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Unidade 1 Cultura de discipulado na vida e na igreja local.

Daniel Vargas e Ilaene Schüler

AULA 1. Visão Bíblica de Fazer Discípulos

Introdução
Definido da forma mais simples possível,

O discipulado é o crescimento intencional com a ajuda de outro.

De uma forma mais completa, podemos dizer que:


O discipulado é um relacionamento de amor e aceitação
em que um discípulo mais maduro, e em pleno crescimento,
ajuda outros discípulos de Jesus Cristo
a se aproximarem mais dele e assim reproduzirem.

1. Relacionamento de amor e aceitação


1.1. O ser precede o fazer. “Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que
estivessem com ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade para expulsar
demônios. Mc. 3.14.
Jesus abre sua vida para o relacionamento de discipulado acontecer convidando os
discípulos para vivenciar comunhão e intimidade. (Mt 26. 36-46)
Experimentar aceitação, apoio e amor encoraja sobremaneira nosso crescimento.
Sem um ambiente de graça e aceitação, onde precisamos sempre ficar nos
protegendo, dificilmente iremos crescer.
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1.2. O discipulado não é um programa, nem uma estrutura, nem um curso, mas um
relacionamento para a vida toda.

2. em que um discípulo mais maduro e em pleno crescimento

2.1. Crescimento intencional. Procure identificar no texto de Filipenses 3.12-17 quais


palavras Paulo usa para falar do seu processo de crescimento:
“Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo
para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus.
Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão
adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de
Deus em Cristo Jesus.
Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e
se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes
esclarecerá. Tão somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.
Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o
padrão que lhes apresentamos.”

A palavra “Prossigo” usada por Paulo, no original comunica determinação,


intencionalidade e compromisso com seu crescimento. Maturidade é resultado de
se estar em um processo de crescimento. A credibilidade, Paulo construiu sua
credibilidade mais a partir do seu processo de crescimento contínuo do que na
posição à qual chegou.

2.2. Transformação de dentro para fora.


“Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e
incultos, admiraram-se; e reconheceram que havia eles estado com Jesus.” At 4.13
O relacionamento e a presença de Jesus os transformaram de tal maneira que esta
mudança era visível para as demais pessoas. Palavra que não é praticada não é
discipulado. Discipulado intencional resulta em crescimento intencional.

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3. ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a se aproximarem mais dele

3.1. Numa relação de ajuda facilmente podemos gerar dependência. Isto ocorre
quando fazemos mais pelas pessoas do que elas fazem por elas mesmas. Nós as
desqualificamos enquanto pessoas que têm alguma condição ou recursos próprios
para gerar movimentos de mudanças. Com isso elas não se responsabilizam pelos
seus processos de mudanças e nos tornamos Salvadores delas e não cuidadores. É
importante entender que 50% da responsabilidade com seu processo de crescimento
é da própria pessoa e 50% é responsabilidade do ajudador.

Desenvolvendo a interdependência nos relacionamentos. Quando crescemos,


passamos da dependência à independência, culminando na interdependência que
se instala nos relacionamentos mais importantes da nossa vida.

Dependência: Quando somos dependentes, estamos, literalmente, em risco. Nossa


segurança, nossa felicidade, nosso bem-estar, a nossa vida pode estar nas mãos de
outra pessoa.
A relação de dependência ocorre muitas vezes porque o discípulo não quer se
comprometer com as consequências ou o discipulador tem necessidade de se
afirmar em sua identidade tendo em torno dele pessoas que precisem dele e isto lhe
confere valor.

Independência: Somos capazes de nos proteger, de nos adaptar às novas


exigências, necessidades e oportunidades que surgem, podemos nos sair
razoavelmente bem com aquilo que temos. Algumas pessoas se tornam
relativamente independentes e permanecem nesse patamar a maior parte da vida.

Interdependência: Quando somos interdependentes temos noção do próprio valor


e consciência do que precisamos, mas sabemos que juntos podemos fazer mais, ir
além, dar e receber mais, ter perspectivas diferentes. Numa relação de ajuda
saudável procuro desenvolver interdependência, buscando pontos referenciais e
uma perspectiva divina, ouvindo a Deus com outras pessoas maduras ao tomar
decisões. Aqui não estamos falando de decisões corriqueiras do dia a dia, mas
decisões com alto impacto sobre nossa vida.
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3.2. Os discípulos sempre pertencem a Jesus.

Sua identidade, lealdade, compromisso, segurança e sentido de chamado tem de


fluir de Jesus e não de outro discipulador. Jesus é tanto o alicerce como o alvo do
discipulado. Quem se aproxima de Jesus se torna mais como Ele é.

4. ...e assim reproduzirem.

4.1. Discípulos frutíferos

“Filhinhos, eu lhes escrevo porque os seus pecados foram perdoados, graças ao


nome de Jesus.
Pais, eu lhes escrevo porque vocês conhecem aquele que é desde o princípio.
Jovens, eu lhes escrevo porque venceram o Maligno.
Filhinhos, eu lhes escrevi porque vocês conhecem o Pai. Pais, eu lhes escrevi porque
vocês conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu lhes escrevi, porque
vocês são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o
Maligno.” 1 João 2.12-14

Esta passagem claramente descreve três estágios diferentes de maturidade que são
essenciais para compreender se pretendemos formar discípulos frutíferos que
reproduzem o amor pelo Senhor e o discipulado.
Filhos: Saber quem somos em Cristo e o que temos em Cristo.
Jovens: Compreender a batalha e o processo de renovação de nossa mente.
Pais: Conhecer Deus num relacionamento íntimo.

4.1.1. “Filhos”: Saber quem somos em Cristo e o que temos em Cristo.


