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do T empo DO TEMPO
"No movimento da matéria se realiza a dialética
do linito e do infinito, dialética que aparece em
diversos
poral
aspectos- entre os
quais o
irraciona-
Combetendo as concepçies
relatividade.
peia teonia da
São dignas do maior interêsse a s id ias
epostas neste livro
sõbre a irreversibili-
dade do tempo. sõbre a essência e a infi-
nidade do tempo. sõbre a eternidade. sõ-
e
bre a relação e n t r e passado. presente
futuro.
O problerma do tempo tema do pre-
sente ensaio é. sem dúvida. um dos
problemas mais intensamente vividos pe-
los filósofos contempor neos. Na medida
em que a realidade do tempo destrói
avassaladoramente os dogmas e agita as
mentes e os corações na história que es-
tamos fazendo. na medida em que o nos-
so modo de viver o tempo se altera, o
tempo como categoria filosófica também
exige repensamento e compreens ão mais
aprofundada. Sobretudo para os marxis-
tas, que. pela perspectiva filosófica que
não podem mais pensar reali-
adotam. a
PAzE TERRA
O Problema do Tempo
SUA INTERPRETAÇo FlLOSÓFICA
Serie
RUMOS DA CULTURA MODERNA I. F. ASKIN
VWame 33
O Problema
do Tempo
SUA INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA
Tradução de
JOEL SILVEIRA
Paz e Terra
Esta fol traduzida da versão cm castelhano,
edição
publlcada iNDICE
S. A., Montevidéo, Uruguay.
pela Edtciones Pueblos Unidos,
Montagem da capa:
EUNICE DUARTE PROLOGO9
Distribuigção exclusiva:
EDITÓRA CIVILIZAÇÃo BRAsLEIRA S. A. 1. A concepção Kantiana do tempo e o desenvolvimento
Rua 7 de Setembro, 97 da ciência 21
RIO DE JANEIRO - GB BRASIL
2 Afisica 38moderna e a concepção positivista do
tempo
3. A objetividade do tempo e a filosofia bergsoniana 47
Direitos universais para a lingua portuguësa adquiridos pela
EDITÖRA Paz E TERRA S. A.
Av. Rio Branco, 156 129 andar - s/1222
CAPÍTULO II
RIO DE JANEIRO
que se reserva a propriedade desta tradução.
O TEMPO Como FORMA DE Ex1STËxCIA Da MATÉRIA 65
1969
CAPÍTULO m
Impresso no Brasil
Printed in Brazil SOBRE A Essência Do TeMPo 83
do futuro 84
e o processo intercondicionadas
I Otempo duas formas
o espaço,
2. O tempo e
110
do ser da matéria diversidade do mundo 126
a
A essência do tempo
e
3.
PRÓLOGo
CAPÍTULO Iv
DO TEMPO 141
IRREVERSIBILIDADE
A
do tempo 142
1. Criterios da irreversibilidade na física
inversão do tempo
Sobre o conceito de
atual 167
da repetição relativa
3. ritmo temporal como expressão
O matéria 174
do movimento da
CAPÍTULOv
ciência
1. A teoria do principio e do fim do mundo e a
natural contemporânea 190
2. O tempo e a eternidade 198
CoNCLUSÃo 213
8 9
a particula- interèsse
tomado cm
mecânica, com
consideraçäo na
puramente
ficaçoes devidas à idade. Tudo isso oferece grande
cra
concebido como condiç o zootécnicos e oshorticultores, para especialistas
os
ridade que era cle à hipótese para os
ciências sociais.
Embora a
campo, põe a descoberto, de forma ampla, as relações de es.
E análoga a situação nas e as proprieda-
paço e tempo, revela as leis de tais relações
sucessao
como uma
história humana tenha sempre aparecido fisica onde se
estudo des que Ihes são comuns. E precisamente na
durante um amplo período
o
de gerações no tempo,
da sociedade realizou-se também
na esfera do
imutável" formulam os conceitos de tempo no passado, através dos
morais e as leis da eco ensinamentos de Newton; em nosso século, através da teo-
e do "extra-temporal".
Os principios
ideais estéticos eram con- ria da relatividade de Albert Einstein que exercem uma
nomia, as normas do direito e os profunda influência sóbre outras ciências e sôbre as ma
à influência
siderados como dados imutáveis, não sujeitos
nifestações filosóficas do tempo. O parâmetro temporal é
do fator tempo.
Em nossos dias, categoria de tempo entra
a
inevitàvel-
objeto de estudo por parte dos investigadores dos mais di-
mente na investigação das leis básicas que regem
as diversas versos ramos do saber. Os problemas referentes ao
envelhe
cimento dos metais e, de outros materiais, em particular dos
formas do movimento da matéria. A ciencia, penetrando
nas
ciên-
profundidades dos processos de
desenvolvimento, mostra
elementos e s s e n
sintéticos, interessam a todos aquêles que cultivam as
cias técnicas. Por outro lado, o tempo, como fator do desen-
claramente que o tempo constitui um dos
ciais da concepção moderna do mundo. volvimento da produção material, atrai a atenção dos econo-
O homem defronta-se com o fator tempo em todos
os
mistas.
terrenos de vida prática e, paralelamente, nas esferas
sua
E na linguagem que o conhecimento adquirido pelo ho-
do conhecimento. Na astronomia, por exemplo, determinar mem sôbre as propriedades temporais do mundo encontra o
a idade das formações estelares passou a ser um dos seus seu meio de manifestar-se. Enquanto nas linguas
primitivas
problemas capitais. As ciências geológicas são simplesmente a categoria gramatical do tempo se expressava de maneira
inconcebíveis se não leva em conta o prazo da tormação bastante débil, nas línguas desenvolvidas essa categoria gra-
das diferentes camadas e suas partes componentes; a geo matical do tempo ocupa lugar muito mais importante,
logia atual penetra nas leis às quais obedecem as mudanças desempenhando um papel igualmente importante no regime
dos processos geológicos no tempo, A quimica investiga a gramatical. ainda que variem as formas em que se expres-
origem dos elementos químicos: a biologia, a evolução da sam as relações temporais.
matéria viva, a duração da existência das espécies animais As investigações das ciências naturais, assim como das
e vegetais, sua sucessão consecutiva, assim como as modi sociais, contribuem sensivelmente para o conhecimento do
10 11
extraordinària-
dogma teológico. guns dos últimos resultados que a ciência obteve ao investigar
ramente metafísico, conforme
o
francês de as propriedades temporais em esferas diversas da natureza.
Também no livro O Tempo," do professor
citada é tratada sob um cri- No entanto, a insuficiência da análise filosófica e a presença
filosofia J. Pucelle, a categoria determinados da- da filosofia idealista em vários pontos essenciais diminuem
livro
tério idealista. O autor recolheu
neste
as manifestações temporais o valor dos trabalhos em questão, nos quais, ao lado de consi-
dos concretos que caracterizam
da fisica, da história, da psicologia, derações válidas, encontram-se afirmações sem base, de ca
no campo da biologia,
sua exposição o propo- ráter puramente idealista, Nesses trabalhos, - para não citar
etc. Todavia, repercute em tõda a
sito de manter-se eqüidistante das conclusões ideológicas ma-
as monografias de filósofos a que nos referimos acima- o
Ma-
terialistas derivantes dos resultados obtidos pela
ciência.
não de-
defeito mais grave consiste em fazer caso omisso da filoso
fia materialista dialética, a única que pode constituir o funda
nifesta-se em Pucelle a sua posição espiritualista, e
autor em questão é conhecido como his- mento ideológico da investigação do problema do tempo na
vemos esquecer que o
t o r i a d o r - e admirador
- da filosolia subjetiva e irraciona- ciência dos nossos dias.
lista. No decorrer dos
critica de
de nossa exposição, voltaremos à análise
Partindo de outras posições filosóficas, embora igualmen- alguns citados trabalhos monogråficos a res
seu livro
te cientificas, foi que H. Reichenbach peito do tempo, assim como de outras obras filosóficas que
escreveu o
10
trabalho cujo objetivo foi de in- tratam do mesmo assunto.
A Direção do Tempo. o
14 15
se rcalizou,
nclas o
Cxame do tempo
Em primciro lugar, amplo de "espaco soviéticos e várias investigaçöes nao soviéticas mostram
do problema mais da biologia, da geologia e de o u
regra gcral. no ponto
perlcitamente legitimo, e é possivel a importància dos dados
Tal exame é
no
ultimo periodo foram tras ciências na análise filosófica do problema do tempo.
e tempo. notáveis quc
trabalhos às monografias de Problemas relacionados com o tempo existem em diversas
citar alguns Relerimo-nos
tema, 1958) e de R. 1, de elucidação filosófica.
publicados sóbre
o
Tempo (Moscou, ciéncias,
Em
e necessitam
terceiro lugar, é preciso ter em conta que, na ilo-
V. I. Sviderski,
Espaço c
Moscou, 1 962).
Também rea-
Shteinman, Espaço e Tempo ( consagradas ao sotia atual, frente à concepção materialista dialética do
tilosóticas
investigações tempo existem numerosas tergiversações metafisicas idealis
lizaram
interessantes
O m c l i a n o v s k i , 1,
V. Kuznetsov,
tempo:
M. E. S. T. Meliujin tas, freqüentemente de caráter mistico, em relação à
referida
ao Naan,
Kuznetsov, G. I.
cspaço e
de dispomos, não se mostra
V. S. Gott. J. M.
resultados
aná-
essenciais sõbre a categoria. Nos trabalhos que
da definitiva, a análise da luta filosó-
tempo à luz exaustiva, muito
Alcançaram-se menos
outros. c
e de espaço
fica acèrca da categoria de tempo.
das categorias interpretação
lise filosófica Submeteu-se à
critica a
Em vista do que acima ficou exposto, é fácil antecipar
relatividade. e
teoria da relações de espaço
elucidaram-se as ao presente investi
autor da
desta teoria; causalidade e as as tarelas que se apresentam
idealista entre a
trabalhos jà
relação livro,. completando os
tempo do
micromundo; a
assim c o m o
os aspectos gação. No presente e
segundo lugar, o
exame filosófico
do tempo efetuou- descoberta de novas etapas temporais do uni
verso permite resolver problemas filosóficos fundam:ntais
baseado em dados for-
se, em publicações, sobretudo
nossas
totalmente que se ligam à _essência do tempo e às suas propriedades
análise deste material é
necidos pela fisica. A basicas gerais. Limitamo-nos a examinar as manifestações
da fisica que guardem relação
com
16 17
A Luta Filosótica Acerca da
Objetividade do lempo e as Ciencia1
Naturais Contemporaneas
19
nas
unidades tem.
encontra
sua
expressao
etc.) e nas
rol
ela-
tcmpo século,
sucessäo:; o
(segundo, hora, palavras
como"de-
medida
de mediante
porais cisamente, prega-s
temporais
determináveis
precis 1. A CoNCEPÇÃo KaNTIANa Do TEMPo
soes
p o i s e " a n t e s " .
Em tal sentido, E nclusive
quando se a EO DEsENVOLVIMENTO DA CiËNCIA
linguagem.
na ou no sentido
palavra "tempo
atmosférico"
a
sentido de "tempo "tempos heróicos), faz-se
no
chuvoso filosofia,
emprega
de época
("tempo
determinado
duração que se se-
período de Na interpretação do tempo segundo a nova
cabe a Kant um lugar de real destaque. Alguns autores con-
a um convicção
de que o mundo exis-
série, A
referencia
base sôbre aual sideram que foi precisamente Kant, o fundador do idealismo
a
outros,
numa
constitui a a jual
gue
um
caráter objetivo,
materialista, como classico alemão, estabeleceu as primeiras bases da in-
quem
tem
tempo num sentido
tente
conceber o
a qual se apresenta terpretação do tempo, bases estas que encontramos em mui-
se pode do mundo, tos dos influentes filósofos idealistas de nossos dias. "Ainda
inerentes a êste último.
característica
determinada
limites das propriedades existência da rea-
que em suas explicações Kant não passe do primeiro estágio
dentro dos reconhecer a
respeito: "Ao
como in- das cogitações sõbre o tempo lemos em um dos trabalhos
Lenin dizia a
mat ria em movimento,
a que nos referimos cabe-lhe a honra de haver delineado
isto é, da
lidade objetiva, materialismo forçosamen
dependente de
nossa
consciëncia, o
a realidade objetiva
os limites dentro dos quais há-de apresentar-se o
problema
mesm0, moderno da temporalidade., problema que tende a transfor
te tem de reconhecer, por isso
mar-se em Heidegger, por exemplo no problema central
do tempo e do espaço.. transcorrer da sua história, da metafisica, ponto de partida para um desenvolvimento
materialista, no
A filosofia correspondente e
conhecimentos da época infinitamente rico.
baseando-se nos êxito o caráter objetivo
delendeu com Tenha-se em conta que Kant formulou com tôda preci
partindo da prática, com o mundo material, sua existência
do tempo, sua ligação A ciência
são o problema do tempo no plano da questão básica da
independente desta.
à margem da
consciência e filosofia. Kant examina três possiveis soluções para o pro-
argumentos em
tavor da inter-
moderna proporciona
novos blema concernente à natureza do espaço e do tempo. "Que
contirma sua objetividade e
materialista do tempo,
pretação referida categoria. Dai ser são o espaço e o tempo? pergunta.- São essências reais
refuta as teorias idealistas da ou são ùnicamente determinações ou relações das coisas,
dentro do possível, até
interessante a
tentativa de precisar, mesmo que por si mesmo seriam inerentes às coisas, inclusive
da ciência enriquece o
atual desenvolvimento se não fôssem, estas, objeto de contemplação? Ou, ao invés
que ponto o Também é
da objetividade do tempo,.
argumento em favor da própria
são determinações e relações inerentes apenas à forma de
sua vez, a evolução
preciso não esquecer, por da objetividade do contemplação e, conseqüentemente, à natureza subjetiva de
do problema
luta ideológica em tôrno nossa alma,
esclarecimento de tudo isso nos permitirá esboçar sem a qual os referidos predicados não pode
tempo. O filosófica do riam ser atribuidos a coisa alguma" , Vendo. pois, clara-
as posições básicas
de partida para a solução
problema do tempo. mente a
interpretação materialista e a interpretação idealista
do tempo e do espaço, Kant situa-se decididamente no ponto
de vista da resposta idealista subjetiva ao
problema que se
Jhe apresenta.
20 21
Passando-se ao exame critico da doutrina de Kant
Considera o tempo, assim como o cspaço, como forma
necessarin indicar, antes de mais
aprioristica da percepçào sensorial, A margem e independen- acérca do tempo, laz-se
tcmente do homem, näo cxiste o tcmpo das coisas cxistentes; nada, que, partindo de suas posiçóes subjet:vas, Kant não
das contra-
podia desenvolver logicamente e sem noperigo
o
o tempo só se nanifesta na cslera lenomenal, na csfera do
quc Kant denomina fenômenos, incluindo-a na zona do sub diçoes as idéias gue ële mesmo expunha tocante ao tempo.
jetino.. . "... Se tomamos os objetos tal como podem exis. Assim, relaciona o tempo com a causalidade, a
qual define
aprioristica, sem rela
observa o filósofo como o tempo como categoria
tir por si mesmos, o tempo não é nada
-
23
22
fins historiográticos, O cxa.
fazemos visando a
Ista Nao o dialética, que oBerece uma resposta cientifica à pergunta de
kantiana torna em grande parte supér.
me da argumentaçio como. partindo do conhecimento de um número limitado de
dos pontos sustentados por aquê
luaa etutaçio de vårios coisas, de uma indução incompleta,
do tenpo na novissi conseguimos obter co
kes que naoreconhecem a objetividade nhecimentos de caráter necessarioe universal. O decisivo.
ma flosofia idealista. nisso, é a penetraçao na esséncia dos
e do eCs fenômenos, caminho
Nant relacionacaråter aprioristico do tempo fechado por Kant devido à sua interpretação
o
24 25
se
cncontra a idéia de au se
verdade
da
distante
resulta da experiën
ram uio
ciência aprioristica quc
nao
um reflexo das propriedades temporais do mundo
trata de
uma
indiscutivel
por Kant e pelos seus
que existiam antes de tais conceitos,
objetivo,
considerada de Marburgo. que representações e sensa-
cia-idéia
seguidores.
ncokantianos
os
da escola
o apriorismo
cões c
independentemente
dêles. Não se
pode deixar de le
para tundamentar var em conta que Kant não
a
matemâtica
da aritmética, p a r .
negava a existência objetiva das
apelavam para conccitos basicos coisas à margem da consciencia
histórica dos humana nào negava
análise
A de
suas propriedades e o mundo exterior, mas
conceito geral de numero, supunha que o tempo, Como o espaço,
tindo do demonstra quão errôneas s o eram formas da
das operações aritméticas, da matemática.
percepção sensorial, não inerentes aos prÓ-
este
ideal1stas sobre capitulo prios objetos, e que não refletiam as propriedades das coisas
as concepçõcs pressao das necessidades em si.
Sob a
aritmética, que surgiu
A que se procurou satis.
em O acervo da ciencia moderna
homem e no instante proporciona material su-
práticas do e aperfeiçoou-se sob ficiente para refutar, com
necessidades, desenvolveu-se provas, tal concepção
fazer tais de retlexo abstrato subjetiva do tempo. As idealista-
a
influencia da prática
e
na qualidade
exterior. a
investigações
cabo pela escola de Pavlov sôbre osexperimentais
levadas
determinadas relações
do mundo reflexos condiciona
de
de Feuerbach, é costume, a o fazer-se dos ao tempo, nas quais foram
Já desde a época mão de dados ciência natural, demonstram a
empregados os métodos da
16. I. I. Depman, História da Aritmética, Moscou, 1959. 18. Pavlov, Conferências sôbre o trabalho dos grandes hemis-
férios cerebrais, Moscou, 1952, pág. 28.
26 27
mesmos dnimais em tornia de reBlexos motores con- Ainda yue espaço e tempo escreveu Lange
nesses nào
drcionados ao tempo, baseados em transtormaçõcs
do meta 6cjam formas preparadas que se vao enchendo de material
hsmo do organismo sob o intluxO de sinais que partem através de nossas relaçoes com as
coisas, podem ser, de to-
do mesmo (K. M. Bikov e scus
colaboradores), etc. Os re. dos os modos, formas que, em virtude de
condições orgáni-
texos condicionados ao tempo näo sòmente
toram estuda- cas-das quais talvez careçam
out ros séres derivam-se
d s nas cäes, como também cm
outros animais (entre èstes, de modo necessário de nosso mecanismo da
tartarugas. pombs, morcegos
e macacos). Também foram verdade, torna-se dificil, inclusive nesse sentidosensação. Em
mais estrei-
reaizadas investigaçðes a respeito do reflexo
condicionado tamente limitado, duvidar do caráter
e do tempo.
aprioristico do espaço
ao tempo no homem P. Frolov, A. S. Dmitriev e outros),
(I. . O sistema psicoisico graças ao qual nos
for- mos obrigados a
contemplar as coisas no espaço e no tempo ve
mvestigações que revelaram. em particular,. como, na
hação do referido reflexo no homenm, o segundo sistema de existe, em todo caso, antes que toda experiência". "
Sinais participa de maneira essencial. e como nela intlui de Intentava Lange, dësse modo, refutar,
segundo suas
modo essencial meio social
o próprias palavras, a ingenuidade primitiva da crença nos
Não se poderia exagerar o valor de semelhantes traba- sentidos, que figura na fundamentação do materialismo, o
lhos para a caracterização filosófica do problema do tempo. qual toma de maneira simples. por algo objetivo * o espaço
Ao falar dos trabalhos experimentais que explicam, não só e o tempo. Mas, na realidade, o
que é ingënuo são suas afir-
o fato em si, mas. além disso, o mecanismo da adaptação mações, tôdas clas refutáveis graças à fisiologia
do homem. e também dos outros organismos animais, nos tanto acêrca do caráter aprioristico do "sistema moderna
como acérca de que tal
psicofisico
parametros temporais do mundo circundante, cabe recordar "sistema a o qual se acha vin-
as palavras de Lenin com as quais condenou a concepçãão culada a torma temporal da percepção
não se dá em
subjetivista do tempo e do espaço: outros sêres". isto é, fora do homem
Se as sensações de tempo e de espaço podem dar ao ho- Mas a questão
não se resume apenas no fato de que os
n em uma orientação biològicamente útil, isso só pode acon- trabalhos sõbre reflexo condicionado ao tempo confirmam
o
tecer sob a condiço de que tais sensações reflitam a realidade a interpretação materialista desta categoria. A questo está
objetira exterior ao homem. 19 em que, como vemos, a idéia da objetividade do tempo é ati
va na ciencia natural. serve de eixo em tôrno do
Sob o aspecto filosófico, é de suma importância o fato qual se de-
senvolvem setores inteiros da ciencia e, em particular, da
de que a investigação e o descobrimento do reflexo ao tempo
se hajam efetuado em ces e outros animais. Constitui tal biologia- constatação que serve como ponto de partida
principal para novas e numerosas investigações
tato um rude golpe para o kantismo. já que êste vincula o Nesse sentido, é muito significativa a concepção de co
tempo exclusivamente ao sistema cognoscitivo do homem, dos mo reflete nas propriedades do organismo o parmetro
se
seres pensantes. F. A. Lange tentou defender a tese kan- temporal do mundo material. Esta concepção, desenvolvida
sõbre o caráter a priori do tempo e do espaço e o crité
tiana há relativamente pouco tempo por P. K. Anojinna fisio-
Tio de que estas categorias têm unicamente significado no logia da atividade nervosa superior, mostra-se de transcen-
que se refere à percepção humana. Procurou, ainda, Lange.
modernizar coisa nessa tese, estendendo-a à 20. F. A. Lange, História do materialismo e critica da impor-
alguma organi tancia que o possui na atualidade, t. I. são
materialismo
zação psicofisica exclusiva do homem. Petersburgo, 1883.
