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ARTIGO Recebido: 06/09/2020

ORIGINAL Aceito: 16/02/2021

Perfil de trabalhadores depressivos com


incapacidade para o trabalho no sul de
Santa Catarina
Profile of workers receiving disability benefits for depressive
conditions in south Santa Catarina, Brazil
Alaor Ernst Schein1 , Amanda Gemelli1, Bruna de Fátima Oliveira Wey1,
Sarah Galatto Cancillier2, Kristian Madeira1,2

RESUMO | Introdução: Nos últimos anos, os transtornos mentais se mantiveram como a terceira maior causa de concessão de
benefícios auxílio-doença por incapacidade de trabalho no Brasil. Objetivos: Avaliar o perfil dos beneficiários em auxílio-doença
por depressão e o desfecho perante a unidade do Instituto Nacional do Seguro Social de Criciúma. Métodos: O estudo foi realizado
a partir de dados do portal do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão, da Gerência do Instituto Nacional do
Seguro Social de Criciúma/Santa Catarina. Foram selecionados 343 indivíduos no período de 1 ano. Após, houve análise das
novas concessões dos benefícios pelo período de 6 anos. Resultados: O episódio depressivo leve foi o transtorno que mais gerou
benefícios por incapacidade. A idade média foi de 42 anos, com predominância do sexo feminino. Receberam pelo menos um novo
benefício por incapacidade 56% dos beneficiários. Entre as principais causas, estavam os transtornos mentais. A duração dos novos
benefícios foi significativamente maior. Conclusões: O perfil típico é de mulher, com 42 anos, empregada, com renda de um a dois
salários-mínimos, baixo grau de instrução, que se afasta do trabalho por episódio depressivo leve. A idade mais elevada foi fator
de risco para recebimento de novo benefício. Os benefícios qualificados como de maior gravidade e os posteriores ao primeiro
tiveram duração maior. Diante da relevância da depressão na saúde do trabalhador, espera-se que o estudo contribua através do
conhecimento gerado e estimule novas pesquisas na área.
Palavras-chave | seguro por incapacidade; afastamento; depressão.

ABSTRACT | Introduction: In recent years, mental disorders have remained the third leading cause of sick-pay benefits due to
incapacity for work in Brazil. Objectives: To assess the profile and outcomes of workers receiving sick pay for depression through
the Criciúma unit of the Brazilian National Social Security Institute (Instituto Nacional do Seguro Social, INSS). Methods: The
study was carried out using data obtained from the Electronic System Portal of the INSS Citizen Information Service of Criciúma,
state of Santa Catarina. A total of 343 individuals were selected over a 1-year period. We then analyzed all new benefits granted
over a 6-year period. Results: Mild depressive episode was the disorder that prompted the most disability benefits. The mean age
was 42 years, with a predominance of female beneficiaries. Overall, 56% of beneficiaries were granted at least one new disability
benefit. Mental health disorders were among the leading causes. The duration of new benefits was significantly longer. Conclusions:
The typical profile is that of a 42-year-old woman, gainfully employed, earning one to two times the minimum wage, with low
educational attainment, who is deemed unfit for work due to a mild depressive episode. Older age was a risk factor for being awarded
a new benefit. Benefits classified as due to a more serious condition and those awarded subsequent to the first benefit had a longer
duration. Given the relevance of depression to occupational health, we hope that the findings of the present study will contribute to
the literature and encourage new research in the field.
Keywords | disability benefit; sick leave; depression.

1
Curso de Medicina, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma, SC, Brasil.
2
Curso de Matemática, UNESC, Criciúma, SC, Brasil.
Fonte de financiamento: Nenhuma
Conflitos de interesse: Nenhum
Como citar: Schein AE, Gemelli A, Wey BFO, Cancillier SG, Madeira K. Profile of workers receiving disability benefits for depressive conditions in south Santa Catarina,
Brazil. Rev Bras Med Trab. 2022;20(2):185-194. http://dx.doi.org/10.47626/1679-4435-2022-685

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Schein AE et al.

