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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA

Tema:
Importância da Bioética na Actualidade

Filomena Domingos Mugua - 708211228

Curso: Geografia
Disciplina: Filosofia
Ano De Frequência: 2º

Nampula
2022
Índice
Introdução...................................................................................................................................4

1.1. Importância da Bioética na Actualidade..........................................................................5

1.1.1. Conceito da Bioética....................................................................................................5

2. Os princípios básicos da bioética.....................................................................................5

2.1. Princípio da não maleficência..........................................................................................6

2.2. Princípio da beneficência.................................................................................................6

2.3. Princípio da autonomia....................................................................................................6

2.4. Princípio da justiça...........................................................................................................7

3. Aplicação da bioética...........................................................................................................7

4. Engenharia Genética............................................................................................................7

4.1. Definição da engenharia genética....................................................................................7

4.2. Aplicações da engenharia genética..................................................................................8

5. Fertilização in Vitro.............................................................................................................8

Quais são as possíveis complicações da FIV?...........................................................................9

1. Gestações múltiplas.............................................................................................................9

2. Aborto..................................................................................................................................9

2.1. Aborto espontâneo.........................................................................................................10

2.1.1. Factores de risco para o aborto espontâneo................................................................10

2.3. Riscos do uso de substâncias abortivas..........................................................................10

2.4. Classificação dos abortamentos.....................................................................................11

6. Eutanásia e distanásia........................................................................................................12

6.1. Conceito de Eutanásia....................................................................................................12

7. Células – tronco.................................................................................................................13

7.1. Surgimento das células-tronco.......................................................................................13

7.2. Conceito de Células – tronco.........................................................................................14

2
7.3. Tipos de células-tronco e os benefícios esperados do seu uso no tratamento de doenças
15

7.4. Uso de Células-tronco....................................................................................................15

Referências bibliográficas:........................................................................................................17

3
Introdução

Neste presente trabalho de carácter avaliativo que tem como tema: Importância da Bioética na
Actualidade e alguns pontos que iremos abordar ao longo do trabalho que são: Princípios
básicos da bioética; Engenharia genética; Fertilização invitro; Aborto; Eutanásia e Distanásia;
O uso das células – tronco.
É importante primeiro conceituar a Bioética para entendermos melhor o que estamos tratando,
O conceito de Bioética é estudado na Filosofia por sua ligação com os conceitos de moral e
ética e pela importância deles nas análises bioéticas. Considerando esses conceitos juntamente
com a preocupação ética nos procedimentos médicos, uma das principais preocupações da
Filosofia é a humanização dos atendimentos (1). Essa área também auxilia na determinação dos
limites morais e éticos na realização de pesquisas científicas. Sócrates,
Platão e Aristóteles são ainda hoje fontes de conhecimento paras questionamentos muito
importantes da Bioética. Algumas reflexões Socráticas, como a preocupação com a ética e a
consciência de que não existe somente um ponto de vista correto sobre um assunto são
fundamentais na ética médica. Platão questionou, por exemplo, a qualidade de uma vivência
marcada por doenças e o desejo de prolongar uma vida pouco saudável (1).
O conceito de prudência de Aristóteles resume a capacidade de análise prévia para tomar
decisões e evitar prejuízos. A prudência pode ser relacionada com o princípio da beneficência,
que deve inspirar os profissionais de saúde a buscar o melhor tratamento aos seus pacientes (2).

Importância da bioética
4
A Bioética tem-se tornado cada vez mais importante porque a evolução da medicina e o
aparecimento de inovações científicas criam novos questionamentos sobre os limites éticos da
conduta médica (1).

A Bioética ajuda a compreender quais são esses limites que devem ser considerados em
pesquisas científicas e procedimentos médicos em áreas mais sensíveis. A pretensão da
Bioética é facilitar que os procedimentos estejam de acordo com os valores éticos e morais
mais cultivados em cada sociedade (1).

Além da saúde, a Bioética pode ser importante em questões como a regulamentação das
alterações genéticas em alimentos (transgénicos) ou nos testes de medicamentos e cosméticos
que são feitos em animais (3).

1.1. Importância da Bioética na Actualidade


1.1.1. Conceito da Bioética

A Bioética é uma área de estudo focada na influência de princípios morais e éticos na prática
médica e na pesquisa científica. O conceito de Bioética pode ser bastante complexo, por isso é
importante ter em mente que não existe uma única definição. De forma geral, estuda quais são
as melhores soluções para conflitos éticos, para conseguir atender necessidades médicas sem
desrespeitar valores importantes para os pacientes e para a sociedade em geral (1).

