável técnica foi a Dra.Maria Lindelma Lemos de Oliveira, que era
professora no colégio agrícola; mas que com o passar do tempo começou a realizar alguns
atendimentos veterinários no Castilha para a comunidade, inclusive para tutores carentes.
Ao longo dos anos passaram alguns veterinários pelo Castilha, sendo que há uns 17 anos
quem está atuando como Médico Veterinário é o Dr. Edélcio Diana Santa Maria. 

10
O Castilha presta serviços na área de vendas e comercialização de todos os tipos de
produtos da linha pet para a população, sendo que no princípio também era comercializado e
atendido animais de porte grande.

2.1.2 Estrutura do Agro pet


O Setor de Pequenos Animais do Castilha, compreende sala de recepção, farmácia, sala
de consultas (figura 2 e 3), baias de espera para atendimento veterinário e loja.

Figura 2: Vista interna do Consultório veterinário do Castilha Agro Pet Ltda

Fonte: Arquivo pessoal (2021)

As medidas do estabelecimento se dispõem da seguinte forma: o consultório possui


medidas de 3,70 m de comprimento x 3,60 m de largura e a recepção conta com 3,70 m de
comprimento x 3,40 m de largura. O estabelecimento dispõe apenas de um consultório clínico,
onde são realizadas as consultas e vacinação; quando há a necessidade de realização de exames e
cirurgias, internamento ou qualquer outro procedimento de especialidade, o paciente é
encaminhado para clínicas parceiras e que são alugadas pelo Castilha Agropet. Em outras
palavras, pequenas cirurgias são realizadas e laudadas pela Castilha Agropet, mas realizadas em

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clínicas alugadas, em relação aos exames são encaminhados para laboratórios parceiros e
laudados pelos seus respectivos médicos veterinários responsáveis pelo procedimento.

Figura 3: Vista interna da sala de atendimento ao paciente

Fonte: Arquivo pessoal (2021)

O estabelecimento conta com uma clínica veterinária especializada em atendimento de pets


de estimação, principalmente atendimento de pequenos animais e uma agropet em anexo, com
atendimento de venda de produtos agropet em geral.
A clínica veterinária possui uma ampla estrutura com instalações modernas e equipamentos
avançados para os padrões convencionais. O horário de atendimento é de segunda a sábado em
horário comercial e para emergências o atendimento é de 24 horas.
O quadro de colaboradores é formado pelo médico veterinário responsável pelo
atendimento e procedimentos veterinários em geral, uma recepcionista que tem como finalidade
cadastrar e agendar consultas, exames e cirurgias, conduzir os animais ao médico veterinário. O
auxiliar veterinário tem como responsabilidade controlar o estoque de medicamentos e verificar

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validade dos mesmos, além de aplicar vacinas, auxiliar e supervisionar as internações. O médico
veterinário é o responsável técnico para executar cirurgias, exames, tratamentos clínicos
humanizado, consultas e curativos.
Os serviços oferecidos pela clínica são: tratamentos de enfermidades, exames periódicos,
diagnósticos, castração, aplicação de vacinas de rotina e medicamentosas, vermifugação e
orientação de saúde.

2.1.3 Atividades Realizadas


O estágio curricular obrigatório supervisionado para a conclusão do curso de Medicina
Veterinária no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) foi realizado no Castilha
Agro Pet Ltda, no período 15 de março a 05 de julho de 2021, totalizando 450 horas de estágio.
Foram desenvolvidas atividades tais como: exames clínicos de animais acometidos por
doenças, manejos de feridas, acompanhamento de cirurgias ortopédicas e abdominais, auxílio na
realização de consultas, atividades realizadas no consultório e atividades na função de RT.
Durante o período de estágio foram atendidos 80 animais, dentre eles 45 caninos, 32
felinos, 02 coelhos e 01 papagaio (Tabela 1), sendo realizados 50 procedimentos médicos
veterinários (Tabela 2), além de exames complementares como radiografias (16), endoscopias
(02), ultrassonografias (06) e exames físicos dos animais de rotina.

Tabela 1. Número de animais atendidos no Castilha Agro Pet Ltda, durante o Estágio Curricular
Obrigatório Supervisionado, no período de 15 de março a 05 de julho de 2016. Foz do Iguaçu,
PR.

Espécie Macho Fêmea Total


Canina 25 20 45
Felina 15 17 32
Coelho 2 0 2
Papagaio 1 0 1
Total 80

A tabela 2 apresenta os tipos de procedimentos realizados durante o estágio, dividida por


procedimentos ortopédicos, procedimentos cirúrgicos, procedimentos de odontologia,
13
procedimentos em animais silvestres e outros procedimentos, abrangendo ainda a espécie de
animal e a quantidade de cada procedimento.

Tabela 2. Tipos de procedimentos realizados no Castilha Agro Pet Ltda, por espécie durante o
Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado, no período de 15 de março a 05 de julho de
2016, Foz do Iguaçu, PR.

PROCEDIMENTOS ESPÉCIE QUANTIDADE


ORTOPÉDICOS
DIAGNÓSTICO DE canina 4
CLAUDICAÇÃO
DIAGNÓSTICO DE DISPLASIA canina 2
COXOFEMURAL
DOENÇA DO DISCO canina 4
INTERVERTEBRAL

PROCEDIMENTOS ESPÉCIE QUANTIDADE


CIRURGICOS
ORQUIECTOMIA canina 10
OVARIOHISTCTTOMIA canina 8
FERIDAS canina 3

PROCEDIMENTOS DE ESPÉCIE QUANTIDADE


ODONTOLOGIA
CORTE DE DENTES coelho 2

OUTROS ESPÉCIE QUANTIDADE


PROCEDIMENTOS
DIAGNÓSTICO DE canina 8
LEISHMANIOSE
DIAGNÓSTICO DE canina 10
GASTROENTERITE
DIAGNÓSTICO DE felina 2
ESPOROTRICOSE

