O documento discute discriminação e assédio moral nas relações de trabalho. Aborda conceitos como preconceito e discriminação, tipos de discriminação como direta e indireta, enquadramento constitucional da discriminação. Também trata de assédio moral, danos morais e provas no processo trabalhista.
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DISCRIMINAÇÃO E ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
O documento discute discriminação e assédio moral nas relações de trabalho. Aborda conceitos como preconceito e discriminação, tipos de discriminação como direta e indireta, enquadramento constitucional da discriminação. Também trata de assédio moral, danos morais e provas no processo trabalhista.
O documento discute discriminação e assédio moral nas relações de trabalho. Aborda conceitos como preconceito e discriminação, tipos de discriminação como direta e indireta, enquadramento constitucional da discriminação. Também trata de assédio moral, danos morais e provas no processo trabalhista.
Especialista em Direito Empresarial pela FGV, Mestre e Doutora em Direito – PUC/SP, Diretora do Núcleo de Responsabilidade Social da CIESP, Professora Universitária e de Cursos de Pós- Graduação, Autora do Livro: Diversidade Sexual e de Gênero: A tutela jurídica nas relações de trabalho PRECONCEITO X DISCRIMINAÇÃO
Preconceito: Noção pré-concebida, de pré-julgamento
em relação a determinada pessoa ou grupo. (A desvalorização do outro de modo injustificado). Ex: “não temos profissionais com deficiência competentes e com boa formação acadêmica”.
Discriminação: Preconceito posto em ação, (cria
distinção, exclusão e preferência entre pessoas e grupos). Ex: Anúncio de vagas: Empregada doméstica solteira; Gerente acima de 30 anos; Empresa X oferece vagas de emprego para homens. Discriminação Direta Consiste no uso de critérios como etnicidade, cor de pele, idade, religião, gênero, orientação sexual/identidade de gênero, nacionalidade, deficiência, dentre outros, para tratar uma pessoa de forma menos favorável que outra. Ex - a dispensa de um trabalhador por assumir sua orientação homossexual. Discriminação Indireta Práticas indutoras de efeitos discriminatórios, prejudiciais a pessoas ou grupos específicos.
Ex. 1. Exigência na contratação de pessoas com força
física extrema ou determinada altura e peso. Acarreta uma forma de discrímen indireto às mulheres e a certos grupos étnicos. Obs. Exceção no caso de exigência profissional genuína. Ex. 2. Ao recrutar estagiários, é dado preferência para os alunos da mesma universidade na qual o gerente da área se formou. DISCRIMINAÇÃO – ENQUADRAMENTO CONSTITUCIONAL Artigo 3º, inciso IV, da CF – IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Religião (artigo 5º, inciso VIII, da CF); Violação à intimidade e à vida privada (artigo 5º, inciso X, da CF); Sexo (artigo 5º, inciso I e artigo 7º, inciso XXX, da CF); Trabalho da mulher (7, XX); à origem — estrangeiros (caput do artigo 5º, da CF); Cor (artigo 7º, inciso XXX, da CF); Idade (artigo 7º, inciso XXX, da CF); Estado civil (artigo 7º, inciso XXX, da CF); Admissão de trabalhador portador de deficiência (artigo 7º, inciso XXXI, da CF); Trabalho manual, técnico e intelectual (artigo 7º, inciso XXXII, da CF); Sindicalizados (artigo 5º, incisos XIII, XVII, XX e XLI, da CF); Discriminação – Relações de Trabalho • art. 5º CLT: “A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. • Art. 223- C CLT - A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a auto estima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. • art. 373-A CLT: Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho. • art. 461 CLT Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. • Súmula nº 443 do TST DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012 - Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego. tualização e Prática
CONVENÇÃO 111 – OIT (Organização Internacional do
Trabalho)
Art. 1 — Para os fins da presente convenção o termo
“discriminação” compreende:
“toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça,
cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão” LEI Nº 9.029, DE 13 DE ABRIL DE 1995. Atualação e Prática Art. 1o É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal. Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias: I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez; II - a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que configurem; a) indução ou instigamento à esterilização genética; b) promoção do controle de natalidade, assim não considerado o oferecimento de serviços e de aconselhamento ou planejamento familiar, realizados através de instituições públicas ou privadas, submetidas às normas do Sistema Único de Saúde (SUS). Pena: detenção de um a dois anos e multa. ão e Prática DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
“O que nos humilha, ofende, constrange, o que nos
magoa profundamente, o que fere nossa dignidade”. O dano moral praticado pelo empregador ao empregado ocorre quando aquele no seu papel de controlar, disciplinar e fiscalizar comete excessos atingindo assim a honra e desrespeitando a dignidade do empregado. Provém de uma conduta ou de um comportamento – inclusive no ambiente de trabalho, que tem por consequência lesar a pessoa, causando-lhe prejuízo psíquico, social, afetivo. (STF, RE N. 116.381 –RJ) Classificação do assédio moral ESPÉCIES DE ASSÉDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO Atalização e Prática
Assédio Moral (Perseguição insistente) – Ex: Exposição do
empregado ao ridículo perante os colegas e clientes de forma reiterada, terror psicológico no trabalho.
Assédio Moral Institucional (Gestão por stress - “assedio moral
organizacional”) – Ex: Limitação do uso do banheiro por empregados de empresa operadora de telemarketing.
Assédio Sexual – Ofensa a liberdade sexual – chantagem, exigência
de favores sexuais. (artigo 216–A Código Penal)
Dano Existencial – Ex- Volume excessivo de trabalho, ausência
reiterada de férias “ trabalho escravizado” Lesão à Imagem – Reputação pessoal, atributos valorativos da pessoa. Lesão à Honra – Empregador protagoniza uma calúnia contra o empregado. Ex- Chamá-lo de ladrão. Lesão à Intimidade – Ex. Ofensa a privacidade e intimidade do trabalhador. Ex. Expor para terceiros a orientação sexual do empregado. Assédio Processual (requisito de continuidade) – Ex. prejudicar ou inviabilizar a produção de provas, interpor abusivamente recursos desprovidos de fundamentação com claro intuito protelatório, pedidos reiterados de adiamento de audiências. Perda de uma chance- Ex. empregado que estava prestes a obter uma promoção, a qual não se concretizou por conta de perseguições e de assédio moral praticados pelo chefe do mesmo. Dano Estético – Lesão desfigurada Súmula 387 STJ (indenização cumulada Dano Estético e Dano Moral). Aalização e Prática
DANO MORAL NA FASE PRÉ CONTRATUAL
Na fase pré-contratual (antes da celebração do contrato de
trabalho) inúmeras situações que configuram violação à privacidade, intimidade e/ou à honra do candidato à vaga. O empregador deve limitar-se a obter dados somente da capacidade profissional do empregado pois, ao invadir a vida privada deste e investigar características pessoais, restará clara a conduta discriminatória praticada pelo empregador.
Ex: Solicitar informações sobre religião, orientação sexual,
convicção política, etc. * Discriminação Genética: Exame do patrimônio genético do trabalhador Aualização e Prática
DANO MORAL NA FASE CONTRATUAL
Configura-se o dano moral dentro da relação
empregatícia, quando há formalização do contrato de trabalho entre empregado e empregador.
Ex. revista intima , instalação de câmeras nos banheiros e
vestiários, obrigar o empregado a realizar o teste do polígrafo (detector de mentiras), anotar na Carteira de Trabalho valor de salário inferior ao efetivamente pago. Obs. Lei n. 13.271/2016 - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para as empresas que utilizarem a denominada “revista íntima”. DANO MORAL NA FASE PÓS-CONTRATUAL
Ocorre quando o empregador DISPENSA seu empregado de forma
discriminatória - (Dispensa Discriminatória).
