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Goméz (2016) corrobora com a influência da que o aumento da tensão desvio gera um
umidade na DP em solos, em que o aumento de acréscimo consequente na DP e a tensão
teor de água, quando associado a materiais confinante tem sua influência inversa.
finos, aumenta a rigidez do material, porém, se Essas informações levam a reflexão sobre os
esse teor de finos for superior a 10%, faz o fatores, como granulometria, estado de tensões,
material granular mais sensível à variação da teor de umidade, entre muitos outros que podem
umidade, o que pode ser observado através, até influenciar de diversas formas o comportamento
mesmo, das curvas de compactação no qual um da DP para cada material e o quanto se torna
material fino, como argila e silte, mostram uma difícil generalizar tais fatores, visto que muitos
curva granulométrica bem mais acentuada que materiais, mesmo apresentando a mesma classe,
um material arenoso, ou seja, o gráfico podem obter resultados diversos quando
apresenta uma parábola mais fechada no eixo h comparados.
(eixo que representa a umidade), se comparado
com a abertura da parábola da curva de
compactação de materiais arenosos, permitindo 4 METODOLOGIAS
níveis de variação menores (Figura 2).
4.1 Ensaio Triaxial de Cargas repetidas
objetivando representar as tensões que atuam desvio e da relação tensão desvio pela tensão
nos pavimentos brasileiros, sendo usual a confinante. Ao perceber uma aplicação de
aplicação de mais de 100.000 ciclos de cargas. cargas de 300.000 ciclos, deve ser destacado
Guimarães (2009) escolheu três níveis de que o tempo mínimo para que esse
tensão: 40 kPa, 80 kPa e 120 kPa de forma que procedimento ocorresse foi de
a relação entre a d×3 fosse 1, 2 e 3; e utilizou aproximadamente 84 horas, um pouco mais de
um carregamento de 150.000 ciclos para cada três dias consecutivos para cada amostra
amostra. É importante perceber que ao ser ensaiada.
utilizado 1 Hz de frequência, ou seja, 60 ciclos
Tabela 4. Parâmetros usados por Ribeiro, 2013.
por minuto, como descrito por Lima (2016), o
Ribeiro (2013)
tempo mínimo para a realização de cada um Ensaio d (kPa) 3 (kPa) Ciclos
desses ensaios foi cerca de 42 horas, prevendo 1 35 70
seu carregamento e descarregamento. 2 35 70
Para a Rede Temática, conforme dados da 3 35 70
Tabela 3, foi adotado o mesmo número de 4 70 70
ciclos usado por Guimarães (2009), conforme 5 70 70
dados apresentados na Tabela 2. Até então, este 6 70 70
300.000
7 105 70
é o único estudo brasileiro a testar a DP em 8 105 70
materiais granulares. 9 105 70
10 40 70
Tabela 2. Parâmetros sugeridos por Guimarães, 2009. 11 40 70
Guimarães (2009) 12 40 70
Ensaio d (kPa) 3 (kPa) Ciclos
1 40 40 Lima (2016) aplicou valores de tensões
2 80 120
idênticos aos propostos por Guimarães
3 120 200
4 80 80
(2009), diferindo-se apenas pela primeira
5 160 240 150.000 aplicação de 3 (50 kPa) (Tabela 5),
6 240 400 mantendo a relação d×3 em proporções de
7 120 120 1, 2 e 3, com carregamento de 150.000
8 240 360 ciclos.
9 360 600
Tabela 5. Parâmetros usados por Lima, 2016.
Tabela 3. Parâmetros usados pela Rede Temática, 2010. Lima (2016)
Temática (2010) Ensaio d (kPa) 3 (kPa) Ciclos
Ensaio d (kPa) 3 (kPa) Ciclos 1 50 50
1 40 40 2 100 50
2 80 40 3 150 50
3 120 40 4 80 80
4 80 80 5 160 80 150.000
5 160 80 6 240 80
150.000
6 240 80 7 120 120
7 120 120 8 240 120
8 240 120 9 360 120
9 360 120
10 70 70 Goméz (2016), apesar de ter sugerido um
carregamento elevado (até 499 kPa de tensão
O trabalho de Ribeiro (2013) utilizou de um desvio), nenhum dos seus materiais chegou à
número de ciclos elevado e da não variação da máxima aplicação, rompendo-se antes disso. A
tensão confinante (Tabela 4), com objetivo de variação de tensão se deu de modo que a
analisar a influência da umidade, da tensão
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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de tensão confinante e tensão desvio, bem como confinante (kPa); w: umidade (%); 𝜃 , , e
variar o número de aplicações de carga. : parâmetros do modelo.