21. Tbidem.
19. Lenin, Obras completas, tomo XVIII, 185 Edições Po- 22. P. K. Anojin, Análises metodológica dos proble mas centrais
vOS Unidos, Montevidéo. do reflero condicionado, Moscou, 1963.
28 29
disuussan o s o t c a das questies
omts à n a para a Dponto de vista de Newton, o. mevimen'ni das eoms
dAsà ehdade to tems fenómens 1.eriiS so tet relag-io Cna mrade
de
que a estrutura e
Antonin parte da premissa
e r e r e um intuto formador
e m e a a eahdade objetiva e sias propriedade:
de tais Ou quars representa. pe:a eStensi
Pa aenas no ante à apariçan Entendia Newto ue o tenipo e o cspaço exisizm
s temrais onceitos alem. atitmando que a estru-
Vai dependentemente do homem. Nisso se mantestou a
ora moral dv mundo 1norgänY aprescnta se como fator ismo de Newton . stua manefa de corceber ta1s cate
condiona o nascimento c o desenvolvimento, orias, Mas o materi.ah sm desse centista no era co1ie
et e
transorrer da evolução de
determinados estágios da orga-
qucnte. solria de limitaç0 metaisica, Em sua con.epc.io.
ta o see cstágos que cncontram sua exprecssão no
vivo
admitia-se a possib1lidacde de que o espaço e o tempo pudes
Feo ondicionado. Partindo désse ponto de vista, o pró- sem existir, de forma geral, livres de toxda m.itera que os e
condioonado como tal aparece como rcsultado
nhe
reile xo mundo cxterior, como do
chia, Precisamente porque materia n.io está neressaritmen-
aa do temporal
parâmetro teem todas as pate:. Newton desiga.o espaço como "l
forma da sujeição a leis do biológico em geral. que detcrmi- titado meio sensorial de Deus.
areflexo da reahdade, ce é conseqüència da adaptaçio à A teora que, sobre o te:po eo esp.to, sustentaya
material.
ceturt temporal do mundo Newton ichava-se igada do nivel em que ento se encon
travam aS CIenCiIs isicas e matematicas. )
equivalente ma
tematico do espaço newtoniano era a geometria de u:ldes.
mais terreno sõbre o qual se O cspaço relacion.ava-se com a ex:stència do vácuo absoluto.
Para minar ainda o
assenta a interpretação kantiana do tempo, foi de grande por uma parte, e, por outra, do éter mecànico. Semelhante
dos conhecimentos fisicos. a evolu- representaçao nao só deixava de lado o intluxo da nateria e
portäncia o progresso
cio da teoria arèrca das propriedades fisicas do tempo do seu movimento söbre as propriedades do tempo e do es-
kantiana do temnpo demonstra clara paço, mas ia ao ponto de subestimar o proprio tator tem po
A analise da teoria
se encontram as pro- nos processos fisicos, Admitia-se, na tisica de Newtoa. a
mente que na base da referida teoria
30 31
concepçôes de Newton renúncia às concepções newtoniana
de repouso absoluto.
Dësse modo as Como é natural, a
nao se achavamn desligadas de sóbre as propriedades do tempo assesta um golpe demolidor
sodre o temo c söbre o espaço newtoniana do tempo. A doutrina da fisica
tisicas. na caracterização
suas demais teorias substitui aquela impe-
doutrina
na sua Critica
da razão pura, critica
a
atual sóbre o tempo e o espaço, que
Kant, o na teoria da re-
Manifestando.se contra a objetividade do es rante na referida ciência,
encontra express
newtoniana. töda teoria das ciências natu.
do tempo c contra o
e
criterio de que espaço e tempo latividadc. Esta teoria, como
paço
total extensão, uma doutrina exaustiva
necessária da existência rais, não é, em sua
hao de ser forçosamente condição
inclusive se tôdas sôbre o tempo e o espaço, mas, preCisamente, é a respeito do
de tödas as coisas c deveriam
permanecer
fôssem aniquiladas. afirmau Kant que tempo-espaço, a teoria ica moderna. Hoje em dia, não
as coisas existentes
dèsse modo na dependência mais existe na fisica uma teoria do tempo e do espaço que
nossa própria evisténcia, posta
32 33
dos fenômenos
eletrodin mica existe qualquer propriedadeabsoluto". 3' A diminuição da marcha do relógio tem sido repetida-
conceito do repouso
que corresponda ao
posteriores
mente comprovada de maneira experimental, levando em con
de Einstein e os
As investigaçöcs teóricas ta que, para caracterizar o curso do tempo, pode servir de
demonstraram que as propriedades relógio qualquer processo periódico que transcorra em con
trabalhos experimentais
do espaço, não são as dições naturais, como, por exemplo, a desintegração dos ele-
do tempo, da mesma forma que
as
invariáveis e idënticas a si
mes.
mesmas em tödas as partes
mentos radioativos, o periodo de existëncia da particula in-
das parti-
mas. Ao contrårio,
são distintas, na dependência tra-atomica instável tomado como padro de determinada du
caracteri
materiais concretos, a que ração, etc. Assim, para uma particula elementar instável
cularidades dos objetos conceito
física que o
zam. Anteriormente,
considerava-se na
o méson-pi positivo em estado de repouco o periodo de
de dependência de alguma coisa) vida é, em têrmos médios, de 2,56.10s seg: a duração de
de relatividade (no sentido
do tempo como tal. Depois, investiga- vida dos mésons que se movem com uma velocidade aproxi.
era inaplicável ao curso
demonstraram que èsse não
é o caso.
ções mais profundas mada à velocidade da luz, eleva-se em dezenas e centenas
se movem com velo.
Nos sistemas referentes à inércia, que de vêzes em comparação com sua vida em estado de repouso.
curso do tempo (o
ritmo tem-
cidades diferentes. o próprio Dessa maneira, o tempo, no sistema de cômputo relaciona-
própria unidade de
poral) mostra-se diferente, modifica a do com o méson volante, flui mais lentamente se medido com
situado num sistema que se unidades estabelecidas no sistema de cômputo relacionado
medida do tempo. Um relógio
de outro sistema em
move a uma velocidade maior que
a com a partícula em repouso.
andará mais depressa que o do se O efeito da mudança da marcha do tempo mostra pers.
que existe outro relógio,
relatividade do tempo (e do espaço) pectivas reais de manifestar-se quando das viagens côsmi-
gundo sistema. A movimento
acha-se vinculada ao caråter relativo do próprio cas do futuro prôximo,
quando sero alcançadas enormes
da matéria. velocidades. Isto pode dar lugar a fenômenos extraordinària.
Ademais., no caso citado não se trata
de mudanças es mente interessantes, em particular no que diz respeito a uma
mas de uma relativa
pecificas rekerentes ao mecanismo dos relógios, prolongaço da vida do cosmonauta em comparação
tem lugar vida dos habitantes "terráqueos", ou mais claramente,
diminuição do ritmo de todos os processos que com a
no sistema material apresentado, do qual constituem expres pode levar a uma diminuição do processo de envelhecimen-
A teoria da to dos membros da tripulaço da nave cósmica.3
são as mudanças nas indicações dos relógios.
relatividade não afirma de maneira alguma, como assevera Por outro lado, a teoria da relatividade descobriu a
mu
vam, de inicio, os seus adversários,
entre êles A. K. Timi dança das caracteristicas espaciais em dependência dos cor
riazev, que o tempo é determinado pelo relögio no sistema pos materiais. Determinou-se a redução das medidas absolu-
cm que se encontra o observador,* o que significava de tamente firmes da longitude no sentido da direção do movi
clarar que "o materialista jamais poderá estar de acôrdo mento, coisa que antes se desconhecia. Tendo explicado o
com o relativista". * O relógio não determina o tempo, mas caráter móvel e variável das relações espaço-temporais, a teo
ria da relatividade refutou, com isto, as anteriores represen-
serve apenas como um dos indices do caráter que apresenta
o curso do tempo. tações a respeito de sua invariabilidade. Desde então, o tem
po nãoé mais concebido simplesmente como a quadra na
31. Os prineipios da relatividade. Coleção de trabalhos dos qual se produzem as mudanças. Ele próprio se modifica co-
clássicos do relativismo. Leningrado, 1935, pág. 134.
32. Timiriázev, A ciëncia natural e o materialismo dialético,
34 Quem indicou pela primeira vez esta poss+bilidade de apli-
Moscou, 1925, pág. 196.
33. Tbidem. car o
efeito relativista do tempo fol Langevin em seu artigo "A
evolução dos conceitos de espaço e tempo" (1911).
34
35
movimento dos corpos materiais e
do ca
mo dependència do dos resultados obtidos pela fisica moderna, põe abaixo a ve.
ráter dos processos igualmente materiais. lha interpretação idealista-subjetiva do tempo e do espaço
Ao expor, na teoria geral da relatividade, suas
idéias kantiano, da qual se utilizavam, como j vimos, as concepções
nova luz
sõbre a natureza da gravitação, Einstein lançou newtonianas. Descoberta a mobilidade das caracteristicas es-
sôbre ofato de que as propriedades do tempo e do espaço paço-temporais, introduzido o conceito de tempo próprio,
da idéia de
se
acham condicionados pela matéria. Partindo
igualdade entre as massas inertes e as massas de gravitação,
inerente a tal ou qual processo material, a representação das
propriedades do tempo e do espaço como propriedades inva-
a teoria geral da relatividade considera o movimento das riáveis, iguais para todos os fenõmenos, e a correspondente
massas que se atraem como um movimento condicionado pela
as
concepção do tempo e do espaço como formas inatas do sis-
estrutura (curvatura) do espaço-tempo. Em compensação, tema cognoscitivo do homem aparecem claramente inconsis
déste último sua estrutura, segundo a refe-
propriedades e tentes.
rida teoria, não são independentes, mas se acham condiciona- Evisivel a incompatibilidade da teoria fisica do tempo e
das pela distribuição das massas materiais que determinam
a
do espaço - teoria da relatividade - com a concepção kan-
determinada do universoe o
curvatura do
espaço na zona tiana das referidas categorias. O próprio Einstein expressou
ritmo dos processos que nela têm lugar. O curso do tempo
categòricamente sua atitude negativa em face da interpre
moditica-se no campo gravitacional. tação kantiana. "Estou convencido de que os filósofos- dis-
diver
Os aspectos especificos do curso do tempo nas se ele exerceram perniciosa influência sôbre o desenvol-
conceito relacionado com o
sas condições concretas e o vimento do pensamento cientifico ao trasladar alguns con-
de tempo próprio para cada
caráter dessa especificação num sistema
ceitos fundamentais da esfera do campo experimental on-
sistema de cômputo (isto é, de tempo medido de se encontram sob nosso contrôle - às inacessiveis altu-
de umn
concreto dado de cômputo) exigem que, ao passar
e ras do apriorismo... Tal aconteceu, sobretudo, no que se re
modikiquem-se não ape-
sistema físico de cômputo a outro,
fere aos conceitos de espaço e tempo. Sob a pressão dos fa-
nas as coordenadas especiais, mas, também, as temporais.
tos, os fisicos se viram obrigados a tirá-los do Olimpo do
Tais transformações se efetuam segundo leis semelhantes
a
36 37
rigor o problema do valor filosófico universal do tempo. Tu po e de espaço, ass'm como as propriedades de um e de
do isso, no entanto, foi feito a partir de uma base idealista- outro, num sentido convencional, como simples acôrdos.
subjetiva, o que levou a excluir da teoria kantiana do temnpo A essência subjetiva e idealista do neopositivismo, e a
qualquer caráter cicntifico. A dialética da natureza descober. posição que éste sustenta ante a modernaciência natural.
ta na teoria da relatividade. juntamente com outros resul. tem sido objeto de análises nas publicações filosóficas sovie-
tados obtidos pcla ciencia natural moderna, assestou um ticas dos últimos anos (trabalhos de I. S. Narski, V. V.
golpe definitivo na teoria kantiana do tempo, minou detini-o Mshevenieradze, A. I. Kornéieva, A. S. Bogomolov e ou-
tivamente sua autoridade, e, com isso, contribuiu para tros). Limitar-nos-emos a examinar algumas questões dire-
progresso da concepção filosófica do tempo. tamente relacionadas com uma tarefa concreta: a de mostrar
que carecem de base os objetivos dos neopositivas para fun-
damentar, com dados tomados à física moderna, a concepção
Fis1ca MoDERNA CoNcEPÇÃO PosITvISTA subjetivista da natureza do tempo; adiante, teremos, ainda,
2. A E A
oportunidade de voltar a tratar da crítica ao neopositivismo,
DO TEMPO
cuja atenção fixa no problema do tempo é constante.
Necessário e importante é levar em conta que. no que
A teoria da relatividade, depois de destruir o caráter concerne à concepção da natureza do tempo, assim como em
metafisico da anterior teoria do tempo, apresentou novos pro- muitas outras questões, os neopositivistas seguem de manei-
fundamen-
blemas a respeito dêste último no plano da questão ra direta os caminhos dos seus predecessores filosóficos
tal da filosofia. O idealismo subjetivo, representado pelos po- Os machistas. Já com Mach, o positivismo se afastou da in-
não deixou de lado a oportunidade de apro- terpretação kantiana do tempo e a submeteu a severa cr.-
sitivistas atuais,
a elucidação filosófica tica, com a particularidade de que, para isso, utilizou-se dos
dificuldades que apresenta
veitar as
dos aludidos problemas. Os neopositivistas, sobretudo na pri- principios da nova teoria fisica do tempo. Assim. V. Ba-
meira etapa de sua atividade, fizeram da fisica teórica uma zárov, no artigo "O Espaço e o tempo à luz do principio da
esferas de aplicação de suas concepções. Con relatividade", escreveu: "O formalismo das categorias de es-
das principais filosófico e o físico, procuravam utilizar paço e tempo, elaborado com singular rigor na teoria kan-
fundindo o aspecto
a relatividade das caracteristicas
espaço-temporais que a nova tiana do conhecimento .. . acha-se na atualidade minado em
fundamentar uma variante Suas raizes... O tempo "puro" kantiano. o tempo "absolu-
teoria acabava de destruir, para
modernizada da interpretaço subjetivista do tempo. A re- to
e verdadeiro newtoniano cederam lugar ao tempo "pró-
núncia ao caráter absoluto do tempo
ao mesmo tempo que
prio do sistema s8. A critica a Kant estende-se à elucida-
ao movimento da ção dos problemas do tempo em trabalhos posteriores, já de
à independência dêste último em relação autoria dos neopositivistas, em particular Reichenbach.
matéria se converte, na interpretação dos neopositivistas.
em
38 39
kantiana sóbre "a subjetividade do tempo e do espaço", se-
gundo a qual um e outro, como se sabe,
constituem tão-sò- c'onalismo, variante do neopositivismo, variante que sofreu
mente "formas" de nossa intuição e não podem incorporar-se
o intluxo das
idéias pragmáticas que se acha relacionada
e
40 41
conccitos. Já Bogdánov insistia em
cial" c "escada
de tipo c funçao
plenamente determina. papel de explicação filosófica, declarando-se que se constitui
tos dispositivos
ou o único procedimento possivel de definir o fenômeno apre-
dos", 4
falso sentado. Além disso, faz-se caso omisso de que as mesmas
Não é dificil perccber o caminho tortuoso e que
os partidarios do operacionalismo, caminho operações de medição não são arbitrárias. mas que se ba-
traçar seiam nas propriedades objetivas do objeto que se mede. Em
procuram suas posições à teoria da rela-
o qual pretendem ligar particular, o caráter relativo das operações de medição vin
teoria da relatividade, da mesma
com
cvidente que a
tividade. E tisica, inclui em si determinados
culadas com o tempo (relatividade das medidas em escala do
maneira que tõda teoria tempo se acha determinado pelo fato de que as proprieda-
relacionados com os processos de medição das
principios des deste último são relativas, e não o inverso. Os partidá
magnitudes estuda, entra elas a do temp0. Se
fisicas que rios do operacionalismo, que emprestam caráter absoluto a
trabalhos de Einstein, em particular sua pri-
examinamos os alguns aspectos do processo da investigação fisica (em par-
meira obra. fundamental,
a respeito da teoria da relativida. ticular, da medição), também examinam a partir desta posição
eletrodin mica dos corpos em movimento»
dade Sóbre a unilateral e, por conseguinte, errônea, a teoria da relativi-
néles uma detinição do tempo como tal.
não encontraremos dade, procedendo segundo a velha receita do pensamento
se introduz como fator de des-
Nas obras aludidas, o tempo idealista-metafísico, que consiste em dar vulto e prioridade a
de sua medição, Inicia Einstein a
crição dos procedimentos o que se deve
um dos aspectos do conhecimento.
do seu trabalho, explicando
parte cinemática Atuando em nome da teoria da relatividade e na quali-
ao que tigura na fisica pa-
entender por tempo, reterindo-se dade de seus admiradores, os partidários do operacionalis-
ra descrever o
movimento de um ponto material, qualquer mo (e do convencionalismo) na realidade extirpam o signi-
ésse problema em plano pura-
que seja. Após apresentar ficado cognoscitivo da referida teoria, revelando, a respeito
sua solução ao problema da simultaneida-
mente fisico, liga dessa teoria, vários importantissimos detalhes objetivos do
Einstein descobre seu
de. Investigando a simultaneidade, tempo e do espaço, que existem independentemente de to-
caráter relativo, e chega à seguinte definição: da sorte de convenções, axiomas e maneiras de medição.
"O tempo" de um acontecimento é a indicação, simultä- Faz-se necessário assinalar, além disso, que a teoria da r e
nea ao acontecimento, de um relógio que se encontra no lu- latividade não se encontra ligada aos métodos de medição,
gar do acontecimento
e que marcha sincronizadamente com novos do ponto de vista de um principio, dos segmentos tem-
um determinado relógio, com a particularidade de que êste poraise espaciais. Está condicionada por novos fatos que
terá de ser sempre o mesmo em tõdas as determinações do fizeram sentir a necessidade de modificar as representações
tempo". 44 F'sicas em seu conjunto, incluidas, em primeiro lugar, as re-
Cabe admitir que o texto podia limitar-se ao que se re presentações espaçco-temporais. Einstein de modo algum di-
fere do ponto de vista das tarefas fisicas concretas. Mas vinizava, ou considerava absolutos, os instrumentos ou as ope-
rações de medição, fato que pode ser provado através de sua
pretender ver nêle algum operacionalismo, é, evidentemente,
falso. conhecida polêmica com N. Bohr sôbre as questões da me
cânica quântica.