A Bioética tem-se tornado cada vez mais importante porque a evolução da medicina e o
aparecimento de inovações científicas criam novos questionamentos sobre os limites éticos da
conduta médica (1).

Além da saúde, a Bioética pode ser importante em questões como a regulamentação das
alterações genéticas em alimentos (transgénicos) ou nos testes de medicamentos e cosméticos
que são feitos em animais (1).

2. Os princípios básicos da bioética

Na definição de bioética predominam duas questões: conhecimentos biológicos e valores


humanos. Ela subdivide-se em princípios básicos que buscam solucionar problemas éticos
originados ao longo do desenvolvimento de procedimentos com seres vivos de todas as
espécies (1, 4).

5
2.1. Princípio da não maleficência

O princípio da não maleficência se baseia na ideia de que nenhum mal deve ser feito ao outro.
Assim, não é permitida nenhuma acção que consista em malefício intencional a cobaias ou a
pacientes. O princípio é representado pela frase em latim: primum non nocere  (primeiro, não
prejudicar). Tem como objectivo evitar que um tratamento ou pesquisa cause mais danos do
que os possíveis benefícios (4).

Alguns estudiosos defendem que o princípio da maleficência é, na verdade, parte do princípio


da beneficência, pois o ato de não causar mal ao outro já é, por si só, uma prática do bem (1).

2.2. Princípio da beneficência

Esse princípio consiste na prática do bem; na virtude de beneficiar o próximo. Assim, os


profissionais que atuam na área de pesquisas e experimentos devem assegurar a precisão da
informação técnica que possuem e estar convictos que seus actos e decisões têm efeitos
positivos. Espera-se que qualquer acto tenha como objectivo fundamental o bem, nunca o mal
.
(1)

Segundo o princípio da beneficência, deve-se apenas ter em vista o bem. O descaso ou a


omissão (ainda que pudesse ser justificado) consistiria em um mal e feriria o princípio
bioético (4).

2.3. Princípio da autonomia

A ideia central desse princípio é de que todos têm capacidade e liberdade de tomar suas
próprias decisões. Assim, qualquer tipo de procedimento a ser realizado no corpo de um
indivíduo e/ou que tenha relação com a sua vida, deve ser autorizado por ele. No caso de
crianças e de pessoas deficientes, o princípio de autonomia deve ser praticado pela respectiva
família ou pelo responsável legal (1).

É importante que esse princípio não seja praticado em detrimento do princípio da


beneficência; por vezes, ele precisa ser desrespeitado para que a decisão de uma pessoa não
cause danos a outra (1).

2.4. Princípio da justiça

6
No domínio da bioética, esse princípio se baseia na justiça distributiva e na equidade. Ele
defende que a distribuição dos serviços de saúde deve ser feita de forma justa e que deve
haver igualdade de tratamento para todos os indivíduos. Tal igualdade não consiste em dar o
mesmo para todos, mas sim em dar a cada um, o que cada um precisa (1).

3. Aplicação da bioética

A aplicação do conceito de bioética tem como objectivo garantir que haja uma
responsabilidade moral nos procedimentos, pesquisas e actos médicos e biológicos. A bioética
busca garantir que os valores morais humanos não se percam, independentemente do
desenvolvimento histórico e social da humanidade, durante as tentativas de solução de
conflitos e/ou dilemas éticos (5).

É de se referir que a aplicação dos princípios da bioética relativamente aos casos acima pode
variar consoante o país onde é praticado. O que, por vezes, é permitido em determinados
países, pode ser classificado como crime em outros. O aborto e a eutanásia exemplificam essa
situação (3).

4. Engenharia Genética 

Engenharia genética, manipulação genética e modificação genética são termos utilizados


para definir o processo de manipulação dos genes num determinado organismo, comummente
fora de seu processo natural reprodutivo. Neste artigo exploraremos a utilização das bactérias
e seu grande potencial biotecnológico na engenharia genética (6).

