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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia

Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP

Investigação De Subleitos Das Vias Não Pavimentadas Da Cidade


De Morada Nova/CE.
Erbene Rabelo Alves
Instituto Federal do Ceará, Morada Nova, Brasil, erbene_civil@outlook.com

Juceline Batista dos Santos Bastos


Instituto Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil, jucelinebatista@hotmail.com

RESUMO: Neste artigo, foram investigados diferentes subleitos de vias não pavimentadas do município de
Morada Nova/CE, sendo motivado pela escassez de investigações de solos em pequenas cidades e pela
investigação de materiais para a elaboração de projetos, buscando o desenvolvimento e a melhoria da malha
viária. Nesse sentido, foram realizados ensaios de caráter geotécnico e mecânico com oito subleitos, tais
como: granulometria, Limites de Liquidez (LL) e Plasticidade (LP), compactação, Índice de Suporte
Califórnia (ISC), Módulo de Resiliência (MR) e Deformação Permanente (DP). Os ensaios geotécnicos
apontaram forte semelhança entre os solos, compostos em sua maioria de uma areia fina, ocorrendo
discrepância apenas quanto ao solo 3 que se mostrou rico em argila. Os ensaios mecânicos indicaram que os
solos estudados possuem potencial para a sua utilização até como sub-base, já que possuem ISC > 20% e
expansão ≤ 1% como indicado em norma. Também apresentaram baixas DPs (cerca de 3%) e uma média de
MR de 166MPa. Entretanto, o solo 3 apresentou, além de umidade ótima elevada (12,8%) , um ISC de 2,0%
e uma expansão de 13,4%. Além disso, não foi possível obter a rigidez e deformação permanente dessa
amostra, já que a mesma se deformou excessivamente nos primeiros ciclos de aplicação de cargas.

PALAVRAS-CHAVE: Subleitos, Investigações Geotécnicas, Vias Não Pavimentadas.

ABSTRACT: In this paper, different subgrade of unpaved roads in Morada Nova/CE were investigated,
being motivated by the investigation of soils in small towns and by the investigation of materials for
pavement design, seeking the development and improvement of the road network. In this sense, geotechnical
and mechanical tests were carried out with eight subgrades, such as: gran size, liquidity and plasticity limits,
compaction, California Bearing Ratio (CBR), resilience module and permanent deformation. The
geotechnical tests showed a strong similarity between the soils, composed mostly of fine sand, with
discrepancies only in terms of soil 3, which was rich in clay. The mechanical tests indicated that the studied
soils have the potential to be used as a sub-base since they have a CBR> 20% and Expansion ≤ 1% as
indicated in the standard. They also had low DPs (about 3%) and an average stiffness of 166MPa. However,
soil 3 presented, in addition to high optimum humidity (12.8%), a CBR of 2.0% and an expansion of 13.4%.
Furthermore, it was not possible to obtain the regularity and permanent deformation of this sample, since it
was excessively deformed in the first cycles of load application.

KEYWORDS: Subgrade, Geotechnical Investigations, Unpaved Roads.

1 Introdução

De acordo com a CNT - Confederação Nacional de Transportes (2019), 78,5% das vias brasileiras
ainda não são pavimentadas, ou seja, apesar do crescimento de 6,7% da extensão pavimentada no período
entre 2009 a 2019, a malha rodoviária ainda é significativamente inferior as rodovias não pavimentadas.
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As vias não pavimentadas têm exercido papel fundamental no desenvolvimento econômico, ambiental
e social das cidades brasileiras. É por meio destas que são escoados os produtos e mercadorias produzidos ou
consumidos pela população rural. Essas também permitem o acesso às rodovias pavimentadas e às diversas
localidades, aos centros das cidades, aos empregos e aos equipamentos públicos. Dessa forma, há uma
necessidade de garantia de qualidade de tais vias, de forma a proporcionar boas condições de trafegabilidade.
A investigação geotécnica dos solos é indispensável para o sucesso da implantação da pavimentação
de estradas. O conhecimento do solo da via, por meio de estudos geotécnicos deve anteceder a etapa de um
projeto viário, uma vez que desempenha o papel de suporte da via. De acordo com o DNIT (2010a), a
identificação, a determinação de características tecnológicas e a classificação dos materiais a serem
escavados de rodovias não implantadas são alguns dos objetivos dos estudos geotécnicos dos subleitos para a
implantação de uma rodovia.
Além disso, a pavimentação é um serviço de investimento inicial significativo, fato este que justifica
que pequenas cidades, como Morada Nova no Ceará, há um número considerável de vias não pavimentadas.
Ferreira e Bastos (2018) identificaram a malha viária dessa cidade e determinaram os tipos de pavimentos da
zona urbana, por meio de Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Foi identificado que 44,1% destas
vias ainda não são pavimentadas, representando cerca de 54 km da zona urbana do município.
O estado do Ceará tem sofrido investimentos do programa de Logística e Estradas, denominado Ceará
de Ponta a Ponta, que visa pavimentar, restaurar e duplicar estradas para garantir uma malha em boas
condições de trafegabilidade. Nesse sentido, o conhecimento da capacidade admissível do subleito permite a
sua utilização como referência no projeto de pavimentação e execução, assim como no dimensionamento das
espessuras das camadas do pavimento.
Assim, este artigo objetiva investigar o subleito de vias não pavimentadas de Morada Nova, Ceará.
Para isso, os subleitos são caracterizados mecânica e geotecnicamente.