PROCEDIMENTOS EM ESPÉCIE QUANTIDADE


SILVESTRES

14
CORTE DE BICO Amazon aestiva 1

TOTAL 50

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES

3.1- Introdução
A coluna vertebral é o que sustenta o eixo do corpo e mantém sua postura, estendendo-se
do crânio à extremidade final da cauda, compondo o sistema nervoso central, essencial na
transmissão de impulsos nervosos somáticos e sensoriais. Proteção à medula espinhal, absorção
de carga e permissão de movimento são as três funções básicas perfeitamente adaptadas na
anatomia da coluna vertebral (PUDLES et.al, 2014).
Os cães possuem uma coluna vertebral com 7 vértebras cervicais, 13 torácicas, 7 lombares,
3 sacrais e aproximadamente 20 caudais, com a medula espinhal localizada no interior de cada
canal vertebral (CARVALHO, 2011).
O movimento é um evento mecânico que implica forças, sendo a coluna a principal parte
do corpo a sentir tal evento. A tolerância suportada pela coluna diminui quando a força é
excedida, podendo aparecer lesões aparentes, leves e/ou significativas de diferentes magnitudes.
Forças, absorção de choques e movimentos são sujeições do disco intervertebral, que é
responsável por toda a transmissão de carga compressiva submetida ao tronco (PUDLES et.al,
2014).
Com casuística de apenas 2% na medicina veterinária, a doença do disco intervertebral é
raramente encontrada em gato e com maior predileção em cães braquicefálicos ou
condrodistróficos (ZANG, 2012). Isso acontece em razão das vértebras torácicas serem mais
estreitas, fazendo com que essa região evidencie 70% dos casos da DDIV.
De causa fibroide ou condroide, a etiologia dessa doença ainda é objeto de estudo, sem
uma evidência comprovada. É primeiramente necessário entender as conexões da medula
espinhal e coluna vertebral para localizar as possíveis lesões neurológicas decorridas de algum
tipo de trauma ocorrido; já que isso implicará em um diagnóstico mais exato e um prognóstico
mais preciso (ZANG, 2012; SMOLDERS, 2013)
Os sintomas da DDIV variam de leves a crônico, indo de dores quase imperceptíveis ao
óbito em casos graves e de diagnósticos tardios ou em casos de tratamentos ineficazes. O

15
diagnóstico baseia-se no histórico clínico do animal, sintomatologia, exames físicos,
neurológico, exame de imagem, bioquímico e complementares. O tratamento varia de acordo
com a sintomatologia, podendo ser baseada em medicação ou através de intervenção cirúrgica e
fisioterápica em casos mais graves (SEO, 2014).
A DDIV ainda não possui um estudo completo que descreve todos os seus pormenores,
uma vez que, a cada caso, novos sintomas, eficácia de tratamento e novos resultados são
relatados na medicina veterinária (ZANG, 2012).

3.2- Etiologia e Fisiopatologia da Doença do Disco Intervertebral

Ainda imprecisas e objeto de estudos, a etiologia e a patogenia da DDIV, estima-se que a


alterações estruturais e bioquímicas do disco intervertebral predispõe a ocorrência da
enfermidade, ou seja, sabe-se que a causa da enfermidade é a degeneração do DIV. Cães de raça
grande e de idade mais avançada, tem maior predileção de serem acometidos pela DDIV, que
pode ser fibroide (raças não condrodistróficas) ou condroide (raças condrodistróficas)
(FINGEROTH, 2015).
Raças condrodistróficas apresentam nas alterações estruturais um envelhecimento dos
discos intervertebrais diferente, iniciando a perda do núcleo pulposo gelatinoso aos quatro meses
de idade e se completa em todos os discos intervertebrais por volta dos dezoito meses de idade.
Aqui, a alteração bioquímica tem a composição do disco intervertebral diferente, que apresentam
níveis de proteoglicanos de 40 a 50% menores, níveis de sulfato de condroitina e níveis de
glicoproteína e de proteína não colágena de 30 a 40% menores, em comparação com as raças
não-condrodistróficas (CESCA, 2014).
Nas raças não condrodistróficas a perda gradual da estrutura gelatinosa do núcleo pulposo
se dá por volta dos oito anos, mantendo elevados níveis de proteína não colagenosa até durante o
envelhecimento (ZANG, 2012). De início na zona perinuclear, o processo se difunde para a
maior parte do núcleo pulposo e para o interior do anel fibroso. No anel fibroso podem surgir
fissuras radiais e fendas, podendo ser de causas primárias; enquanto as alterações degenerativas
podem ser percebidas no núcleo de desintegração da matriz, calcificação central ou periférica e
áreas localizadas de morte celular (NELSON, 2015). Assim, o núcleo gelatinoso e transparente e
de uma coloração cinza-branco passa a ter um tecido amarelo fibrocartilaginoso. A metaplasia
fibroide do disco intervertebral é caracterizada pela desidratação do disco intervertebral

16
juntamente com a redução dos níveis de proteoglicanos, mas com a substituição da estrutura
gelatinosa do núcleo pulposo por tecido fibrocartilaginoso. Ainda na metaplasia fibroide os
discos intervertebrais raramente se calcificam e não podem ser visualizados em exames de
imagem (SANTOS, 2011; SANTOS, 2012; RAIMOND, 2017).
A redução dos mecanismos de absorção de choques pelos discos intervertebrais causados
pelas alterações bioquímicas e estruturais, afeta o núcleo pulposo e pelo anel fibroso. Alterações
no padrão normal das enzimas colagetinolíticas podem ser ocorrer no anel fibroso, resultando em
enfraquecimento instabilidade e subsequente deslocamento do disco intervertebral,
respectivamente (RODACKI, 2014). Em outras palavras, a degradação do colágeno e da elastina
ocasionada pelo aumento das enzimas, enfraquece sua estrutura e causa instabilidade e
subsequente deslocamento do disco. Já no núcleo pulposo ocorre a perda de sua capacidade de
deformação e a perda de sua estrutura gelatinosa acarreta na má distribuição das forças de modo
centrifugo, o que submete o anel fibroso a uma carga maior com consequente ruptura das fibras
anulares, com deslocamento de fragmentos nucleares e fissuras anulares, principalmente na zona
limítrofe entre anel fibroso e núcleo pulposo (ZANG, 2012; MOURA, 2016).
Diante de tantas alterações, pode-se resumir que a doença do DIV ou hérnia de disco é
dividida em duas categorias, denominadas Hansen tipo I e Hansen tipo II (COATES, 2012).
Na fisiopatologia da DDIV, segundo Dewey (2017), associada a metaplasia condroide,
devido a sua degeneração e mineralização, a DDIV Hansen tipo I é caracterizada pela extrusão
do núcleo pulposo. O trauma da medula espinhal exige um tratamento mais agilizado, de
emergência, de forma a se ter um prognóstico favorável. A sintomatologia aqui, depende do local
da extrusão.
Na Hansen tipo I ocorre ruptura total do anel fibroso, o que resulta na hérnia no núcleo
pulposo pelo anel fibroso (COATES, 2012). Raças condrodistróficas e de pequenos portes e
animais jovens são mais acometidos, embora estudos mais recentes demonstram que raças não
condrodistróficas também podem apresentar ruptura total do anel fibroso, assim como de modo
raro, raças condrodistróficas também podem apresentar Hansen tipo II. De T11 a L3 estão os
segmentos frequentemente mais afetados. Segundo Costa (2016), os sintomas clínicos variam de
acordo com a localização da lesão, se a lesão é uni ou bilateral e do grau de compressão medular.
Estudos demonstram que Hansen tipo I acomete cerca de 1 a 3% de todos os casos na
clínica de pequenos animais, sendo considerada a causa mais comum de lesão severa da medula
espinhal em cães. Os sintomas podem se apresentar somente em forma de dor, sem apresentação

