MÓDULO 01
Compreensão do funcionamento das linguagens e de suas práticas culturais (artísticas, corporais e/ou
linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
LÍNGUA ESTRANGEIRA - ESPANHOL
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COMPETÊNCIA LGG 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes campos
de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e
as possibilidades deexplicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADE DE LGG
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a
compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
HABILIDADE ESPECÍFICA
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuários e funções dessa língua no mundo contemporâneo.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
OBJETO DE CONHECIMENTO
Biografia
Autobiografia
Obras e seus escritores renomados
Verbos de cambio
Conto
Identidades, ativismo e violência de gênero
Os tempos condicionais em língua espanhola
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Vida pessoal, artístico-literário, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e/ou atuação na vida
pública
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura, escuta, produção de textos (orais, escritos, multissemióticos) e análise
linguística/semiótica, Práticas artísticas e Práticas corporais.
DESCRITORES
D-Analisar elementos e aspectos da sintaxe da língua inglesa, como a ordem dos constituintes da
sentença (e os efeitos que causam sua inversão), a estrutura dos sintagmas, as categorias sintáticas, os
processos de coordenação e subordinação (e os efeitos de seus usos) e a sintaxe de concordância e de
regência.
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D-Reconhecer o fenômeno da variação linguística, em seus diferentes níveis (variações fonético-
fonológica, lexical, sintática, semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes dimensões
(regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.).
Imersão Curricular
BIOGRAFÍA
Una biografía es la narración de la historia de vida de una persona, lo cual hace este género literario
muy popular en el mercado editorial del mundo entero. Dicha historia suele ser contada por una tercera
persona, conocedora o estudiosa de la vida del biografiado, o incluso por este último (o sea, una
autobiografía).
Las biografías son textos literarios ensayísticos y memorialísticos, que se clasifican dentro de los
géneros de no ficción. Por un lado, tiene una importancia histórica, en el sentido de que cuentan los
éxitos, fracasos y las singularidades de la vida de algún personaje histórico relevante.
Por otro lado, también cumplen una función educativa y reflexiva, en la medida en que el biógrafo (o sea,
quien la lleva a cabo) elige los momentos más significativos de la vida del biografiado, los relaciona,
dimensiona, critica y extrae determinadas conclusiones. De modo que se trata de más que simplemente
relatar la vida de alguien.
Entre los géneros literarios narrativos, la biografía posee un mercado editorial importante, así como un
conjunto de estudiosos y teóricos en la academia. Entre las discusiones que estos últimos contemplan
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está la posible imparcialidad u objetividad del género, la fidelidad histórica, etc.
Es posible también llamar biografía o, más comúnmente, reseña biográfica o resumen biográfico a los
textos breves que acompañan documentos profesionales o burocráticos, indicando la trayectoria
profesional de sus autores (su curriculum vitae abreviado), o esos textos breves que hacen lo mismo con
la trayectoria de un autor o un artista, y que acompañan sus productos culturales: discos, libros, etc.
Tipos de biografía
Existen muchas formas de clasificar el género biográfico, dando origen a ramas y subramas, dependiendo
de la perspectiva.
5- Biografía autorizada. Cuenta con la aprobación y el respaldo del biografiado o de sus herederos, y
por lo tanto sometida a ciertos estándares de validación y/o de censura.
6- Biografía no autorizada. La responsabilidad recae enteramente en el biógrafo y puede haber sido
escrita contra la voluntad del biografiado.
SAIBA MAIS
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE
1-Pesquise a biografia de uma figura contemporânea. É primordial que esteja em língua espanhola.
2-Aquí tienes un texto sobre la vida de Frida Kahlo. Léelo atentamente y contesta a las preguntas.
Frida Kahlo nace el 6 de julio de 1907 en Coyoacán, una zona de la Ciudad de México. Su nombre
completo era Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón. Su padre era Guillermo Kahlo, un fotógrafo de
origen húngaro y su madre era Matilde Calderón, mexicana descendiente de indígenas americanos y de
españoles.
Frida pasa su infancia en la casa familiar de Coyoacán, conocida como La Casa Azul, porque tenía las
paredes azules. En la actualidad, esta casa es un museo. Dos rasgos físicos muy peculiares de Frida Kahlo
son sus cejas gruesas y sus grandes ojos negros.
En 1925 tiene un accidente de tráfico cuando viajaba en un autobús. En ese accidente se daña los
huesos, especialmente la columna vertebral. Después del accidente empieza a pintar.
En 1929 se casa con el pintor de murales Diego Rivera. Se divorcian más tarde y se casan de nuevo,
por segunda vez. Diego pinta muchas veces a su mujer con el vestido tradicional mexicano. Frida viajó a
París, Francia, y varias veces a los Estados Unidos.
Durante su vida pinta decenas de autorretratos. También pinta paisajes y retratos de personajes
importantes de su época. Muchos de sus cuadros reflejan acontecimientos de su vida. Su pintura tiene
mucho colorido. Una importante inspiración para Frida fue la pintura tradicional mexicana. La obra de
Frida tiene también rasgos del surrealismo pero, sobre todo, es muy original.
La salud de Frida Kahlo era muy débil. Muere en 1954.
MOMENTO ENEM
Ellos saben que el tiempo, como la araña, teje despacio. GALEANO, E. Los hijos de los días. Buenos Aires:
Siglo Veintiuno, 2012.
A trajetória pessoal de Rigoberta Menchú se confunde com a da própria civilização maia. No texto,
ressalta-se como característica desse povo o(a)
(A) trabalho minucioso e incansável para manter sua cultura viva ao longo da história.
(B) tradição de enterrar o umbigo dos recém-nascidos para vinculá-los à terra.
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(C) conformismo ao lidar com os eventos traumáticos pelos quais passou.
(D) resistência aos processos de dominação aos quais foi submetido.
(E) busca por reconhecimento após uma história de dificuldades.
Resposta: Letra D
REFERÊNCIAS
AUTOBIOGRAFÍA
AUTOBIOGRAFÍA
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La autobiografía es considerada un género literario, a menudo ubicado en la frontera entre la historia y
la literatura, ya que narra eventos reales pero lo hace desde una aproximación subjetiva, autoral.
También se encuentra emparentado con la biografía, la crónica, el diario íntimo y otros géneros
confesionales de escritura.
En la actualidad existe un mercado lector importante para la autobiografía, sobre todo la de
personalidades públicas, celebridades o personajes famosos de la historia. En sus recuentos vitales se
suele buscar algún tipo de enseñanza, visión del mundo o revelación íntima.
La primera vez que se usó este término fue en inglés: autobiography, en la Inglaterra de principios del
Siglo XIX, en un artículo del poeta Robert Southey. Sin embargo, otras fuentes acusan al filósofo alemán
Friedrich Schlegel de haberlo utilizado en sus ensayos en 1789.
SAIBA MAIS
Disponível em: https://youtu.be/ey6Ykkt6rYg. Acesso em 15/06/2022.
ATIVIDADE INTEGRADORA
SUGESTÃO DE APRENDIZAGEM
Tente fazer uma autobiografia da sua vida estudantil até o presente momento. Se possível, registre pelo
menos uma parte em língua espanhola.
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MOMENTO ENEM
No fragmento da carta que escreveu a Fidel Castro antes de deixar Cuba, Che Guevara
Resposta: Letra C
REFERÊNCIAS
Disponível em: https://www.caracteristicas.co/autobiografia/. Acesso em 15/06/2022.
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OBRAS E SEUS ESCRITORES
Cervantes (1547-1616) foi um escritor, dramaturgo e poeta espanhol, autor de Dom Quixote, uma obra-
prima da literatura universal, foi considerado o precursor do Realismo na Espanha.
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares, provavelmente em 29 de setembro de
1547. Filho do cirurgião Rodrigo e Leonor de Cortinas, tinha seis irmãos.
Estudou em sua terra natal, em Valladolid e Madri. Em 1563, a família foi morar em Sevilha, onde
estudou gramática e latim, com padres jesuítas. Nessa época, conheceu o teatro de Lope de la Rueda, de
quem recebeu influência.
Soldado
Em 1569 alistou-se no exército, partindo no ano seguinte, como soldado, para a Itália, participando em 7
de outubro de 1571, da vitoriosa batalha naval de Lepanto contra os turcos, em que saiu gravemente
ferido e perdeu o movimento da mão esquerda com um tiro.
Depois de várias tentativas de fuga era levado para o calabouço. Em 1580, Miguel de Cervantes foi
resgatado por sua família e um religioso, por 500 ducados de ouro. Durante os quatro anos seguintes,
Cervantes participou de batalhas que o levaram a conhecer Portugal.
Vida Literária
Em 1584, Miguel de Cervantes estava de volta à Espanha. Em Madri, conseguiu um cargo público e
começou a escrever e publicar sua novela pastoril “La Galatea” (1585). Estabelece contato com literatos
da época, Luís de Gongora e Lope de Veja. Escreve os poemas dramáticos "Los Tratos de Argel" e "La
Mumancia".
Miguel de Cervantes casa-se com Catalina de Palácios Salazar. É encarregado, pelo rei, como comissário
de víveres destinados às armadas e frotas da Índia, indo morar em Sevilha. Mais tarde, é nomeado
coletor de impostos devidos à Coroa dos reinos de Granada, o que o obriga a viajar seguidamente para
Andaluzia e La Mancha.
Por causa dos atrasos na prestação de contas com a Coroa é preso três vezes. Contam os historiadores
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que a primeira parte do livro "Dom Quixote" foi escrito enquanto estava preso em Argamasilla del Alba,
entre 1601 e 1603. Tendo sido reconduzido sempre ao seu, Cervantes certamente atestou sua inocência.
Dom Quixote de La Mancha
Em 1605, foi publicada a primeira parte do livro "Dom Quixote" (EL Ingenioso Hidalgo don Quijote de la
Mancha) que teve aceitação imediata e seis edições no mesmo ano do lançamento. Escrevendo e
tratando de negócios, Cervantes leva uma vida próspera em sua casa em Valladolid, junto com sua
família. Em 1606 muda-se par Madri.
A obra “Dom Quixote” teve um sucesso tão grande que, em 1614, surge uma falsa segunda parte de
Dom Quixote assinada por Avellaneda. Em 1615 Cervantes publica a segunda parte de Dom Quixote. A
obra foi difundida em toda parte, até se tornar o mais lido romance em todo o mundo, por crianças e
adultos.
Ao escrever a obra, Cervantes pretendia ridicularizar os livros de cavalaria que gozavam de imensa
popularidade na época. A obra impressiona por sua feição realista. A ação principal do romance gira em
torno das três incursões feitas pelo protagonista por terras da Mancha, de Aragão e de Catalunha.
Embora se desenvolva em torno do real e do imaginário, o livro possui episódios em que os dois planos
se confundem e em que o imaginário se torna a própria realidade.
1. Expulso do país?
Em 1569, Cervantes deixou a Espanha por motivos não muito claros: há quem diga que ele se feriu em
combate, mas outros argumentam que ele teria ferido um rapaz e, como punição, foi obrigado a sair do
país. Fato é que ele escolheu a Itália para viver.
2.Feridas de guerra
Em 1570, ele se alistou como soldado da infantaria espanhola baseada em Nápoles. No ano seguinte,
durante um combate contra invasões turcas, foi atingido com dois tiros no peito e um na mão esquerda
— prejudicada pelo resto de sua vida.
Levou cinco anos até que a família do espanhol pagasse por seu resgate. Após passar dois anos em
Portugal, ele voltou para a Espanha em 1583, onde começou a construir uma vida estável e a consolidar
a carreira como escritor, produzindo suas obras com apoio de mecenas.
Em 1605, publicou a primeira parte de seu livro mais célebre, Dom Quixote. A obra conta as aventuras de
Dom Quixote de La Mancha, um fidalgo cavaleiro medieval, ao lado de seu cavalo Rocinante e de seu fiel
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amigo e escudeiro, Sancho Pança. A segunda parte foi lançada em 1615 e, desde então, ganhou o
mundo.
6. Reconhecimento mundial
Dom Quixote virou peça de teatro, filme, pintura e até música. Em 2002, foi eleita a maior obra de ficção
da literatura mundial pelo Instituto Nobel. Pudera! As aventuras (e desventuras) de Cervantes explicam a
origem do melhor romance de todos os tempos.
SAIBA MAIS
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE
4. Qual foi o objetivo de Miguel Cervantes ao escrever sua obra mais famosa?
Resposta: Letra A
REFERÊNCIAS
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https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/04/6-curiosidades-sobre-vida-e-obra-
de-miguel-de-cervantes.html. Acesso em 15/06/2022.
Os verbos de cambio, ou verbos de mudança em espanhol, consistem, na língua espanhola, numa série
de verbos usados para expressar-se mudanças e transformações em alguns aspectos que caracterizam
pessoas e coisas, tais como a aparência física, o humor e a personalidade. Os verbos de cambio mais
utilizados são:
F. ponerse;
G. quedarse;
H. volverse;
I. convertise em;
J. hacerse;
K. llegar a ser.
Não é possível traduzir um a um literalmente para o português, porque esses verbos assumem
significados específicos quando usados para expressar mudanças. Em português, eles normalmente são
traduzidos pelos verbos “ficar”, “virar” ou “tornar-se”, como veremos em exemplos mais à frente.
Cada um dos verbos de cambio imprime matizes diferenciados às mudanças que eles expressam. Essas
mudanças podem ser temporais ou permanentes, rápidas ou progressivas, voluntárias ou involuntárias
e positivas ou negativas.
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Vejamos, a seguir, o tipo de mudança que expressa cada verbo.
Ponerse
O verbo ponerse, quando usado com adjetivos, expressa uma mudança rápida e temporal no aspecto
físico, na saúde, na personalidade ou no humor de uma pessoa. Tal mudança costuma ser involuntária e
pode ser tanto positiva quanto negativa. Exemplos:
Quedarse
O verbo quedarse também pode ser usado com adjetivos e expressa uma mudança no aspecto físico ou
na personalidade provocada expressamente por uma ação ou situação anterior. Essa mudança pode ser
temporal ou definitiva (dependendo do contexto), é sempre involuntária e costuma ser particularmente
negativa, expressando, muitas vezes, a perda de algo. Por essa razão, quedarse é o verbo utilizado para
falar de deficiências físicas. Exemplos:
Volverse
O verbo volverse é usado com adjetivos e também com artigo + substantivo. A mudança que ele
expressa é rápida e permanente em uma pessoa, normalmente em sua personalidade. Essa mudança
não resulta de uma decisão expressa tomada pelo indivíduo, pelo que é involuntária. Exemplos:
Convertirse en
O verbo convertirse é sempre acompanhado da preposição en, sendo seguido sempre por um
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substantivo ou adjetivo substantivado. Tal verbo expressa uma mudança radical e inesperada em uma
pessoa ou coisa e tem caráter permanente. Convertirse en supõe uma transformação importante que
pode ser voluntária ou fruto das circunstâncias que rodeiam o indivíduo. Exemplo:
Para expressar uma mudança de religião ou ideologia, usa-se o verbo convertirse com a preposição a, em
vez de en. Exemplo:
Hacerse
Hacerse é o verbo de cambio mais complexo de todos, porque tem muitos matizes diferentes. Sua
principal característica é que seu foco incide principalmente sobre o processo de transformação, em vez
do resultado final. A mudança que ele expressa é sempre progressiva e permanente. Quando usado com
substantivos ou adjetivos relacionados a profissões, ideologias, religiões, nacionalidades ou posições
econômicas, indica uma mudança voluntária, produto da decisão do indivíduo. Exemplos:
Quando hacerse é seguido por um adjetivo que indica graus de determinado atributo, como “jovem”,
“velho”, “pesado” ou “leve”, ele pode ser usado tanto para pessoas quanto para coisas e expressa uma
mudança involuntária, resultante de um processo natural de evolução. Exemplo:
Llegar a ser
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SAIBA MAIS
Disponível em : https://youtu.be/hQRI3WK0An0. Acesso em 15/06/2022.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
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MOMENTO ENEM
1-(ENEM 2016)
ACCIÓN POÉTICA LIMA. Disponível em: https://twitter.com. Acesso em: 30 maio 2016.
Nesse grafite, realizado por um grupo que faz intervenções artísticas na cidade de Lima, há um jogo de
palavras com o verbo “poner”. Na primeira ocorrência, o verbo equivale a “vestir uma roupa”, já na
segunda, indica
A - início de ação.
B - mudança de estado.
C - conclusão de ideia.
D - simultaneidade de fatos.
E - continuidade de processo.
Resposta: Letra B
REFERÊNCIAS
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GÊNERO CONTO
CONTO
O Conto é narrativa breve escrita em prosa, sendo mais curto que o romance e a novela. Tal qual um texto
narrativo, ele envolve enredo, personagens, tempo e espaço.
Sobre o conto, afirma Eça de Queirós, um dos maiores representantes da literatura portuguesa:
“No conto tudo precisa ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e
definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos apenas o que caiba num olhar, ou numa dessas
palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida.”
Estrutura do Conto
A estrutura do conto é fechada e objetiva, na medida em que esse tipo de texto é formado por apenas uma
história e um conflito.
L. Introdução: apresentação da ação que será desenvolvida. Nesse momento inicial, há uma breve
ambientação do local, tempo, personagens e do acontecimento.
M. Desenvolvimento: formado em grande parte pelo diálogo das personagens, aqui se desenrola o
desenvolvimento da ação.
N. Clímax: encerramento da narrativa com desfecho surpreendente.
De acordo com a estrutura básica narrativa (introdução, desenvolvimento, clímax e desfecho), o conto, por ser
uma narrativa mais breve, parte do desenvolvimento para o clímax.
Ou seja, para o momento final, de desfecho, chamado de "epílogo", onde geralmente surge o ponto mais alto de
tensão do drama (clímax).
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SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Belisa Crepusculario había nacido en una familia tan mísera, que ni siquiera poseía nombres para llamar
a sus hijos. Vino al mundo y creció en la región más inhóspita, donde algunos años las lluvias se
convierten en avalanchas de agua que se llevan todo, y en otros no cae ni una gota del cielo, el sol se
agranda hasta ocupar el Horizonte entero y el mundo se convierte en un desierto. Hasta que cumplió
doce años no tuvo otra ocupación ni virtud que sobrevivir al hambre y la fatiga de siglos. Durante una
interminable sequía le tocó enterrar a cuatro hermanos menores y cuando comprendió que llegaba su
turno, decidió echar a andar por las l1anuras en dirección al mar, a ver si en el viaje lograba burlar a la
muerte. La tierra estaba erosionada, partida en profundas grietas, sembrada de piedras, fósiles de
árboles y de arbustos espinudos, esqueletos de animales blanqueados por el calor. De vez en cuando
tropezaba con familias que, como ella, iban hacia el sur siguiendo el espejismo del agua. Algunos habían
iniciado la marcha llevando sus pertenencias al hombro o en carretillas, pero apenas podían mover sus
propios huesos y a poco andar debían abandonar sus cosas. Se arrastraban penosamente, con la piel
convertida en cuero de lagarto y sus ojos quemados por la reverberación de la luz. Belisa los saludaba
con un gesto al pasar, pero no se detenía, porque no podía gastar sus fuerzas en ejercicios de compasión.
Muchos cayeron por el camino, pero ella era tan tozuda que consiguió atravesar el infierno y arribó por
fin a los primeros manantiales, finos hilos de agua, casi invisibles, que alimentaban una vegetación
raquítica, y que más adelante se convertían en riachuelos y esteros.
Disponível em: https://www.bbns.org/uploaded/PDFs/Upper_School/Summer_Reading_2019/AP_Spanish-
_Isabel_Allende.pdf?1560446283370 Acessado em 11 de junho de 2022.
1- No trecho “pero apenas podían mover sus propios huesos y a poco andar debían abandonar sus
cosas”, o termo pero pode ser substituído, sem que haja alteração de sentido e da estrutura da frase, por
qual conectivo em espanhol?
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Sin embargo/mas
2- Explique a seguinte expressão presente no conto: “La piel convertida en cuero de lagarto”.
Quer dizer que a pele estava ressecada pelo sol.
3- Em relação ao seu conteúdo, o fragmento do conto sugere que a personagem era impulsionada
por qual sentimento?
MOMENTO ENEM
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(B) condição precária dos presídios uruguaios.
(C)perspicácia da criança ao burlar a censura.
(D)falta de sensibilidade no trato com as crianças.
(E) dificuldade de comunicação entre os presos políticos.
Resposta: Letra C
REFERÊNCIAS
ELEMENTOS DO CONTO
1. Espaço
Local em que se desenvolve a narrativa, seja numa casa, rua, parque, praça, etc. Por serem narrativas
breves, o espaço no qual se desenvolve a trama, deve ser um espaço reduzido.
2. Tempo
Designa o tempo em que se passa a narrativa, sendo classificado em: tempo cronológico (exterior) e
tempo psicológico (interior).
3. Foco Narrativo
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Trata-se do narrador, sendo classificados em:
narrador observador: conhecedor da ação, mas não participante.
narrador personagem: o narrador é um dos personagens.
narrador onisciente: conhece a história e todos os personagens envolvidos nela.
Geralmente os contos são narrados em terceira pessoa, embora há muitos contos narrados em primeira
pessoa, nesse caso, quando surge o narrador-personagem.
4. Personagens
Indivíduos que participam da narrativa, sendo classificadas, dependendo do foco em: personagens
principais ou personagens secundárias. Por ser uma narrativa curta, o conto possui poucos personagens.
5. Diálogo
Elemento essencial do conto, os diálogos caracterizam a base expressiva desse tipo de texto. Eles
desenvolvem os conflitos da trama, sendo determinados pela fala das personagens.
Formados por uma linguagem mais objetiva e metáforas simples, os diálogos são classificados em:
diálogo direto, indireto e interior.
6. Epílogo
Corresponde ao clímax da narrativa, determinado pelo desfecho surpreendente, imprevisível ou
enigmático da ação.
SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
23
MOMENTO ENEM
1- ENEM 2020
España en el corazón
Como era Federico
Dimos una gran sorpresa. Habíamos preparado un discurso al alimón. Ustedes probablemente no
saben lo que significa esa palabra y yo tampoco lo sabía. Federico, que estaba siempre lleno de
invenciones y ocurrencias, me explicó: "Dos toreros pueden torear al mismo tiempo el mismo toro y con
un único capote. Esta es una de las pruebas más peligrosas del arte taurino. Por eso se ve muy pocas
veces. No más de dos o tres veces en un siglo y sólo pueden hacerlo dos toreros que sean hermanos o
que, por lo menos, tengan sangre común. Esto es lo que se llama torear al alimón. Y esto es lo que
haremos en un discurso." Y esto es lo que hicimos, pero nadie lo sabía. Cuando nos levantamos para
agradecer al presidente del Pen Club el ofrecimiento del banquete, nos levantamos al mismo tiempo,
cual dos toreros, para un solo discurso.
NERUDA: Señoras...
LORCA: ...y señores: Existe en la fiesta de los toros una suerte llamada "toreo del alimón", en que
dos toreros hurtan su cuerpo al toro cogidos de la misma capa.
NERUDA: Federico y yo, amarrados por un alambre eléctrico, vamos a parear y a responder esta
recepción muy decisiva.
No texto, o escritor Pablo Neruda narra um episódio vivenciado com o também escritor Federico García
Lorca. Nesse episódio, o uso da expressão “al alimón” remete ao(à)
(A) duelo travado entre os escritores, tal como entre touro e toureiro.
(B) admiração pelas touradas, manifesta no discurso dos escritores.
(C)surpresa com que o discurso dos escritores foi recebido pelo público.
(D)conhecimento dos escritores acerca da tradicional tourada espanhola.
(E)perspicácia dos escritores em discursar inspirados em uma forma de tourear.
Resposta: Letra E
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REFERÊNCIAS
Más de 1,6 millones de niños en España viven en hogares en los que la mujer sufre violencia física, sexual
o emocional.
Un total de 1.678.959 de menores viven en hogares en los que la mujer está sufriendo en la actualidad
algún tipo de violencia física, sexual, control, emocional, económica o miedo por parte de la pareja,
según revela la Macroencuesta de Violencia contra la Mujer, elaborada por la Delegación del Gobierno
para la Violencia de Género y presentada en 10 de septiembre.
En concreto, la encuesta muestra que de ese total de menores, la mayoría, 1.650.095 viven en
hogares donde hay violencia psicológica (control, emocional, económica o miedo). De estos, 1.293.169
son hijos menores de la mujer y 356.926, otros menores que conviven con ella.
Además, 265.860 menores viven en hogares en los que la mujer entrevistada está sufriendo en la
actualidad violencia física o sexual en la pareja. De ellos, 232.818 son hijos menores de edad de la mujer
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y 33.042 son otros menores que conviven con la mujer.
La encuesta señala que el 89,6% de las mujeres que han sufrido violencia en el ámbito de la pareja, que
tenían hijos en el momento de los episodios de violencia y que responden que sus hijos presenciaron o
escucharon la violencia, dice que los hijos eran menores de edad cuando sucedieron los episodios de
violencia.
De estas mujeres, el 51,7% afirma que los hijos e hijas sufrieron ellos mismos violencia a manos de la
pareja agresora.
SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
2-¿Quién elaboró la encuesta citada en el texto? ¿Las informaciones son de qué país?
3- Según la encuesta, ¿cuáles son las principales violencias sufridas por las mujeres?
Violencia física, sexual, control, emocional, económica y psicológica.
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MOMENTO ENEM
1-(ENEM 2016 )
Essa propaganda foi criada para uma campanha de conscientização sobre a violência contra a mulher. As
palavras que compõem a imagem indicam que a
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Resposta: Letra B
REFERÊNCIAS
El condicional en español
El CONDICIONAL es un tiempo cuya formación es muy fácil, pues el punto de partida es el INFINITIVO
DEL VERBO COMPLETO (por ejemplo el verbo: COMER, CANTAR o VIVIR). Normalmente, solemos
eliminar la desinencia del infinitivo de la conjugación en –AR, -ER o –IR. Esta vez NO ELIMINAMOS NADA:
utilizamos el infinitivo completo del verbo. Y al infinitivo del verbo añadimos LAS DESINENCIAS.
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¿Cómo se forma el condicional?
Las desinencias del condicional SON LAS MISMAS para la primera, para la segunda y para la tercera
conjugación. Y otra cosa más: estas desinencias del condicional, en realidad, ya las conocéis si habéis
estudiado el imperfecto del indicativo.
