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Cópia de Relário entregue à Sor Delares sobre à Mina Abandonada.

Ao mui renomado Sor Delares, lorde do Forte Callop.

Atesto pela minha honra que tudo quanto descrevo é a mais pura expressão da verdade.
Contudo não descrevo os acontecimentos em ordem cronológica.

Adentramos à caverna que desde o início da exploração, nos deu os indícios de seu abandono.
Estalagmites e estalactites são impressionantemente comuns em toda região explorada. Aqui
já vale uma nota de valor. Enfrentamos uma criatura muito semelhante à uma estalagmite,
mas que possuía tentáculos. Jamais havia visto tal criatura. Apesar de se assemelhar às pedras
já mencionadas, não era tão dura quanto. A criatura é capaz de agarrar sua presa com os
tentáculos. Digo é, porque apesar de termos matado às que encontramos, não posso afirmar
que não existam outros espécimes, uma vez que só descobrimos os que matamos, porque eles
se movimentaram para isso. Quando esses seres permanecem parados, não se diferenciam em
nada das rochas. Eu batizei o nome dessa criatura de Pedras Viventes.

Na mesma linha de criaturas que parecem elementos da natureza, posso afirmar que
enfrentamos seres que são água num formato amorfo, mas vivo, e capazes de se esgueirar de
forma vertical pela terra firme. Inicialmente pareciam apenas poças de água no chão, mas
logo, se “levantaram”, se é que posso usar esse termo, e passaram a nos atacar. Chamei-as de
Poças Vivas, e recomendo cuidado, caso encontre uma poça em seu caminho.

Outra coisa muito comum em toda a caverna, é a presença de fungos. Alguns inofensivos, que
apresentam uma luminescência muito bonita e fluorescente. Outros, contudo, também tem a
capacidade de se agarrar às vítimas, e podem infectá-las com um veneno terrivelmente mortal
(este que vos escreve quase morreu devido ao veneno, não fosse o poder dos deuses que
Ragnar é rapaz de canalizar e também por sua sabedoria em manipular medicamentos
improvisados). Aconselho o mais absoluto cuidado ao tentar eliminar esse tipo de fungo, que
possui coloração avermelhada. Ao explodir esse fungo, por meio de certas habilidades, o fungo
expele esporos altamente infecciosos, num raio de 10 metros mais ou menos e que ficam no ar
por cerca de 12 minutos. Batizei esse fungo de Fungo Escarlate. OBS.: Retiramos a imensa
maioria dos fungos, mas não podemos assegurar que retiramos todos e nem que, caso não
haja uma “limpeza”, eles não retornem. Também sugiro que não destruam todos os fungos,
eles poderiam ser cultivados e melhor estudados, para desenvolvimento de venenos letais
contra os inimigos de nosso Reino. Eu disponho de algumas amostras do Fungo Rubro e do
fungo luminescente para meu acervo pessoal.

Lendas podem ser verdadeiras, ou quase isso. Certamente vossa senhoria ouviu a famosa
lenda de que há um “catarro gigante e vivo” que habita a caverna. Pois bem, a criatura existe.
Não é um catarro, mas é sim uma espécie de gosma, capaz de expelir ácido que corrói
inclusive o aço. Essa criatura nós não matamos, mas devido à astúcia do Soldado Raeghar,
conseguimos empurra-la para o rio que correio dentro da caverna. Sobrevivemos devido a isso,
mas provavelmente o monstro ainda perambula pela região. Ele se alimenta dos fungos
descritos anteriormente. Eu havia conseguido uma amostra da criatura, mas foi necessário
usa-lo para tentar criar um antídoto contra o envenenamento que sofri. O antídoto não
funcionou exatamente, apenas retardou o efeito. Como disse, graças a Ragnar é que sobrevivi.
Nomeie à criatura de Amorfidade Ocre, mas seria mais sensato usar o termo mais rasteiro,
Gosma Marrom Claro.
Contos de terror, também entram na lista de possibilidades à serem levadas a sério. Existia um
relato muito antigo, de que um mago muito poderoso, tentou vencer à morte, por meio de um
ritual que o transformaria num ser que estaria num estado entre a vida e da morte. O que
chamamos de morto-vivo. Segundo a lenda, o mago conseguiu realizar o ritual, que imbuiu
certos vermes com poder necromântico, e estes, infectam o corpo do ser vivente e o
transformam neste morto-vivo.

