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Código Penal Militar - Jacksfran - Dia 15 de janeiro de 2020 - Aula 1


Na sua prova, existe o ramo do Direito Penal comum e o ramo do Direito Penal especial.
Quando falar em Direito Penal Militar, está-se falando do ramo do Direito Penal especial. O
que as bancas mais cobram em Dir. Penal Militar, geralmente elas vão pegar o código penal
comum e o código penal militar e fazer comparação. Principalmente aquilo que for
divergente nos dois códigos. Então, aquilo que for diferente, vamos anotar. Aquilo que for
igual, vamos mostrar também.
Código Penal Militar

Comum Código Penal


Direito Penal
Especial Código Penal Militar

Você tem que se atentar: elas sempre vão comparar o penal com o penal militar. Dentro da
árvore do crime, do fato típico, das excludentes da ilicitude.
Quando falarem do penal, você vai se lembrar do rabanete (menor). Quando falarem do
penal militar, você vai se lembrar do nabo (maior). Não porque é maios, é porque o código
penal militar sempre será mais rigoroso.
Quando se fala em código penal militar, ele vai assegurar alguns direitos. Em regra, ele vai
assegurar a hierarquia, a disciplina, o dever, o serviço e a autoridade. Os pilares do penal
militar são esses cinco bens jurídicos. São regras, mas ele também protege o direito à vida,
ao patrimônio. Quando falar em código penal militar, você vai se lembrar daqueles cinco
pilares, sempre buscando a regularidade das instituições militares.
I. O Direito Penal Militar protege, em regra, bens jurídicos típicos da vida militar, sendo eles:
a) hierarquia
É a regra, porque ele também vai proteger o patrimônio, a vida,
b) disciplina então outros patrimônios também vão ser protegidos. Estes 5
c) dever pilares vão ser protegidos pelo Direito Penal Militar.
d) autoridade
e) serviço

É importante saber quais são as instituições militares e quais são os artigos que estarão os
nossos militares. Existe uma divisão entre o militar federal e o militar estadual. Você deve
saber porque, na hora da aplicação da lei penal militar, é diferente para o militar das forças
armadas e o militar estadual (policial militar, corpo de bombeiro militar). Hoje, em regra,
após a mudança do código penal militar, a partir de 2018 e 2019, que houve alteração,
todos os crimes, em regra, se preenchidos os requisitos no artigo 9º, é considerado crime
militar. Vai depender do fórum de prerrogativa, você sempre tem que olhar a figura de
quem cometeu, porque, em certas situações, se for militar estadual, pode ser que seja
crime militar ou crime civil.
Se for um militar das forças armadas, vai ser prerrogativa da justiça militar federal. Exemplo:
A Justiça Militar Estadual jamais julga civil. Já a justiça militar federal, essa sim tem
prerrogativa para julgar o civil. Cabe à Justiça Militar da União julgar civis que praticaram
crimes contra militares em serviço de vigilância.

Suponhamos que um indivíduo jogue uma pedra na viatura da polícia militar, cometendo
um crime contra o patrimônio público. Ele será julgado na justiça militar? Não. A Justiça
Militar Estadual não julga civil.

As instituições militares federais estão no artigo 142 da Constituição Federal, organizadas


por hierarquia. As instituições militares estaduais são a Polícia Militar e o Corpo de
Bombeiro Militar. Os militares estaduais estão no artigo 42.

No artigo 144, está a segurança pública, lá estão a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia
Federal, a Polícia Civil... Lá vai tratar de segurança pública. Os militares estaduais estão no
artigo 42 da nossa Constituição Federal, não tem nada a ver com segurança pública. Até os
agentes de trânsito estão inseridos no artigo 144, apesar de eles não integrarem a força de
segurança pública.

Instituições Militares

Marinha brasileira
a) Da união Exército brasileiro Artigo 142, da CF

Força Aérea Brasileira FAB

Polícia Militar Artigo 42, da CF


b) Dos estados
Corpo de Bombeiro Militar

Aplicação da Lei Penal


Tem como estipular um crime sem estar previsto em lei? Através de um decreto, eu posso
criminalizar uma conduta? Não. Como que eu vou criminalizar uma conduta? Através de lei
formal. A competência é privativa da união. Princípio da legalidade: não há crime sem
prévia cominação legal, nem pena sem prévia cominação legal.
O princípio da legalidade vai se dividir em princípio da reserva legal, princípio da
anterioridade, princípio da taxatividade e princípio da retroatividade penal.
Quando aparecer qualquer um desses quatro, é uma subdivisão do princípio da legalidade.
Como que eu vou caracterizar um crime? Lá no princípio da legalidade diz:
princípio da reserva legal: somente lei em sentido formal pode criminalizar uma conduta. É
uma competência privativa da União (Congresso Nacional), art. 22, inciso I, da CF,
competência privativa legislativa (jamais através de portaria, decreto etc);
princípio da taxatividade: a lei tem que ser precisa e clara, ela tem que ser taxativa. Não
pode deixar, em regra, lacunas na lei, ou fazer interpretações analógicas para prejudicar o
réu. Em regra, é vedada a analogia. Toda vez que se falar “em regra” é porque há exceção. É
permitida a analogia “in bonam partem” (não incriminadora, benéfica). Você não pode
pegar um caso e aplicar em outro, salvo se for para beneficiar o réu. No processo penal e no
processo penal militar pode aplicar a analogia “in malam partem”.
princípio da anterioridade: para uma conduta ser considerada crime, para que o indivíduo
seja punido por esse crime, a lei tem que ser anterior à sua conduta. Se eu não tenho uma
lei anterior criminalizando (tipificando) uma conduta, eu não posso ser punido. O crime e
sua pena devem estar previstos em lei, conduta tipificada. Após a publicação dessa lei, aí
sim vai ser considerada crime. A lei só vai valer após a publicação, e existe um prazo de 45
dias para entrar em vigor (vacatio legis). Após esse prazo, pode ser aplicada em todo o
território nacional. E no território estrangeiro? Após a publicação, 3 meses.
Atenção, a sua prova vai insistir que ela entra em vigor após a sua publicação. Não, está errado.
Ela tem que ser aprovada lá no Congresso Nacional, depois publica-se no diário oficial, e após
45 dias ela valerá em território nacional. No exterior, ela estará em vigor 3 meses após a publicação.

princípio da irretroatividade: a lei penal não pode retroagir, não pode voltar. Ela só é
aplicada daqui para frente, essa é a regra. Ela só poderá retroagir para beneficiar o réu ou a
pessoa que estiver vinculada àquela legislação. As nomenclaturas novatio legis
incriminadora, novatio legis in pejus ou lex gravior, não podem retroagir. Porque são leis
que incriminam, que prejudicam e que agravam um crime.
Todos esses princípios são retirados do art. 1º, tanto do Código Penal quanto do Código
Penal Militar.
Você tem que pensar que o Direito é como se fosse uma casa. Nessa casa, há divisões
interna. O princípio da legalidade é a casa, porém eu tenho as divisões, que são a reserva
legal, a taxatividade, a anterioridade e a irretroatividade. Tudo isto está no art. 1º.
Fato típico é uma conduta criminalizada. É um fato que é considerado crime, é aquele que
está escrito na lei com o crime, o homicídio, lesão corporal, motim, revolta.
As nomenclaturas novatio legis incriminadora, novatio legis in pejus e lex gravior, não
podem retroagir. Porque são leis que incriminam e prejudicam o réu e que agravam um
crime.

Novatio Legis Incriminadora


Novatio Legis in Pejus Não podem retroagir
Lex Gravior
Não vimos esses 4 princípios no artigo 1º, mas fizemos uma interpretação extensiva dele.
Essa parte é o que cai em prova.
Retroatividade
Novatio Legis In Mellius (Nova legislação melhor)
Podem retroagir
Lex Mitior (Lei melhor)

No Direito Penal Militar existe o Abolitio Criminis, mas na sua prova e no código penal
militar, você não verá a palavra "abolitio criminis". É uma lei que vai abolir uma conduta que
é incriminadora. Por exemplo: adultério, o homem que era casado e traía a esposa. Ele
deixou de ser considerado crime, neste caso houve um abolitio criminis.
No Direito Penal Militar, não será chamado de abolitio criminis, será chamado de lei
supressiva incriminadora.
Na sua prova, pergunta assim: a lei supressiva incriminadora cessa todos os efeitos da lei, certo ou
errado? Errado, todos os efeitos, não. Porque os efeitos civis permanecem.
Por exemplo: o adultério é crime? Não. Posso colocar o efeito primário, pena base para a
mulher que traiu? Não. Porque não é crime. Efeito secundário? Também não, porque não é
crime. Mas se ele quiser buscar os direitos dele na vara cível, como danos morais, materiais
(dinheiro investido nela, como faculdade, personal etc), e pedir o ressarcimento do dinheiro
investido, ele tem todo esse direito. Mesmo que a conduta de adultério não seja mais crime,
porém os efeitos civis permanecem.
Entretanto, se aparecer na sua prova: a lei supressiva incriminadora cessa todos os efeitos penais,
certo ou errado? Certo, os efeitos penais acabam. Os efeitos civis prevalecem.

Lei supressiva incriminadora = Abolitio criminis


Nova lei que descriminaliza conduta, extinguindo a punibilidade. A punibilidade está dentro da
culpabilidade.

Neste caso, afastam-se os efeitos:


a) Primários - Pena base (aquilo que o indivíduo já cumpre preso)
b) Secundários - Reincidência

Tanto no Penal Militar quanto no Penal comum são iguais aqui, não há nenhuma distinção.

Obs.: Tem como eu extinguir o fato típico, a ilicitude e a punibilidade.