En realidad las desinencias son las mismas del imperfecto de indicativo de la SEGUNDA Y TERCERA
conjugación: -ÍA, -ÍAS, -ÍA, -ÍAMOS, -ÍAIS, -ÍAN. Con la forma del infinitivo del verbo + las desinencias de
segunda y tercera conjugación del imperfecto de indicativo formo el CONDICIONAL.
ESTUDIAR
Yo ESTUDIARÍA
Tú ESTUDIARÍAS
Él ESTUDIARÍA
Nosotros ESTUDIARÍAMOS
Vosotros ESTUDIARÍAIS
Ellos ESTUDIARÍAN
COMER
Yo COMERÍA
Tú COMERÍAS
Él COMERÍA
Nosotros COMERÍAMOS
Vosotros COMERÍAIS
Ellos COMERÍAN
VIVIR
Yo VIVIRÍA
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Tú VIVIRÍAS
Él VIVIRÍA
Nosotros VIVIRÍAMOS
Vosotros VIVIRÍAIS
Ellos VIVIRÍAN
O. Los verbos SALIR, TENER, VALER, PONER y VENIR tienen una pequeña irregularidad en el
condicional: en estos casos NO utilizo el INFINITIVO COMPLETO, sino que la vocal de la
desinencia (la -i- o la -e-) se transforma en una -d-.
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HACER HACERÍA HARÍA
CONDICIONAL COMPUESTO
Bueno, este tiempo verbal, como muchos otros tiempos en español, también tiene su FORMA PERFECTA,
SU FORMA COMPUESTA. En español todos los tiempos compuestos se forman con un AUXILIAR + UN
PARTICIPIO.
El auxiliar en español SIEMPRE es el verbo HABER; el participio es INVARIABLE porque no concuerda con
el sujeto. Para formar el condicional compuesto utilizo el verbo HABER en CONDICIONAL SIMPLE + el
PARTICIPIO PASADO invariable en su forma masculina singular
PENSAR
Yo HABRÍA
Tú HABRÍAS
PENSADO
Él HABRÍA
Nosotros HABRÍAMOS
Vosotros HABRÍAIS
Ellos HABRÍAN
SAIBA MAIS
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Para praticar a conjugação, peça que os/as estudantes façam, em duplas, o exercício abaixo:
MOMENTO ENEM
32
Disponível em: www.verdecito.es. Acesso em: 20 fev. 2009 (adaptado).
Considerando a necessidade de assumir uma conduta mais responsável com o meio ambiente, Paul
Bomini criou a escultura O homem eletrônico para
REFERÊNCIAS
Inserção Curricular/Recomposição
33
Leia o texto e, a seguir, responda às questões 1, 2, 3 e 4.
Eduardo Galeano 1976
Libertad Pájaros prohibidos
Los presos políticos uruguayos no pueden hablar sin permiso, silbar, sonreír, cantar, caminar rápido ni
saludar a otro preso. Tampoco pueden dibujar ni recibir dibujos de mujeres embarazadas, parejas,
mariposas, estrellas ni pájaros.
Didaskó Pérez, maestro de escuela, torturado y preso por tener ideas ideológicas, recibe un domingo la
visita de su hija Milay, de cinco años. La hija le trae un dibujo de pájaros. Los censores se lo rompen en la
entrada a la cárcel.
El domingo siguiente, Milay le trae un dibujo de árboles. Los árboles no están prohibidos, y el domingo
pasa. Didashkó le elogia la obra y le pregunta por los circulitos de colores que aparecen en la copa de los
árboles, muchos pequeños círculos entre las ramas:
— ¿Son naranjas? ¿qué frutas son?
La niña lo hace callar:
— Ssssshhhh.
Y en secreto le explica:
— Bobo, ¿no ves que son ojos? Los ojos de los pájaros que te traje a escondidas.
GALEANO, E. Memoria del fuego III. El siglo del viento. Madrid: Siglo Veintiuno de España, 1986.
CUESTIÓN 1
Qual é o pano de fundo da narrativa desse conto?
A. A guerra mundial.
B. A condição precária dos presídios no mundo.
C. A ditadura militar uruguaia.
D. A falta de sensibilidade no trato com os presos.
E. Dificuldade de comunicação entre policiais e crianças.
Gabarito C
CUESTIÓN 2
Segundo o texto, os presos políticos uruguaios não podem falar
34
a. sem permissão.
b. sem assobiar.
c. sem sorrir.
d. sem cantar.
e. sem saudar.
Gabarito A
CUESTIÓN 3
Em relação ao conteúdo, o título do texto sugere que
Gabarito E
CUESTIÓN 4
Viajes
Cuando los famas salen de viaje, sus costumbres al pernoctar en una ciudad son las siguientes: Un fama
va al hotel y averigua cautelosamente los precios, la calidad de las sábanas y el color de las alfombras. El
segundo se traslada a la comisaría y labra un acta declarando los muebles e inmuebles de los tres, así
como el inventario del contenido de sus valijas. El tercer fama va al hospital y copia las listas de los
médicos de guardia y sus especialidades.
35
Terminadas estas diligencias, los viajeros se reúnen en la plaza mayor de la ciudad, se comunican sus
observaciones, y entran en el café a beber un aperitivo. Pero antes se toman de las manos y danzan en
ronda. Esta danza recibe el nombre de "Alegría de los famas".
Cuando los cronopios van de viaje, encuentran los hoteles llenos, los trenes ya se han marchado, llueve
a gritos, y los taxis no quieren llevarlos o les cobran precios altísimos. Los cronopios no se desaniman
porque creen firmemente que estas cosas les ocurren a todos, y a la hora de dormir se dicen unos a
otros: "La hermosa ciudad, la hermosísima ciudad". Y sueñan toda la noche que en la ciudad hay grandes
fiestas y que ellos están invitados. Al otro día se levantan contentísimos, y así es como viajan los
cronopios.
Las esperanzas, sedentarias, se dejan viajar por las cosas y los hombres, y son como las estatuas que
hay que ir a verlas porque ellas ni se molestan.
Gabarito B
CUESTIÓN 5
Pela estrutura e o estilo linguístico, este texto é um/uma
A. editorial.
B. reportagem.
C. carta de leitor.
D. conto.
E. artigo de opinião.
Gabarito D
CUESTIÓN 6
Segundo o texto, os cronópios viajam
36
Gabarito B
CUESTIÓN 7
Segundo o texto, as esperanças se caracterizam por ser:
a. quietas.
b. ativas.
c. sedentárias.
d. animadas
e. pessimistas.
Gabarito A
CUESTIÓN 8
O adjetivo que caracteriza os cronopios é:
a. organizados.
b. rígidos.
c. desorganizados.
d. chatos.
e. sedentários.
Gabarito C
[...]
Dos palabras (Isabel Allende)
Belisa Crepusculario había nacido en una familia tan mísera, que ni siquiera poseía nombres para llamar
a sus hijos. Vino al mundo y creció en la región más inhóspita, donde algunos años las lluvias se
convierten en avalanchas de agua que se llevan todo, y en otros no cae ni una gota del cielo, el sol se
agranda hasta ocupar el Horizonte entero y el mundo se convierte en un desierto. Hasta que cumplió
37
doce años no tuvo otra ocupación ni virtud que sobrevivir al hambre y la fatiga de siglos. Durante una
interminable sequía le tocó enterrar a cuatro hermanos menores y cuando comprendió que llegaba su
turno, decidió echar a andar por las l1anuras en dirección al mar, a ver si en el viaje lograba burlar a la
muerte. La tierra estaba erosionada, partida en profundas grietas, sembrada de piedras, fósiles de
árboles y de arbustos espinudos, esqueletos de animales blanqueados por el calor. De vez en cuando
tropezaba con familias que, como ella, iban hacia el sur siguiendo el espejismo del agua. Algunos habían
iniciado la marcha llevando sus pertenencias al hombro o en carretillas, pero apenas podían mover sus
propios huesos y a poco andar debían abandonar sus cosas. Se arrastraban penosamente, con la piel
convertida en cuero de lagarto y sus ojos quemados por la reverberación de la luz. Belisa los saludaba
con un gesto al pasar, pero no se detenía, porque no podía gastar sus fuerzas en ejercicios de compasión.
Muchos cayeron por el camino, pero ella era tan tozuda que consiguió atravesar el infierno y arribó por
fin a los primeros manantiales, finos hilos de agua, casi invisibles, que alimentaban una vegetación
raquítica, y que más adelante se convertían en riachuelos y esteros.
Disponível em: https://www.bbns.org/uploaded/PDFs/Upper_School/Summer_Reading_2019/AP_Spanish-
_Isabel_Allende.pdf?1560446283370. Acessado em 10 de junho de 2022.
CUESTIÓN 9
No trecho “pero apenas podían mover sus propios huesos y a poco andar debían abandonar sus cosas”, o
termo pero pode ser substituído, sem que haja alteração de sentido e da estrutura da frase, por
a. por eso.
b. así.
c. entonces.
d. pues.
e. sin embargo.
Gabarito E
CUESTIÓN 10
A partir do conto, pode-se afirmar que expressão “La piel convertida en cuero de lagarto:
CUESTIÓN 11
38
Em relação ao seu conteúdo, o fragmento do conto sugere um sentimento de:
A. mágoa.
B. resiliência.
C. lamento.
D. indiferença.
E. indignação.
Gabarito B
CUESTIÓN 12
A. injuntivo.
B. descritivo.
C. expositivo.
D. narrativo.
E. argumentativo.
Gabarito D
39
LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS
IMERSÃO CURRICULAR
3ª SÉRIE - 3º BIMESTRE
MÓDULO 01
Compreensão de processos identitários, conflitos e relações de poder das linguagens e de suas
práticas culturais (artísticas, corporais e/ou linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS
COMPETÊNCIA LGG 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes
campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o
entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar
aprendendo.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 4
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável,
heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como
formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de
preconceitos de qualquer natureza.
HABILIDADE DE LGG
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos,
para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
HABILIDADE ESPECÍFICA
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuários e funções dessa língua no mundo
contemporâneo.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLGG403H) Conhecer a biografia de escritores/as clássicos/as e contemporâneos/as
utilizando um repertório previamente selecionado para apresentar síntese da vida e obra dos/das
escritores/as escolhidos.
OBJETO DE CONHECIMENTO (SUGESTÃO)
Os pretéritos. Biografia de escritores/as das línguas estrangeiras. Obras e escritores/as, desde as
clássicas às contemporâneas, de línguas estrangeiras. Expressões e tempos gramaticais contidos nos
gêneros narrativos.
CAMPOS DE ATUAÇÃO
40
Vida pessoal, artístico-literário, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e/ou atuação na vida
pública
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura, escuta, produção de textos (orais, escritos, multissemióticos) e análise
linguística/semiótica, Práticas artísticas e Práticas corporais.
DESCRITORES
D-Analisar elementos e aspectos da sintaxe da língua inglesa, como a ordem dos constituintes da
sentença (e os efeitos que causam sua inversão), a estrutura dos sintagmas, as categorias
sintáticas, os processos de coordenação e subordinação (e os efeitos de seus usos) e a sintaxe de
concordância e de regência.
D-Reconhecer o fenômeno da variação linguística, em seus diferentes níveis (variações fonético-
fonológica, lexical, sintática, semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes dimensões
(regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.).
Imersão Curricular
41
CLASS 01 - ENGLISH
Caro/a professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS, com um momento de IMERSÃO, rememorando
aspectos textuais como elementos verbais e não verbais, que são recursos bastante usados em textos
de língua estrangeira, bem como apresentaremos uma reflexão sobre o consumo consciente e os
impactos que a ação do ser humano causa ao meio ambiente. Vamos levar nosso/a estudante a
pensar mais sobre isso???
O Past Perfect ou Past Perfect Simple (Passado Perfeito ou Passado Perfeito Simples) é um tempo verbal
usado para expressar ações passadas que aconteceram antes de outra ação que também ocorrera no
passado.
Nesse tempo verbal é comum as frases serem formadas por alguns advérbios. Os mais utilizados são:
• when (quando)
• just (acabado de; há pouco)
• already (já)
• by the time (no momento)
• ever (já; alguma vez)
• never (nunca)
• before (antes)
• after (depois)
Exemplos:
✓ Formação para frases afirmativas (affirmative form): Sujeito + had (‘d) + verbo principal no past
participle + complemento. Exemplo:
You had (‘d) changed your clothes before the end of the party.
(Você tinha mudado suas roupas antes do final da festa.)
✓ Formação para frases negativas (negative form): Sujeito + had not (hadn’t) + verbo principal
no past participle + complemento. Exemplo:
You had not (hadn’t) changed your clothes before the end of the party.
(Você não tinha mudado suas roupas antes do final da festa.)
✓ Formação para frases afirmativas (affirmative form): Had + sujeito + verbo principal no past
participle + complemento + ?. Exemplo:
Had you changed your clothes before the end of the party?
(Você tinha mudado suas roupas antes do fim da festa?)
No Past Perfect Tense há duas formas de expressar ações passadas. Vejamos abaixo cada uma delas:
✓ Past Perfect Simple: É usado para indicar ações no passado que ocorreram antes de outra ação
no passado. Exemplos:
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• AFFIRMATIVE FORM: I had finished the job when my boss arrived. (Eu tinha terminado o trabalho
quando meu chefe chegou.)
• NEGATIVE FORM: I had not finished the job when my boss arrived. (Eu não tinha terminado o
trabalho quando meu chefe chegou.)
• INTERROGATIVE FORM: Had I finished the job when my boss arrived? (Eu tinha terminado o
trabalho quando meu chefe chegou?)
O Past Perfect Continuous é usado para indicar a continuidade de ações no passado que ocorreram
antes de outra ação no passado. Quanto à sua estrutura, o Past Perfect Continuous é formado por: had +
been + verbo principal empregado com o sufixo -ing. Exemplos:
• AFFIRMATIVE FORM: I had been waiting for two hours when she arrived. (Eu tinha estado
esperando por duas horas quando ela chegou.)
• NEGATIVE FORM: I had not been waiting for two hours when she arrived. (Eu não tinha estado
esperando por duas horas quando ela chegou.)
• INTERROGATIVE FORM: Had I been waiting for two hours when she arrived? (Eu tinha estado
esperando por duas horas quando ela chegou?)
The tube pulls in to a busy station along the London Underground’s Central Line. It is early evening on a
Thursday. A gaggle of commuters assembles inside and outside the train, waiting for the doors to open.
A moment of impatience grips one man who is nearest to them. He pushes the square, green-rimmed
button which says “open”. A second later, the doors satisfyingly part. The crowds mingle, jostling on and
off the train, and their journeys continue. Yet whether or not the traveller knew it, his finger had no
effect on the mechanism.
Some would call this a “placebo button”– a button which, objectively speaking, provides no control over
a system, but which to the user at least is psychologically fulfilling to push. It turns out that there are
plentiful examples of buttons which do nothing and indeed other technologies which are purposefully
designed to deceive us. But here’s the really surprising thing. Many increasingly argue that we actually
benefit from the illusion that we are in control of something – even when, from the observer’s point of
view, we’re not.
In 2013, BBC News Magazine discovered that pedestrian crossings all over the UK were the wellspring of
placebo buttons. A crossing in central London had programmed intervals for red and green lights, for
example. Pushing the button would only impact the length of these intervals between midnight and
7am. ___ several other cities during busy periods, the crossings were programmed to alternate their
signals at a specific rate. The buttons did nothing, but a “wait” light would still come on when they were
pressed and, yes, people still pressed them presumably believing that their actions were having an
effect.
Certain psychologists would argue that the buttons were indeed having an effect – just not ___ the
traffic lights themselves. Instead the effect is in the commuter’s minds. To understand this you have to
go back to the early 1970s. At that time, psychologist Ellen Langer, now a professor ____ Harvard, was a
Yale graduate student. During a five-card draw game of poker she dealt one set of cards in a haphazard
order.
43
“Everybody,” she says, “got crazy. The cards somehow belonged to the other person even though you
couldn’t see any of them.” Langer decided to find out more about the way people regulated the playing
of such games. She went to a casino where, at the slot machines, she found gamblers with elaborate
ways of pulling the lever. At another time a “highly rational” fellow student tried to explain to her why
tossing a pair of dice could be done in a certain way to affect the numbers which came up. “People
believed that all of these behaviours were going to increase the probability of their winning,” she
comments.
In 1975, she wrote a paper where she described the significance of these beliefs and coined a term for
the effect that they had on people: the “illusion of control”. However, instead of framing this as an
irrational delusion, Langer described the effect as a positive thing. “Feeling you have control over your
world is a desirable state,” she explains. When it comes to those deceptive traffic light buttons, Langer
says there could be a whole host of reasons why the placebo effect might be counted as a good thing.
“Doing something is better than doing nothing, so people believe,” she says. “And when you go to press
the button your attention is on the activity at hand. If I’m just standing at the corner, I may not even see
the light change, or I might only catch the last part of the change, in which case I could put myself in
danger.”
Also, if pedestrians wait together at the crossing and a few press the button impatiently, that creates a
sense of togetherness with strangers which might otherwise be absent. All of these things may be taken
as positive impacts on our mental state, and even socially reinforcing. It’s something to think about next
time you cross the street.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
1- In the sentence “A crossing in central London had programmed intervals for red and green lights”, the
underlined verbal locution is in the ________________. If we put it in the present perfect continuous, it
would be written as ______________.
Mark the alternative that correctly and respectively fill in the blanks above.
44
2. Qual das frases abaixo não está no Past Perfect Simple:
Gabarito: A
3. Transforme a frase abaixo no Past Perfect Simple nas formas negativa e interrogativa:
Negative:
Interrogative:
4- (UPF 2015)
King County Kicks Off Bag Recycling Campaign With ‘Bus Full Of Bags
In the sentence ‘The best way to recycle plastic bags is to stuff them all in a single bag, tie it up and
bring them back to this store’, the expressions ‘them – it – them’ refer, respectively, to:
45
(C) a single bag / plastic bags / a single bag.
(D) this store / a single bag / plastic bags.
(E) plastic bags / this store / plastic bags.
Gabarito: B
CLASS 02 - ENGLISH
MOMENTO ENEM
1- (Enem 2015)
Na tira da série For better or for worse, a comunicação entre as personagens fica comprometida em um
determinado momento porque:
Gabarito: E
2- (Enem 2015)
Why am I compelled to write? Because the writing saves me from this complacency I fear. Because I
have no choice. Because I must keep the spirit of my revolt and myself alive. Because the world I create
46
in the writing compensates for what the real world does not give me. By writing I put order in the world,
give it a handle so I can grasp it.
Gloria Evangelina Anzaldúa, falecida em 2004, foi uma escritora americana de origem mexicana que
escreveu sobre questões culturais e raciais. Na citação, o intuito da autora é evidenciar as
Gabarito: D
CLASS 03 - ENGLISH
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM
1- (Imed 2015)
Mark Twain (1835-1910), 1____ real name was Samuel Langhorne Clemens, was the first writer of
importance born west of the Mississipi River. His novels, short stories, essays, and lectures vividly
portray the life of the American era in which he lived. Probably the most striking element of his writings
is its 2down-to-earth, honest humor.
(Lado, R. (1973). English Series, vol. 6. Regents Publishers, New York, p.268)
(A) that.
(B) which.
(C) whose.
(D) what.
(E) whom.
Gabarito: A
47
When does the brain work best?
The peak times and ages for learning
What’s your ideal time of the day for brain performance? Surprisingly, the answer to this isn’t as simple
as being a morning or a night person. New research has shown that certain times of the day are best for
completing specific tasks and listening to your body’s natural clock may help you to accomplish more in
24 hours.
Science suggests that the best time for our natural peak productivity is late morning. Our body
temperatures start to rise just before we wake up in the morning and continue to increase through
midday, Steve Kay, a professor of molecular and computational biology at the University of Southern
California told The Wall Street Journal. This gradual increase in body temperature means that our
working memory, alertness, and concentration also gradually improve, peaking at about mid-morning.
Our alertness tends to dip after this point, but one study suggested that midday fatigue may actually
boost our creative abilities.
For a 2011 study, 428 students were asked to solve a series of two types of problems, requiring either
analytical or novel thinking. Results showed that their performance on the second type was best at non-
peak times of day when they were tired.
As for the age where our brains are at peak condition, science has long held that fluid intelligence, or the
ability to think quickly and recall information, peaks at around age 20. However, a 2015 study revealed
that peak brain age is far more complicated than previously believed and concluded that there are
about 30 subsets of intelligence, all of which peak at different ages for different people. For example,
the study found that raw speed in processing information appears to peak around age 18 or 19, then
immediately starts to decline, but short-term memory continues to improve until around age 25, and
then begins to drop around age 35, Medical Xpress reported. The ability to evaluate other people’s
emotional states peaked much later, in the 40s or 50s. In addition, the study suggested that out our
vocabulary may peak as late as our 60s’s or 70’s.
Still, while working according to your body’s natural clock may sound helpful, it’s important to
remember that these times may differ from person to person. On average, people can be divided into
two distinct groups: morning people tend to wake up and go to sleep earlier and to be most productive
early in the day. Evening people tend to wake up later, start more slowly and peak in the evening. If
being a morning or evening person has been working for you the majority of your life, it may be best to
not fix what’s not broken.
No trecho do quarto parágrafo “while working according to your body’s natural clock”, o termo em
destaque tem sentido, em português, de
(A) quando
48
(B) durante.
(C) sobretudo.
(D) mesmo que.
(E) devido a.
Gabarito: C
CLASS 04 – ENGLISH
Os Modal Verbs (verbos modais) em inglês são verbos auxiliares utilizados para complementar ou mudar
o sentido dos verbos principais nas frases. Por esse motivo também são chamados
de modal auxiliaries (auxiliares modais).
Eles são muito utilizados pelos falantes da língua inglesa e, portanto, são essenciais para os aprendizes
desse idioma.
Atenção! (Pay Attention!) – Como você pôde observar no quadro acima, can, may e could podem ser
usados em situações parecidas, para indicar permissão ou pedido. No entanto, é importante referir que:
Exemplos:
Outro caso semelhante é o de ought to e should. Ambos podem ser usados para expressar conselho. No
entanto:
49
Disponível em: https://br.pinterest.com/karolinebyakuya2/aula-de-ingl%C3%AAs/. Acessado em 10 de junho de 2022.
Exemplos:
• You should tell it to your mother. (Você deveria contar isso para sua mãe.)
• You ought to tell it to your boss. (Você deveria contar isso para o seu chefe.)
Os verbos modais diferem dos outros verbos em diversos pontos. Vejamos abaixo as principais
características dos modal verbs:
São utilizados sem o to!! – Diferentemente da maioria dos verbos que, em sua forma original, são
escritos com o to (exemplos: to go, to dance, to study), os verbos modais são sempre utilizados sem o
“to”. Não existe infinitivo para os verbos modais, nem particípio, nem gerúndio. Exemplos:
Exceção!! – O verbo modal "ought to" é o único que é acompanhado pelo "to". No entanto, o "to" vem
depois do verbo.
Na forma interrogativa, o "to" é colocado após o sujeito: ought + sujeito + to + verbo principal +
complemento.Já nas frases negativas, o "not" é colocado entre o verbo e o "to": "ought not to".
No entanto, não é muito comum fazer perguntas com o "ought to", visto que ele é muito formal. Nesse
caso, utiliza-se mais o "should". Exemplos:
Não são flexionados!! – Apesar de alguns verbos modais indicarem o tempo em que uma ação ocorre
(como, por exemplo, will - que indica futuro - e could - que pode indicar passado), os verbos modais não
são flexionados. A mesma forma verbal é utilizada para todas as pessoas
(I, you, he, she, it, we, you e they). Exemplos:
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
1- (FIEB-SP/2016) In the fragment from the second paragraph – These connections may allow access to
the Internet, for example to show computers in a store…”, the word in bold indicates
50
a) need.
b) advisability.
c) request.
d) possibility.
e) permission.
Gabarito: B
2- (Unesp/2017)
“One never builds something finished”: the brilliance of architect Paulo Mendes da Rocha
Oliver Wainwright
February 4, 2017
“All space is public,” says Paulo Mendes da Rocha. “The only private space that you can imagine is in the
human mind.” It is an optimistic statement from the 88-year-old Brazilian architect, given he is a
resident of São Paulo, a city where the triumph of the private realm over the public could not be more
stark. The sprawling megalopolis is a place of such marked inequality that its superrich hop between
their rooftop helipads because they are too scared of street crime to come down from the clouds.
But for Mendes da Rocha, who received the 2017 gold medal from the Royal Institute of British
Architects this week – an accolade previously bestowed on such luminaries as Le Corbusier and Frank
Lloyd Wright – the ground is everything. He has spent his 60-year career lifting his massive concrete
buildings up, in gravity-defying balancing acts, or else burying them below ground in an attempt to
liberate the Earth’s surface as a continuous democratic public realm. “The city has to be for everybody,”
he says, “not just for the very few.”
(www.theguardian.com. Adaptado.)
No trecho do segundo parágrafo “The city has to be for everybody”, a expressão em destaque pode ser
substituída, sem alteração de sentido, por
a) must
b) could
c) may
d) used to
e) going to
Gabarito: A
CLASS 05 – ENGLISH
1- (UEG 2019)
As humans put more and more heat-trapping gases into the atmosphere, the Earth warms. And the
warming is causing changes that might surprise us. Not only is the warming causing long-term trends in
heat, sea level rise, ice loss, etc.; it’s also making our weather more variable. It’s making otherwise
natural cycles of weather more powerful.
Perhaps the most important natural fluctuation in the Earth’s climate is the El Niño process. El Niño
refers to a short-term period of warm ocean surface temperatures in the tropical Pacific, basically
stretching from South America towards Australia. When an El Niño happens, that region is warmer than
usual. If the counterpart La Niña occurs, the region is colder than usual. Often times, neither an El Niño
or La Niña is present and the waters are a normal temperature. This would be called a “neutral” state.
The ocean waters switch back and forth between El Niño and La Niña every few years. Not regularly, like
a pendulum, but there is a pattern of oscillation. And regardless of which part of the cycle we are in (El
Niño or La Niña), there are consequences for weather around the world. For instance, during an El Niño,
we typically see cooler and wetter weather in the southern United States while it is hotter and drier in
South America and Australia.