Ex.1. Portador do Vírus do HIV “ Estigma/Preconceito” (Súmula 443 TST).
Ex.2. Despedida arbitrária por questão de raça, credo, religião, orientação sexual. Ex.3. Empresa presta informações a terceiros sobre o trabalhador “Lista Negra”. Ex. 4. Dano moral por anotação desabonadora na CTPS do empregado. Anotação da dispensa em razão de demanda judicial. (demonstrando que o empregado ingressou com ação trabalhista). Das Provas – Processo do Trabalho • PROVA (Termo Plurissemântico) - Meio, Atividade e Resultado. • Direito Constitucional de Índole Fundamental (art. 5º, LIV, LV, LVI, § 2º, CRFB) e (artigos 765 da CLT e 370 do CPC/2015) • Art. 765 CLT- Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. • A Verdade Factível: Certeza X Probabilidade. Prova Indiciária no Processo do Trabalho • Art. 818 CLT: o encargo processual de demonstração do fato constitutivo do direito recai sobre o reclamante, enquanto incumbe ao reclamado o ônus de prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do reclamante. • § 1º do referido artigo traz uma exceção a tal regra ao dispor que, nos casos previstos em lei ou diante das peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo, o juiz poderá distribuir o ônus da prova de forma diversa, desde que o faça por decisão fundamentada e possibilite à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. • O §1º do art. 818 da CLT segue o mesmo padrão do artigo 373, §1º, do Novo Código de Processo Civil, que adotou a distribuição dinâmica do ônus da prova, regra segundo a qual o encargo probante recai sobre quem tem melhores condições de dele de desincumbir. • EMENTA. ASSÉDIO SEXUAL. DIFICULDADE DA PROVA. INDÍCIOS. 1. Não há dúvida de que o assédio sexual, como as condutas ilícitas em geral, é praticado sob o manto da covardia, do que resulta a dificuldade em se produzir prova direta e incontestável da conduta reprovável. 2. Cabe ao Juiz, na instrução do processo, ciente dos percalços em se provar o fato ilícito, analisar e considerar todas as circunstâncias, ainda que indiciárias, para concluir pela ocorrência, ou não, do assédio sexual. 3. Aplica-se, ao caso, o princípio da imediatidade, haja vista que o Julgador que esteve em contato direto com a prova tem melhores condições sensoriais de avaliar a sinceridade e o estado de espírito dos declarantes. (Recurso a que se nega provimento. Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. Recurso Ordinário n.º 0024410-08.2015.5.24.0066. Relator: Desembargador Amaury Rodrigues Pinto Júnior; Órgão julgador: Segunda Turma; Data de Julgamento: 01.08.2017. Disponível em: http://sgrh.trt24.jus.br/jurisprudencia/pages/jurisprudencia /pesquisa.xhtml) Atuação do Ministério Público do Trabalho/ Sindicatos – Ação Coletiva. • Alternativas: Hipótese de ação coletiva proposta pelo Ministério Público do Trabalho, ou por sindicato da categoria profissional, visando coibir a prática de discriminação ou assédio, por parte de uma empresa, atingindo universo de trabalhadores, cujos depoimentos judiciais, constituindo a única prova possível de ser colhida, foram inibidos em face do receio justificado da perda do emprego, circunstância que resultou no julgamento improcedente dos pedidos. • Tem-se, nessa situação, caso exemplar que pode ensejar, após a extinção do processo, a repropositura da ação baseada na apresentação de declarações novas de trabalhadores demitidos posteriormente, agora com liberdade e autonomia para afirmar a verdade sobre a conduta ilícita do empregador ou sobre a lesão sofrida Exemplos em matéria de provas • PROVA ILÍCITA: transgressão às liberdades individuais (art. 5º, X, XI, XII, LVI, CRFB) Processo Penal (Pretensão Punitiva Estatal X Liberdade) • Processo Civil e Trabalhista: Proteção da Intimidade X Direito de Acesso as informações. Ex- GRAVAÇÃO