17
de outras alterações neurológicas; enquanto alguns animais podem apresentar lesão concussiva e
compressiva grave da medula espinhal, podendo ter vários graus de lesão medular, devido a
extrusão de disco (MENDONÇA, 2012; ZANG, 2012; FINGEROTH, 2015).
Em uma estreita proximidade com o espaço ocupado pelo disco afetado ou disperso por um
segmento grande da medula espinhal, o material nuclear pode ser localizado. A ruptura pode ser
lateral ao ligamento longitudinal dorsal, podendo acarretar em uma extrusão plana, irregular, em
padrão cônico ou circular (FACIN, 2015). O material extrusado é quebradiço, irregular, granular,
semelhante ao gesso e varia de branco amarelado a cinza amarelado e cinza avermelhado quando
há presença de sangue, decorrente da lesão do seio venoso na DDIV em cães (FARREL, 2013).
Na forma crônica, o material do núcleo pulposo fibrinoso pode se aderir à dura-máter ou
ser absorvido. A compressão crônica deriva de neoplasias de crescimento lento, protrusão
crônica do disco intervertebral, ou de doenças congênitas e degenerativas das vértebras. Aqui, os
níveis de fluxo sanguíneo e oxigênio são mantidos e a medula espinhal pode compensar
mecanismos que mudarão a sua forma, desenvolvendo hipóxia local, assim como
desmielinização, degeneração axonal. (NERONE, 2018).
Na Hansen tipo II, há projeção dorsal no canal intervertebral e ruptura parcial do anulo do
disco, causando sinais lentamente progressivos da compressão, o que é mais comum em cães de
grande porte, principalmente entre C6-C7, também podendo acometer cães de pequeno porte
(JEFFERY, 2012, DEWEY, 2017). A formação de uma protuberância arredondada e lisa na
superfície dorsal do disco é resultante da protusão de DIV, indo em direção ao canal vertebral,
sendo raramente aderida à dura máter. Esta lesão ocorre principalmente nas regiões cervical
caudal, podendo estar associada à espondilomielopatia cervical, toracolombar e lombo sacra
(SMOLDERS et al., 2013, AMORT et al, 2012).
Más formações vertebrais caracterizadas pelo encurtamento e mau alinhamento com
deslocamento da porção cranial da vertebra dorsalmente no canal vertebral podem ser observadas
quando associadas à espondilomielopatia cervical caudal. O espaço L1-L2 é o local mais afetado
pela protusão anular, com o DIV submetido a cargas e tensões excessivas, resultando em
desgaste, degeneração e posterior falha estrutural e herniação tipo II (SMOLDERS et al., 2013).
Kranenburg (2013), afirma que em cães não condrodistróficos a extrusão do disco é 1,5
vezes menos frequente que a protusão e em cães condrodistróficos a extrusão é 11,3 vezes mais
frequente que a protusão.

18
Estudos mais recentes demonstraram que (COATES, 2012; LONDONO, 2021), além de
DDIV Hansen tipo I e Hansen tipo II, há um terceiro tipo de extrusão, erroneamente denominada
de Hansen tipo III, devido a degeneração nesses casos não ser preexistente no disco. Segundo
Jeffery et al (2013), o termo correto a ser usado nesses casos é “prolapso traumático de disco”, já
que este tipo de lesão ocorre por concussão e não por compressão. Aqui, o núcleo é expelido
explosivamente através do anel fibroso, que pode ser visualizado na ressonância magnética. Para
Jeffery et al (2013), o prolapso associado a lesão na medula espinhal pode ser grave. Dois tipos
de herniação aguda do núcleo pulposo não degenerado foram caracterizados por Decker e Fenn
(2018), sendo a ANNPE (extrusão aguda não compressiva do núcleo pulposo) e HNPE (extrusão
de núcleo pulposo hidratado. Esse tipo de DDIV ocorre em cerca de 10% de pacientes com
paralisia súbita e perda de dor profunda, causando lesões severas na medula espinhal, associado a
edema intramedular e hemorragia, podendo evoluir ainda para mielomalácia progressiva
(DEWEY e COSTA, 2017).
Em suma, segundo Coates (2012), a DDIV causa injúria primária da medula espinhal e
sinais neurológicos associados por isquemia, concussão, laceração e compressão. A Hansen tipo
I caracteriza a lesão medular como consequência da extrusão discal; enquanto a Hansen tipo II é
determinada pela extrusão discal sem ser comumente associada a sinais clínicos, em decorrência
da capacidade que o tecido nervoso tem em tolerar melhor as compressões graduais do que as
compressões agudas (FACIN, 2015; COSTA, 2016). Assim, após a extrusão do DIV os sinais
neurológicos são causados por concussão ou por compressão da medula espinhal, o que
evidencia a manutenção dos sinais clínicos e a reação inflamatória desenvolvida pelo
extravasamento continuo do núcleo pulposo (COATES, 2012). A intensidade da lesão medular é
fortemente determinada pela velocidade de extrusão, que, de modo explosivo resulta em uma
lesão muito maior do que em uma extrusão lenta. Nas injúrias, o resultado se diferencia entre si,
sendo o resultado da injúria primária, a interrupção axonal, necrose da substancia cinzenta,
desmielinização e redução da perfusão sanguínea da medula espinhal e a injúria secundária
apresenta mecanismos vasculares e metabólicos, decorrentes de isquemia progressiva
(ETTINGER, 2013).
Neoplasias exigem um estudo dos sinais clínicos e histórico apresentados pelo animal, uma
vez que acometem a medula de forma crônica e diminuem as chances de um prognostico
favorável. Nestas, não há predileção de sexual, sendo os de raça grande os mais acometidos.
Neste caso, a quimioterapia é o tratamento mais utilizado (RODAK, 2014).