It’s really important to be able to predict El Niño/La Niña cycles in advance. It’s also important to be able
to understand how these cycles will change in a warming planet.
El Niño cycles have been known for a long time. Their influence around the world has also been known
for almost 100 years. Having observed the effects of El Niño for a century, scientists had the perspective
to understand something might be changing.
The relationship between regional climate and the El Niño/La Niña status in climate model simulations
of the past and future. It was found an intensification of El Niño/La Niña impacts in a warmer climate,
especially for land regions in North America and Australia. Changes between El Niño/La Niña in other
areas, like South America, were less clear. The intensification of weather was more prevalent over land
regions.
And this conclusion can be extended to many other situations around the planet. Human pollution is
making our Earth’s natural weather switch more strongly from one extreme to another. It’s a weather
whiplash that will continue to get worse as we add pollution to the atmosphere.
Fortunately, every other country on the planet (with the exception of the US leadership) understands
that climate change is an important issue and those countries are taking action. It isn’t too late to
change our trajectory toward a better future for all of us. But the time is running out. The Earth is giving
us a little nudge by showing us, via today’s intense weather, what tomorrow will be like if we don’t take
action quickly.
52
a) o termo “Perhaps”, em Perhaps the most important natural fluctuation, pode ser substituído por
“Maybe” sem alterar o sentido.
b) o termo “might”, em something might be changing, pode ser substituído pelo vocábulo “should” sem
alteração do sentido.
c) o vocábulo “If” na sentença if we don’t take action quickly, pode ser substituído por “Besides that”
sem alteração de sentido.
d) o termo “can” em this conclusion can be extended, é um verbo modal e pode ser substituído por
“must” sem alterar o sentido.
e) o vocábulo “also”, em It’s also important to be able to, pode ser substituído pelo termo “still” sem
causar alteração de sentido.
Gabarito: A
2- (IFBA 2016)
a) “Dress” is a noun.
b) “Might” expresses possibility.
c) Garfield liked the woman’s idea.
d) Jon has never tried the woman’s idea before.
e) “Experience” is formed by a prefix and a suffix.
Gabarito: C
53
BASE FORM PAST SIMPLE PAST PARTICIPLE TRANSLATION
to be was, were been estar; ser
to beat beat beaten bater; derrotar, vencer
to become became become tornar-se
to begin began begun começar
to bet bet bet apostar
to blow blew blown soprar
to break broke broken quebrar
to bring brought brought trazer
to build built built construir
to buy bought bought comprar
to catch caught caught capturar, pegar
to choose chose chosen escolher
to come came come vir
to cut cut cut cortar
to deal dealt dealt lidar; negociar, tratar
to do did done fazer
to draw drew drawn atrair, desenhar
to dream dreamed/dreamt dreamed/dreamt sonhar
to drink drank drunk beber
to drive drove driven dirigir
to eat ate eaten comer
to fall fell fallen cair
to feel felt felt sentir
to fight fought fought brigar; lutar
to find found found encontrar
to fit fit fit ajustar; caber, servir
to flee fled fled escapar, fugir; evitar
to forget forgot forgotten esquecer
to get got got/gotten adquirir; obter
to give gave given dar
to go went gone ir
to grow grew grown crescer; cultivar
to have had had ter
to hear heard heard ouvir
to hide hid hidden esconder, ocultar
to hold held held abraçar; segurar
to keep kept kept manter
to know knew known conhecer; saber
to lay laid laid colocar, pôr; deitar
to lead led led comandar, conduzir
to learn learned/learnt learned/learnt aprender
to leave left left deixar; partir; sair
to let let let deixar, permitir
to lose lost lost perder
to make made made fazer
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to mean meant meant significar
to meet met met conhecer; encontrar
to misunderstand misunderstood misunderstood interpretar mal
to overcome overcame overcome superar
to pay paid paid pagar
to put put put colocar, pôr
to read read read ler
to rise rose risen erguer, levantar
to run ran run correr
to say said said dizer
to see saw seen ver
to seek sought sought buscar; objetivar
to send sent sent enviar
to set set set ajustar, marcar
to shake shook shaken sacudir
to shine shone shone brilhar, reluzir
to show showed showed/shown apresentar, mostrar
to sing sang sung cantar
to sit sat sat sentar
to sleep slept slept dormir
to speak spoke spoken falar
to spend spent spent gastar; passar (tempo)
to spread spread spread espalhar
to stand stood stood ficar em pé; suportar
to steal stole stolen roubar
to strive strove striven esforçar-se, lutar
to swim swam swum nadar
to take took taken pegar
to teach taught taught ensinar
to tell told told contar, relatar
to think thought thought achar, pensar
to throw threw thrown arremessar, jogar
to understand understood understood entender
to wear wore worn vestir
55
LÍNGUA PORTUGUESA
IMERSÃO CURRICULAR
3º BIMESTRE-3ª SÉRIE
MÓDULO
Compreensão do funcionamento das linguagens e de suas práticas culturais (artísticas, corporais e/ou
linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
(EM13LGG104) Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
Língua Portuguesa
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP13A)Comparar informações sobre concepções artísticas e processos de construção do texto
literário (metrificação, rimas, ritmo, figuras de linguagem), analisando o modo como a literatura e as artes se
constituem, dialogam e se retroalimentam para ampliar o repertório sociocultural e as possibilidades de
construção de sentido.
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Vida pessoal, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático.
OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDOS
Língua Portuguesa: Elemento da linguagem visual na Arte (a gravura, o quadro, a escultura enquanto texto). Figuras
de linguagem. Recursos linguísticos. Recursos imagéticos. Recursos sonoros. Estética e estilística na literatura e nos
elementos da linguagem teatral. Gêneros digitais. Gêneros cinematográficos. Arte digital. Significados/sentidos no
discurso das mídias sobre os gêneros digitais.
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DESCRITORES
D3. Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4. Inferir uma informação implícita em um texto.
D18. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
D19. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
D16. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
RECURSOS MATERIAIS
Quadro, giz/pincel atômico, apagador, acesso à internet, cópias de textos,
Imersão Curricular
PROCEDIMENTOS
ATENÇÃO
POETA – CONCEITO
A primeira acepção que o Dicionário Houaiss traz para a palavra poeta é “escritor
que compõe poesia”. Poderia também ter afirmado que poeta é aquele que escreve
poemas, que faz versos.
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Poesia a poesia não é apenas um estilo literário. Ela também está presente em paisagens, objetos, fotografias
e músicas, pois significa “produção artística”. Ou seja, poesia é tudo o que utiliza recursos especiais para
expressar significados. Esses recursos podem ser sentimentos, ritmos, rimas, aliteração e
metáforas, cores, sons. Ademais, a palavra poesia é derivada do grego poiesis, que significa “atividade de
produção artística” ou “criar” e “fazer”. Portanto, a voltamos a ressaltar que a poesia não está só no poema,
mas se manifesta de diversas formas. Só para ilustrar, podemos citar paisagens e objetos. Dessa forma,
estende-se para além da escrita.
Poesia em objetos:
58
Poesia em publicidade:
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Poesia em paisagem
Poema
Já os poemas podem ser identificados com maior facilidade, porque seguem um formato muito característicos.
Afinal, poemas são feitos com palavras em formato de verso, normalmente apresentados em rimas. Ou seja, o
poema é um tipo de texto que constitui o gênero “poesia”. Dessa forma, a poesia é um tipo textual que faz
parte do gênero textual lírico e, dessa forma, apresenta características como métrica, rimas, versos,
estrofes, entre outros aspectos. Aliás, não só ao texto pertence a poesia, porque ela também é usada para
produzir música e peças teatrais.
Poema é o produto da poesia, é, acima de tudo, a parte material, concreta dessa arte. Em suma, o poema é uma
obra de poesia que utiliza a escrita e as palavras como matéria-prima.
Regrinhas básicas, portanto, devem ser seguidas na construção de um poema. A métrica, o ritmo, a rima (ou
não), e os versos devem estar na estrutura do poema, porque, caso contrário, não se caracteriza como gênero
textual lírico. Ademais, várias figuras de linguagem são empregadas na criação de um poema para compor os
sentidos.
60
Poesia [Alguma poesia]
Carlos Drummond de Andrade
Exemplificando:
O título desse texto e o verso “Mas a poesia deste momento” possibilitam fazer um questionamento: qual a
diferença entre poesia e poema?
Quando se denomina a forma do texto (versos agrupados em estrofes), não há grande diferença. Tanto se
pode dizer “Li os poemas de Drummond” como “Li as poesias de Drummond”. Nos dicionários, poema diz
respeito à obra escrita em versos e poesia, à arte de escrever versos. Os dois conceitos remetem ao aspecto
formal da produção.
Esse poema assumiu a temática dos dramas individuais e sociais, apresentando a angústia de estar no mundo e
a sensação de estranhamento provocada por esta descoberta. Na estrutura, os poetas do período mantiveram
o verso livre, a oralidade e linguagem cinematográfica da fase anterior, mas resgataram formas
tradicionais, desprezadas pelos primeiros modernistas.
O fazer poético é apresentado como a luta para dar forma à poesia que está dentro do eu lírico (“ele está cá
dentro / inquieto vivo. / Ele está cá dentro / e não quer sair”). Esse esforço para dar forma ao que está vivo
dentro do poeta exige um trabalho racional que não se mostra eficiente. O trabalho intelectual do poeta não é
suficiente para garantir a tradução do sentimento poético que o invade, já que o verso simplesmente não “sai”.
Nesse sentido, poderíamos dizer que o poeta não tem controle sobre o fazer poético.
Nesse poema, temos uma linguagem mais simples, com frases mais compreensíveis, versos brancos e livres,
o que nos leva a identificar uma estrutura linguística muito próxima da que utilizamos hoje e nos permite
associar o momento de produção do texto com uma estética que valoriza a expressão acima de qualquer
rigor formal.
Figuras de linguagem nos mesmos
Vamos relembrar algumas figuras de linguagens. Refletir sobre esses recursos são importantes porque,
geralmente, são utilizados na escrita de muitos poetas. Metáforas, metonímias, eufemismo, hipérbole,
antítese, onomatopeia e muitas outras estão presentes nas obras dos artistas.
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Figuras de linguagem, Por Daniele Fernanda Feliz Moreira. Disponível em:
https://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-linguagem/ Acesso em 10 de junho de 2022.
62
SAIBA MAIS
ATIVIDADE INTEGRADORA
Professor/a,
a) Entre componentes da mesma área do conhecimento: pesquisa orientada sobre dialogar acerca do
protagonismo e autoria por meio de oralidades performáticas e do estudo do Gênero poesia e poema,
comparando informações sobre concepções artísticas e processos de construção do texto literário;
b) Entre componentes de áreas distintas do conhecimento: pesquisa orientada sobre investigação acústica da
escola e fazer mapeamento da paisagem sonora presente na escola.
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão. Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
1.Após a leitura do texto, pergunte aos/as estudantes qual o tema tratado no poema. Ao chegarem à
resposta (o poema trata sobre poemas), aproveite para explicar a eles sobre a metalinguagem para
relembrar esse conceito (conceito de metalinguagem a seguir).
Quando um texto é utilizado para explicar o próprio texto dizemos que predomina a função metalinguística.
Metalinguagem é a propriedade que tem a língua de voltar-se para si mesma, é a forma de expressão dos
dicionários e das gramáticas. Uma música cujo tema seja o próprio fazer musical terá empregado esse
recurso. Assim, podemos dizer que o poema lido apresenta metalinguagem.
Disponível em:: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u1745.shtml Acesso em 11 de junho de
2022.
64
Leia o Texto a seguir:
1. A letra da música Metáfora, do compositor baiano Gilberto Gil, apresenta um jogo de linguagem com o
vocábulo ‘lata’ que faz predominar a linguagem conotativa. Trata-se de um recurso próprio da linguagem
poética, desconstruir ideias já cristalizadas em detrimento de outros efeitos de sentido. Comente sobre o
efeito de sentido que o artista imprime de modo predominante na construção da letra.
2. Nos versos da letra há uma passagem que afirma: Na lata do poeta tudo nada cabe / Pois ao poeta cabe
fazer / Com que na lata venha caber / O incabível. Considerando que o título da letra da música refere-se a
um tipo de figura de linguagem, o que seria ‘o incabível’ nesse contexto?
Resposta: Gilberto Gil faz comparação entre o fazer e saber poético com um recipiente que seria a lata.
O incabível seria algo que não pode ser palpável ou medido, mas que certamente não podemos colocá-lo
em um recipiente, que seria o saber poético.
65
Leia o texto a seguir.
A PESCA
Affonso Romano de Sant`Anna
O anil
o anzol
o azul
o silêncio
o tempo
o peixe
a agulha vertical mergulha
a água
a linha
a espuma
o tempo
o peixe
o silêncio
a garganta
a ancora
o peixe
a boca
o arranco
o rasgão
aberta a água
aberta a chaga
aberto o anzol
aquelíneo
ágil-claro
estabanado
o peixe
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a arcia
o sol.
3. Podemos afirmar que o poema retrata uma sequência de acontecimentos ou uma cena estática? Justifique.
Resposta: Sim, retrata uma sequência de acontecimentos. O começo do dia, a preparação; depois – à
espera do peixe; e em seguida – o movimento da agulha dentro d’água.
4. Cada estrofe ou conjunto de estrofes representa um momento da pescaria. Identifique-o.
Resposta: 1° a 2° estrofe: Ele está se preparando para jogar a isca (começando a pescar);
3° e 4° estrofe: Ele joga a linha na água;
5° estrofe: Ele está esperando o peixe vir para pegar a isca;
6° e 7° estrofe: Ele consegue pegar o peixe;
8° e 9° estrofe: Ele tira o peixe do anzol e o peixe, se estabanando;
10° estrofe: O peixe, enfim, pula pra areia.
5. Âncora é uma peça de ferro ligada a uma corrente que permite fixar uma embarcação.
a) No poema, ela representa metaforicamente que objeto? Em que tipo de semelhança se apoia essa
metáfora?
Resposta: A metáfora se apoio na semelhança da sustentação, aquilo que sustenta, mantém presa.
b) Que ampliação de sentido a metáfora confere a esse objeto no poema?
Resposta: Esse sentido é ampliado, na medida em que é tomado como presa, como elemento que sustenta
o peixe.
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SLAM - CONCEITO
Ela está organizada com o objetivo de abordar o movimento sociocultural denominado Slam, sua estrutura de
batalha de poesia, além de alguns temas abordados nos poemas. Os estudantes lerão um poema transcrito,
assistirão à performance da slammer autora do poema, participarão de uma oficina de criação de poemas e, ao
final dessa sequência, organizarão uma edição de Slam na sala de aula. Vamos começar!
Iniciar a aula, apresentando algumas imagens de Slam (sugestões de imagens a seguir) e investigar o
estudante, fazendo-lhe a seguinte pergunta:
Observe as imagens a seguir! Você está olhando uma prática cultural recente, o Slam. Você já ouviu falar dele?
SLAM VOZ DE LEVANTE, Tatiana Lohmmann, Roberta Estrela D’ Avila. Disponível em:
https://www.adorocinema.com/filmes/filme-258674/ Acesso em 11 de junho de 2022.
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SINOPSE
Livre
Documentário sobre uma atividade cada vez mais comum no país nos últimos anos: as Poetry Slams. Essas
batalhas de poesia performáticas atraem ouvintes de diferentes realidades sociais e vivências. A produção
ainda viaja para os Estados Unidos, local onde o Slam nasceu e depois se expandiu rapidamente para o mundo
todo.
O Que é o Slam?
Na arte da cultura urbana, o gênero slam é destaque entre as juventudes de diferentes países. Há, inclusive,
campeonatos mundiais disputados por jovens para escolher o melhor poema. Sim! O slam é uma forma de fazer
e falar poesia!
Slam é uma batalha de poesia em que o participante, chamado de slammer, declama seus poemas, repletos de
versos e rimas e expressa sua autoria e seu ponto de vista, principalmente relacionados a temas sociais,
revelando os valores identitários e sociais de sua origem, comunidade local e regional e de seu país.
A palavra slam é um verbo da língua inglesa que significa “fechar com força e barulho; bater forte”. Há alguns
termos que são próprios da linguagem do slam, como:
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Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-
contemporaneos/ Acesso em 12 de junho de 2022.
A poesia falada e apresentada para grandes plateias não é um fato novo, porém, a grande diferença é que hoje a
poesia falada se apresenta para o povo e não para uma elite — estamos falando da poesia slam. Essa palavra
surgiu em Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam, como é chamada, é uma competição de poesia falada que traz
questões da atualidade para debate. Slam é uma expressão inglesa cujo significado se assemelha ao som de uma
“batida” de porta ou janela, “algo próximo do nosso ‘pá!’ em língua portuguesa”, explica Cynthia Agra de Brito
Neves, em artigo recém-publicado na revista Linha D’Água. Nas apresentações de slam o poeta é performático e
só conta com o recurso de sua voz e de seu corpo.
A poetry slam, também chamada “batalha das letras”, tornou-se, além de um acontecimento poético, um
movimento social, cultural e artístico no mundo todo, um novo fenômeno de poesia oral em que poetas da
periferia abordam criticamente temas como racismo, violência, drogas, entre outros, despertando a plateia para a
reflexão, tomada de consciência e atitude política em relação a esses temas. Os campeonatos de poesias passam
por etapas ao longo do ano, de fevereiro a novembro, são compostos de três rodadas e o vencedor, escolhido por
cinco jurados da plateia, é premiado com livros e participa do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam Br). O poeta
vencedor dessa etapa competirá na Copa do Mundo de Slam, realizada todo ano em dezembro, na França.
Os campeonatos de slam no Brasil foram introduzidos por Roberta Estrela D’Alva, a slammer (poetisa) brasileira
mais conhecida pela mídia e que conquistou o terceiro lugar na Copa do Mundo de Poesia Slam 2011, em Paris.
70
Outra presença expressiva no assunto é Emerson Alcalde, fundador do Slam da Guilhermina, entrevistado pela
autora em maio deste ano na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele,
“promover a poesia oral, falar poesias, ler, escrever, promover batalhas de performances poéticas, é transformar
os slams em linguagem” e, pensando nisso, levou o slam às escolas, pois “poesia é educação”.
Cynthia Agra de Brito salienta que os slammers querem ser “considerados escritores como quaisquer outros
autores nacionais”, pois essa literatura “marginal e periférica” rompe com a linguagem culta e incomoda quem
apenas valoriza parâmetros tradicionais literários. O slam é um grito, atitude de “reexistência”, termo criado com
a fusão das palavras existência e resistência, de acordo com a professora Ana L. S. Souza. O artigo ressalta também
a importância de se levar os slams para as escolas, na medida em que forma alunos leitores e escritores
conscientes, dispostos a reivindicarem mudanças educacionais e sociais.
É fundamental o papel da escola na disseminação dos “slams”, pois por meio deles os alunos expressam “seus
modos de existir” e suas reivindicações por “uma cultura jovem, popular, negra e pobre, de moradores da
periferia, bem diferentes do gosto canônico, branco e de classe média”. Ao recriarem a cultura oficialmente
escolar letrada, esses alunos se tornam “agentes de letramentos de reexistência”, e os slams, dessa maneira, são
seus porta-vozes, pelos quais demonstram sua revolta, sua identidade e resistência. A autora finaliza afirmando
que “é preciso resistir para existir. Poesia é reexistência”, enfatizando o desafio com que se deparam as escolas
diante dessa nova poesia contemporânea.
Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-
contemporaneos/ Acesso em 12 de junho de 2022.
Em seguida, projetar a apresentação do poema Eu sou a Revolta da Chibata, de Natália Pagot, registrada em vídeo
durante uma edição do Slam das Minas, em Porto Alegre, no ano de 2019.
Após os estudantes assistirem ao vídeo, explicarar o que é o Slam a partir das seguintes perguntas:
1. Se o poema Eu Sou a Revolta da Chibata tivesse sido entregue impresso para leitura individual e silenciosa, a
recepção teria sido a mesma?
2. Algum detalhe ficaria de fora, sem ser percebido pelo leitor/espectador? Qual?
3. O que o conteúdo do poema tem a ver com a figura da slammer (mulher, negra poeta)?
71
4. Como a plateia participa da performance de Natália Pagot?
SAIBA MAIS
Professor/a, pode ser que os estudantes conheçam a dinâmica do Slam, entretanto, para
que ela seja explicada de forma mais objetiva e correta, pode ser utilizado como ponto de
partida o vídeo O que é Poetry Slam? Com Roberta Estrela D’Alva – Top Dicas Sesc #48.
Cabe ser realizado um debate sobre a fala de Roberta Estrela D’Alva sobre a necessidade
de retomar o poder da palavra por meio da poesia no atual momento político. Você
poderá acessar o link a seguir para assistir ao vídeo com os alunos: Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=VfGcXB3L69g .Acesso em: 12 jun.2022.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Professor/a,
Após o primeiro contato com o Slam em sala de aula, entregar aos estudantes uma cópia do poema “Eu sou a
Revolta da Chibata” e propor as atividades abaixo.
1) As rimas são recursos estilísticos que indicam a sonoridade e o ritmo da poesia. Transcreva dois versos de “Eu
sou a Revolta da Chibata” em que esse recurso se faz presente, destacando as palavras que o compõem.
Resposta: “Eu sei, pra muitos não importa/ Quero saber se a polícia chega com óbitos na sua porta/ O nosso
sangue pulsa, veia aorta”.
2) Leia o verso: “E nem tenta me tirar da festa, meto um tiro de letra na tua testa”. O primeiro termo em destaque
foi empregado no sentido figurado, a partir da figura de linguagem chamada metáfora. Por meio da metáfora,
“festa” significa os espaços sociais que, no passado, eram ocupados apenas por pessoas brancas. Nesse sentido,
explique o significado por trás da segunda expressão em destaque.
Resposta: “Tiro de letra” significa rebater oralmente a situação de exclusão social, utilizando a poesia como
arma.
3) Encontre e transcreva um ou mais versos em que haja a figura de linguagem denominada anáfora, que explora
72
a repetição de palavras. Em seguida, explique o efeito de sentido que ela expressa.
Resposta: “Histórias Cruzadas e balas perdidas/ Balas cruzadas e vidas perdidas/ Histórias perdidas, balas
certeiras”. O efeito de sentido das palavras repetidas é o de constante ocorrência do cruzamento entre vidas e
balas de fogo.
(1) Crítica à invisibilização das (2) “Então eu venho aqui acabar com essa
pessoas negras festa entojada/ Eu tenho poesia e granada
[...]/ E na hora do brinde, eu subo no palco
Desmascaro as verdades”
(2) Crítica ao comportamento passivo (4) “Eu tô cagando pro padrão que é no
das mulheres brancas Romeu”
(3) Denúncia da violência contra (5) “Eu sou a Revolta da Chibata[...]/ Meus
pessoas negras passos vêm de longe”
(4) Linguagem violenta e incisiva (3) “E não vejo a hora que acabe essa farra
fardada/ De melanina alvejada, algemada/
Escorre o nosso sangue”
(5) Valorização dos antepassados (1) “Lembra de mim? Aquela que na escola
fez questão de não ver? / Fica esperta, eu tô
sambando na tua cara”
Professor/a, Com a finalidade de aprofundar o conhecimento acerca das figuras de linguagem, oferecer aos alunos
cópia de impressão ou registrar, no caderno, definição e exemplos de figuras de linguagem mais utilizadas no
texto poético, como metáfora, eufemismo, anáfora, prosopopeia e hipérbato.
Professor/a, o slam é um gênero literário e por isso pode ser trabalhado como qualquer outro gênero. Nesse
sentido, agora a proposta é assistir a vídeos e debater acerca das poesias apresentadas a seguir. É interessante
fazer uma breve pesquisa sobre os slans de sua região. Por se tratar de linguagem oral e coloquial, existem
temáticas que instigam o uso de palavrões, por isso, professor/a é muito importante avaliar a faixa etária dos
alunos para selecionar o que apresentar. Selecionamos alguns para que você possa escolher.
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Lucas Afonso (Slam Resistência)
Catharine Moreaira e Cauê Gouveia – Pequeno Manual da Cultura Surda (Slam do Corpo)
Após assistir aos vídeos e conversar sobre eles, vamos fazer um exercício de produção de um poema e organizar
um slam?!
Professor/a, antes de dar início a esta atividade, é importante você assistir aos vídeos “como organizar slam na
escola?”, são explicativos e podem ajudar você nessa etapa. É só acessar os seguintes links:
74
1.Disponível em: https://youtu.be/dcKDZVPoW4Q Acesso em 12 de junho de 2022.
Professor/a,
1.Iniciar a aula com os(as) estudantes em roda e comentar a importância de definirem como será o slam a ser
realizado. É de grande importância o envolvimento de toda a turma, uma vez que o planejamento e a execução do
evento representam uma situação de aprendizagem.
2.Solicitar a eles(as) que definam o nome do evento, sua duração, um cronograma de apresentação de cada
poema, bem como a necessidade ou não de materiais e recursos para a realização do slam.
3.Em seguida, pedir-lhes que aproveitem parte da aula para ensaiar algumas apresentações. Nesse ponto, é
possível intervir com um trabalho dedicado à oralidade, destacando aspectos que julgar necessários para melhorar
as apresentações.
Professor/a,
Nessa etapa, é preciso construir, a partir do diálogo com os estudantes, a noção de que poesia não é um gênero
que se constitui apenas por métrica, redondilhas e assuntos tratados pelos poemas e poetas canônicos dos livros
didáticos. É, também, expressão de sensibilidade, imaginação e capacidade inventiva que existe nas pessoas e que
deve ser compartilhada para além dos espaços individuais. Para exemplificar, mencionar os poemas musicados do
gênero musical rap. Com base em tal pressuposição e nas etapas anteriores que apresentaram poema e poesia e o
Slam, a performance de uma slammer e alguns recursos presentes no texto poético, desafiar os alunos a criar um
poema que expresse crítica social, experimentando, assim, o lugar social e artístico de um slammer. Você poderá
sugerir os seguintes temas para a criação dos poemas:
a) Racismo;
b) Machismo;
c) Homofobia;
e) Depressão;
f) Desigualdade socioeconômica;
g) Deficiência física.