INTRODUÇÃO como analisar a reincidência de afastamento laboral com


recebimento de benefício previdenciário perante a unidade
Os problemas de saúde mental, segundo as estimativas do INSS da macrorregião de Criciúma.
mundiais divulgadas pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), respondem por 12% das doenças1. Entre os
transtornos mentais, a depressão é o mais prevalente, MÉTODOS
atingindo 322 milhões de pessoas, o que equivale a 4,4%
da população mundial2. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
A depressão se caracteriza por um estado de tristeza Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em
imotivado ou reativo, com lentificação do pensamento, Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Extremo
sensação de culpa, autoestima baixa, pessimismo e ideação Sul Catarinense, sob o protocolo número 2.400.209. A
de ruína e morte3. Acomete principalmente mulheres coleta de dados foi iniciada após aprovação pelo referido
na faixa etária de 40 anos, desempregadas e com outras comitê, estando de acordo com a Resolução nº 466/2012,
comorbidades4. A taxa de recuperação desse transtorno que regulamenta a pesquisa com humanos. O INSS
ainda é baixa, chegando a apenas 37% dos indivíduos após autorizou a consulta de dados por parte do pesquisador
6 meses de tratamento5. principal (processo 35344.000196/2018-63).
A estimativa da OMS é de que a depressão represente a
segunda causa de perda de dias de trabalho em 2020 e seja DESENHO DO ESTUDO
a principal causa de incapacidade funcional até 20306. Esse Trata-se de estudo observacional, retrospectivo, de
transtorno é uma das principais causas de incapacidade, abordagem quantitativa e com coleta de dados secundários.
absenteísmo e diminuição ou perda de produtividade,
resultando em aumento do uso de recursos de saúde7. LOCAL DO ESTUDO
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma O estudo foi realizado a partir de dados obtidos via
organização pública que presta serviços previdenciários portal do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação
para a sociedade brasileira. Tem como competência o ao Cidadão (protocolo 37400.005825/2017-74), da
reconhecimento dos direitos dos segurados do Regime Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social
Geral de Previdência Social, que atualmente totalizam de Criciúma, e através do Sistema Único de Informações
cerca de 50 milhões de segurados e, em 2017, totalizavam de Benefícios. Tal unidade se encontra na região central
mais de 33 milhões de beneficiários8. Conforme a Lei de Criciúma, Santa Catarina, e abrange um total de 24
nº 8.213, recebe auxílio-doença o segurado empregado municípios da região sul do estado de Santa Catarina.
que fica incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias
consecutivos ou, no caso dos demais segurados, a contar AMOSTRA DO ESTUDO
a data do início da incapacidade e enquanto permanecer A pesquisa foi realizada com 343 segurados da Gerência
incapaz9. Executiva de Criciúma que receberam benefícios auxílio-
Nos últimos anos, os transtornos mentais foram doença por episódio depressivo ou transtorno depressivo
a terceira maior causa de concessão de benefícios recorrente no período de 1º de outubro de 2010 a 30 de
auxílio-doença por incapacidade de trabalho no Brasil, setembro de 2011. De acordo com o cálculo do tamanho
representando um custo financeiro elevado para o país10,11. mínimo amostral, o erro amostral máximo tolerável para
Nos Estados Unidos, os gastos foram de 83 bilhões em essa pesquisa foi de 5%, com 323 indivíduos.
201012 e, na Europa, as doenças mentais despendem
atualmente 1% do produto interno bruto, sendo o CRITÉRIO DE INCLUSÃO
transtorno mais oneroso do continente13. Foram incluídos os indivíduos segurados da
Dessa forma, o presente artigo objetivou avaliar o Previdência Social que receberam benefícios auxílio-
perfil dos beneficiários de auxílio-doença por episódio doença por diagnóstico de episódio depressivo ou
depressivo ou transtorno depressivo recorrente, bem transtorno depressivo recorrente [Código Internacional de