43. A. Bogdánov, O principio da relatividade do ponto de vis- Na verdade, conclui-se que os positivistas estendem a
ta organizativo,
44. O principio da relatividade. Coleção de trabalhos dos clás-
mão a todos aquêles que se inclinam a negar que a teoria da
relatividade tenha qualquer valor para a formação da nova
sicos do relativismo, págs. 137-138. concepção do tempo, considerando-a apenas na qualidade de
42 43
aplicada. Seme "inferir" da
tcoria rigorosamente de cômputo. puramente na teoria relatividade a
interpretação subjeti-
neotomistas, os quais decla-
lhante afirmação foi feita pelos vista do tempo.
levar em conta os resultados da Prova dessa inconsistencia pode ser encontrada no
Taram que é possivel não exa-
examinar as questões referentes à me do próprio conteúdo da teoria da relatividade e
teoria da relatividade a o de sua
pois, como e s c r e - aplicação. Ficou dito, acima, que essa teoria explica a de-
essencia do tempo c de suas propriedades,
essa tcoria não tra
Teu o neotomista D. Nys, "na realidade, t s pendencia em que se acha a estrutura
do movimento dos sistemas materiais espaço/tempo
O abade Moreux em face
ta do tempo cm si. mas
de sua medida. e à distribuição das
Einstein tudo fêz para re-
em cujo livro Para compreender
massas que gravitam, e não em face de
tentou demonstrar consciência alguma.
da relatividade A relatividade das caracteristicas
duzir a zero a teoria referida teoria continua válida a idéia espaço-temporais e a varia-
que também à 1z da bilidade das medidas temporais e
absoluto, vaz o e imóvel, pois o único
espaciais descobertas pela
teoria da relatividade possuem caráter
de que existe o tempo
sòmente a medição do tempo. Nou- dicionadas pelo movimento objetivo dos ontológico, esto con-
relativo, segundo ele, é corpos materiais e
ele de Einstein no esquema
teoria não dependem do arbitrio do indivíduo. O
traspalavras: inseriu a
conceito de obser-
newtoniano. Negando categòricamente que as idéias da teoria vador, que figura na exposição da teoria da
relatividade, cons-
ser valiosas
uma penetraç o mais titui, realmente, uma designação
da relatividade possam para
Moreux manifestou-se de
personificada de determi-
nado sistema de cômputo. quer dizer, de um sistema mate-
natureza das coisas,
profunda na
rial com o qual se acha relacionada e em
teoria desempenha ùnica
acordo em admitir que a relerida face do qual transS
artiticial de caráter convencio- corre o movimento que se examina. O efeito relativista
mente o papel de construção do
é possível efetuar determinados cálculos.
40
tempo se dá independentemente do fato de que o observador
nal, com a qual esteje ou não presente. Quando no sistema material de
atualmente os neotomistas costumam referir- cômpu-
E
certo que
afirmando que "na fisica mate- to formado por um méson
volante, o tempo se torna mais
se à teoria da relatividade
do principio lento, isso não acontece por ter sido introduzido na
matica, a teoria da relatividade e
a
formulação certo
particula
do indeterminismo destacaram o papel que o naturalista principio espiritual, mas em virtude das leis da própria
natureza. O mesmo ocorre com a mudança de ritmo no curso
desempenha formação
na de suas que se tor.
teorias, com o
do tempo em dependência de tal ou
nou evidente que estas são mais subjetivistas do que se acre qual distribuição das
massas.
ditava antes".47 Dessa maneira. procurando utilizar a teoria Para
da relatividade como segundo êles prova do caráter impugnar as pretensões
neopositivistas no sentido
de que sua concepção da natureza do tempo tem seu comë
subjetivista das teorias da ciência natural, os atuais seguido-
Tes do tomismo, por sua vez, estendem a mão aos neopositi-
fo na
teoria da relatividade de Einstein é essencial ressaltar
o seguinte: existe um fato histórico que, no nosso modo de
vistas. de que não é a teoria
ver, constitui uma prova
da relatividade dita
convincente
que aos positivistas sua interpretaçao
subjetivista do tempo, mas, ao contrário, são eles que impõem
Várias são as cireunstâncias que põem em evidencia até critério idealista em tal interpretação. O referido fato con-
que ponto é inconsistente o empenho dos neopositivistas de siste em que os partidários do positivismo, mesmo antes da
teoria da relatividade, sustentavam a doutrina idealista sub-
45. D. Nys, La notion du temps, pág. 73. jetiva sôbre a essência do tempo. Tal doutrina continha os
46. A. J. McNicholl, The Contemporary Challenge to the Tra- principios fundamentais de suas concepções anteriores
ditional Ideal of Science, principios que mais tarde os neopositivistas defenderiam,
47. Th. Moreau, Pour compendre Einstein, Paris, 1922. dando como fonte dos mesmos a teoria da relatividade.
44 45
Gramática da ciéncia, escri interpretação neopositivista da
Pearson, na sua
da cujo desenvolvimento refuta a
Assim, K. afasta-se con-
nosso
modo de
perceb -las". energia ficou indiscutivelmente estabelecida a objetividade
o
sóbre a filosofia do
da referida lei em diferentes setores do mundo
tituindo apenas
Pelo contrá
mportante papel
de tempo, do obriga
interpretação idealista
da categoria
resultados da ciência na-
titica mundo, a tratar-se o
problema do tempo con-
forme as mais diversas correntes da filosofia. A filosofia ir-
rio, tal categoria, ao lado de
outros
ao acervo de argumentos em favor das racionalista, sobretudo, procura utilizar de maneira bastante
tural, acrescenta-se
a natureza do tempo com que ativa a categoria do tempo, submetendo-a a seus fins. A in-
concepções materialistas sôbre
conta a ciência moderna. terpretação mistica desta categoria acha-se bastante difun-
dida na filosofia burguesa do nosso século. Mas os resul
O caráter objetivo do tempo fica demonstrado por todo tados que no terreno dos fatos obtêm as ciÁncias naturais,
o conjunto de descobrimentos e resultados da fisica atual, no seu continuo progresso, refutam tais concepções misticas
48. K. Pearsons, Gramática da ciência, São Petersburgo, 1911. que especulam com uma das noções fundamentais da ciën-
49. Ibidem. cia.
50 Veja-se Ensaios sóbre a filosofia do marrismo. Coleção Nesse sentido é tipica a teoria de Bergson, represen
filosófica, Moscou, 1910. tante francês da filosofia irracionalista, A interpretação que
46 47
têm influído na filoso-
Bergson dá do tempo é das que mais uma "duraçáo própria do mundo exterior únicamente para
conta que Bergson, em
ia burgucsa atual. Deve-se levar em declarar que é indemonstrável.
scus trabalhos, dedicou mais do que qualquer outro atenção Em tudo isso, falando em tërmos gerais, é impossivel
ao problema do tempo, Não obstante isso,
é inútil esforçar não descobrir idéias até certo ponto já conhecidas pela teo-
se por ver em suas obras um desejo
real de orientar-se ra- ria kantiana do tempo. Recordemos que Kant concebia o
do tem-
cionalmente cm face da esência e das propriedades tempo como forma de um sentido puramente interno, como
processo de clara representação intuitiva interna, em relação
po.
contra o tempo, da ma- ao qual fala da influëncia do tempo como mais universal.
Bergson ergueu-se decididamente
neira como éste se aprescnta na ciência. Qualitica o tempo mais ampla que a do espaço; ao tempo, diz Kant, acham-se
camuflado como tem- necessàriamente subordinados todos os fenômenos em ge-
de espacializado". chama-o de "espaço
tempo da ciencia na- ral", o tempo "é a condiç o imediata dos fenômenos internos
po, etc. Ao tempo espacializado
-
verdadei-
tural contrapõe o filósofo francês seu "tempo" (de nossa alma) e com isso, indiretamente, é condição dos
com a duração pura, que cons- fenômenos externos," Não percebemos aqui uma clara res-
ro. "real". Este se relaciona
titui a essência do tempo; ou mais
exatamente: o tempo sonância da nota que na filosofia de Bergson se transformou
desta
constitui a expressão da duração, pois o signiticado em forte melodia?
51. Bergson, Duração e simultaneidade. 54. Kant, Obras, em seis tomos, t. III, pág. 138.
52. Ibidem. 55. Bergson, Duração e simultaneidade, pág. 6.
53. Tbidem, 56. Tbidem, pág. 42.
48 49
elas atribuimos um fato que
coisas pclo lato nmesmo de que a seu próprio objeto formal a matéria metafisica, esta matéria
dura",3
só pode ser o tempo"."
Bergson a realidade subje- se
Ve-se portanto, quc em Semelhante afirmação é mais reveladora do que dez
Mas, por u t r a parte, aqui, a pró- censuras. Vimos o que valem os ataques de Bergson contra
tiviza, se espintualiza. mundo exterior, e o
ao fisica.
pria consciencia
objetiviza, passa
sc
do tempo, adquire um ca-
a
de
E evidente filósofo toma o tempo como base
que o
idealista
idealismo subjetivo, na concepção
lalsilica o tempo para, com
sua
filosofia precisamente porque tal categoria
éuma das mais importantes da ciência experimental e. por
ráter idealista objetivo. Bergson seu processo de de.
o mundo e o
sua ajuda, falsificar todo interpretar o tempo num sentido idealista, é possivel intro-
senvolimento.
aflora a hos- duzir o
idealismo filosófico no próprio âmago da ciência. Em
substituição a antiga filosofia idealista, que simplesmente
Através de tôda a concepção de Bergson,
contra a fisica.
natural, em particular
tilidade c o n t r a a ciencia
viu-se obrigado a falar dos "ataques
abstraía o tempo na esfera das verdades eternas absolutas
O neokantiano Rickert
fisicas e a convidá-lo, como
e disso deserve de exemplo bastante convincente o idealismo
de Bergson contra as ciências
da vida", a "interromper
a luta absoluto Hegel), Bergson cria uma filosofia idealista uti-
lizando o próprio tempo e lhe atribuindo valor absoluto. O
também a outros "filósofos da
teria de ciencia imperfeita tempo possui realmente um caráter tão universal como não
contra a fisica no que esta
Por outra parte,constitui traço caracteris- o possuem muitos outros conceitos da ciência experimental.
realidade.. ."58
fato de que êste, ao mesmo Foi esta circunstância que permitiu a Bergson tentar levar
tico da filosofia de Bergson
o
admiradores de Bergson, Jacques Maritain, do surgimento desta, o tempo como tal não era
objeto da
A metafisica. quer dizer, a
filosofia idealista, transcen- investigação pròpriamente fisica. Mas com Einstein, na ciên-
encontrou-se ante a ciência cia concreta conduziu a referida
dente ao tempo, afirma Maritain, investigação. donde ficou
ao seu método tísico-matemá- patente tôda a inconstância das elocubrações especulativas
que criou um saber- graças
relacionado sômente com a mensurável perceptibili-
de Bergson.
tico
dos fenômenos. Se a metafísica tem de con- Ao contrapor "seu" tempo ao
dade sensorial tempo da fisica, Bergson,
fenômenos, que formou sua doutrina nos últimos anos do século
tinuar autônoma em face à ciência que estudo os passado.
forçosamente receberá sério golpe da análise experimental partia das representações então predominantes na fisica a
e matemática da realidade. Não resta mais remédio senão respeito das propriedadas do tempo. Mesmo censurando
procurar fundamentar a metafisica não à margem
do mundo Kant, por haver considerado o tempo como um meio homo
sensorial matemático, mas na profundidade do mesmo, no gêneo (em consonância com as idéias de Newton), Berg-
son parte, êle
seio do conhecimento fisico-matemático da natureza. "A par prôprio e de maneira indiscutivel, da concep.
ção newtoniana do tempo no universo: um
ticularidade do gênio de Bergson escreve Maritain tempo homoge-
neo, de curso uniforme, invariável em tôdas as suas
consiste em ter visto que se a ciência que estuda os feno
dades. G. Politzer assinalou, com exatidão, proprie
menos desenvolve e guarda ela própria em sua ordem e em que Bergson tem
59. J. Maritain, De Bergson à Thomas d'Aquin, Paris, 1947,
57. Ibidem, págs. 42, 43. pag. 29.
58. H. Rickert, A filosofia da vida. 60. Bergson. Obras, t. II.
50 51
kantiano com
manifestando que náo compartilhava em absoluto de suas
combinação do principio
diante de si uma
flui unifor idéas acêrca do tempo.""
a qual o tempo
a concepção de Newton,
segundo costuma-
A atitude de Bergson em face da teoria da relatividade
inspira, como
se
ininitamente, concepPsão que c sua polêmica com Einstein deixara claro o caráter ant
do relógio de areia."
me c
va repetir Bergson,
na imagem
do tempo cientifico da doutrina bergsoniana sôbre o
tempo, e
provo-
incompativel a concepção cara uma reação negativa entre todos aqules que cultivä-
Com isso, resulta Compreendia-o
muito
teoria da
realidade.
proporcionada pela sua
vam as ciéncias naturais, Os fisicos não apoiaram Bergson
demonstra eloquentemente
bem o próprio filósofo.
e o
náo
repelindo seu ponto de vista: mais ainda, assinalaram que
claro, se
Sociedade Francesa de Filosofia. não tem qualquer relação com a primeira e. em conseqüência.
mente a c o n t e c e u no seio da
ao expor na presença
do fun-
em abril de 1922,. Bergson.
para ela não existe, enquanto que para o segundo o tempo
conceito de duração. com- é tudo".6 E Carr acrescentava: "O tempo, tal como o com-
dador da teoria da relatividade, o
certo tempo universal, tentou preende a ciencia, não entra como elemento real na existn-
preendida em seu limite como
sustentar a idéia de que "não
existe antagonismo entre tal Cia das coisas mater'ais".67
Einstein, na
critério e concepção relativista do tempo".
a
64. Nordman, Einstein en Paris.
resposta, replicou breve,
mas enèrgicamente a Bergson.
sua 65. F. Heidsieck, Henri Bergson et la notion d'espace, Paris
1937.
61. G. Politzer Le bergsonisme. Une mystification philosophi- 66 H. W. Carr, A filosofia de Bergson em sua ezposição po-
que, Paris, 1947. pular.
62. Bergson, Duração e simultaneidade. 67. 1bidem.
nalure du temps.
63. A. Virieux-Raymond, Reflerion sur la
53
52
Mas nao è isso o que diz a ciéncia. Vejamos, cm rela e do tório. Mais tarde, alcançaria grande difusio ométodo
sao ao fato, alguns resultados da gcologia moderna, o pro- do potàssio-argón, com o qual se utiliza o acumulo do is6
blema da determinaçào do tempo geológico absoluto, como Ar", tormado por desintegração
topo radiogénico do argón
se denomina em geologia a idade das rochas e dos minerais
do isótopo radioativo do potássio K", Este método mais
e
parânetro temporal
na
determinar o relacionar soniano Carr - como experiència real, como realidade inter
mica para
O fato de
Cxtraordin ria importància filosófica, da n a t u r e z a na e, ainda, como a mais real que conhecemos em seu autën-
imanentes aos corpos
o tempo com processos
moderna reconhece
sem
thco aspecto, não é outra coisa sen o o tempo.'" Além disso,
natural
ciencia
precisamente a o principio espiritual,
in-
inerte. prova que vincula
questão nao
se res- o tempo se
A
discutir o caråter objetivo do tempo. cronómetros, se
terno, que distingue de modo
radical, do ponto de vista
através de
apenas ao tato de que. dos elementos bergsoniano, o vivo do inerte.
tringe radioativo
união
utiliza o proresso
de transformação como uma multi- Não s e falou, nem se pode falar. de qualquer
geológic aparece
filosofia irracionalista de Berg-
quimicos, em que o corpo tempo
t r a n s c o r r i d o des-
auténtica entre e a
a biologia
relógios que
marcam o
que son. Na realidade, Bergson e n t r o u em contato a corren- com
plicidade de
mostrando
Vai além, n a biologia, c o r r e n t e que
foi relu-
de o momento de s u a formação. algo que cons- te vitalista, anticientifica,
se
como
mede é tomado
tada pelas atuais conquistas da biologia, ciëncia que penetrou
próprio tempo que geológicas,
lormações materiais da vida. As no-
o
orgânica das
característica homem. profundamente nos fundamentos
titui uma em relação a o vissimas investigações sôbre a
matéria viva colocaram em
é mais antigo não sòmente vida, mesmo a
misticas sõbre
algo que a toda forma de relêvo a total inconsistência das especulações
inclusive c m relaç+o um valor
mas
fabricados a do tempo. Tais investigações possuem
natureza
ais primitiva,
mecanismos de relojoaria filosófico essencial para fundamentar
a concepção materia-
Freqüentemente,
os habitual do dos objetivos dire-
que, na
representação
do lista do tempo, e isso independentemente
homem,
mecanismos
representação
relacionados c o m a critica da concepção bergsonia-
pelo constituem
uma
tamente
homem
contemporânco,
o tempo
como caracter stica na do mesmo.
impedem-nos
de imaginar Em semelhante re-
Reterindo-nos às investigações söbre a problemática que.
tempo.
de "os relógios biológicos".
os processos.
de todos aspecto denominou-se
radical e
interna
freqüência sob o
nos últimos anos,
tempo aparece
com
os aconte-
sob tal denominação, as investigações, desen-
presentação, o
de algo a respeito do qual Agrupam-se, nos últimos trinta
fenômeno
externo,
externa. Os fatos exa-
volvidas com especial intensidade sòmente
de de m a n e i r a têm os organismos
apresentam natureza do consagradas à faculdade que
cimentos se verdadeira anos, com ritmos diur-
avaliar no
a
animais para medir o tempo,
permitem e
minados nos
que acontecem plantas dos processos vitais.
processos
das estações e anualmente,
nos próprios todo
fenõmeno nos, quando soviéticos
T?
mundo objetivo.
constituindo
marcha, em sua erposição p o
e registra
sua
p r o c e s s o s que W. Carr, A filosofia de Bergs0n
plasma o tempo geológico,
com os
radical dee
71. H.
lógio sui generis. O corpo
tcmpo sob
torma piular. mudanças periódicas das funções
Estudo erperimental das
a
no 72. sob a direçãc de
verificam, aparece a represen- Coleção publicada
néle se
se faz mais profunda Jisiológicas n o organismo.
com o que tempo com
Moscou, 1949.
sua
existência,
sôbre a relação do K. M. Bikov,
dialética
tação
materialista
57
movimento.
matéria em
a
56
loram descobertos numcrosos fatos
de outros paises ", foi observado inclusive nos primitivos organismos unicelu
como cni
determinado regime
ritmo dos processos blologicos lares. Em linhas gerais, os especialistas em relógiosbioló
sóbre o
abarcam os aspectos
As manitestaçoes temporais gicos expöem e examinam a tarela indicada como problema
de tempo. vital organismos, desde as
diversos da atividade dos que indaga se essa capacidade dos organismos para deter
1ntimas; periodicidade do
mais mais
ate as
partes
externas
minar o tempo é endógena, quer dizer: se se acha interior
das plantas, mudança periódica da
suas
na medicina, Isso
é essencial para os fisio-
movimento celestes
diminuisse ou acelerasse simultneamente,
ou o
relógios da Terra
na agricultura e o
tempo tisiológico
se dedicam a experièncias com sofreria Carrel supunha que as manifesta-
logistas e os bioquimicos que
realizadas em dife-
não variações.4
organismos, dado que
tais experiëncias, Soes temporais dos organismos vivos constituem "o marco
do do dia, podem ofe. do tempo fisico, e não o inverso."" Partia da tese, no fundo,
rentes etapas do tempo, n o ano, mas
resultados. Este Bato em si concretiza e apro- bergsoniana, de que o tempo e a vida são uma mesma
Tecer diferentes
de ter coisa".6
funda o principio metodológico sõbre a importância
Os resultados que proporcionam as inves- Há quem pretenda interpretar o fenômeno dos
em conta o tempo. relógios
encontrar alta apli- biológicos partindo da atirmação kantiana do caráter aprio-
tigações dos relógios biológicos podem
cação na biologia, ristico e inato do tempo. O autor de semelhante tentativa,
exatidão organis.
os o cientista inglês Goodhart, retrocedendo até Kant. afirma
Os latos que revelam com quanta
que a medida que nos serve para apreciar a regularidade
mos vivos são capazes de determinar o tempo exigem a ta-
dos acontecimentos fisicos se estriba na concord ncia destes
refa de explicar esta particularidade da natureza viva como últimos com noso sentido do tempo, e no com
traço universal de tudo quanto possui vida, visto que real- alguma o u
tra coisa em nosso redor.
mente foram êles assinalados em tôda a escala da natureza Explica tais teses pela const ncia
da temperatura do nosso corpo ao
viva, desd: as plantas e os organismos animais mais simples longo da existência, c,
até os animais superiores e o homem, O "sentido do tempo" 74. Alexis Carrell, Physiological Time.
75. 1bidem.
73. E. Burning. Ritm0s dos processos fisiológicos, Moscou, 1961. 76. A. Carrell, Prejace.
58 59
baseado nisso, cstabelece uma separação de principio entre
internos correspondéncia da ativ.dade
asseguram a
dos óbr
animais de sangue quente e os la externos
sentido do tempo nos decurso dos acontecimentos
gaos internos c o m o
9artos, as ras, c outros animais de sangue frio. no tempo No homem, a açao désse meio
.