Serão necessários um espaço para a construção dos poemas e outro para as etapas de catalogação dos temas
escolhidos, construção e registro do regulamento do slam na escola. Esse documento criado pela turma, deverá
determinar, dentre outras informações, os seguintes itens:
75
* Limite de tempo para cada performance;
* Número de jurados;
* Grito de guerra.
Agora sim! Estamos prontos para organizar uma edição de “Slam na sala de aula”, mediante a retomada do
regulamento da edição.
O incentivo à autoria é essencial para que os/as estudantes não se sintam envergonhados no momento destinado
à apresentação oral de suas produções textuais. Nesse sentido, durante a proposição de reescrita, cabe ao/à
professor/a ressaltar os aspectos positivos relacionados ao tema escolhido pelos/as seus/suas estudantes por
exemplo. Por fim, é preciso ter clareza de que oportunizar espaço à oralização e à performance dos textos autorais
é, também, incentivar o exercício da cidadania dos estudantes no espaço plural e democrático no qual se constrói
a aprendizagem: a escola.
MOMENTO ENEM
Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para
pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que
chove em Nova York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. […] Estou indo para
Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em
Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho,
76
importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro
vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova York, tomarei providências.
SANT’ANNA, A. O importado vermelho de Noé. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001.
GABARITO: LETRA- A
QUESTÃO 02 (ENEM/2016)
O adolescente
estátua súbita,
mas
[que faz
Cumplicentemente,
77
Adolescente, olha! A vida é nova…
GABARITO: LETRA-C
O ouro do século 21
Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista
de nomes esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de futebol, que ainda
teria no banco de reservas lantânio, neodímio, praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17
metais chamados de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os humanos do planeta. Chamados
por muitos de “ouro do século 21", "elementos do futuro" ou “vitaminas da indústria", eles estão nos
materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets e celulares, motores de
carros elétricos, baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil, dono da segunda
maior reserva do mundo desses metais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em
retomar sua exploração.
SILVEIRA. E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br Acesso em: 6 dez 2017 (adaptado)
As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas intencionalmente pelo autor do texto para
Alternativas
(A) imprimir um tom irônico à reportagem.
(B) incorporar citações de especialistas à reportagem.
(C) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.
(D) esclarecer termos científicos empregados na reportagem.
(E) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela reportagem.
GABARITO: LETRA-C
78
QUESTÃO 04 (ENEM 2019)
A Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de ouro e púrpura
raiados, Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia... Delineiam-se além da serrania Os vértices de chamas
aureolados, E em tudo, em torno, esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia. Um mundo de
vapores no ar flutua... Como um informe nódoa avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua. A
natureza apática esmaece... Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Surge trêmula, trêmula...
Anoitece. CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017.
Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia
parnasiana. No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética
GABARITO: LETRA- D
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso
edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando
GABARITO: LETRA-D
Cidade grande
79
Montes Claros cresceu tanto,
GABARITO: LETRA C
80
Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.
No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo,
aflora o
(A) Cuidado em apagar da memória os restos do amor.
(B) Amadurecimento revestido de ironia e desapego.
(C) Mosaico de alegrias formado seletivamente.
(D) Desejo reprimido convertido em delírio.
(E) Arrependimento dos erros cometidos.
GABARITO: LETRA- B
81
Eu já posso afirmar
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui representa
a
GABARITO: LETRA-A
Antiode
O sentido em que
Ainda te escrevo:
Flor! (Te escrevo:
Flor-virtude - em
Disfarçados urinóis).
Flor é a palavra
82
Flor; verso inscrito
No verso, como as
Manhãs no tempo.
Flor é o salto
Posta a funcionar,
MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo.
Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a
recriação poética de
(A) Uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos
significados.
(B) Um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.
(C) Uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.
(D) Uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução
Industrial.
(E) Um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.
GABARITO: LETRA -A
Eu não existia
Não tinha uma existência
83
Comecei existir com quinhentos milhões
PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org.). Reino dos bichos e dos animais é meu nome. Rio de Janeiro: Azougue, 2009.
GABARITO: LETRA-E
AVALIAÇÃO
Rodas de conversas, apreensão do nível de interesse, discussão e participação nas atividades propostas em
sala de aula e/ou demais espaços de realização das práticas de leitura, escuta, produção de textos (orais,
escritos, multissemióticos) e análise linguística/semiótica.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Gramática contextualizada: limpando “o pó das ideias simples”. São Paulo: Parábola, 2014.
BARCIK, Deisi Beatriz. Confirmado: é arte- Paulo Bruscky e a ironia na década de 1970, 2017, 160 f. Dissertação
(Mestrado em História) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2017.
MACHADO, Anna Rachel; DIONISIO, Ângela P.; BEZERRA, Maria Auxiliadora(org.). Gêneros textuais e ensino. 4. Ed.
São Paulo: Parábola, 2010.
AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2018.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PAGOT, Natália. Eu sou a Revolta da Chibata. Porto Alegre: Slam das Minas,
2019. 2min. 33s. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I4bD1eV0lA>. Acesso em: 29 mai. 2019.
MÓDULO 01
Compreensão do funcionamento das linguagens e de suas práticas culturais (artísticas, corporais e/ou
linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
LÍNGUA PORTUGUESA
85
COMPETÊNCIA LGG 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e
mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes campos de atuação social e
nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADE DE LGG
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e
produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
HABILIDADE ESPECÍFICA
(EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e culturais, efeitos de sentido decorrentes de
escolhas de elementos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos sonoros, sincronização etc.) e
de suas relações com o verbal, levando-os em conta na produção de áudios, para ampliar as possibilidades de
construção de sentidos e de apreciação.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP13A) Comparar informações sobre concepções artísticas e processos de construção do texto literário
(metrificação, rimas, ritmo, figuras de linguagem), analisando o modo como a literatura e as artes se constituem,
dialogam e se retroalimentam para ampliar o repertório sociocultural e as possibilidades de construção de
sentido.
OBJETO DE CONHECIMENTO (SUGESTÃO)
Língua Portuguesa: Elemento da linguagem visual na Arte (a gravura, o quadro, a escultura enquanto texto).
Figuras de linguagem. Recursos linguísticos. Recursos imagéticos. Recursos sonoros. Estética e estilística na
literatura e nos elementos da linguagem teatral. Gêneros digitais. Gêneros cinematográficos. Arte digital.
Significados/sentidos no discurso das mídias sobre os gêneros digitais.
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Vida pessoal, artístico-literário, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e/ou atuação na vida
pública
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura, escuta, produção de textos (orais, escritos, multissemióticos) e análise
linguística/semiótica, Práticas artísticas e Práticas corporais.
DESCRITORES
D3. Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4. Inferir uma informação implícita em um texto.
D18. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão.
D19. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
D16. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
Inserção Curricular/Recomposição
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Inferir o sentido de uma palavra ou expressão
Inferir significa realizar um raciocínio com base em informações já conhecidas, a fim de se chegar a
informações novas, que não estejam explicitamente marcadas no texto. Ou seja, entender o que quis
dizer aquela palavra ou expressão dentro do texto.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual o/a estudante, ao inferir o sentido da palavra ou
expressão, seleciona informações também presentes na superfície textual e estabelece relações entre
essas informações e seus conhecimentos prévios. Por exemplo, dá-se uma expressão ou uma palavra do
texto e pergunta-se que sentido ela adquire.
Vamos exercitar essa habilidade por meio da leitura de textos e da identificação dos sentidos que as
palavras adquirem nele.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
87
QUESTÃO 01
No trecho “... os doces podem ser a parte mais salgada da notinha.”, a expressão em destaque foi
utilizada no intuito de
(A) comparar os restaurantes.
(B) contradizer os chefs.
(C) dar clareza ao texto.
(D) enfatizar a ideia anterior.
(E) ironizar o preço dos doces.
GABARITO: LETRA –E
QUESTÃO 02
Nesse texto, a expressão “‘vacas magras’” indica que a narradora
(A) comprava objetos baratos.
(B) havia perdido muito peso.
(C) possuía pouco dinheiro.
(D) tinha criação de gado.
(E) não queria engordar.
GABARITO: LETRA-C
88
criança pode ser criança quando é tratada como tal, e o mesmo acontece com o adolescente. Os dois
jovens adultos se veem como adolescentes, porque, de alguma maneira, contribuímos para tanto.
A adolescência tinha época certa para começar até um tempo atrás, ou seja, com a puberdade, época
das grandes mudanças físicas. E terminar também: era quando o adolescente, finalmente, assumia total
responsabilidade sobre sua vida e tornava-se adulto. Agora, as crianças já começam a se comportar e a
se sentir como adolescentes muito tempo antes da puberdade se manifestar e, pelo jeito, continuam se
comportando e vivendo assim por muito mais tempo. Qual é a parcela de responsabilidade dos adultos e
educadores?
Fonte:Disponívelem:http://www.santanna.g12.br/professores/ana_paula_port/atividade_reforco_lp_9anos.pdf. Acesso em:
30 mai 2012. Adaptado.
QUESTÃO 03
No primeiro parágrafo, a palavra “fisgou” tem sentido de
A) levou.
B) indicou.
C) chamou.
D) identificou.
E) interpelou.
GABARITO: LETRA -C
A realização de inferências
Em alguns casos, o que precisa ser recuperado para compreender o sentido do texto pode ser concluído com
base em pistas fornecidas no próprio texto. Uma vez obtidas as pistas, deve-se confrontá-las com aspectos
conhecidos da realidade para fazer uma inferência, ou seja, um tipo de raciocínio que conclui alguma coisa a
partir de outra já conhecida.
89
ANÁLISE DOS DADOS PARA COMPREENDER O
QUE MOTIVOU A AFIRMAÇÃO INICIAL
A explicitação de implícitos
Nem sempre a leitura das entrelinhas depende de algo que foi pressuposto. Há casos em que temos de ir
além do que foi dito, revelando aquilo que foi subentendido, ou sugerido, pelo texto. Analise a tira a
seguir.
Por que um plano de saúde enviaria um cartão de votos de pronto restabelecimento a um paciente? O
que significa “O último aviso” presente no texto do cartão? Para entender a tira, temos de reconstruir o
sentido do texto, preenchendo algumas lacunas que ficaram sugeridas. Lembre-se de organizar as
informações apresentadas na tira e relacioná-las ao seu conhecimento de mundo (o que você sabe sobre
90
planos de saúde).
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Professor/a, depois que o estudante tomou contato com diferentes procedimentos de leitura e
reconheceu as informações implícitas em um texto, agora é o momento de convidar os/as estudantes a
exercitarem esses procedimentos para adquirir cada vez mais autonomia de leitura.
Pesquise em sites variados tiras humorísticas de autores brasileiros e estrangeiros para identificar tiras
cuja leitura exija a realização dos seguintes procedimentos:
*Identificação de pressupostos;
*Explicitação de implícitos;
*Realização de inferências
Selecionar a melhor tira para exemplificação de cada um dos procedimentos e apresentar na aula
seguinte. Orientar o estudante para que ele organize a apresentação em slides, dessa forma, todos
poderão participar de forma mais efetiva da socialização das tiras.
91
Professor/a
Na elaboração de um texto, as escolhas que fazemos, respondem a intenções discursivas específicas, sejam
escolhas de palavras, sejam escolhas de estruturas morfológicas ou sintáticas. Assim, não é por acaso que, em
certos textos, o autor seleciona períodos mais curtos – para dar um efeito de velocidade, por exemplo; ou escolhe
inversões de segmentos – para surtir certos efeitos de estranhamento, de impacto, de encantamento, ou seja,
mais do que identificar a estrutura sintática apresentada, vale discernir sobre o efeito discursivo provocado no
leitor. Um item relativo a essa habilidade deve, pois, conceder prioridade aos efeitos discursivos produzidos pela
escolha de determinada estrutura morfológica ou sintática. Incide, portanto, sobre os motivos de uma escolha
para alcançar certos efeitos. Com este descritor, pretende-se avaliar a habilidade de o estudante em identificar o
efeito de sentido decorrente das variações relativas aos padrões gramaticais da língua. No texto a seguir,
exploramos, como recurso expressivo, a repetição lexical (verbo querer). Convidar os estudantes a ler o texto e, a
seguir, identificar o efeito de sentido nele presente.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
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E quero que você venha comigo
Correr perigo
(VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova Cultura. 1998)
1.O texto lido recorre à estratégia da repetição lexical. Qual a palavra que se repete no texto? Essa repetição tem
uma intencionalidade? Que efeito de sentido ela provoca?
Resposta: A palavra que se repete no texto é a forma verbal “quero” Essa repetição tem o propósito de reforçar a
expressão de um desejo, muitas vezes, a ideia equivocada de que a repetição de palavras e expressões é um
recurso típico de textos produzidos na modalidade oral, que indica falta de maestria no uso da linguagem. O
recurso da repetição é, entretanto, estratégia que pode promover múltiplos e vários efeitos (por exemplo,
topicalização, sequenciação textual, entre outros)
93
Leia o texto a seguir.
Andavam um bando de macacos em troça, pulando de árvore em árvore, nas bordas de uma grota. Eis senão
quando um deles vê no fundo uma onça que lá caíra. Os macacos se enternecem e resolvem salvá-la. Para isso,
arrancaram cipós, emendaram-nos bem, amarraram a corda assim feita à cintura de cada um deles e
atiraram uma das pontas à onça. Com o esforço reunido de todos, conseguiram içá-la e logo se
desamarraram, fugindo. Um deles, porém, não o pôde fazer a tempo e a onça segurou-o imediatamente.
-Compadre macaco, disse ela, tenha paciência. Estou com fome e você vai fazer-me o favor de deixar-se
comer.
O macaco rogou, instou, chorou; mas a onça parecia inflexível. Simão então lembrou que a demanda
fosse resolvida pelo juiz de direito. Foram a ele, o macaco sempre agarrado pela onça. É juiz de direito,
entre os animais, o jabuti, cujas audiências são dadas à borda dos rios, colocando-se ele em cima de uma
pedra. Os dois chegaram e o macaco expôs as suas razões.
- Bata palmas.
Apesar de seguro pela onça, o macaco pôde assim mesmo bater palmas. Chegou a vez da onça, que
também expôs suas razões e motivos.
- Bata palmas.
A onça não teve remédio senão largar o macaco que escapou e, também, o juiz se atirando na água.
Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/saep/portugues/saep_port_9ef/internas/d19.html#gabarito.
Acesso em: 16 de julho de 2019.
2.No trecho "... rogou, instou, chorou; ...", o emprego dos verbos indica
GABARITO: LETRA -A
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É preciso casar João,
(A) atenção.
(B) destruição.
(C) necessidade.
(D) preocupação.
(E) rotina.
GABARITO: LETRA – C
A CHUVA
A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva
encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro
de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de
canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva
de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A
chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva
ligou o para-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva
encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas.
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A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva
amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A
chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais.
A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado.
A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.
4-Todas as frases do texto começam com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para
GABARITO: LETRA- D
Turismo
Turismo A única coisa que perturba harmonia do ambiente são os turistas. Alguns. Eles não viajam a fim de ver o
mar, ouvir o vento, sentir a areia. Eles só querem mudar de cenário para fazer as coisas que fazem sempre. E, para
eles, o som é essencial. A todo volume. Para que todos saibam que eles têm som. Nunca desembarcam de si
mesmos. Por onde vão, sua presença é uma perturbação para o espírito. Fico a me perguntar: por que não gostam
do silêncio? Acho que para eles, o silêncio é o mesmo que o vazio. E o vazio é sinal de pobreza. Nossa cultura
provocou uma transformação perversa nos seres humanos, de forma que eles acreditam que, para estar bem, é
preciso estar acoplados a objetos tecnológicos.
ALVES, Rubem. Turismo. In: Quarto de Badulaques. São Paulo: Parábola, 2003. p. 158. Fragmento Parábola, 2003. p. 158.
Fragmento.
5-No trecho “Nunca desembarcam de si mesmos.” (l.7), o autor usou a expressão destacada para
ressaltar que os turistas têm dificuldade de
GABARITO: LETRA- B
96
Leia o texto a seguir.
Os direitos da criança
Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.
Toda criança tem direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e
justiça entre os povos.
Toda criança tem direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
Toda criança tem direito à alimentação, moradia e assistência médica para si e para a mãe. […]
Toda criança tem direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
Toda criança tem direito a ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.
Cereja, William Roberto & Magalhães, Thereza Cochar. Português: Linguagens. São Paulo: Atual, 1998. p. 77.Fragmento.
GABARITO: LETRA-A
A ironia, elemento da retórica, é uma definição do dizer pelo que não foi dito, é a inversão de valores da
essência; não é a essência do dito, mas o contrário da essência. A essência, aqui, assume-se como
pensamento. Agir de forma irônica é ter a essência, mas expor pelo dito o contrário, um mecanismo de
levar o leitor a refletir por meio do visual e verbal, nas tirinhas, a essência por meio do não-dito,
sobretudo pela construção do humor, um dos principais elementos da construção irônica.
97
tomar consciência se seu leitor será capaz de apreender o pronunciamento irônico. Logo, a construção
harmônica entre visual e verbal toma a maior relevância frente a comunicação de sentido nas tirinhas,
necessitando de coerentes articulações.
VEJAMOS!
Na tirinha do personagem Hagar, O terrível, a sua esposa usa a ironia ao falar com Hagar, o criticando
por não a ajudar em nenhum dos afazeres da casa, expressando uma figura machista e típica da
sociedade patriarcal, porém Hagar entende a ironia no seu sentido superficial, sem captar a ironia em si,
e “glorifica” sua esposa por ser boa e não querer que ele se machuque com os afazeres da casa.
Ironia
Compreender um texto é mais do que reconhecer as palavras. É preciso analisar qual o significado do
que está escrito, principalmente em textos de humor e tirinhas. Entender o sentido pretendido é
imprescindível.
A ironia é quando dizemos o oposto do que queremos. Temos três tipos de ironia: a ironia verbal, a
ironia de situação e a ironia teatral. Logo abaixo vamos exemplificar cada um dos tipos, começando pela
ironia verbal. Leia a tirinha a seguir:
98
de 2022.
Ironia verbal
A tira do Armandinho, criada pelo cartunista Alexandre Beck, exemplifica alguns recursos para marcar a
ironia, como o uso de aspas. No primeiro quadrinho, ele comenta que há amigos e “amigos”, mas como
você sabe que ‘“amigos” não quer dizer, de fato, amigos?!
Ironia de situação
Nessa tira, a frase “pra não perder tempo” contém ironia de situação, que é aquela que ocorre quando o
resultado final é diferente do que era esperado. No caso, ele não queria “perder tempo” enquanto
dirigia e, por isso, falava ao telefone. Entretanto, acabou batendo o carro e – apesar de não ter se ferido
– teve de perder tempo mesmo assim.
Ironia dramática
A ironia dramática ou satírica é um recurso muito usado em textos literários. Alguns pesquisadores
acreditam que essa ironia dialoga com o termo “ironia do destino” usado popularmente.
Essa ironia corresponde a uma ferramenta que, de alguma forma, comunica ao leitor/expectador sobre o
que vai acontecer, enquanto os personagens permanecem na ignorância. Para este caso, vou usar uma
cena da série La Casa de Papel. Atenção, se você não viu ainda a última temporada, pule esta parte do
post, pois contém spoilers!
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La Casa de Papel. Disponível em: Fonte: https://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-160034/ Acesso em 11 de
junho de 2022.
Sierra é conhecida por ser uma agente do governo cruel e por ter protagonizado um dos assassinatos
mais pesados da série, o de Nairóbi, uma das nossas personagens queridinhas. Ela executa as torturas
grávida e nesta última temporada ela consegue prender o professor. De alguma forma, todos que
acompanham a série já esperavam que a bebê fosse nascer em um momento inapropriado e, de fato, é o
que acontece. Após prender e torturar o professor, Sierra inicia o trabalho de parto com ele e seus
companheiros como reféns, tendo que pedir ajuda a eles para parir. Se isso não é ironia do destino, eu
não sei o que é, né?
100
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Questão-01
Mafalda, Quino.
GABARITO: LETRA-A
OS DONOS DA COMUNICAÇÃO
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles por escrito
porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos “veículos” deles. Isso é
101
assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei.
O que também é muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o
seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora
vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só deixam sair 10% do que sabem? Pois
é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu
acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e
se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro linhas.
2-Millôr Fernandes emprega com conotação irônica o termo inglês society, para referir-se a
GABARITO:LETRA- E
Eu não sei como começou todo esse papo de Lobo Mau, mas está completamente errado. Talvez seja
por causa de nossa alimentação. Olha, não é culpa minha se os lobos comem bichos engraçadinhos
como coelhos e porquinhos.
É apenas nosso jeito de ser. Se os cheesburgers fossem uma gracinha, todos iam achar que você é
Mau. (...) No tempo do Era Uma Vez, eu estava fazendo um bolo de aniversário para minha querida
vovozinha. Eu estava com um resfriado terrível, espirrando muito. Fiquei sem açúcar. Então resolvi
pedir uma xícara de açúcar emprestada para o meu vizinho.
Agora, esse vizinho era um porco. E não era muito inteligente também. Ele tinha construído a sua
casa toda de palha. Dá para acreditar? Quero dizer, quem tem a cabeça no lugar não constrói uma
casa de palha.
(...).
SCIESZKA, Jon. A verdadeira história dos três porquinhos. Editora Companhia das Letrinhas
3-Em qual frase aparece um comentário irônico do narrador sobre a alimentação dos leitores?
Resposta: A frase em que há um comentário irônico do narrador é “Se os cheesburgers fossem uma
gracinha, todos iam achar que você é Mau.”
102
Leia o texto a seguir.
CONSTRUÇÃO DE RODOVIA
Uma rodovia estava sendo construída em um vilarejo e um dos residentes sentou-se durante
muitas horas para assistir à realização das obras. Um homem aproximou-se dele:
- Olá, sou o engenheiro que realizou o projeto, o responsável pela obra e pelas máquinas.
- Olá, eu sou o morador do vilarejo.
- Pelo que pude notar, você nunca havia visto uma rodovia moderna ser construída. Diga-
me, como construíam estradas por aqui?
- Bem, quando queremos construir uma estrada entre um vilarejo e o seguinte, soltamos um
burro velho e o animal escolhe o caminho mais curto e mais seguro. É ali que construímos a
nossa estrada.
- E o que fazem quando não há burros?
- Aí, chamamos um engenheiro.
Mario Atcalá Canto, México. Seleções Reader’s Digest. Outubro 2010. p. 99.
Resposta: o humor desse texto reside nas duas últimas frases do texto:
RESPOSTA: Na fala, o residente do vilarejo inferioriza o engenheiro ao dizer que antes eles usavam
animal burros para planejas as estradas e somente na falta desses é que se chamava um engenheiro,
querendo dizer que burros são melhores que engenheiros.
103
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
NIVELAMENTO
3º BIMESTRE-3ª SÉRIE
MÓDULO 01
Compreensão de processos identitários, conflitos e relações de poder das linguagens e de suas práticas
culturais (artísticas, corporais e/ou linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
ARTE, EDUCAÇÃO FÍSICA, LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS E ESPANHOL E LÍNGUA PORTUGUESA
COMPETÊNCIA LGG 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes campos
de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e
as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADE DE LGG
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a
compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
HABILIDADE ESPECÍFICA
(EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e culturais, efeitos de sentido
decorrentes de escolhas de elementos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos
sonoros, sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta na produção de
áudios, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de apreciação.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP13A) Comparar informações sobre concepções artísticas e processos de construção do texto
literário (metrificação, rimas, ritmo, figuras de linguagem), analisando o modo como a literatura e as
artes se constituem, dialogam e se retroalimentam para ampliar o repertório sociocultural e as
possibilidades de construção de sentido.
104
texto). Figuras de linguagem. Recursos linguísticos. Recursos imagéticos. Recursos sonoros. Estética e
estilística na literatura e nos elementos da linguagem teatral. Gêneros digitais. Gêneros
cinematográficos. Arte digital. Significados/sentidos no discurso das mídias sobre os gêneros digitais.
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Vida pessoal, artístico-literário, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e/ou atuação na vida
pública
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura, escuta, produção de textos (orais, escritos, multissemióticos) e análise
linguística/semiótica, Práticas artísticas e Práticas corporais.
DESCRITORES
D3. Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4. Inferir uma informação implícita em um texto.
D18. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão.
D19. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
D16. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
Nivelamento e Ampliação
1ºMomento: Nesta etapa do Nivelamento, os estudantes serão avaliados quanto a seus conhecimentos
prévios relacionados às habilidade indicadas pelos descritores para o Saeb: descritor D3 que pretende
avaliar a habilidade do aluno em inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Desse modo, as
atividades devem orientar o aluno a seguir as pistas dadas pelo próprio texto e localizar exatamente a
informação solicitada. O descritor D4 que pretende avaliar a habilidade do aluno em inferir uma
informação implícita em um texto. Sendo assim, as atividades devem levar o aluno a encontrar palavras
(pistas) que conduzem a pressupostos e inferências. Descritor D5 Interpretar texto com auxílio de
material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.). Para o D18 o descritor pretende avaliar a
habilidade do aluno em reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada
palavra ou expressão, relacionando as diferentes informações para construir seu sentido global. O
descritor D19 pretende avaliar a habilidade do aluno em reconhecer o efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos. O descritor D16 pretende avaliar a habilidade
do aluno em identificar expressões ou outros recursos de linguagem que criem no texto efeitos de ironia,
humor ou impacto. Sendo assim, o aluno deve reconhecer que as palavras são empregadas em seu
sentido usual ou mesmo trazem sentido contrário do que explicitamente está se firmando.
Portanto, por meio de textos de diferentes gêneros, os descritores serão trabalhados a seguir. Os
descritores têm relação direta com a habilidade específica da BNCC, posta no quadro que inicia este
105
módulo. Esta avaliação inicial se dará por meio de teste, contendo 10 questões objetivas. Os estudantes
que obtiverem índice de acerto maior ou igual a 60% (6 ou mais questões com respostas corretas de
acordo com o gabarito) serão selecionados como monitores para o segundo momento.
Esta avaliação pode ser realizada em uma aula e a sua correção e discussão em outra aula
subsequente, por exemplo. Todo o processo pode ser realizado em sala de aula. Há uma semana e meia
para isso (15 a 23 de agosto).