4.1. Definição da engenharia genética

A engenharia genética é um dos principais pilares da biotecnologia, que consiste em um


conjunto de técnicas de manipulação do DNA por meio da sua recombinação, com o objectivo
de fabricar organismos melhorados, visando ao aprimoramento ou estruturação genética de
determinada espécie, seja vegetal ou animal, conforme as necessidades científicas.
Biotecnologia e engenharia genética são importantes ferramentas de pesquisa que têm cada
vez mais contribuído para o desenvolvimento da sociedade em diversos aspectos. Os
processos de indução genética possibilitaram que sequências de bases completas de DNA
fossem decifradas, procedimento que facilitou a clonagem de genes, uma técnica amplamente

7
utilizada em microbiologia celular como forma de identificar e copiar determinado gene no
interior de um organismo simples, como as bactérias (6).

4.2. Aplicações da engenharia genética

Quanto mais se aprende sobre o genoma dos seres vivos, mais aplicações da engenharia
genética surgem. Esta tem aplicação na medicina, na pesquisa, na indústria e na agricultura, e,
pode ser usada em diversas de plantas, animais e microorganismos. Aí estão as produções, em
larga escala, de insulina, de harmónio do crescimento, de interferon alfa humano com
actividade biológica contra infecções ocasionadas por vírus e contra algumas formas de
tumores malignos humanos, de vacinas e anticorpos monoclonais humanos. Uso de
organismos geneticamente modificados para produção de biocombustível, biorremediação e
biomineração. Produção de alimentos geneticamente modificados como soja, milho, peixes
.
(6,7)

5. Fertilização in Vitro 

A Fertilização in Vitro  (FIV) é um tratamento de reprodução humana assistida que consiste


em realizar a fecundação do óvulo com o espermatozóide em ambiente laboratorial, formando
embriões que serão cultivados, seleccionados e transferidos para o útero. É um dos
procedimentos mais indicados para quem deseja realizar o sonho de formar uma família, pois
é um tratamento seguro e que apresenta melhores taxas de sucesso (6).

Trata-se de uma importante alternativa para casais com dificuldades para engravidar, que
apresentam alguma condição genética que pode ser passada para o bebé ou para casais
homoafetivos (6).

A Fertilização in Vitro é uma das técnicas de reprodução assistida mais utilizadas na


actualidade, sendo indicada principalmente para mulheres que apresentam alterações
ginecológicas que interferem na ovulação ou no deslocamento dos óvulos pelas trompas.
Problemas relacionados à produção do esperma também podem levar à dificuldade para
engravidar (7).

Quais são as chances de engravidar com a Fertilização in Vitro?

8
As chances de a fertilização in vitro dar certo estão directamente relacionadas com a idade
da mulher, número de óvulos colectados, reserva ovariana e causas que levaram à infertilidade
.
(6)

Porém, apesar da receptividade do endométrio da mulher e da qualidade do embrião


produzido serem factores importantes, a idade da paciente é determinante para o sucesso do
processo de fertilização (6).

Quais são as possíveis complicações da FIV?

Existem alguns riscos ligados à Fertilização in Vitro que devem ser considerados pelas
pacientes antes de iniciar o tratamento. As complicações mais comuns são:

1. Gestações múltiplas

A Fertilização in Vitro aumenta o risco de gestações múltiplas (gémeos, trigémeos e até mais


crianças) por conta da potencialização dos óvulos produzidos durante o ciclo menstrual.
Contudo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu algumas regras para determinar
a quantidade limite de embriões que podem ser transferidos, reduzindo, assim, as chances de
uma gravidez múltipla (7). São elas:

 Dois embriões por tentativa para as pacientes com até 37 anos;


 Três embriões por tentativa para as pacientes com mais de 37 anos;
 Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético, até dois embriões,
independentemente da idade.

A Fertilização in Vitro (FIV) é o procedimento que tem proporcionado para muitos homens


e mulheres a chance de realizar o grande sonho de construir uma família. (6).

2. Aborto

O aborto ou, mais corretamente, o abortamento é a interrupção precoce de


uma gestação antes que o feto seja capaz de sobreviver fora do corpo da mãe. O aborto pode
ocorrer de maneira intencional ou de maneira totalmente espontânea, sendo, em ambos os
casos, um processo doloroso para a mulher que vive esse momento (9).

2.1. Aborto espontâneo


9
O aborto espontâneo é aquele que ocorre naturalmente, sem que seja provocado
intencionalmente pela mulher. Essa situação é relativamente comum, ocorrendo em cerca de
10 a 25% das gestações. Em alguns casos, o abortamento ocorre antes mesmo da mulher saber
de sua gravidez (9).