" Eu vos escrevi, filhinhos, porque os vossos pecados foram perdoados. "
O primeiro nível no discipulado: A minha identidade em Cristo.
Todos os cristãos têm seus pecados perdoados, mas muitos realmente não
sabem o que isso significa.
As pessoas não sabem ou se esqueceram de quem são em Cristo. Como
resultado, a sua autoimagem é derivada a partir da fonte errada.

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Podemos fazer três perguntas fundamentais:
• Quem você diz que é?
• Quem as pessoas dizem que você é?
• Quem é que Deus diz que você é?
Quando nos permitimos a nós mesmos, ou aqueles à nossa volta, ou as nossas
experiências passadas determinar quem nós somos, vamos andar em círculos.
Qual foi a chave para a liberdade segundo Jesus? Conhecer a verdade.
Para que as pessoas saiam da fase de "crianças" , elas precisam fazer ligações
reais com as verdades fundamentais afim de se tornarem pessoas
completamente diferentes, visto que são agora totalmente aceitáveis e
agradáveis a Deus, e que têm tudo o que precisam para viver a vida cristã e
crescer afim de serem “ JOVENS” e depois “PAIS”.

4.1.2. Jovens”: Compreender a batalha e o processo de renovação de nossa


mente.
Voltando à nossa passagem de 1 João, a questão-chave para "jovens" é que
eles já venceram o maligno.
Até conhecer Jesus, tenho um padrão de comportamento. Agora que conheço
Jesus e a verdade sobre mim, preciso renovar a minha mente, identificar e
renunciar as crenças falsas. E, a partir da Verdade construir um novo padrão de
comportamento.
É possível que alguém possa reconhecer uma verdade intelectualmente, mas tal
verdade nunca toque o seu coração e, portanto, não tenha efeito sobre o seu
caráter ou cause transformação em sua vida. É preciso ajustar sua vida a partir
do que Deus sobre você. Ter um grupo ou relacionamento de discipulado é
essencial para que este processo de ajuste em nossa vida aconteça.

4.1.3. “Pais”: Conhecem Deus num relacionamento íntimo.


Quando as pessoas sabem o que foi feito por elas e resolvem os conflitos
pessoais e espirituais identificando suas crenças falsas, é que elas são capazes
de atingir a maturidade e se tornam "pais" que " conhecem aquele, que é desde
o princípio.

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5. Resumindo podemos falar de três conceitos fundamentais: relacional,
transformador e multiplicador:

5.1. Relacional: No contexto de relacionamentos confiáveis, comprometidos e pessoais,


as pessoas podem experimentar um ambiente propício para seu crescimento, pois,
podem ser transparentes, falando de si mesmas e se colocando como aprendizes.

5.2. Transformador: Desenvolvendo uma crescente relação com Deus que traz alegria
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, junto com a alegria do próprio discípulo. O estudo
da Bíblia e o estudo de bons livros podem se tornar somente mais informações se
não aplicarmos em nossa vida o que estamos ouvindo de Deus e aprendendo. O
encontro de discipulado precisa manter o padrão Pessoa-Palavra-Pessoa para
promover um crescimento acelerado e intencional, não apenas acidental, trazendo
transformação. O Palavra de Deus é central no discipulado.

5.3. Multiplicador: Cada um de nós é agente motivador de crescimento para as pessoas


ao nosso redor promovendo um crescimento qualitativo e quantitativo da igreja. Isso
pode ser uma tragédia ou uma alegria dependendo se estamos crescendo
intencionalmente com a ajuda de outros. E nosso amor e estilo de vida parecido com
Jesus convence quem ainda não partilha da fé e da vida cristã acerca de quem o
Senhor é, revelando Jesus para os não crentes. O nível de compromisso determinará
o nível de crescimento de cada um no seu relacionamento de discipulado.

6. Entendendo o conceito e modelo Jesus para fazer discípulos:


Ser e fazer discípulos deveria constituir uma parte normal de ser um cristão e um membro
de igreja. É o que um seguidor de Cristo faz.
Ser e fazer discípulos é um estilo de vida, resultando numa igreja que fomenta uma
cultura de discipulado e não somente programas.
A maioria dos pastores, pastoras e cônjuges e líderes pensa no discipulado como algo para
novos convertidos. A maioria tem programas, cursos e currículos para discipular novos
crentes.
Seria bem mais saudável se pensássemos em diferentes níveis de discipulado:
1) novos convertidos;
2) membros comprometidos da igreja;

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3) líderes da igreja;
4) pastores, pastoras e seus cônjuges.1
Jesus discipulava os líderes principais da igreja, os que seriam apóstolos e pastores.
Se os pastores, pastoras e cônjuges vivenciam a visão e os valores do discipulado, seus
líderes farão o mesmo. Se eles fazem isso, os membros os seguirão. Se os membros
seguirem, os novos convertidos entenderão que o discipulado é um estilo de vida e não
apenas um curso de 6-12 semanas de preparação para o batismo.

O que mais chamou sua atenção:

Quais passos práticos você pode tomar:

1
Podemos pensar num quinto nível que seriam os pastores de pastores, líderes de denominações e estratégicos.
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AULA 2. Esferas de Influência do Discipulado
Estar centrado em Cristo

Edmund Chan, em seu livro Discipulado Radical, define santidade como uma jornada
interior, em que nosso caráter é moldado. Nessa jornada somos santificados e nossos
valores são transformados. É uma jornada interior que nos torna verdadeiramente livres a
partir do encontro com Jesus.

O discipulado tem como ponto de partida o encontro pessoal com Jesus.

