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O que é Poder?

Em seu significado mais geral, a palavra Poder indica a capacidade de ação ou de produzir efeito. Nessa
perspectiva, o Poder pode ser entendido tanto no sentido social, isto é, nas relações dos seres humanos em sociedade, em que passa
a ter um sentido muito mais específico, quanto sob uma perspectiva instrumental, que diz respeito à capacidade do ser humano de
controlar a natureza e seus recursos. Em seu sentido social, a ideia de Poder está conectada à possibilidade ou à capacidade geral
de agir, à habilidade de um indivíduo de determinar o comportamento de outro indivíduo..

Os filósofos ingleses Thomas Hobbes e John Locke já discutiam esse tema em meio à situação em que se
encontrava a Inglaterra naquela época (contexto da Revolução Gloriosa e da luta contra o absolutismo inglês). Hobbes defendia o
poder total do Estado por um governo monarquista, enquanto Locke defendia um poder dissolvido nas instituições para garantir
certos direitos à população. O poder, nesse caso, era iminentemente político e do âmbito do domínio pela esfera estatal.

Karl Marx, situado historicamente no século XIX, entendeu o poder como uma relação de dominação econômica.
O pensador via na história da humanidade uma relação material e contraditória, de maneira dialética, que sintetizava a vida e o
desenvolvimento na luta entre diferentes camadas da população. Isso se evidenciou na Europa industrializada de seu tempo, que
dividiu as pessoas em duas classes sociais: burguesia (os donos dos meios de produção) e proletariado (os trabalhadores). A luta
dessas classes mostrava o conflito de poder como uma relação essencialmente econômica.

Para o sociólogo alemão Max Weber, poder é a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os
indivíduos. Essa imposição é direta e deliberada e pode ter aceitação como força de ordem ou não. Quando as pessoas submetidas
ao poder de alguém aceitam a ordem, há uma transição de forças do âmbito do poder para o âmbito da dominação, sendo que a
pessoa que aceita a imposição de ordem fica submetida à autoridade da outra.

Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o poder é compreendido em uma esfera social e coletiva permeada pelo que o
pensador chamou de habitus. O habitus é um conjunto de valores, normas, regras, gostos e elementos culturais, como religião, arte
etc., que moldam a sociedade e têm a capacidade de juntar e de separar as pessoas. O habitus é completamente inconsciente, e a
sua assimilação dá-se por meio das representações culturais a que somos submetidos e pela interiorização e imitação dessas
representações. Para Bourdieu, há um poder por trás disso tudo que faz com que as pessoas, inconscientemente, busquem
consumir, gostar, adequar-se a certos elementos em detrimento de outros. O comando coletivo e inconsciente dessas preferências
confere a certos atores um poder econômico ou social no sentido em que criam representações simbólicas a serem seguidas por
outras pessoas.

O poder é, na sociedade atual, classificado e entendido de diversas maneiras, de acordo com o modo como ele é exercido e
o meio em que ele se encontra. Norberto Bobbio classificou-o em três formas, sendo elas:

Poder econômico: é exercido por quem possui a propriedade privada. Quem tem terras, dinheiro e bens exerce influência sobre os
despossuídos.
Poder ideológico: é exercido por quem pode criar e influenciar as massas com suas criações, seja no âmbito midiático, seja no
religioso. Geralmente, os atores desse tipo de poder trabalham para os atores dos outros dois poderes: o político e o econômico.
Poder político: é exercido pelas instituições oficiais, ligadas ao Estado. Pode ser legítimo, quando visa a finalidade da vida
política, ou ilegítimo, quando é usurpado para gerar uma situação de dominação simples de certas classes ou pessoas.

Politica
O significado de política está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público e ao bem dos cidadãos e sua
administração. A política é a atividade própria da cidade, refere-se às relações humanas em um espaço comum, dividido e
negociado entre os indivíduos. Já o sistema político é uma forma de organização e governo que engloba instituições políticas que
compõe um Estado.

Os cidadãos passam a ser responsáveis pela administração da cidade, dando origem ao espaço público, ao espaço
comum. Foi o filósofo grego Aristóteles que iniciou a reflexão sobre a política a partir de seus estudos sobre as formas de governo
e o funcionamento das cidades gregas. De acordo com Aristóteles, os seres humanos são animais políticos, ou seja, são
determinados pela natureza a viver em sociedade e organizar as formas para essa convivência. Para ele, a cidade é anterior aos
indivíduos. Aquele que por escolha resolve viver fora da sociedade, nega a sua própria natureza, é superior ou inferior aos seres
humanos, um Deus ou uma fera.