19
Em geral, as lesões da coluna vertebral dependendo da gravidade do trauma e do local da
lesão, dispõem de sinais clínicos aparentes, como: distúrbios de micção, ataxia, paresia e
destacadamente apatia e dor, evidenciados na avaliação clínica do paciente (NELSON, 2015).

3.3- Sinais clínicos


Na DDIV os sinais clínicos são apresentados de forma ampla, variando de leve dor,
claudicação, paralisia parcial ou total e até mesmo levar o animal à óbito. Isso acontece devido a
quantidade de material dentro do canal e ao sitio da herniação, o que releva na divisão dos sinais
clínicos por segmento atingido a fim de facilitar o diagnóstico (AVANTE, 2015; ZANG, 2012).
Segundo Bing (2019), na cervical (C1 a C5), a DDIV é caracterizada por dor intensa no
pescoço e compressão da raiz nervosa, causando hiperestesia cervical, o que já foi apresentado
em aproximadamente 50% dos casos já relatados. O redirecionamento do material para as raízes
nervosas resulta em radiculopatia apenas ao invés de sinais neurológicos mais graves, devido o
ligamento longitudinal dorsal ser mais largo e resistir à hibernação dorsal. Há relutância na
movimentação do pescoço, dificuldade na alimentação, manutenção dos membros torácicos
fletidos, deambulação, dor intensa não respondida com a medicação administrada, resultando em
vocalização frequente do paciente (ALVES, 2019; CARVALHO, 2011). Não há presença de
sinais neurológicos, mas em aproximadamente 50% dos pacientes apresentam hiperestesia
cervical e fasciculação muscular. Nesta região da lesão, por volta de 15% dos pacientes
apresentam tetraparesia e tetraplegia no pós-cirúrgico. Dificuldade respiratória e perda da dor
profunda é raramente descrita neste caso. Pode haver evidencia de sinais neurológicos nos
membros pélvicos, ocorrência da Sindrome de Horner (ptose, enoftalmia, miose, e prolapso da
terceira pálpebra), ipsilateral à lesão ou bilateral e Sindrome de Braund, raramente causada por
uma extrusão discal explosiva, o que destruiria a medula espinhal. Não ocorre atrofia dos
membros e apresenta apenas lesão do neurônio motor superior (ZANG, 2012).
A Síndrome cervico-torácica envolve o segmento C6-T2 e seus sintomas são fraqueza,
plegia parcial ou total e paresia. No tórax pode haver mais severidade, com integridade no
membro pélvico, tono muscular e reflexos espinhais, mas podendo ocorrer atrofia pelo desuso e
apresentação do reflexo panicular ausente ipsilateral ou bilateral a lesão, propriocepção parcial
ou totalmente comprometida e dor cervical, dor profunda e ataxia e comprometimento parcial ou
total dos membros (CESCA,2014). Pode ainda, haver comprometimento respiratório e
acometimento do nervo frênico, porém, nisso, se difere da Síndrome cervical. Aqui, o

20
movimento do diafragma é comprometido, pelo fato do nervo frênico ser responsável por esse
movimento e ser originado entre C5- C7 (ETTINGER, 2013). Com o dano na medula os
impulsos do centro respiratório não conseguem passagem estimulante as células dos nervos
intercostais, fazendo com que a movimentação intercostal seja baixa e a movimentação
diafragmática seja alta. Os segmentos C6-C7 podem ser raramente afetados em cães de grande
porte que apresentam cervical caudal. Quando as lesões ocorrem entre T1-T3, os pacientes
podem ser acometidos pela Síndrome de Bornéu, podendo apresentar atrofia neurogenica, longos
passos paréticos e ataxicos dos membros pélvicos e uma passada menor nos membros torácico
dependendo do local da lesão. Pode ocorrer ainda disfunção da micção e o reflexo e o tonus anal
continuarem normais, podendo ter o controle voluntário da defecação ausente ((ZANG, 2012;
CHAMISHA, 2015).
Para Costa (2016), a Síndrome toracolombar os sinais neurológicos se associam à
herniação dos discos entre T3 e L3, apresentando desde hieperestesia espinhal até paraplegia e
perda de dor profunda. Os cães condrodistróficos podem ser mais afetados entre T12 e L1,
enquanto os demais são mais comumente afetados entre T12 e L3. Esta Síndrome é caracterizada
pela debilidade espástica ou paralisia dos membros pélvicos. Ocorre dor no local da extrusão,
fazendo o animal se posicionar de forma arqueada. Pode haver diminuição ou ausência de dois
segmentos vertebrais caudal à lesão no reflexo panicular. Dependendo da intensidade da
compressão pode ocorrer ataxia, plegia ou paresia ipsilateral ou bilateral nos membros pélvicos.
Se houver compressão interna, pode ocorrer perda da dor profunda e apresentação de hérnias
torácicas com menos material dentro do canal do que as cervicais. A propriocepção é normal nos
membros torácicos e o reflexo e tono muscular dos quatro membros estão presentes (ZANG,
2012). Há comprometimento da bexiga quando há paraplegia ou paresia não ambulatório, com
apresentação de bexiga espasmódica. Se a DDIV dor resultada de uma extrusão tipo III o animal
pode adotar a posição de Schiff-sherrington, causada pela interrupção dos tratos espinhais
ascendentes, o que provoca a extensão dos membros torácicos, com o animal podendo andar
normalmente depois de 14 dias sem o uso de tratamento (DALEGRAVE, 2020).
Há cinco graus de lesão conforme sinais clínicos e neurológicos apresentados pelo animal.
O grau um se caracteriza pela dor ou hiperestesia e sem deficiência neurológica. No grau dois há
também paraparesia, ataxia, presença de dor profunda nos quatro membros e deficiência
propioceptiva nos membros pélvicos. O grau três acrescenta hiperalgia toracolombar e ausência
de locomoção, com comprometimento da bexiga. No grau quatro acrescenta-se ausência de