E prossegue até sermos impregnados dos valores do Reino de Deus. O coração do


discipulado gravita em torno destes valores. São eles que devem definir o que é importante
e prioritário para a igreja. Além disso, o discipulado leva em conta que não podemos querer
apenas a adição de vidas em nosso meio, mas, uma multiplicação espiritual.

Se basearmos o nosso discipulado em somente trazer pessoas novas para a igreja, o


que alcançaremos será apenas uma adição. Contudo, se o nosso foco for discipular
estas pessoas para que elas discipulem a outras, então, teremos uma multiplicação.

Para desenvolver a identidade e o chamado de um discípulo e um discipulador, nos ajuda


ter uma percepção da conexão e esferas de influência do discipulado. Isso pode ser
retratado em cinco círculos concêntricos que expressam a conexão entre o compromisso
com Cristo, formação de discípulos, igrejas saudáveis e o Reino de Deus:

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1. Estar centrado em Cristo (Jo 14:6; Ef 1:18-22; Mt 5.3; Ap 1, Jo 15, Jo 5.19-20)
2. Ser discípulo de Jesus (Mt 16.24-28; Mc 1:15, 17; 3.13-15; Lc 9:57-62)
3. Ser um discipulador (Mt 28:16-20; Jo 17:4, 6, 18-19)
4. Ser uma igreja saudável. Uma comunidade de discípulos e fazedores de discípulos
resulta naturalmente em igrejas saudáveis (At 2:42-47; Ef 4:11-16) que demonstram
o Reino de Deus.
5. O Reino de Deus (Mt 6:33; Mt 13; Mc 1:15, 17).

1. Estar centrado em Cristo (Jo 14:6; Ef 1:18-22; Mt 5.3; Ap 1, Jo 15; Jo 5.19-20)

1.1 Reconhecer minha pobreza

“Bem-aventurados os pobres de espírito” (Mt 5:3). Esse é o primeiro princípio


básico do reino de Deus. No Reino de Jesus Cristo, o essencial é pobreza e não o que
possuímos que resulta num sentido de absoluta incapacidade sem Ele: "Por mim
mesmo, não posso fazer nada". (Jo 5.19-20a)
Precisamos ir a Jesus como pobres de espírito para recebermos Dele tudo que
devemos ser. Pois, quando nasço de novo pelo Espírito de Deus, percebo que Jesus
Cristo não veio apenas para ensinar; veio para fazer de mim aquilo que Ele ensina que
devo ser. Ser Cristocentrico é reconhecer minha pobreza e ir a Jesus diariamente
para que Ele complete sua obra. Só o reconhecimento da nossa própria pobreza nos
leva ao terreno fértil onde Jesus opera.

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1.2 Crucificado com Cristo

“Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de viver para Deus.
Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim.” (Gl 2:19,20)

A rendição é a característica definidora do discipulado. Deus nos chama para uma


entrega absoluta. Mas, isso é difícil. Então, muitos oferecem a Deus uma decisão pela
metade, sem uma entrega total. Uma espécie de compromisso sem rendição.
Há uma grande diferença entre a vida rendida e entregue a Deus e a vida
comprometida.

Uma pessoa pode estar externamente comprometida com a obra de Cristo, mas pode
não ter, internamente, se consagrado e submetido a vontade de Cristo.

Algumas diferenças entre uma vida submissa, crucificada em Cristo e uma vida
comprometida com Cristo:

Crucificado com Cristo Comprometido com Cristo


A vida submissa e entregue assume o que A vida comprometida enfatiza o que devemos
Cristo tem feito por nós. fazer por Cristo.

A vida submissa e entregue a Deus confessa A vida comprometida insiste na capacidade da


que não podemos fazer nada sem Ele. pessoa de fazer algo.

Enquanto a vida rendida a Deus focaliza no A vida comprometida foca no que fazemos.
que somos.

A vida submissa examina nosso caráter. A vida comprometida exalta nossa


competência.

A vida rendida e submissa olha para o interior. A vida comprometida enfatiza o exterior.

A vida rendida centra-se na obediência. A vida comprometida está centrada em


atividades e realizações.

A vida rendida e submissão brota das A vida comprometida transpira de boas


intenções divinas. intenções.

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1.3 Permanecer em Jesus e Ele permanecer em mim:

"Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele,
esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. (Jo. 15.5)

Jesus é modelo:
Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor,
assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor
permaneço. (Jo 15.10)
O relacionamento de obediência e o permanecer de Jesus no amor do Pai é referência
para os discípulos permanecerem Nele.
Em João 10.14 Jesus diz que é o Bom Pastor e conhece as suas ovelhas e elas o
conhecem, assim como o Pai conhece Jesus e Jesus conhece o Pai e dá a sua vida
pelas ovelhas. O verbo conhecer usado 4 vezes por Jesus é do grego ginosko
indicando um conhecimento subjetivo. Jesus diz que nós podemos ter um
relacionamento com Ele como Ele tem com o Pai e o Pai com Ele.

“...Tudo o que ouvi do meu Pai eu lhes dei a conhecer.” (Jo 15.15)
O relacionamento de Jesus com o Pai possibilita que Ele fale aos discípulos o que
ouve do Pai.

Jesus lhes deu esta resposta: "Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode
fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai
faz o Filho também faz. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz...”
(Jo 5.19-20ª)

O relacionamento de amor de Jesus com o Pai possibilita o Pai mostrar a Jesus o


que está fazendo.
• Dependência total: “O Filho não pode fazer nada de si mesmo”
• Olhos espirituais: “Só pode fazer o que vê o Pai fazer”
• Parceria divina: “Porque o que o Pai faz, o Filho também faz”
• Amado(a): “Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz”

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A qualidade da relação com Jesus é referência para a ação do Pai

“Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele
poda, para que dê mais fruto ainda.” (Jo 15.2)

O agricultor estará sempre conferindo a vivacidade dos ramos definindo se corta ou


limpa para dar mais fruto. Ou seja, o Pai avalia a qualidade da relação com Jesus,
que é a Videira.