Guimarães (2001) ao analisar uma argila Ribeiro (2013) concluiu que não foi possível
amarela quanto à influência da umidade, observar a influência da umidade em seu
constatou que uma diferença na umidade de 9% trabalho, usando como justificativa a pouca
reproduzia um acréscimo na DP de 33%. Ao variação encontrada no resultado da DP. No
verificar a influência das tensões, percebeu que entanto, o modelo pode ser visto como
uma areia argilosa ao receber uma tensão redundante, ao perceber que a autora utilizou
confinante de 40 kPa para uma relação de para sua pesquisa apenas um tipo de solo e
tensão confinante por tensão desvio igual a 1 baseou seus dados em condições de umidade já
resultava em um deslocamento menor que 1,00 predeterminadas pelo DNIT, que admite uma
mm e ao aumentar o valor dessa relação para 3, variação na umidade de até 2%. Ribeiro (2013)
essa deformação apresentava um acréscimo utilizou valores de variação de umidade de
chegando a 5,00 mm, sendo análogo a 1,5%, o que recorre a um resultado previsível
comportamentos em outros testes laboratoriais que influencia na não observação dessa
feitos por Guimarães (2009), com isso é variação de deformação, sobretudo para solos
constatado a grande influência na deformação arenosos que possuem uma curva de
causada por esses fatores. compactação mais arredondada, aumentando a
Apesar do modelo de Guimarães (2009) área de variação da umidade sem grandes
ainda não ter sido validado em campo, ele foi consequências. Isso significa, que muito embora
adotado para previsão do compotamento das o modelo seja para prever a influência das
camadas granulares e do subleito quanto à tensões e da umidade, não está clara tal
deformação permanente dos pavimentos convicção.
asfálticos brasileiros (Figura 4). Apesar de todos os modelos apresentados,
indicarem ser uma boa base para o
direcionamento de investigações em termos de
DP no país, fica perceptível a necessidade de
complementação, tanto quanto aos parâmetros
utilizados, quanto aos estudos realizados com
esses parâmetros. Há ainda a necessidade de se
testar materiais diferentes, aplicações de tensões
ou número de ciclos diferentes, buscando
sempre a melhor representação, de forma que se
reduza o trabalho gerado para estudos
posteriores.
Figura 4. Aplicação do modelo de Guimarães.
6 CONCLUSÕES
5.5 Modelo de Ribeiro (2013)
Mostrou-se neste artigo que a DP tem um
Ribeiro (2013) buscou introduzir à equação de amplo espaço a ser explorado, seja na
Monismith et al. (1975) alguns parâmetros metodologia de ensaio, tipos de materiais a
como a razão entre 𝜎 e 𝜎 e, principalmente, a serem estudados, modelos de previsão a serem
umidade de compactação. melhorados destacando-se as várias carências
no procedimento de análise, além de
𝜀 = 𝜃 + 𝜃 .𝑁 + 𝜃 . + 𝜃 .𝑤 (7) conhecimento limitado quanto às suas
principais influências, devido às mesmas
Onde, : DP (%); N: número de aplicações carências, como por exemplo, um procedimento
de carga; 𝜎 : tensão desvio (kPa); 𝜎 : tensão de ensaio que chega a necessitar de mais de 3
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dias consecutivos para uma única amostra. O KOLISOJA, P., SAARENKETO, T., PELTONIEMI, H.
fato de não haver uma normatização para o e VUORIMIES, N. (2000), Laboratory Testing of
ensaio, pode ser a justificativa dos poucos Suction and Deformation Properties of Base Course
estudos realizados, como pode ser percebido ao Aggregates (02): 83–89.
encontrarmos apenas quatro autores nacionais, LEKARP, F. e DAWSON, A. (1998), Modelling
Guimarães (2009), Ribeiro (2013), Lima (2016) Permanent Deformation Behavior of Unbound
Granular Materials. Construction and Building
e Goméz (2016) que tratam desse defeito em
Materials, Vol 12, n° 1, pp.9-18. Elsevier Science Ltd.
materiais granulares.
LIMA, C. D. A. (2016), Estudo da Deformação
Recomenda-se para trabalhos posteriores Permanente de Duas Britas Graduadas para Uso em
uma análise dos modelos de previsão Camadas de Pavimentos. Tese de Doutorado,
apresentados ou a revisão desses modelos, a fim Programa de Engenharia Civil da COPPE/UFRJ. Rio
de melhorar a previsibilidade da deformação de Janeiro.
permanente em solos em campo; e recomenda- MALYSZ, R. (2009), Desenvolvimento de um
se também a avaliação da influência do número Equipamento Triaxial de Grande Porte para a
Avaliação de Agregados Utilizados como Camada de
de ciclos na metodologia de ensaio, visando
Pavimentos. Doutorado em Engenharia, Universidade
minimizar a exaustão do protocolo de ensaio.
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
MEDINA J. e MOTTA, L. M. G. (2015), Mecânica dos
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