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Doenças, 10ª edição (CID-10) F32, F32.0, F32.1, F32.2, da aplicação do teste H de Kruskal-Wallis, seguido do
F32.3, F32.8, F32.9, F33, F33.0, F33.1, F33.2, F33.3, teste post-hoc de Dunn quando valor estatisticamente
F33.4, F33.8 e F33.9] no período de 1º de outubro de significativo. A comparação da média de valores em dois
2010 a 30 de setembro de 2011. momentos distintos foi realizada por meio da aplicação do
teste T de Wilcoxon.
CRITÉRIO DE EXCLUSÃO A investigação da existência de associação entre as
Os benefícios repetidos durante o período inicial da variáveis qualitativas foi realizada por meio da aplicação dos
amostra foram excluídos. testes de razão de verossimilhança e do qui-quadrado de
Pearson, seguidos de análise de resíduo quando observada
INSTRUMENTO DE COLETA significância estatística.
O estudo foi realizado a partir de dados obtidos via
portal do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação
ao Cidadão (protocolo 37400.005825/2017-74), da RESULTADOS
Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social
de Criciúma. Os dados coletados nesse sistema incluíram PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO
sexo, idade, escolaridade, faixa salarial, filiação, duração do O perfil sociodemográfico dos beneficiários no INSS
benefício, número de benefícios, aposentadorias e CID. da macrorregião de Criciúma no período de 1º de outubro
de 2010 a 30 de setembro de 2011 em auxílio-doença por
LOGÍSTICA episódio ou transtorno depressivo (Tabela  1) demostra
Inicialmente, foi analisado o perfil dos beneficiários que a idade média, em anos, foi de 42,2±11,4. Em relação
de 1º de outubro de 2010 a 30 de setembro de 2011. ao sexo, houve predomínio do sexo feminino, com 75,8%
Em seguida, foi realizada análise do seguimento desses dos casos. Quanto à escolaridade, 61,5% eram analfabetos
beneficiários até 30 de setembro de 2017, verificando se ou possuíam ensino fundamental incompleto. Sobre o
houve novos benefícios, a doença que levou a essa nova emprego, 60,6% dos indivíduos estavam empregados no
incapacidade e a duração dos benefícios concedidos nesse momento da concessão do auxílio, 19,8% eram autônomos
período. e 13,7% eram desempregados. Em relação à renda, a
maioria (47,8%) recebia de um a dois salários-mínimos, e
ANÁLISE ESTATÍSTICA 36,4% recebiam até um salário-mínimo.
Os dados coletados foram analisados em planilhas do O código F32.0 (episódio depressivo leve) do CID-10
software IBM® SPSS versão 21.0. As variáveis quantitativas foi responsável pelo maior número de benefícios auxílio-
foram expressas por meio de média e desvio padrão ou doença concedidos (31,2%), seguido do F33.0 (transtorno
mediana e amplitude interquartil, além de valores mínimo depressivo recorrente, episódio atual leve), com 16,3%.
e máximo. As variáveis qualitativas foram expressas por Quanto à duração do benefício auxílio-doença
meio de frequência e porcentagem. concedido por episódio ou transtorno depressivo na
As análises inferenciais foram realizadas com um nível análise inicial, obteve-se uma média de 70,2±35,0 dias e
de significância α = 0,05 e, portanto, confiança de 95%. uma mediana de 62 dias. Conforme a Tabela 2, verificou-
A investigação da distribuição das variáveis quantitativas se maior duração dos benefícios auxílio-doença em
quanto à normalidade foi realizada por meio da aplicação indivíduos com CID-10 F32.3 (episódio depressivo
do teste de Kolmogorov-Smirnov. A investigação da grave com sintomas psicóticos), F33.1 (transtorno
homogeneidade das variâncias foi realizada por meio da depressivo recorrente, episódio atual moderado) e
aplicação do teste de Levene. F33.2 (transtorno depressivo recorrente, episódio atual
A comparação de valores médios entre dois grupos grave sem sintomas psicóticos) em comparação aos
foi realizada por meio da aplicação do teste t de Student indivíduos com CID-10 F32.0 (episódio depressivo
para amostras independentes. A comparação de valores leve). Encontrou-se, também, duração maior dos
médios entre mais de dois grupos foi realizada por meio benefícios em indivíduos com CID-10 F33.2 (transtorno

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depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas de outubro de 2011 a 30 de setembro de 2017 (Tabela 1),
psicóticos) em comparação ao CID-10 F32.1 (episódio verificou-se que 192 pessoas (56%) receberam pelo menos
depressivo moderado) (p = 0,025). mais um benefício por incapacidade, resultando em 316
benefícios repetidos no período analisado (Tabela 3).
SEGUIMENTO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS A idade média dos indivíduos que não necessitaram
Ao analisar o seguimento dos mesmos beneficiários de novos benefícios foi de 40,1±11,7 anos, ao passo que
no INSS da macrorregião de Criciúma no período de 1º entre os que receberam novos benefícios a idade média