Quando se fala em crime, uma conduta para ser considerada crime, ela tem de ser um fato
típico, ilícito e culpável. O juiz vai analisar todos os requisitos, se faltar um, ele vai excluir.
Se faltou o fato típico, ele vai excluir a tipicidade dele. Por exemplo, quando se fala em
coação física, coagir fisicamente exclui o fato típico. (Pego a mão de alguém com uma arma
e aponto para outra pessoa e faço ele atirar = coação física).
Mas se eu coagir moralmente alguém, a culpabilidade será excluída, ou seja, exclui a
punibilidade desse agente. Seria o caso de um filho que é forçado a praticar um furto, sob a
ameaça de ver sua família ser morta pelos coatores.
Na legítima defesa, enquanto não cessar a injusta agressão, você pode atirar. É o caso de
um indivíduo armado que saca a arma e vai para cima de um policial. Você utilizou dos
meios necessários para repelir aquela injusta agressão. Depois
do ocorrido, houve o processo, essa conduta é crime? Sim,
matar alguém é crime, não exclui o fato típico. Eu tive dolo de
matá-lo? Sim, eu apertei o gatilho, eu quis matá-lo. O fato típico
está caracterizado. Assim, chega na ilicitude, existem as
excludentes de ilicitude: a 1ª.
Eu estava em legítima defesa? Sim. Porque eu usei dos meios
necessários para repelir/cessar injusta agressão.

Então, falou em Lei supressiva incriminadora, ela vai excluir a punibilidade do agente.
Ela cessa todos os efeitos penais, primários e secundários.

Se a prova falar que vai excluir a ilicitude do crime, está errado, é falso .

Combinações de leis
É vedada em nosso ordenamento jurídico, devendo o juiz avaliar a lei
separadamente no conjunto de suas normas.

A B Processo

Conduta

Existe a lei A e a lei B. Eu pratiquei uma conduta na vigência da lei A, e o meu processo foi na
vigência da lei B. A lei B revogou a lei A, posteriormente, veio a lei B e teve o meu processo. O que eu
sei é que tem que aplicar a lei mais benéfica. Como vou saber qual é a lei mais benéfica? O juiz vai
analisar, na lei A, ela fala que a pena é de 1 a 2 anos. Na lei B, ela fala que a pena, que é a nova lei,
de 1 a 3 anos. Aqui já identificamos que a lei B, em se tratando de pena base, ela é mais gravosa.
Tem como eu aferir que essa lei é mais benéfica? Não. Eu ainda tenho que ver progressão de regime.

No caso da lei A, a progressão de regime é com 60% da pena cumprida. No caso da lei B, é com 16%.
O juiz vai condenar nas duas leis e vai verificar qual lei é mais benéfica.

A x B

1.2 1.3

60% 16%

O advogado não pode aplicar a pena da lei A e a progressão da lei B, por exemplo. Porque se
o fizesse, o juiz estaria criando uma terceira lei. Ou seja, eu não posso combinar as leis. A
combinação de leis é vedada.
Vão aparecer na sua prova o crime permanente e o crime continuado. Quando se fala em
crime permanente, o agente pratica um só crime que se prolonga ao longo do tempo.
Exemplo: sequestro. O criminoso sequestra alguém e mantém essa pessoa em cárcere
privado. Ele comete um crime que se prolonga ao longo do tempo.
Crime continuado, o agente pratica dois crimes ou mais de mesma espécie. Tem doutrina
que fala 15 dias... Mas vamos supor que um indivíduo todos os dias, às 7 horas da manhã,
comete um furto no mesmo ônibus, e ele fez isso durante 20 dias. A doutrina e a
jurisprudência falam que em até 30 dias, se todos os dias ele praticar o mesmo furto, no
mesmo horário, da mesma espécie, tem que ser o mesmo crime, esse crime será
continuado. Lembre-se do roubo a ônibus, em que o bandido rouba um ônibus, depois
desce, entra em outro e comete outro roubo. Neste caso, ele está cometendo dois ou mais
crimes da mesma espécie, que é chamado de crime continuado.
Crime permanente é só 1 crime, crime continuado são dois ou mais crimes .

Crime permanente: Um só crime que se prolonga ao longo do tempo. A consumação se prolonga ao


longo do tempo, sendo crime único.
Crime continuado: Dois ou mais crimes da mesma espécie. O agente comete dois ou mais crimes da
mesma espécie.

Na sua prova vai aparecer o seguinte: a súmula vinculante 711, esta súmula fala que, para o
crime permanente e o crime continuado, poder-se-á aplicar a lei mais gravosa.
Lei A B
1 a 2 anos 10 a 40 anos

Conduta

Você cometeu um sequestro (conduta) na vigência da lei A. O sequestro se prolonga ao


longo do tempo. Antes de você cessar a conduta do sequestro, veio a lei B, e esta é mais
gravosa.
Aprendemos que devemos aplicar a lei mais benéfica, mas nos casos de crime permanente e
continuado, eu aplico a lei mais grave. É entendimento do STF, súmula 711. Se não fosse
crime continuado ou permanente, eu aplicaria a mais benéfica, a lei A.
Vamos supor que o peba começa a cometer um sequestro, no meio do sequestro ele pratica
um estupro. Durante o estupro, ele pratica tortura. Neste caso, eu aplico o crime
continuado? Sequestro, tortura e estupro são o mesmo crime? Não. Eu posso até aplicar o
crime permanente do sequestro; mas continuado, não. Quando se fala em crime da mesma
espécie, ele tem que praticar roubo, roubo e roubo. Estupro, estupro e estupro. Tem de ser
os mesmos crimes que ele está cometendo para ser caracterizado o crime continuado.
Obs.: Segundo a súmula 711, do STF, a lei penal mais grave aplica-se ao crime permanente e
continuado.

Temos as leis:
As leis temporárias são leis que foram criadas para tutelar eventos chamados períodos.
Período é todo aquele evento que desde a origem, ou até mesmo antes de começar, eu
já consigo dizer quando vai acabar. Exemplo: a lei geral da Copa América. Em 2014
tivemos a lei geral da Copa, editada pela presidente Dilma, e essa lei foi feita só para o
período da Copa do Mundo, é uma lei temporária.

A lei excepcional não tem um tempo determinado. A lei excepcional é uma lei que é
criada especificamente para tutelar um evento chamado circunstância. Exemplo:
guerra, não tem como estipular o dia que vai começar e o dia que vai terminar. Assim,
coloca-se uma lei excepcional que vai ficar vigente durante a guerra. Quando se fala em
Código Penal Militar, existem os crimes em tempo de paz, e existem os crimes em
tempo de guerra.

Deserção
Um ano bissexto é o ano que tem 29 dias.

O horário não importa, a prova o coloca


mais para confundir.

A DESERÇÃO ESPECIAL: UM TIPO PENAL DESNECESSÁRIO

Art. 190 do CPM traz a conduta descrita como crime a deserção realizada pelo militar que
deixa de se apresentar no momento da partida de navio, aeronave, ou força em
deslocamento em que serve.
Copa
A 2014 2021
Se houver uma abolitio criminis, cessa as circunstâncias ocorridas durante a vigência da lei.
Mesmo que você tenha cometido em 2014, você não pode ser punido posteriormente. Eu
posso suprimir a eficácia dessa lei, ou seja, posso aplicar um abolitio criminis aqui.
Você tem que saber o seguinte:
Em 2014, foi estipulada a lei da copa.
Durante 2014, nesse período de tempo, essa lei estava vigente. Vamos supor: insultar o juiz,
cuspir dentro do estádio, era considerado crime nessa lei temporária aqui.
Se durante a vigência dessa lei você praticar essas condutas, você poderia ser
incriminalizado. Posteriormente, em 2021, essa lei está valendo? Não. Em 2014 ela cessou a
sua vigência. Só que, em 2021, descobriu-se que um indivíduo insultou o juiz na lei da copa.
Essa lei pode alcançar aquele indivíduo para puni-lo? Pode. É a única possibilidade que
teremos de ultratividade gravosa. Isto é, ela vai ultrapassar a sua vigência para alcançar um
indivíduo que praticou uma conduta durante a sua vigência. Lei temporária e lei
excepcional, mesmo que cessada a sua circunstância ou seu tempo, ela pode alcançar os
indivíduos que praticaram a conduta durante a sua vigência. O nome disso é ultratividade
gravosa.
Lei temporária: terá um tempo determinado, dia de começo e fim. Lei da copa.
Lei excepcional: estará vigente nas circunstâncias determinadas. Em caso de guerra.
Obs.: Em caso de lei temporária e excepcional, continuam sendo aplicadas aos fatos
cometidos durante a sua vigência, ainda que decorrido o período de sua vigência.

Ultratividade gravosa
Local do crime
O Código Penal Militar é diferente do Código Penal em relação ao lugar do crime. Quando se
fala do CP, eu vou adotar uma teoria para descobrir qual é o lugar do crime. Lá, eu vou
adotar a teoria da ubiquidade; no CP Militar, para se descobrir o lugar do crime, Art. 6º, eu
tenho que verificar se o crime foi praticado por ação ou omissão. Assim, eu posso aplicar
tanto a teoria da ubiquidade quanto a teoria da atividade.
Se o crime for praticado por ação, neste caso adota a teoria da ubiquidade, para saber qual
vai ser o lugar do crime. Então, os crimes comissivos (praticados por ação), o lugar do crime
são os dois lugares, onde ocorreu e onde resultou, teoria da ubiquidade.
Se o crime for praticado por omissão, se o agente for omisso, neste caso eu vou aplicar a
teoria da atividade. Está no art. 6º do CP Militar.
Vamos supor que um policial está tomando cerveja em uma distribuidora em Aparecida de
Goiânia e chegam dois torcedores, um do Vila e o outro do Goiás. Os torcedores começam a
discutir e o policial pede para eles se acalmarem, os torcedores vão para cima do policial e
este saca a arma e dá um tiro em cada um. Os homens correm, atravessam a avenida, e
morrem em Goiânia. Qual é o local do crime? Para o CP Militar, o local do crime são os dois
lugares, porque o crime foi praticado por uma ação, crime comissivo.
Se fosse o crime praticado por omissão, o local do crime seria o lugar da omissão da
atividade, seria o lugar onde praticou-se a atividade criminosa/omissiva. Vamos supor que
você é um policial militar e comete uma tortura por omissão. Você vê uma tortura e tem o
dever de impedir, mas você não o faz. Neste caso, você vai responder por tortura? Você não
auxiliou, você não fez nada. Vai responder na modalidade omissiva.
Se o crime (por ação) ocorreu em aparecida e ele morreu em Goiânia, o lugar do crime são
os dois lugares. No caso do policial que cometeu, em tese, a tortura (por omissão), o lugar
do crime é onde cometeu-se o crime de tortura.
Teorias aplicadas:
Código Penal Militar Na sua prova, eles não vão colocar “crimes por ação”, mas sim “crimes
comissivos”. Comissivo é sinônimo de ação. Para os crimes por
Ubiquidade Ação/comissivos ação/comissivos, teoria da ubiquidade.