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

Maquiavel defende a ideia de que um estado forte depende de um governante eficaz, e para que ele seja bom, ele deve
ter boas habilidades políticas. Para ele, são características relevantes de um bom príncipe, ser bondoso, caridoso, religioso e ter
moral. Contudo, Maquiavel argumentava não ser necessário possui-las de fato, o governante devia apenas manter as aparências,
pois o governo precisa do apoio e opinião pública; em momentos de crise a população deve ficar contra o governo.
A teoria política de Maquiavel reflete o que ele vivenciou: uma política não democrática em uma cidade cheia de
conflitos internos e externos pelo poder, além de sofrer a forte influência da Igreja Católica. Em sua teoria política, Maquiavel
destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do governante manter-se no governo, para que o Estado e a ordem social
sejam preservados. Ele se destacou como um teórico do absolutismo, mas é necessário observar o porquê: mais por conservação
da ordem do que por concordar com qualquer formação de privilégios políticos. Assim como outros renascentistas, ele inovou ao
separar o domínio religioso dos demais domínios. No caso, Maquiavel foi importante por separar o domínio religioso do domínio
político.

Thomas Hobbes (1588-1679) Temos dois aspectos para apresentar como centrais na obra hobbesiana, sendo um do
campo da Filosofia teorética e outro da Filosofia prática. No campo teorético, Hobbes era um empirista, defendendo que não há
qualquer tipo de representação mental anterior à experiência. Porém, a grande produção filosófica do pensador está ligada à
Filosofia prática, ou seja, à Filosofia política. No campo político, o inglês defendeu:

- O estado de natureza humano como momento de inaptidão natural para a vida social;
- A sociedade como uma composição complexa de “átomos”, que são os indivíduos;
- O contrato social como formação da comunidade humana que retira o homem de seu estado de natureza;
- A necessidade da monarquia para estabelecer a ordem entre as pessoas.

Contrato social

Hobbes parte do pressuposto de que houve um momento hipotético em que os seres humanos eram selvagens e viviam
em seu estado natural. Para ele, esse momento era caótico, pois o ser humano é, para Hobbes, naturalmente inclinado para o mal.
Segundo o filósofo, os seres humanos precisam da intervenção de um corpo estatal forte, com leis rígidas aplicadas por uma
monarquia forte, para que eles saiam de seu estado natural e entrem no estado civil. Hobbes afirma que, em seu estado de natureza,
“o homem é o lobo do homem”. O estado civil seria a solução para uma convivência pacífica, em que o ser humano abriria mão de
sua liberdade para obter a paz no convívio social. A propriedade privada, para Hobbes, não deveria existir e a monarquia é
justificada pela sua necessidade como garantia do convívio seguro.

Adam Smith (1723-1790)

Smith defendeu a igualdade perante a lei para todos, sendo errado o governo conceder vantagens a alguns à custa de
outros. Ele achava inadequado quaisquer leis que freassem a produção dos homens, e sustentava que cada pessoa pudesse buscar
livremente seus interesses, desde que não infringisse os direitos de outras pessoas. Pregava a não-intervenção do Estado na
economia e um Estado limitado às funções de guardião da segurança pública, mantenedor da ordem e garantia da propriedade
privada. Defendia a liberdade contratual, pela qual patrões e empregados seriam livres para negociar os contratos de trabalho.

Segundo ele, se a economia fosse livre, sem intervenção alguma de órgãos externos ou do governo, ela irá regular de
forma automática, como se houvesse uma mão invisível por trás de tudo, fazendo com que os preços dos produtos fossem ditados
pelo próprio mercado, conforme sua necessidade.

Estado Absolutista

É um Estado que centraliza todo o poder político e econômico nas mãos de apenas uma pessoa, geralmente um monarca
ou ditador. A essência desse tipo de governo é que a pessoa que possui o poder absoluto e ilimitado, não está sujeita a
contestações ou regulamentações de qualquer outro órgão ou instituição. Mesmo que esse seja judicial, legislativo, religioso,
econômico ou eleitoral.

A origem e formação do Estado Absolutista: O Estado Absolutista surgiu ainda na Idade Média, no cenário
socioeconômico do sistema feudal. Porém, o feudalismo passava por crises, já que questionava-se porque o poder se centralizava
apenas nas mãos dos senhores feudais.

