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Faculdade de Balsas (Unibalsas).

Curso de Direito. 3º período.


Direitos e Garantias Fundamentais.
Prof. Ms. César Augusto Danelli Jr.
EXERCÍCIO DE REVISÃO.

RESENHA CRÍTICA (em dupla – com consulta teórica e no material até então trabalhado
que consta no ambiente virtual – entrega no dia 15/06/2021). VALOR: A pontuação
máxima da presente atividade é de 1,0 (um ponto). Neste sentido, a produção textual
compõe parte da nota do primeiro bimestre da disciplina de Direitos e Garantias
Fundamentais e, ao mesmo tempo, constitui-se como uma tentativa de aprofundamento
teórico de parte do conteúdo até então trabalhado no transcorrer do respectivo bimestre.
Obs.: Desenvolver um texto na forma de resenha crítica contendo no mínimo uma e no
máximo duas laudas com fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5, e
margens conforme recomendação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O exercício textual deverá partir da obra Direito penal à marteladas: algo sobre Nietzsche
e o Direito, de Amilton Bueno de Carvalho, buscando elaborar um diálogo a partir das
seguintes provocações: (1) Qual a finalidade da prisão?; e (2) O que fazer com o homem
violento?, não perdendo de vista na elaboração do escrito, sobretudo, (1) a concatenação
(articulação) e a coerência das ideias de maneira clara e objetiva, (2) a reflexão teórica
responsável e (3) as questões de natureza ortográfica e gramatical.

ACADÊMICOS(AS):__Matheus_Pires_______________________________
________________________________

TURMA: 3° Semestre Vespertino

Desde os primeiros esboços da civilização o povo busca continuamente


métodos para preservar seus direitos sob aqueles que querem usurpar suas
liberdades. O código de Hamurabi produzido na Babilônia transforma-se no
exemplo da evolução natural dos códigos que foram moldando e baseando-se
aos seus anteriores. Sobretudo porém, no período contemporâneo o grande
questionamento que se coloca é se estes direitos estão sendo utilizados como
uma arma do Estado para outros fins que não sejam a preservação do povo.

O livro “Direito Penal a Marteladas” do professor e ex-desembargador


Amilton Bueno Carvalho traz uma escrita crítica acerca do que é, e o que se
transformou o direito penal, com uma visão nietzschiana sobre o tema ele
utiliza de fatos e argumentos, inclusive de pensamentos do próprio filósofo
alemão para quebrar certos dogmas considerados intocáveis pela cultura
jurídica, com esta percepção niilista sobre o que é o direito penal o professor
Amilton põe em dúvida todos os pensamentos anteriores acerca dos temas
debatidos no livro.

Através dos anos de estudo e influência de Friedrich Wilhelm Nietzsche, um


dos mais importantes filósofos, crítico cultural e poeta do século XIX que
teceu duras opiniões sobre religião, a moral, a cultura contemporânea,
filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo; o
autor desta obra busca em suas provocações estimular o senso questionador
de todos os jovens estudantes de direito e os entusiastas pela área.

Desde os primeiros capítulos, a partir do “Por que Direito Penal a


Marteladas?” o autor afirma esta obrigação como doutrinador de utilizar o
martelo de Nietzsche para destruir os dogmas e ídolos que estão tão
enraizados na cultura popular e cultura jurídica brasileira. Fazendo uma
comparação entre o período medieval em que o filósofo viveu, nos mostra o
quão atrasados – apesar do tempo – estamos em relação ao seu pensamento.

Seguindo a estrutura do livro, o professor Amilton tece uma grande crítica ao


sistema de ensino universal que é aplicado, como a educação superior
gradativamente vem se tornando mais popularizada. Entretanto , Nietzsche
questiona esta política, dizendo que a educação e o conhecimento devem ser
para poucos e que apenas poucos compreendem o que realmente significa esta
condição de “universitário”; continuando, de acordo com o filósofo o
conhecimento não pode ser ensinado pois ele é um dom que está latente em
determinados indivíduos por esse motivo é impossível ensinar alguém que
não possui esta condição, com a metáfora do ovo e da pedra Nietzsche
demonstra – de maneira rústica – esta explicação sobre o conhecimento ser
seletivo. Do mesmo modo ele critica os mentores que necessitam, pelo ego
que seus discípulos torne-se seus seguidores, segundo o mesmo, o professor
está fadado ao passado e que ele tornaram-se muletas para que seus alunos
voem!

Em seguida, o professor Amilton Carvalho busca uma forma de filtrar os seus


leitores dizendo claramente a quem é direcionado o livro, seguindo a corrente
filosófica mais humanista, o professor faz suas considerações acerca daqueles
que ele considera a linha de frente da luta pela defesa dos direitos os
defensores; a partir da ideia anteriormente citada, ele explícita que o seu
pensamento humanista para com os direitos básicos é de respeito ao cidadão
independentemente de quem seja, pois a lei deve ser igualitária, e a justiça
não deve ter considerações sobre quem foi ou quem é a pessoa que está
julgando ou defendendo. Desta maneira, Amilton afirma que os advogados,
defensores estão em contato direto com aqueles a quem foi ofendido um
direito, somente eles têm compreensão da real situação emocional em que
esses indivíduos se encontram; por esse motivo, os defensores por se
colocarem em situações que quase sempre vão de encontro aos anseios
populares ao defender aquele que todos querem a condenação estão em uma
posição mais desfavorável, em razão disso esta classe deveria possuir uma
maior estabilidade, pois são eles que brigam frente a frente com os poderosos.