Permanecer em Jesus glorifica ao Pai:

“Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus
discípulos.” (Jo15.8)

A glorificação do Pai se dá quando o discípulo, permanecendo em Jesus, vive e


frutifica a partir da vida que vem Dele, vive da palavra Dele; sabendo que a palavra
de Jesus, não é dele, mas a fonte é o Pai.
Não há como ser discípulo sem esta dependência, pois o discípulo se define por
glorificar o Pai (ou Jesus); ser autossuficiente é buscar a própria glória.

Permanecer em Jesus potencializa a capacidade de frutificar.


“Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus
discípulos. Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto,
fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu
nome.” (Jo 15.8 e 16)

O produzir fruto está condicionado ao permanecer na videira. Sem Jesus não


podemos fazer nada, por sua vez permanecendo em Jesus podemos produzir
muitos frutos que permanecem.

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O que mais chamou sua atenção:

Quais passos práticos você pode tomar:

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AULA 3. Esferas de Influência do Discipulado
Ser discípulo de Jesus

1. Ser discípulo de Jesus (Mt 16.24-28; Mc 1:15, 17; 3.13-15; Lc 9:57-62)

Estar centrado em Cristo leva, naturalmente, a ser um discípulo de Jesus.

Um discípulo é um seguidor de Jesus.

Ampliando o conceito, um discípulo é um seguidor de Jesus que cresce intencionalmente


para se tornar como Ele, comprometido com sua missão.

Esta definição é simples e intuitiva com suas três dimensões:

a. Seguir Jesus: Seguir a Jesus implica três coisas: conhecer a Jesus, amar e servir
a Jesus, e, portanto, segui-Lo como Seu discípulo.

“Então Jesus disse aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Mt 16.24

• Negar a si mesmo: dizer não ao deus que está em mim


• Tomar a sua cruz: O criminoso só pega sua cruz depois de ter recebido a
sentença de morte. Morto para os meus próprios projetos e sonhos e deixando
Jesus ressuscitar os seus sonhos e projetos para a minha vida.

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b. Crescer:

“Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus


Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém” (2Pe 3.18).

Crescer na graça de Jesus:

Crescer individualmente na graça: A graça significa que, além do perdão,


podemos receber uma força do alto que é maior do que o poder do pecado sobre
nós. Esta graça está disponível diariamente, no trono da graça, para todos os que
estão dispostos a se humilhar e clamar a Deus por ajuda e poder para vencer o
pecado (Hb 4.16). Todo processo de crescimento é resultado de obediência.

“O que revela meu crescimento na graça é a maneira como encaro a obediência.


Temos que tirar da lama a palavra "obediência". A obediência só é possível entre
iguais; é o relacionamento entre pai e filho, não entre amo e servo. "Eu e o Pai
somos um". "Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu". A obediência do Filho foi a do redentor, porque ele era Filho, não para que
se tornasse Filho depois de obedecer.” Oswald Chambers Tudo para Ele, 19 de julho.

Crescer na graça junto com meus irmãos e irmãs:

Crescer na graça como fruto da sinergia entre discípulo e discipulador. A


semelhança de Jesus que se entrega para a Noiva e essa Noiva se entrega para
Ele. A sinergia acontece quando um discipulador se entrega aos seus discípulos,
com isso os discípulos ganham força para se entregar ao seu discipulador que,
por sua vez, se torna um discipulador melhor ainda. Nos tornamos ezer ao elevar
ao outro, ao dar e receber daquilo que a graça de Jesus tem me dado e realizado
em minha vida.

Crescer no conhecimento de Jesus:

Crescer no conhecimento subjetivo (Ginosko) e íntimo a partir de uma experiencia


pessoal.
Sendo discípulo de Jesus e Ele sendo meu discipulador preciso aprender a ouvir
a Ele.

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E ouvir a Jesus começa com o nosso tempo devocional. Precisamos nos aquietar
e nos conectar com o coração de Deus e abrir o nosso, tendo um encontro divino.
Quando a Bíblia é aplicada em nossa vida podemos experimentar o seu poder e
eficácia. Pois, experimento a vida de Jesus sendo aplicada em minha vida, por
meio da Palavra. Assim experimento continuamente crescimento por meio do
padrão Vida, Palavra, Vida. (Jo 5:39-40).

c. Ser enviado: Isso passa, naturalmente, de estar com Ele (Mc 3:14), para ser
enviado por Ele (Mc 3:14). O ser flui para o fazer, que flui de novo ao ser.

2. Disciplinas Espirituais e nosso crescimento como discípulos.

As disciplinas espirituais nos colocam onde Deus possa trabalhar dentro de


nós e transformar-nos.

Sozinhas, as disciplinas espirituais nada podem fazer; elas só podem colocar-nos no lugar
onde algo possa ser feito. Elas são os meios de graça de Deus.

No nascimento da primeira igreja em Atos, houve uma intimidade com Deus toda especial.
Esses discípulos estavam realmente apaixonados por Deus. Sua visão para a pessoa e o
Reino dele foi nutrida através de certos hábitos ou disciplinas básicas. Em Atos 2.42-47,
nota-se as quatro disciplinas clássicas da Palavra (ensino dos apóstolos), a oração, a
comunhão e o evangelismo. Percebe-se, também, um compromisso com uma vida simples,
sem a qual dificilmente teremos sucesso nas outras disciplinas.