2º Momento: Nivelamento e ampliação - nesta etapa os estudantes poderão ser organizados em grupos,
com um monitor cada, para desenvolverem propostas de atividades discursivas com o objetivo de
recompor a aprendizagem dos estudantes que não alcançaram um índice de acerto de 60% no primeiro
momento, além de ampliar os conhecimentos de todos os envolvidos quanto ao tema estudado, com foco
no descritor para o Saeb elencado.
Esta etapa da avaliação poderá ser realizada ao longo de mais de uma semana, em que os
estudantes desenvolverão atividades nas quais serão trabalhados os descritores citados no início desse
material. Os grupos deverão ser organizados de acordo com a quantidade de estudantes, visto que, deva
ser quantidades equilibradas para que os monitores consigam auxiliar os colegas\alunos no
desenvolvimento das atividades propostas. Cada grupo receberá um texto de gêneros diferentes, deverá
ser realizado a leitura e resolução das atividades as quais contemplam os descritores propostos neste
material. Ficará a encargo do “líder” acompanhar e auxiliar os colegas no desenvolvimento da atividade.
Posteriormente o professor deverá proporcionar um momento para apresentação e correção dessa
atividade, colocando novamente o estudante diante do texto e assim fixar o que foi proposto.
Canguru
Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua nativa australiana e quer dizer “Eu Não
Sei”. Segundo a lenda, o Capitão Cook, explorador da Austrália, ao ver aquele estranho animal dando
saltos de mais de dois metros de altura, perguntou a um nativo como se chamava o dito. O nativo
respondeu guugu yimidhirr, em língua local, Ganguruu, “Eu não sei”. Desconfiado que sou dessas
divertidas origens, pesquisei em alguns dicionários etimológicos. Em nenhum dicionário se fala nisso. Só
no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão. dicionário se fala nisso. Só no Aurélio, nossa
pequena Bíblia – numa outra versão. Definição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge:
Kangarroo; wallaby
As palavras kanga e walla, significando saltar e pular, são acompanhadas pelos sufixos rôo e by, dois
sons aborígines da Austrália, significando quadrúpedes. Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes
saltadores.
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável linguista e grande amigo de Aurélio Buarque
de Holanda, Paulo gostou de saber da origem “real” do nome canguru. Mas acrescentou: “Que pena. A
outra versão é muito mais bonitinha”. Também acho.
Millôr Fernandes, 26/02/1999, In http://www.gravata.com/millor.
Pode-se inferir do texto que
106
(A) as descobertas científicas têm de ser comunicadas aos linguistas.
(B) os dicionários etimológicos guardam a origem das palavras.
(C) os cangurus são quadrúpedes de dois tipos: puladores e saltadores.
(D) o dicionário Aurélio apresenta tendência religiosa.
(E) os nativos desconheciam o significado de canguru
Gabarito: B
A Formiga e a Cigarra
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formiguinha
trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol, da
brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os amigos ao final do expediente de trabalho,
tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”.
Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não
desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para
valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir. Então, passados alguns dias, começou a
esfriar. Era o inverno que estava começando. A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e
aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca.
Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma
Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:
– Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha
toca?
– Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a
Paris e comprar essa Ferrari?
– Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da minha
voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga deseja algo de
lá?
– Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O CARREGUE!
MORAL DA HISTÓRIA: “Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz
benefício em fábulas do La Fontaine”.
Fábula de La Fontaine reelaborada.
107
(B) a formiga trabalhar e possuir uma toca.
(C) a cigarra, sem trabalhar, surgir de Ferrari e casaco de visom.
(D) a cigarra não trabalhar e cantar durante todo o outono.
(E) a formiga possuir o nome “trabalho” e o sobrenome “sempre
Gabarito: C
As aspas empregadas na palavra “apenas” (l. 15) foram usadas para dar a ela um sentido
(A) irônico.
(B) crítico.
(C) metafórico.
(D) coloquial.
(E) técnico.
Gabarito: A
108
4 - Leia o texto a seguir:
Os direitos da criança
Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.
Toda criança tem direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e
justiça entre os povos.
Toda criança tem direito a um nome, a uma nacionalidade.
Toda criança tem direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
Toda criança tem direito à educação gratuita e ao lazer infantil.
Toda criança tem direito à alimentação, moradia e assistência médica para si e para a mãe.
Toda criança tem direito a ser socorrida em primeiro lugar.
Toda criança física ou mentalmente deficiente tem direito à educação e a cuidados especiais.
Toda criança tem direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
Toda criança tem direito a ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.
Cereja, William Roberto & Magalhães, Thereza Cochar. Português: Linguagens. São Paulo: Atual, 1998. p. 77.
Síndrome de Garfield
Garfield, o famoso personagem de Jim Davis, atrai a simpatia e a identificação de várias pessoas por um
simples fator: ele tem a personalidade um pouco humana. Adora TV, morre de preguiça e o único
músculo que realmente gosta de exercitar é o do maxilar: ele não resiste a uma lasanha!
Claro que existem pessoas que não chegam nem perto de um aparelho de televisão, outras que acordam
bem-dispostas em qualquer dia da semana e ainda algumas que fazem ginástica várias horas por dia e se
divertem pra valer com isso... Mas estou me referindo às pessoas “normais”, aquelas que trocariam de
bom grado uma hora na academia para assistir a um filme com direito à pipoca doce e refrigerante.
109
Mas o que caracteriza mesmo o Garfield é a sua aversão por segundas-feiras. Quer maior semelhança
com a raça humana? [...] quando o despertador toca, na manhã de segunda, é sempre aquele suplício:
barganha com o relógio para dormir mais três minutinhos [...]... Cada um tem a sua maneira própria de
enfrentar a situação. Eu levanto meio no piloto automático. Faço o que tenho que fazer sem me dar
conta disso e lá pela hora do almoço é que percebo que a semana realmente já começou.
Dizem que essa síndrome acontece porque a pessoa não está satisfeita no trabalho e não tem motivação
para levantar. Papo furado! Não tem ninguém mais satisfeito com o próprio trabalho do que eu. E,
mesmo assim, não tem jeito [...]. Eu amo as madrugadas! Por mim, ficaria escrevendo até umas 5h da
manhã e dormiria só perto do horário de o sol nascer. [...]
Mas, voltando ao tema principal, o lado bom de ser um pouco Garfield é o valor que nós damos para o
fim de semana. [...]
Na realidade, depois que a segunda passa, até que a semana não é tão ruim assim... Por isso, acho que a
solução para essa síndrome seria incorporar a segunda ao fim de semana. Garanto que a aversão sumiria
no ato! [...]
Como sei que isso é impossível, continuemos a brincar de Garfield, escondendo debaixo do cobertor até
não poder mais. E para compensar o sacrifício da segunda, a solução é aproveitar bem os sábados...
Acordando tarde, fazendo só o que der vontade e com direito a muita lasanha!
Esta província Santa Cruz está situada naquela grande America, uma das quatro partes do mundo. Dista
o seu principio dous grãos da equinocial para a banda do Sul, e daí se vai estendendo para o mesmo sul
até quarenta e cinco grãos. De maneira que parte dela fica situada debaixo da Zona tórrida e parte
debaixo da temperada. Está formada esta Província á maneira de uma harpa, cuja costa pela banda do
Norte corre do Oriente ao Ocidente e está olhando direitamente a Equinocial; e pela do Sul confina com
outras Províncias da mesma America povoada e possuídas de povo gentílico, com que ainda não temos
comunicação. E pela do Oriente confina com o mar Oceano Áfrico, e olha direitamente os Reinos de
Congo e Angola até o Cabo de Boa Esperança, que é o seu oposto. [...]
110
G NDAVO, Pêro de Magalhães. História da província de Santa Cruz. In: Domínio público. Disponível em: https://bit.ly/3blZBkp.
Acesso em: 13 mar. 2020. Fragmento. Mantida a ortografia original do texto.
[...] E buscou no recôndito da floresta a sua malhada favorita. Era esta um jacarandá colossal, cuja copa
majestosa bojava sôbre a cúpula da selva [...].
Alí costumava o sertanejo passar a noite ao relento, conversando com as estrêlas, e a alma a correr por
êsses sertões das nuvens, como durante o dia vagava êle pelos sertões da terra. [...]
Aí, no meio da natureza, sem muros ou tetos que se interponham entre êle e o infinito, é como se
repousasse no puro regaço da mãe pátria [...].
Arnaldo desaparelhara o animal que também tratou de buscar a sua guarida. Os arreios e a maca de
pelego foram guardados na bifurcação dos galhos do jacarandá, enquanto o viajante encostado ao
tronco fazia uma tão rápida como sóbria refeição.
Compunha-se esta de uma naca de carne de vento e alguns punhados de farinha, que trazia no alforge.
De postres um pedaço de rapadura, regado com água da borracha. Era noite cerrada. [...]
*Vocabulário:
1 malhada: lugar sombreado.
2 bojava: dar a forma de bojo (curvada).
3 postres: sobremesa.
ALENCAR, José de. O sertanejo. In: Obras Completas. São Paulo: Montecristo. 2012. Mantida a ortografia original do texto.
Fragmento.
No Texto, o trecho “E buscou no recôndito da floresta...” (1° parágrafo), a palavra em destaque significa
111
A) desconhecido.
B) desvio.
C) fragmento.
D) interior.
E) segredo.
Gabarito: A
112
Amo a vida camponesa,
Nunca invejei a beleza
E a fantasia da praça.
Eu sou irmão do caboco [...]
Nos versos “E nem aceita a maliça/Morá no seu coração.” (5ª estrofe), o recurso estilístico foi utilizado
para
A) destacar que o sertanejo evita o contato com dinheiro.
B) exagerar as dificuldades da vida do sertanejo.
C) expressar que o sertanejo busca praticar a bondade.
D) ironizar o modo de vida cultivado pelo sertanejo.
E) revelar que o sertanejo vive de forma solitária.
Gabarito: A
113
Campanha de Combate a Dengue, ministério da Saúde. Disponível em:
https://www.pastoraldacrianca.org.br/noticias2/1286-sempre-e-hora-de-combater-a-dengue33 Acesso em 19 de junho de
2022.
114
Charge do Dia, blogronyuchoa.Disponível em: https://www.ronyuchoa.com.br/2019/03/charge-do-dia-voce-nao-tem-que-
ser-um.html Acesso em 19 de junho de 2022.
Na frase “Pare! É mais seguro você dirigir o meu carro!”, inferimos que a forma verbal no imperativo
sugere
(A) um pedido, pois a criança quer uma companhia para brincar.
(B) uma ordem, porque o homem está alcoolizado e não deve dirigir.
(C) uma bronca, pois a criança é mal educada e desrespeita o homem.
(D) uma advertência, pois o homem está nervoso com a brincadeira da criança.
(E) um cumprimento, pois a criança precisa de atenção.
Gabarito: B
Professor/a, nesta etapa os estudantes poderão ser organizados em grupos, com um monitor cada, esse
monitor será selecionado a partir do resultado da avaliação diagnóstica do momento 1 que deverá ser
acima de 60%. Cada grupo desenvolverá propostas de atividades discursivas com o objetivo de recompor
a aprendizagem dos estudantes que não alcançaram um índice de acerto de 60% no primeiro momento,
além de ampliar os conhecimentos de todos os envolvidos quanto ao tema estudado, com foco no
115
descritor para o Saeb elencado.
Esse momento de nivelamento e ampliação poderá ser realizado ao longo de mais de uma semana, em
que os estudantes desenvolverão atividades nas quais serão trabalhados os descritores desenvolvidos na
etapa da recomposição. Os grupos deverão ser organizados de acordo com a quantidade de estudantes,
visto que, deve ter quantidades equilibradas para que os monitores consigam auxiliar os colegas no
desenvolvimento das atividades propostas. Cada grupo receberá um texto de gêneros diferentes, deverá
ser realizado a leitura e resolução das atividades as quais contemplam os descritores propostos neste
material. Ficará na responsabilidade do “líder” acompanhar e auxiliar os colegas no desenvolvimento da
atividade. Posteriormente, deverá proporcionar um momento de socialização das atividades
desenvolvidas para apresentação e correção dessa atividade, colocando novamente o estudante diante
do texto e assim fixar o que foi proposto, ampliando cada descritor a partir de gêneros discursivos
diferentes.
Grupo 01 – Poemas
Porquinho-da-índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de cabeça me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
– O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira
namorada.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
ATIVIDADES
01. Manoel Bandeira no poema faz uso dos diminutivos “porquinho” (v. 2), “bichinho” (v. 4),
“limpinhos” (v. 6) e “ternurinhas” (v. 9). Explique o efeito de sentido decorrente da exploração desse
recurso ortográficos e/ou morfossintáticos.
116
Resposta: O uso dos diminutivos no poema gera um efeito de afetividade.
Anúncio do zoornal I
Troca-se galho d’árvore
novo em folha, vista pra mata
por um cacho de banana
da terra, nanica ou prata.
CAPARELLI, Sérgio. Come-vento. Porto Alegre: L&PM, 1988. P. 11.
.
1.O que se pode inferir desse texto sobre quem faz a proposta da troca?
Resposta: A proposta de troca é feita por um macaco, pois o desejo da troca “cacho de banana”
permite fazer essa inferência.
2) Quem é o autor da proposta desse texto? Este autor nos põe no campo da realidade ou da fantasia?
Resposta: O autor do poema é Sérgio Caparelli e ele coloca o leitor no campo da fantasia.
3) Que expressões neste texto são típicas do classificado? Como o anunciante mostra o objeto que ele
quer vender?
Resposta: As expressões próprias do gênero classificado são “Troca-se”, “novo em folha”, “vista pra
mata”.
4) Observem o título do texto: a palavra Zoornal existe? Como é formada? Ela ajuda ou
não a criar um efeito de humor?
Resposta: Essa palavra é um neologismo. Ela foi criada pelo processo da composição por aglutinação
em que a palavra Zoo se aglutinou com a palavra jornal. O uso desse neologismo cria um efeito de
humor ao poema.
O anel de vidro
Aquele pequenino anel que tu me deste, –
Ai de mim – era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
– Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor1 que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, –
Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste
Vocabulário:
1Penhor: garantia, segurança.
117
bandeira/>. Acesso em: 20 de junho de 2022.
118
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Ilustrações de Odilon Moraes. São Paulo: Global, 2012
1. No poema a poetisa constrói seu texto com paralelismos sintáticos, repetindo a conjunção “ou” como
elemento coesivo com a intenção de
A) refletir os processos de escolhas cotidianas da vida, encerrando outras possibilidades.
B) ironizar as escolhas que são realizadas pelas crianças e adolescentes.
C) pontuar os processos em que precisaríamos estar em dois lugares ao mesmo tempo.
D) demonstrar as fantasias cotidianas que podemos criar com as escolhas.
E) criticar a vida cotidiana pelas escolhas que somos obrigados a realizar constantemente.
GABARITO: A
Nesta questão, temos um exemplo de verificação da habilidade relativa ao D19 “Reconhecer o efeito de
sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos”. Em análise às
alternativas apresentadas, a indicação pelos estudantes da alternativa A “refletir os processos de
escolhas cotidianas da vida, encerrando outras possibilidades’, o gabarito, demonstra que os estudantes
conseguiram, além de compreenderem a unidade temática do poema, interpretarem a intenção da
autora ao utilizar como recurso o paralelismo sintático e a conjunção “ou” que sugere as opções da vida
cotidiana quando se é criança/adolescente. Aqueles que marcaram a alternativa “B) ironizar as escolhas
que são realizadas pelas crianças e adolescentes”, demonstraram leitura superficial do poema, pois a
autora não apresenta a intenção de ironizar e sim refletir. Aqueles que sinalizaram a alternativa “C)
pontuar os processos em que precisaríamos estar em dois lugares ao mesmo tempo”, observou apenas a
ideia presente na quarta estrofe do poema. Quem optou pela alternativa “D) demonstrar as fantasias
cotidianas que podemos criar com as escolhas”, também realizaram leitura superficial do poema, pois a
autora trabalha com o real e não coisas fantasiosas. Aqueles que marcaram a alternativa “E) criticar a
vida cotidiana pelas escolhas que somos obrigados a realizar constantemente”, também não
compreenderam a intenção da autora de trazer uma reflexão e não crítica sobre as escolhas da vida
cotidiana.
Recreio”. São Paulo: Abril, ano 10, n. 479, p. 24, 14 maio 2009.Disponível em:
119
https://smenf.files.wordpress.com/2020/05/5c2ba-ano-semana-8-1.pdf Acesso em 20 de junho de 2022.
ATIVIDADES
120
ano5-ano.html Acesso em 20 de junho de 2022.
Resposta: A tirinha é engraçada porque Calvin está preocupado é com os afazeres da mãe em casa.
2. Considerando a situação, a intenção de Haroldo. (4º quadrinho) ao dizer “Claro, também estou
com fome” o que se pode inferir dessa fala?
Resposta: Que, assim como seu amigo, Haroldo também não estava preocupado com a saúde da mãe
de Calvin.
3. O personagem Calvin tinha uma intenção clara ao elaborar o cartão de melhoras em duas partes:
a parte da frente e a de dentro. Na parte da frente, ele mostra a preocupação de que a mãe deve
recuperar-se rápido. Qual foi sua intenção ao escrever a parte interna do cartão?
Resposta: A parte de dentro revela a verdadeira intenção de Calvin ao fazer o cartão.
4. Considerando o contexto e as intencionalidades das falas de Calvin, qual o significado da
expressão “Amor Calvin” no último quadrinho da tirinha?
Resposta: “Amor Calvin” é uma expressão de despedida, porém ela é irônica, considerando que a
preocupação de Calvin não era com a saúde da mãe e sim os prejuízos que a sua ausência lhe causaria.
1. No 3º quadrinho, a expressão do personagem e sua fala “AHHH!” indicam que ele ficou
(A) acanhado.
(B) estressado.
(C) aterrorizado.
(D) decepcionado.
(E) entristecido.
Gabarito: C
121
VOCÊ NÃO ENTENDE NADA
Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como
Você não está entendendo
Quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita
Traz meu café com Suita eu tomo
Bota a sobremesa eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como
Você tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
(VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova Cultura. 1998)
ATIVIDADES
1. O texto analisado recorre à estratégia da repetição lexical (querer: “eu quero”). O que essa
repetição sugere?
Resposta: Essa repetição tem o propósito de reforçar a expressão de um desejo.
122
esgotou e ele decidiu extrapolar, colocando pra fora toda a sua indignação.
3. Em “Você Não Entende Nada” (Caetano, 1972), novamente se alternam modulações abertas e
fechadas, com efeito dinamizador das rimas. Identifique-as a partir dos versos.
Que nada!
Minha porção mulher, que até então se resguardara,
É a porção melhor que trago em mim agora.
É que me faz viver.
Quem dera?
Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera?
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser.
Quem sabe?
O Super-homem venha nos restituir a glória,
Mudando como um deus o curso da história,
Por causa da mulher!
A respeito das expressões que iniciam cada estrofe da canção, é possível afirmar:
(A) “Um dia” (ref. 1) dá a ideia de um futuro garantido.
(B) “Que nada” (ref. 2) introduz uma afirmação do poder masculino.
(C) “Quem sabe” (ref. 4) expressa uma certeza de futuro.
(D) “Quem dera” (ref. 3) faz apologia a algo que será dado ao homem.
(E) “Quem dera” (ref. 3) expressa um desejo.
Gabarito: E
123
Só Os Loucos Sabem
(Charlie Brown Jr.)
Eu estava lá também
sobre a percepção
Só os loucos sabem
Só os loucos sabem
124
Pois precisamos disso nos dias de luta
Eu estava lá também
125
1. O texto lido é
(A) uma notícia.
(B) uma reportagem.
(C) uma letra de música.
(D) uma crônica de jornal.
(E) um poema social.
Gabarito C
2.Responda:
a) - O texto inicia com o autor falando na primeira pessoa do singular?
Sim, “Agora eu sei exatamente o que fazer”, o emprego da 1ª pessoa eu comprova essa afirmação.
126
E o Sol só vem depois
O Sol só vem depois
É o astro rei, ok, mas vem depois
O Sol só vem depois
127
1. Linguagem predominantemente conotativa – A linguagem usada pelo autor da letra é figurada,
na maior parte do texto. O uso das figuras de linguagem, como as metáforas, deixa isso mais
explícito. Comprove.
Resposta: Anunciado no latir dos cães, no cantar dos galos
Na calma das mães, quer o rebento cem por cento
E diz: “leva o documento, Sam”
Na São Paulo das manhã que tem lá seus Vietnã”
Nesse trecho, o eu lírico fala que a manhã de São Paulo tem seus Vietnãs, o que não significa
literalmente que seja o Vietnã, mas uma comparação com a Guerra do Vietnã (1969-1975). O uso
dessa expressão significa figurativamente que São Paulo pode de manhã pode ter o mesmo aspecto de
uma guerra, ao menos para a mãe que teme pelo filho.
2. Nesse trecho “A merendeira desce, o ônibus sai
Dona Maria já se foi, só depois é que o sol nasce
De madruga que as aranha desce no breu
E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu”
Grupo 04 – CONTO
ATIVIDADES
QUESTÃO 01
CONTO: CAPÍTULO DOS CHAPÉUS
[...] A sala do dentista tinha já algumas freguesas. Mariana não achou entre elas uma só cara conhecida,
e para fugir ao exame das pessoas estranhas, foi para a janela. Da janela podia gozar a rua, sem atropelo.
Recostou-se; Sofia veio ter com ela. Alguns chapéus masculinos, parados, começaram a fitá-las; outros,
passando, faziam a mesma coisa. Mariana aborreceu-se da insistência; mas, notando que fitavam
principalmente a amiga, dissolveu-se lhe o tédio numa espécie de inveja.
CONTO: CAPÍTULO DOS CHAPÉUS. Disponível em:
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/capitulo_dos_chapeus_contoMachado de Assis. Fragmento.
128
A partir do trecho destacado, podemos dizer que
(A) a rua continha coisas que deixavam Mariana tediosa.
(B) a rua tinha várias coisas que confortaram Mariana.
(C) a janela foi uma espécie de refúgio para Mariana.
(D) a janela era o melhor lugar para avistar as coisas.
(E) a rua que Mariana avistava era movimentada.
CONTO: CAPÍTULO DOS CHAPÉUS Disponível em:https://www.educacao.ma.gov.br/files/2017/06/Gabarito_comentado_do_Simulado_3_-_Portugues_-
_1a_Serie.pdf Acesso em: 21 jun.2022.
Gabarito C
QUESTÃO 02
O SAPO
Era uma vez um lindo príncipe por quem todas as moças se apaixonavam. Por ele também se apaixonou a bruxa
horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. ― “Se não vai casar
comigo não vai se casar com ninguém mais!” Olhou fundo nos olhos dele e disse: ― “Você vai virar um sapo!” Ao
ouvir esta palavra o príncipe sentiu estremeção. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra feitiço
tinha dito. Sapo. Virou um sapo.
(ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. Ars Poética, 1994.)
No trecho ―O príncipe NEM LIGOU e a bruxa ficou muito brava., a expressão destacada significa que
(A) não deu atenção ao pedido de casamento.
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e
coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber e flor não é
para ser bebida. Passei-a para o vaso e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada
129
composição. Quantas novidades há numa flor se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu
assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida.
Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer. Já
murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde
desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis.
Segundo o texto de Drummond, a condição para haver novidade em uma flor, sem agredi-la, é apenas
admirá-la. O trecho do conto que satisfaz esta condição é
(A) “Furtei uma flor daquele jardim”.
(B) “Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia”.
(C) “Quantas novidades há numa flor se a contemplarmos bem”.
(D) “Não adiantava restituí-la ao jardim".
(E) “Nem apelar para o médico de flores”.
GABARITO C
QUESTÃO 04
Ao longo do texto Furto de Flor, o personagem vai gradativamente buscando manter a flor viva, mas não
é feliz no seu intento, pois a
(A) colocou num copo com água.
(B) depositou no jardim onde desabrochara.
(C) colocou no vaso com terra.
(D) furtou do jardim.
(E) mudou de vaso.
GABARITO D
QUESTÃO 05
(Prova Brasil). Leia o texto abaixo:
O cabo e o soldado
Um cabo e um soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam que a multidão fechada em
círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do que se tratava.
Não conseguindo ver nada, disse, pedindo passagem:
— Eu sou irmão da vítima.
130
Todos olharam e logo o deixaram passar.
Quando chegou ao centro da multidão, notou que ali estava um burro que tinha acabado de ser
atropelado e, sem graça, gaguejou dizendo ao soldado:
— Ora essa, o parente é seu.
Revista Seleções. Rir é o melhor remédio. 12/98, p.91.
GABARITO D
QUESTÃO 06
Maneira de amar
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma
cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse
homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o
rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca,
entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Maneira de amar. In: Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 52.
Nesse texto, o fragmento que expressa a possível causa da antipatia do girassol pelo jardineiro é:
131
E) “... que as outras flores não comentavam.”.
Gabarito B
QUESTÃO 07
As formigas
Foi a coisa mais bacana a primeira vez que as formigas conversaram com ele. Foi a que escapuliu de procissão que
conversou: ele estava olhando para ver aonde que ela ia, e aí ela falou para ele não contar para o padre que ela
tinha escapulido – o padre ele já tinha visto que era o formigão da frente, o maior de todos, andando posudo. Isso
aconteceu numa manhã de muita chuva em que ele ficara no quentinho das cobertas com preguiça de se levantar,
virado para o outro canto, observando as formigas descendo em fila na parede. Tinha um rachado ali perto por
causa da chuva, era de lá que elas saíam, a casa delas.
Toda manhã aquela chuva sem parar, pingando na lata velha lá fora no jardim, barulhinho gostoso que ele ficava
ouvindo, enrolado no cobertor, olhando as formigas e conversando com elas, o quarto meio escuro, tudo escuro
de chuva. A conversa ficava interessante quando ele lembrava de perguntar uma porção de coisas e elas também
perguntavam pra ele. (Conversavam baixinho para os outros não escutarem.)
[...]
Uma tarde entrou no quarto e viu a mancha de cimento novo na parede, brutal, incompreensível.
– Pra que que o senhor fez isso? Pra que o senhor fez assim com minhas formigas?
GABARITO C
QUESTÃO 08
132
terra. É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob a terra, todas as árvores se
unem. É como se estivessem de mãos dadas. Você pode aprender muito sobre paciência estudando as
raízes. Elas vão penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos mais duros.
Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram nunca a direção. Pedi uma vez a um velho
pinheiro que me explicasse por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me disse
que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda estão procurando. — E se a árvore
estiver plantada sozinha num prado?
— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade, nenhuma árvore está
sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.
Máqui. Magia das árvores. São Paulo: FTD, 1992
No trecho ― “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.”, as frases curtas produzem o efeito de
(A) continuidade.
(B) dúvida.
(C) ênfase.
(D) hesitação.
(E) manutenção.
GABARITO C
Magia das árvores, Máqui. Magia das árvores. São Paulo: FTD, 1992 Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/provabrasil_questoesport.pdf Acesso em: 21 jun.
LÍNGUA PORTUGUESA
IMERSÃO CURRICULAR
3º BIMESTRE-3ª SÉRIE
MÓDULO 01
Compreensão do funcionamento das linguagens e de suas práticas culturais (artísticas, corporais e/ou
linguísticas).
TEMA INTEGRADOR
Utilização funcional na produção das práticas de linguagem.
COMPONENTE
LÍNGUA PORTUGUESA
133
COMPETÊNCIA LGG 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes campos
de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e
as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADE DE LGG
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a
compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
HABILIDADE ESPECÍFICA
(EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e culturais, efeitos de sentido
decorrentes de escolhas de elementos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos
sonoros, sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta na produção de
áudios, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de apreciação.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP13A) Comparar informações sobre concepções artísticas e processos de construção do texto
literário (metrificação, rimas, ritmo, figuras de linguagem), analisando o modo como a literatura e as
artes se constituem, dialogam e se retroalimentam para ampliar o repertório sociocultural e as
possibilidades de construção de sentido.
OBJETO DE CONHECIMENTO ( SUGESTÃO)
Língua Portuguesa: Elemento da linguagem visual na Arte (a gravura, o quadro, a escultura enquanto
texto). Figuras de linguagem. Recursos linguísticos. Recursos imagéticos. Recursos sonoros. Estética e
estilística na literatura e nos elementos da linguagem teatral. Gêneros digitais. Gêneros
cinematográficos. Arte digital. Significados/sentidos no discurso das mídias sobre os gêneros digitais.
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Vida pessoal, artístico-literário, práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e/ou atuação na vida
pública
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura, escuta, produção de textos (orais, escritos, multissemióticos) e análise linguística/semiótica,
Práticas artísticas e Práticas corporais.
DESCRITORES
D3. Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4. Inferir uma informação implícita em um texto.
D18. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
D19. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
D16. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
Imersão Curricular
Professor/a, a proposta desse módulo é desenvolver uma produção do texto dramático, apresentando
aos estudantes as características desse gêneros, mostrando as rubricas e propondo a leitura de textos
que representam esse gênero. Apresentar distinções entre texto dramático e texto branco.
134
O texto que vamos ler é um texto feito para ser dramatizado, há rubricas que explicam ao leitor/ator
as ações que devem ser executadas.
“TEXTO DRAMÁTICO
ESCREVENDO PARA TEATRO
Assim como o texto narrativo, o texto dramático apresenta fatos, personagens, tempo e
espaço, mas é escrito para ser representado. A ação, portanto, é interpretada,
conduzida pelas personagens, e não contada por um narrador.
Há várias características que identificam um texto dramático. A principal delas é o emprego da língua
oral do ato da representação, que pode ocorrer em forma de diálogo (entre dois ou mais atores) ou de
monólogo (texto dramatizado por um só ator ou atriz). Nas duas formas, estabelece-se o conflito, ou
seja, uma tensão provocada pela oposição de elementos da história.
PRODUÇÃO DE TEXTO DRAMÁTICO
O diretor e os atores dispõem de cenário, iluminação, trilha sonora, figurino, maquiagem, técnicas de
representação, entre outros elementos, que ajudam a criar a ilusão e o clima necessários. A narração de
um texto dramático sem o apoio desses cênicos é chamada de leitura ou ensaio.
As rubricas são indicadores que orientam o leitor e os atores sobre as características ou modo de
proceder das personagens. São compostas de palavras ou frases grafadas em letras com destaque (em
geral, em itálico) e entre parênteses. Existem as rubricas de interpretação e as de movimento. Observe,
no trecho da peça A moratória, alguns exemplos:
“Helena: (Desviando a conversa) A igreja estava repleta.”
Rubrica de interpretação
“Helena: Marcelo! (Bate na porta) Marcelo! (...).”
Rubrica de movimento
Antes das rubricas e das falas, há a indicação do nome da personagem que elaborará uma fala ou uma
ação. Uma peça teatral em geral é dividida em partes, chamadas de atos, que podem ser subdivididos
em cenas quando a peça é muito longa.
A produção de um texto dramático pode ser feita individualmente ou em parceria, por duas ou mais
pessoas. Em escolas de teatro, é comum os atores realizarem oficinas de roteiro para teatro, em que um
ou mais membros do grupo são encarregados de escrever o texto.
Na construção de um texto para teatro, que pode ser comédia, drama ou tragicomédia, é empregada
135
uma linguagem de acordo com o tempo, o estilo e as convicções artísticas, estéticas e políticas de quem
escreve. Também é definido que história ou fatos serão narrados., como serão construídas as
personagens (suas características físicas, psicológicas, etc.), como serão estabelecidos os diálogos e as
relações entre as personagens.”
TEXTO DRAMÁTICO (Disponível em: https://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/texto-dramatico, acessado
em jun 14, 2022).
O Pagador de Promessas
[Dias Gomes]
Um homem percorre sete léguas do interior da Bahia até Salvador, carregando uma cruz nos ombros.
Todo esse esforço tem apenas um objetivo: agradecer a Santa Bárbara pela recuperação do animal que
lhe dá sustento na lavoura. Ao chegar à cidade grande, acompanhado de sua mulher, Zé‐do‐Burro, como
passa a ser conhecido, se sente perdido, mas a obstinação de cumprir sua promessa o faz enfrentar
qualquer obstáculo.
Um estrangeiro em seu próprio país, Zé‐do‐Burro vem de um mundo distante da disputa de poder na
qual repentinamente se vê envolvido. Para os poderosos de Salvador, a jornada do pagador de
promessas é um perigo ou uma oportunidade. A igreja encara seu périplo como subversivo, pois chama a
atenção da população para uma religiosidade não mediada por ela. Para os jornais, a história pode
render boas manchetes e grande vendagem. Para a polícia, a inocência de Zé é uma oportunidade de
demonstrar sua força. E, para o povo, a luta de um passa a ser a luta de todos.
Aspectos estruturais
Trata‐se de um texto escrito para teatro, ou seja, para ser levado ao palco, ser encenado. A peça é
dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são subdivididos em dois quadros cada um.
Após a apresentação dos personagens, o primeiro ato mostra a chegada do protagonista Zé do Burro e
sua mulher Rosa, vindos do interior, a uma igreja de Salvador e termina com a negativa do padre em
permitir o cumprimento da promessa feita. O segundo ato traz o aparecimento de diversos novos
personagens, todos envolvidos na questão do cumprimento ou não da promessa e vai até uma nova
negativa do padre, o que ocasiona, desta vez, explosão colérica em Zé do Burro. O terceiro ato é onde as
ações recrudescem, as incompreensões vão ao limite e se verifica o dramático desfecho.
136
Personagens
Zé‐do‐Burro; Rosa; Marli; Bonitão; Padre; Sacristão; Guarda; Beata; Galego; Minha Tia; Repórter;
Fotógrafo; Dedé Cospe‐Rima; Secreta; Delegado; Mestre Coca; Monsenhor; Manoelzinho Sua‐Mãe e a
Roda de Capoeira.
Ação: ‐ Salvador
Época: ‐ Atual
Primeiro ato
Primeiro quadro
A ação da peça tem início nas primeiras horas da manhã [4 e meia], numa praça, em frente a uma igreja,
em Salvador. O personagem denominado Zé do Burro carrega uma cruz e se aloja na frente da igreja. A
seu lado Rosa, sua mulher, apresentada como tendo 'sangue quente' e insatisfação sexual. Zé espera a
igreja abrir para cumprir sua promessa, feita a Santa Bárbara. Aparecem no lugar, algum tempo depois,
Marli e Bonitão: ela prostituta; ele, gigolô. Há uma clara relação de exploração e dependência entre eles.
Encontrando Zé, Bonitão dirige‐se a ele e percebe ser alguém ingênuo. Rosa, por sua vez, conversando
com o gigolô, queixa‐se de Zé, contando que ele, na sua promessa, dividiu suas terras com lavradores
pobres. Percebendo a ingenuidade, Bonitão propõe‐se a providenciar um local para Rosa descansar. Zé
não só aceita, como incentiva. Saem os dois, Bonitão e Rosa, de cena.
Segundo quadro
Aos poucos, começa o movimento ao redor da praça. Aparecem a Beata, o sacristão e o Padre Olavo,
titular da igreja. Zé explica a promessa: Nicolau foi ferido com a queda de uma árvore; estando para
morrer, Zé fez a promessa. O burro ‐ Nicolau é um burro! ‐ salva‐se. Ingenuamente, Zé revela ter usado
as rezas de Preto Zeferino e feito a promessa num terreiro de candomblé, a Iansã, equivalente afro de
Santa Bárbara. O padre fica escandalizado. Estabelece‐se o conflito. O sincretismo Iansã‐Santa Bárbara,
natural para Zé do burro, é um grandioso pecado para o padre. A situação agrava‐se com a revelação da
divisão de terras. Impasse. O padre manda fechar a igreja e proíbe o cumprimento da promessa. Zé do
burro fica atônico.
Primeiro Ato
Primeiro Quadro
Ao subir o pano, a cena está quase às escuras. Apenas um jato de luz, da direita, lança alguma claridade
137
sobre o cenário.
Mesmo assim, após habituar a vista, o espectador identificará facilmente uma pequena praça, onde
desembocam duas ruas.
Uma à direita, seguindo a linha da ribalta, outra à esquerda, ao fundo, de frente para a plateia, subindo,
encadeirada e sinuosa, no perfil de velhos sobrados coloniais. Na esquina da rua da direita, vemos a
fachada de uma igreja relativamente modesta, com uma escadaria de quatro ou cinco degraus. Numa
das esquinas da ladeira, do lado oposto, há uma vendola, onde também se vende café, refresco, cachaça
etc.; a outra esquina da ladeira é ocupada por um sobrado cuja fachada forma ligeira barriga pelo
acúmulo de andares não previsto inicialmente. O calçamento da ladeira é irregular e na fachada dos
sobrados veem-se alguns azulejos estragados pelo tempo. Enfim, é uma paisagem tipicamente baiana,
da Bahia velha e colonial, que ainda hoje resiste à avalancha urbanística moderna.
Devem ser, aproximadamente, quatro e meia da manhã.
Tanto a igreja como a vendola estão com suas portas cerradas.
Vem de longe o som dos atabaques dum candomblé distante, no toque de Iansan. Decorrem alguns
segundos até que Zé‐do‐Burro surja, pela rua da direita, carregando nas costas uma enorme e pesada
cruz de madeira. A passos lentos, cansado, entra na praça, seguido de Rosa, sua mulher. Ele é um
homem ainda moço, de 30 anos presumíveis, magro, de estatura média. Seu olhar é morto,
contemplativo. Suas feições transmitem bondade, tolerância e há em seu rosto um “quê” de
infantilidade. Seus gestos são lentos, preguiçosos, bem como sua maneira de falar. Tem barba de dois ou
três dias e traja‐se decentemente, embora sua roupa seja mal talhada e esteja amarrotada e suja de
poeira. Rosa parece pouco ter de comum com ele. É uma bela mulher, embora seus traços sejam um
tanto grosseiros, tal como suas maneiras. Ao contrário do marido, tem “sangue quente”. É agressiva em
seu “sexy”, revelando, logo à primeira vista, uma insatisfação sexual e uma ânsia recalcada de romper
com o ambiente em que se sente sufocar. Veste‐se como uma provinciana que vem à cidade, mas
também como uma mulher que não deseja ocultar os encantos que possui.
Zé‐do‐Burro vai até o centro da praça e aí pousa a sua cruz, equilibrando‐a na base e num dos braços,
como um cavalete. Está exausto. Enxuga o suor da testa.
Segundo ato
Primeiro quadro
Duas horas mais tarde, já a movimentação no lugar é intensa. O Galego, dono do bar, abriu seu
estabelecimento. Surgem Minha Tia, vendedora de acarajés, carurus e outras comidas típicas, Dedé
138
Cospe‐Rima, poeta popular, ao estilo repentista e o Guarda. Zé do burro quer cumprir a promessa. O
Guarda tenta intervir. Rosa reaparece com 'ar culpado'. Chega o Repórter. Seguindo a linha do
oportunismo sensacionalista, o repórter quer tirar vantagens da história de Zé do Burro. Quer torná‐lo
um mártir, para virar notícia. Enquanto isso descobre‐se que Rosa transou com Bonitão. Marli faz um
pequeno escândalo, denunciando a história Rosa com Bonitão.
Segundo quadro
Três da tarde, Dedé oferece poemas para Zé, a fim de derrotar o Padre. Aparecem, em momentos
subsequentes, o capoeirista Mestre Coca e o policial, o Secreta, chamado por Bonitão, ficando ambos,
por enquanto, nas cercanias. Zé começa a perder a paciência e arma uma gritaria. O padre reage. Chega
o Monsenhor, autoridade da igreja, propondo a Zé uma solução: ele, Monsenhor, na qualidade de
representante da Igreja, pode liberar Zé da promessa, dando‐a por cumprida. Zé não aceita, dizendo que
promessa foi feita à Santa e só ela poderia liberá‐lo. Segue o impasse. Zé explode novamente e avança
com a cruz sobre a Igreja. O padre fecha a porta. Zé, já desesperado, bate com a cruz na porta. O drama
é total.
Segundo Ato
Primeiro Quadro
Aproximadamente, duas horas depois. Abriu‐se a vendola e o Galego aparece trepado num caixote,
amarrando um cordão com bandeirolas vermelhas e brancas que vai da porta da venda ao sobrado do
lado oposto. Zé e sua cruz continuam no meio da praça. Ouve‐se um pregão: “Beiju... olha o beiju!” Logo
após, surge no alto da ladeira uma preta em trajes típicos, com um tabuleiro na cabeça. Ela desce a
ladeira e ao passar pelo Galego saúda.
Minha Tia
Iansan lhe dê um bom‐dia.
Galego
(Espanhol)
Gracias, Minha Tia.
Minha Tia vai até à igreja e aí, junto dos degraus, pára.
A critério da direção e em momentos em que não prejudiquem a ação, transeuntes cruzarão a praça,
durante todo o ato.
Minha Tia
139
(Para o Galego)
Quer vir aqui dar uma mãozinha pra sua tia, meu branco?
Galego apressa‐se a ir ajudá‐la. Retira primeiro o cavalete que está sobre o tabuleiro, abre‐o, depois
ajuda‐a a tirar o tabuleiro da cabeça e colocá‐lo em cima do cavalete.
Minha Tia
Santa Bárbara lhe pague.
(Nota Zé‐do‐Burro)
Oxente! Que é aquilo?
Galego
Não sei. Já estava acá quando abri a venda. Parece maluco.
(Volta a pregar as bandeirolas, enquanto Minha Tia põe‐se a arrumar o fogareiro, procura acendê‐lo).
Desce a ladeira, passo mole, preguiçoso, Dedé Cospe‐Rima.
Mulato, cabeleira pixaim, sob o surrado chapéu de coco ‐ um adorno necessário à sua profissão de
poeta-comerciante.
Traz, embaixo do braço, uma enorme pilha de folhetos: abecês, romances populares em versos. E dois
cartazes, um no peito, outro nas costas. Num se lê: “ABC da Mulata Esmeralda ‐ uma obra‐prima” e no
outro “Saiu agora, tá fresco ainda! O que o cego Jeremias viu na Lua”.
Dedé
(declama)
Bom dia, Galego amigo!
dia assim eu nunca vi;
para saudar Iansan,
não repare eu lhe pedi:
me empreste por obséquio
dois dedos de parati.
Galego
É, com esta história de hacer versos, usted sempre me leva na
conversa.
(entra na venda e dá a volta por trás do balcão)
É boa mesmo essa do cego Jeremias?
(Serve o parati).
140
Terceiro ato
Entardecer. Muita gente na praça e nos arredores da Igreja. Há uma roda de capoeira. O Galego,
oportunista, oferece comida grátis a Zé, pois a história está trazendo movimento ao seu bar. O Secreta,
no bar, avisa que a polícia prenderá Zé, ameaçando os capoeiristas, caso eles interfiram. Marli volta.
Ofende Rosa, ofende Zé. O protagonista parece mudar de atitude. Resolve ir embora 'à noite'. Rosa quer
ir embora já. Conta que Bonitão avisou a polícia. Retorna o repórter, que tenta montar um verdadeiro
circo em torno do Zé, com o objetivo de vender o jornal. Chega Bonitão e convida Rosa para ir com ele.
Zé pede a ela para ficar. Rosa hesita, a princípio, mas, em seguida, vai com Bonitão. Mestre Coca avisa Zé
sobre a chegada da polícia. Zé está perplexo: 'Santa Bárbara me abandonou'. Da igreja saem o Sacristão,
o Guarda, o Padre e o Delegado. Tensão da cena acentua‐se. Zé ainda tenta, ingênua e inutilmente,
explicar alguma coisa. Ao ser cercado, puxa uma faca. As autoridades reagem. Os capoeiristas também.
Briga e confusão. De repente, um tiro espalha gente para todos os lados. Zé é mortalmente ferido.
Mestre Coca olha para os companheiros, que entendem a mensagem. Os capoeiristas tomam o corpo do
Zé colocam‐no sobre a cruz e, ignorando o padre e polícia, entram na igreja carregando a cruz.
Zé
Me deixe, Rosa! Não venha pra cá!
Zé‐do‐Burro, de faca em punho, recua em direção à igreja.
Sobe um ou dois degraus, de costas. O Padre vem por tráse dá uma pancada em seu braço, fazendo com
que a faca vá cair no meio da praça. Zé‐do‐Burro corre e abaixa‐se para apanhá‐la. Os policiais
aproveitam e caem sobre ele, para subjugá‐lo. E os capoeiros caem sobre os policiais para defendê‐lo.
Zé‐do‐Burro desapareceu na onda humana.
Ouve‐se um tiro. A multidão se dispersa como num estouro de boiada, Fica apenas Zé‐do‐Burro no meio
da praça, com as mãos sobre o ventre Ele dá ainda um passo em direção à igreja e cai morto
Rosa
(Num grito)
Zé!
(corre para ele)
Padre
(Num começo de reconhecimento de culpa)
Virgem Santíssima!
141
Delegado
(Para o Secreta)
Vamos buscar reforço
(Sai, seguido do Secreta e do Guarda).
O Padre desce os degraus da igreja, em direção do corpo de Zé‐do‐Burro.
Rosa
(Com rancor)
Não chegue perto!
Padre
Queria encomendar a alma dele...
Rosa
Encomendar a quem? Ao Demônio?
O Padre baixa a cabeça e volta ao alto da escada. Bonitão surge na ladeira. Mestre Coca consulta os
companheiros com o olhar. Todos compreendem a sua intenção e respondem afirmativamente com a
cabeça. Mestre Coca inclina‐se diante de Zé‐do‐Burro, segura‐o pelos braços, os outros capoeiras se
aproximam também e ajudam acarregar o corpo. Colocam‐no sobre a cruz, de costas, com os braços
estendidos, como um crucificado. Carregam‐no assim, como numa padiola e avançam para a igreja.
Bonitão segura Rosa por um braço, tentando levá‐la dali.
Mas Rosa o repele com um safanão e segue os capoeiras.
Bonitão dá de ombros e sobe a ladeira. Intimidados, o Padre e o Sacristão recuam, a Beata foge e os
capoeiras entram na igreja com a cruz, sobre ela o corpo de Zé‐do‐Burro. O Galego, Dedé e Rosa fecham
o cortejo. Só Minha Tia permanece em cena. Quando uma trovoada tremenda desaba sobre a praça.
Minha Tia
(Encolhe‐se toda, amedrontada, toca com as pontas dos dedos o chão e a testa)
Êparrei minha mãe!
142
censuradas pelo regime militar.
Biografia, Dias Gomes.(Disponível em: https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/o-pagador-de-promessas.html ,
Acesso em jun 7, 2022)
Depois da leitura inicial do texto podemos nos aprofundar mais e distinguir uma leitura dramatizada da
leitura branca:
Dicionário Priberiam da Língua Portuguesa ("rubrica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021,
https://dicionario.priberam.org/rubrica Acessado em 14-06-2022]).
143
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Agora que já fizemos uma leitura inicial do texto (branca) e de seu autor, podemos realizar uma leitura
dramatizada. Importante que observemos a estrutura do texto que nos auxilia a entender o texto.
Organizem para que cada estudante seja um personagem, busquem definir aspectos que contribuam
para a melhor compreensão do texto, como por exemplo, cenário e figurinos. Antes da encenação é
importante que uma leitura mais aprofundada seja realizada, embasando a ação das personagens.
“A peça de Dias Gomes tem nítidos propósitos de evidenciar certas questões socioculturais da vida
brasileira, em detrimento do aprofundamento psicológico de seus personagens. Assim, ganha força no
drama a visão crítica quanto:
a) à intolerância da Igreja católica, personificada no autoritarismo do Padre Olavo, e na insensibilidade
do Monsenhor convocado a resolver o problema;
b) à incapacidade das autoridades que representam o Estado ‐ no episódio, a polícia ‐ de lidar com
questões multiculturais, transformando um caso de diferença cultural em um caso policial;
c) à voracidade inescrupulosa da imprensa, simbolizada no Repórter, um perfeito mau‐caráter,
completamente desinteressado no drama do protagonista, mas muito interessado na repercussão que a
história pode ter;
144
d) ao grande fosso que separa, ainda, o Brasil urbano do Brasil rural: Zé do Burro não consegue
compreender por que lhe tentam impedir de cumprir sua promessa; os padres, a polícia, a imprensa não
conseguem compreender quem é Zé do Burro, sua origem ingênua, com outros códigos culturais, outras
posturas. Além disso, a peça mostra as variadas facetas populares: o gigolô esperto, a vendedora de
quitutes, o poeta improvisador, os capoeiristas. O final simbólico aponta em duas direções. Em primeiro
lugar a morte do Zé do Burro mostra‐se com fim inevitável para o choque cultural violento que se opera
na peça: ninguém, entre as autoridades da cidade grande, é capaz de assimilar o sincretismo religioso
tão característico de grandes camadas sociais no Brasil, especialmente no interior nordestino. Em
segundo lugar, a entrada dos capoeiristas na igreja, carregando a cruz com o corpo, sinaliza para
rechaçar a inutilidade daquela morte: os populares compreenderam o gesto de Zé do Burro.”
- a intolerância da igreja ainda hoje é vista como algo que pode atrapalhar a fé das pessoas?
- se essa situação do Zé do Burro fosse na sua cidade, você acredita que as autoridades saberiam lidar
como todo o burburinho que isso poderia gerar na sociedade?
- como seria hoje, século XXI, a postura da imprensa diante de tal fato?
- pode-se afirmar que a diversidade cultural é fator de divisão social?
Depois desse momento de debate, cada grupo de estudantes deverá produzir uma mídia (vídeo,
podcast, meme, fotografia, ilustração, charge etc) que possa ter como legenda: “Ter religião nem
sempre é fácil!”
SAIBA MAIS!!
Podemos conhecer um pouco mais a obra em questão. Aproveite para aprofundar seus conhecimentos
em:
145
O Pagador de Promessas, Dias Gomes:
https://www.notapositiva.com/old/pt/trbestbs/portugues/10_pagador_de_promessas_d.htm
https://www.culturagenial.com/livro-o-pagador-de-promessas/
https://www.academia.edu/29003460/O_Pagador_de_Promessas
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
146
Não importa.
GALEGO
(Oferece a Rosa) A senhora não quer?…
ROSA
Não estou com vontade.
GALEGO
(Encolhe os ombros, conformado) Bien… (Volta à venda)
SECRETA
(Para o Galego) Uma meladinha.
Galego
serve a cachaça com mel. (Notando a apreensão de Rosa) Que há?
ROSA
Ele não é nosso amigo.
ZÉ
E que tem isso?
ROSA
Ouvi dizer que é da polícia.
ZÉ
Não sou nenhum criminoso, não fiz mal a ninguém.
GOMES, Alfredo Dias. O pagador de promessas. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 83-85.
147
Gabarito D
2.(CEFET-PR) Leia atentamente as afirmações abaixo sobre O Pagador de Promessas e assinale a
verdadeira:
a) Zé-do-Burro e sua esposa, Rosa, mantêm um relacionamento amoroso conflituoso devido a ele ser um
revolucionário do campo e ela, uma beata devota.
b) O Secreta, o Delegado e o Guarda demonstram a nova face da polícia, após a ditadura de Vargas,
preocupada com os direitos humanos.
c) Minha Tia e Mestre Coca são representantes do povo, católicos ardorosos, que se revoltam com as
heresias cometidas por Marli e Zé-do-Burro.
d) Bonitão e Marli são o exemplo de um relacionamento moderno, em que homem e mulher usufruem
dos mesmos direitos.
e) O Monsenhor e Padre Olavo representam a rigidez de princípios teóricos da doutrina católica diante
de situações práticas inusitadas.
Gabarito E
148
5.O pagador de promessas, Dias Gomes, pode ser entendido como
a) uma tragédia rural brasileira à medida que as questões agrárias ficam em segundo plano.
b) uma tragédia popular brasileira, salientada pelas más-intenções das autoridades policiais.
c) uma trama de caráter burlesco, cujo final, absurdo, ilustra a ignorância popular.
d) um retrato da fratura social brasileira, num conflito que demonstra a incompreensão de diferentes
partes.
e) um rito de passagem de Zé para a verdadeira religião, simbolizado por sua imagem na cruz.
GABARITO – D
6.A ironia é fator importante na peça O pagador de promessas, de Dias Gomes. Considere as seguintes
afirmações sobre o uso desse recurso no texto:
I. A ironia pode ser vista no fato de Zé carregar uma cruz, trabalho braçal duro, por um burro.
II. Elemento de ironia curioso é o fato de a fé se Zé do Burro “vencer” até mesmo a divindade, sobretudo
quando ele mesmo diz que Santa Bárbara o abandonou.