Atividade Omissão
A teoria da ubiquidade como considera o lugar do crime tanto o lugar
da ação ou omissão ou onde produziu o resultado, acaba ampliando o
Aplica-se a teoria da atividade para os crimes
conceito extensivo do crime. De modo que nesse cenário a lei vai ser
omissivos.
aplicada, independente onde ocorreu a conduta ou o resultado.

O Código Penal comum só adota a teoria da ubiquidade.

Tempo do crime O Direito Penal comum estabeleceu para o tempo do crime a chamada teoria da
atividade. No Direito Penal Militar foi adotada a mesma teoria. Ou seja, o Direito
CPM = CP
Penal Militar e o Direito Penal comum adotaram a mesma teoria quando tratamos
Teoria da Atividade do tempo do crime.

Na sua prova vai aparecer: em se tratando do tempo do crime, o CPM é diferente


do CP. Falso. Falou em tempo do crime, qual teoria vou adotar aqui? Teoria da
atividade, tanto no COM quanto no CP.

Na sua prova, dificilmente vão colocar a palavra "tempo", vão usar a palavra "momento".
O menor não comete crime, e sim ato infracional. Posto isto, na última prova da Policia
Militar caiu uma questão que dizia o seguinte: "Um jovem de 17 anos de idade sequestrou a
sua ex-namorada, manteve-a em um cativeiro e, além disso, durante 30 dias nesse cativeiro,
ele a estuprou. A partir do décimo primeiro dia, ele completou 18 anos e cessou a atividade
de estupro. Dez dias após ele cometer o sequestro e se tornar maior, a polícia estoura o
cativeiro e resgata a vítima.
Qual crime esse jovem cometeu?
Esse cidadão, durante 30 dias, além de sequestrar, estuprou a ex-namorada. Ele cometeu
crime? Não, ele cometeu ato infracional, que é análogo a um crime. Como ele é
Estatuto proíbe que criança abaixo de 12 anos seja levada à Fundação
Casa
Medidas socioeducativas só podem ser aplicadas para adolescentes.
Menino de 10 anos foi morto após furtar carro e confrontar a polícia.
Do G1 São Paulo
adolescente, tem 17 anos, poderia ser aplicado para ele uma medida socioeducativa ou uma
medida protetiva. Eu não posso prendê-lo, posso apenas aplicar medida socioeducacional.
O juiz só poderá pô-lo em um sistema educacional, não prisional. Quando se tratar de
criança, só posso aplicar medida protetiva, eu não posso aplicar medida socioeducativa para
criança.
A partir do décimo primeiro dia, ele cessou o estupro, e nesse momento a polícia estourou o
cativeiro. Do dia 30 até o dia 11, ele cometeu crime? Sim, porque ele era maior. Qual crime
que ele cometeu? Sequestro/cárcere privado. Foi o único crime que ele cometeu, essa é a
única resposta certa.
18 anos
17 anos 30 11

30 dias

Porque quando ele cometeu o estupro e o sequestro no primeiro momento, ele era menor.
A partir do dia 30, que ele ficou de maior, até o dia 11, ele cessou o estupro e passou a
responder criminalmente só por sequestro. Isto é chamado de crime permanente.
Na prova, eles vão misturar Dir. Penal com Dir. Penal Militar. No começo é difícil, mas com o
tempo aprende-se a diferenciá-los.

Macete:
Código Penal Militar LUATA
LUGAR Para se adotar a teoria da ubiquidade, esse
crime tem que ser praticado por ação. Na sua
UBIQUIDADE Ação/Comissivo
prova vai vir "comissivo", que é a mesma coisa.
ATIVIDADE Omissão Para saber onde, o espaço onde aconteceu, eu
vou adotar a teoria da ubiquidade se o crime for
TEMPO praticado por ação.

ATIVIDADE
Se o crime for praticado por omissão, eu vou
aplicar a teoria da atividade, onde foi praticada
Ação/Omissão a conduta criminosa. O cidadão cometeu o
crime na modalidade omissiva.

Quando se fala de tempo do crime, quer-se saber do


momento. Quando o indivíduo tem 17 anos e se torna maior,
se ele cometer a atividade criminosa entre 17 e 18 anos, eu
adoto a teoria da atividade para saber o momento que ele
praticou, qual horário. Se ele praticou antes dos 18, ele era
menor, não aplico. Porque, no momento, ele era menor.

Vamos supor que a polícia está fazendo a ronda e chega um cidadão na viatura e fala para
os policiais que ele acabou de ser roubado e que o bandido está virando a esquina logo a
frente. A polícia vai atrás e pega o criminoso e leva para a delegacia e faz todo o
procedimento, corpo de delito etc., estendendo-se a noite toda. Quando deu 3 horas da
manhã, termina a ocorrência. Lá na delegacia, descobre-se que o criminoso era menor, mas
no momento em que ele foi apresentado na delegacia, ele era maior. Neste caso, ele
cometeu crime ou ato infracional? Teoria da atividade. Porque vou adotar a teoria da
atividade? Porque no momento em que ele cometeu aquela atividade, ele era menor.
Então, nesse caso, não aplicarei a lei penal.

Código Penal LUTA


LUGAR
UBIQUIDADE Ação/Omissão

TEMPO Momento

ATIVIDADE Ação/Omissão

A Teoria mista ou da ubiquidade é adotada pelo Código Penal brasileiro, de acordo com o
art. 6º: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
No Direito Penal comum, quando falar do lugar do crime, só tem uma teoria, a ubiquidade,
por ação ou omissão.
Um bandido estourou um caixa eletrônico em Goiânia, e você, na posição de polícia, fez um
acompanhamento tático até Minas Gerais, qual é o lugar do crime? Os dois, no momento
em que ele praticou e no momento em que você o pegou.
O que vai mudar no CPM em relação ao CP comum é que no CPM adota a teoria da
ubiquidade e a teoria da atividade no Lugar do crime. É isso que vai cair na sua prova, eles
vão comparar os dois códigos e perguntar o que vem a ser diferente aqui.
Quando formos adentrar no artigo 9º, você vai ver que... por isso que você tem que saber se
o militar é estadual, federal, qual crime que ele cometeu, porque a regra, quando é crime
doloso contra a vida, quem é responsável por julgar? O tribunal do júri que vai ser
responsável por julgar o crime doloso contra a vida.
No caso do CPM, se for crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, se for
militar federal, no exercício de suas funções, garantia da lei e da ordem, sentinela, plantão...
Se ele matou um civil dolosamente e ele está em exercício de suas funções, é competência
da justiça militar.
Se for um militar estadual, durante a sua atividade policial ele matar um civil dolosamente, é
competência da justiça comum.
Vamos supor que um militar federal, em seu horário de folga, comete um homicídio doloso
contra a vida de um civil. Aqui, é competência da justiça comum. Só vai ser competência da
justiça militar federal se esse militar estiver em serviço. Se ele estiver em lei de garantia da
lei e da ordem, sentinela... Se estiver em um dos serviços, aí sim será considerado
competência da justiça militar.

Posteriormente, quando estivermos no artigo 9º, que são os requisitos para você saber
quando vai ser crime militar ou não, vamos anotar aqui.