Atos 2.42 é o versículo chave quanto as disciplinas básicas da igreja primitiva: “E


perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”
(Atualizada). Aqui encontramos três das quatro disciplinas clássicas de um discípulo: a
palavra, a comunhão e a oração.

Num certo sentido, pode parecer que a quarta disciplina clássica, o testemunho, não tem a
mesma prioridade, mas nesta passagem se inicia e se encerra com esse tema. Inicia com a
mensagem de Pedro e a conversão de três mil pessoas. Encerra indicando que a vida da
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igreja foi tão atraente que eles tiveram a simpatia de todo o povo e o Senhor acrescentava-
lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos.

Nas Tarefas Complementares você pode fazer sua autoavaliação quanto a estas disciplinas
espirituais.
E pode conhecer mais fazendo os Estudos da Bíblia de Discipulado da SBB, nos módulos
sobre Discipulado.

Vamos olhar algumas atividades que podem nos ajudar a crescer em cada uma destas cinco
disciplinas espirituais:

2.1. Comunhão:
Chaves para experimentar verdadeira comunhão no meio de tanta mudança de
vida e relacionamentos superficiais:

2.1.1. Participação radical e comprometida num grupo de 2- 4 pessoas de


discipulado. Sem isso dificilmente haverá comunhão profunda. Cl 3.9-17.

2.1.2. Um ambiente de amor e aceitação (Lc 1.39-45) que encoraja transparência


(2Co 3.7-18), as pessoas sendo genuínas e autênticas, compartilhando suas
alegrias como também suas dificuldades.

2.1.3. Humildade que se importa mais com a outra pessoa do que consigo mesmo,
afirmando-a, encorajando-a e elevando-a. Is 38.15; Mt 23.12.

2.1.4. Conhecendo as necessidades uns dos outros e realmente respondendo a elas.


Lembre-se, nossas necessidades são a porta ao relacionamento! Sl 69.33; At
4.34; Tt 3.14.

2.2. Palavra
Um diário espiritual é um relatório de um encontro com Deus (Ef 4.30; Jr 13.1-14; Pv 7.1-5).
Uma forma simples trabalha com apenas duas perguntas:

I. O que Deus está dizendo para mim?


II. O que eu vou fazer com base nisto?

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A primeira pergunta, o que Deus está dizendo para mim, pode tomar várias formas:
a) Você pode escrever uma oração expressando para Deus o que você está
sentindo.
b) Invertendo, e usando imaginação santificada, você pode escrever o que pensa
que Deus falaria para você. “Meu amado, quanto tempo desde que sentamos
juntos...” Se entrar num diálogo, pode usar duas cores; uma para o que você
sente que ele está falando e uma para o que você fala.
c) Você pode fazer uma lista de suas observações, interpretações e aplicações
com base no seu estudo de uma passagem.

A segunda pergunta, o que vou fazer com base nisto, também tem várias
possibilidades:
a) Pode ser uma oração, comprometendo-se a uma ação de obediência.

b) Pode ser uma aplicação, indicada de forma mensurável ou objetiva.

c) Pode ser um compromisso de aprofundar o assunto de várias formas.


Temos outro problema. Esquecemos rapidamente o que Deus falou (Dt 4.9-10; 8.11;
16.3, 12; Is 44.21; 2Pe 1.12-15) ou o que anotamos em nosso devocional, às vezes
de um dia para o outro. Por isso, precisamos de um relacionamento de discipulado
como um espaço de prestação de contas.

2.3. Oração
Junto com a chave de ter um plano de oração, mais duas chaves para uma vida de oração
poderosa são separar 1) um tempo e 2) um lugar para orar. De forma geral fazemos isso
para todas nossas atividades importantes: comer, trabalhar, estudar, lazer, os cultos na
igreja e assim em diante. E a oração, é importante?

Separar um tempo. A palavra disciplina está desaparecendo de nosso vocabulário e


de nossa vida cristã. Como verdadeiros discípulos, precisamos contornar isso. A um
lado devemos orar sem cessar (1 Ts 5.17); mas se queremos tempo de qualidade
com Deus, ajudará tremendamente ter um tempo separado. Boas opções incluem no
início do dia, fazer uma caminhada com Deus num certo momento do dia ou no final
do dia, se você ainda tem energia.
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Separar um lugar. Seja sentado, ajoelhado, em pé ou deitado com o rosto para o
chão, seja mudando de postura segundo o momento no plano de oração, ter um lugar
privado onde você pode orar em voz alta ajuda tremendamente. Ajuda se tiver uma
mesa, cadeira ou cantinho onde pode colocar sua Bíblia e diário espiritual e
possivelmente um livro devocional.

2.4. Testemunho
O início de tudo é ganhar o coração de Jesus para as pessoas ao seu redor. Você precisa
sentir a compaixão dele (Mt 9.36; Mt 14.14). Precisa se entregar em oração a favor dessas
pessoas até que essa compaixão brota e transborda de seu coração. Apenas depois disso
vale a pena aprender e caminhar nos passos práticos evangelísticos indicados a seguir e no
resto deste módulo. As pessoas geralmente não se importam quanto ao que você conhece
até que conhecem quanto que você se importa (Na 1.2).

O início de toda conversa evangelística é criar um espaço seguro onde a pessoa se sente à
vontade para falar de coisas pessoais. O clima inicial precisa ser leve, para descontrair o
ambiente. Um bom ponto de partida é fazer perguntas para conhecer a pessoa (Mt 11.7-9;
13.36; Mc 8.38), como também abrir sua própria vida para a pessoa.

Você precisa mostrar um interesse sincero na pessoa, tendo sua antena ligada ao que é
realmente importante para ela. Escute ativamente, preste atenção ao que a pessoa diz. Faça
elogios sinceros.