III. Irônico também é o diálogo entre Zé e Bonitão, uma vez que Zé entrega com confiança a mulher ao
gigolô. Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas II e III
d) Apenas III.
e) I, II e III.
GABARITO E
149
c) Apenas II e III
d) Apenas III.
e) I, II e III.
GABARITO A
8. (UTFPR) Na obra O Pagador de Promessas, circulam pela praça, onde se passa a história, diversos
personagens que retratam diferentes questões. Estabelecendo uma correlação entre personagens e
temas, teremos:
I) Zé-do-Burro e a fé; Padre Olavo e a intransigência
II) Bonitão e o amor; Rosa e a traição
III) Galego e a ambição; Mestre Coca e o sentimento de coletividade
IV) Repórter e a vaidade; Marli e a pureza
Estão corretas somente as assertivas:
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) II e III.
e) II e IV.
GABARITO B
9. Quanto ao personagem Zé do Burro, de O pagador de promessas, de Dias Gomes, considere as
seguintes afirmações:
I.O motivo de sua promessa é a vida e a saúde de um burro, Nicolau, ferido numa tempestade.
II. O sincretismo religioso de Zé fica evidente pelo fato de ele ter feito promessa a Santa Bárbara diante
de uma imagem de Insã.
III. A fé de Zé é elevada ao primeiro plano, tanto que o caso de sua mulher com Bonitão seria resolvido
depois que pagasse sua promessa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III
d) Apenas III.
e) I, II e III.
150
GABARITO E
10. (UEL) Sobre o motivo da jornada da personagem Zé-do-Burro até Salvador, no livro O Pagador de
Promessas, de Dias Gomes, assinale a alternativa correta.
a) Pagamento de promessa pela conquista de suas terras.
b) Pagamento de promessa pela recuperação de Rosa.
c) Pagamento de promessa pelo restabelecimento do burro.
d) Pretexto para fazer campanha a favor da reforma agrária.
e) Pretexto para protestar contra a ditadura.
GABARITO C
11. (UEL) Com base em O Pagador de Promessas, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o
parecer crítico que analisa a obra.
a) “A mola propulsora da peça – o autor deixou bem claro – é a espinafração.”
b) “Nunca um escritor nacional se preocupou tanto em investigar sem lentes embelezadoras a realidade,
mostrando-a ao público na crueza de matéria bruta.”
c) “Sério exercício de introspecção, o texto se passa em uma viagem de volta ao interior, ao encontro do
pai distante.”
d) “O espectador que desejar a diversão desabrida da farsa encontrará na peça um motivo inesgotável
de comicidade.”
e) “Essa intolerância erige-se, na peça, em símbolo da tirania de qualquer sistema organizado contra o
indivíduo desprotegido e só.”
GABARITO E
12. Quanto a obra O pagador de promessas, Dias Gomes, considere as seguintes afirmações:
I. A Igreja é vista como burocrática e incapaz de compreender o modo de vida dos fiéis. II. A imprensa é
ilustrada como instituição oportunista, embora se revele o desejo claro de fidelidade documental.
III. A violência final que se instaura demonstra a incapacidade das autoridades de entender o fenômeno
que ali ocorria. Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III
d) Apenas III.
e) I, II e III.
151
GOMES, Alfredo Dias. O pagador de promessas. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 83-85. (Disponível em:
https://faciletrando.wordpress.com/2018/12/15/o-pagador-de-promessas/, acesso em jun 7, 2022)
GABARITO C
ROMANCEIRO DA INCOFIDÊNCIA
[Cecília Meireles]
I- INTRODUÇÃO
Romanceiro da Inconfidência, publicado em 1953, é um longo poema narrativo, que procura na História
da pátria sua matéria inspiradora. Nessa obra, Cecília Meireles procura evocar os tempos de ouro e da
Inconfidência Mineira [1789]. De todas as publicações da autora, o Romanceiro da Inconfidência é a
única que mostra o rompimento do círculo do próprio "eu", criando uma poesia menos pessoal, mais
identificada com o mundo exterior que propriamente com o universo íntimo e secreto da artista. Mesmo
assim, em alguns momentos percebe-se claramente certas projeções subjetivas, que rompem com a
mera retratação de cena ou de fatos verídicos.
Antes de analisarmos a obra, devemos chamar a atenção para a forma do romanceiro, que é uma
composição estíquica [sucessão de versos não sujeitos à estrofação regular], de extensão indeterminada,
surgida por volta do século XIV, em versos assonantados [mesmo que toantes, nos quais há
correspondência sonora da última vogal tônica e das que lhe seguem], geralmente de sete silabas
[redondilho maior], de cinco silabas [redondilho menor], ou de dez silabas [romance heroico em verso
heroico]. No Romanceiro da Inconfidência, temos 85 romances, além das "falas" do narrador e dos
Cenários. Chamamos romance cada uma das partes do romanceiro. É bom lembrar que essa forma
poética medieval deu origem ao romance de prosa, por causa de seu caráter normalmente narrativo.
Vejamos a seguir essa espécie épica que foi tão pouco praticada em Língua Portuguesa:
CENÁRIO
PASSEI por essas plácidas colinas [A]
e vi das nuvens, silencioso, o gado [B]
152
pascer nas solidões esmeraldinas. [A]
Sem dúvida, Cecília Meireles consegue em sua obra uma belíssima combinação de dados históricos e
elementos inventivos, que dão ao texto ritmo e variações bem interessantes. No caso dos versos
empregados, encontramos redondilhos, decassílabos e até mesmo versos tetrassílabos.
153
Romanceiro da Inconfidência é uma reconstituição da atmosfera da tragédia histórica vivida pelos
inconfidentes e a reconstrução dos dramas individuais dos membros da Inconfidência, "numa obra
representa uma originalíssima fusão de elementos líricos e de elementos épicos - e, através de cuja
diversidade formal, da sábia e discreta conjugação de vários metros, se parece prestar um desvelado
preito de homenagem à própria poesia do século XVIII".
Cecília Meireles procura obedecer certas regras e formas exigidas pelo romanceiro. Mantém o emprego
de métrica regular em cada "romance".
Mantém, ainda, uma divisão estrutural quase rígida em cinco partes, que acompanham não apenas a
divisão histórica dos fatos, mas também uma espécie de marcação que pode ser considerada de
natureza teatral. Ao reinventar o passado, retomando a história dos inconfidentes, CM termina por
recompor um dos mais belos e dolorosos momentos de nossa História. A busca dessa alma coletiva,
marcada pelo sofrimento e pela dor, acaba aproximando o Romanceiro da Inconfidência da tragédia, daí
o emprego de um crescendo emocional, quase sempre pressentido por indivíduos alheios aos fatos, ou
que destes não participam diretamente, e que culminará no clímax inevitável: a morte de Tiradentes. A
tensão emocional após o clímax fica por conta do sofrimento individual dos outros inconfidentes [a
morte de Cláudio Manuel da Costa e o degredo de vários deles, por exemplo]. Há momentos de grande
emoção durante todo o poema, que acabam por fazer com que o narrador intrometa-se no texto,
movido exclusivamente pela paixão. Até mesmo o emprego do monólogo, do diálogo e da variação
espaço-temporal conduzem à sensação de uma perspectiva dramática.
Romanceiro da Inconfidência pode ser dividido em cinco partes, entrecortadas por caracterizações de
cenário e intervenções do narrador para suas "falas".
PRIMEIRA PARTE
Focaliza o ambiente e os antecedentes que conduzem à Inconfidência [do Romance I ao XIX].
SEGUNDA PARTE
Focaliza a trama e a frustração da Inconfidência Mineira. Revela "a marcha da conspiração, seu malogro
e o prenuncio das desgraças" que se abaterão sobre os inconfidentes [do Romance XX ao XLVII].
TERCEIRA PARTE
Focaliza a morte de Cláudio Manuel da Costa e de Tiradentes. Nessa parte, evoca-se o sacrifício de
Tiradentes [do Romance XLVIII ao LXIV].
QUARTA PARTE
154
Focaliza o infortúnio de Tomás Antônio Gonzaga e de Alvarenga Peixoto. Uma passagem evocativa
retoma o cenário em que viveu o poeta Tomás A. Gonzaga [do Romance LXV ao LXXIX].
QUINTA PARTE
Focaliza a presença de D. Maria I, vinte anos depois de ter lavrado a sentença que decretou a morte de
Tiradentes e o degredo dos demais inconfidentes. Dona Maria, já louca, contempla a terra em que
ocorreu o drama da Inconfidência [do Romance LXXXII ao LXXXV].
O longo poema encerra-se com a "FALA AOS INCONFIDENTES MORTOS", em versos tetrassílabos:
"Treva da noite, Parada noite,
lanosa capa suspensa em bruma
nos ombros curvos não, não se avistam
dos altos montes os fundos leitos...
aglomerados... Mas, no horizonte
Agora, tudo do que é memória
jaz em silencio: da eternidade,
amor, inveja, referve o embate
ódio, inocência, de antigas horas,
no imenso tempo de antigos fatos,
se estão lavando... de homens antigos.
Grosso cascalho
da humana vida... E aqui ficamos
Negros orgulhos, todos contritos,
ingênua audácia, a ouvir na névoa
e fingimentos o desconforme,
e covardias submerso curso
[e covardias!] dessa torrente
vão dando voltas do purgatório...
no imenso tempo, Quais os que tombam,
- a água implacável em crime exaustos,
do tempo imenso, quais os que sobem,
rodando soltos, purificados?
155
com sua rude
miséria exposta...
Cecília Meireles está inserida na segunda fase do Modernismo brasileira, ou seja, na segunda geração
moderna, que compreende o período entre 1930 e 1945. A segunda fase de nossa poesia moderna é
marcada por grande variedade temática e formal. Cecília pode ser colocada, pelo menos inicialmente, na
poesia espiritualista de influência católica. Tal tendência, que se agrupou em torno da revista Festa
[1927], do RJ, mostra clara influência do lirismo católico francês e do Simbolismo, apesar de dar feição
moderna a essas tendências religiosas. Daí podermos considerar CM como uma poeta neossimbolista.
Sem dúvida, as marcas dessa influência fazem-se sentir na tendência introspectiva, intimista e na
musicalidade que marca a maior parte das obras da autora.
Uma das marcas mais importantes dessa geração da poesia de 30 foi a oscilação entre o fechamento e a
abertura do "eu" à sociedade e à natureza. Nasceu daí uma poesia marcada pela tendência
universalizante, física e tendendo para o hermetismo. A herança simbolista e pós-simbolista faz-se sentir
através dessa tendência universalizante e espiritualista. Mas, sem dúvida, CM ultrapassa as marcas
coletivas de sua geração para deixar seu nome gravado como uma das maiores de seu tempo.
156
amarga.
De certo modo, Romanceiro da Inconfidência é uma obra de exceção, um longo poema épico [narrativo]
de sintaxe lusitana. Essa obra parece, pelo menos à primeira vista, romper com a tendência de
interiorização que marcou toda sua produção literária. É uma obra menos pessoal, mais ligada ao desejo
de exaltar nossos heróis da Inconfidência e demonstrar sua admiração pelos mártires de um movimento
que buscava a liberdade. Não é mais a tradução apenas do "eu", mas a releitura da realidade histórica da
pátria através da poesia. Mas, se o leitor acredita que a autora perdeu o intimismo residual de toda sua
poesia anterior, vai descobrir que ela encontrou na fonte de inspiração histórica uma projeção subjetiva,
evitando a mera retratação de cenas verídicas. CM leu, com os olhos do coração e da mente, os
episódios dramáticos que precederam e sucederam ao fato histórico de 1789. Nessa evocação dos
tempos do ciclo de ouro e da Inconfidência, CM encontrou a fonte de uma nova força poética e criou
uma obra magnífica, seja em seu esplendor formal, usando e abusando das variações métricas
[preferência pelos metros breves] e estruturais, seja em sua magnitude pictural, em cuja plasticidade
está presente o pincel do artista da palavra.
157
dinheiro para seus gastos e deleites. Também, não podemos nos esquecer dos inconfidentes e dos heróis
anônimos.
A loucura está presente de forma teatral na figura da própria rainha D. Maria I, que se via condenada ao
inferno; ou em Bárbara Heliodora que, marcada pela dor do degredo do marido, Alvarenga Peixoto, e
pela morte de sua filha Ifigênia, acaba endoidecida e termina por morrer.
A corrupção segue sua trilha entre governadores, magistrados, fiscais, e outros tantos funcionários da
Coroa.
O amor não fica apenas nos versos dos poetas árcades Tomás A. Gonzaga ou Cláudio M. da Costa ao
recordarem em suas liras as pastoras Marília, Nise ou Anarda, mas também na paixão do ouvidor Tomás
A. Gonzaga por Maria Joaquina, e o sofrimento desta pela partida do noivo.
O próprio Arcadismo servirá de tema em vários momentos da presente obra, trazendo de volta as figuras
das pastoras, das ovelhinhas, dos prados amenos, dos regatos mansos e da vida bucólica que se oporá,
dentro do poema, ao clima de insurreição e violência que passará a dominar a ação narrativa.
De maneira geral, o grande tema deste livro é a lição histórica que a inconfidência empresta aos nossos
jovens, de separar os que ficarão gravados para sempre nas páginas da História [e da Literatura] como
heróis e símbolos da liberdade e os que deixarão suas pegadas como covardes, ambiciosos e
mesquinhos.
FALA INICIAL
Não posso mover meus passos Batem patas de cavalos.
por esse atroz labirinto Suam soldados imóveis,
de esquecimento e cegueira Na frente dos oratórios,
em que amores e ódios vãos; que vale mais a oração?
- pois sinto bater os sinos, Vale a voz do Brigadeiro
percebo o roçar das rezas, sobre o povo e sobre a tropa,
vejo o arrepio da morte, louvando a augusta Rainha
à voz da condenação; - já louca e fora do trono -
- avisto a negra masmorra na sua proclamação.
e a sombra do carcereiro
que transita sobre angústias Ó meio-dia confuso,
com chaves no coração; ó vinte-e-um de abril sinistro,
158
- descubro as altas madeiras que intrigas de ouro e de sonho
do excessivo cadafalso houve em tua formação?
e, por muros e janelas,
o pasmo da multidão.
Comentários: Nessa primeira parte, o narrador torna-se presente para retomar de forma evocativa o
preparativo para o enforcamento de Tiradentes a 21 de abril de 1789, e a reconstituição do clima e do
cenário de Ouro Preto. Observem que o caráter épico e nacionalista do poema não é apagado pela
presença do lirismo. Aliás, como veremos em todo o livro, o épico e o lírico convivem harmoniosamente.
ROMANCE XIV OU
DA CHICA DA SILVA
Que andor se atavia
naquela varanda?
É a Chica da Silva:
é a Chica-que-manda!
Comentários: Esse "romance", constituído por quadras em versos redondilhos menores, recria a figura
da escrava Chica da Silva, que viveu em Diamantina e foi senhora de seu dono, João Fernandes. Chica da
Silva ficou conhecida na História como a negra que teve não só todas as riquezas de seu tempo, mas
também todo o poder. João Fernandes, para agradá-la, chegou mesmo ao absurdo de mandar construir
um navio e colocou-o no seco apenas para que Chica pudesse entender como andam os barcos na água.
159
ROMANCE LX OU
DO CAMINHO DA FORCA
Os militares, o clero, --------------------
os meirinhos, os fidalgos [Águas, montanhas, florestas,
que o conheciam das ruas, negros nas minhas, exaustos...
das igrejas e do teatro, - bem podíeis ser, caminhos,
das lojas dos mercadores de diamante ladrilhados... ]
e até da sala do Paço; Tudo leva na memória:
e as donas mais as donzelas em campos longos e vagos
que nunca o tinham mirado, tristes mulheres que ocultam
os meninos e os ciganos, seus filhos desamparados...
as mulatas e os escravos, Longe, longe, longe, longe,
os cirurgiões e algebristas, no mais profundo passado...
leprosos e encarangados, - pois agora é quase um morto,
e aqueles que foram doentes que caminha sem cansaço,
e que ele havia curado que por seu pé sobe à forca,
- agora estão vendo ao longe, diante daquele aparato...
de longe escutando o passo
dos Alferes que vai à forca, Pois agora é quase um morto,
levando ao peito o braço, partindo em quatro pedaços,
levando no pensamento e - para que Deus o aviste -
caras, palavras e fatos; levantado em postes altos.
as promessas, as mentiras,
línguas vis, amigos falsos [Caminha a Bandeira
coronéis, contrabandistas, de Misericórdia.
ermitões e potentados, Caminho, piedosa,
estalagens, vozes, sombras, mais alta que a tropa.
adeuses, rios, cavalos... Da forca se avista
-------------------- a Santa Bandeira
Tudo leva nos seus olhos, da Misericórdia.]
nos seus olhos espantados,
160
o Alferes que vai passando
para o imenso cadafalso,
onde morrerá sozinho
por todos os condenados.
Comentários: Esse "romance" reconstitui a caminhada de Tiradentes para a forca e representa o clímax
do Romanceiro. O narrador mostra todo seu repudio ao comportamento das pessoas que fugiram no
momento de ajudar o herói a escapar da morte. Desapareceram os amigos, os poderosos, qualquer
pessoa que podia de alguma forma empenhar-se para minimizar sua pena. O narrador procura mostrar
que Tiradentes pagou com a vida em nome de todos os outros inconfidentes, pois todos os demais,
homens ricos, poderosos ou membros da igreja, foram exilados.
ROMANCE LX OU DO CAMINHO DA FORCA (Disponível em: https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/romanceiro-
da-incofidencia.html, acesso em jun 7, 2022)
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
1-(PUCCamp) Tendo como centro os sonhos dos Inconfidentes, Cecília Meireles criou a obra-prima que é
o Romanceiro da Inconfidência, poema
A. Inteiramente composto em decassílabos, voltado para a exposição didática da ideologia dos
seguidores de Tiradentes.
B. Em prosa, que se tornou exemplo máximo desse gênero literário, logo adotado por vários outros
161
modernistas.
C. Épico, decalcado de Os Lusíadas, em que a autora demonstra grande familiaridade com a retórica
clássica.
D. Em que se alternam o tom épico e o lírico, o modo reflexivo e o narrativo, tudo se sustentando
numa grande variedade de ritmos.
E. Em que, mesmo buscando afastar-se dos fatos históricos, se entrevê aqui e ali alguma referência
inequívoca à Conjuração mineira.
GABARITO - D
GABARITO - B
162
SAIBA MAIS!
Podemos conhecer um pouco mais a obra em questão. Aproveite para aprofundar seus conhecimentos
em:Inconfidência Mineira- poesia, Cecília Meireles. Disponível em:
https://jornal.usp.br/cultura/a-inconfidencia-mineira-atraves-da-poesia-de-cecilia-meireles/
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/5628/material/CEC%C3%83%C2%ADLia%20Meirele
s%20-%20Romanceiro%20da%20Inconfid%C3%83%C2%AAncia%20%5BRev%5D%5B1%5D.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=C4OSa2ub-6k
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
01. (URCA) Sobre a obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, é correto afirmar:
a) Inconfidência é um poema lírico-narrativo de viés histórico que evoca em versos os personagens e
o contexto da Inconfidência Mineira;
b)É o ápice da poética de Cecília Meireles enquanto poetisa neossimbolista;
c) É um extenso poema em que o eu poético reflete sobre uma temática sem que haja elementos
narrativos;
d)Tiradentes, o alferes que a história transformou em herói, é apresentado na obra como indivíduo
ambíguo e de moral discutível, numa clara contraposição literária à imagem apresentada pelos
historiadores mais conservadores;
e) Representa grande inovação na construção dos versos, marcando-se sua obra por
experimentalismo radical da linguagem e referência a fontes vivas da língua popular.
GABARITO - A
163
02. (Universidade de Fortaleza) Cecília Meireles recebeu uma homenagem do Google na sexta-feira
(7/11/2014). A imagem comemora o 113º aniversário da escritora carioca. Cecília foi poetisa, pintora,
professora jornalista brasileira, além de ter sido considerada uma das vozes líricas mais importantes da
língua portuguesa.
Em relação às obras de Cecília Meireles, considere as afirmações abaixo:
I - Giroflê Giroflá - livro de contos quase crônicas, breves comentários e memórias da autora, sobre
personagens de sua infância.
II - Romanceiro da Inconfidência – obra que tem como tema principal a Guerra de Canudos.
III - Ou Isto ou Aquilo – livro que traz poemas infantis.
IV - Espectro - primeiro livro de poesias de Cecília Meireles que traz um conjunto de sonetos simbolistas.
É verdadeiro apenas o que se afirma em:
A. I e III.
B. II e IV.
C. III e IV.
D. I, II e IV.
E. I, III e IV.
GABARITO - E
03. (PUC-PR) Aponte o que for correto sobre o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
A. A menção, no título da obra, a “romanceiro” tem a ver com a intriga principal do enredo, o
relacionamento amoroso entre os personagens Marília e Dirceu no contexto da luta dos inconfidentes
em Ouro Preto, no século XVIII.
B. Chama a atenção a regularidade métrica dos versos do texto ao longo dos dez cantos em que o
Romanceiro é dividido. No livro, todas as estrofes (sempre com oito versos) têm versos decassílabos, o
que identifica a obra com a estética neoclássica à qual a autora retorna em plena modernidade.
C. Não há, nos temas do Romanceiro, nenhum envolvimento com causas políticas e sociais. Esse é o
ponto de distinção desse livro em relação a outros de Cecília Meireles, notória militante comunista,
adepta de uma arte engajada.
D. “Ai que o traiçoeiro invejoso/ Junta as ambições à astúcia/ Vede a pena como enrola/ Arabescos
de volúpia, / Entre as palavras sinistras/ Desta carta de denúncia (...)”. Essa sequência narra o ato de
164
traição de Joaquim José da Silva Xavier, o delator do movimento inconfidente às autoridades
portuguesas.
E. A obra se fixa na descrição poética (baseada em referencial histórico, mas elaborada
ficcionalmente) do contexto da Inconfidência Mineira. Há, no que tange ao debate da causa da
liberdade, uma sutil remissão a problemas políticos da época da escrita do texto (1953).
GABARITO - E
04. (PUCCamp) A dois séculos de distância, o espetáculo ainda é assombroso (...) Que de tão longe uma
Rainha enlouqueça e venha a morrer no cenário final do drama; que os sonhos dos Inconfidentes se
cumpram depois de tantas sentenças; e que o Brasil se torne independente dali a 31 anos, e a República
seja proclamada exatamente ao cumprir-se um século sobre aquelas prisões − tudo parece impregnado
de um mistério claro, desejoso de revelar-se e de se fazer compreender.
(Cecília Meireles. “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, anexo a Romanceiro da Inconfidência.
São Paulo: Global, 2012. p. 255)
É correto afirmar que a independência do Brasil realizou os sonhos dos Inconfidentes, como afirma
Cecilia Meireles, no que diz respeito
A. À participação massiva do povo na luta política pela soberania do país, uma vez que a adesão
popular não aconteceu a tempo, durante a Inconfidência, dado que o movimento foi desbaratado em
seu início.
B. Ao combate à escravidão, perspectiva presente no movimento mineiro e que, logo após a
independência, foi uma bandeira assumida como prioridade pela princesa Isabel.
C. Ao rompimento dos vínculos coloniais com Portugal, pondo fim ao ônus da pesada tributação
imposta, que cerceava o desenvolvimento econômico nacional, bem como ao poder da coroa
portuguesa em decidir os rumos do país.
D. À instituição de um Estado soberano, independente, unificando toda a Nação sob a égide do
governo da província de Minas Gerais, legitimado pelos símbolos pátrios consagrados, como a bandeira e
o hino nacional.
E. Ao fim da situação de atraso no país, pois, com a abertura dos portos após a Independência, o
comércio e as exportações sofreram grande impulso, atraindo, principalmente, investimentos ingleses.
GABARITO - C
165
05. (PUC-PR) Considere as afirmativas abaixo sobre os aspectos formais do Romanceiro da Inconfidência,
de Cecília Meireles:
I. Apegada ao estilo simbolista, do qual nunca se afastou, a autora escreve no livro apenas sonetos de
temática amorosa ambientada no contexto da proclamação da República no Brasil.
II. Encarnando até as últimas consequências o espírito da neovanguarda dos anos 1950, a autora escreve
no livro uma série de poemas concretos sobre a história do Brasil, colocando como centro da luta pela
liberdade assumida pelo movimento abolicionista.
III. Embora se abra a uma variedade de metros poéticos, predominam no texto as redondilhas maiores
(de sete sílabas) e as redondilhas menores (de cinco sílabas). Isso demonstra o apego da autora à
tradição e, ao mesmo tempo, a busca por exprimir vivacidade e musicalidade que, segundo os teóricos,
são alcançados de modo mais pleno nesse tipo de métrica.
IV. Composto de “romances”, tomados como narrativas de tom lírico, o romanceiro é uma referência à
tradição poética medieval, para a qual o termo romance tinha um sentido diferente do atual.
Primordialmente, havia romances que não eram escritos em prosa. Essa ligação com o passado hibrido –
narrativo e lírico – da forma romance é trabalhada esteticamente nos textos do livro, que contam uma
ação, mas com elementos poéticos.
É correto o que se afirma SOMENTE em:
A. III.
B. III e IV.
C. II, III e IV.
D. II e III.
E. I, II e III.
GABARITO - B
166
Ai, palavras, ai, palavras,
Sois de vento, ides no vento,
No vento que não retorna.
[...]
Sois de vento, ides no vento,
E quedais, com sorte nova!
[...]
Ai, palavras, ai, palavras,
Íeis pela estrada afora,
Erguendo asas muito incertas,
Entre verdade e galhofa,
Desejos do tempo inquieto,
Promessas que o mundo sopra...
Ai, palavras, ai, palavras,
Mirai-vos: que sois, agora?
[...]
Perdão podíeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
Cortejo, bandeiras, tropa...
Ai, palavras, ai, palavras,
Que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
— sois um homem que se enforca!
Fonte: MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012.
06. (UEMA) Com base na leitura dos versos, em que se veem relações entre memória, história e
literatura, pode-se fazer o seguinte comentário sobre a linguagem do fazer poético:
A. A caracterização da natureza pelo eu lírico sugere ideais de uma vida em harmonia, distante de
167
conflitos, o que demonstra uma influência da poesia árcade.