É no decorrer dessa crise que o modelo econômico capitalista tem seu início nos meios de produção. Isso aconteceu
porque acreditava-se que, naquele momento, o feudalismo servia como empecilho para o desenvolvimento econômico. É durante
essa gradual mudança dos modos de produção, que o poder começa a ser centralizado nas mãos dos reis. Os senhores feudais
perdem forças políticas e econômicas, enquanto as forças nacionais (poder bélico) e os benefícios concedidos à nobreza passam a
crescer. É nesse contexto, entre os séculos XVI e XVIII, que nasce e se consolida o Estado Absolutista, com o poder político e
econômico ilimitado nas mãos dos monarcas.

As características do Estado Absolutista

- os reis passam a decretar as leis e decidir problemas jurídicos. Não havia constituição que pudesse contestar a vontade e as ações
deles,
- eram responsáveis também por escolher o valor a ser cobrado nos tributos para a população e comerciantes,
- o rei controlava as forças nacionais. Qualquer ação do poder bélico do Estado estava abaixo das vontades do monarca,
- acima do rei só existia Deus, já que em um Estado Absolutista o rei era considerado como o escolhido do Divino para governar o
povo.

Estado Liberal Estado liberal (ou Estado liberal de direito) é um modelo de governo baseado no liberalismo
desenvolvido durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII. O liberalismo se opôs ao governo controlador e centralizador
do Estado absolutista, que tinha como principais características o acúmulo de riquezas, o controle da economia e uma relação de
autoritarismo entre o governo e o povo.
O Estado liberal, também chamado de Estado liberal de direito, é voltado para a valorização da autonomia e para proteção dos
direitos dos indivíduos, garantindo-lhes a liberdade de fazer o que desejarem desde que isso não viole o direito de outros.

Como surgiu: O Estado liberal surgiu após a Revolução Francesa, que foi movida por ideais liberalistas inspirados
nas obras de John Locke. O filósofo inglês, considerado pai do liberalismo, entendia que os indivíduos nasciam com o direito
natural à vida, à liberdade e à propriedade privada. Esse pensamento teve por consequência a ideia de que o Estado não poderia
mais intervir nesses assuntos.

Características do Estado liberal

Liberdade individual: Em um Estado liberal os indivíduos possuem liberdades que não podem sofrer interferências do governo.
Assim, os indivíduos podem se envolver em qualquer atividade econômica, política ou social em qualquer nível, desde que não
viole os direitos de outrem.

Igualdade: Em um Estado liberal, a igualdade é obtida através do respeito ao individualismo de cada pessoa. Isso significa que
todos devem ser tratados da mesma forma, independente do gênero, idade, religião ou raça, observando-se sempre suas diferenças
a fim de proporcionar a todos as mesmas oportunidades.
Tolerância: A tolerância é consequência da igualdade com que o governo trata os indivíduos no Estado liberal, no qual todos têm
a oportunidade de serem ouvidos e respeitados, mesmo durante greves e manifestações.
Liberdade da mídia: A mídia opera de forma imparcial e não está vinculada ao governo nos Estados liberais. Dessa forma, os
meios de comunicação podem publicar informações de forma livre e não tendenciosa, especialmente sobre assuntos políticos.
Livre mercado: Nos Estados liberais predomina a chamada “mão invisível do mercado” que consiste na ausência de intervenção
do governo na economia. Assim, qualquer indivíduo pode exercer atividades econômicas e, dessa forma, o mercado se
autorregula.

Estado Socialista: O socialismo é um ideário político e econômico concebido no contexto da Revolução Industrial, em fins do
século XVIII e meados do século XIX. Tendo por princípio basilar a igualdade, o socialismo foi construído em contestação ao
capitalismo, que naquele período operava sem nenhuma forma de regulação ou legislação trabalhista que conferisse aos
trabalhadores proteção e condições dignas de trabalho. Para os socialistas utópicos, isso seria possível sem a destruição do
capitalismo. Para os socialistas científicos, isso só seria possível com a destruição do capitalismo.

Características do socialismo: As características do socialismo variam conforme a vertente de pensamento. O ponto em comum é
a busca da igualdade, mas os caminhos propostos para alcançá-la são distintos.
No socialismo utópico, podemos destacar:
- Combate à desigualdade por meio da reforma do capitalismo;
- Conciliação entre as classes;
- Cooperação nas relações de trabalho e distribuição da riqueza produzida.

O socialismo científico, vertente revolucionária desse pensamento, tem características substancialmente diferentes da primeira
vertente. Ele propõe:
- Combate à desigualdade por meio da extinção do capitalismo;
- Uma sociedade sem classes;
- Abolição da propriedade privada e socialização dos meios de produção.