Há mais uma disciplina essencial que não mencionamos ainda. É um requisito para que
possamos ter espaço suficiente em nossas vidas para nos dedicarmos à Palavra, à
Comunhão, à Oração e ao testemunho. É a vida simples.

2.5. Vida simples.


A vida simples é uma vida não corrida nem complicada que dispõe de tempo e flexibilidade
para desfrutar e estender o reino de Deus (Mt. 6.24-34)

Segundo esta definição, você diria que tem uma vida simples?
◻ Sim
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◻ Não

Esta vida simples é indispensável por pelo menos duas razões:


• Nunca conseguiremos as quatro disciplinas básicas da igreja primitiva indicadas
acima se não tivermos uma vida simples.

• Nunca conseguiremos praticar bem o discipulado se não procurarmos uma vida


simples. Se não conseguirmos simplificar nossas vidas, acrescentaremos mais uma
atividade a uma vida dominada pelo ativismo. Nos mataremos, e pior, discipularemos
outros da mesma forma, matando-os e multiplicando a morte por meio deles!!!

O segredo da vida interior e o coração da vida simples é ter uma visão única, uma visão tão
absorvida no reino de Deus que as outras coisas parecem insignificantes comparadas a ele.
A vida simples é uma realidade interior que resulta num estilo de vida exterior de liberdade,
não sendo escravo de qualquer coisa, exceto de Deus. Não devemos ficar dependente de
nada nem de ninguém, exceto de Deus.

Uma declaração simples de Jesus (Mt 6.19-24) é sempre difícil de entender, quando não
somos simples. Como podemos ser simples, ter a mesma simplicidade de Jesus?
Recebendo seu Espírito, reconhecendo-o e confiando nele, obedecendo-lhe à medida que
ele nos transmite a Palavra de Deus. Se fizermos isso, a vida se tornará incrivelmente
simples.

De forma clara e objetivo três áreas principais nos amarram ou nos liberam para viver de
forma simples. Dê uma nota de zero a dez a si mesmo em cada área.

Áreas Nota
a) Ter um sentido claro do propósito divino, buscando e encontrando o reino de Deus e
a sua justiça, estando cheio do Espírito e dos frutos do Espírito.
b) Ter o tempo necessário; viver segundo prioridades divinas, com um sentido de
chamado e liberdade, harmonia e ordem.
c) Ter liberdade financeira, sentindo-se contente, tendo o suficiente para viver e para
ajudar a outros.

Resumindo, quando falamos das quatro disciplinas básicas do discípulo não estamos
falando de coisas novas. Quase todos os folhetos e livros para novos convertidos tratam

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delas. O que é difícil é praticar essas quatro disciplinas. Provavelmente, nossa falha em não
pensar na quinta disciplina, a da vida simples, explica uma boa parte do porquê de não
conseguirmos as outras quatro.

O que mais chamou sua atenção:

Quais passos práticos você pode tomar:

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AULA 4. Esferas de Influência do Discipulado
Ser um discipulador

1. Ser um discipulador (Mt 28:16-20; Jo 17:4, 6, 18-19)

A pergunta que nos compete quanto a fazer discípulos....


Não é apenas... “Estamos fazendo discípulos?”
Mas sim, “Que tipo de discípulos Deus nos chama a reproduzir?”
E, mais importante, “Que tipo de discípulos somos nós?”
Edmund Chan de Singapura, Um Certo Tipo (Fazendo Discípulos Intencionalmente que Redefinem Sucesso
no Ministério)

Uma conclusão: é impossível fazer discípulos se não somos discípulos.


E não qualquer “discípulo” e sim o tipo de discípulo que Jesus quer que sejamos.

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu
e na terra. (Mt 28:18)

Quem ignora o versículo 18, faz o discipulado em sua própria autoridade e poder, facilmente
distorce o discipulado por não estar debaixo de autoridade, submetido como um aprendiz.

Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando
o viram o adoraram; mas alguns duvidaram. (Mt 28:16,17)

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Das muitas lições embutidas nos versículos 16-17, a maior é a que tudo começa na primeira
frase: “os onze discípulos”.

A única pessoa que pode fazer discípulos é aquela que é discípulo.


É impossível reproduzir o que não somos. Muitos dos que supõem ser discipuladores não
o são porque não são discípulos.

Ser um discípulo de Jesus leva, naturalmente, a se tornar um discipulador.


Ninguém pode fazer discípulos se não for um discípulo. Professores fazem alunos. Pastores
naturalmente cuidam dos membros da igreja. Mas, um professor ou pastor que não é um
discípulo normalmente não fará discípulos. Peter Wagner costumava dizer que todos
podemos escolher se queremos ou não ser discípulos. É uma questão de livre arbítrio e
decisão consciente. Ele então acrescentava: "Mas uma vez que você decidiu ser um
discípulo, não tem mais a opção de não se tornar um discipulador". Você segue Jesus e
obedece à sua autoridade suprema ao convidá-lo a fazer discípulos (Mt 28: 18-20).

Um discipulador é alguém que intencionalmente ajuda outros


a se tornarem como Jesus.
Ampliando o conceito, um discipulador é aquele que intencionalmente ajuda outros a se
tornarem como Jesus amando, sendo exemplo, equipando e motivando.
Fora uma conexão direta com Jesus, muito pouco nos ajudará a crescer tanto quanto ter um
discipulador humano comprometido em nos ajudar a ver nosso potencial e nossas fraquezas
mais profundamente do que poderíamos. Também nos ajuda a discernir o que Deus está
fazendo em nós, através de nós e ao nosso redor.