Dica importante
Vamos supor que você cometa um ato de transgressão disciplinar, eu posso aplicar o CPM?
Não, não posso aplicar. O CPM aplica-se somente aos crimes militares. Transgressão
disciplinar aplica o regulamento de cada instituição, a polícia militar, as forças armadas,
cada polícia vai ter o seu regulamento interno e vai decidir o que é transgressão disciplinar
militar. Então, transgressão disciplinar militar não será abarcado pelo CP. Vai pedir na sua
prova.
Outra coisa, vamos supor, lá nos remédios constitucionais existe o Habeas Corpus (HC). Se
você tiver a sua liberdade restrita ilegalmente, neste caso você vai utilizar o Habeas Corpus,
ele pode ser preventivo ou repressivo. Antes de você sofrer uma ilegalidade da sua
liberdade, você pode impetrar um habeas corpus. Ele é gratuito e não tem formalidade. Não
há formalidade para a elaboração do Habeas Corpus, podendo, por exemplo, ser manuscrito
pela própria pessoa.
Agora, vamos supor que você é militar e cometeu uma transgressão disciplinar e pegou uma
prisão de 10 dias. Pergunta: o militar pode ser preso por atos disciplinares? Pode. Você foi
preso por 10 dias e achou que é ilegal, você pode entrar com Habeas Corpus? Não. Não
cabe Habeas Corpus para transgressão disciplinar.
Vamos supor que você cometeu um crime militar. Na Constituição Federal, ela vai trazer os
crimes que são inafiançáveis. Quais são os crimes que não cabem fiança? Racismo, ação de
grupos armados, crimes hediondos, tortura, tráfico e terrorismo. Estes são crimes que não
são afiançáveis, não cabe fiança. Mas cabe liberdade provisória? Você pode responder o
processo em liberdade? Pode, mas você vai resolver o processo em liberdade sem fiança.
Agora, se você cometeu um crime militar, você pode responder em liberdade? Pode. Não
cabe fiança para o crime militar. Está no Código de Processo Penal Militar e no CPP comum.
O crime militar é inafiançável também, não cabe fiança para os crimes militares.
Crime hediondo não é o crime asqueroso, não é isso. São políticas públicas, o legislador
simplesmente decidiu que aquela conduta é crime. Não é porque é nojento, não. Só vai ser
considerado hediondo o que está previsto em lei. O estupro é? Sim, está expresso como
crime hediondo.
Vamos supor que o militar cometa, dentro de uma unidade militar, um estupro contra outra
militar. Dentro do CPM tem o crime de estupro? Tem, tem tudo dentro do CPM. Está
caracterizado crime militar? Um militar na ativa contra outro militar na ativa dentro de uma
unidade militar é sim considerado crime militar. Esse crime praticado por esse militar é
crime hediondo? Não. Dica para você: dentro do CPM não existe nenhum crime hediondo.
Só há duas condutas que são consideradas crimes hediondos que estão fora do CP, as outras
condutas estão todas dentro do CP. É o Art. 16, do estatuto do desarmamento, lei 10.826.
(Se você for pego portando ou possuindo arma proibida, porque arma restrita não é mais
considerada crime hediondo, somente arma proibida. Aí sim vai ser considerado crime
hediondo) E o crime de genocídio. Somente estes estão fora do Código Penal. Então,
somente os códigos tipificados no CP e estes dois que vão ser crimes hediondos. O CPM não
está abarcado pelos crimes hediondos, não colocaram lá. Então, homicídio qualificado,
estupro, sequestro, sequestro mediante resultado morte, não vão ser considerados crimes
hediondos.
Os crimes hediondos são somente um tratamento diferente, um sistema mais rigoroso. Por
exemplo: não cabe fiança, a progressão de regime é maior, o cara tem que ficar mais tempo
no regime rigoroso para progredir para um regime menos rigoroso. Então, são aqueles que
estão previstos na lei dos crimes hediondos, e lá não tem nenhum crime militar considerado
crime hediondo.
Existem os crimes propriamente militares e os impropriamente militares.
Lembre-se: não existe nenhum crime hediondo dentro do CPM. Transgressão disciplinar,
cabe Habeas Corpus no DPM? O artigo 142, 2.º, da Constituição Federal dispõe que: Não
caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, entretanto, a doutrina e
jurisprudência entendem que não cabe habeas corpus no tocante ao mérito das punições
disciplinares. Cabe fiança para os crimes militares? Não. Outra coisa, militar para prender
outro militar, ele tem que ser de igual posto ou superior. Tem como um cabo prender um
sargento? Vamos supor que um sargento esteja dando tiros para cima em via pública e
chegam 2 soldados em uma viatura para atender. O sargento está cometendo crime?
Disparar arma de fogo em via pública é um crime subsidiário, a intenção dele é só dar tiro. O
crime está no Art. 15, da lei 10.826. Os 2 soldados podem fazer a detenção dele? Pode. Mas
não pode conduzi-lo. Devem pegá-lo, fazer a detenção, e pedir um superior para fazer a
condução dele.
Se você estiver em uma ocorrência e se deparar com um militar, você tem que verificar qual
que é a patente, o posto, ou a graduação dele. Se você conduzi-lo, você cometerá
transgressão disciplinar ou até crime militar. Soldado só prende soldado, não há problema.
Ele não pode prender o cabo, o sargento, o tenente, ele pode fazer a contenção deles,
desarmar e algemar, e depois ligar no COPOM (centro de operações da PM), que tem um
capitão de supervisão, e pedir o deslocamento do coronel até o local para fazer essa
apreensão dele. Sargento prende todos.

Dicas
I. A justiça militar estadual não julga o civil. A Justiça Militar Estadual pode julgar civil?
Não. Mas a justiça militar federal pode julgar civil? Sim. Existem algumas justiças, alguns
tribunais superiores de segunda instância que são raiz, que nasceram justiça militar. Hoje,
no Brasil, nós só temos 3 tribunais superiores militares das polícias militares. Rio Grande do
Sul, Minas Gerais e São Paulo são os três estados que possuem uma justiça militar. Para se
compor um tribunal de justiça militar, tem que ter um efetivo superior a 20 mil homens, aí
pode-se criar um tribunal de justiça militar. Nos outros estados, é a justiça comum, mas tem
um órgão interno que vai ficar responsável pelos crimes militares.
Atenção: Na Justiça Militar Estadual, eu terei 1 juiz de direito, que é um civil, e terei 4
coronéis.
O juiz, na vara estadual da Justiça Militar Estadual, julga todos os crimes militares. Quando
se fala do conselho, o conselho que é formado pelo juiz e 4 coronéis vão julgar o restante
dos crimes. O juiz que vai presidir a sessão.
Quando se fala de justiça militar federal, aqui é diferente, vão ser 4 generais superiores e 1
juiz auditor. O juiz auditor na instância federal militar não julga nada sozinho. E quando se
fala em justiça militar federal, o general mais antigo que vai presidir a sessão, não o juiz.
O juiz auditor lá na esfera federal militar, ele é mero espectador. Ele não vai julgar ninguém
sozinho como na Justiça Militar Estadual. A Justiça Militar Estadual não julga civil, mas a
justiça militar federal pode julgar.
II. Crimes militares não cabe fiança.
III. Transgressões disciplinares militar não cabe habeas corpus.
IV. Um estado para compor uma justiça militar deve possuir, no mínimo, 20 mil
militares em atividade.
V. O militar só poderá ser preso por outro militar de igual posto ou superior.

Neste caso, estou falando do DPM, mas se esse militar cometer um crime comum, se um
policial civil, penal ou guarda municipal, o vir praticando um crime e conseguir fazer a
detenção dele e levá-lo ao delegado, pode prendê-lo. O delegado vai acionar a corporação
dele e ele vai ser encaminhado para lá. Ele não pode ficar em presídio comum ou cela
comum.
Então, se ele pertence às forças armadas, um militar das forças armadas está praticando
uma conduta criminosa, a polícia civil, ou militar, o pegou e o levou para a delegacia,
registra as ocorrências, aciona a região militar dele, a unidade militar, para fazer a condução
dele e levá-lo. Ele vai responder normalmente ao crime comum, porém ele ficará preso em
um presídio militar. Outra coisa, militar não pode ficar preso em presídio comum, é a regra.
Só há uma exceção, se não houver vaga. Se não houver vaga, ele pode ir para um presídio
comum, só que nesse presídio comum, ele tem que ficar separado dos demais presos.
Terminou o inquérito policial, ele vai ficar preso na unidade militar dele, só que quem vai
decretar a prisão preventiva ou temporária, é o juiz comum. Hierarquia é só dentro da
corporação, não entre as forças, polícia civil, polícia militar. Mesmo ele cometendo um
crime militar ou um crime comum, se for um militar para prender outro militar, ele tem que
ser de igual posto ou superior. Agora, as outras forças, não. Qualquer uma pode fazer a
prisão dele, até o povo pode.

A lei maria da penha, em regra, ela não traz crime. A lei maria da penha traz mecanismos
em regra de proteção à mulher. O que vai cair na sua prova, a lei maria da penha é aplicada
somente à mulher.
Lá no artigo 9º tem os requisitos para saber se vai ser crime comum ou militar. A respeito de
violência doméstica, vamos supor que um militar da ativa é casado com outra militar da
ativa e lá na casa dele, ele comete um crime contra outro militar da ativa. Um militar da
ativa que comete um crime contra outro militar da ativa, pratica crime militar. Só que esse
crime militar, como está na legislação comum, ele é crime impropriamente militar. Nesse
aqui que é militar contra militar, eu vou aplicar esse crime militar e os dispositivos da lei
maria da penha. Ele cometeu violência doméstica, mas é considerado crime militar.
Tinha uma súmula que falava que o abuso de autoridade não era crime militar. A partir da
mudança do nosso código penal, o art. 9º, hoje o abuso de autoridade, todas as realizações,
se enquadrar no artigo 9º, que passarei os requisitos posteriormente, vai ser considerado
crime militar. Essa súmula que fala que abuso de autoridade não é crime militar já foi
superada, ela não vale mais. E, na verdade, abuso de autoridade é sim considerado crime
militar, que veremos em outra aula os requisitos para saber se é crime militar ou é crime
comum.
Se é militar federal, esse militar estava de serviço? Se sim, é competência da justiça militar
federal.
O policial militar no horário de folga ou de serviço mata um militar das forças armadas que
estava em serviço. Crime militar federal, da competência da justiça militar federal.
Um policial militar mata um militar das forças armadas em horário de folga, nesse caso vai
ser crime comum, vai para o tribunal de justiça.
Tem divergência do homicídio doloso praticado contra os militares, só que na sua prova não
vai adentrar muito, não, porque tem muita divergência.

Dica

Quando se fala de territorialidade e extraterritorialidade, você tem que tomar cuidado


porque aqui no CPM é diferente do CP. No CP, no art. 7º, ele vai trazer a territorialidade, a
extraterritorialidade, aí existe a extraterritorialidade condicionada ou incondicionada.
Porque que ela é incondicionada? Porque ela não depende de requisitos. Praticou o crime
contra a vida, contra a honra do presidente da república, essa extraterritorialidade é
incondicionada, aplica a lei brasileira. Se for outro crime, depende se essa conduta é crime
lá nesse país, se aqui é crime também. Se esse agente adentrou no nosso país, então tem
alguns requisitos. É condicionado alguns requisitos para aplicar a extraterritorialidade,
porque é aquele crime cometido no exterior.
No CP, a regra que eu aplico é a territorialidade. Todo crime dentro do território nacional,
eu vou aplicar, e com excepcionalidade, o crime praticado no exterior vai ser julgado no
Brasil.
Já no CPM, é diferente. Aqui a territorialidade e a extraterritorialidade é regra. Não importa
se o crime foi praticado no Brasil ou foi praticado fora, aplica-se a lei penal castrense, a lei
penal militar. Então, lá no CP comum, a extraterritorialidade é exceção. Aqui no CPM ela é
regra.
O que é a territorialidade: eu aplico a lei penal militar ou a lei penal em todo o território
nacional.