Tabela 1. Perfil dos segurados em benefício por episódio ou transtorno depressivo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
na macrorregião de Criciúma no período de 1° de outubro de 2010 a 30 de setembro de 2011

Benefício
Média ± DP
ou
Média ± DP n (%)
ou
n (%) Um Mais de um
n = 343 n = 151 n = 192 Valor de p

Idade (anos) 42,2±11,4 40,1±11,7 43,8±10,9 0,003*


Sexo
Feminino 260 (75,8) 113 (74,8) 147 (76,6) 0,711†
Masculino 83 (24,2) 38 (25,2) 45 (23,4)
Escolaridade
Analfabeto ou EFI 110 (61,5) 36 (50,0) 74 (69,2)‡ 0,034§
EFC ou EMI 32 (17,9) 16 (22,2) 16 (15,0)
EMC ou ESI 29 (16,2) 14 (19,4) 15 (14,0)
ESC 8 (4,5) 6 (8,3) ‡
2 (1,9)
Não informado 164 79 85
Filiação
Empregado 208 (60,6) 94 (62,3) 114 (59,4) 0,629§
Autônomo 68 (19,8) 27 (17,9) 41 (21,4)
Desempregado 47 (13,7) 20 (13,2) 27 (14,1)
Seguro especial 15 (4,4) 8 (5,3) 7 (3,6)
Doméstico 4 (1,2) 1 (0,7) 3 (1,6)
Facultativo 1 (0,3) 1 (0,7) 0 (0,0)
Renda (R$)
Até um salário-mínimo 125 (36,4) 56 (37,1) 69 (35,9) 0,102§
Um a dois salários-mínimos 164 (47,8) 72 (47,7) 92 (47,9)
Dois a três salários-mínimos 29 (8,5) 12 (7,9) 17 (8,9)
Três a quatro salários-mínimos 15 (4,4) 8 (5,3) 7 (3,6)
Quatro a cinco salários-mínimos 4 (1,2) 3 (2,0) 1 (0,5)
Cinco a seis salários-mínimos 6 (1,7) 0 (0,0) 6 (3,1)
DP = desvio padrão; EFC = ensino fundamental completo; EFI = ensino fundamental incompleto; EMC = ensino médio completo; EMI = ensino médio incompleto; ESC
= ensino superior completo; ESI = ensino superior incompleto.
* Foi aplicado o teste de Levene.

Foi aplicado o teste do qui-quadrado de Pearson.

Valor estatisticamente significativo obtido após aplicação do teste de resíduo.
§
Foi aplicado o teste de razão de verossimilhança. Teste t de Student (Kolgorov-Smirnov).

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foi de 43,8±10,9 anos (p = 0,003). O sexo feminino foi fundamental incompleto (p = 0,034). Em relação à
predominante em ambos os grupos, com 74,8 e 76,6%, filiação, a maioria estava empregada em ambos os grupos,
respectivamente. Naqueles que não receberam novo com médias próximas (62,3 e 59,4%, respectivamente). A
benefício, 8,3% possuíam ensino superior completo, renda de um a dois salários-mínimos manteve-se a mais
enquanto 69,2% dos que necessitaram de mais de prevalente, com 48%, e foi equivalente nos indivíduos que
um benefício eram analfabetos ou possuíam ensino receberam um e mais de um benefício.

Tabela 2. Duração do benefício auxílio-doença por episódio ou transtorno depressivo em segurados do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) da macrorregião de Criciúma no período de 1° de outubro de 2010 a 30 de setembro de 2011 de acordo
com o CID-10

Duração do benefício (dias)