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movimentos voluntários e paraplegia e o grau cinco apresenta todas as características anteriores e
perda da dor profunda dos membros pélvicos (DO PASSO RAMALHO, 2015).
Na Sindrome lombossacral os segmentos L4-S3 são os acometidos, envolvendo membros
pélvicos, bexiga e cauda somente. Pode haver apresentação de paresia ou paralisia dos membros
pélvicos, comprometimento do esfíncter anal e disfunção da bexiga. A extrusão do disco entre
L4 e L6 há uma maior severidade nos sinais apresentados, dependendo da intensidade da
extrusão e quantidade do material no canal, enquanto que a extrusão entre L7 e S3 há a formação
da cauda equina, comprimindo nervos e dor intensa, apresentação de lordose e cauda baixa
(EVANS, 2012; ZANG,2012).
Na Sindrome multifocal a caracterização se dá pela instalação da necrose medular ou
mielomalácia, associada à Hansen tipo III na região toracolombar, causando hemorragia da
medula e sua destruição. Aqui, os sinais clínicos variam conforme o local da lesão e progridem
cranial e caudalmente dentro do parênquima medular, causando flacidez na medula, perda de
reflexos dos membros torácicos, evoluindo rapidamente para uma paralisia respiratória e morte
do animal. Sem tratamento eficaz, a perda progressiva do reflexo panicular é o sinal clinico
característico da enfermidade. A mielomalácia apresenta sinais neurológicos graves antes e
também no pós-cirúrgico irreversíveis, recomendando-se a eutanásia do paciente (FARREL,
2013; FOSSUM, 2014; HECHT et.al 2014).

3.4- Diagnóstico e diagnósticos diferenciais


O diagnóstico é baseado no histórico sinais clínicos apresentados pelo paciente. Em casos
de traumas na coluna dorsal, é necessário a realização de uma série de exame e a observação da
reação do paciente ao estímulo da dor deve ser anotada detalhadamente para um possível
diagnóstico e um tratamento mais eficaz (ZANG, 2012).
Os exames basicamente consistem em (DIAS, 2018; FACIN, 2015; FINGEROTH, 2015):
- neurológico, realizado com o animal em decúbito dorsal, determina a etiologia da lesão,
- o exame sensorial possibilita testar a sensibilidade do animal, comprimindo uma pinça nos
espaços interdigitais,
- exame de imagem simples (radiografia)
- e mielografia, utilizada no diagnóstico de possível extrusão e outras afecções compressivas de
disco intervertebral (AVANTE, 2015, MARINHO, 2014, BING, 2019).

22
No exame clínico é necessário a realização de uma anamnese completa, anotando sinais
clínicos apresentados, início, agudo ou progressivo, trauma recente, toda e qualquer alterações
aparentes (FOSSUM, 2014).
No exame neurológico é detalhado a observação do comportamento do animal, bem como
a percepção de reflexos espinhais, nervos cranianos, avaliação das posturas, palpações e
percepção da dor, fundamentais na indicação do local da lesão e se é medular ou cerebral. A
palpação por toda a coluna deve ser feita nos dois lados e com pouca pressão, identificando
atrofias. As reações posturais podem ser avaliadas por testes de propriocepção consciente, teste
de saltitar, reação do posicionamento tático e avaliação dos reflexos patelar, perineal, cutâneo,
extensor cruzado e extensor radial do carpo, que determinarão presença ou ausência de lesão ou
hérnia discal (COATES, 2011).
No exame radiológico simples é preciso observar se há alterações visíveis, como luxação,
fratura e anomalia congênita. O exame deve ser realizado com o animal anestesiado nas posições
lateral e a avaliação discal e da medula devem estar mais precisas na diminuição do espaço
intervertebral, opacidade do forame intervertebral, estreitamento das facetas articulares,
existência do fenômeno do vácuo e o material mineralizado dentro do canal vertebral (ZANG,
2012; HECHT et al, 2014). O sinal mais útil a ser encontrado na radiografia simples é o
estreitamento do espaço intercostal, enquanto a degeneração do disco é evidenciada pela
mineração do disco e a calcificação herniada é de difícil visualização no diagnóstico inicial. O
exame radiológico simples possui alta sensibilidade na detecção de discos acometidos., mas deve
se ter o cuidado de identificar a hérnia lateralizada, extrusão do material extrudado, presença de
outras lesões e extensão do material extrudado, caso não seja visualizado é necessário a
realização de outros exames complementares (JEFFERY, 2013).
A mielografia ou exame radiológico contrastado confirma a compressão medular e se a
cirurgia mais adequada. Coleta-se o liquido cefalorraquidiano e aplica lentamente uma injeção de
contraste no espaço subaracnóide na cisterna magna ou na região lombar entre L4-L5 ou L5-L6,
esperando o liquido chegar até o local da lesão, realizando exame radiológico simples,
posteriormente. A mielografia pode apresentar efeitos colaterais e é contraindicada para animais
com subluxações e com afecções inflamatórias do sistema nervoso central. As incidências podem
ser realizadas em posição lateral, ventrodorsal e obliqua do sitio de suspeita de herniação. Edema
ou hérnia é diagnosticado pelas atenuações, diminuição ou desvio da coluna de contraste; se
houver lateralização da lesão é necessário a realização de uma intervenção cirúrgica.