B. A concisão, a forma de elocução nos versos e o estado contemplativo do eu poético demonstram
a intenção de destacar sutilezas políticas, à época da rebelião mineira.
C. A emoção do eu poético parte da observação do real, por meio de lembranças de outras épocas,
para construir um texto fluido, com imagens criadas por componentes expressivos da linguagem.
D. A preocupação em estruturar versos com rimas preciosas e o cuidado em selecionar vocábulos
raros revelam o propósito de aprimorar a linguagem, para resgatar a beleza de fatos históricos.
E. A construção poética exemplifica marcantes características da segunda geração do Romantismo:
adjetivação exagerada e sentimentalismo profundo, ao evocar fatos da rebelião mineira.
GABARITO - C
GABARITO - B
168
A dois séculos de distância, o espetáculo ainda é assombroso (...) Que de tão longe uma Rainha
enlouqueça e venha a morrer no cenário final do drama; que os sonhos dos Inconfidentes se cumpram
depois de tantas sentenças; e que o Brasil se torne independente dali a 31 anos, e a República seja
proclamada exatamente ao cumprir-se um século sobre aquelas prisões − tudo parece impregnado de
um mistério claro, desejoso de revelar-se e de se fazer compreender. (Cecília Meireles. “Como escrevi o
Romanceiro da Inconfidência”, anexo a Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. p. 255)
Tendo como centro os sonhos dos Inconfidentes, Cecília Meireles criou a obra-prima que é o Romanceiro
da inconfidência, poema
A. Inteiramente composto em decassílabos, voltado para a exposição didática da ideologia dos
seguidores de Tiradentes.
B. Em prosa, que se tornou exemplo máximo desse gênero literário, logo adotado por vários outros
modernistas.
C. Épico, decalcado de Os Lusíadas, em que a autora demonstra grande familiaridade com a retórica
clássica.
D. Em que se alternam o tom épico e o lírico, o modo reflexivo e o narrativo, tudo se sustentando
numa grande variedade de ritmos.
E. Em que, mesmo buscando afastar-se dos fatos históricos, se entrevê aqui e ali alguma referência
inequívoca à Conjuração mineira.
GABARITO - A
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. (Disponível em:
https://projetoagathaedu.com.br/questoes-vestibular/literatura/obras/romanceiro-da-inconfidencia.php, acesso em jun 7,
2022)
169
MOMENTO ENEM
A avaliação crítica de Décio de Almeida Prado destaca as qualidades de O pagador de promessas. Com
base nas ideias defendidas por ele, uma boa obra teatral deve
a) valorizar a cultura local como base da estrutura estética.
b) ressaltar o lugar do oprimido por uma forma religiosa.
c) dialogar a tradição local com elementos universais.
d) romper com a estrutura clássica da encenação.
e) reproduzir abordagens trágicas e pessimistas.
GABARITO C
2-(ENEM / 2012 )
170
Ai, palavras, ai, palavras
a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das
palavras.
c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem
pela vida.
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas
crenças.
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e
171
gestos.
GABARITO B
DESCRITOR -18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão.
DESCRITOR - 19 - Reconhecer o efeito decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
Lygia Fagundes Teles é uma escritora da última fase modernista, que se tornou mestra em criar imagens,
proporcionando, a nós, leitores, possibilidades de se aprofundar no texto, chegando a sua parte mais
subjetiva. Em Ciranda de Pedra (1954), a autora nos apresenta um romance onde narra a história de
Virgínia, uma jovem que passa pelos mais diversos problemas na vida.
Observe:
“— Escute, Luciana, você acha mesmo que se a gente é ruim nesta vida numa outra vida a gente nasce
bicho? Tenho medo de nascer cobra.
— Você já é cobra — disse Luciana com brandura.
— E você é mulata — retorquiu Virgínia no mesmo tom.
— E gosta dele, por isso faz de tudo para parecer branca.” (Ciranda de Pedra, p. 17)
Podemos organizar nossa análise para muitos pontos, mas iniciemos pelo estilo da autora:
Lygia é uma escritora intimista, que apresenta fluxo de consciência, ou seja, conseguimos analisar o
172
personagem mais profundamente. Ao propor no diálogo uma estrutura que prima pelo uso de figuras de
linguagem (metáfora) a autora nos oferece uma oportunidade ímpar para reconhecer a escolha de
determinadas palavras: usa bicho para chegar a palavra cobra que traz o emprego literal (denotativo –
animal), mas também apresenta a conotação, deixando a nossa interpretação livre para entender mais
sobre a forma como Luciana avalia Virgínia. Ao continuar o texto empregando a gradação (mulata e
branca), a autora nos mostra a outra avaliação, de Virgínia em relação a Luciana.
A escolha das palavras pode ou não gerar o sentido que buscamos em nossos discursos. O cuidado de
escolha das palavras é uma característica típica dos autores modernos.
Agora observe esse novo fragmento:
“Meu pai era preto e minha mãe era branca. Fiz de tudo para tirar meu pai de mim, tudo. E não
adiantou, ele está nos meus cabelos, na minha pele, no meu sangue… Essas coisas a gente tem que
aceitar.” (Ciranda de Pedra, p. 88)
A escolha pela utilização da reticências ao final do período de enumeração nos ajuda a reconhecer que
há ainda mais “locais” na personagem que representam seu pai.
Sobre o fragmento a seguir, observe a utilização do diminutivo e das conjunções adversativas.
“não fique assim com essa mentalidade de donzela folhetinesca, não separe com tanta precisão os
heróis dos vilões, cada qual de um lado, tudo muito bonitinho como nas experiências de química. Não há
gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é
impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes melhora. Mas passa.”
(Ciranda de Pedra, p. 148)
O diminutivo (bonitinho) aparece para nos transmitir a ideia de que há organização nas experiências,
assim como pouca beleza, mesmo nas que não dão certo. E as conjunções, seja a alternativa “nem”, com
sua ideia de apresentar conceitos antitéticos (boa/má), ou a adversativa “mas” que apresenta o outro
lado, as duas teses (ninguém presta, tudo passa).
A escolha correta da palavra, da pontuação remete ao efeito que o autor do texto imaginou. Precisamos,
cada vez mais, reconhecer o efeito que essas escolhas nos proporcionam, dentro da produção textual.
173
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Vinícius de Moraes
“Dizem, na minha família, que eu cantei antes de falar. E havia uma cançãozinha que eu repetia e
que tinha um leve tema de sons. Fui criado no mundo da música, minha mãe e minha avó tocavam
piano, eu me lembro de como me machucavam aquelas valsas antigas. Meu pai também tocava violão,
cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto.”
Vinícius de Moraes. Disponível em: <http://www.aomestre.com.br/liv/autores/vinicius_moraes.htm>. Acessado em 10 de junho de 2022.
Nesse texto, a expressão “... cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto.” sugere que Vinícius
A) destacou-se no cenário musical e poético.
B) abandonou a música e se dedicou à poesia.
C) foi criado com a avó, que declamava belas poesias.
D) foi uma criança famosa, pois cantou antes de falar.
E) pensou em trabalhar com poesias, mas preferiu se dedicar à música.
Conseguimos perceber que o autor, ao escolher a expressão destacada, conseguiu nos demonstrar que
tanto a música como a poesia são importantes em sua vida, logo, há uma maior dedicação que resulta no
destaque dado ao autor.
GABARITO A
A namorada
174
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 17.
Nos versos “Era uma glória!” (v. 9) e “E então era agonia.” (v. 12), o emprego das palavras destacadas
sugere
A) aproximação de ações.
B) comparação.
C) concordância de ideias.
D) exagero.
E) oposição de sentimentos.
GABARITO E
Observe que a antítese que se estabelece (tudo certo, quando a namorada responde e uma dificuldade
quando engancha na goiabeira) é retratada pelas palavras “glória” e “agonia”. As palavras foram
escolhidas para explicitar a oposição dos sentimentos (alegria e tristeza).
175
jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais
divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida,
uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos
armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser
crescimento, e muito mais alegria.
Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.
Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento – não para inventar de acumular ali mais alguns
compromissos estéreis e mortais.
LUFT, Lya. Disponível em: <http://cris57.blogspot.com/2008/04/prioridades-uma-crônica-de-lya-luft.html>. Acessado em 10
de junho de 2022..
Nesse texto, no trecho “Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma...”, (3°
parágrafo), a expressão destacada ressalta a necessidade de
A) consumir menos.
B) limpar os móveis.
C) procurar amadurecer.
D) revisar os conceitos.
E) ser mais otimista.
GABARITO D
176
e que dá uma sacudida em você quando for preciso.
Sentir-se amado é ver que ela se lembra de coisas que você contou há dois anos atrás; é vê-la
tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com
delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d’água. Sentem-se amados
aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão....
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que tudo pode ser dito e
compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um
personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.
Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não
concorda, mas escuta.
Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo! “Me ame quando eu menos merecer, pois é
quando eu mais preciso”.
MEDEIROS, Martha. Disponível em: <http:/www.aldeianago.com.br/artigos/6-comportamento/6046-sentir-se-amado-por-
GABARITO C
177
para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não
comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra,
na ocasião devida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Maneira de amar. In: Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999,
p. 52.
Nesse texto, o fragmento que expressa a possível causa da antipatia do girassol pelo jardineiro é:
A) “Passava manhãs contando coisas...”.
B) “... porque não fosse homem bonito,...”.
C) “... o jardineiro tentava captar-lhe as graças,...”.
D) “... para não ver o rosto que lhe sorria.”.
E) “... que as outras flores não comentavam.”.
GABARITO B
178
Muita força
Muita força
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora
Vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
A expressão “café com pão”, repetida por três vezes no início do poema, sugere
A) o barulho do trem.
B) a voz do maquinista.
C) a conversa dos passageiros.
D) a voz da menina bonita.
E) o linguajar do povo do sertão.
GABARITO A
179
7-(SPAECE). Leia o texto abaixo.
É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
180
Você é tão bonita
Eu me sento
Eu fumo
Eu como
Eu não agüento
Você está tão curtida
Eu quero é tocar fogo nesse apartamento
Você não acredita
Traz meu café com suíta
Eu tomo
Bota a sobremesa
Eu como eu como eu como eu como eu como
Você
Tem que saber que eu quero é correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo.
(VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova Cultura. 1998)
181
A repetição da expressão “eu quero”, em diversos versos, tem por objetivo
(A) fazer associações de sentido.
(B) refutar argumentos anteriores.
(C) detalhar sonhos e pretensões.
(D) apresentar explicações novas.
(E) reforçar a expressão dos desejos.
GABARITO – E
182
GATTAI, Zélia. A casa do Rio Vermelho. Rio de Janeiro: Record. p. 202. Fragmento (Disponível em:
https://profwarles.blogspot.com/2016/03/3-serie-por-descritor-portugues.html, acesso em 14 jun,
2022)
183
Agrestes, 1985
O Crime na Calle Relator, 1987
Sevilha Andando, 1989
As obras literárias de João Cabral de Melo Neto são marcadas pelo uso da metalinguagem (muitos dos
seus trabalhos falam sobre a própria criação literária). Seus poemas também contêm imagens
surrealistas e influência da cultura popular.
Em termos de formato, João Cabral primou pela rigidez formal com rimas fixas, ritmo e versos rimados.”
184
Análise de Morte e Vida Severina
Apresentação e forma
“Morte e Vida Severina é um poema trágico que nos apresenta um auto de natal pernambucano.
O herói Severino é um retirante que foge da seca e da fome, porém, só encontra a morte em sua fuga.
Até que ele presencia o nascimento de um filho de retirantes, severinos iguais a ele. O nascimento é
apresentado em forma de presépio, com a chegada das pessoas para presentear o recém-nascido.
185
Ilustração de Morte e Vida Severina ressalta a seca e a aridez do sertão.
Os versos do poema são curtos e muito sonoros. A maioria conta com sete sílabas poéticas, também
conhecido como redondilha menor, outra característica dos autos.
A constante repetição de versos é uma ferramenta muito usada por João Cabral. Além de servir como
reforço semântico para o tema, promove a homofonia e a repetição de sons, que dão uma maior
musicalidade aos versos.
— A quem estais carregando,
irmãos das almas,
embrulhado nessa rede?
dizei que eu saiba.
— A um defunto de nada,
irmão das almas,
A sonoridade do poema é um elemento muito importante nesta obra. A sua leitura se torna quase
cantada, uma ferramenta comum quando a escrita não era difundida.
A sonoridade servia como um modo de facilitar a memorização da poesia. Esse formato também lembra
as poesias de cordel. Sabe-se que João Cabral de Melo Neto costumava ler em voz alta para os
funcionários da fazenda alguns cordéis.
Espaço e temática
O espaço e o tema estão intimamente ligados nesse poema. A obra aborda a viagem de um retirante do
interior do Pernambuco até o Recife, onde ele se depara constantemente com a morte.
186
O fio condutor do trajeto é o rio Capiberibe, que deve ser o percurso certo do interior ao litoral:
Pensei que seguindo o rio
eu jamais me perderia:
ele é o caminho mais certo,
de todos o melhor guia.
Ao longo da jornada, Severino encontra diversas vezes a morte. Morte por fome, por emboscada ou por
velhice antes do trinta. O sertão é o espaço e a morte é o tema, os dois andam juntos ao longo do rio.
Até o próprio rio também morre.
Mas como segui-lo agora
que interrompeu a descida?
Vejo que o Capibaribe,
como os rios lá de cima,
é tão pobre que nem sempre
pode cumprir sua sina
O percurso do rio pode ser comparado ao percurso da vida no sertão, que de tão frágil muitas vezes se
interrompe.
Severino se depara com a morte muitas vezes. Da primeira vez o defunto é carregado numa rede por
outros homens. O falecido morreu de morte matada em uma emboscada provocada por alguém que
queria ficar com as suas terras.
187
Depois, Severino se depara com um defunto sendo velado em uma modesta residência. Seguindo
viagem, ao tentar conseguir trabalho em uma pequena vila, a morte aparece novamente, mas como
única fonte de renda para quem quer viver lá.
Mais perto do litoral, Severino se espanta com a terra mais macia, cheia de cana e acha que lá é um bom
lugar para trabalhar. Porém, assiste ao funeral de um lavrador.
— Desde que estou retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida, (...)
188
POEMA: MORTE E VIDA SEVERINA - JOÃO CABRAL DE MELO NETO
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
189
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[...]
190
com os porcos nos monturos,
com os cachorros no lixo.
Vejo-o, uns anos mais tarde,
na ilha do Maruim,
vestido negro de lama,
voltar de pescar siris
e vejo-o, ainda maior,
pelo imenso lamarão
fazendo dos dedos iscas
para pescar camarão.
191
coisa mais limpa que a lama
do pescador de maré
que vemos aqui vestido
de lama da cara ao pé.
E mais: para que não pensem
que em sua vida tudo é triste,
vejo coisa que o trabalho
talvez até lhe conquiste:
que é mudar-se destes mangues
daqui do Capibaribe
para um mocambo melhor
nos mangues do Beberibe.
O Carpina fala com o retirante que esteve de fora, sem tomar parte em nada.
(...) -- Severino retirante,
deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
192
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida Severina.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto dê o significado das palavras abaixo:
· Aratu: pequeno caranguejo de cabeça triangular.
· Goiamum: tipo de crustáceo que vive em lugares lamacentos, em tocas que ele mesmo cava.
· Monturo: grande quantidade de lixo.
· Jereré: aparelho feito de madeira e rede usado na pesca de siris, camarões e peixes pequenos.
· Mucambo: barraco.
· Carpina: carpinteiro.
193
Em “morte severina”, tem o sentido de uma morte anunciada pelas péssimas condições de vida; e em
“vida severina”, de uma vida sofrida, de luta pela sobrevivência.
03 – De origem medieval, os autos são textos teatrais que representam um nascimento, quase sempre o
de Cristo, encenado por ocasião das festas do Natal.
No fragmento lido de Morte e vida severina:
a) A presença de duas personagens confere ambientação mística à cena. Quais são essas personagens?
As duas ciganas.
b) Elas correspondem a que personagens da cena do nascimento de Cristo?
Correspondem aos três reis magos.
c) O que há em comum entre o bebê nascido e Cristo?
A origem humilde, o conteúdo de esperança que representa, o destino incerto.
05 – Na conversa entre Severino e mestre carpina, o retirante pergunta ao mestre “se não vale mais
saltar / fora da ponte e da vida”. De acordo com o texto:
a) Quem acaba respondendo a Severino?
A vida.
b) Qual é a resposta dada?
A vida, mesmo quando severina, vale a pena.
194
O texto, no conjunto, faz uma forte crítica social. Contudo, pela ótica que ele apresenta, há esperança?
Sim, pois cada vida que brota, mesmo tendo um destino “severino”, renova as esperanças de uma vida
melhor.
07 – A explosão de mais “uma vida severina” parece dar continuidade a essa corrente de severinos. Eles
não estão somente no sertão seco do Nordeste; estão em todo o país, severinamente lutando contra a
“morte em vida”.
a) Afinal, quem são os severinos deste país?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São os trabalhadores em geral, que, no campo ou na cidade,
lutam pela vida, apesar da miséria, da ineficácia dos governantes, da corrupção, etc.
b) Como se justifica o título da obra: Morte e vida severina?
Morte e vida se equivalem, pois a vida é uma luta constante contra a morte, uma luta para manter-se
a vida, mesmo que “severina”, isto é, sofrida.
SAIBA MAIS
Para aprofundarmos um pouco mais:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GUXxGb-3lGU Acessado em 14 de junho de 2022.
João Cabral de Melo Neto é um escritor modernista que nos apresenta, em muitas obras, como por
195
exemplo em Vida e Morte Severina uma crítica à realidade social. Mas já há alguns movimentos literários
que observamos esta tendência. Observe os versos do romântico Castro Alves.
196
Navio Negreiro, Castro Alves (Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00071a.pdf, acesso em
jun 13, 2022)
Também podemos perceber essa tendência em textos mais antigos, como por exemplo, em Os Lusíadas,
de Camões. Observe este fragmento, do último canto do poema:
197
É fácil perceber que a temática vem sendo abordada há muitos séculos.
Mas já parou para pensar como fazemos essas manifestações hoje em dia? Como os poetas do século
XXI se manifestam sobre realidades sociais?
Agora vamos retomar o nosso estudo sobre o gênero SLAM que iniciamos e até produzimos SLAM no
mês passado, esse gênero é uma forma bem atual de “levantar bandeiras”. Vamos ampliar nosso
estudo! Observe:
SLAM
São novos ciclos e tudo faz parte da mudança
Anna Suav
Da coragem necessária que me falta nessa dança
Na contagem do tempo há saudades da sincronia
Perdi o compasso, o passo, a rima
Naturalizando a podação
Fui cortando parte por parte, me vi chão
Daqueles ora seco, ora com cheiro de terra molhada
Na chuva, vento paira, acalenta o coração
Sem alcançar totalidade na altura, mas a raiz é imensidão
O dom de tocar
É sobre ser rio e ao mesmo tempo ponte para atravessar
Sobre ser processo, meio, caminho
Atenta ao percurso que uma hora há de findar
E recomeçar
Trago em mim todos os sentimentos do mundo
Todos os amores que em mim cabem e carrego bem no fundo
Não sabendo ser rasa, não sabendo ser metade
Mas concordando com a voz rouca
“Você não sabe se entregar”
198
É verdade
É verdade que já fiz pouco, é verdade que já fiz demais
É verdade que me atropelei, é verdade que não tive paz
É verdade que já quis ter tudo porque nada me satisfaz
É verdade que fazemos planos
É verdade que podemos voltar atrás
É verdade que estamos aqui sem saber os reais motivos existenciais
É verdade que eu posso ser tudo que eu quiser até a hora que eu não quiser ser mais.
(Duarte, Mel (org.). Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta; ilustrações de Lela Brandão.
São Paulo: Planeta do Brasil, 2019.)
199
Leia os textos a seguir para conhecer um pouco mais sobre esse gênero.
Texto 1:
O que é Slam? Poesia, educação e protesto
Por Igor Gomes Xavier Luz
Slam!
A palavra é uma onomatopeia utilizada no inglês pra representar algo como um bater de palmas, e é o
nome dado as batalhas de poesia que se espalham Brasil (e mundo) adentro. Adentro e abaixo, já que é
nas periferias do hemisfério sul do mundo que essa ferramenta-comunidade-ação mais tem ganhado
espaço.
Slam (ou Poetry Slams) são batalhas de poesia falada que surgiram nos anos 1980 nos Estados Unidos.
Muitos chamam de “esporte da poesia falada” e, como aparece no documentário recém-lançado Slam:
Voz de Levante, o responsável por organizar o primeiro Slam, Marc Kelly Smith, alega que resolveu
utilizar da lógica da competição como forma de chamar atenção para o texto e performance dos poetas.
O que ocorre em um Slam é semelhante ao que acontece nos saraus, porém com algumas regras
simples:
• Poesias autorais (decoradas ou lidas na hora) de até três minutos;
• Proibição da utilização de figurino, cenário ou instrumento musical;
• São escolhidos, aleatoriamente, cinco jurados na plateia que serão os responsáveis por dar notas
de zero a dez. Leva a competição aquele que tiver a maior nota.
200
No Brasil, o Slam chegou em 2008, por intermédio da artista Roberta Estrela D’Alva, através do ZAP!
Slam (Zona Autônoma da Palavra) na cidade de São Paulo. Não demorou para que viesse então o Slam da
Guilhermina, que ocorre na periferia de São Paulo, lado leste do mapa, e tantos outros que foram
surgindo, como: Slam Capão, Slam da Norte, Slam Paz em Guerra, Slam Resistência, Slam Caruaru, dentre
muitos outros.
Texto 2:
SLAM
Uma batalha de poesia onde as armas são talento e criatividade.
O gênero literário Poetry Slam foi criado em Chicago, EUA, na década de 80. Trazido ao país em 2008
pela poetisa Roberta Estrela D’Alva, rapidamente ganhou adeptos entre os jovens de todo o Brasil, que
201
viram no estilo uma oportunidade para expressar seu cotidiano e sentimentos.
O slam tem algumas regras: autoria própria, duração máxima de até três minutos, não pode utilizar
objetos cênicos e tampouco ter acompanhamento musical. No entanto, as performances corporal e de
voz do poeta/poetisa são fundamentais.
A poesia está em todos os cantos: nas
ruas, nos edifícios, no céu, na natureza, no transporte público, na política, nas pessoas, nas nossas
relações, nos livros, em tudo ao nosso redor. (...)
SLAM (Disponível em: https://estudoeleitura.com.br/slam/, acesso em jun10, 2022.)
Texto 3:
Entenda o Slam
Nessa mistura de jogo, poesia, crítica social e intervenção urbana, os poetas se reúnem em espaços
públicos para declamar seus trabalhos. Cada poeta, ou slammer, tem 3 minutos para se apresentar e, no
máximo, 10 segundos extras de tolerância. Não é permitido o uso de objetos cênicos ou música. Só voz,
microfone e performance.
Os jurados, escolhidos aleatoriamente na plateia, dão notas de 0 a 10. A cada rodada se classificam os
poetas com maior nota até um deles sagrar-se campeão. Dos slams regionais saem competidores para os
campeonatos estaduais. Os vencedores disputam o Slam BR, que normalmente acontece no final do ano.
O finalista representa o Brasil na Copa do Mundo de Slam, disputada em Paris, na França.
Entenda o Slam. (Disponível em: https://portal.aprendiz.uol.com.br/2019/08/12/slam-um-manifesto-poetico-liderado-pelas-
juventudes-das-periferias/, acesso em jun 10, 2022)
Texto 4:
O que é slam?
O slam é uma competição de poesia falada criada nos Estados Unidos por Marc Smith, mais
especificamente em Chicago nos anos 1980 e trazido ao Brasil em 2008 por Roberta Estrela D’Alva.
Originário do inglês, o termo slam quer dizer batida. Algo semelhante a uma pancada. No entanto,
resumir essa palavra a apenas um significado é uma tarefa difícil porque qualquer descrição que se faça
nunca dará conta da amplitude que essa vertente da cultura urbana alcançou nem do impacto que ela
tem na vida de inúmeras pessoas.
As batalhas de poesia falada seguem algumas regras: poesias autorais de até três minutos sem a
202
utilização de objetos cênicos e sem acompanhamento musical. Corpo e voz são elementos
fundamentais! As notas são dadas por um júri popular que é escolhido no momento da competição. Esta
normalmente ocorre em três fases: geral, semifinal e a final, que revela o poeta vencedor daquela
edição.
Num slam são recitadas poesias de temas livres, mas verifica-se, ao longo do tempo, que grupos
historicamente excluídos vêm se utilizando dessa expressão artística como forma de reivindicar seus
lugares de direito, de dar visibilidade às suas lutas e se colocar como protagonistas de suas próprias
histórias.
O Que é Slam? (Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/30/slam-literatura-e-resistencia, acesso em
jun 10, 2022)
203
quando o caso escurece
empatia até que ponto
quando eu conto que elas são feministas
nem eu acredito
quando é só pra mulher branca
não vem dizer que é feminismo.
Atura ou surta
a mídia que quando não te ignora
te deturpa, te estupra
“nega maluca” te rotulará
banaliza nossa luta
mas não vão mais me gongá
e preta é só sambá
só se for na tua cara
se antes virávamos o rosto
hoje é a gente que te encara.
(ROCHA, Cristal. Quando é só pra mulher branca, não vem dizer que é feminismo... Manos e minas, 25 abr. 2018. Disponível
em: <https://www.facebook.com/watch/?v=318452798886991>. Acesso em: 14 jun. 2022.)
204
SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Agora é o momento de produzirmos o nosso próprio slam, para uma batalha dentro do colégio. Utilizem
a temática “Jovem que busca um mundo melhor”.
205
REFERÊNCIAS
206
O que é Slam. Disponível em: https://portal.aprendiz.uol.com.br/2019/08/12/slam-um-manifesto-
poetico-liderado-pelas-juventudes-das-periferias/, acesso em jun 10, 2022.
O que é Slam. Disponível em: https://profseducacao.com.br/artigos/o-que-e-slam-poesia-educacao-e-
protesto/, acesso em jun 10, 2022.
O texto dramático. Disponível em: https://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/texto-dramatico, acesso em
jun 14, 2022.
207