"
e x t e r n o no pla-
Mas cssas tentativas de basear-se nas concepçöes idea- manifesta-se. particularmente. na formação de
no indicado
nos no processo
listas do tempo para explicar as manifestações temporais um determinado ritmo do
estercot po dinåmico
buscar cién- de produção que
do trabalho sob o influxo das condições
outra parte, na
organismos vivos (e com isso, por
só
cia biológica argumentos em favor de tais concepções) cercam o individuo,
frontalmente o caráter inato
dos
são
possuem caráter especulativo, pelo que Por outra parte, não se pode ignorar
sucess o temporal das
impugnadas pelos dados reais. ciclos biológicos relacionados com
a
61
60
respeito, permitem supor que tais relógios se acham relacio nas, e graças a isso se eletua no organismo, neste caso, o
**
nados com os processos periódicos, fisico-químicos, que se registro do tempo,
dão no organismo, com as propriedades ritmicas que se ma- Dessa naneira, mesmo levando-se em conta que o pró-
nifestam no interior das estruturas celulares, com a existên prio caráter da dependència em que se encontram os relógios
cia, no cérebro, do sistema oscilatório de freqüência cstável biológicos em relação ao meio ambicnte se conceba de ma-
(N Wiener, etc.). De qualquer maneira, tanto os cientis- neira diferente (temos, em particular, de uma parte a con-
tas soviéticos como os de outros paises reconhecem que o cepção de Bünning. e, de outra, a de Brown), é inegável
fenomeno dos relógios biológicos constitui o resultado do
desenvovimento evolutivo elaborado no curso da seleçio na-
o papel formador do meio externo, das propriedades tem.
porais da natureza inorgânica (dos seus paråmetros geof'si-
tural e que tem suas fontes no meio circundante. Um dos cos) em relação ao sentido do tempo" nos organismos vi
fundadores da teoria dos relógios biológicos endógenos, o vos. E isto é o que nega a tese bergsoniana acerca do
caràter
cientista alemão E. Büning. chegou a afirmar que o simpósio rigorosamente imanente das manifestações do tempo
matéria viva. O organismo se acha vinculado ao tempo
dedicado aos relógios b'ológicos poderia perfeitamente ch na
real e
mar-se de "adaptação dos organismos à rotação da Terra . como lorma objetiva
de sua existência e da existëncia
de todo o meio ambiente que o rodeia: tal é a conclusão a
muitos de-
Entre os especialistas em relógios biológicos, que levam os resultados das investigações sóbre os relógios
fendem um ponto de vista mais radical, que consiste
em
negar radicalmente a tese de que exista no organismo qual- biológicos. As investigações dos processos relacionados com
quer sistema autonomo para registrar o tempo.
e o tato de o ritmo temporal no organismo das plantas, dos animais e
considerado como o resultado da influên- dos homensuma das etapas experimenta's e teóricas mais
que isso aconteca é
das propriedades ritmi- importantes da biologia moderna em gerale da fisiologia em
Cia.
que se produ: no momento dado,
cas do meio externo. O norte-americano F. Brown.
pesquisador particular.- deixam claro, da maneira mais convincente,
todo o valor heuristico da idéia que afirma o caråter obje-
cm particular, é dos mais ardorosos defensores de tal
um
(N Wicner. ctc.), De qualqucr maneira, tanto os cientis- neira diferente (temos, em particular, de uma
patte a con
tas cono os de outros paises reconhecem que o
soviéticos cepção de Bünning, e, de outra, a de Brown). é inegável
fenomeno dos relógios biológicos constitui o resultado do o papel formador do meio externo, das
da natureza
propriedades tem
desenvolvimento cvolutivo claborado no curso da seleção na porais inorgánica
(dos seus paråmetros geof si-
tural e que tem suas fontes no meio circundante. Um dos cos) em relação ao sentido do tempo nos organismos v1-
undadores da teoria dos relógios biológicos endógenos, o vos. E isto é o que
nega a tese bergsOniana acèrca do
cientista alemao E. Büning. chegou a afirmar que o simpósio caráter rigorosamente imanente das manifestações do
tempo
dedicado aos relógios b'ológicos poderia perfeitamente cha na matéria viva, O
organismo se acha vinculado ao tempo
mar-se de "adaptação dos organismos à rotação da Terra". * como forma real e objetiva de sua existência e da existência
Entre os cspecialistas em relógios biológicos, muitos de de todo o meio ambiente que o rodeia: tal é a conclusão a
fendem um ponto de vista mais radical, que consiste em que levam os resultados das investigações sòbre os relógios
negar radicalmente a tese de que exista no organismo qual biológicos. As investigações dos processos relacionados com
quer sistema autônomo para registrar o tempo. e o fato de o ritmo temporal no organismo das plantas, dos animais e
que isso aconteca é considerado como o resultado da influên- dos homens uma da_ etapas experim2nta's e teóricas mais
cia. que se produz no momento dado, das propriedades ritmi da
cas do meio externo. O pesquisador norte-americano F. Brown.
importantes
particular
biologia moderna em geral e
deixam claro, da maneira mais convincente,
da fisiologia em
em particular, é um dos mais ardorosos defensores de tal todo o valor heuristico da idéia que afirma o caráter obje-
ponto de vista. Baseando-se em suas investigações sôbre o tivo do tempo, idéia que serve de premissa para propor e
influxo dos sinais luminosos e térmicos em relação aos re resolver os problemas relacionados com a investigação cien
da do camno ele- tifica do tempo.
lógicos vivos". e também arôrca influência
trostático e maqnético da Terra sôbre os ritmos biológicos, E 6bvio que a teoria irracionalista do tempo, defendida
Brown desenvolve a idéia de que os processos ritmicos que por Bergson, não pode constituir a base de uma investigação
se verificam nos organismos vivos estão ligados às variações cientitica do tempo, do exame cientifico do mesmo. E ver
dade que o filósofo francês destacou várias caracteristicas
ritmicas que condicionam os referidos processos- ca
racteristicos quase de cada tipo de meio físico em que os inerentes ao tempo (aliás, já conhecidas antes dele). como
são a duração e a irreversibilidade, porém o fêz partindo de
organismos vivem. desde os átomos, onde os elétrons giram
uma base que no era cientifica. As frágeis manikestações
em tôrno do núcleo, até o sistema solar, no qual os planêtas
de Bergson contra a investigação experimental do tempo só
81
giram em tôrno do Sol. Brown defende também a idéia poderiam desempenhar um papel negativo. "As particulari-
de que nas denomidadas condições permanentes, o organis- dades do tempo... não sòmente escapam de fato à observa
mo recebe do meio externo informação a respeito dos ci-
clos geofisicos naturais que se transmitem por intermédio
ção do isico, mas são também, de direito, inverificáveis". *
dizia êle. A filosofia do tempo, defendida por Bergson, sem
de doses de energia, mesmo que estas sejam bastante peque- conseguir refutar em absoluto a objetividade dele, demonstrou
82. Ibidem.
80. E. Bünning, Relógiis biológicos.
81. F. A. Brown, The Rhythmic Nature of Animals and Plants. 83. Bergson, Duração e simultaneidcde, påg. 150
62 63
apenas quc a lilosofia idealista nao está em condições de pro
porcionar uma verdadeira compreensão do tempo.
Alguns pesquisadores defendem, ainda, a opinião de que
Bergson é o homem graças, sobretudo, a quem o tempo e
os conceitos temporais passaram a ocupar no pensamento II
moderno um importante lugar". como se a ele se devesse o
fato de "a filosofia moderna ter despertado do seu sono
dogmático a respeito do tempo".
*i
Realmente, talvez Ber-
gson tenha sido o primeiro dos filósofos do nosso tempo a
emprestar ao tempo um caráter tão universal, mas, contorme
Vimos, não chegou a afirmá-lo claramente; pelo contrário,
tergiversou, tratandoo problema num sentido mistico. A O Tempo como Forma
atenção que hoje se dá ao problema do tempo não se expli-
ca pelo influxo das obras de Bergson, mas pelo nivel da
de Existência da Matéria
di-
Cienciaque investiga os processos de desenvolvimento, a
65
64
separado da matéria, interpretan
Newton acêrca do tempo,
fcnomenos. independentemente da matéria,
a qual, segundo
em tódas as partes. do-as num sentido idealista. newtoniana
o isico inglés, podia não se encontrar Na moderna filosofia idealista,
a concepção
espaço possuem existência utilizada com
Newton admitia que o tempo e o
do tempo como subst ncia especial tem sido
considerava como substâncias absoluto e adulte-
objetiva. mas o tato de quc os dando-lhe um caráter
séria lalha de sua concepção.
fins anticientificos,
especiais constituia uma
rando-a. Isto caracteriza, antes
de tudo, o esquema bergsonia
os ataques
Semelhante critério justifica, de uma parte, sõbre
no da "evolução
criadora". Chamamos, acima, atenção
cstimulava uma interpretação idea-
dos idealistas, c. de outra. dava ao tempo
à posição de Kant, que o idealismo da interpretação que Bergson
lista. Já nos referimos. a respeito, individuo mas tornava-se
vinculando-a à vida interior do
-
67
66
um conceito aná- De tal modo a filosofia do existeacialista Heidegger falseia
Em seguida a Bergson, Spengler expös
cspecial, Para èle. o
logo do tempo como subst ncia in-
o tempo, que chega ao ponto de destacar a "temporalidade"
entendido como expressão do princip.o como certo tempo inicial", e considerando-o, ao invés de
conceito do tempo,
"Na verdade, destino e tempo tempo subjetivo, como principal categoria inicial da existên-
terno, é sinônimo de destino.
à outra." escreveu
são palavras que se substituem uma
68
69
ses tão grandiloqüentes, deduz-se que é um singular policial qundo a variação dos
ritmos dos processos dependentes do
cósmico que torna impossivel a paralisação c, ao mesmo tem- movimento da matéria e da distribuição das massas
gravi-
tantes. Todo sistema
po, cria movimentos que tormam as coisas e as movem. Pas-
acha
material possui seu próprio tempo, o
sC, scnhores", aual se condicionado pelo lato de que èste não
A idéia da substancialização
do tempo encontra da mes- caráter independente e depende da matéria, O curso dopossui
tem-
po se faz mais lento nas grandes massas e se acelera nas
ma
forma reflexo nas concepções de alguns naturalistas. O massas menores. Sem massa, o tempo, assim como o
cosmólogo inglès G. Whitrow, nos seus trabalhos filosófi- espaço,
não pode de forma alguma existir. A teoria da relatividade.
cos consagrados ao tempo, mantém o ponto de vista substan-
cialista de que o tempo é com toda a förça demonstrativa da
algo pertencente à mesma ordem investigação cientifica.
da nature:a. Invocando Platão c Santo
Agostinho, afirma evidenciou o caráter do tempo como forma de existência da
ele que o tempo coexiste" com o mundo, 13
levantando a su matéria e não como certa substncia especial. Nas
posição de que, na mesma medida que o tempo é uma pro- da teoria da relatividade, descobre claramente o deduçôes
pricdade essencial do universo, "é o universo nexo interno que existe entre o
profundo
cssencial do tempo". c "cada um dêles inclui
propriedade de
espaço e o tempo como tor
em si o ou-
mas ser da matéria em movimento. A forma é condiciona2-
tro" 16
da pelo conteúdo:
verdade da dialética se acha plena-
esta
mente encarnada nos descobrimentos da fisica
moderna.
A luz dos
principios da teoria da relatividade. o tempo
A aparece como forma de ser da matéria no sentido profunda-
substancialização do tempo não passa de uma pro- mente dialético desta categoria. A forma
tunda tergiversação da sua verdadeira natureza. Constitui não é, aqui, um simples
espaço-temporal
um
exemplo tipico do pensamento metafisico, que acha for- recipiente externo dos corpos. mas
uma estrutura interna. um modo concreto de existëncia das
çoso vincular todo fenômeno a uma substância especial, co-
coisas e dos processo: materiais. Precisamente em
mo se tazia antigamente. digamos, com o calor, que era re- relação a
isto. manifestam-se as novas
lacionado com a existência de uma substância especial: o
de possibilidades investigação
do mundo material. posibilidades que a fisica moderna vem
calórico.
Semelhante interpretação substancialista da natureza do explorando com êxito, pois. utilizando as caracteristicas
es
tempo choca-se frontalmente com as modernas ciências na- paço-temporais. estuda as leis concernentes a uma série de
turais. O tempo não constitui uma substância importantissimas propriedades da matéria e do movimento
especial; é uma que encontram sua manifestação nas peculariedades do tem-
forma de existência da matéria, uma forma no sentido autên-
p e do espaço.
ticamente cientifico. dialético, derivada do conteúdo e
por Segundo as concepções de Einstein. o movim:nto de um
le condicionada. A inconsistência da substancialização me-
corpo submetido à gravitação deve ser internretado como mo-
tafisica do tempo foi demonstrada de maneira convincente vimento do corpo num espaço-tempo curvo. E n'sso resulta
e até à exaustão pela atual doutrina fisica sôbre pa
o tempo tente a influência de determinadas
e o
espaço, que em nosso século veio substituir
propriedades do espaço-
as concessões tempo, de sua métrica, sõbre o movimento dos rorpos, Aqui.
newtonianas. Como já demonstramos, a teoria da relativi- naturalmente. apresenta-se uma guestão: reconhecer a
dade evidenciou o caráter variável do curso do indicada influência da forma espaço-temporal. não
tempo se s'gnitica
render tributo à interpretação substancialista do tempo e do
14. 1bidem.
15 G. J. Whitrow, A
espaço, não constitui uma sobrevivencia da posição newto
filosofia nalural do
16. Whitrow, On the Nature Time.
tempo, pág. 47. niana, segundo a qual estas categorias são essênciais inde.
of pendentes? A tal pergunta, a resposta deve ser negativa.
70 71
Revonhecer a aludida ntluència náo signilica conceber o Anos atrås, P. M. Nikiforovski, " afirmava que exrste
determinadas pelas variações dos fenômenos objetivos. blema do tempo em fisiologia mostra que, nesta questão,
Uma prova convincente de que o tempo não constitui trata-se de conhecer como se forma a orientação no tempo
em que o organismo tem de adaptar-se aos múluplos influ-
u processo especial, uma substncia singular, têmo-la no
caráter polissensorial de sua percepção, na falta de um ana- XOS do variável meio material. e no pensando numa reação
lisador espzcial do tempo. Tôda percepção do mundo exte- ao tempo como se se tratasse de um fator especial, que exis-
ior em seu movimento. variação e desenvolvimento inclui ta e atue independentemente do movimento material. Com
em si um reflexo do tempo, Tal reflexo não apresenta um isto, retuta-se a idia de que o tempo constitui determinada
caráter mono-sen sorial. mas o que realizam todos os anali- substância peculiar.
sadores, de que é propriedade comum. Os dados experimen Em nossa linguagem, empregam-se expressões como "o
tais e as observações clínicas permitem atirmá-lo com abso- tempo envelhece, "trabalho destruidor (ou criador) do tem-
luta certeza. "Em nós não se mostram analisadores especiais po. etc., mas tais palavras não podem ser interpretadas li
para refletir a duração, a sucessão e a rapidez dos fenôme- teralmente. Tomemos o tenómeno do envelhecimento, ds
os da realidade objetiva. Qualquer analisador que retlita mudanças relativas à idade. A ciência biológica ve o enve.
as diversas propriedades dos objetose processos reilete con- Ihecimento dos
s
organismos como um processo co7dicionad
sequentemente suas peculiaridades tempcra's.
19. P. M. Nikiforovski. Sóbre a filosofia do tempo.
17. Assinalaremos que, analogicamente, também influi o ritmo 20. Dmitriev, "Intervenção na Conferência de töda a URSS
teTnporal como organização do processo material no tempo. sobre os problemas filosóficos da tisiolgia da atiridase rer
12
D. G. Elkin, A percepção do tempo, Moscou, 1962, pág. 39 vosa superlor e da psicologia".
12 73
estudo aprcscnta proble-
pch ação de diversos latórcs, cujo teristicas dos acontecimentos noutros aspectos. Como ca0
tais fatôres são
Imas ainda
não plenamente resolvidos, mas mais simples cabe indicar duas partes da mecånica. A pri
análise de manitestações plenamente
investigados mediante sua atividade vital
meira delas - a cinemática examina apenas o desloca-
no processo d2
concretas do organismo mento dos corpos em dependència do tempo; a segunda-
discutir que o envelhecimento consti-
Não sc trata, pois, de a dinamica- toma em consideração as inter-reações dos
do tempo como se fôra uma
tui oresultado de uma açao corpos, inter-reações que produzem mudanças nos estados
substáncia A gcrontologia, doutrina sôbre o enve.
cspecial. dos referidos corpos
a ontotisiologia (lisiologia da ida- Encontram-se na ciencia formulações que inferem as pro
hecimento, assim como
de). a qual pertence a gerontologia, investigam determina- priedades da matéria partindo das propriedades do tempo
matcriais que sc veriticam nas células, cstudam
e do espaço tomados na qualidade de algo primârio e inicial.
dos processos
interior dos organismo e entre os
tecidos do Ora, para a compreensão filosófica de tais formulaçóss é pre
as relaçocs
no
reciprocas entre organismo e meio, etc., ciso ter presente a natureza especifica dos aspectos lógico
tecidos, as relaçõcs
dos organismos
para conhecer
os fatõres do desenvolvimento e ontológico do fenômeno caracterizado. No capitulo pre-
Tal tarela é executada me-
sob o ponto de vista da
idade. cedente já falamos do teorema de Noether, no qual se es-
diante o estudo completo
c integral das mudanças morfoló- tabcece a ligação entre as leis da conservação e as proprieda-
luncionais do organismo, "
e
gicas, quimicas, lisico-quimicas lenómeno do envelhecimento
des do tempo e do espaço, a saber: a ligação da homogenei-
Essa maneira de enlocar o dade do tempo com a lei da conservação da energia
em quimica, ao analisar-se o pro-
tem caráter geral, Assim, a ligação da homogeneidade do espaço com a lei da con-
envelhecimento dos polimetros, quer dizer, que sua servação da quantidade de movimento ca de sua isotropia
blema do
determinada destruição no
transcorrer do tempo, levam-se com a lei da conservação do momento da quantidade em
de agentes totalmente concretos, distintos
em conta as açõcs movimento.
de exploração, entre os quais se
conforme sejam as condições Costuma-se dizer em fisica, levando em conta a conexão
cncontram calor, luz, oxigénio,
o nitrogënio, os micro-orga- indicada, que as referidas leis sõbre a conservação são uma
désses agentes con-
nismos, Para neutralizar os ctcitos
etc. consegüencia da homogeneidade do tempo e do espaço e da
do
causadores envelhecimento, recorre-se a substân-
cretos,
uma intluência estabilizadora so- isotropia do espaço, ou que tais leis se derivam das corr2s-
cias que possam exercer
antienvelhecedores.
**
0 problema não pondentes propriedades do tempo e do espaço. No entanto,
bre os polimeros: os éimprescindivel observar a diferença entre a formulação
se o temp0 como tal, como
se apresenta em
absoluto como
fösse causa do envelhecimento. lógica, teórica, da conexão das leis da conservaço com as
agente singular, propriedades do tempo e do espaço, bem como o sentido
resultados da ação
Descrever os acontecimentos como
constitui um determinado recurso para fazer-se objetivo da referida conexão, Como acertadamente observou
do tempo N. F. Ovchinikov, * no processo do conhecimento é teo-
concretas que atuam e provocam os re-
abstração das causas
ricamente possivel inferir as leis da conservação partindo das
acontecimentos. Semelhante recurso é perfeitamente
feridos propriedades do tempo e do espaço, dado que estas propric-
que tang2 a determinado ponto, tendo em conta
legitimo no
dades já nos são conhecidas. Todavia, na realidade objetiva,
que uma descrição déste tipo completa-se com as caracte-
as leis da conservaçào, que expressam a natureza substan
21. A. V. Nagorni, V. N. Nikitin, I N.
Bulankin. O problema cial, indestrutivel e incriável da matéria e do novimento.
do envelhecimento e da longevidade, Moscou, 1963; B. Streler
1964.
O temp0, as células e o envelhecimento, Moscou,
estabilizaço dos polimeros, Moscou,
23. N. F. Ovchinikov, As leis da conservaçáo na fisica
e o ca-
22. 0 envelhecimento e a
ráter causalmente condicionado dos ferömenos da natureza.
1964.