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Combinação de projeções obliquas com ventrodorsais pode ser mais precisa no diagnóstico
(MARINHO, 2014; TERTULIANO, 2014).
Na epidurografia o contraste é aplicado no espaço epidural na junção lombo sacral ou
sacrococcígea, sendo de mais fácil realização que a mielografia, que não avalia a região
lombosssacral. A punção é feita com a agulha na região sacrococcígea e direcionada para a face
ventral do canal vertebral e com o bisel direcionado cranialmente. Na cauda equina pode ser
observado estreitamento, desvio e elevação ou obstrução das linhas de contraste epidurais
(LEVINE, 2014).
Na tomografia computadorizada pode-se visualizar a medula espinhal diretamente e
estruturas adjacentes. Sem ser invasiva, a tomografia é rápida e não apresenta efeitos colaterais
(exceto os de exposição à radiação), podendo ser coadjuvante ou não da mielografia, fornece
informações mais completas e resulta em um diagnóstico mais preciso. Ainda não é
constantemente realizado na medicina veterinária por ser de um preço elevado e raramente o
tutor se dispõe a pagar (ZANG, 2012).
O melhor método a ser usado na detecção de DDIV é a imagem por ressonância magnética,
pois permite a visualização direta da medula espinhal, orientando o local da incisão e tamanho da
laminectomia. Assim como a tomografia computadorizada é um exame de valor elevado e por
isso, ainda não é muito utilizado na medicina veterinária (LONDONO, 2021; PUDLES, 2014;
ROERIG, 2013).
O diagnóstico diferencial pode ser eliminado pela avaliação clínica e exames
complementares (hematológicos, bioquímicos séricos, análise do liquido cefalorraquidiano e de
imagem radiográfica) (FOSSUM, 2014). A colheita e análise do liquido cefalorraquidiano pode
excluir doenças inflamatórias ou infecciosas da ME. A sintomatologia clínica de animais com
cinomose, meningite, Peritonite Infecciosa Felina (PIF), linfoma espinhal e outros distúrbios
podem mimetizar a DDIV cervical ou toracolombar (ROERIG,2013).
Fraturas e luxações da coluna, assim como embolia fibrocartilaginosa, mieolopatia
degenerativa, compressão medular, traumatismos, neoplasias, meningites e discoespondilite
podem se assemelhar a DDIV e por isso, o diagnóstico diferencial através de exames
complementares irá excluir essas enfermidades. Deve-se incluir no diagnóstico diferencial todas
as enfermidades que causem mielopatia transversa progressiva, nos casos de DDIV Hansen tipo I
e tipo II (RAIMONDI, 2017).

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Na síndrome cervical o diagnóstico diferencial refere-se a fraturas vertebrais, displasia e
lesão no SNC, os quais podem ser vistos em exames de imagem. Na síndrome toracolombar
pode-se ignorar as afecções inflamatórias e neoplasias do SNC, traumatismos, mielopatia
isquêmica e distúrbios congênitos. A DDIV lombossacral também pode ser confundida vom
neoplasias, mielopatia degenerativa, anomalias congênitas, discoespondilite, neurite da cauda
equina e afecções ortopédica (OO, 2013-2020; TERTULIANO, 2014).

3.5- Tratamento
O tratamento possibilita uma sobrevida neural, impedindo que a lesão interrompa o
funcionamento dos tecidos nervosos, podendo ser clinico ou cirúrgico. O tratamento deve ser
orientado pela percepção de dor, perda da sensibilidade, paraplegia, ataxia e incontinência
urinaria WESTWORTH, 2017).
A utilização de neuroprotetores no tratamento da lesão, impede uma lesão secundária, os
mais utilizados são: antioxidantes, antagonistas dos canais de cálcio e opiáceos, antiinflamatórios
não esteroidais e corticosteroides (ZUGER, 2018).
O tratamento cirúrgico deve ser realizado quando há compressão da medula espinhal ou
sua instabilidade, podendo ser laminectomia dorsal (remoção dos processos espinhosos dorsais,
lâminas dorsais, processos articulares e pedículos de duas vértebras consecutivas) e a
hemilaminectomia uni ou bilateral (técnica se baseia na retirada da lamina lateral e dorsolateral,
dos pedículos e das facetas articulares) (WILDMER, 2015).
O tratamento clinico é recomendado para animais já diagnosticados pela primeira vez com
DDIV e que apresentem apenas deambulação e outros sintomas clínicos leves e/ou moderados.
Neste caso, deve deixar o animal em confinamento e seguido de terapia física, com
administração de medicamentos miorrelaxantes ou antiinflamatórios, a fim do controle da dor e
heiperestesia e cuidados indispensáveis, evitando que o material entre no canal e piore o quadro
clinico do paciente. Aqui, os sintomas podem desaparecer em aproximadamente quinze dias e se
não houver melhora, é indicado a realização de cirurgias (TERTULIANO, 2014;
SMOLDERS,2013; ZANG,2012; SEO, 2014).
O tratamento clinico inicialmente controla a dor e o edema, o que facilita na recuperação
da área lesionada. Administra-se corticoides assim que o animal for diagnosticado, para diminuir
a dor causada pela compressão das raízes nervosas e reduzindo a inflamação e formação de

25
radicais livres, acelerando a reversão do edema local. Administra-se também miorrelaxantes para
tratar os espasmos musculares (SANTOS, 2012).
Na DDIV toracolombar estudos sugerem bons resultados com tratamento clinico em
hiperpatia e deficiências neurológicas leves. Ainda há controvérsias no uso de corticosteroide em
casos de DDIV toracolombar. Em DDIV lombossacral consiste na administração de analgésicos,
AINEs, alteração ou diminuição do padrão de exercícios e perda de peso, sendo o uso de
corticoides sistêmicos ainda controverso. Não cura da hérnia somente com o tratamento clinico,
mas há aparente controle da dor (ROSENBLATT, 2014).
Além do atendimento clinico, deve-se orientar o tuto na manutenção dos cuidados
dispensados ao animal durante todo o período de tratamento e observação, mantendo-os secos,
auxiliando no esvaziamento da bexiga (quando necessário) e evitar escaras de decúbito
(ROERIG, 2013).
O tratamento cirúrgico deve ser indicado quando há recorrência de DDIV e que não
obtiveram respostas assertivas no tratamento clinico ou ainda, quando há diagnóstico de lesões
progressivas, severas ou agudas. O resultado esperado nos pacientes é de melhora neurológica
quando não danos graves na medula, tendo recuperação rápida e completa função sensitiva e
motora. Na síndrome cervical o procedimento mais realizado é fenestração (realizada por via
dorso lateral, ventral ou lateral, onde se faz uma incisão retangular do anel fibroso, removendo o
núcleo pulposo com uma espátula)) ou descompressão ventral, técnicas de laminectomia dorsal e
hemilaminectomia raramente são realizadas. A abordagem cirúrgica ocorre entre C3 e C6.
Podem ocorrer complicações nas abordagens cirúrgicas para hérnias, o que agravará o quadro
neurológico do paciente. Quando há hemorragias no trans operatório, parada respiratória e
descompensação cardiovascular, o paciente pode vir à óbito (ZANG, 2012; NERONE, 2018).
Na DDIV toracolombar é recomendado a descompressão da medula espinhal com retirada
do material extrudado, associando a bons resultados para a recuperação do paciente. Nessa
região, as técnicas cirúrgicas mais utilizadas são hemilaminectomia e laminectomia. Podem
ainda ser realizadas técnicas de pediculectomias (consiste na remoção da parede lateral do osso
espinhal entre o corpo da vértebra e o seu processo articular), minihemilaminectomia, que
descomprime a medula e remove o osso vertebral (NERONE, 2018; NELSON, 2015).
Na DDIV lombossacral o tratamento cirúrgico é indicado em casos com pacientes com dor
intensa, deficiência neurológica e sem recuperação clínica. O tratamento visa descomprimir a
cauda equina e raízes nervosa aprisionadas, resultando em alívio imediato da dor e normalidades