Média ± DP Md (AIQ) Mínimo Máximo Valor de p*

F32.0 63,6±36,5 †
57,0 (39,5;88,0) 6 192
F32.1 67,9±7,0†‡ 47,0 (42,0;87,5) 5 213
F32.2 71,0±4,3 †‡§
66,0 (52,0;86,0) 5 161
F32.3 83,0±8,7‡§ 79,0 (59,0;101,0) 52 142
0,025
F33.0 69,9±38,5†‡§ 62,5 (42,5;92,5) 5 180
F33.1 75,5±5,1‡§ 64,5 (51,0;99,0) 41 137
F33.2 78,9±4,8§ 80,0 (54,0;97,0) 5 166
F33.3 78,0±9,0†‡§ 69,0 (53,0;95,5) 46 140
AIQ = amplitude interquartil; CID-10 = Código Internacional de Doenças, 10ª edição;
DP = desvio padrão; F32.0 = episódio depressivo leve; F32.1 = episódio depressivo moderado; F32.2 = episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos; F32.3 =
episódio depressivo grave com sintomas psicóticos; F33.0 = transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve; F33.1 = transtorno depressivo recorrente, episódio
atual moderado; F33.2 = transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos; F33.3 = transtorno depressivo recorrente, episódio atual
grave com sintomas psicóticos; Md = mediana.
* Valores obtidos por meio da aplicação do teste H de Kruskal-Wallis.
†‡§
Símbolos diferentes representam diferença estatisticamente significativa por meio da aplicação do teste post-hoc de Dunn.

Tabela 3. Doenças que originaram novos benefícios por incapacidade no período de 1º de outubro de 2011 a 30 de setembro de
2017 em indivíduos que receberam benefícios por transtornos ou episódios depressivos no período inicialmente analisado

Benefícios
n (%)
Capítulo do CID-10 n = 316

F – Transtornos mentais e comportamentais 136 (43,0)


F32.x 39 (28,7)
F33.x 54 (39,7)
Outros F 43 (31,6)
M – Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 42 (13,0)
S – Lesões, envenenamentos e algumas outras causas externas 20 (6,0)
I – Doenças do aparelho circulatório 15 (5,0)
Outros 63 (21,0)
Desconhecido 40 (12,0)
CID-10 = Código Internacional de Doenças, 10ª edição; desconhecido = benefícios implantados por determinação judicial, sem informação da doença; F32.x =
episódios depressivos e subdivisões; F33.x = transtornos depressivos recorrente e subdivisões.

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O seguimento da amostra (Tabela 3) demonstrou 2015 em São Paulo, houve predomínio do sexo feminino
que, dos 316 benefícios repetidos nos 6 anos posteriores, (68,7%)10. No seguimento do presente estudo, encontrou-
43% foram relacionados a transtornos mentais e se predominância semelhante entre os indivíduos que
comportamentais (CID-10 F); 13%, a doenças não necessitaram de novos afastamentos (74,8%), bem
osteomusculares e do tecido conjuntivo (CID-10 M); em como naqueles que receberam outros benefícios (76,6%).
12%, não foi possível identificar a doença, provavelmente Também foi obtido predomínio do sexo feminino em uma
por terem origem em sentença judicial; 6% foram por análise nacional dos afastamentos laborais entre a classe
causas externas (CID-10 S); e 5% foram por doenças do trabalhadora do setor privado, bem como em um estudo
aparelho circulatório (CID-10 I). Entre os 136 novos com servidores públicos afastados do trabalho em Santa
benefícios por transtornos mentais e comportamentais, 93 Catarina15. Esses dados podem ser explicados pela maior
(68,4%) decorreram de episódio ou transtorno depressivo. prevalência de depressão entre o sexo feminino, bem como
Diante da análise da reincidência dos afastamentos de doenças crônicas, que são responsáveis por grande