Socialismo utópico: A primeira corrente do pensamento socialista foi denominada socialismo utópico e desenvolvida na
Primeira Revolução Industrial. O filósofo e economista francês Saint-Simon foi seu principal intelectual.
Advogava um Estado forte que arbitrasse a economia e instituições fortes que distribuíssem os dividendos do progresso industrial
e científico, conferindo aos pobres uma boa formação intelectual e qualidade de vida. Saint-Simon ressaltava a necessidade de que
os ricos compreendessem que viabilizar melhores condições de subsistência aos pobres seria bom para a sociedade como um todo,
incluindo eles próprios. Esse filósofo também era crítico da grande influência social exercida pela nobreza, pelo clero e pelos
militares.
O segundo teórico mais importante do socialismo utópico, Charles Fourier, propunha a criação de sociedades comunitárias
independentes da sociedade capitalista. Elas dependeriam do capital privado e teriam sua economia baseada na indústria. Ele não
propunha a igualdade absoluta, mas que as diferenças de renda não fossem muito grandes.

Socialismo científico: Socialismo científico é a corrente de pensamento protagonizada por Marx e Engels. No século XIX,
esses teóricos debruçaram-se na construção e divulgação de uma análise econômica da história. O socialismo científico, também
conhecido como marxismo, propõe a compreensão científica de como o capitalismo funciona para poder substituí-lo por um
regime econômico igualitário. Para seus autores, todos os períodos da História e todos os modelos econômicos foram estruturados
sobre a luta de classes. No sistema capitalista, o antagonismo entre opressor e oprimido se apresentou principalmente em dois
grupos:
- o seleto grupo burguês: composto por donos dos grandes meios de produção, como as grandes propriedades rurais e as grandes
fábricas;
- o grande grupo do proletariado: trabalhadores assalariados que dispunham somente de sua força de trabalho e produziam a
riqueza sem, contudo, desfrutar dela, recebendo apenas baixas remunerações.

Para Marx e Engels, a conscientização do proletariado sobre sua condição e, a partir disso, sua organização política
constituíam o caminho revolucionário para debelar o capitalismo e construir em seu lugar uma sociedade igualitária.

Estados Nazista e Fascista: O nazismo e o fascismo foram movimentos antiliberais e anticomunistas. Por
suas semelhanças, tornaram-se conhecidos pela expressão “nazifascismo”. Neles, o Estado pairava acima de todas as
demais organizações, públicas ou privadas, e suas expressões morais desdobravam-se sobre todas as esferas da vida
social, principalmente a educação. No plano econômico, buscaram nacionalizar a economia e se afastar de grupos
financeiros e industriais estrangeiros.

O fascismo foi um movimento político surgido na Itália entre 1919 e 1920, liderado por Benito Mussolini.
Nacionalista, fundamentava suas origens no restabelecimento das glórias romanas, com objetivos de expansão
imperialista. O fascismo teorizou um sistema peculiar de poder no qual o Estado, personificado em um partido único,
de massa e hierarquicamente organizado, era o único criador do direito e da moral, não havendo limites à sua
autoridade. Toda oposição era proibida, estando sujeita à ação da justiça (controlada pelo Executivo). Para o
fascismo, a nação era uma unidade moral, política e econômica que se realizava integralmente no Estado.

O regime fascista desprezava os valores do individualismo liberal e se colocava em oposição frontal ao


socialismo. Já o nazismo foi um movimento político que surgiu na Alemanha também nos anos 1920, fundamentado
na ideologia formulada por Adolf Hitler em seu livro Mein Kampf (Minha luta). O Estado nazista esvaziou o
Parlamento, dissolveu a oposição utilizando-se da violência e submeteu toda a sociedade ao Partido Nazista.

O termo nazismo vem do alemão Nationalsozialismus. Traduzido para o português como nacional-
socialismo, é usado para se referir à doutrina do Partido Nacional-Socialista Alemão e à experiência do movimento
nazista na Alemanha. O nazismo é uma ideologia política caracterizada pelo nacionalismo, ou seja, a reconstituição
das nações e de seus povos originais, considerados “raças superiores”. O nazismo se diferenciou do fascismo em
função de seu caráter racista, que pregava a supremacia da raça ariana, da xenofobia (aversão ao estrangeiro)
institucionalizada e da perseguição étnica a judeus, ciganos, comunistas, homossexuais e deficientes físicos e
mentais.

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