Avançando pelo livro do professor, encontra-se um dos seus pontos mais


polêmicos e criticados: o abolicionismo. Por ter sido magistrado durante 35
anos e um lecionador da matéria de direito penal por tanto tempo o autor
compreende as dificuldades acerca deste assunto. Já no início do capítulo ele
destaca o que significa o abolicionismo: não à cadeia.

O direito penal por ser responsável de tratar aqueles que estão à margem da
sociedade e são claramente expulsos por ela torna-se cada vez mais politizado
e distorcido, por conseguinte, converte-se em uma cultura popular de punição
desenfreada através da ideia de impunidade – claramente equivocada –
utilizada em discursos políticos. De acordo com Nietzsche, “o idiota tem a
resposta perfeita”, por isso com a politização dessa ramificação do direito
todas as pessoas têm a resposta pronta para o problema global do
encarceramento através de suas várias conjecturas.

O ponto fulcral enfatizado no capítulo sobre o absolutismo é a forma em que


o direito penal é utilizado, segundo o autor essa matéria não pode ajudar a
vítima de maneira nenhuma pois não irá reverter o fato passado e nem
prevenir os futuros, a pessoa afetada pelo crime poderá recorrer a seus
direitos em outros campos da justiça entretanto não na área penal. Segundo o
jurista Cesare Beccaria (1738-1794) “Os castigos tem por finalidade única
obstar o culpado de tornar-se futuramente prejudicial à sociedade e afastar os
seus concidadãos do caminho do crime.”

O direito penal transformou-se em um grande palco onde juristas infectados


por esta mesma situação politica entram em uma dicotomia pelo discurso
acerca desta área, entretanto os dados e evidências paulatinamente
disseminadas por todo canto social revelam que o problema existe e não está
sendo sanado.

Voltando ao abolicionismo, o autor revela como estão sendo utilizados os


escudos – o direito que teoricamente eram para ajudar os cidadãos - em
armas para transformar o estado em um tirano, através de um ativismo
jurídico. – ou apenas baderneiros e delinquentes de togas – O tribunal tornou-
se uma ida direta ao presídio, o pensamento de lei e ordem inundou esses
ambientes e incentivou aqueles julgadores a agirem de forma pretensiosa ao
ponto de distorcerem entendimentos apenas para satisfazer o seu gozo pelo
aprisionamento.

De acordo com Nietzsche com concordância do professor Amilton Carvalho,


o direito penal nada mais é do que uma vingança positivada pelo Estado para
satisfazer a sociedade como um todo, pois essa área do direito nada tem a
ajudar a vítima do crime – essa pode recorrer aos seus direitos em outras áreas
da justiça – e que as diversas leis cruéis e repressoras não são soluções, não
inibem o crime.

Seguindo adiante, nesta mesma corrente, o filósofo Nietzsche entendi que o


“não-castigo” é o grande próximo objetivo e desafio para evolução social. A
punição como vingança não ajuda em nada a comunidade, entretanto, é
utilizada desde os primeiros esboços de sua criação com o intuito de
separação entre “ bons e os maus” pelo Estado a fim de favorecer classes
sociais mais elevadas. Com o intuito de punir o pobre e favorecer o rico a
punição transformou-se em mais uma arma nesta segregação histórica, porém,
o problema se multiplicou pois a punição não purifica o criminoso, ao
contrário, a punição torna- o mais criminoso, pois os presídios ao longo dos
anos foi onde largaram pessoas como se não tivessem direitos, desta forma
transformou-se em “más-morra”, um lugar onde se morre de maneira indigna
onde os direitos humanos inexistem.

Atualmente, muito se fala sobre “ressocialização”, entretanto nas atuais


condições é impossível imaginar um cenário como este, pois o presídio não
prende somente o corpo mas também aprisiona o espírito; a ideia popular de
que o castigo cria sentimento de culpa no criminoso está completamente
enganado, pois nos presídios só se alimenta o ódio. Em síntese, o direito penal
elege os indesejados pela diferenciação de crime e os marginaliza pondo-os
em presídios que não os ajudam, mas somente pioram a sua condição em um
ciclo infinito de injustiça e ódio em violação de direitos para todas as partes –
vitima e criminoso -.

Outro grande ponto criticado no livro é a prisão preventiva. Segundo o autor


este instrumento jurídico é um absurdo, pois ele é claramente uma violação
inconstitucional de direitos, segundo a carta máxima instituída no Brasil “é
vedada a antecipação de pena” , não obstante, é uma das ferramentas mais
utilizadas no sistema judiciário com discursos vazios e argumentos fracos de
ordem pública e ordem econômica, com essas justificativas sendo muito
escassas e amplos ao ponto de não significar em nada. Desta mesma maneira
fica nas mãos de bons e justos perseguidores as decisões de aceitarem ou
indeferirem esses pedidos.

Em seus discursos finais o autor pontua ao olhar de Nietzsche problemas


vigentes em nosso ordenamento jurídico como a reincidência, que o filósofo
afirma não fazer sentido pois o julgamento é pelo ato que ele praticou, que
não deve ter agravante por ele ter praticado um ato já condenado ou um ato
que ele já pagou, por esse motivo torna-se incompreensível a ideia de ainda
em dias atuais serem utilizadas esses argumentos para aumentar o
encarceramento em massa.

Concluindo, o autor busca sumamente explicar os defeitos no ordenamento e


nas doutrinas jurídicas e em tudo o que ela rodeia, problemas fulcrais e
basilares que habitam no mundo jurídico, e que suas críticas tentem ao
mínimo fazer uma diferença aos futuros operadores do direito para destruir os
dogmas então enfatizados durante séculos ensinamentos, e lhes mostrarem
que existe mais de uma maneira de se pensar direito.

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