laborais, a mediana da duração concedida aos indivíduos parte dos afastamentos laborais16. Outra hipótese é a
que necessitaram de dois benefícios consecutivos (n = maior vulnerabilidade das mulheres a fatores psicossociais,
165) revelou que o tempo do segundo benefício foi maior fisiológicos e ambientais7,17.
do que do primeiro (p < 0,001). As medianas encontradas Mais da metade (62%) dos indivíduos do presente
neste estudo foram de 59 dias no primeiro benefício e 67 estudo, no primeiro benefício concedido por depressão,
dias no segundo. eram analfabetos ou não haviam completado o ensino
Durante o período avaliado, sete indivíduos se fundamental. Resultados semelhantes foram obtidos em
aposentaram devido a episódio ou transtorno depressivo, um estudo realizado em diferentes cidades brasileiras, no
sendo a maioria do sexo feminino (71,4%), com idade qual os transtornos mentais foram mais prevalentes em
média de 56,7±6,7 anos, analfabeta ou com ensino pessoas com baixa escolaridade18. Os dados divergem dos
fundamental incompleto (85,7%) e com renda de até um resultados encontrados entre os trabalhadores americanos
salário-mínimo (71,4%). com transtorno depressivo11, em que apenas 12,6% deles
não haviam terminado o ensino médio. A proporção de
trabalhadores formais brasileiros com 11 a 14 anos de
DISCUSSÃO estudo no Brasil é de 36%14. Supõe-se que tais resultados
refletiriam em um aumento no risco de afastamento
O Ministério da Saúde afirma que a depressão atinge laboral por depressão em indivíduos de baixa escolaridade
17% dos trabalhadores no auge da vida profissional, entre no Brasil. Entretanto, tais divergências podem ser mais
25 e 40 anos, sendo uma importante causa de antecipação bem explicadas pela não atualização constante dos dados
da incapacidade laboral7. No presente estudo, a idade relativos à escolaridade no banco de dados do INSS.
média encontrada para o primeiro benefício por depressão Ao analisar o seguimento dos beneficiários, entre os
foi de 42 anos. Esse dado se aproxima ao encontrado em indivíduos que não necessitaram de novos benefícios,
uma análise realizada com indivíduos com transtornos 8,3% possuíam ensino superior completo, enquanto
mentais em benefício no INSS, na qual predominou a faixa 69,2% daqueles que receberam mais de um benefício eram
etária inferior a 40 anos10. Ao analisar o seguimento, a idade analfabetos ou possuíam ensino fundamental incompleto
média dos indivíduos que não receberam novos benefícios (p = 0,034). Um estudo realizado com trabalhadores
foi de 40 anos; já a idade média dos que receberam mais na capital da Finlândia demostrou que indivíduos com
benefícios foi de 44 anos. Essa diferença foi estatisticamente maior escolaridade necessitavam menos de afastamentos
significativa, consolidando os dados da literatura de que a do trabalho19. Esses estudos demostram que a educação
idade é um fator de risco para a incapacidade laboral14,15. proporciona às pessoas maior compreensão sobre os fatores
No presente estudo, 75,8% dos indivíduos em relacionados à saúde, levando a uma procura precoce por
benefício inicial por depressão eram mulheres. Na análise diagnóstico e tratamento e, consequentemente, reduzindo
das concessões do INSS por transtornos mentais no ano de os afastamentos do trabalho17,19.