75
74
do nada tem em comun com a representatao netatisica da
propricdades do espaço
e
delerminam as correspondcnte natureza do tempo (e do espaço) e, tono já se disse. en
cmpo,
da lei da conservação da
ener.
contra sua racional à luz da dialética dos a
explicacao
Eletivamente. A vigència
no lato de (q1uc, apesar de todas as transfor pectos lógico
clusive
ontol6gico. Nalgunas situaçies, é útl, e in-
e
Doe do cspaço, possa ser considerado como metafísico"? 2* ticas, criticou-se a concepç o erronea da matéria como sintese
Semelhante afirmação seria infundada. O referido teorema é do espaço e do tempo.** Reduzir a matéria às formas de
tão pouco metalísico como a posição relativista segundo a Sua existência, no passa de tergiversação da verdadeira
vários fenômenos fisicos se inferem das transforma- relação entre a matéria e o tempo. Utilizou-se éste critério
qual
das coordenadas. Deve-se levar em conta que o teorema para a geometrização idealista do mundo, tomando-se
cões
de Noether, nas diversas esferas da fisica, constitui um meio como base metodológica a redução do conteúdo à forma,
simples, universal e efetivo que permite situar as leis da assim como a interpretação idealista puramente abstrata, da
conservação e, com isso, obter-se informação valiosa sôbre mesma forma espaço-temporal. Tal ponto de vista constituia,
as propricdades fisicas do sistema, Tudo isto, no entanto, na realidade, uma reprodução da definiço hegeliana segundo
25. Marx e Engels, Obras, tomo II, pág. 143.
24. Assim, precisamente mostra-se, de fato, no trabalho de 26. B. M. Hessen, Idélas fundamentais da teoria da relativi-
V. N. Vesiólovski, Valor filosófico das leis da conservação da dade, Moscou-Leningrado, 1962, pág. 64.
1matéria e do movimento, Moscou, 1964.
77
76
matéria é sòmente unidade abstrata, mediata, do
a qual "a a
de inexistencia na qualidade de objeto separado) de maneira
tempo c espaço".27 alguma conduz à sua imaterialidade. tampouco a declará-lo
considerar o tempo como
Da mesma mancira, é errôneo como em absoluto inexistente.
signilicaria adotar as
uma das variedades da matéria, que o
Observemos que a conclusäo relativa à objetividade do
interpretação do tempo. Ob.
posições do substancialismo na
tempo, conclusão que parte do principio que afirma o mundo
Rutkévich, que são equivocos tanto
serva, com razão, M. N. como realidade objetiva e que tão importante é para a argu-
a reduç o- idcalista da matéria a espaço-tempo, como
-
mentaçao em favor da objetividade do tempo, tem pleno valor
do espaço-tempo
"a inclusão, mecanicista na sua esséncia, precisamente se se entende o tempo como caracteristica da
dos tipos de matéria".28 matéria em movimento, e não como essência
espec al. Se se
num
do tem po pode
A concepção metafisica, substancialista, considerasse o tempo como essência singular, a objetividade
isto deixe de
não ser forçosamente idealista, sem que por não poderia servir de base para extrair conclusões
ser um equivoco, Deve-se levar
isso em conta, tendo em vista do mundo
de qualquer espécie söbre o caráter objetivo do tempo. Ao
interpretações metafisicas sôbre a
quc. nos últimos anos, as
Contrário, se o tempo é uma forma de ser da matéria. tor
vëm encontrando certo eco na idéia do
natureza do tempo na-se possivel compreender mais claramente sua materiali-
Sem entrar no proble.
tempo proposta por N. A. Koziriov. dade, já que o mundo é material.
ma relativo ao em
grau já se confirmou experimental-
que A
existência de fôrças de cujo descobrimento interpretação substancialista do tempo sob o aspecto
nente a novas
N. A. Koziriov- impôe-se
de um processo fisico" singular, constitui, em essëncia, uma
nos corpos em revolução nos fala regressão à anterior concepção newtoniana. E não se justi-
dizer que metodològicamente carece de fundamento inter-
fica semelhante retrocesso a respeito da concepção materia
resultado da ação do tempo. No trabalho de
pretá-las como
N. A. Koziriov, o curso do tempo é considerado como " pro-
lista dialética, 3
0
afirma-se que "o tempo possui
cesso fisico real particular;
tempo pode realizar um trabalho" e que O tempo não é uma substância especial: constitui un
energia": que o
"a estrêla tira energia do curso do tempo". Encontramo-nos momento de existência da matéria, subordinado à matéria e
ante uma tipica interpretação substancialista do tempo, com que não pode existir independentemente dela. A circunstn-
a qual não é possível estar de acôrdo. Contra ela se voltam cia de que o tempo não existe como substância
os resultados obtidos na investigação acêrca do tempo rea independente
ou como processo especial, não oferece de maneira
lizada pelas clências naturais, assim como as considerações
alguma
um
argumento contrário á sua realidade, pois existe real-
filosóficas. mente na qualidade de forma de ser,
N. A. Koziriov concebe o tempo como algo material.
em qualidade de atr.-
buto da matéria em movimento.
Mas a materialidade baseia-se na existência objetiva, inde A ausência do tempo como "coisa" à parte pode ainda
pendente da consciëncia. E, precisamente, a materialidade menos servir de base para chegar a conclusões
que o tempo possui, cujo caráter não substancial (no sentido agnóst:cas
acêrca do mesmo. Para muito teólogos e filósofos idealistas
as palavras sôbre a "imperceptibilidade" converteram-se numa
27. Hege, Obras. de
28. M. M. Rutkévich, Malerialismo dialético. espécie acessórios inerentes às suas obras. Já um dos
29. N. A. Kozirlov, Mecânica causal ou não sinétrica na apro- "Padres da Igreja", Santo
rimação linear. Agostinho (354-430), escreveu que
78 79
cnquanto nio Ihe perguntavam sõbre o tempo tinha uma O filósofo idealista
V. S. Soloviov afirma
ideia a respeito dele, mas quando Ihe pediam que explicasse "o tempo
0 que era o tempo, nada sabia a respcito," Tais palavras nio admite nem a explicação empirica de suaque
origem nem
a definição racional de sua
clas se eximem
Sao do gosto dos idealistas modernos, que com cscreveu: esséncia. Freqüentemente sio
de apresentar outras explicaçõcs. Spengler "Na encontradas definições semelhantes. O idealista norte-ame-
velha filosofia. só encontrci uma designação realmente pro. ricano Lippincott escreve que o mistério do
tempo, inviolável
Santo Agostinho,
""
Speng- durante séculos de análise, continua sendo coisa misteriosa
funda do tempo. Encontra-sc cm
ler contrapunha o "misterioso tempo ao espaço tosco e c escorregadia, estranhamente incompreensivel para nossas
mentes estreitas. E inacessivel ao
habitual.
. .
22 83
dida é o tempo comum. Precisamente assim o considerava
1. O TEMpo E o ProcEsso Do FuTURO
Newton. para quem a duração não passa de outra denomi-
nação do "tempo matemático, absoluto e verdadeiro, que flui
As recentes definições do tempo apresentam-no como de maneira unitorme por si mesmo, pela sua própria essência,
feno e cuja medida de duração
é o "tempo comumn acessivel aos
duração dos processos e como ordem de sucessão dos
sentidos. Na filosofia de Bergson o conceito é examinado
menos. Semelhante caracterização, formada ao longo dos
séculos e comumente admitida em nossas publicações (cla na qualidade de essência singular. Ai, a duração se acha
é bas- convertida no alfa e ómega do universo, na substância que
é encontrada em quase todos os manuais de filosotia) determina "o impulso vital" e forma a essência última, ini
tante justa. A sucessão e a duraço como duas determina-
cial, do tempo. Claro que tal maneira de entender a duração
ções temporais dos fenômenos aparecem, por exemplo,
na
85
84
do homem como algo móvel, luentc. Assint, na lingua russa, tivas que se encontram cm trabalhos atuais, Entre éstes, in-
a palavra tempo" (vremia) deriva-se do russo antigo rere- cluimoso livro A rclocidade co univcrso rclativista no qual
mia, vocábulo cujo sentido inicial era o de giro, turbilhão".
Significativo é que, na inguagem, a categoria de tempo, de
um dos scus autores, Abélé, considerava (a cbra é de
1954) o tempo como independente do conceito de velocida-
correlaçáo temporal, se de apenas e prccisamente em conexão
Em alemão,
de, com a particularidade de que Abélé toma como veloc1dade
com o verbo, parte da oração que expressa ação. absoluta, máxina, a que ofere e a teoria da relatvidade: a
"verbo" se chama das Zcitwort, o qu:. iteralmente, significa velocidade da luz, ainda que a relacionada com certa quali
palavra temporal, dade supersensivel e deduzindo dos principios tomistas o
A respeito, é preciso assinalar a circunstancia de que
principio relerente à existência do måximo de velocidadec.
1a ciéncia o tempo é Ireqüentemente considerado como mag-
Inferir o tempo da velocidade da luz (inclusive dei
nitude variável independente, isto é, como magnitude da qual
Nando dc lado o invólucro tomista que Abélé dá a tal tese)
Slo tunção outras magnitudes variáveis. Desde logo, tal cir
nào passa de uma elocubração sem qualquer base. Para co
cunståncia não fala do caráter independente da mudança
meço. na teoria da rclatividade, a velocidade da luz como
do tempo como se se tratasse de uma substância separada,
constante lisica universal acrescenta-se às fórmulas que de.
inicial e singular, mas, ao contrário, constitui um indice pe terminam a interconcxão de tempo e espaço. Falando em
culiar c, em certo grau, um relexo do fato de que o tempo
termos gerais, a velocidade aparece aqui como conceito me-
expressa variação, de quc no transcurso do tempo se expressa
cânico, ligado ao passar do raio de luz (de ondas eletro-
o movimento; também. naturalmente, é um reflexO de queo
tempo pertence ao numero das caracteristicas essenciais do
magnéticas) por uma determinada distäncia espacial numa
unidade de tempo. Existe uma série de processos nos quais
desenvolvimento de todo fenõmeno. a distancia cspacial não é levada em consideração ao deter-
No uso corrente das palavras, identificamos constante-
mente o tempo com determinadas mudanças reais, fora das
minar-se a velocidade. Exemplo é a velocidade das reaçðes
quimicas, velocidade que caracteriza a mudança de concen-
quais o tempo não se dá. Quando dizemos: "Para você o
tração das substancias que participam nas reações em una
tempo não passou", queremos expressar a idéia de que o
ao qual nos dirigimos
unidade de tempo. Outro exemplo é a veloc.dade da forma-
individuo não soBreu qualquer mu- ção das conexões nervosas temporais, etc. Além disso, tem
dança através da idade. A conexão do tempo com o movi-
que se ter em conta que a velocidade só se relaciona com o
mento já fôra antes observada
por Aristóteles,
que investi
gou essa categoria na sua Fisica (livro V. capitulos 10-15). tempo como duração, Fica à margem a caracteristica de or
Mas o lato é que a elucidação do caráter désse nexo tem dem temporal em relação com o prôprio conceito de velo-
apresentado grandes dificuldades, tornando-se mesmo um cidade.
insuperável obstáculo. Inclusive se a velocidade é tomada em seu sentido mais
Constitui defeito essencial, que limita a conexão indi- genérico, aparece sempre como conceito derivado do tempo
cada, reduzir o movimento relativo ao tempo apenas a um (assim, por exemplo, a velocidade do ponto que se move no
ds
dos seus aspectos concretos. Assim, na Antigüidade. inclu-
sive até a Idade Média, o curso do tempo relacionava-se movimento de tempo . e pode considerar-se
freqüentemente apenas com o movimento visivel da abóbada dt
celeste. Análogas são, pelo seu caráter, algumas das tenta como expressão
distncia
da duração temporal em sua relação
espacial ou com o grau de tal ou qual processo
com a
3 A. G. Preobrazhenskl, Dicionário Etimológico da lingua (concentração de substncias que reagem, etc.). A categoria
TUSSa.
de velocidade é valiosa para compreender o tempo no senti-
86 S7
materialista dialética como certo cs
tndo de concepçao
do de que ésse conccito assinala o nexo do tempo com ob sua
todo do Universo,
vista dialético, entende-se
o movimentc
movimento.
Lobachevski tentativa de definir o Do ponto de
Deve-se a N. I. a
geral, e. não
além disso, como simples
movimento. como mudança em
conta sua conexão com o
tempo levando-se em como mudança que inclui em si
lugar,
deslocam2nto de
mas
mecânica, dizia éle: "O movi.
Em suas conferências sôbre desenvoivimento, tomo
intinitamente do m e s m o nodo, cha- a apariçio
do novo, como processo de
mento se
que prolonga substancial, como futuro. O futuro constitui uma
para tomado com- mudança
ma-se unilorme, e um dos tais movimentos dialét ca, um dos conceitos
da
demais, denomina-se tcmpo.' Tais palavras das categorias fundamcnta.
paraçao com os
a conccpção dialética do
desznvol-
materialista de dar essenciais que expressam
tem um grande inter sse como aspiração
conceito de movimento. Vimento. Não pode haver
tuturo onde a coisa permanece
uma deinição do tempo através do
ünicament: onde surge algo diferente
mostra-se limitada, já é; éle se dá
Mas, emn scu conjunto, e s a definição
como
converte-se em CX15-
unicamente com um tipo determinado algo novo, Algo que antes nao existia,
que relaciona o tempo
e destacado de movimento, precisamente
o movimento uni- tente.
do encobre, nesse caso,
O desenvolvimento, mundo inteiro efetua.
mudança do
torme. C aspecto da medida tempo a
de resto, estri-
vamente como medida do tempo. A questão, mento constitui uma transformação totalmente concreta, que
nao sóm2nte se mede com o se se faz abstração de todos
ba-se no fato de que o tempo possui traços especificos. Ora,
vinculado a cle feno-
movimento, senáo que, além disso, acha-se os traços especificos de tõdas as coisas e de todc3 os
88 89
de existëncia, Precisamente sob o ülti-
U dos graves defeitos da concepção hegeliana do de-
senvolvir.ento reside no fato de que Hegel fala de desenvol.
respondec ao conceito
a
pcto de deslocamentos entre o que ja existe, mas precisamen-
o tränsito ser - não ser. A transição ser s e r acha-s:
te porque nêle tem lugar o nascimento do nôvo, o processo de
acréscimo do que existe e destruição do que é velho, O
vinculada à transição da possibilidade à realidade, expres
sa o principio criador que caracteriza o porvir. A possibili
mundo não é simplesmente algo que está presente. Cria-se
dade realizada aparece como ser, A transição ser nao ser
sem cessar. e isso encontra expressão no curso do tempo.
Ao falar da mudança em relação com o problema da essência expressa o momento da negação no processo do desenvolvi-
do tempo, é de suma import ncia assinalar que se trata, pre mento. Os dois tipos indicados de transição se encontram
cisamente. da transição da não existência à existencia (e relacionados entre si, representam, no tundo, duas partes
de um processo: o nascimento de um está relacionado com
vice-versa).
Para compreender a essência do tempo são de extraordi o desaparecimento do outro: algo se transforma noutra coi-
nária transcendência as categorias de ser c não ser. O futu- sa, nova; interrompe sua existéncia em seu aspecto anterior.
ro, como processo de nascimento c desaparição, surge como A destruição da coisa A é o nascimento da coisa B. A reali
um passo constante entre o ser c o não
zação de uma possibilidade segue unida à liquidação da
ser. O têrmo "ser realidade anterior, de cujas entranhas surge a poss.bilidade.
pode rer utilizado nos mais diversos sentidos. Fala-se do
ser quando se o liga ao pensamento. Por outro lado, no implicando ao mesmo tempo o aparecimento de novas possi-
exemplo dado, utilizamos o têrmo "ser no sentido que cor bilidades. A dialética das categoriais de "possibilidade" e
7. K. Bakdradze, 0 sistema e o método da jilosofia de Hegel. 9. Lenin, Obras completas, tomo XXIX, pågs. 245, 252 e cu
8. L. Feuerbach, Seleção de obras filosóficas, tomo I, p. 123. tras.
90 91
inclusive absoluto
em éles.
fenomenos nelas contidos
sem
para a caracterização
"realidade" é de essencial imporlänca adiante, já
do tempo, Voltaremos
ao assunto mais Sem:lhante concepção do tempo era própria, como vimos.
da fisica pré-relativista,
newtoniana, Podia, com facilidade.
ser translormada
em misticismo, como, enm particular, de-
Se é uma substân-
monstrou a filosofia de Bergson.
o tempo
acabamos de expor, aparecem de
Em rclação com o que de consistir num deslo-
ordenm sucessória dos
fenómenos e cia particular, o curso do tempo tem
a
mancira mais concreta substância. Claro, ninguém diz, nem
do tempo, e torna possivel camento da referida
a duração como determinante modo tal Quanto a Bergson, não
uma caracterizaçäo
do conccito de curso do tempo e das pode dizer de que ocorre.
de passado, presente e luturo. Vere- foi ele além das alegorias literárias
categorias temporais de futuro consti. A teoria da relatividade demonstrou que o tempo nao
o apèlo ao processo
mos, além disso, que
se possa detinir
racionalmen- constitui uma substância peculiar, mas uma forma, um modo
tui o único caminho para que determinado de ser das coisas em movimento. De qualquer
encarnam o caráter especilico
te os referidos conceitos que Nes-
mancira. o ponto de vista relativista levou ao nihilismo.
do tempo. como ordem de suces se sentido, surgiram afirmações de que o curso do tempo
em
Examinemos a delfinição do tempo
a res- absoluto não existe, e de que a expressão curso do tempo
são dos fenômenos. A luz do que acima ticou exposto
sentido
entre o tempo e o processo
do tuturo, deve- não é mais que um mito, uma metáfora carente de
peito da ligação da existen- análise mais rigoro-
mos falar da sucessão temporal como sucess o real. uma ilusão que não resiste a uma
defendem filosóficos Smart
fenömenos. O tempo, como ordem de sa. Isto é pr2cisamente o os
que
cia das coisas e dos é, sem dúvida,
sucessão indica a correlaço
das posições no processo da e Black. "0 conceito de curso do tempo.
A precede no tempo o fe. uma ilusão", declara o filósofo australiano Smart, que passa
cxistëncia. Dizer qu2 o fenömeno
A existia quando B ainda não a lormular perguntas que, no seu entender. seriam demoli-
nomeno B signilica dizer que
doras para o referido conceito: "Quão distante vai o tempo
cxistia.
essencial do processo do ser en- no seu curso? Em que unidade de velocidade se pode medir
O futuro como marca
contra expressão no tempo como característica da sucessão esta corrente? Em segundos por. . . ? " - e ch2ga à seguin-
das coisas e dos fenômenos. A sucessão no tempo pode se te conclusão: "Falar do curso do tempo... constitui uma
substituem uns aos ou- perigosa metáfora", 10
dar sòmente entre lenõmenos qu2 se
Esta relação temporal se
tros no processo da existéncia, Posição análoga assume o filósofo positivista americano
estabelece sempre de manaira mediata através do processo Black. Rebatendo aquêles que concebem o tempo como algo
de exist ncia da própria coisa dada ( se se trata da relação que se move ou flui, Black escreve:
no tempo entre diversos estados
de uma coisa), através do
sistema geral em que as coisas dadas se acham insertas (se
Vejamos: se a afirmação de que o tempo sempre flui
tem um sentido literal, temos todo o direito de perguntar a
se trata de coisas diversas), através da inter-reação ativa velocidade o tempo corre. E se assim é, há-de haver um
que
entre a coisas (no caso da causalidade). supertempo para medir a marcha do curso do tempo comum.
Atentemos para o conceito de "curso do tempo". Che- A respeito dësse supertempo, imediatamente se apresenta
garemos à compreensão racional dëste conceito se evitamos
uma questão análoga... E assim sucessivamente, infinita-
os do's extremos que se dão em sua interpretação, 0 pri- mente". Como a questão relativa à velocidade do curso
meiro dêles relaciona-s2 com o enfoque substancialista do do
tempo carece de todo sentido, da mesma forma carece de todo
próprio tempo, com a concepção de tempo como certa du-
ração peculiar que existe independentemente das coisas e dos 10. J. J. Smart, The Temporal As5ymmetry of the World.
92 93
sentido da palarra como manifes
scntido declara Black acontecimentos no amplo
muda, 1t
-
- a afirnmação de que o tempo os
movimento da materia). Atos de porvir ("de reali.
tação do numa eterna cadzia
um ao Outro
Não é dificil perceber a inconsistência de semelhantes zação que se seguem
o curso do tempo.