Um discipulador está comprometido em ajudar a outra pessoa a crescer em:


1) Sua identidade Cristã (individualmente, e como parte da família de Deus),
2) Seu caráter cristão, e
3) Sua capacidade ministerial.

A ordem acima reflete um sentido muito importante de prioridade.


Nosso problema é que geralmente invertemos estas prioridades. Quando alguém é batizado
ou vem de outra igreja, começamos a pensar sobre como ele poderia ser útil. Enchemos a
vida dessas pessoas com tarefas e trabalhos. Às vezes, quase por coincidência tratamos

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algum aspecto do caráter da pessoa. E raras vezes desenvolvemos um sentido profundo de
identidade, de família, uma amizade verdadeira. O modelo de Jesus foi o oposto.

Como discipuladores, devemos procurar que nossa amizade seja sempre maior que nossa
exigência no crescimento do caráter. Isto quer dizer que devemos ganhar o direito de ser
ouvido antes de corrigir. Nossa amizade precisa continuar crescendo, afirmando a pessoa e
fazendo dez comentários positivos para cada comentário negativo, recomendação de como
melhorar, ou crítica.

O crescimento do caráter, por sua vez, é o alicerce para o desenvolvimento ministerial. A


maturidade e o caráter cristão da pessoa devem ser maior do que suas responsabilidades e
desenvolvimentos ministeriais. Se não, ela provavelmente vai falhar.

O que mais chamou sua atenção:

Quais passos práticos você pode tomar:

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AULA 5. Igreja: Expressão do Reino
Ser uma igreja saudável.

1. Ser uma igreja saudável. (At 2:42-47; Ef 4:11-16)

Uma comunidade de discípulos e fazedores de discípulos resulta naturalmente em igrejas


saudáveis (At 2:42-47; Ef 4:11-16) que demonstram o Reino de Deus.

Ser um discípulo e fazedor de discípulos leva naturalmente a fazer parte de uma


cultura de fazer discípulos, uma igreja saudável.

A palavra igreja aparece em apenas dois versículos nos Evangelhos (Mt 16:18; 18:17). A
palavra discípulo ou discípulos aparece 240 vezes. O foco de Jesus estava claramente na
formação de discípulos. Ele sabia que discípulos genuínos e discipuladores resultariam em
igrejas saudáveis tão naturalmente quanto os recém-casados resultam em famílias. Sem
nenhum curso de eclesiologia ou treinamento formal no seminário, a igreja primitiva nasceu
com o perfil de uma igreja tremendamente saudável (Atos 2:42-47).

Bonhoeffer o colocou assim nas primeiras palavras de seu livro Discipulado: “Quando Cristo
chama um homem, ele pede que ele venha e morra”. O requisito de negar a si mesmo, tomar
a sua cruz e seguir Jesus é duro demais na cultura que exalta e celebra o humanismo, o
individualismo, o relativismo e o hedonismo. O desafio cresce porque é impossível ser um
verdadeiro discípulo de Jesus sozinho. Requer uma comunidade para criar essa cultura
e para ser uma mostra contra cultural.
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Se o discipulado é tão fundamental na vida da igreja, por que muitos o negligenciam?
Hoje ouvimos muitas pessoas dizendo que não se envolvem no discipulado porque não tem
tempo; ou, porque ele exige demais; ou, porque não sabem fazer. Todavia, muitos não o
fazem porque nunca tiveram a oportunidade de experimentá-lo.

Edmund Chan distingue três tipos de igreja em relação ao discipulado:


1) As que entendem o discipulado apenas de forma conceitual
2) As que o entendem como uma ênfase
3) As que o entendem como central.

Ai das igrejas que conhecem o discipulado apenas como algo para novos convertidos!
Ai das igrejas que tem a aparência de entender o discipulado porque usam certas
palavras e frases certas, mas não tem o poder do discipulado.
Isso tem que mudar!

Cultura de discipulado e não-discipulado. Ao definir melhor o que é uma cultura de "não-


discipulado" podemos perceber melhor o tamanho da nossa crise quanto a falta de uma
cultura de discipulado. Infelizmente a grande maioria das igrejas tem uma cultura de não-
discipulado. Sublinhe a frase em cada coluna que melhor descreve a sua igreja.

Igreja Não Igreja Discipuladora


Discipuladora
1. Estudo bíblico Sem aplicação Separa tempo significativo para aplicação.
real, ficando em
generalidades.
2. Estrutura da Sem subgrupos, Subgrupos. Facilita o líder discipular 2-4 líderes de
célula ou sem cuidado e subgrupos e eles discipularem 2-4 membros de
pequeno grupo profundidade seus subgrupos (micro células).
individual.
3. Formação de Líderes não Com subgrupos, há múltiplos líderes auxiliares
líderes formam líderes discipulados pelo líder.
intencionalmente
ou tem muita
dificuldade nisso.
4. Capacitação Ensino (focado em Visão, prática e compromisso claros de
conteúdo), sem capacitação (DICAS: demonstração, instrução,
capacitação. confirmar em ação, avaliação e supervisionar e
soltar).
5. Identidade de Limitado a novos Todo membro é discípulo (aprendiz), inclusive os
discípulo(aprendiz) convertidos. líderes e o pastor. Junta o vertical (divino) com o