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Trabalhadores depressivos incapazes para trabalho

Anualmente, mais de 5 milhões de adultos americanos No presente estudo, apenas 17% necessitaram de um novo
deixam de procurar ou não encontram emprego devido a afastamento por essa condição. Portanto, sugere-se que,
doenças mentais20. Um estudo realizado de 1995 a 2013 em apesar de a recuperação total da doença ainda ser baixa,
Portugal demonstrou que o desemprego tem forte relação se tratada adequadamente, o indivíduo pode recuperar a
com a depressão21. Outro estudo, realizado em 2011 na capacidade laboral antes mesmo da recuperação completa
Grécia, sugere que o desemprego é um fator de risco para da doença26.
essa doença22. Esses dados se opõem aos encontrados Um estudo realizado na Holanda revelou que a duração
neste estudo, visto que, no momento da concessão do média de afastamento do trabalho devido a sintomas
benefício por depressão, a maioria estava empregada depressivos foi de aproximadamente 200 dias17. Já uma
(60,6%) e apenas 13,7% estavam desempregados. Na pesquisa no estado do Tocantins com servidores públicos
análise dos 6 anos posteriores, 62,3% dos que não com transtornos mentais verificou uma média de 44 dias
receberam novos benefícios e 59,4% dos que receberam de afastamento27. No presente estudo, a duração média
estavam empregados; em contrapartida, apenas 13,2% e do primeiro benefício foi de 70 dias, predominando o
14,1% estavam desempregados, respectivamente. Essas CID-10 F32.0 (episódio depressivo leve), com 31,2%.
divergências podem ser explicadas pelo fato de os dados Nesse caso, as Diretrizes de Apoio à Decisão Médico-
terem sido extraídos da base do INSS, contemplando Pericial em Psiquiatria do INSS preveem a resolução da
apenas trabalhadores em atividade atual ou recente. Logo, incapacidade laborativa por volta de 60 dias, justificando
não é um resultado que possa ser extrapolado. a duração média encontrada26. O CID F33.0 foi o segundo
Em relação à renda, a maioria (48%) recebia de um mais frequente, com 16,3%. Nesses casos, à medida que o
a dois salários-mínimos, e 36% recebiam até um salário- curso do transtorno progride, os pacientes tendem a ter
mínimo, corroborando com uma pesquisa realizada episódios mais frequentes, que duram cada vez mais, e a
em Porto Alegre, que incluiu indivíduos adultos com probabilidade de recuperação diminui progressivamente à
depressão e verificou maior ocorrência da doença medida que a duração dos episódios aumenta26.
naqueles com baixa renda23. No seguimento, manteve-se No presente estudo, 56% necessitaram de mais de
a prevalência de um a dois salários-mínimos, equivalente um benefício durante o período analisado. As principais
a 48% dos indivíduos que necessitaram de um ou mais causas foram os transtornos mentais, representando
de um benefício. Portanto, as chances de desenvolver 43%, seguidos das doenças osteomusculares e do tecido
doenças são maiores entre os indivíduos de baixa renda24. conjuntivo, com 13%. Portanto, indivíduos com depressão
É importante esclarecer que a comparação dos resultados tendem a ter mais doenças crônicas e, consequentemente,
encontrados neste estudo, especialmente em relação a necessitam de afastamento do trabalho com mais
tais variáveis, exige prudência em razão de diferenças frequência28. Além disso, a história de um transtorno
metodológicas adotadas. Alguns dados disponíveis no mental aumenta significativamente o risco de recaída do
banco de dados do INSS, tais como escolaridade e faixa transtorno depressivo25.
salarial, podem não refletir a realidade fática, pois não são Este estudo demonstrou um aumento na duração dos
constantemente atualizados. afastamentos (p < 0,001), sendo o primeiro com duração
Em um estudo realizado com 396 indivíduos mediana de 59 (43-88) dias, enquanto o segundo teve
com diagnóstico de transtorno depressivo que foram duração mediana de 67 (46-124) dias. Outro estudo
acompanhados por 6 anos pelo Intituto Nacional realizado com servidores públicos estaduais também
Americano de Saúde Mental National Institute of Mental identificou aumento na média da duração do auxílio
Health, houve recorrência em 34% dos pacientes25, concedido. O componente depressivo desses indivíduos
demonstrando que a taxa de recuperação do transtorno pode contribuir para um maior tempo de afastamento por
depressivo ainda é baixa6. No entanto, quando analisada outras comorbidades28.
a incapacidade para o trabalho, menos de 25% dos Durante o presente estudo, sete indivíduos se
requerentes de afastamento do trabalho por depressão na aposentaram devido a episódio ou transtorno depressivo,
Alemanha em 2008 precisaram de um novo benefício17. sendo a maioria do sexo feminino (71%). Também houve

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Schein AE et al.