2 Subleito

Subleito é a nomenclatura dada ao terreno de fundação que recebe, absorve e dissipa os esforços
verticais produzidos pelo tráfego no pavimento. O pavimento asfáltico, por exemplo, é constuído de uma
série de camadas (Figura 1) que exercem diferentes funções e devem proteger o subleito de deformações
excessivas durante a vida útil de projeto (Senço, 2007). Segundo Bernucci et al. (2010), as camadas que
compõem o pavimento possuem a função de resistir aos esforços provenientes da ação do tráfego de veículos
e do clima, proporcionando aos usuários conforto, economia e segurança durante o trânsito sobre a via.

Figura 1. Estrutura do pavimento asfáltico (CNT, 2019).

Scherer (2016) estudou a influência do comportamento resiliente do subleito no desempenho de


pavimentos asfálticos. Por meio da análise laboratorial de diferentes tipos de solos através de estudos
mecânicos e de caracterização, considerando três tipos de estruturas de pavimentos rodoviários, a autora
concluiu que quando as camadas acima do subleito são mais rígidas e formam uma estrutura mais robusta, o
pavimento asfáltico solicita menos o subleito, pelo fato da estrutura acima deste suportar os impactos das
tensões atuantes na estrutura.
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Assim, uma estrutura de pavimento menos robusta pode gerar maiores impactos e deixar o subleito
mais suscetível a danos causados pelas cargas advindas do tráfego.
A Deformação Permanente (DP) é outro parâmetro que deve ser analisado antes da utilização do
material em rodovias. Diversos estudos têm sido realizados e denotam a importância do conhecimento desse
fenômeno indesejado nas rodovias. Dentre os tais, Guimarães (2009) investigou um método mecanístico para
a prevenção de deformação permanente, incluindo na pesquisa a avaliação de solos tropicais constituintes de
pavimentos, levando em consideração o estado de tensões e o número de aplicações de cargas. Para isso foi
analisado os principais fatores que afetam a deformação permanente e o acomodamento por meio de uma
observação da taxa de acréscimo de deformação a cada ciclo de carregamento. Além disso, também foi
investigado o Módulo de Resiliência (MR) após a ocorrência da deformação permanente, tendo em vista a
verificação do enrijecimento do solo compactado devido ao efeito da repetição de cargas.
Diversos autores (Medina et al., 2006; Ferreira, 2008; Guimarães et al., 2012) evidenciam a
importância da verificação da influência das deformações resilientes dos solos no desempenho de
pavimentos asfãlticos, bem como na avaliação da rigidez dos solos empregados em pavimentação. Os
ensaios mecânicos, como MR e DP, permitem a previsão do comportamento do pavimento submetido aos
carregamentos cíclicos.