Encontramos o cadáver de um dos amigos de seu filho nesta condição, era uma espécie de
morto vivo, com milhares de vermes verdes, como os da lenda. Os vermes são infecciosos
como disse, e quase levaram a vida de Zoofi, nosso bárbaro. Não fosse meus conhecimentos e
mais uma vez a perícia de Ragnar, teríamos perdido um membro da equipe.

Menos anormal, mas tão assustador quanto, são as aranhas gigantescas que encontramos.
Aranhas do tamanho de uma carroça, matamos muitas delas, e acabamos com pelo menos um
ninho dessas criaturas. OBS: Onde era o covil dessas aranhas encontramos os outros colegas
de seu filho, enrolados em teias com formato de casulo. Lamento mas todos morreram, pelo
que pudemos verificar. Talvez apenas no caso das aranhas seja possível afirmar que limpamos
o local de seu perigo. Mas cautela nunca é demais.

Também encontramos e destruímos uma criatura feita de pedra pura, sim, uma criatura que
inicialmente tinha uma forma similar a de um ser humanoide, mas feita de rocha pura. Vimos
apenas uma e a destruímos, porém não posso afirmar que não existem mais.

Por fim, encontramos uma espécie de ser similar a uma cobra, muito grande, e com uma
bocarra repleta de dentes pontiagudos, esses seres saiam de buracos próximos no chão , e
paredes dos trilhos. Criaturas terríveis e fascinantes! Quase tivemos nossas vidas ceifadas por
elas. Certamente existem mais, apesar de termos matado muitas delas. Zoofi cortou um dos
dentes da criatura pra mim. Batizei-as de Serpentes Abocanhadoras.

Preferi me focar no que parece mais fantástico primeiro, para matar a curiosidade de vossa
senhoria e dos superiores que certamente lerão esta missiva.

Contudo, existem perigos menos escandalosos, mas que não deixam de exigir atenção. O mais
óbvio deles é a escuridão. Será necessário iluminar todas as regiões da caverna, caso queiram
ter mais chances de sobreviver. Os fungos luminescentes não são suficientes para iluminar a
região. Procurem levar material para reparar a ponte, ou consigam equipamento que ajudem
na travessia de um rio contra a correnteza que há lá na caverna. Nós conseguimos passar num
esforço hercúleo, usando muitas cordas e correntes. Bem como o trabalho em equipe
minucioso, prestando ajuda aos colegas em todos os momentos.

LEVEM ANTITOXINAS, REMEDIOS E ANTÍDOTOS. Sim, escrevo com letras maiúsculas, porque
se não o fizerem, caso vossa senhoria envie emissários explorar à região, tenha a certeza de
que não voltarão com vida, ou com muita sorte, voltaram com pouca ou nenhuma chance de
cura.

Os trilhos que estão suspensos sob um abismo muito escuro, estão numa praticamente
inutilizáveis. Não fosse nossas inteligências conjuntas e o uso das artes mágicas, não teríamos
conseguido atravessas tamanho desafio.
Findo este relato exaltando meu grupo de companheiros, pois as experiências pelas quais
passamos, e os males que enfrentamos, teriam matado a imensa maioria das pessoas de toda
Heydium. Apelo à vossa senhoria, que lembre-se de nós quando for tratar com os superiores
do Reino de Criffna. Temos arriscado nossas vidas, de maneiras que nem os mais experientes
soldados do reinado podem imaginar.

Endosso, que meu grupo, e eu de modo particular, nos colocamos a disposição para mais
explorações dessa natureza, inclusive na própria mina. Também lembramos à vossa senhoria,
que estamos interessados em reabilitar a mina, assim que possível, e, claro, conseguir lucros
por meio desse labor.

Mais uma vez atesto que tudo que escrevi é a mais pura expressão da verdade. Grato pela
confiança depositada, pelo ouro entregue e pelo conhecimento que obtivemos, encerro aqui o
relatório.

Salazar Darkharaff

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