èles a prova do resultado a que conduz a isto é o que expressa
argumentos.
de
São Nem a interpretação formalista e idealista de Kant. que
ncompreensão que o tempo não expressa um movimento supunha que o próprio tempo... mística ja contém as relações de
mecanico
susceptivel de ser caracterizado com
parâmetros e idealista de Ber-
sucessão," nem a interpretação
como a velocidade, mas um movimento no sentido filosófi- caracterizando o tempo, fala de "multiplicidade
Co da palavra: um processo de porvir. Os autores citados, ao gson, que,
sem separação permitem dis-
sem divisibilidade e sucessão
talarem do curso do tempo, partem na realidade de uma idéia "A duração bergsoniona é uma
do tempo como
substância particular, como "coisas" à part: tinguir o curso real do tempo.
c exigem que nële se dë tudo quanto se dá nas subst ncias duração que não dura", l"
indica o filósofo francês Pucelle.
e nisto é impossível não estar de acôrdo com êle.
particulares, que se dê nêle o que caracteriza o deslocamen-
materialista da sucessão temporal, tão in-
to das coisas singulares, Ora, como pretendem que o tempo A concepção
não é uma
substância especial, os referidos filósofos se portante para a apresentação e solução do problema quz
tiaga o traços caracteristicos do curso ddo mpo, contrapõe-
surpreendem de que não seja possível torná-lo extensivo a
se à concepção que da referida sucessão têm os positivistas.
tudo quanto é próprio das coisas singulares. E disso, preci-
Estes admitem o curso do como uma seqüència de
samente, inlerem que o curso do tempo não é real. Assim, tempo per
pois, os argumentos aduzidos pelos "nihilistas constituem cepções na experiència psicológica, e a sucessão como con
prova de que cles partem, em sua crítica, de representações dicionada pela estrutura da teoria cientifica,. E significativa
substancialistas do tempo, contra as quais se manitestam. a declaração de Bertrand Russel no sentido de que a fisica
Os filósofos que negam o curso do tempo veem de ma- atual separou-se da matéria, substituindo-a pela sucessão
neira mecanicista o próprio conceito de movimento. Smart dos acontecimentos. " Mas o caso é que a própria suces
nega a existência do movimento temporal já que por movi são dos acontecimentos constitui uma sucessão no desenvol-
mento" entende-se a mudança do espago com respeito ao vimento do mundo material, sem o qual perde o verdadeiro
tempo". 12 Já mostramos que semelhante limitada concepção
sentido, dado que os acontecimentos são manifestações do
do movimento não pode servir de base para resolver o
pro movimento da matéria, Basta explicar o sentido da sucessão
blema do tempo. temporal como expressão do movimento material objetivo
Mas que se há de entender, racionalmente ,pelo conceito para se ter a resposta à verdadeira situação das coisas. à
de curso do tempo"? Para responder a esta pergunta é autêntica essência do tempo; sòmente tal explicaço pode
preciso partir da concepção da essência do tempo como forma constituir a
premissa filosófica cientifica da investiqação do
de ser da matéria, como forma que expressa o processo do curso do tempo. de suas propriedades. O tempo não é sim-
futuro. O mundo tem sua história, os fenômenos não exis- plesmente uma duraço impessoal, um s'mples intervalo: "cem
tem num só todo, as coisas singulares têm principio de exis- anos". "duas horas". "10" segundos". O modo de conceber
tência e fim, E isto, precisamente, o que mostram a sucessão a sucessão temporal tal comoo expomos permite colocar o
ea duração temporais, Sob a concepção de "curso do tempo" problema do curso do tempo como determinada expresso do
temos que entender, racionalmente, a mudança sucessiva de 13. Kant, Obras,
acontecimentos do ponto de vista de sua existência (entendo em seis tomos.
t. III.
14. Bergson, Duração e silmultaneidade, p. 39.
15. J. Pucelle, Le temps, p. 51.
11. M. Black, The Direction of Time. 16. Bertrand Russell, O conhecimento humano, sua esfera e
12. J. J. Smart, Is Time Travel Possible? Seus limites.
94 95
de icsennolr.mento do m u n o
matcral, problema a mente passados), com a única diterença que um dos momen
pme
\oltaremos no capuulo scyuunte. tos se segue ao outrO. Aqui, em comparação com a relação
geal a id
de
Crso i tempo conmo sucessiv mudanga aconte. de entre introduz-se a idéia sôbre a direção da ordem
eistencka se encOntra relacionado dos
momentos do tempo, sôbre a seqüència: tn>ta. O especifico
mntos t0 prresso da
t uma deterninada csirutura temporal, com determinadas de ordem temporal como ordem que retlita a mudança, estri-
rehiies entre os momentos do tenmpo, Tais relaçòcs podem ba-se, precisamente, em constituir uma ordem dirigida. Rei-
irn1at-se cu diversos aspectos chenbach observa, acertadamente, que, no todo, ordem é
determinadas no aspecto quantitativo identico a uma "direção". " No caso do tempo, temos de
-
'adem cr
cste caso nio sC apresenta (pelo menos de torma patcnte)
dos momentos temporais do
tratar, precisamente, de uma
ordem dirigida ou orientada.
problema da he. erogeneidade Ora, semelhante detinição da ordem dirigida do tempo
Onto de \ ista da exist ncia, Semelhante represcntação da (tn>ta), constitui expresso puramente quantitativa da es-
ordem temporal é constantemente cncontrada. Acha-se ampla- trutura temporal.
ditundida na ciencia apresenta, por exemplo, cm A
mente
töda classe de tábuas, que
e se
mostram a cscala, em tal ou qual relaçãoentre os momentos do tempo e, por conse
guinte, a ordem temporal orientada, podem da mesma manei
estàgios em diterentes momentos do ra ser detinidos no aspecto qualitativo, em que se tem em
proso, de sucessivos
serve qual.
tempo. Para semelhante representação do tempo conta diversos momentos do ponto de vista de sua relaço
uer gratico que reflita a variaçao de algunas magnitudes no com o processo do futuro (porvir), o qual se expressa na
(independentemente da posição
tempo. o indicador do relógio existência de três "tipos de tempo: passado, presente e
dos ponteiros), qualquer tábua cronológica, o calendário, que futuro. Precisamente é êste aspecto qualitativo que engen-
mostra sucess o
a dos dias enumerados na ordem de incre- dra a relação em que os momentos do tempo se sucedem
mento da série natural dos números. uns a outros, e se encontra a expressão quantitativa na rela-
Assim considerada., a ordem temporal pode ser designada, ção de "depois" "antes"; é êle, exatamente, o que mostra
antes de tudo, através do conceito
de entre. Dizenmos: o as diterenças de principios da estrutura temporal em relação
A e C. Com isto também
momento B entre os momentos
à estrutura Enquanto que a sucessão espacial é uma
espacial.
caracterizamos uma determinada correlação dos momentos sucessão de fenômenos equivalentes do ponto de vista de
temporais apresentados. sua existëncia, a sucessão temporal é uma sucessão no pro-
De qualquer maneira, a definição da ordem dos momen- cesso da existência, inclusive as relações entre o que existe
tos do tempo através do conceito de entre ainda n o esgo- e o que existiu, entre o que existe e o que existia. Como
ta a caracterização quantitativa da estrutura temporal, pôs- observa, com razo, G. Whitrow, as
categorias de passado,
to que esta se acha vinculada à mudança. A referida caracte. presente e futuro são "os traços do tempo para os quais noo
rização tem de incluir as relações maior, menor, orgâ- existem análogos espaciais".18 Refletir sôbre o sentido destas
nicamente inerentes a tôda caracterização quantitativa, ao categorias é sem dúvida útil, é, no nosso modo de ver, in-
conceito de quantidade. Com respeito ao tempo, tais rela- dispensável para elucidar a conexão do tempo com o proces
relações de "depois "antes": o mo- so do futuro.
çoes aparecam como
96 97
que surgirà depois
do presente. " Em tal defini. tempo, ou, mais exatamente, a que
tuiuro o
das refe.
correspondem éstes últi.
não tica revelado o aspecto quantitativo mOs, o que constitui o seu cotrelato.
a ahàs, como clementos especi-
Fidas categorias, no que representam Certos resultados deverão ser obtidos se enfocamos o
de desenvolvimento:
ticos da estrutura temporal do processo
através das categorias
problema da diferenciação do passado, do presente e do fu-
ainda se definem de modo quantitativo turo utilizando a dialética da possibilidade e da realidade.
de depois antes . A diferença entre presente, passado e futuro é a
diferença
Faz-se cssencial introduzir aqui definição destas
uma
entre o que se está realizando, o que já se realizou e
futu-
presente
e o que o
senvolvimento. Estas relações objetivas tormam a base da existência independente, fora dos acontecimentos, o que per-
do presente e do tuturo por parte mite compreender o presente com um critério racional.
percepção do passado,
deixar claro o que no próprio mo- presente sempre se acha relacionado com algum es-
da consciência. E preciso
tado, com algum acontecimento verificado agora, e a dura-
vimento da matéria corresponde a cada um dësses tipos de
ção de tal acontecimento, de tal estado, determina as di-
19. S. Meliujin, Sôbre a dialética dodesenvolvimento da na- mensões do presente, com a particularidade de que em cada
175.
tureza inorgnica, Moscou, 1960, pag.
20. A. Grünbaum, Philosophical Problems of Space and Time, 21. Bertrand Russell, O conhecimento humano, ete, pág. 303.
98 99
see completa de acontecimentos esta determinação é espe- nhas da própria realidade objetiva, Falamos do futuro, tendo
citca. A diferente duraçio do presente
constitui um dos et conta não alguma coisa em absoluto inexistente, mas co-
ver presente. O futuro se caracteriza
se manitesta a naturcza es- mo algo que esperamos
aspectos característicos cm quc
ésse pelo fato de que nêle se plasmam as possibilidades reais que
itica do tempo. O diapasão quantitativo é, a res.
o fato é que a categoria de futuro se acha intimamente rela- máticos de auto-regulação, etc.
cionada com a categoria de possibilidade, com a particularida-
de de que se trata de uma possibilidade real, formada pelas Passemos, agora, ao terreno da duração como uma das
potencialidades do ulterior desenvolvimento, ocultas nas entra- definições do tempo.
A constante mudança de uma coisa por outra pressu
22 A. P. Bistrov, Passado, presente e futuro do homem, Lenin-
grado, 1957.
põe ao mesmo tempo que há uma existência permanente, pois
101
100
scm essa permanência nâo existiria
aquilo que muda. Isso Santemente, naquilo que esta contem em si mesma de con-
taz com que a duração se revele como uma das determina- tradição entre continuar sendo o mesmo e "modificar-se". 2
oes do tempo. A duração aparece como continuidade da O tempo como torma de ser, forma que expressa a contradição
existéncia, expressa a conservação da existência. No fato do processo de desenvolvimento, serve também de medida da
conhecido, quc confirma experimentalmente o efeito relati- existência (duração do ser), e como caracteristica da transi-
vista do tempo, o aumento do
período de existência do méson ção entre o ser e o não ser, da transição da não existência à
volante se interpreta, com razão, como aumento da
duração, existência, e vice-versa, da substituição de uns acontecimento-
como "distensão" do
tempo. O tempo, como duração, consti- tos por outros (seqüência temporal).
tui importantissima característica da estabilidade dos siste-
Por outra parte, a duração, ao expressar a conservação
mas materiais, sem a
qual o próprio conceito de sistema ma- da existência de tal ou qual coisa, estado ou processo, ex-
terial careceria totalmente de sentido.
A menor ou maior duração dos pressa ao mesmo tempo a constante variabilidade do mundo.
processos desempenha Não se deve entender a estabilidade como elemento do ser,
papel essencial para seu decurso, o que lhe dá grande im-
expressa pela duração, no sentido de imutabilidade absoluta,
portância prática. Muitas vêzes, assim, torna-se muito útil
que a duração seja menor, por exemplo, no crescimento das tampouco se pode contrapor à variabilidade no tempo. A
estabilidade, a permanência, são, em certo sentido, uma for-
plantas, envidando-se esforços para a criação de espéci-
mens de rápido crescimento. Noutros
ma de manifestaço da variabilidade, da não permanência.
casos, é útil que a du-
Provam isso, em particular, as atuais representações a res
ração seja maior. Por exemplo: o trabalho para se obter uma
reação termonuclear dirigida. Estimou-se como êxito extraor- peito da estrutura das particulas elementares. A respeito da
dinário o resultado alcançado em 1963 no Instituto de Ener- estrutura destas partículas (precisamente dos núcleons). fa-
gia Atômica I. V. Kurchatóv, onde se conseguiu obter la-se no sentido de que na particula é possivel distinguir trës
plasma de elevada temperatura e cujo tempo de retenção zonas: um centro, uma atmosfera e uma estratosfera de
elevou-se até centésimos de segundo, com o que a duração mésons-pi, Mas o problema referente à estrutura de tõdas as
de sua existência aumentou, em
comparação com os resul- particulas elementares se apresenta da mesma forma num
tados anteriores, em vårias ordens. Sera útil dizer até plano mais amplo. A investigação experimental da estrutura
que das particulas elementares se efetiva aplicando-se o método
ponto é desejável prolongar as durações de tais processos
e aqui se tem em mira o
de sua colisão (borbardeio de umas particulas por outras).
problema do envelhecimento do or- Ao se chocarem, as partículas elementares, expulsas dos ace
ganismo humano. Tal envelhecimento é inevitável, mas é
possível prolongá-lo por um lapso sensivelmente maior que o leradores até energias de milhares de milhões de elétron-
volts, rompem-se. Além disso, sucede que como pedaços
existente na maior parte dos homens de
hoje, e, com isso, surgem de nôvo partículas elementares, com a particularida-
aumentar a idade do homem (já que o conceito de "idade"
de de que às vêzes são, inclusive, mais pesadas que as par-
ésinônimo do de "duração"). Igualmente,
é de utili- grande ticulas das quais se desprenderam. O fato nos revela que a
dade prática o problema da solidez, da longevidade dos ma-
partícula apresentada secompõe de outras particulas num
teriais, etc.
A duração esucessão como determinantes do
a
sentido não estático. Compõe-se de outras particulas e é um
tempo resultado estatistico de processos de nascimento e destrui
podem encontradas numa unidade dialética. Uma das
ser
ção de muitos pares de particulas e antiparticulas. Dai o fato
manifestações do caráter contraditório do desenvolvimento de que, na fisica moderna. a particula elementar estável seja
da natureza assenta-se em
que o mundo material é instável concebida como um conjunto de uma multiplicidade de pro-
e estável, em
que, segundo palavras de Engels, "a coisa con-
tinua sendo o que é e ao mesmo 26. Marx e Engels, Obras, t. XX, pág. 640.
tempo se transBorma inces-
102 103
cessos de surgimcnto e
desaparccimento, c a própria cstabi- convincentemente demonstrado graças às experiencias do
lidade se apresente como certo estado dinâmico.
O clo da conservação com a variabilidade mostra-se nas espeleólogo francês M. Chittre e seus colaboradores (1962
1965), no decorrer das quais estudou-se
proprias leis da conservação, cujo sentido apóia-se, precisa-
o impulso com que
mente, cem determinada magnitude (cnergía, impulso, carga
se manifestam, no sentido do tempo, as condições especifi
cas da longa permanncia do homem numa caverna, s?m
cletrica. ctc.) em diversos momentos do
tempo, e isso no qualquer contacto com o mundo
mundo cambiante, Estas lcis não exterior. As experiências
expressam simplesmente demonstraram que o homem, num meio subterrâneo unifor.
certa invariabilidade
morta, separada do processo de muta-
me, perde a justa
ão. de desenvolvimento, mas o invariável no processo de
em alto grau a
orientação do tempo e tende a subestimar
mudança. magnitude do tempo transcorrido (assim, em
60 dias, o êrro foi de 27 dias a
Encontramo-nos, com um mundo no qual a propriedade menos).
da conservação Da mesma maneira, a duração
aparece como momento, como facêta do pro- exprime o caráter tran-
cesso de desenvolvimento, de sitório das coisas e sua estabilidade. Se
transformação. Isso encontra alguma coisa fôsse
também expressäo na forma temporal de ser da matéria. A invariável, não haveria duração para a referida coisa, e ela
duração temporal não é algo situado no mesmo planoe coe se
encontraria completamente fora do tempo. Mas se algo,
ao surgir,
xistente com o tempo como variabilidade. Na qualidade de desaparecesse imediatamente, também neste caso
medida temporal de existência, é resultado da variabilidade, esse algo ficaria privado de duração.
pois tudo existe ünicamente na medida em que estå incluido Semelhante interdependência
dialética não é aceita pelo
no
processo do movimento material; a própria conservação espirito do neotomista D. Nys, filósofo
que supõe que "se
da acha-se sustentada pela mudança. A duração ria êrro manifesto entender a
existencia duração real da substäncia na
forma de uma incessante renovação da existência...
temporal é conseqüência da existência que se transforma sem a existência, como é Porque
sabido, determina o ser, a individualida-
cessar (e neste sentido se prolonga).
de e nos sêres pensantes- a personalidade. Semelhante
Ao falar da ligação orgânica entre a duração e a mudan- mudança teria,
a. não deixa de ser interessante fixar-se, em particular, nos como conseqüência inevitável. a renovação
dados relativos à percepção do tempo. Neste plano, é digno constante e radical de todos atributos das coisas. e tor-
os
de exame o fato de que ao sujeito perceptivo o tempo lhe naria desnecessário o
prolongamento real do ser das coisas
parece mais longo ou mais curto, dependendo do grau em apresentadas, cujo prolongamento constitui, no entanto, um
que se encontre êste acumulado de acontecimentos. Quanto fato indiscutivel" .28
mais intensos e variados são os acontecimentos, tanto mais Vemos que o neotomista metafisico confunde
o conceito
depressa transcorre o tempo para o individuo - mas, de de "conservação da existência da coisa
dada" com o de "re-
maneira inversa, o mesmo tempo parece mais longo. Ao con- novação da coisa dada", partindo da idéia de que só
conservar-se aquilo que no
pode
trário, quanto menos se produzam e quanto mais uniformes se transforma. Do seu
ponto de
sejam, tanto mais lentamente transcorre o tempo, se bem vista, depreende-se que o mutável no existe. Mas, em
que na lembrança pareça mais curto.*t sonância com a atual imagem cientifica do con
mundo. a maneira
A ligaço entre a percepço do tempo e o grau em que dialética de compreender a
em si, como
conservação da existência inclui
a vida do homem se acha repleta de acontecimentos, está condição indispensável desta última, a idéia de
renovaço. Tal se aplica à própria natureza da mudança
27. I. P. Frolov, A doutrina fisiológica de Pavlov sôbre o tem- temporal, de que falamos acima. O curso do tempo reflete
po cOmo estimulo peculiar do sistema nervoso. "Revista da ati-
vidade nervosa superior", 1951, t. I, caderno 6, p. 838. 28. D. Nys, La notion du temps.
104 105
a renovação, a destruição de uma coisa e a criação de outra. umas coisas substituem outras, e estados diversos de uma
Não sòmente a interrupção da existência (limitação da du- mesma coisa se sucedem uns aos outros. Relacionar o curso
ração) constitui um resultado das mudanças (por exemplo, do tempo com o processo do tuturo tem importância se se
a morte para um órgão), mas é também uma conseqüencia parte do ponto de vista de que isso permite tirar o problema
da variabilidade a manutenç o da existncia, a continuidade da determinação do tempo do círculo das designações pura-
da duração, A renovação constante é o que torna possivel mente lógicas.
a ulterior existência do mundo, o que assegura sua duração.
Ao falar da duraç o da existência e da sucessão no pro- Convém aqui insistir uma vez mais na inconsistência da
interpretação bergsoniana do tempo, interpretaço na qual a
cesso da existência como expressões da essência do tempo. duração temporal é concebida como algo privado de todo
laz-se necessário notar que a duração da existência de tal
caráter externo". Bergson define a duração como um "fluxo
ou qual coisa ou fenômeno se compõe de uma mudança de
que não implica coisa que flui, e passagem que não pressu.
estados, de acontecimentos que se vão sucedendo uns aos põe estados através dos qua's se passe." A concepção
outros no processo da existência.
bergsoniana da duraç o como não acumulada de mudanças
Assim, pois, da análise que fizemos, pode tirar-se a con- reais e, em consonância com isso, a concepção do curso do
clusão de que a duração e a sucessão, como dois atributos
temporais do processo de desenvolvimento da matéria, não tempo como mudança sem nada que mude. constitui uma
se encontram numa mesma relaç o em face da essência espe-
reprodução da idéia newtoniana sôbre a "duração pura"
trasladada do mundo objetivo (onde a situou Newton) às
cifica do tempo: o futuro, o porvir. A sucessão temporal
profundezas da consciência.
aparece como expressão próxima e
imediata do futuro: a
duração, por sua vez, expressa o futuro de maneira mais que afitma Bergson constitui tipico recurso da filo
sofia antimaterialista. Todo movimento material, todo mo
imediata. vimento dos corpos materiais se reduz à corrente do tempo.
sob aspecto diferente,
a
O que ficou exposto permite ver,
inconsistência e o caráter metafisico da concepção bergso
afirmativa que por si já é errônea, pois o tempo apenas
exprime um dos aspectos dëste processo, constituindo tão-
niana do tempo como duração, como "durar Não se trata somente uma das
formas da existëncia da matéria. Logo,
.