prevalência do sexo feminino em um estudo realizado na salarial e situação empregatícia. O perfil típico é de
Finlândia, em que os transtornos mentais, principalmente mulher, com 42 anos de idade, algum tipo de vínculo
a depressão, foram as principais razões para aposentadoria empregatício, renda média de um a dois salários-mínimos
precoce29. No presente estudo, a idade média foi de vigentes nacionais, 10 anos ou menos de estudo, que se
56,7±6,7 anos. afasta do trabalho por episódio depressivo leve (CID 32
Pela classificação CID-10, pacientes com episódios – F32.0).
depressivos leves estão aptos a realizar a maioria das A idade mais elevada foi identificada como fator de
atividades, não necessitando normalmente de afastamento risco para recebimento de novo benefício previdenciário.
laboral3. Porém, este estudo encontrou predominância do Houve reincidência de incapacidade na maior parte dos
CID F32.0 (episódio depressivo leve), correspondendo indivíduos. As doenças que mais frequentemente causaram
a 31,2%, seguido do F33.0 (transtorno depressivo recebimento de novo benefício por incapacidade laboral
recorrente, episódio atual leve), com 16,3%. Apesar disso, foram os transtornos mentais – maioria por recorrência de
as Diretrizes de Apoio à Decisão Médico-Pericial em depressão – e osteomusculares.
Psiquiatria do INSS preconizam que deve haver avaliação Destaca-se o fato de que a maior parte dos benefícios
quanto à adesão e eficácia do tratamento e à atividade por incapacidade na população estudada decorreu de
exercida, ponderando o risco para si e para terceiros, doença “leve”. Isso contradiz, ao menos parcialmente, o
além de possíveis desencadeamentos relacionados com o CID-10, que preconiza que os pacientes normalmente
trabalho26, fato que poderia explicar tal achado. são capazes de continuar com a maioria das atividades
No presente estudo, os benefícios auxílio-doença em nos diagnósticos F32.0 ou F33.0. Tanto os benefícios
indivíduos com CID-10 F32.3 (episódio depressivo grave qualificados como de maior gravidade quanto os que
com sintomas psicóticos), F33.1 (transtorno depressivo foram posteriores ao primeiro tiveram duração maior do
recorrente, episódio atual moderado) e F33.2 (transtorno que os benefícios moderados a leves ou únicos, conforme
depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas esperado.
psicóticos) tiveram maior duração em comparação aos O INSS possui o maior banco de dados das
indivíduos com CID-10 F32.0 (Episódio depressivo leve). características demográficas e de saúde da população
Também foi encontrada maior duração dos benefícios trabalhadora brasileira. No entanto, pesquisas sobre o
em indivíduos com CID-10 F33.2 (transtorno depressivo perfil de morbimortalidade dos trabalhadores ainda são
recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos) pouco exploradas. Devido à ausência de estudos, aponta-se
do que CID-10 F32.1 (episódio depressivo moderado) o questionamento de que o perfil da amostra do presente
(p = 0,025). Assim, a concessão do auxílio-doença deve estudo se assemelha aos das populações de outras regiões
ser individualizada e, conforme orientação das Diretrizes do país, bem como ao de toda a população brasileira, em
de Apoio à Decisão Médico-Pericial, se episódio leve a benefício auxílio-doença por depressão.
moderado, o afastamento poderá ter duração aproximada Em relação ao perfil dos indivíduos, dada a limitação das
de 60 dias, levando em consideração a melhora dos variáveis disponíveis no banco de dados do INSS, parece-
sintomas. No entanto, se for um episódio grave com ou sem nos interessante buscar identificar profissões ou estados
sintomas psicóticos ou transtorno depressivo recorrente, o civis que possam estar relacionados com o afastamento
indivíduo poderá necessitar de longos períodos e chegar ao laboral devido a tais doenças. As ferramentas utilizadas não
limite indefinido de afastamento do trabalho26. são suficientes para avaliar o impacto total da doença na
saúde laboral de todos os trabalhadores do país, pois não
avaliam trabalhadores informais, que não são contribuintes
CONCLUSÕES do INSS, segmento de importante representatividade
na nossa sociedade30. Ademais, não são suficientes para
O perfil do paciente que recebeu benefício por estabelecer algum tipo de relação causal entre trabalho
incapacidade nesse estudo é semelhante ao relatado na e depressão. Novos estudos poderão acompanhar o
literatura em relação a idade, sexo, escolaridade, faixa indivíduo após a cessação do benefício, objetivando avaliar

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Trabalhadores depressivos incapazes para trabalho

a produtividade do trabalhador, bem como os fatores de Contribuições dos autores


risco para recorrência. AES foi responsável pela administração do projeto e supervisão e
Diante da relevância da depressão na saúde do participou da concepção do estudo, recursos e materiais, validação,
redação – esboço original e revisão & edição. AG participou da
trabalhador, espera-se que o presente estudo contribua concepção do estudo, análise formal, obtenção de financiamento,
através do conhecimento gerado e estimule novas pesquisas investigação (inclusive coleta de dados), recursos/materiais,
apresentação, redação – esboço original, redação – revisão &
na área, objetivando melhorar a saúde do trabalhador. edição. BFOW participou da concepção do estudo, análise formal,
obtenção de financiamento, investigação (inclusive coleta de
dados), recursos/materiais, apresentação, redação – esboço original,
redação – revisão & edição. KM foi responsável pelo tratamento
AGRADECIMENTOS de dados, metodologia e software; além disso, participou dos
recursos/materiais, validação e redação – revisão & edição. SGC
foi co-responsável pelo tratamento de dados e visualização.
Agradecemos ao professor e amigo Doutor Kristian Todos os autores aprovaram a versão final submetida e assumem
Madeira pelo auxílio na realização deste artigo. responsabilidade pública por todos os aspectos do trabalho.

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2022 Associação Nacional de Medicina do Trabalho


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