O aborto espontâneo apresenta diferentes causas e, geralmente, acontece por conta da


condição que não favorece a vida do feto ou que está prejudicando seu desenvolvimento.
Entre as principais causas de aborto espontâneo estão as alterações cromossómicas, quedas
no nível de progesterona no corpo da mulher, mudanças no útero, problemas
tiroidianos, diabetes não controlado, algumas doenças e o consumo de drogas. Apesar
dessas causas conhecidas, a maioria das mulheres que sofrem aborto espontâneo nunca
saberão qual foi a causa de seu abortamento (9).

2.1.1. Factores de risco para o aborto espontâneo

O aborto espontâneo acontece com maior frequência em algumas situações, sendo


considerados factores de risco:
 Idade materna acima de 45 anos;
 Mulheres obesas;
 Mulheres com baixo peso;
 Casos anteriores de abortamento;
 Consumo de drogas;
 Tabagismo;
 Uso de alguns medicamentos (5, 9).

2.3. Riscos do uso de substâncias abortivas

Muitas pessoas ao se depararem com uma gravidez indesejada optam por utilizar algumas
substâncias e medicamentos que visam a interromper a gestação. No entanto, essas
substâncias, muitas vezes vistas como alternativa pela mulher, podem colocar a sua própria
vida em risco (9).

Na internet, muitas mulheres encontram receitas e até venda de medicamentos proibidos que
garantem a realização do aborto. Entretanto, a grande maioria não sabe os riscos que doses
inadequadas podem causar (9).

10
São relativamente frequentes os casos de mulheres que procuram os hospitais após uso dessas
substâncias com queixas de vómitos, diarreias, dores no estômago, sangramentos intensos,
alterações na respiração e circulação. Em alguns casos, a intoxicação é extremamente grave,
levando a mulher à morte (9).

Desse modo, podemos concluir que a realização de abortamento com ingestão de substâncias
pode ser extremamente perigosa, além de ser considerada crime em nosso país. Estima-se que
mais de 20.000 mulheres morrem anualmente em decorrência de abortamentos inseguros,
segundo o Instituto Guttmacher (9).

2.4. Classificação dos abortamentos

Os abortamentos são classificados de diferentes formas pelo Ministério da Saúde. A seguir


descreveremos a classificação adoptada por esse Ministério:
 Ameaça de abortamento: A mulher, nesse caso, observa sangramento de pouca
intensidade e cólicas também pouco intensas. O feto mantém-se vivo, e o colo do
útero permanece fechado. Os médicos recomendam, nessa situação, que a mulher
limite suas actividades ficando em repouso. Se a mulher sentir dores, febres ou
sangramento deve procurar novamente ajuda médica (9).
 Abortamento completo: Nesse caso, a mulher sofre a eliminação total do conteúdo
uterino. É recomendado que a mulher fique em observação para que seja observado se
não ocorrem sangramentos e o desenvolvimento de infecções (9).
 Abortamento inevitável/incompleto: Como o nome sugere, parte do conteúdo do
útero é mantido. A mulher apresenta sangramento e dores, e o colo do útero fica
aberto. Como parte do conteúdo é mantido, faz-se necessária a retirada, a qual pode
ser feita por meio da curetagem, AMIU, ou ainda uso de medicamentos que garantirão
a expulsão do material. A curetagem caracteriza-se por ser um procedimento onde se
realiza a raspagem da parte interna uterina, enquanto a AMIU é a aspiração manual
intrauterina (9).
 Abortamento retido: Nesse caso, o embrião permanece sem vida no interior do corpo
da mulher. Ela não apresenta sangramentos e o colo do útero permanece fechado,
sendo observado também uma regressão dos sintomas clássicos da gravidez. Nessa
situação, medicamentos podem ser utilizados para garantir a eliminação do conteúdo
uterino ou será realizada a técnica AMIU (9).