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horizontal (humano), tendo um
mentor/discipulador humano.
6. Identidade de Limitado aos que Todo pastor e líder é discipulador, multiplicando-
discipulador trabalham com se.
novos convertidos.
6. Líder como Líderes são juntas Líderes são juntas organizacionais e orgânicas
“junta” (Ef 4.16) organizacionais, (relacionamento comprometido e pessoal de
juntando uma discipulado/mentoria), juntando uma parte do
parte do corpo corpo com outra.
com outra.
7. Mensagem Mensagem sem Um tempo dedicado a aplicação e prestação de
dominical seguimento e sem contas. Isto pode ser na célula ou pequeno grupo.
preparo da parte Outra opção seria um tempo (3 minutos?) de
dos ouvintes. aplicação em duplas após a mensagem; um
tempo (3 minutos?) de compartilhar sobre sua
aplicação ao início da mensagem do domingo
seguinte.
8. Prestação de Sem prestação de Prestação de contas no subgrupo, possivelmente
contas contas de uma na mensagem dominical, na mentoria e
semana para aconselhamento.
outra.
9. Tarefas prévias Sem cultura de Uma cultura de tarefas previas: no culto, na célula,
tarefas prévias. no aconselhamento, em retiros, seminários e
eventos especiais.
10. Escola bíblica Enfoque em Com discipulado, subgrupos, relacionamentos
dominical ou conteúdo. comprometidos, tarefas previas, aplicação e
Escola de Líderes prestação de contas.
11. Crescimento Mentalidade de Igreja missional. Mentalidade de multiplicar.
numérico adicionar ou Evangelismo e discipulado integrado e bem
somar. intencional.
Crescimento
pequeno.
12. Orçamento e Reflete a Reflete a centralidade de fazer discípulos,
gestão da igreja centralidade do evangelismo e missões.
prédio e dos
programas da
igreja.

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2. O Reino de Deus (Mt 6:33; Mt 13; Mc 1:15, 17).

Uma igreja saudável expressa e estende o Reino de Deus, onde Jesus Cristo é o Senhor e
Rei.
Expressamos o Reino de Deus na simples alegria de ser seu povo (Rm 14:17; 1Pe 2:9).
Estendemos o Reino em nossas vidas, em nossos relacionamentos e na medida que somos
sal e luz no mundo, trazendo outros a Jesus e alimentando discípulos que se reproduzem.
A igreja local deve ser a expressão mais completa do Reino de Deus na terra. Ao mesmo
tempo, o Reino de Deus é maior que a igreja e atinge todas as esferas da sociedade.
No relacionamento com Deus numa relação apaixonada com ele é coerente que essa
dedicação acaba nos levando a um compromisso absoluto não apenas como Rei mas
também com o seu Reino. Mas, infelizmente conhecemos bem pouco a respeito do Reino
de Deus.

“O Reino de Deus é a esfera (domínio) crescente e vivificante, na qual o governo de


Cristo é reconhecido, obedecido, procurado e desfrutado.” David Kornfield

O nome discípulo aparece 280 vezes no novo testamento a palavra Cristão aparece apenas
3 vezes em geral como nome usado por pessoas não crentes para falar dos crentes. Jesus
é bem mais conhecido como o Senhor no Novo Testamento do que como Salvador. Ele é
chamado de Senhor 664 vezes e de Salvador apenas 24 vezes.
O primeiro enfoca o senhorio de Jesus o Reino dele e a nossa entrega e o segundo foco
reflete o que nós queremos receber os benefícios com ele sendo o nosso Salvador.
Ao mesmo tempo o Rei não impõe sua vontade ele aguarda que sua autoridade seja
reconhecida, mas não é suficiente reconhecer intelectualmente sua autoridade, pois, os
demônios também fazem isso.
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Precisamos obedecer a Deus, pois, os verdadeiros discípulos são aqueles que vivem
a realidade de seu senhorio em todas as dimensões da vida.
Mas, ser obedientes também não é suficiente. Os Anjos são obedientes, mas Deus quer
mais de nós. Deus quer que nós procuremos em primeiro lugar, desejando e ansiando por
ele, tendo fome e sede dele. Deus não quer apenas servos ou pessoas sobre o seu domínio,
mas quer filhos do rei que realmente desfrutam do Reino. Esse é o propósito do ser
humano conhecer Deus e desfrutar de Deus para a eternidade.

O que mais chamou sua atenção:

Quais passos práticos você pode tomar:

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BIBLIOGRAFIA

AGUIAR, Marcelo. Cura Pela Palavra. Minas Gerais: Editora Betânia, 1998.

BÍBLIA DE ESTUDO DO DISCIPULADO, Tradução Almeida Revisada e Atualizada,


curso bíblico Kornfield, David & Josadak Lima. São Paulo: SBB, 2017.

CHAN Edmund. Discipulado Radical Arapongas PR: Editora Aleluia, 2015.

BAILEY Lowell. 25 Segredos para Derrotar a Crise da Comunhão Santa Barbara do


Oeste SP: Editora Socep, 2002.

BLACKABY, Henry T & Claude V. King. Conhecendo Deus e fazendo sua vontade.
São Paulo: Editora Life Way, 2018.

FOSTER, Richard J & Emilie Griffin. Celebrando as 12 disciplinas espirituais. São


Paulo: Editora Vida, 2010.

GETZ Gene. Um Por Todos Todos Por Um – O Que Posso Fazer Para Minha Igreja
Crescer? São Paulo: Editora Palavra, 2006.

KORNFIELD, David. O Líder que Brilha: sete relacionamentos que levam a


excelência. São Paulo: Editora Vida, 2007.

RAINER Thom S. & Eric Geiger. Igreja Simples – Retornando Ao Processo De Deus
Para Fazer Discípulos. São Paulo: Editora Palavra, 2012.

SCAZZERO Peter & Warren Bird. Igreja emocionalmente saudável. São Paulo: Editora
Vida, 2015.

THRALL, Bill. A escalada de um líder: como relacionamentos comuns desenvolvem


um caráter e uma influência fora do comum. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2005.

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