106 107
um
aspecto da contradição que na realidade existe,
conteria à continuidade certo matiz Bergson idéia de "quantilicar o tempo em vårios momentos. Esta
mistico e a aplicava ao idéia confirma a concepção materialista e dialética sôbre a
tempo isto, é lógico, partindo de sua
perspectiva idealista. natureza do tempo, söbre sua ligação com a natéria, e refuta
Não é menos lógico, do ponto de vista materialista, consi- as concepções idealistas e metatisicas sõbre o "tempo puro".
derar as propriedades da matéria em relação com as
pricdades da própria realidade material.
pro-
No exemplo de Bergson, vimos quão estranha se mostra essa
idéia idealista do tempo. Já antes, Kant ha-
da interpretaçãonem
via declarado: o tempo, nem o fenômeno no tem-
po se compõem de partes, que só poderiam ser as mais dimi-
Aidéia do atomismo aplicada nas
ticas aos processos do movimento,
representaçöes qun- nutas..." Contra o conceito de tempo quantilicado mani-
mostra de maneira irre festou-se
tutável a unidade entrc a descontinuidade e a o operacionalista Bridgman,
o qual declarou: "Não
não apenas na cstrutura da
continuídade, vejo como se pode falar da possibilidade de "quantificar o
matéria, mas, além disso, na
própria modilicação da mesma. Dai se segue que no é tempo".3 E dificil dar-se conta da legitimidade da hipótese
pos- relativa à quantificação do tempo se èste é concebido à
sivel considerar o curso do tempo únicamente como continuo. mar-
Porque o tempo é a expressão do futuro, e o luturo o é gem da matéria em movimento.
A concepção filosófica da
sempre de alguma coisa. é o futuro de determinadas
coisas firma
quantificação do tempo con-
idéia filosófica do futuro como conteúdo do curso
materiais finitas. O próprio futuro, como disso se a
discreto. O conceito de acontecimento como de um conclui, é do tempo. A inter-reação elementar não é
determi- outra coisa senão
nado ato de uma ação, constitui uma um ato de futuro, um
espécie de átomo (quan- ato em que surge um nõvo
eStado,
tum) do processo de porvir. Em relação com um ato de realização.
do tempo
isso, o curso
aparece como unidade contínua de atos de
porvir,
Reichenbach, argumentando contra a conexo do tempo
Os
quais, como j ficou dito, tëm de possuir um caráter com o futuro, dizia: "Se
dis- existe o futuro, o fisico deve
creto, atõmico, como se se tratasse de ticipar do par-
átomos. seu conhecimento."* E vemos
O fato de que o tempo e o espaço se acham condicio- posição de Reichenbach, a fisica moderna que, despeito da a
109
ta
hipótese,
Zenón procurava
demont rar a impossibilidade Einstein e propôs não designar-se os acontecimentos me
do movimento, argumentando quc lecha espacial e sua caracter.stica tempo-
disparada, cm diante sua caracteristica
cada determinado momento do levando em conta unidade de uma
tempo encontra-se apenas no ral eparadamente, mas a
lugar em que se encontra, Quer dizer cm cada Semelhante proposição alcançou grande difusão
mormento e de outra.
do tempo a flecha está em
repouo e, por ilaçåo, globalmente na fisica moderna, Em seguida a Minkovski, começou-sea
està ela imóvel, Como é notório, o
fl6sofo, neste caso, con. caracterizar os acontecimentos por meio de quatro coorde.
s dera o
tempo ùnicamente como uma soma de momentos O tempo apresenta-se na qualidade de
descontinuos. Ora, o curso do tenpo não somcnte é
nadas coincidentes.
descon co0ordenada, indisoluvelmente ligada às très espaciais.
tinuo, como também é continuo. "O movimento é uma uni- quarta
Deste modo, introduz-se o conceito de espaço-tempo. Teria
dade de continuidade (do tempo e do cspaço) e de
unuidade (do tempo e do cspaço). O movimento é uma
descon podido ter algum sentido verdadeiro éste conceito antes da
con teoria da relatividade? Não, pois na fisica antiga, nenhuma
tradição, é uma unidade de contrários." Ter-se em conta das transformações de coordenadas que se efetuavam con
a unidade dialética entre a descontinuidade e a continuidade cerniam ao tempo; desta sorte, o tempo licava à margem. Já
essencial para a interpretação filosólica da idéia de descri-
çio das caracteristicas temporais e cspaciais da matér.a, depois da teoria da relatividade, ao passar de um sistema
decoordenadas (sistema de cômputos) a outro, não só mudam
as caracteristicas espaciais, mas, além disso, a temporal.
Pondo abaixo a separação entre tempo e espaço e
2 O TeMPo E o Espnco, Duas FoRMAS semelhante separação era patente nas representaçõs pré-re
INTLRCONDICIONADAS Do SEn DA MATÉRIA lativistas da isica - , "o mundo tetradimensional de Min
kovski" permite descrever os acontecimentos de tal modo
que é possivel descobrir, de maneira mais profunda e com-
Em relaçao que acabamos de expor, achamos
como pleta que antes, a estrutura espaço-temporal do mundo, Ao
possivel caracterizar
natureza especifica do tempo em com.
a mesmo tempo, ficou clara uma determinada circunstância. Se
paração con o cspaço,
partindo da interconexão dialética os intervalos espaciais e temporais entre os acontecimentos
que entre eles existe. Segundo a
definição materialista dia- tomados em particular resultam relativos e não se conservam
lética, o tempo e o cspaço são formas universais do ser da ao passar de um sistema de cômputo a outro, a magnitude
matéria, Esta definição, formulada no século um inter
da passado, parte que exprime a estrutura espaço-temporal única
premissa de que o temp0, em relação ao espaço, constitui valo da diversidade tetradimensional
uma forma do ser da matéria.
Pergunta-se: em lace das idéias
fisicas atuais sóbre o espaço co ds = V dx + dy + d# - (cdt)
da teoria da relatividade sôbre a
tempo e à luz dos principios dá uma descrição dos acontecimentos, descrigção que não va-
impossibildaide de separar
espaçoe o tempo, tal concepção é ainda válida? ria nos diversos sistemas de cômputo. Neste sentido, a carac
O teristica espaço-temporal dos acontecimentos, na diversidade
tempo e o espaço se encontram, lormando entre si
uma unidade
orgnica, Isso constitui uma das idéias capi- tetralimensional da teoria da relatividade, aparece como
tals da fisica moderna. H. absoluta.
Minkovski, partindo da premissa O contínuo espaço temporal de quatro dimensões cons
de que não pode haver
acontecimento no espaço sem que titui uma aplicação bastante fecunda da idéia de que o espa-
transcorra no
tempo e
vice-versa, desenvolveu as idéias de ço e o tempo se acham indissolüvelmente relacionados,
in-
troduzindo a referida idéia nas próprias entranhas da teoria
34 1
ulchenbach, A dtreçlo do lempo pág. 32. fsica,
110 111
A coneao cntre o
tempo eo cspaco é de extraordinårio co-temporais, utilizou a idéia relativista da unidade de tempo
valor para
do de tornar
compreender-sc o
tempo, principalmente no senti- c espaço ao elaborar o conceito de cronótopo, Este conceito
patente o caråter objetivo dêstc último. Não
é
Or acaso, portanto, que a filosofia constitui uma aplicação de ulterior desenvolvimento do prin-
nismo haja dedicado bergsoniana do intuicio-
tanto estórço a combater a
cipio da dominante ~ ou seja, do principio da atividade dos
zação do tempo, "cspaciali- centros nervosos, principio que partia da unidade
argumentando contra o neNO entre o tempo
o cspaço. O intuicionisnmo, separando estruturas espaciais do cérebro
entre as
por
e os processos de excitação
propde-se a demonstrar quc o completo
do espaço, o tempo
e inibição que, nas referidas estruturas, têm lugar de maneira
mente do tempo, diferente- ritmica, isto é, num determinado regime
tosco espaço material, possui natureza mporal. O prin-
peculiar. imaterial. Ao falar da "intima cipio da dominante manifesta-se no reconhecimento do foco
Bergson tenta separar êste último não "espacialização do
tempo, capital da elevada excitabilidade, foco que influi sôbre a ati-
tanto do espaço
to do
movimento da matéria, movimento quan- vidade da outros centros nervosos
tempo e espaço. que é o que une
A. A. Ujtomski salientou a grande significação, para o
O abade Moreux, critico desenvolvimento da fisiologia, das representações referentes
católico da teoria da relativi-
dade. manifesta-se contra o
no continuo nexo do tempo com o espaço
tetradimensional, sobretudo
unidadeemdeparticular
àtividade, tempo e espaço expostas pela teoria da rela-
no conceito de tempo-espaço de Min-
porque, no seu en-
tender, o espaço sòmente é aplicável às coisas kovski. Ao explicar o conceito de cronótopo
materiais, en- complexo
quanto que o tempo só o é ao mundo
tempo de Minkovski
espiritual.3" O espaço espaço-temporal que se forma como resultante da união de
-
escreve Moreux é uma construção percepções espaciais e temporais sôbre a base do principio
puramente artificial. Ainda posso admitir que dela cabe infe-
rir relações numéricas de certo
interêsse, tal como o tão pro-
da dominante- Ujtomski baseia-se na teoria da relativida-
de, em Einstein e Minkovski, 37 A teoria fisiológica de Uj-
clamado 'intervalo', mas nego em absoluto
que êsse procedi- tomski sõbre o cronótopo parte da idéia de que a orientação
mento nos possa ser mais ou menos útil para penetrar mais
dos organismos vivos no tempo e no espaço constitui resul-
profundamente na natureza das coisas".s tado do reflexo complexo que, originado das relações espa-
De qualquer maneira, como
já ticou assinalado acima, ço-temporais do meio ambiente, produz-se no sistema nervoso.
a unidade de
tempo e espaço, exposta claramente na teoria A fisiologia atual continua elaborando com êxito a idéia de
da relatividade e expressa, em
particular, no conceito de es- cronótopo,38
paço-temnpo, tem relação direta com a profunda penetração Do que ficou dito a respeito do conceito de espaço-
na natureza das coisas e com a
elucidação da essência do tempo único, não se deve concluir, no entanto, seja válida
tempo. a afirmação de
que "o mundo tetradimensional de Minkovs-
A teoria da relatividade, ao estabelecer a unidade
de ki" põe fim às
representações de tempo e espaço como duas
tempo e espaço, exerceu com isto determinada influência sô- formas específicas da existência da matéria, as
bre outros setores da ciência e contribuiu quais seriam
para o desenvolvi- substituídas, adiante, por uma só forma de espaç0-tempo.
mento da idéia de unidade
espaço-tempo no campo da fisio- Não existe qualquer base que possa sustentar semelhante
logia. A. A. Ujtomski, que dedicou acurada atenção à inves-
conclusão, proclamada pela primeira vez pelo próprio Mlin-
tigação do problema de como os órgãos dos sentidos e o
cérebro dos animais e dos homens refletem as
relações espa- 37. Merkulov, O principio da dominante e as representações
de A. A. Ujtomski sôbre o cronótopo
35 Moreux, Pour comprendre Einstein, pág. 205. 38. P.
O. Makaravo, o cronótopo, relaçóes espaço-temporcis
36. Tbidem, págs. 238-239. na neurodin mica do homem.
112 113
kovski na sua famosa comunicação Espaço e Tempo (1908), outros, situam esta dimen são no éter; naquilo que foi des-
eque desde então já foi repetida mais de uma vez. coberto experimentalmente, etc.
verda-
E preciso assinalar quc misticos e tcólogos de tód clas udo isso, é claro nada tem em comum com
a
deve-se conceito
do ponto de vista das tres dimensões, através da "quarta De maneira geral. ter em conta que o
dimensão do cspaço". Há teólogos que situam nesta quarta de espaço multidimensional constitui um conceito estritamen-
te matemático, algébrico em sua essência, não podendo
ser
dimensão o mundo de alénm-túmulo. Assim, o diretor de se-
ção de tcologia de um colégio inglês declarou que se a tetra
identikicado com o espaço fisico.
dimensão do mundo é legitima, "a diferença entre esta vida Em sua gênese, e desde logo, o conceito referido se
mortal c a outra vida" não uma dikerença no que diz res- acha relacionado com o espaço fisico de três dimensões:
caráter da vida. Trata-se apenas de uma mais exatamente: com a representação, mediante as coorde
peito ao próprio
só diterença na nossa representação, em nossa capacidade nadas, da situação de um corpo no espaço físico habitual, de
para ver a vida na Quando estamos limitados
sua totalidade. três dimensões. Não é raro, no entanto, encontrar objetos que
podem ser determinados n o com três números, mas com
por nossa compreensão tridimensional, possuimos a vida
mortal. Quando a percebemos em quatro dimensões, pos- uma quantidade de
para determinar
números bastante maior. Por exemplo,
esfera no espaço de três dimensões, são
Suimos a vida eterna".30
Infelizmente ainda existem naturalistas que se encon- necessårios quatro números: as três coordenadas no centro
tram sob a influência de interpretações
anticientílicas de tall de esfera e mais o seu raio. Assim, pois, um conjunto de
trabalho Sôbre esferas no espaço tridimensional acha-se relacionado com um
gênero. O cientista japonês T. Araki, no seu
sistema ordenado de quatro números. E assim sucesivamen-
Universo expansão
0
afirmou
a criação da matéria e o em
te. O conjunto de sistemas ordenados de n números, conjun-
da substância é um "processo de fluência",
que a criação
em virtude do qual a substância
flui de um espaço de medi- to no qual se introduzem operações de adição e multiplicaço
da mais elevada, de maior volume, ao espaço habitual de através do número, é o que se denomina em matemática es
paço vetorial de n dimensões, o qual constitui, portanto,
três dimensões. Muitas vêzes a noção de espaço-tempo tetra-
dimensional é interpretada no sentido de quelé o espaço fisico uma formação algébrica. Dessa forma, quando, mediante um
conhecidas as tentativas determinado sistema de coordenadas, estabelece-se num pla-
o que possui quatro dimensões. São
no uma correspondência recìprocamente univoca entre o
de alguns para explicar a gravitaçã0, considerando que a
conjunto de todos os pontos do plano e o conjunto de todos
fôrça de atração atua através da quarta dimensão do espaço;
os pares ordenados dos números correspondentes, o plano se
114 115
plexos. De modo parecido é que se constróem, geralmente, e em face à coordenada na fórmula do intervalo es-
temporal
Os cspaços de n dimensdes (até um número infinito de di- paço-temporal prova que existem diferenças entre o tempo e
mensocs), O conceito matemático de espaços vetoriais mos- o espaço. Ainda que uma das características espaciais e a do
instrumento de investigação cientilica, mas, contenham fórmula geral, fato é que a ci-
tra-se poderoso tempo se numa o
116 117
são abstrações do Espaço-Tempo".
Tempo
tir. Assim acontece em algumas tentativas de criar teorias do o Espaço e o
Surge. então, a possibilidade de ignorar o fato de que, fa- muito menos, a mesma
uma parte desta unidade, não sendo,
lando do tempo e do espaço, com palavras de Engels, "estas suaépoca,
Engels já haviam denunciado,
em
46 coisa. Marx e
duas formas da existência da matéria, não so nada.. consiste em formar,
o procedimento, tipico do idealismo, que
Além disso, abre-se um vasto campo propicio a talsear a
maçs,
Dessa forma, o filósofo partindo dos objetos individuais, por exemplo peras, a
conexão entre o tempo e o espaço.
etc., o conceito de frutos em geral, dai partindo para ge
idealista inglës, de orientação religiosa, Stocks, apresentaa de e as maçs são formas individuais
neralização que as peras
referida conexão da seguinte maneira: Sublinha que o tempo semelhante passa
da existência do conceito "frutos". Algo se
118 119
o e tempo
ima dar dilerenças essenciais entre esjpaço o
120
121
curso do tempo, c
este,
sem as dilerencas
cionado com o
e tuturo, converte-se numa Ao talar que o tempo e o espaço constituem formas es-
qualitativas de passado, presente também indicar fatos
peciais da existência da matéria, cabe
ficyio. caráter cognoscitivo da questäo. De um
que deixam claro o
que é alentada näo sòmente pela religião, mas, tambén, pela das categorias. Partindo do que ficou exposto na primeira
filosofia idealista. Esta é, particularmente, a interpretação que
até aqui
parte do presente capitulo e levando
em conta o
Heidegger då do futuro. Para Heidegger, existencialista, o enunciado, acreditamos ser possível aprofundar a descrição
tuturo, categoria temporal, tem um signilica decisivo, inter-
tatalista. No futuro escreve. com
das diferenças entre o tempo e o espaço, descrição impor
pretando-o num sentido
tante para esclarecer o sentido específico do tempo.
propriedade, H. Mende, crítico alemão do existencialismo. Como já ficou dito anteriormente, a caracteristica es
referindo-se a Heidegger - e l e não vë o tempo tuturo que
há de chegar, mas sim como algo já preparado que sencial do tempo reside no fato de estabelecerdeumtransforma-
elo entre
aproxi
ma à existência" 35, Também é de nenhum interêsse o fato
se
a forma tempo de ser da matéria e o processo
de que o próprio conceito de "linhas de universo" e a idéia são. Ainda que a passagem da não existência à existëncia
de espaço-tempo tetradimensional (em sua concepção pura- (e o contrário) encontre sua consolidação
ferida passagem, como tal, que disigna o curso do tempo.
espacial, é a re-
55. H. Mende, Ensaios söbre a jilosofia do ezistencialismo. das representações acêrca do espaço e do
desenvolvimento
Moscou, 1958. tempo.
56. M. A. Malikova, B. I. Spasski, Contribuição à história do
57. Lênin, Obras completas, t. XXIXX, pág. 231.
122 123
movimento, mudança de
Quando falamos do tempo não nos podemos limitar a exprime igualmente
uma reterência sôbre a conexão do tempo com as transfor- O espaço
de todo movimento, de tôda
matéria, Mas o aspecto espacial abstra-
maçoes, sem antes dar a cstas unma ulterior detinição que as temporal (no plano
variação, isolado do seu aspecto A parte
precisc. "O movimento é a essência do tempo e do espaço" 8, naquilo que se apresenta.
to), significa uma mudança abstrato, isolada da parte
Todo movimento possui aspecto espacial e aspecto temporal tomada no seu aspecto
temporal. desaparição de outra.
Em relação com o problema que estamos examinando, de uma coisa e
espacial, é a aparição de algo nóvo. O
consideramos necessário fazer uma observação critica ao li- uma mudança com aparição
quer dizer, é com o vir
vro de V. I. Sviderski Espaço c tcmpo no qual o autor, relacionado com a mudança
substancial,
tempo está
- -
de surgimento e de
ao definir o Precisamente porque êste processo
espaço e o tempo, afirma que êste se acha vin- a ser.
culado à mudança, enquanto que o espaço, diterentemente num vazio, mas no s e r pre-
saparecimento não tem lugar
do tempo, acha-se vinculado à coexistência. Escreve Sviders- tempo se acha indissolü-
sente, na realidade presente, é que o
tempo e o espaço. Esta inexatidão aparece ao se comparar referido método, a idade relativa de u m a rocha pode ser
124 125
tempo acontece
indissolúvel uni-
dade do tempo. Merleau-Ponty supõe que
o
O espaço e o tempo, tomados cm sua
existencia do mundo ma- influência do indivi-
dade, caracterizan a plenitude de periódicamente nas coisas apenas por
não retido pela reali-
terial sob aspectos quc se complementam reciprocamente. duo, e Kojève considera "o tempo
nela como um momento*
dade , que apenas se prolonga
mas
ünicamente os homens.
3. A Ess£NCIA Do TEM PO E O ponto de vista segundo o qual
cultura, são sistemas não sömente
A DivErsiDADE DO MuNDo por terem relaço
com a
além disso, organizados n 0
organizados espacialmente, mas,
é também inerente à filosofia
tempo (the Time-Binders).
Para investigar a essência do tempo, torna-se necessário semanticistana exposiçãodo fundador da semântica geral,
discutir o problema referente à sua universalidade. Partindo, A. Korzybski. Segundo êle, a natureza compõe-se
apenas
Space-Binders). A
ademais, da explicação do nexo do tempo com o processo de sistemas organizados no espaço (the
do vir a ser, existe a possibilidade de examinar o caráter das numa hierarquia peculiar
situação dos animais e pessoas
vista de Korzybski, a di-
universal do tempo tendo em conta o lugar que êste ocupa no de conexões constitui, do ponto de
processo do desenvolvimento. ferença de principio entre êsses doistipos de sêres vivos ".
necessàriamen-
tempo implica,
Negar a universalidade do desenvolvimento.