Se um dos atos aconteceu dentro do território nacional, é


territorialidade. Neste caso, a execução iniciou-se no
Brasil, mas o resultado ocorreu na Argentina. É, portanto,
territorialidade.

Isso cai muito em prova


Vamos supor que um militar aqui no Brasil tem um relacionamento com uma moça lá na
argentina, e essa mulher rompeu o relacionamento com esse militar. Esse militar, não
aceitando o fim, o término do relacionamento, ele pega uma bomba, coloca em uma caixa e
manda via Sedex lá para a Argentina, para a ex-namorada dele. Ele fala para ela, "Olha,
estou lhe enviando um presente pelo tempo que estivemos juntos aí". Quando ela abre lá
na Argentina, explode. A conduta aconteceu na Argentina. Pergunta: Estou falando de
territorialidade ou extraterritorialidade? Resposta: Territorialidade. Quando que vou saber
que é territorialidade? Se um ato acontecer no território nacional, eu vou aplicar a lei
brasileira. Não importa se é a ação ou o resultado. Se um dos atos aconteceu dentro do
território nacional, é territorialidade. Neste caso, a execução iniciou-se no Brasil, mas o
resultado ocorreu na Argentina. É, portanto, territorialidade.
Vamos supor que você esteja na fronteira trabalhando na força nacional, você é um Policial
Militar do estado de Goiás, mas você está na fronteira. Assim, você começou um
acompanhamento e efetuou disparo contra um cidadão no Brasil, mas esse cidadão
atravessou a fronteira e morreu na Colômbia. Pergunta: Estou falando de territorialidade ou
extraterritorialidade? Resposta: Territorialidade, porque um dos atos de execução ocorreu
no Brasil. Não importa se é o resultado, se é a conduta. Aconteceu 1 ato em território
nacional, é considerado territorialidade.
O que é extraterritorialidade? Vamos supor que houve um homicídio na Colômbia, ele
começou e terminou na Colômbia. O crime foi praticado na Colômbia. Neste caso, tanto o
ato de execução quanto o resultado ocorreram no exterior. Ou seja, estou falando de
extraterritorialidade. Quando se fala de CPM, não importa, extraterritorialidade aqui é
regra. Aplica-se a lei penal militar.
No CP comum, a extraterritorialidade é exceção. Lá no art. 7º há as situações que eu vou
aplicar a lei brasileira. Pode ser aplicada incondicionalmente e condicionalmente. Você tem
que tomar cuidado. Quando fala assim "aplica-se a extraterritorialidade", aí tem a
incondicionada e a condicionada. Ele não está falando de processo penal, não fala de
condições da pessoa ir denunciar. Porque quando falamos de processo penal, existe ação
penal pública condicionada e incondicionada. A condicionada, que depende de
representação; e a incondicionada, que não precisa de representação.
Quando está falando de extraterritorialidade lá do CP comum, ele não está falando de
representação. Ele está falando de requisitos. É condicionado alguns requisitos para aplicar
a lei brasileira em caso de extraterritorialidade.
A extraterritorialidade no CPM é regra, não tem exceção. Vamos supor que um militar esteja
fazendo um curso em Israel, e lá em Israel ele comete um crime. Neste caso, quando ele
retornar para o Brasil, ele vai ser criminalizado por aquela conduta, sendo aquela conduta
crime em Israel e aqui. Assim, vou aplicar a extraterritorialidade incondicionada aqui.
Você vai se lembrar da CIDA e da territorialidade para anotarmos aqui. Não colocarei agora,
mas vou explicar.
CIDA
Computa a pena se Idêntica
e
se Diversa a pena Atenua

Vamos supor que um militar (crime militar) praticou um crime lá no Paraguai. A ação e o
resultado foram no Paraguai (extraterritorialidade). Ele foi condenado e preso no Paraguai,
pegou 10 anos de cadeia lá. Cumpriu a pena dele, foi solto, e retornou para o Brasil. A
justiça penal militar pode condená-lo novamente aqui? Pode e deve. E ele vai ser
condenado na justiça militar novamente.
Neste caso, o que você tem que aplicar? Você deve se lembrar da tia CIDA. Se a pena
cominada for idêntica, se ele foi condenado a 10 anos lá, e aqui ele foi condenado a 10 anos,
computa a pena. Pena idêntica, computa. Agora, se a pena dele lá foi 10 anos, e aqui no
Brasil ele foi condenado a 15, o que eu vou fazer? Atenuar. Então, ele tem que cumprir mais
5 anos. Se diversa a pena, atenua. Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Se o indivíduo foi condenado a 10 anos fora, e 5 em solo nacional, não há o que fazer. Fica
por isso mesmo.

Questões
Aspirante da polícia militar
1. No que concerne ao Código Penal Militar, assinale a alternativa correta.

A O lugar do crime, quanto aos crimes comissivos, é regido pela teoria da ubiquidade.

B A suspensão condicional da pena se aplica, ainda que em tempo de guerra, ao crime de


violência contra superior.

C Com relação ao tempo do crime, o Código Penal militar filiou-se à teoria do resultado.

D Para os efeitos da lei penal militar, consideram-se como extensão do território nacional as
aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, desde que
não sejam de propriedade privada.

E Os crimes militares, em tempo de paz, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão de competência da Justiça Militar da União.

Respostas:

A Quando se fala de crimes comissivos, são crimes por ação. E o crime por ação é regido
pela teoria da ubiquidade. Certo.

B Falso, a suspensão condicional da pena em tempo de guerra não se aplica violência ao


superior.

C Falso. Com relação ao tempo do crime, momento (só tem a teoria da atividade para o
tempo do crime). Tanto no DPM quanto no DP comum, eles vão insistir nessa teoria do
resultado. Tanto no lugar do crime quanto no momento. A prova vai insistir nessa teoria do
resultado, existe essa teoria, porém não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico.

D Falso. Aeronave ou navio que estiverem militarmente ocupados, ou sob o comando


militar, público ou privado, onde quer que eles se encontrem, são considerados territórios
nacionais por extensão. Se acontecer um crime dentro deles, eu utilizo a territorialidade.
2. Sabe-se que no meio militar a hierarquia e a disciplina possuem fundamental
importância, com vistas ao regular cumprimento das ordens emanadas pelos
militares superiores hierárquicos. Nesse contexto, é importante definir o conceito de
“superior". Assim, de acordo com o Código Penal Militar, considera-se “superior”, para
efeito da aplicação da lei penal militar:

A o militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou
graduação.

B os militares apátridas ou brasileiros que perderam a nacionalidade.

C os juízes, os representantes do Ministério Público e os funcionários da Justiça Militar.

D qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças


armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.

E a pessoa que assim se declarar perante as autoridades brasileiras ou estrangeiras,


militares ou não, em tempo de guerra.

Respostas:

A Certo. superior é aquele militar de igual posto ou patente, que exerce uma função de
chefia. Vamos supor que eu tenha 2 coronéis, coronéis são iguais, mas um coronel, ele é
comandante regional; e o outro coronel é subcomandante regional. Neste caso aqui,
porque ele está exercendo uma função de comando, ele será superior. Se há um coronel de
igual posto ou graduação e ele exerce uma função de superior ou chefia, ele será
considerado superior.

B Errado. Ele quer saber o conceito de “superior”. O conceito de superior é a letra A . Os


apátridas, não. Estes nem tem pátria, como é que vão ser militar?

C Errado. Juiz não é considerado militar.

D Errado.

E Errado, óbvio.

3. Analise as afirmativas abaixo, colocando entre parênteses a letra V, quando se


tratar de afirmativa verdadeira, e a letra F quando se tratar de afirmativa falsa. A
seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

(F) A competência da Justiça Militar acaba por se confundir com o conceito de crime militar,
vez que sempre compete a uma Justiça Militar - estadual, distrital ou da União - o processo e
julgamento dos crimes militares.

(F) A chamada “Regra dos 6 passos” permite diferenciar a lesão corporal grave da leve.
(V) Mesmo antes da vigência da lei 13.491/2017, a redação da cognominada “Lei dos crimes
hediondos” não impedia sua aplicação ao crime militar de tráfico de drogas.

A F - F - V.

B V - F - F.

C F - V - F.

D V - F - V.

E F - F - F.

Respostas

I) Falso, nem sempre a Justiça Militar vai julgar crimes militares. Os crimes Militares podem
ser tanto Militares próprios (crimes que só existem no CPM, exemplo é a Deserção) e os
crimes militares impróprios (Crimes que existem em outras leis, exemplo Homicídio, que
está presente no CP e no CPM). Olha um exemplo extraído do CPM: Art. 9º, § 1º Os crimes
de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil,
serão da competência do Tribunal do Júri. Tal artigo, é uma maneira legal de dizer que a
alternativa é falsa.

II) A Regra dos 6 passos: diferencia lesão levíssima. A regra dos 6 passos é um método de


se chegar à lesão corporal levíssima, prevista no CPM, pois não há uma definição legal do
que venha a ser lesão corporal de natureza levíssima. Sendo assim, são adotados os
seguintes passos para a sua configuração, quais sejam: Passo 1: não causa perigo de vida;
Passo 2: não causa qualquer debilidade de membro, sentido ou função nem por brevíssimo
período de tempo; Passo 3: não incapacita para as ocupações habituais, nem por
brevíssimo período de tempo; Passo 4: não causa nenhuma enfermidade, nenhuma
incapacidade de membro, sentido ou função, nem por brevíssimo período de tempo; Passo
5: não causa incapacidade para o trabalho nem por brevíssimo período de tempo e Passo
6: não causa qualquer deformidade.

III) o item III está correto segundo a bibliografia adotada para o concurso.