DE CONVERSA TELEFÔNICA OU AMBIENTAL POR UM DOS INTERLOCUTORES Vedação da “interceptação” pelo Estado e particulares (art. 5º, XII, CRFB) O particular pode gravar as suas próprias conversas, sejam telefônicas ou ambientais, sem a ciência do interlocutor, e usá-la como prova (STF e TST) como no caso do “empregado que vem sendo assediado sexual ou moralmente” • MONITORAMENTO AUDIOVISUAL DO AMBIENTE DE TRABALHO COLISÃO: Intimidade do Empregado X Segurança Patrimonial O empregador pode monitorar o ambiente dentro de limites: Caixas Bancários; Babás e Cuidadores (integridade de crianças e idosos X intimidade dos profissionais). • MONITORAMENTO AUDIOVISUAL DO AMBIENTE EXTERNO PONDERAÇÃO: O empregador não pode monitor, por exemplo, a residência do trabalhador (a casa é asilo inviolável do indivíduo - artigo 5º, XI, da CRFB) MAS... Dentro de certos limites pode colher imagens de lugares públicos (trabalhador com suposto problema no joelho, se dizendo incapacitado para o trabalho, mas que joga futebol em estádio) • MONITORAMENTO DO E-MAIL CORPORATIVO O e- mail funcional é uma ferramenta de trabalho. Sua inspeção insere-se no poder diretivo e fiscalizatório do empregador (TST) O empregador é solidariamente responsável pela reparação civil dos danos causados por seus empregados a terceiros (art. 932, III, do Código Civil) • MONITORAMENTO DO E-MAIL OU PROGRAMA DE MENSAGEM INSTANTÂNEA PARTICULARES - Vedação, via regulamento de empresa, da utilização dos computadores e provedor da empresa para envio da correspondência eletrônica pessoal. Atualização e Prática RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil do empregador pela
indenização decorrente de dano moral pressupõe a existência de três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito (culpa ou dolo), o dano propriamente dito (prejuízo material ou o sofrimento moral) e o nexo causal entre o ato praticado pelo empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo trabalhador”.
*Constituição Federal: Artigos 5, III,V e X.
*Código Civil: Artigos 186/187, 927 e 932,III. Alguns Julgados EMBARGOS. JUSTA CAUSA – DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. ALCOOLISMO CRÔNICO. ART. 482, 'F', DA CLT. 1. Na atualidade, o alcoolismo crônico é formalmente reconhecido como doença pelo Código Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde - OMS, que sob o título de 'Síndrome de dependência do álcool' (referência F- 10.2). É patologia que gera compulsão, impele o alcoolista a consumir descontroladamente substância psicoativa e retira-lhe a capacidade de discernimento sobre seus atos. Clama, pois, por tratamento e não por punição. 2. O dramático quadro social advindo desse maldito vício impõe que se dê solução distinta daquela que imperava em 1943, quando passou a viger a letra fria e hoje caduca do art. 482 'f' da CLT, no que tange a embriaguês habitual. 3. Por conseguinte, incumbe ao empregador, seja por motivos humanitários, seja porque lhe toca indeclinável responsabilidade social, ao invés de optar pela resolução do contrato de emprego, sempre que possível, afastar ou manter afastado do serviço o empregado portador dessa doença, a fim de que se submeta a tratamento médico visando recuperá-lo. 4. Recurso de embargos conhecido, por divergência jurisprudencial, e provido para restabelecer o acórdão do regional' (TST.ERR.586.320/1991, SBDI -1, DJ 21.05.2014 Portadores de HIV • SÚMULA 443 TST • DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO (Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012) • LEI Nº 12.984, DE 2 DE JUNHO DE 2014. Define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids. • RECOMENDAÇÃO 200 OIT – DISPENSA DISCRIMINATÓRIA HIV Dispensa Discriminatória - Homofobia
ASSÉDIO SEXUAL. CONDUTA COM CONOTAÇÃO RACISTA