3 Materiais e Métodos

O município de Morada Nova está localizado a cerca de 168km de Fortaleza e possui uma população
de 61890 habitantes (IBGE, 2017). O município é atendido pelas CEs-138 e 265. Os subleitos estudados são
constituídos de 8 amostras de solo de vias não pavimentadas desse município.
O programa experimental desta pesquisa consistiu na análise laboratorial da caracterização geotécnica
e mecânica dessas amostras do subleito. A primeira foi realizada no laboratório de solos do IFCE, por meio
dos ensaios de densidade real do solo – DNER-ME 093 (1994), limites de Atterberg - NBR 6459 (ABNT,
2016a) e NBR 7180 (ABNT, 2016b) e análise granulométrica - NBR 7181 (ABNT, 2016c). Os solos foram
classificados quanto aos seguintes métodos: Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) e o
AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials). As análises mecânicas
consistiram nos ensaios de compactação, ISC (Índice Suporte Califórnia) e expansão, conforme as normas
NBR 7182 (ABNT, 2016d) e NBR 9895 (ABNT, 2016e), respectivamente. Para realização dessas análises,
foram ensaiados três Corpos de Prova (CPs) de cada amostra na energia Proctor Normal. Para a
determinação do MR e DP foram realizados os ensaios triaxiais de cargas repetidas, de acordo com DNIT-
ME 134 (2018a) e DNIT-ME 179 (2018b) respectivamente. Para esses ensaios os CPs foram previamente
moldados em um molde tripartido de 10cm de diâmetro por 20cm de altura, envolvido por uma membrana
impermeável, na condição ótima de compactação da energia Proctor Normal. A Figura 2 apresenta o
programa experimental realizado para a realização deste artigo.
Na modelagem do MR com o estado de tensão foram analisados os resultados médios e os
desempenhos de três modelos, considerando o efeito da tensão confinante – σ3 (Equação 1), da tensão desvio
– σd (Equação 2), das tensões confinante e desvio simultaneamente (Equação 3). Onde: k1, k2 e k3 -
parâmetros de regressão.

MR = K . σ (1)
MR = K . σ (2)
MR = K . σ .σ (3)
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Programa
Experimental

Indicação
Análise de
Ensaios de de
caracterização utilização
Ensaios dados do solo
mecânicos

Densidade Análise
real granulométrica
Deformação
Módulo de permanente
Limites de resiliênica
Atteberg
Compactação
ISC
Figura 2. Fluxograma do programa experimental.

4 Resultados e Discussões

A Tabela 1 apresenta os resultados médios de três amostras dos ensaios de caracterização geotécnica
para os 8 solos desta pesquisa. Observa-se que a fração de pedregulho exibiu variabilidade significativa (de
0,35 até 42,04%) nesses solos. Já a areia grossa apresentou um percentual pouco expressivo para todos os
solos. As frações de areia média e fina mostraram-se predominantes na composição granulométrica do
material e no que diz respeito à porção fina (argila e silte) foi observada uma porcentagem de menor valor.
De acordo com Guimarães (2009), a utilização de solos finos na pavimentação rodoviária vem crescendo
continuadamente, especialmente quando se trata de pavimentos de baixo custo para baixo volume de tráfego.