O autor defende, mesmo antes da alteração do CPM em 2017, que em relação ao crime de
tráfico do CPM, é possível adotar a lei de crimes hediondos. Ele escreve um artigo enorme
defendendo tal aplicação, dizendo, inclusive, que o crime de tráfico não é hediondo, mas
apenas equiparado a tal, por isso seria possível a aplicação ao Código Castrense. Verdadeiro
- não há nenhuma vedação na referida lei.

4. Para os efeitos da aplicação da lei penal militar, é CORRETO afirmar:

a ( ) O militar da reserva conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou


graduação, somente quando contra ele é praticado crime militar.
b ( ) O oficial da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do
posto, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar, o que não ocorre com o
praça, por não haverem tais prerrogativas em relação à sua graduação.

c (X) O militar da reserva, ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se


ao militar em situação de atividade, para efeito da aplicação da lei penal militar.

d ( ) O militar da reserva ou reformado não goza de prerrogativas do posto ou graduação


relativos à aplicação da lei penal militar.

Respostas

a. errada! Pela redação do art. 13 do Código Penal Militar, “o militar da reserva, ou


reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito
da aplicação da lei penal militar,  quando pratica ou contra ele é praticado crime militar”.

b. errada! Narra o art. 13 do Código Penal Militar que, tanto o praça quanto o oficial,
conservam as responsabilidades e prerrogativas do posto, quando pratica ou contra ele é
praticado crime militar.

c. Está correto, haja vista que de acordo com o art. 12 do Código Penal Militar, “o militar da
reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situação
de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar”. O Policial Militar, o militar, não
aposenta. Ele vai para a inatividade, e na inatividade ele pode ser considerado reserva ou
reformado. São as duas situações em que ele pode estar, na reserva ele pode voltar, a
qualquer momento ele pode ser acionado. O reformado não volta mais. O militar
reformado é aquele que está, definitivamente, aposentado ou afastado do serviço.  Nesta
situação, enquadra-se inclusive Jair Bolsonaro.

d. errada! De acordo com o art. 13 do Código Penal Militar, o militar da reserva ou


reformado goza de prerrogativas do posto ou graduação relativos à aplicação da lei penal
militar. Ele goza sim. Ele é militar para o resto da vida, ele leva o posto e a graduação na
qual aposentar.

Veja, a seguir, a diferença entre as três condições

Reserva
Diferentemente dos empregos civis, o militar em condição de reserva remunerada está
sujeitos "à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização", conforme a
lei 6.880, de 1880. Ou seja, em situações extremas  — como estado de emergência ou guerra
— eles ainda podem ser convocados para trabalhar.

Reforma
O militar reformado é aquele que está, definitivamente, aposentado ou afastado do serviço.
Nesta situação, enquadra-se inclusive Jair Bolsonaro.
Um militar da ativa ou de reserva passa à situação de reformado após "ter atingido a idade
limite de permanência na reserva, por invalidez ou ou incapacidade física definitiva, por
sentença judiciária condenatória à reforma, passada em julgado" ou "por ter sido julgado
incapaz, profissional ou moralmente em processo regular", nos termos da lei 1.029 de 1969.

Ativa
Segundo a lei, o militar em serviço ativo é aquele que está desempenhando "cargo, comissão,
encargo, incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza
militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presidência da
República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos demais órgãos
quando previsto em lei, ou quando incorporados às Forças Armadas".

5. Sobre a aplicação da Lei Penal Militar, analise as afirmativas a seguir:

I. O Código Penal Militar adotou, para a lei penal militar no espaço, tanto a regra da
territorialidade quanto a regra da extraterritorialidade. II. A lei posterior que favorece o
agente não pode ser aplicada retroativamente quando já tenha sobrevindo sentença
condenatória irrecorrível. III. As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo
da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. IV. A
lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Estão CORRETAS

A I e II, apenas.

B I, II e IV, apenas.

C I, III e IV, apenas.

D II, III e IV, apenas.

E I, II, III e IV.

Respostas

I. Correta. Aqui, a extraterritorialidade e a territorialidade é regra. No CP comum a


extraterritorialidade não é regra, é exceção. O CPM adota a territorialidade (aplicação do
CPM no território brasileiro) e a extraterritorialidade incondicionada (aplicação do CPM fora
do território nacional).

II. Incorreta. Se o indivíduo já teve a sentença, ele está cumprindo pena, e veio lei posterior,
que é mais benéfica, eu vou aplicar para ele sim.
III. Correta. Art. 3º, do CPM: as medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo
da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

IV. Correta.  Sendo hipótese de ultratividade da lei penal, que é quando uma lei revogada
continua a regular os fatos praticados na sua vigência (GRECO), prevista no art. 4 do CPM.

6. Sobre a aplicação da Lei Penal Militar no tempo, analise as afirmativas a seguir:

I. O conflito intertemporal, em regra, soluciona-se com a irretroatividade da Lei Penal


Militar.

II. A retroatividade e a ultratividade da Lei Penal Militar representam o reconhecimento da


aplicação de uma lei penal militar em um período fora de sua vigência ou eficácia. Podemos
exemplificar com a Lei Militar temporária.

III. Se uma Lei Penal Militar retira do ordenamento jurídico um tipo penal previsto em Lei
anterior, essa nova norma não pode retroagir no tempo, diante das peculiaridades
inerentes à justiça castrense.

IV. O Código Penal Militar brasileiro adotou a teoria da ação ou da atividade para definir o
tempo do crime.

Estão CORRETAS

A I e II, apenas.

B I e III, apenas.

C II e III, apenas.

D I, II e IV, apenas.

E I, II, III e IV.

Respostas

I. Correta.

II. Correta. Quando se fala da retroatividade e da ultratividade, a lei está sendo aplicada em
um momento anterior à sua publicação ou posterior, que é a ultratividade, depois de
cessada a sua vigência. Ela será aplicada. A lei temporária, por exemplo, pode ser aplicada
posteriormente, se a conduta foi praticada durante a sua vigência. Art. 4º A lei excepcional
ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Por exemplo, uma lei de 1990 estipula uma pena de 2 anos de prisão para o acusado, sendo
que em 2000 esta lei é revogada e em substituição a pena é agravada para 4 anos de
reclusão para o condenado.

O acusado está em julgamento em 2002, respondendo por um crime cometido em 1998. De


acordo com o princípio do tempus regit actum, o Direito Penal prevê que o réu deve ser
julgado com base na legislação de 1990, que estava em vigor na época em que praticou o
crime.

III. Incorreta.  Art. 2°. § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o


agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença
condenatória irrecorrível.

IV. Correta.

O alto-mar é um local onde nenhum país exerce soberania, bem como o espaço aéreo do
alto-mar.

A Constituição vale dentro do Brasil; fora, ele se compromete a cumprir os tratados


internacionais.

Extraterritorialidade incondicionada = o Brasil vai julgar independentemente do que ocorrer


lá fora. Se o indivíduo for absolvido, se estiver extinta a punibilidade lá fora, se lá não for
crime, não interessa. Aqui no Brasil, ele será julgado.

No inciso 1º, do artigo 7º, eu tenho a extraterritorialidade incondicionada. E no inciso 2, a


extraterritorialidade condicionada.

Fim da Aula 1
11. Direito Penal Militar - Jacksfran - Dia 22 de janeiro de 2020 - Aula 2

Nesta aula, veremos territorialidade e extraterritorialidade mais a fundo. Eu expliquei na


aula anterior, mas não anotamos. Vimos, na aula anterior, o lugar do crime, tempo do
crime, momento do crime. Falamos da teoria da ubiquidade, teoria da atividade.

Quando se fala de territorialidade e extraterritorialidade no Penal Militar, aqui é regra. Lá no


Código Penal comum, ela é exceção, existe as condições para se aplicar a lei militar.

Territorialidade e extraterritorialidade

Quando se trata de civil, não há a possibilidade da Justiça Militar Estadual julgar. Em se


tratando de prisão militar, segundo o CPM, não cabe fiança. E prisão disciplinar não cabe
habeas corpus.

Menagem, no CPM, é uma prisão temporária. É uma prisão preventiva.


O desertor é aquela pessoa que já é militar. O insubmisso é aquele que se alistou, mas não
se apresentou para servir nas forças armadas.

Existe uma pena principal para o insubmisso, é a impedimento. Ele será posto dentro de um
recinto militar e participará de todas as instruções. Participará dos serviços internos e
trabalhará como se fosse militar.

Mas se esse insubmisso cometer algum crime militar lá, ele pode receber a "menagem",
uma prisão preventiva.

Foi perguntado na última prova da PM DF, para soldado, se poderia aplicar a menagem para
o insubmisso. Sim, pode, se ele praticar nova conduta criminosa militar.

Esse nome vem do grego, é uma homenagem que será aplicada. É um cidadão que
contribuiu com o Estado e, para retribuir essa contribuição dele, após ele cometer um
crime, recebe uma pena especial, ou seja, uma menagem. Ele vai ficar separado dos demais
presos.

Posso aplicar para o desertor também, mas lembre-se: o desertor já é um militar. Ele já está
trabalhando na força militar, nas forças armadas. A pena será tirada do Código Penal
Militar, do Código de Processo Penal Militar. E sem a autorização de uma autoridade, ele
estava de férias e não retornou no dia certo, se ausentando por mais de 8 dias, neste caso,
ele é considerado desertor.

Não confunda o desertor com o insubmisso. O desertor já é militar, que praticou um crime
propriamente militar, praticado só por militares.

A insubmissão é um crime propriamente militar, que é cometido por civil. A insubmissão


não é praticada por militar. É um crime praticado pelo civil que se alistou e deixou de se
apresentar. A pena para ele é de impedimento, não há outra pena para ele aqui. Não se
alistar, não é considerado crime, mas o indivíduo fica impedido de pegar diploma em
universidade federal, de ingressar em uma universidade, de assinar carteira e outras coisas.
E outra, o estado não pode obrigar você a fazer algo que vá contra a sua religião, por
exemplo. Como trabalhar no sábado. Mas se você não se prontificar a exercer aquela
prestação pecuniária do Estado, então ele pode puní-lo.