E HOMOFÓBICA. CONVENÇÃO 111 DA OIT. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. O comportamento inadequado por parte do superior hierárquico, confirmado pela prova oral produzida nos autos, com violação da honra e imagem da trabalhadora, durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, mediante conduta imprópria de convite para práticas sexuais, com contornos homofóbicos e racistas, configura assédio sexual, cuja responsabilização prescinde da prova de efetivo dano suportado pela vítima, bastando que se prove tão somente a prática do ilícito do qual ele emergiu (dano in re ipsa – presumido). 2. Nos termos da Convenção 111 da OIT, ratificada pelo Brasil, toda distinção, exclusão ou preferência, com base em raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profissão é prática discriminatória a ser abolida no mercado de trabalho. (TRT 4 Região – Recurso Ordinário –RO. 00000059922012540001) Dispensa Discriminatória Idade
• A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a
existência de discriminação em resolução do Banco do Estado do Espírito Santo S.A. (Banestes) que incentivou uma bancária a aderir ao Plano Antecipado de Afastamento Voluntário (PAAV) em razão da idade. A Turma considerou discriminatória a dispensa dela e condenou o banco ao pagamento de indenização por dano moral de R$ 80 mil e por dano material. • Relator do processo no TST, o ministro Alexandre Agra Belmonte indicou jurisprudência do Tribunal no sentido de que, por ser inegável a relação diretamente proporcional entre idade e tempo de serviço, deve-se considerar discriminatória a dispensa que se funda, ainda que de forma implícita, no fator idade. “Claro está que, em razão do critério relativo à idade, o desligamento da autora foi, de fato, discriminatório, contrariando frontalmente os artigos 3º, inciso IV, da Constituição da República e 1º da Lei 9.029/1995” ( Processo: RR-73000-64.2010.5.17.0008 TST) Dispensa discriminatória convicções políticas e partidárias
• INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DESPEDIDA
DISCRIMINATÓRIA. Espécie em que a prova testemunhal produzida nos autos confirma que o reclamante sofreu despedida discriminatória em face de suas convicções políticas e partidárias e por ter se manifestado de forma contrária às ideias defendidas por candidato apoiado pela empresa reclamada, em clara violação ao disposto no artigo 5º, IV e VIII, da Constituição da República. (TRT 4 Região – Acórdão 0000148-84.2013.5.04.0271 RO) Dispensa Discriminatória – Direito de Escolha
• Empregados de cervejarias devem ter liberdade de
escolha na hora de beber uma cerveja e não podem ser demitidos por esse motivo. Com esse entendimento, a Justiça do Trabalho decidiu que um promotor de vendas da Vonpar Refrescos S.A., distribuidora das cervejas Kaiser e Sol, deve receber R$ 13 mil (17 vezes sua remuneração) de indenização por danos morais. Ele foi demitido após ser surpreendido por superiores bebendo cerveja Skol, marca considerada concorrente da Kaiser. (TST- Processo: RR - 278000- 91.2008.5.12.0001) Dispensa Discriminatória - Racial
• Um empregado da empresa Santa Rita Indústria de Auto Peças
Ltda., de Blumenau (SC) que sofreu humilhações e discriminação de caráter racial dentro do ambiente de trabalho praticadas por seu superior hierárquico e colegas receberá indenização de R$ 20 mil por danos morais. A condenação foi mantida pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que negou provimento a agravo da empresa. • Na reclamação trabalhista, o operador afirmou que havia, no ambiente de trabalho, "um grande desrespeito" em relação aos negros, e que sempre foi alvo de piadas e brincadeiras de cunho racista, "com o conhecimento dos superiores, que nada faziam para suprimir esses atos". Além das provas apresentadas por ele, o Ministério do Trabalho e Emprego, após denúncia, também comprovou, em inspeção fiscal na empresa, que nas portas dos banheiros da unidade de Blumenau havia inscrições depreciativas, ofensivas e discriminatórias para com os negros. (TST AIRR - 166300-10.2008.5.12.0002) Dispensa Discriminatória – Racial e Religiosa