26
de locomoção e deficiências neurológicas. Realiza-se laminectomia dorsal e outros
procedimentos quando necessário (MOSCHEN, 2017).
Como já dito anteriormente, é preciso orientação no pós-cirúrgico, para que o tutor
mantenha o animal sob vigilância total a fim de evitar novas lesões e anotá-las se estas surgirem
novamente, pois nenhum tratamento é eficaz quando não se há os cuidados trans e pós
tratamento, seja este clinico ou cirúrgico.
Há também a reabilitação física do pós-cirúrgico, que visa recuperar os tecidos nervoso
lesionados. A reabilitação inclui sessões com laser terapêutico, termoterapia, cinseioterapia,
hidroterapia, alongamentos, massagens, mobilização articular e eletroestimulação, que possibilita
ao animal uma sobrevida com menor chances de resquícios de sequelas. Há ainda, tutores que
optam por fazer acupuntura no pós-cirúrgico, relatando melhoras no controle da dor do animal e
diminui as recidivas (NEWCOMB, 2012).
Estudos demonstram que o prognóstico pode ser baseado na localização anatômica,
surgimento da sintomatologia, sinais neurológicos e o tratamento escolhido. Pode-se haver
recidivas em tratamentos clínicos e uma melhora mais significativa em casos de tratamento
cirúrgico, que dependerá do sistema corporal do animal e quando este volta a ter suas funções
normalizadas, em especial as funções neurológicas (MOURA, 2018; CARVALHO, 2011;
ZANG, 2012; CORREIA, 2016).

3.6- Prevenção
As causas de DDIV ainda não estão totalmente estabelecidas, sabe-se, no entanto, que há
uma predisposição genética, que passa de pais para filhos. Isto significa que uma forma de
prevenção da doença é não reproduzir um animal com histórico próprio ou familiar de DDIV, a
fim de se evitar novos casos (MENDONÇA, 2012).
Como há poucos estudos que determinem detalhadamente suas causas, a DDIV pode ser
prevenida com uma alimentação saudável, escore corporal adequado, pois a obesidade é um fator
de risco para o aparecimento da doença. O uso de nutracêuticos é um objeto de estudo ainda
sendo avaliado como método de inibir o surgimento de DDIV, mas há relutância de médicos
veterinários e autores em relação ao uso de nutracêuticos em animais jovens, saudáveis e com
DDIV inaparente, de forma a prejudicar outros mecanismos. Mas, o que se tem encontrado
nestes estudos, são relatos de prevenção que tem surtidos efeitos positivos em relação aos

27
animais observados (DACHSHUND, 2016; JUNIOR, 2016). No entanto, ainda há de se avaliar a
utilização destes como forma eficaz de prevenção, uma vez que há controvérsia em sua
utilização em pacientes saudáveis e aparentemente sem afecções no DIV.

4. RELATO DE CASO – DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES

Durante o período de estágio, foi atendido na Castilha Agropet um cão, macho, 2 anos, de
raça Buldogue francês. Na anamnese o animal apresentou tremores por todo o corpo, prostração,
apatia, ficava deitado em decúbito ventral com a perna direita estendida, além de vocalização à
manipulação. Seu andar era cambaleante e se alimentava bem, com o sistema urinário e excretor
com perfeita função.
Para um melhor diagnóstico, o animal foi encaminhado a um especialista neurológico e a
um ortopedista. Foi realizado um exame radiológico simples e exames complementares, como
mielopatia, com todos os resultados dentro da normalidade para a espécie (anexos). O tutor não
teve condições financeiras para a realização de tomografia computadorizada e ressonância
magnética. No entanto, houve suspeição de doença do disco intervertebral, onde no tratamento,
receitou-se somente um analgésico, na obtenção de melhora do quadro clínico do animal.
Quinze dias após a consulta e exames, houve o retorno dos mesmos sintomas e, retornando
ao atendimento clinico, foi tratado somente com Dexametasona, B12 e antibiótico à base de
Cefalosporina. O tratamento de escolha continuou sendo somente clinico, uma vez que o animal
não apresentou alterações em nenhum exame de imagem e neurológico.
Em uma consulta de retorno pós tratamento, o tutor relatou que não houve novos indícios
de dor e retorno dos sintomas anteriores ao tratamento. Houve melhora aparente e o animal se
encontra reabilitado, sem qualquer intervenção cirúrgica. Também não houve a necessidade de
reabilitação física e acupunturas.