*Territorialidade e extraterritorialidade

Eu falo que é territorialidade quando um dos atos de execução ocorre dentro do território
nacional. Eu posso falar que o território nacional é somente aquele espaço geográfico? Não.
O espaço geográfico e aquele que a lei definir. E a lei definiu navios e aeronaves brasileiras
militarmente ocupadas ou sob o comando militar. Pode ser navio e aeronave públicos e
privados? Pode. Na sua prova vão falar só “público”. Falso. Pode ser privado também.

Vamos supor que exista uma aeronave que está militarmente ocupada, mas não 100%
ocupada. Ela está com 50% de militares e 50% de civis. Posso considerar território nacional
por extensão? Sim, porque ela está militarmente ocupada. Todo crime que acontecer nessa
aeronave, será considerado crime militar, onde quer que aconteça, uma vez que é território
nacional por extensão.

Aqui é regra. No Código Penal comum é exceção. Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízos
de convenção ou tratados internacionais, ao crime cometido no todo ou em parte do
território nacional, ou ainda fora dele.

Pena cumprida no estrangeiro

A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada quando idênticas.

Lembre-se do mnemônico CIDA:

Computa quando
Idêntica

Se Diferente
Atenua

Território nacional por extensão

Navios e aeronaves brasileiros. Esses navios devem estar sob o comando militar ou
militarmente ocupados. Podem ser públicos ou privados, onde quer que se encontrem.
Aconteceu um crime ali, aplica-se a lei penal militar.

Mas se é território nacional por extensão, aplica-se o princípio da territorialidade ou da


extraterritorialidade? Se ocorre um crime dentre de um navio brasileiro, público,
militarmente ocupado, em comissão com as forças armadas lá do Japão, eu aplicarei o
princípio da territorialidade ou da extraterritorialidade? Territorialidade, porque onde quer
que se encontre, ele é território por extensão

Se o navio ou aeronave estrangeira estiver dentro de alguma unidade militar ou local sob
administração militar e ali ocorra um crime contra a administração militar (instituições
militares ou contra a administração militar), aplica-se a lei penal militar brasileira (o código
penal militar, ressalvados os tratados e convenções internacionais). Se houver um tratado,
neste caso eu não aplico a lei penal militar ao crime praticado a bordo desse navio ou
aeronave, mesmo que seja um crime que atente contra as instituições militares. Então, se
esse navio ou aeronave (pública ou privada ou não militar) estiver dentro de uma unidade
militar brasileira, em regra, aplica-se o código penal militar ao crime que atente contra as
instituições militares. São cumulativamente os dois requisitos: tem que estar dentro de uma
unidade militar e tem que ser crime que atente contra as instituições militares. Se faltar um,
não posso aplicar.

Outra coisa, quando estudamos Constitucional, vemos que nenhum direito é absoluto, e
não existe nenhum direito maior do que o outro. E qual direito que vai prevalecer? Direito à
vida ou direito à liberdade? Nenhum. Porque nenhum direito é maior do que o outro. Existe
a liberdade de você ceifar a vida de alguém? Existe. Lá nas excludentes de ilicitude. Viu
como o seu direito à vida não é absoluto? Se você atentar contra a vida de alguém, essa
pessoa pode reagir em legítima defesa. Ela pode agir em estado de necessidade e em
exercício regular do direito. Então, nem o direito à vida é absoluto. Em se tratando de
estado de guerra, existe a pena de morte por fuzilamento. Então, nem o direito à vida é
absoluto. Quando analisamos o artigo 4º, da Constituição Federal, das relações
internacionais, vemos que o Brasil priorizará pela não-intervenção, pela independência dos
povos. Mas esse direito é absoluto? Acabamos de ver que não. Há alguma possibilidade de
o Brasil fazer uma intervenção militar em outro país? Sim. A intervenção humanitária. Foi o
que ocorreu no Haiti, uma intervenção militar brasileira em um país estrangeiro, porque é
uma intervenção humanitária. O exército estava ali para garantir a regularidade das
instituições públicas naquele país. A Organização das Nações Unidas solicitou que o Brasil
enviasse militares para aquele país para ali garantir a estabilidade das instituições públicas
ali. Então quando se falar de intervenção humanitária, o Brasil pode agir, sim. Porque nos
princípios fundamentais, do Art 4º, da CF, preza pela "não-intervenção", mas sabemos agora
que não é um direito absoluto.

A intervenção humanitária pode ocorrer, e até hoje ocorre, no Congo, por exemplo. Há
várias missões de paz, nas quais até policiais militares e bombeiros militares participam
dessas intervenções humanitárias. O país tem que querer e deve solicitar o Brasil para essa
intervenção. Quando o Brasil levou os militares para o Haiti, ele fez um acordo, uma
convenção, um tratado, disse: "Farei essa intervenção humanitária, mas se ocorrer qualquer
crime com esse militar, se ele praticar ou sofrer algum crime, quero que faça a extradição
dele para ser julgado no Brasil. Esse foi o combinado. Todos os crimes que foram cometidos
lá, que eram caracterizados crimes militares, foram julgados no Brasil de acordo com a
nossa legislação. Falou tratado ou convenção internacional, deve-se que respeitar. Porque o
nosso direito penal militar não será também absoluto. E intervenção humanitária é em
tempo de paz, não de guerra. Portanto, não cabe fuzilamento, pena de morte.

Na aula anterior vimos lei temporária e lei excepcional, qual é a diferença entre elas? A
temporária tem tempo para começar e terminar, lembre-se da Lei da Copa. A Lei
Excepcional não tem dia para começar nem para terminar, um exemplo: guerra. Dentro do
código penal militar existem os crimes em tempo de guerra. Eu posso falar que esses
crimes em tempo de guerra são exemplos de lei excepcional? Não. Pegadinha do malandro.
Os crimes, em tempo de guerra, previstos dentro do código penal militar já existem. Eles
estão adormecidos só esperando uma guerra se estabelecer. Quando se fala em lei
excepcional, a qual tem como exemplo a guerra, ela vai criar outras restrições de direito
previstas no art 5º, da CF. Exemplos que ele vai dar: a restrição de reunião, a censura da
imprensa, a violação das correspondências etc. Então, ele vai estabelecer horário de
recolhimento. Ele vai estabelecer algumas restrições de liberdade. A lei excepcional é
diferente dos crimes praticados em tempo de guerra.

A prova gosta de perguntar se os crimes em tempo de guerra são um exemplo de lei


excepcional. Falso. Lei excepcional é uma coisa, crimes em tempo de guerra são outras.
Tudo isso estará no art. 7º, parágrafo 1º.
Observação: Aos navios e às aeronaves estrangeiros, aplica-se a lei penal militar brasileira
aos crimes praticados à bordo, desde que:

a) Encontrem-se em lugar sujeito à administração militar.


b) E o crime atente contra as instituições militares.

Do militar estrangeiro: Quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam


sujeitos a lei penal militar brasileira, ressalvados o disposto em tratados ou convenções
internacionais. Da mesma forma, se tratar-se de militar estrangeiro, aplica-se a lei penal
militar brasileira a esse militar como regra, salvo se houver ressalvados tratados e
convenções internacionais. Se houver um tratado assinado, eu não aplico a lei penal militar
a esse estrangeiro.

Defeito de incorporação (Art. 14): Não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se
alegado ou conhecido antes da prática do crime. Vamos supor que um militar foi
incorporado nas fileiras das instituições militares, pode ser tanto militar estadual quanto
federal, e há um defeito na sua incorporação. Ele não devia ter sido incorporado. Houve um
erro na hora do chamamento, ou na hora do concurso. Houve algum tipo de erro. Houve
um defeito na incorporação. Se esse militar cometer um crime militar, esse defeito da
incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar. Então, ele foi incorporado de forma
indevida e durante a execução do serviço, ele pratica um crime. Nesse caso, não exclui a
aplicação da lei penal militar ressalvado se alegado ou conhecido antes da prática
criminosa. Ou se já era conhecido pelos superiores que havia um defeito de incorporação.
Nesse caso, exclui. A regra é que o defeito de incorporação não exclui a aplicação da lei
penal militar.

Quando se fala em transgressão disciplinar, não se aplica o código penal militar. Vamos
supor que o militar cometeu uma transgressão disciplinar militar, eu vou aplicar o código
penal militar para ele? Não. Cada instituição militar terá o seu regulamento para
transgressão disciplinar militar. O código penal militar só vai tratar de crime, e não de
transgressão disciplinar. O cara que está barbudo, que está amarrotado, que está com o
coturno sujo, que chegou atrasado, neste caso não se aplica o código penal militar. Aqui se
aplica o regulamento próprio de cada instituição militar.

Assemelhado (Art. 21): Servidor civil, efetivo ou não, dos ministérios militares. Posso aplicar
a lei penal militar para o assemelhado? Posso. Antes da nossa Constituição de 88, existiam
alguns ministérios militares. Existia o ministério do exército brasileiro, existia o ministério
da marinha e existia o ministério da força aérea brasileira, e nesses ministérios militares
existiam civis que prestavam serviço naqueles ministérios militares. Esses civis que
prestavam serviço nesses ministérios, eram considerados assemelhados. Eles se
assemelham a um militar ativo. Então, tudo que um militar poderia cometer como crime
militar, o assemelhado também poderia cometer. Isso era antes da nossa Constituição
Federal. Advindo a CF de 88, acabou-se com os ministérios militares e constituiu-se um
ministério só, o ministério da defesa, e todas as forças armadas ficaram e ficam
subordinadas ao ministério da defesa. Os civis que trabalhavam nesses ministérios militares
foram incorporados no ministério da defesa ou em outros, e deixaram de ser
assemelhados. Hoje, não existe a figura do assemelhado trabalhando no ministério da
defesa ou no nosso governo federal. Então, assemelhado, em pessoa, hoje, não existe. Mas
se você pegar o código penal militar, ainda existe a possibilidade de aplicação da lei penal
militar para o assemelhado. Existe a aplicação da lei penal para o assemelhado dentro do
código penal militar. Art. 9º, inciso I: considera-se crime militar praticado por militar ativo ou
assemelhado contra militar na mesma situação. Considera-se crime militar praticado por
militar ativo ou assemelhado, em serviço ou estágio, contra o civil ou contra o militar
inativo. Então, há a possibilidade do assemelhado praticar crime militar. Ele só não existe
em pessoa hoje porque não houve mais concurso. Não há a figura do assemelhado em
nosso ordenamento jurídico, somente no código penal militar.