• Na 33ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, o juiz André Barbieri Aidar
condenou uma empresa de comércio de alimentos ao pagamento de uma indenização, no valor de R$17.500,00 a um empregado vítima de injúria racial. Pelo que foi apurado no processo, dois sócios da empregadora faziam comentários ofensivos e preconceituosos, dirigidos ao auxiliar de cozinha, somente pelo fato de ser ele judeu e negro. Na análise da prova testemunhal, concluíram os julgadores, tanto na primeira quanto em segunda instância, que realmente ficaram comprovados os fatos noticiados na petição inicial, os quais demonstram o tratamento discriminatório praticado pelos sócios. O juiz sentenciante acrescentou que, embora os ofensores não fossem empregados da empresa, atuaram como verdadeiros prepostos, inclusive com poderes de mando. • “Dessa forma, nos termos do art. 932, III, do CCB, o empregador responde pela reparação civil no caso de danos causados por seus empregados e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele, sobretudo porque era seu dever propiciar aos empregados ambiente de trabalho sadio e manter constante vigilância sobre seus subordinados, a fim de prevenir situações como as descritas”, enfatizou o juiz ao condenar a empresa ao pagamento da indenização. (PJe: Processo nº 0011568-03.2016.5.03.0112-RO). Gerente que ofereceu funcionária como prêmio é processado na Bahia. • Acusações de assédio moral, ofensa à dignidade, constrangimento, discriminação racial e um pedido indenizatório de R$ 10 milhões contra uma das maiores empresas de refrigerantes do Nordeste fazem parte de uma ação civil pública ajuizada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia). • De acordo com denúncia feito, o gerente ofereceu a denunciante como "prêmio" aos vendedores que a atingissem determinada cota mensal de vendas ou a clientes que adquirissem os produtos da empresa. • Ele é acusado de ter queimado as nádegas da denunciante com um isqueiro. O fato teria ocorrido diversas vezes e foi confirmado por testemunhas ouvidas pelo MPT. Além disso, em uma reunião, o gerente teria indagado dos vendedores se mantêm relações sexuais com a funcionária, quando teria perguntado: "Você não pega essa neguinha aí, não?“ • O Ministério Público do Trabalho requereu a tutela antecipada do pedido, para que a Justiça expeça mandado obrigando a empresa a expedir norma interna, "com prova de recebimento por todos os empregados, contendo informação sobre o conceito de assédio moral, suas implicações no campo do relacionamento entre os trabalhadores, fixando-se punição a todos que vierem descumprir o comando interno, impondo-se, na hipótese de descumprimento da obrigação de fazer, multa liminar de R$ 20 mil por cada dia de descumprimento da ordem proveniente da tutela antecipada, valor a ser revertido ao FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador". - (Fonte site consultor jurídico – CONJUR 10/10/2019) Casos práticos - arbitramento - Indenização por Dano Moral Atualação e Prática 1) Indenização por dano moral decorrente de revista íntima corporal do empregado e de revista de seus pertences arbitrada em R$ 30.000,00 (trinta mil reais). (TST – Recurso de Revista RR 14687020 10019000 9, pub. 06/03/2015).
2) Restringir a utilização do banheiro pelo trabalhador, valor da
indenização por dano moral, arbitrada em R$ 6.000,00 (seis mil reais) TST 79-02.33 – Doutrina - 34 Rev. TST, Brasília, vol. 79, no 2, abr/jun 2013).