5- DISCUSSÃO
Anormalidades espinhais ocorrem com bastante frequência na área da medicina veterinária,
em específico em pequenos animais, como cães e gatos, sendo aqueles mais acometidos, sendo a

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maioria deles sem nenhum significado clinico. O número de vértebras, tamanho das vértebras,
espinhas bífidas, curvaturas e outras anomalias são anormalidades encontradas no ambiente
clinico veterinário (ALVES, 2019). Conforme os exames de imagem apontaram não foram
encontradas anormalidades no animal relatado neste artigo.
Perfis anatomo-funcionais alterados são encontrados em cães com suspeita de lesões em
coluna e geralmente recebem diagnóstico certeiros, tratamentos específicos e prognósticos
favoráveis. Isso não ocorreu no relato de caso descrito neste artigo, uma vez que o animal
apresentava sintomas clínicos de lesão na coluna, mas não houve comprovação nos exames
realizados, podendo ser um caso de lesão de coluna sintomático e não visualizado, conforme
descreve Carvalho, 2011.
Raças braquicefálicas como Buldogue francês e inglês, Boston terrier e Pug são propensos
a sofrer com problemas na coluna vertebral, como degradação de discos intervertebrais e
malformação das vértebras, muitas vezes de causas hereditárias e apresentando sinais por volta
dos quatro meses de idade (CESCA, 2018; BING, 2019). Isso corrobora com a raça do canino
descrito neste relato, a saber, um Buldogue francês.
Por muito tempo, vários autores defendiam a ideia de que qualquer tipo de lesão profunda
seria de diagnóstico desfavorável, comprometendo a sobrevivência do animal, resultando na
indicação da eutanásia do animal. Em estudos mais recentes, notou-se que, mesmo diante de dor
profunda, com o devido tratamento é possível uma boa sobrevivência, com apenas algumas
sequelas, como a manutenção de incontinência urinaria (MARTINS, 2016). Este contexto em
partes não foi observado no animal do relato de caso, visto que os sinais clínicos de DDIV
desapareceram com o tratamento clínico apenas, mas não houve apresentação de nenhum tipo de
sequelas, nem mesmo alterações ou manutenção de alterações no sistema urinário.
Neste relato, houve a apresentação de sintomas de lesão intervertebral, indicando doença
do disco intervertebral e que, com o devido tratamento medicamentoso todos os sinais clínicos
desapareceram, sem a necessidade de intervenção cirúrgica e reabilitação fisioterápica, vindo de
encontro o que relata Coates (2011), que em casos raros, os mielogramas podem ser normais se
houver extrusão do disco lateral ou para dentro do forame, com um aumento de densidade
observado dentro do foram, o que pode ter ocorrido neste relato de caso,
Dalegrave (2020) afirma que o diagnóstico precoce de DDIV retarda os sinais clínicos
mais graves em alguns animais e na maioria deles, o diagnóstico precoce associado a um

29
tratamento eficaz resulta em sobrevida sem sequelas para o animal acometido (FACIN, 2015;
FOSSUM, 2014).
No entanto, na medicina veterinária, conforme a revisão bibliográfica feita neste artigo,
ainda há pouco estudo relacionado à lesões sintomáticas não visualizadas em exames clínicos e
complementares. Em sua maioria, autores relatam casos de quadro clinico sintomático,
diagnosticados através de exames ou até mesmo casos assintomáticos, mas, diagnosticados
através de exames de imagem (DO PASSO RAMALHO, 2015; ALVES, 2019). O caso relatado
neste artigo ainda é um tipo de caso que necessita de mais estudos, visto que mesmo com sinais
clínicos evidentes, não houve observação de alterações da coluna vertebral nos exames
realizados no animal.
Em ambos os casos, a doença de disco intervertebral é geralmente tratado com cirurgia e
acompanhamento fisioterápico no pós-cirúrgico, o que não ocorreu no relato de caso. Martins,
2016, é um dos autores que estuda a reabilitação neurofuncional através de apenas medicação
realizada após a imediata detecção dos sinais clínicos, na busca do entendimento da reabilitação
do próprio organismo do animal, com poucas interferências humanas (ALVES, 2019). Este fato
também não foi observado no canino do relato de caso, já que o animal foi tratado apenas com
medicação, sem nenhuma intervenção cirúrgica e/ou reabilitação física, apresentando melhora
em sua postura e sem demonstração de dor posterior ao tratamento; vindo de encontro com
estudos anteriores de que a cirurgia deve ser realizada apenas em recidivas de DDIV
(CARVALHO, 2011).

6- CONCLUSÃO
O estágio supervisionado, sem dúvida, contribui de forma a acrescentar no currículo
acadêmico do graduando. A vivência prática em conjunto ao conhecimento teórico adquirido em
sala de aula formam a base fundamental para a prática do curso escolhido.
Através do estágio é possível definir a área a seguir, bem como adquirir maior
conhecimento em áreas antes impensadas, abrindo um leque de experiências que direcionam a
escolha da área que se possui maior afinidade.
A paciência e dedicação dos supervisores de estágio em transmitir suas experiências e
conhecimentos são ferramentas cruciais que colaboram para a construção de um futuro
profissional promissor.

30
Em relação ao relato de caso, comprova-se mais uma vez que as cirurgias devem ser
realizadas apenas em casos de recidivas ou em casos graves de DDIV, dando inicialmente
preferência para tratamentos clínicos e observação do paciente até que este não demonstre sinais
evidentes de DDIV.

7- REFERÊNCIAS
1-ALVES, Maria Victória de Luca Delgado; Sturion, Marco Aurelio Torrencilas; DE
CÓRDOVA GOBETTI, Suelen Tulio. Aspectos gerais da fisioterapia e reabilitação na medicina
veterinária. Ciência Veterinária UniFil, v. 1, n. 3, p. 69-78, 20192.
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compressivas da medula espinhal em cães. 2015.
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iohexol em mielografia de cães. 2019.
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francês. Dissertação [Tese de Mestrado em Clínica e Reprodução Animal]. Santa Catarina:
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31
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nutracêuticos na prevenção da degeneração do disco intervertebral em cães da raça Dachsund
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12-DALEGRAVE, Suélen et al. A importância do diagnóstico precoce na doença do disco


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36
ANEXOS

Anexo 1- Imagem do paciente com suspeição de doença do disco intervertebral

37
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 2- Exame de imagem simples no paciente do relato de caso

38
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 3 – Continuação do exame de imagem simples do paciente do relato de caso

39
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 4- Exame bioquímico do paciente do relato de caso

40
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 5- Continuação do exame bioquímico do paciente do relato de caso

41
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 6- Hemograma completo do paciente do relato de caso

42
Fonte: Arquivo pessoal

Anexo 7- Exame bioquímico do paciente do relato de caso

43
Fonte: Arquivo pessoal

44

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