O problema da universalidade do temposurge, natural
diversidade do mundo material. E universalidade do Os filósofos
mente, em relação com a o
te, negar a do precisamente
caráter universal tempo
tempo uma forma de ser de todo o mundo e de cada uma idealistas negam o
coisa, enquanto que o contemplar constitui, precisamente. a referimos a certa variação no mundo dos fenõmenos, mas
condição em que o tempo entra na representação dos obje- ambém a uma mudança relacionada com transições recipro-
cas entre a existência e a não existência, entre o s e r e o não
tos" G1. Assim como Bergson relacionava a duração e, cor
ser, a uma mudança substancial. Quando nos referimos, e já
respondentemente, o tempo apenas com a Hei-
natureza viva, fizemos acima, ao caráter não substancial do tempo. repor
degger e outros existencialistas limitam a esfera do tempo o
apenas às manifestações da personalidade humana. ". .. O tamo-nos apenas ao fato de que o tempo não constitui umna
subst ncia particular, mas não se deve entender tal afir-
tempo se forma apenas como ser-aqui humano, histórico", afir-
ma Heidegger. , Os filósofos franceses A. Kojève e Mer- mativa, no sentido de que ela pretenda dizer que o tempo não
Teau-Ponty, que, interpretando a dialética hegeliana segundo pertence à esfera substancial.
o espirito de Heide9ger, vêem as coisas como projeção tran- Era isso precisamente o que em seu tempo afirmava
sitória do mundo interno do individuo, negam a universali- Kant, o qual supunha que o tempo só tem relação com as
61. Kant,Obras, em seis tomos, t. III, pág. 139. 63. A. I. Vladmirova, Contra a 1jalsificação idealista da dialé-
62 Heidegger, An Introducton to Metaphysics, University tica, "Problemas de filosojia", 1957.
64. G. M. Evica, Time's Arrow on the World's Order, 1963.
Press, 199.
126 127
aparencias (os fenmenos), e não com o mundo das essên- claramente
transformação dos cristais. Tudo isto mostra o
cias (nóumenos). "... Nele, por seu nóumeno, não sucede carter temporal do mundo material
nada, sem se verificar qualquer mudança que exija determi- Descobriu-se o caráter temporal da própria base fisica
nações temporais dinâmicas.. ." 5, escreveu Kant. Da mesma da matéria: o átomo. A radioatividade, que destruiu d repre-
forma, negam os tomistas, em particular o neo-escolástico sentação da absoluta estabilidade dos átomos e introduziu a
Nys, o qual liga o tempo sòmente ao mundo dos fenõmenos, coordenada temporal no número de caracteristicas e ssenciais
a relação do tempo com a esfera substancial. ®", Também os do átomo, mostrou ser um processo que inclusive pôde rer
atuais positivistas vêem o tempo do ponto de vista fenomeno- utilizado, como vimos acima, na qualidade de padrão do
lógico. tempo. A física moderna rechaçou o repouso absoluto. delen-
A dialética materialista, expressão dos resultados do co- dido pelas concepções newtonian as do espaço e do tempo ab
nhecimento cientifico, demonstra que o movimento, a variação, solutos.
o desenvolvimento, não constituem um estado
peculiar de de Constitui um dificil problema o computar as propriedad:s
terminadas coisas e determinados fenômenos em tödas as eta- espaço-temporais no microprocessos, dado que na mecânica
pas de sua existência - com a particularidade de que a
quantica as propriedades temporais são examinadas na quali-
mudança inclui as transições de tôdas as coisas entre o ser dade de uma das propriedades complementares (quer dizer.
eo não ser, inclui o processo do devir. Ainda que a estera da energia. O fato de que a
que se excluem reciprocamente)
dos fenômenos possua um caráter relativamente menos es fisica, ao aplicar os conceitos de tempo e espaço para des-
tável que a esfera das essências, também esta última, a esfera crever os microobjetos, choque-se com algumas dificuldades.
se acha sujeita à modificação, que aparece na
substancial,
zona dos fenômenos.
faz com que certos cientistas levantem
o problema de se o
exclusivamente de ca
tempo e o espaço não so fenõmenos
Que a forma temporal da existência da matéria possui ráter macroscópico, inaplicáveis ao micromundo. Não será
caráter universal, prova-se já pelo fato de que o tempo en- necessário descrever
contra-se indissolùvelmente ligado ao movimento, ao desen-
microparticulas e suas einter-relações
as
65. Kant. Obras, em seis tomos, t. III, pág. 23. 67. S. Bazanski e J. Plebanski, Czas preestrzen i garitcja a
66. Nys, La notion du temps, pág. 23. fyzyka mikroskopora.
128 129
espaço não são aplicáveis no micromundo e 1gualmente exa-
determi-
minada num artigo do fisico americano E. Limmerman, que truição de uma particula é um processo que ocupa
considera que o espaço e o tempo, pela Sua natureza, são nada duração, e não um ato instantâneo.
irseridos
O fato de que os microprocessos podem
conceitos puramente macroscópicOs, analogos a conceitos ser
como os de temperatura, pressão e Outros, e não devem ser nos macroprocessos já resolve suficientemente o pronelma
de que os primeiros se encontram no tempo e no espaço
utilizados para descrever os microobjetos. Esta idéia am-
bém pode ser encontrada em alguns
outros trabalhos. pelo que não podemos ignorar possibilidade de tal inser-
a
Não é possivel aceitar semelhante expulsão" do tempo ção. Sôbre a inconsistência de conseguir-se separar de ma-
e do espaço da esfera dos microBenõmenos. De início, pode neira absoluta os micro e macroprocessos, contra isso mani-
haver descrições de alguns aspectOs das micropartículas semn festou-se com muito acêrto um dos "pais da mecânica quan-
repleta de sérias conseqüëncias no sentido de que torna im- Neste particular, não podemos concordar com uma das
possivel o principio da causalidade que se acha orgânica- teses do artigo de I. A. Urmántserv e I. P. Trusov Sibre
mente ligado à sucessão no tempo. Em troca, a extensão do as propriedades do tempo. Os autores chamam a aterção para
o fato de que, quaisquer que sejam as transformações que
principio de casualidade à zona dos enómenos intra-atômicos
constitui uma tese rigorosamente demonstrada, com a qual sofra um objeto material concreto, ëste é sempre temporal.
se mostraram de acôrdo, inclusive ha poucos anos, alguns possui tal ou qual tempo individual. Tal fato é básico. pela
fisicos que antes a negavam (como, por exemplo, o falecido sua significação. podendo dar aos filósofos moti vo para alir
N. Bohr, em seus últimos trabalhos) marem que o tempo é a forma universal da existência da
A matéria, incluindo tõdas as suas propriedades, entre matéria. Mas para o naturalista, nunca foi objeto de inves-
elasa do reflexo, existe no tempo. Sem negar
o caráter idea> tigação especial, embora perfeitamente possível que por detrás
dos processos psiquicos, a ciencia moderna os relaciona com da universalidade do tempo se oculte sua indestrutibilidade
um substrato material e os examina na qualidade de uma fa e sua incriabilidade. Bastante dificil é subestimar o valor
cêta de processos materiais que possuem localização tanto dos resultados positivos ou negativos neste terreno. por falta
temporal, quanto espacial. de novos trabalhos de exploração. 7*
O reflexo condicionado, elemento básico do fundamento Em primeiro lugar, não é exato falar das coisas, Guais-
fisiológico da atividade psíquica, acha-se ligado às relações quer que sejam as transformações que experimentem. como
espaço-temporais. A ciëncia natural moderna deminstra o possuindo sempre tempo. Por acaso o tempo se acha fora
caráter absoluto do tempo e espaço, não porém no
do sen- dessas transformações das coisas, fora de suas mudanças?
tido metafísico, newtoniano, da palavra, mas no senlido da A temporalidade é determinada, precisamente, f2las
transtor
universalidade de tempo e espaço como formas fundamentais mações. pelas mudanças dos próprios objetos, enqu2rto que
do ser da matéria. as palavras citadas- temporalidade e mudança - contia-
põem-se uma a outra. Vamos além: que signikica "é perlei-
tamente possível" a indestrutibilidade e a incriabilidade do
A tese relativa à universalidade do movimento da ma- tempo? Não se trata de que sejam perfeitamente possiveis,
téria, implica, como já dissemos, como conseqüência inevi- mesmo torçosamente, no mesmo grau em que é indestrutivel
tável, a tese da universalidade do tempo. Esta última, no e incriavelo movimento da matéria? E como se rode erten-
71. W. Heisenberg, "Problemas filosóficos da fisica atómica 72. I. A. Urmánstserv, I. P. Trousov, Sôbr as propriedades do
Moscou, 1953. tempo.
132 133
admitam em princi.
isso, quc os autores
sucessão da existência
der. com rclação a
terreno7"" mente falso. Tanto a duração como a
a possibilidadc
de "resultados negativos neste são propriedades do
mundo objetivo cuja temporalidade ex-
o com não poucos problemas sóbre constituem propriedades que
A ciência se debate de acrescen pressam e,
correspondentemente,
e não hå neccssidadec tempo. Como já
conceito de
vimos
lei da lógica acêrca de relação inversa entre a extensão e o A questo não está em negar a universalidade do tempo
dos conceitos. O mesmo se atirma, embora de outra diversas es-
conteúdo seu caráter especitico na_
mas em deixar claro
forma. quando se diz que o desenvolvimento descobre o valor feras da realidade; isto é, deve-se destacar as particularidades
limitado, não universal e relativo de alguns caracteres do das propriedades temporais de tais ou quais
e fenômenos
na etapa anterior do
conceito considerados como universais do
tempo não é outra coi-
desenvolvimento da ciência. No entanto, é aconselhável cui- pois a expressão propriedades
uma breve tórmula qual se faz
com a referência às
dado quando se definem tais ou quais caracteres dêsse gê sa que
sem os quais o pró-
propriedades temporais dos objetos). O fato de que o tempo
nero, para que não se trunquem alguns não sòmente n o invalida o pro-
possua caráter universal
deixa de ter sentido.
prio conceito examinado blema referente à especificidade da manifestação do tempo,
Existe um ponto de vista segundo o qual, sem negar a mas, pelo contrário, permite validar tal questão. Se
a natu-
universalidade do tempo, nega-se o caráter universal de al- reza filosöticamente absoluta do tempo revela-se na sua uni
gumas de suas propriedades,
como a duraço e a sucessão. versalidade. a relatividade filosófica do tempo apresenta-se
As propriedades indicadas só se relacionam com o aspecto no que sua manifestação nas diversas esferas tem de especi-
em que o tempo é percebido pelo homem como reflexo da fica e também nos diferentes niveis da existência do
zona imediata que o rodeia, e não é válido considerá-las como mundo.
inerentes a todo o mundo. "3 Tal critério nos parece bàsica-
134 135
tërmos gerais, possui cará.
das coisas. falando
em
(em particulaf. o tempo
O seja, até a estabilidade prática
ser
umas
coisas
se acham insertas ou
abstrato no sentido de que dos 10 anos, e o eletron v i v e m a i s
ter
Umas estão sujeitaas de vida do próton passa
circulo de condiçõcs, c outras
nao. as particulas elementares exciu-
num
de 107 anos). Tampouco
mais estáveis, etc.
outras
modificações c n alto grau. c a r á t e r especilico
sao
excluidas dos processos
A
gerais de mudança.
a
das pronrie sivas se vëem Fers-
Além disso. a s propriedades
de
dizia em seu tempo A. F.
que fazem é.
como
fôrças nucleares (10-13 cm.) c o m u m a velocidade máxima sa naexistência de unidades especi ficas de medição, desde o
possível. ou seja, a velocidade da luz. A duração dos pro- micro-segundo até o "darwin", unidade temporal para medir
cessos provocados por interações tracaS (transtormações es- a evoluçao.
dificil tentar descobrir alguma conexão à lei
pontâneas das diferentes particulas elementares) é maior em E
entre o grau de complexidade de um organismo e a
sujeita
muitas outras ordens. duração
tempo de existência dos
O objetos no nivel do micro- de sua existência, mas n o mundo dos animais. mais complexo
mundo se conta em ínfimas frações de segundo (por exem e de origem mais tardia que o mundo vegetal. a duração da
plo. o tempo de vida das particulas-resson ncia aproxima- existência é menor do que neste último. Também é necessário
assinalar que. a respeito da estrutura temporal. existe. pelo
se do tempo da interação forte: a duração média da existên-
cia do méson-pi neutro é igual a 10-10 seg.), até o "infinito" 74. A. E. Fersman, O átomo e o tempo.
136 137
ad-
objetividade
do tempo.
negarem
a da
VIsto, uma dcterminada dilerença a qual se bascia em que o ao o tempo
Os positivistas,
classes de tempo:
vimos, duas
m o s t r a m o s
Engels chamava a atenção para o lato de que, no pro psicológica e tempo da subjetivismo.
do seu
cesso da evolução biológica, os ritmos do desenvolvimento dos
percepçao
tal posição
em vista classes de tem-
era
das duas
organismos se aceleram. "No tocante a tõda história do de- quão nelasta reconhecimento
positivista influi nega-
Mas, do outra
conseqüencia que
senvolvimento dos organismos escreveu - temos que acei. ainda tempo
depreende-se Trata-se do pluralismo
po, naturalistas. do
tar a lei da aceleração como proporcional ao quadrado do söbre os em geral.
tivamente
do tempo e,
única
tempo a partir do ponto inicial. .. Quanto mais elevado seja eliminação da esséncia signiticativo
da esséncia. E
s u m a m e n t e
evi-
cle, tanto mais ràpidamente tem lugar o processo , O pro- desta Reichenbach.
próprio problema positivistas, e m particular
gresso se acha relacionado com a aceleração do desenvolvi. tato de que
os
relativa à
esséncia do tempo.
o
mento, e. desta sorte, com a diminuição do tempo que duram da questão se
tem o e x a m e especial
r e s o l v e n d o éste
problema é que
sòmente de
os ciclos de evolução. No desenvolvimento individual dos E a verdade é que de causa, a
resoluç o
ou-
organismos a evolução se rege por outra lei. Como demons- abordar, com fundamento
pode relacionados com o tempo.
sub-
trou o médico francés P. Le Comte de Noüy 7 em suas tros problemas o
num sentido
tempo
interpretando
observações sôbre a cicatrização das teridas, e como demons- Enquanto Kant, como uma "coisa (o que e r a um
tram outras investigações sóbre a fisiologia da idade, dimi. via-o c o m o algo, o tem po
jetivista, cai no o u t r o
extremo: tragmenta
nui com a idade a velocidade em que ocorrem os procesos fi. êrro), o positivismo tisicoe o tempo psicológico c o m o coisas
siológicos - e o seu tempo aumenta. contrapõe o tempo Como está escrito
num dos artigos
totalmente diferentes.
O estudo das particularidades dos diferentes objetos no órg o dos positivistas
america-
constitui um importante aspecto do conhecimento da natu- sôbre o tempo publicados descobre em seu presente
nos, o tempo que o psicólogo tisico
reza. No curso da investigação concreta, e em indefectível coisa que o "tempo que
o
imediato não é a
mesma
conexão com o estudo das leis do desenvolvimento de tais ou Além disso, o reco-
átomos vibratórios
mede com seus destas
quais coisas e fenômenos, vão-se descobrindo as particula- classes de tempo e apenas
nhecimento destas duas
ridades especificas da forma temporal de sua existência. maneira ao tato de se atirmar que
duas liga da mesma do campo
tôda manifestação do tempo fora
tempo fisico é
em tõdas as outras múltiplas
Concluindo, torna-se necessário repetir que o caráter es- psicológico, ou seja, o tempo
atividade.
de Com isso, é claro, fecha-se o caminho
zonas
pecifico que possui a manifestação da forma temporal da manifestaão do temn-
à investigaão do que tem de especitico a
existência da matéria nos diversos níveis da referida exis- da realidade.
nas diversas zonas
tência, de maneira alguma implica um "fracionamento" da po
Nesse sentido, é caracteristica a declaração de A. Ed-
própria essência do tempo. As propriedades temporais das
dington, naturalista que defendeu o positivismo no campo
isas são distintas, mas o tempo, em tôdas as coisas, em
da filosofia. "... Encontramo-nos com duas perguntas, n o
todos os modos de ser, por mais especiticos que sejam, ex-
fundo diferentes. Primeira: qual é a verdadeira natureza do
pressa uma só coisa. (Reterimo-nos à unidade da essência
tempo? Segunda: qualé a verdadeira natureza da magnitu-
do tempo, e não, evidentemente, à unidade do próprio tempo
de que, sob o especto de tempo, desempenha essencialissimo
no sentido newtoniano).
papel na fisica clássica?... Consideramos... mais importan-
138 139
cscreve Eddington
te segunda das questòes indicadas."
a
o
Desta maneira, como se vë, ele separa tempo em sua ver.
isica. Além disso.
dadeira natureza c o tempo na CIenca
sentido subjetivista.
concebe o tempo num
A palavra "tempo, na isica atirma, empiricamente
do Observatório real"Quanto à "ver.
designa o tempo
dadeira natureza do tempo. ele a entrelaça com a represen.
em noSsa IV
tação subjetiva do tempo, arraigada consciência,
Dessa forma, vemos, de uma pare, o empirismo, e de outra
o psicologismo na maneira de conceber o tempo; e, cm seguida.
próprios positivistas.
A inconsistência metodológica da concepçao da "multi.
plicidade
tal
dos tempos
concepção permite
mostra-se
sequer
com clareza no lato de que
arranhar as especulações teo-
A Irreversibilidade do Tempo
lógicas e idealistas de todo genero, permitindo que elas sub-
sistam ao lado das teorias cientitico-naturais. Assim, depois
de expor os dados que caracterizamo tempo tisico",. o fi-
lósofo francês J. Pucelle escreve: A lisica na0 é metafisica.
Deixa liberdade para as especulações a respeito do tempo no
nivel humano. E possível considerar, inclusive, que a questão
metafisica e teológica das relações com a eternidade fica intei
ramente de pé, já que é um problema de outra ordem", 80
Vemos, assim, que o tracionamento do tempo em "múl.
junto: o processo da mudança, do devir, do que virá. No que que ocupa importante lugar na ciència contemporànea: Liga
diz respeito às tormas qualitativamente distin tas do movi-
do a uma série de questões surgidas com o desenvolvimento
mento da matéria, com ela, a matéria, está relacionado o que
a manifestação das propriedades temporais tem de especifico. da ciência natural. possui êle valor inestimável para a concep-
ção do mundo. No plano do nosso trabalho, torna-se indis-
pensável examinar alguns aspectos gerais da aludida proble
mática, Para isso, parece-nos essencial lançar mão da concep-
78. Eddington, A relatividade e os quanta. ção materialista dialética da natureza do tempo em relação
79. Tbidem,
80. J. Pucelle, Le temps, pág. 41. com a concepção dialética do desenvolvimento.
140 141
ele e s
1 CRITÉRIOS DA IRREVERSIBILIDADE DO TEMPo concordar com S.T. Meliujin quando
Não podemos acèrca de s u a
"unidimensionali-
referindo-se ao tempo,
creve,
irreversibilidade e sua
assimetria .
A irreversibilidade
do tempo é uma de, relacionada com sua
su-
racteriza o curso do propriedade que ca- de uma coisa no tempo aparece
como
questão se
seguinte maneira: existe informação sôbre dois apresenta
da neste caso a
caracterização
momentos do tempo
acontecimen- coordenada, e todos os
mediante uma
tos: A e B. E se de uma
A
possivel: a) estabelecer que o acontecimento podem representados de modo
ser
exaustivo por meio
não coincida)?
palavras, que sua
ex isténcia objetiva tiva e negativa).
b)
determinar qual
dëstes acontecimentos no entr2 a irrever
tempo precede o outro (ou melhor: qual déles existe antes, H. Margenau estabelece uma diferença
única. Chama unidireção
objetivamente?). A primeira pergunta constitui o problema sibilidade do tempo e sua direção
da especificação dos momentos do ao fato de que a particula
não se pode achar em dois lugares
tempo. A segunda sô- -
é claro. pode
bre a univocidade da ordem "antes"-"depois", sôbre a uni- diferentes num só e mesmo tempo (enquan to,
achar-se no mesmo lugar em diversos momentos do tempo).
vocidade da direção temporal constitui o problema da ir-
-
reversibilidade do tempo em seu estrito sentido; mas a pró- Noutras palavras, se x e t são, correspondentemente, as co
pria apresen tação deste problema relaciona-se, naturalmente. ordenadas espacial e temporal, a particula não pode satis-
com a solução que se dé ao primeiro. Assim como a direção
fazer as condições t:= t. t 4 ti, X1 <X < X: em
do tempo é uma caracteristica da ordem da existência dos condições x: = x
acontecimentos (dos estados). a irreversibilidade do tempo é
bora possa satisfazer, desde logo
de
as
142 143
egadas pela
representaçies
ceito de direção única do tempo com o da irreversíbilidade basta a si mesca,
tacria da reiatz
pecial, que se pela
temporal. E o caso. por exemplo. de A. Eddington, que a em particular
ciência atural moderna, c i e n t i i c a do
sucdo.
144 145