3) Indenização por dano moral. Liberdade Religiosa – Empregado
obrigado a rezar em serviço, valor arbitrado em R$ 30.000,00 (trinta mil reais) (2ª Vara do Trabalho do Rio Grande do Sul – SC Processo nº RT.Ord 0002978-88.2013.5.12.0048, 29/11/2014).
4) Indenização por Danos Morais Empregada vítima de tratamento
pejorativo diferenciado em razão da cor da pele, arbitrado o valor de R$ 20.000,00 para a indenização cabível à reclamante.(Processo: RR - 65500-25.2011.5.17.0003 Data de Julgamento: 09/09/2015, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: 5) Orientação Sexual. Demissão. Dano Moral – Dispensa discriminatória e ofensa a honra do trabalhador, arbitrado em R$ 15.000,00 (quinze mil reais). (TRT 2 Região – RO 00742.2002.019.02.00-9 – 6 Turma – Rel. Valdir Florindo, 18/10/2015). 6) Indenização por dano moral. Transexual – Obrigada a usar o vestiário masculino, valor arbitrado em R$ 5.000,OO (Cinco mil reais) (Processo n. 21076-2012-003-09-00-0 – TRT 9 Região, 25/11/2014). 7)Funcionária demitida por idade consegue ser indenizada por discriminação, arbitrado em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Processo: RR - 29600-03.2010.5.17.0007 TST, 15/08/2019). 8) Tipo de constrangimento praticado Gordofobia – arbitramento de indenização por danos morais em R$ 15.000,00 (quinze mil reais). (Processo: ARR - 1036- 93.2014.5.09.0072 TST 06/08/2016) • Obs. Reforma Trabalhista: Valor das indenizações de no mínimo 05 até 50 vezes o valor do último salário do trabalhador - de natureza leve (até três vezes o último salário do ofendido), média (até cinco vezes o último salário), grave (até vinte vezes o último salário) e gravíssima (até cinquenta vezes o último salário). (Art. 223, G CLT – alterações da Lei 13.467/17). Responsabilidade das Empresas - Combate as Discriminações no Ambiente de Trabalho • Que a discriminação é ilegal e não será tolerada!!! • Quais as consequências da violação da política antidiscriminatória estabelecida pela organização, explicitando as sanções internas aplicáveis; • Que trabalhadores não serão punidos por denunciar ou se opor a práticas discriminatórias, bem como por participar ou testemunhar em investigações ou processos administrativos ou judiciais relacionados a essas práticas; • Que o sigilo e a confidencialidade serão garantidos aos trabalhadores que denunciarem práticas discriminatórias; • Que o local de trabalho será adaptado para os trabalhadores e prestadores de serviços que necessitem de condições especiais. Ex. pessoa com deficiência, gestantes, utilização de banheiros/vestiários de acordo com a identidade de gênero. Transformando nosso mundo: A agenda 2030 - ONU 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS - 5 Combate às discriminações e violências baseadas no gênero e na promoção do empoderamento de mulheres e meninas para que possam atuar enfaticamente na promoção do desenvolvimento sustentável, por meio da participação na política, na economia, e em diversas áreas de tomada de decisão. Assédio Sexual – ambiente de trabalho Denuncias de Assédio Moral - MPT Referências Bibliográficas. • ABILIO, Adriana Galvão Moura. Diversidade Sexual e de Gênero: a tutela jurídica nas relações de trabalho. 1 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019. • MAIOR. Jorge Luiz Souto. O direito do trabalho como instrumento de justiça social. São Paulo: LTr, 2017. • MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do Trabalho. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2015. • MARQUES, Fabíola. ABUD, Claudia. Direito do Trabalho. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2015. • ______, Fabíola. Equiparação Salarial. 2 ed. São Paulo: LTr, 2015 • MARTINS, Sergio Pinto. Convenção da OIT. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2015. • MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 8. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p. 180. v. 4.