Tabela 1. Síntese dos resultados dos ensaios de caracterização geotécnica e classificação dos solos
Parâmetros Solo 1 Solo 2 Solo 3 Solo 4 Solo 5 Solo 6 Solo 7 Solo 8
% Pedregulho (> 4,8mm) 42,04 11,17 9,12 12,35 0,35 1,77 5,00 6,43
% Areia grossa (4,8mm - 2,0mm) 7,80 8,43 5,77 11,59 0,95 8,62 1,80 7,65
% Areia média (2,0mm - 0,42mm) 20,45 27,31 10,49 27,18 31,98 28,35 29,30 29,36
% Areia fina (0,42mm - 0,05mm) 18,45 36,83 14,25 38,03 49,84 43,95 57,37 45,22
% Silte e argila (< 0,05) 11,68 15,66 60,37 10,85 16,88 17,30 7,63 11,34
Coeficiente de Uniformidade (Cu) 127,9 60,0 75,0 10,3 10,0 20,0 6,3 8,5
Coeficiente de Curvatura (Cc) 1,1 3,8 1,3 1,1 2,5 2,8 2,3 1,2
Limite de Liquidez (%) 22,3 - 36,7 - - - - -
Limite de Plasticidade (%) 19,1 - 14,4 - - - - -
Índice de Plasticidade (%) 3,2 NP 22,3 NP NP NP NP NP
Densidade real 2,603 2,604 2,615 2,630 2,590 2,602 2,205 2,591
Classificação SUCS SM SM CL SM SM SM SM SM
Classificação AASHTO A-2-4 A-2-4 A-6 A-2-4 A-2-4 A-2-4 A-2-4 A-2-4
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No que tange aos parâmetros que podem ser utilizados para a avaliação do aspecto granulométrico,
foram analisados os Coeficientes de Uniformidade (Cu) e de Curvatura (Cc). Os resultados apontam para
solos bem graduados com Cc entre 1 e 3, de uniformidade média (Cu entre 10 e 15) e alguns não - uniformes
(Cu maior que 15). Quando o solo apresenta-se como bem graduado, há um favorecimento do
intertravamento das partículas de diferentes tamanhos, fato este que confere ao solo maior resistência à
ruptura (Pinto, 2006).
Quanto aos resultados de LL e LP, os solos mostraram-se não plásticos, apresentando baixa
quantidade de argila presente nos solos. A exceção foi o solo 3 que apresentou IP elevado (14,4%). A
variação de volume excessiva, sobretudo das camadas subjacentes ou constituintes dos pavimentos é
comumente considerada indesejável para o bom comportamento mecânico dos materiais empregados em
camadas de pavimentos asfálticos. O DNIT (2006) considera para essas camadas os valores máximos de
25% para LL e 6% para o IP. Nesse caso, o solo 3 apresentou resultados superiores a essas indicações.
As características de granulometria e limites de Atteberg apresentadas aos solos investigados
permitiram as classificações das amostras em solo A-2-4 (pedregulhos ou areia siltosa ou argilosa) e SM
(areias siltosas) segundo a AASHTO e SUCS, respectivamente. Tais classificações apontam que os solos
devem possuir comportamento excelente e/ou bom como subleito. Deve-se salientar que o solo 3 foi
classificado como A-6 (solo argiloso) e CL (argila de baixa plasticidade), possuindo tendência a se
comportar como material sofrível e/ou mau como subleito.
Na Tabela 2 é possível verificar os resultados médios de duas amostras de cada solo dos ensaios de
compactação e ISC.

Tabela 2. Síntese dos resultados dos ensaios de caracterização mecânica.


Parâmetros Solo 1 Solo 2 Solo 3 Solo 4 Solo 5 Solo 6 Solo 7 Solo 8
Umidade ótima (%) 6,40 8,60 12,80 9,30 9,40 8,40 10,36 8,50
Peso específico máximo seco (g/cm³) 2150 1940 1855 1970 1900 1891 1 668 1950
ISC (%) 26,0 41,0 2,0 68 49 55,5 47,3 42
Expansão (%) 1,0 0,1 13,4 0,44 0,53 0,1 0,96 0,45
Módulo de Resiliência (MPa) 247,0 178,0 - 208,5 238,0 192,0 173,5 228
Deformação Permanente (%) 3,2 0,5 > 6,8 0,5 3,4 2,6 3,2 2,6

A maior parte dos solos apresentou umidade ótima baixa (entre 6 e 10%), o que indica, segundo Pinto
(2006), a maior presença de areia no material e um arranjo característico de solo bem-graduado. Segundo o
mesmo autor, os solos argilosos geralmente apresentam pesos específicos secos baixos e umidades ótimas
elevadas. Esse fato justifica o percentual elevado de 12,80% de umidade ótima para o solo 3. O ensaio de
ISC, que permitiu a avaliação da capacidade de suporte do trecho e a verificação da expansibilidade do solo,
mostrou que as amostras (exceto o solo 3) apresentaram valores superiores ao descrito em norma no que se
refere aqueles que são empregados em subleitos rodoviários, ou seja, um ISC maior ou igual a 2% e uma
expansão inferior ou igual a 2%. Esses também podem ser utilizados como sub-base já que apresentaram ISC
maior do que 20% e expansão menor ou igual a 1%, conforme indicado pelo DNIT-ME 139 (2010b). O solo
3 apresentou expansão de 13%, características essas de solos que possuem elevada variação no seu volume,
podendo gerar efeitos prejudiciais em obras.
Quanto aos ensaios triaxiais de carga repetida, para os MRs foram testados os 3 modelos (Equações 1,
2 e 3). Deve-se destacar que os resultados foram melhores representados pelo modelo composto (Equação 3),
ou seja, aquele que leva em consideração as tensões confinante e desvio simultanemente. A Tabela 3
apresenta os parâmetros obtidos nos ensaios de MR.
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Tabela 3. Síntese dos resultados dos ensaios de MR