Superior (Art. 24):

Conceito de navio: Qualquer embarcação sob o comando militar. Não importa se é um


navio, uma jangada ou uma canoa. Se esse navio ou embarcação estiver sob o comando
militar, eu posso aplicar a lei penal militar aqui. Então, é qualquer tipo de embarcação sob o
comando militar. No código penal militar, você só encontrará “navio”. Na selva, os militares
utilizam muito canoa. Então, a canoa que tem um só militar. Esse militar dificilmente sai de
uma unidade militar sem comando, ele pode estar sozinho, mas está sob o comando de um
oficial ou graduado.

Conceito de militar: Militar é qualquer pessoa incorporada nas forças armadas, em


qualquer tempo, em tempo de paz ou em tempo de guerra, para servir em posto ou
graduação. Isso se replica tanto para a polícia militar quanto para o corpo de bombeiro
militar. No código penal militar, você não verá polícia militar, bombeiro militar etc, você verá
escrito “forças armadas”, mas isso se replica para as forças auxiliares. Eu posso falar que a
polícia militar e o corpo de bombeiros militar são forças auxiliares das forças armadas? Não.
Cuidado. A polícia militar e o corpo de bombeiros militar são forças auxiliares do exército
brasileiro. Quando falamos em forças armadas, há a marinha, o exército brasileiro e a força
aérea brasileira (FAB). Ah, então quer dizer que A polícia militar e o corpo de bombeiros
militar estão sob o comando do exército brasileiro? Não. Não existe hierarquia entre eles
nesse ponto, porque as forças armadas, o exército, a marinha e a FAB estão sob o comando
do presidente da república. As forças policiais militares, polícia militar e corpo de bombeiros
militar, estão sob o comando do governador do Estado. Cada Estado terá a sua polícia
militar. Ah, mas lá no Rio Grande do Sul não tem PM, lá tem brigada militar. A brigada
militar é a PM. Os preceitos militares da hierarquia devem ser respeitados em todo o
território nacional. O militar não aposenta. Existe o militar ativo e o inativo, sendo que o
inativo se divide em dois, o da reserva e o reformado. Quando ele está desenvolvendo suas
atividades laborais, ele é um militar ativo. Quando ele completa 30 anos de serviço ativo, ele
pode solicitar a inatividade dele. Ele pode solicitar a reserva. Observação: Não é
automático. Se cair na sua prova que a inatividade é automática, é falso. “Completou 30
anos, ele irá aposentar”, falso. Ele tem que solicitar a reserva remunerada. Mas vamos
supor que esse militar entrou muito tarde na PM, com 40, anos. Ele precisa de 30 anos para
solicitar a reserva, porém, quando ele atingir os 62, ele automaticamente irá para a reserva,
porque não terá condições de trabalhar no serviço operacional. A reserva não é
aposentadoria, pois a qualquer momento ele pode ser chamado pelo governador para
retornar às suas atividades, e ele tem que querer voltar. E ele não poderá trabalhar na
frente de batalha, só poderá trabalhar na administração militar. Quando se tratar do militar
reformado, o reformado não volta mais. Qual é a regra para o militar ir para a reforma? Se
ele estiver na reserva e completar 65 anos. Completou essa idade, segundo o estatuto da
polícia militar do estado de Goiás, ele será reformado. Assim, ele não poderá voltar para o
serviço ativo. Há outra forma de o militar ser reformado. Quando ele está em serviço ativo e
acontece algum acidente com ele e fica incapacitado de exercer as suas atividades. Nesse
caso, ele será reformado. O militar reformado leva consigo todas as prerrogativas do posto
ou da graduação. Se ele foi para a reserva ou reformado como sargento, ele continua sendo
sargento. Se ele foi como coronel, ele continua sendo coronel. E também quando pratica
crime militar ou quando contra ele é praticado crime militar. Toda vez que ele for abordado
ou se utilizar do cargo, ele deve mencionar a palavra “RR”. Ele deve dizer que é sargento da
reserva remunerada, sargento RR. Ou coronel RR. Ele tem a obrigação de informar qual é a
situação dele. Quando ele vai para reserva ou é remunerado, ele leva o porte de arma dele,
porque ele continua sendo militar. Porém, de tempo em tempo, ele deve passar por uma
avaliação para rever esse porte de arma dele. Há outra possibilidade de um militar ir do
ativo para a reforma, quando ele apresenta problemas psicológicos. É claro que ele não vai
direto, ele passará por um tratamento dentro da própria instituição, ficará agregado na
junta militar, e se não houver cura, ele será reformado, irá para a inatividade. Neste caso,
ele continua sendo militar, mas terá o porte de armas.

Cai na prova: O militar inativo da reserva foi solicitado pelo governador do Estado para
retornar ao serviço, quando ele volta para o serviço, ele volta a ser militar ativo? Não. Nunca
mais ele volta para a ativa. Ele será um militar da reserva, mas estará em atividade. Ele vai
equiparar a um militar da ativa. Quando falamos que ele “equipara”, ele não é.

Em algumas situações, o militar inativo não pratica crime militar. Ele praticará crime
comum, então há diferenciação na hora da aplicação da lei penal militar para o militar ativo
e para o militar inativo.

Vamos supor que você, PM, vá curtir suas férias na praia, em Recife. Durante a sua estadia,
você foi abordado por outros policiais militares lá de Recife. Nesse caso, você deve respeito
aos preceitos militares daqueles policiais de Recife? Sim. Militar é militar em qualquer
situação. Vamos supor que você está na rua passando no local onde ocorreu um acidente,
há ali militares das forças armadas, um graduado, cabo ou sargento. Você deve respeito à
hierarquia e disciplina ali? Sim. Se você desrespeitar, você responderá por transgressão
disciplinar ou até por crime militar: desrespeito a superior. Você não está sob o comando,
mas deve respeito à graduação e ao posto daquele militar que está atuando naquela
situação.

Quando se fala em “posto” ou “patente”, é para os oficiais. Quando se fala em “graduação”,


é para os praças. Cada polícia militar terá o seu estatuto e organização, mas, em regra, a
base é a mesma coisa. No estado do Tocantins, hoje há a figura do soldado de segunda
classe, não existia. No estado de Goiás, existia a figura do soldado de terceira classe, hoje
não existe mais. Os praças, que são graduados, começam como soldado, cabo. O sargento,
tanto o 1º, o 2º e o 3º, e subtenente. Esses são os praças, eles têm graduação. Quando se
fala que ele é um cabo, um sargento, ele é um praça graduado. Quando se fala de oficiais,
começa-se em 2º tenente, 1º tenente, capitão, major, tenente-coronel e coronel. Os cadetes
não são oficiais, os cadetes são praças especiais. Ele não nem praça, nem oficial. Do mesmo
jeito, o aspirante a oficial. Ele é um praça especial. Atente-se: quando se tratar das praças,
tanto a praça comum quanto a especial, quem promove praça ou praça especial é o
comandante geral, o comandante tem o poder de fazer a promoção. Quando se tratar de
oficiais, quem os promove é o governador do estado. Para coronel, não interessa o tempo
na corporação, ele só será promovido a coronel no estado de Goiás por merecimento,
independentemente do tempo. O governador promove se quiser o cara a coronel.

Os recintos dos militares: existem os círculos de convivência. Cabo e soldado ficarão de


um lado, sargento e subtenente do outro. Os oficiais subalternos, que serão o 1º e 2º
tenente. O oficial intermediário, que será o capitão, e os oficiais superiores, que são o
major, o tenente-coronel e coronel. Quando se fala de recintos separados, na polícia militar
quase não existe, mas no exército brasileiro existe. Há o rancho para as praças, para o
sargento e subtenente e para os oficiais. O rancho é onde se faz a alimentação, é o
restaurante. Quando se fala da aplicação da lei penal militar, até para ficarem presos, eles
não podem ficar juntos com os praças, eles ficam separados. Em Goiás, os praças ficam no
1º batalhão, os oficiais ficam na academia da polícia militar. Existe um presídio específico
para os oficiais lá. Quando se fala em condução de militar, ela tem que ser por um militar de
igual posto ou superior, como foi dito anteriormente.

Quando se tratar de crimes militares, instaura-se um inquérito policial militar, e esse


inquérito policial militar é presidido por um oficial da força, se for do bombeiro, o oficial do
bombeiro. Se for da polícia militar, o oficial da PM. E dentro desse inquérito policial militar,
ele será chamado de oficial corregedor. Ele que será o responsável pela elaboração das
provas, dos indícios de prova, ouvir as testemunhas, ouvir o autor, para entregar à justiça
militar. Os prazos aqui são diferentes. Se o militar estiver preso, 20 dias para encerrar o
inquérito policial improrrogável. Se o militar estiver solto, 40 dias para encerrar o inquérito
policial militar, podendo ser prorrogado uma única vez por mais 20 dias.

Você verá posteriormente que, quando for crime propriamente militar, o oficial corregedor
pode decretar, de ofício, a prisão do militar por até 30 dias. Ele não precisa pedir ao juiz. No
processo penal comum, tem como o delegado decretar prisão preventiva ou temporária?
Não. Ele pede para o juiz. Em se tratando de crime propriamente militar, o oficial
corregedor vai lá e decreta a prisão, de ofício, do militar.

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