Modelos Solo 1 Solo 2 Solo 3 Solo 4 Solo 5 Solo 6 Solo 7 Solo 8
k1 409,55 741,50 - 484,19 544,66 516,05 648,35 380,67
Equação 1 k2 0,18 0,52 - 0,22 0,36 0,36 0,47 0,24
R² 0,41 0,93 - 0,28 0,63 0,64 0,89 0,32
k1 317,48 337,62 - 284,90 273,20 267,66 327,10 220,49
Equação 2 k2 0,12 0,31 - 0,04 0,15 0,16 0,29 0,06
R² 0,26 0,50 - 0,02 0,18 0,20 0,53 0,03
k1 422,60 810,16 - 489,00 597,34 541,17 657,75 597,34
k2 0,16 0,59 - 0,56 0,54 0,51 0,47 0,53
Equação 3
k3 0,31 0,05 - -0,16 -0,18 -0,17 -0,19 -0,18
R² 0,41 0,95 - 0,41 0,76 0,68 0,89 0,75

Adotando-se um par de tensões médio de 0,050MPa e 0,100MPa para tensão confinante e tensão
desvio, que é um dos pares de tensões utilizado na determinação do MR para solos de subleito conforme o
DNIT 134 (2018a), obteve-se os seguintes valores de MR, utilizando o modelo composto (Figura 3).

250

Solo1
200
MR (MPa)

Solo 2
150 Solo 3
Solo 4
100
Solo 5
50 Solo 6
Solo 7
0 Solo 8

Figura 3. Resultados de MRs dos solos para 𝜎 = 0,050MPa e 𝜎 = 0,100MPa

Nota-se que as rigidezes foram em média de 166MPa. Apenas o solo 3 não foi possível obter a rigidez,
já que a amostra não passou na fase de condicionamento, pois se deformou excessivamente nessa etapa.
Os resultados do ensaio de deformação permanente encontram-se na Figura 4. O solo 3 apresentou
uma deformação permanente elevada nos primeiros 3 mil ciclos, cerca de quase 7%. Fato esse que já era
esperado, uma vez que o solo é constituído em sua maior parte por argila e silte, tendendo a suportar
menores cargas e deforma-se precocemente. Além disso, essa amostra apresentou um forte potencial de
plastificação, ou seja, quando colocado sobre determinada tensão ele pode vir a adquirir forma irreversível.
Os demais solos apresentaram baixas deformações (em torno de 3%), o que indica potencial para resistir à
repetição de cargas advindas do tráfego. Sobre isso, Guimarães (2009) alerta a importância de se buscar
solos granulares e finos que apresentem acomodamento das deformaçoes permanentes com o número de
ciclos, de forma que haja a garantia de não ocorrência da ruptura plástica.
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10
Solo 1
Dformação axial (%)

Solo 2
1
Solo 3

Solo 4
0,1
Solo 5

Solo 6

0,01 Solo 7
0 2000 4000 6000 8000
Solo 8
Número de ciclos (N)

Figura 4. Resultados dos ensaios de deformação permanente dos solos.

5 Conclusões

Este artigo investigou subleitos de vias não pavimentadas de Morada Nova no Ceará, de forma a
auxiliar o desenvolvimento de projetos rodoviários. Foi possível verificar semelhança granulométrica
considerável de 7 dos 8 solos analisados, onde houve predomínio das areias. Conforme as classificações
AASHTO e SUCS, as amostras possuem características geotécnicas semelhantes. Dessa forma, por meio dos
ensaios de caracterização geotécnica, verifica-se que tais solos possuem características superiores para as
suas utilizações como materiais de subleito, sendo as amostras 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 8 utilizáveis como sub-base.
Torna-se importante ressaltar que o solo 3 deve receber atenção especial, visto que diante dos resultados
obtidos, é composto por solo de difícil trabalhabilidade, limitada capacidade de distribuição de esforços
advindos das cargas, em função da abundância em argila e silte. Diante de tal fato, devem-se analisar
preliminarmente as cargas a qual este subleito irá ser submetido, bem como análise da necessidade de
melhoramento ou tratamento desse solo.
Por meio dos ensaios mecânicos foi analisado que os solos (exceto o solo 3) também são menos
expansivos em contato com a água e que possuem maiores rigidezes (MRs) e menores deformabilidades
(DPs). Entretanto, a amostra 3 é composta por um solo de alta expansividade, apresentando ruptura precoce
(não ultrapassando a etapa de condicionamento) no ensaio de MR, exigindo controle do volume para o seu
uso, também apresenta menor ISC (2%).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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