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 Abortamento infectado: Nesse tipo de abortamento, observa-se a presença de
infecções. Ele ocorre geralmente em decorrência da realização de abortos ilegais com
manipulação incorrecta do útero, sendo observado frequentemente abortamento
incompleto e infecções, principalmente, bacterianas. A mulher apresenta sangramentos,
dores, febre e até mesmo eliminação de pus na região do colo uterino (9).
 Abortamento habitual: Nesse caso, observamos três ou mais abortos espontâneos
consecutivos. É fundamental que a mulher procure um médico para a avaliação das
causas desses abortos repetitivos (9).
 Abortamento electivo previsto em lei: Esse abortamento é provocado, entretanto, a
mulher está amparada por lei. Somente algumas situações permitem esse tipo de
abortamento, sendo elas: caso de estupro, riscos de vida para a mulher ou confirmação
de feto que não apresenta parte da calota craniana, ou ela inteira, e o cérebro
(anencefalia). Nesses casos, a mulher poderá realizar o abortamento realizando
diferentes técnicas, como o uso de medicamentos, curetagem e AMIU (9).

6. Eutanásia e distanásia

A eutanásia significa a morte antecipada com o objectivo de dar um fim ao sofrimento de


doentes terminais, sem chances de recuperação. A distanásia é o prolongamento artificial da
vida e do sofrimento do paciente. Ambos os termos estão relacionados ao momento em que um
indivíduo encontra-se no fim de sua vida e são realizadas escolhas quanto aos procedimentos
adoptados.

6.1. Conceito de Eutanásia

Eutanásia significa “morte antecipada”, é um método de interrupção da vida de um paciente


que não possui hipóteses de recuperação e se encontra em sofrimento (5).

Em alguns países a eutanásia é proibida por lei e outros são permitidos também por lei. O
procedimento é classificado como homicídio privilegiado, movido pelo sentimento de
piedade; ou auxílio para o suicídio, no caso do próprio paciente solicitar a interrupção de sua
vida. Além da eutanásia, há também outra medida conhecida como "suicídio assistido",
quando o paciente de uma doença incurável e que cause sofrimento pede pela interrupção.
Esse doente recebe medicamentos que podem antecipar o processo de morte e opta pelo
momento de sua administração (5).
12
Na Colômbia e no Uruguai, a eutanásia não é permitida por lei. Caso seja comprovado o
desejo do paciente, seu sofrimento e a irreversibilidade da doença, o homicídio é considerado
"piedoso" e recebe perdão judicial. (9).

6.2. Conceito de Distanásia

Distanásia significa “prolongamento da morte”, é considerado um método artificial e


exagerado de manutenção da vida de um doente incurável, causando ansiedade e sofrimento
.
(5)

Assim, a distanásia é o antónimo da eutanásia, é considerado um procedimento inútil que leva


ao prolongamento do processo de morte e o sofrimento de um paciente (5).

A distanásia ocorre por escolha de médicos e familiares que lutam para manter a pessoa viva,
ainda que não haja hipóteses de que a pessoa possa se recuperar. Não é considerada crime,
mas os códigos bioéticos condenam essa prática (5).

7. Células – tronco
7.1. Surgimento das células-tronco

O surgimento dessas células se dá da seguinte maneira: o espermatozóide fecunda o óvulo,


dando origem ao que chamamos de zigoto. O zigoto sofre mitoses dando origem a uma “bola
de células”, que se diferenciam originando os folhetos germinativos, que em seguida se
diferenciam em tecidos e órgãos do organismo (8).

Essas células originadas das mitoses do zigoto são as células-tronco, que também são
chamadas de células-mães ou células estaminais. Elas são células muito simples que têm a
capacidade de se diferenciarem em qualquer tipo de célula, formando qualquer tipo de tecido
e podem ser classificadas em células-tronco embrionárias e células-tronco adultas. As células-
tronco embrionárias são retiradas de embriões e são classificadas em:

 Células-tronco totipotentes  – o corpo humano é formado por vários tipos de tecidos e


esse tipo de células-tronco é capaz de se diferenciar em qualquer um deles, inclusive
placenta e anexos embrionários. As células totipotentes são encontradas nas primeiras

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divisões do embrião, por volta do terceiro ou quarto dia depois da fecundação, quando
o embrião está com aproximadamente 32 células (8).

 Células-tronco pluripotentes – também são capazes de se diferenciarem em qualquer


tecido do organismo, com excepção da placenta e dos anexos embrionários. Elas são
retiradas do embrião por volta do quinto dia depois da fecundação, quando o embrião
está com aproximadamente 64 células (8).

As chamadas células-tronco adultas são retiradas do organismo já formado, por


exemplo, medula óssea, fígado, sangue, cordão umbilical, placenta etc. Elas são chamadas
de células-tronco adultas por não terem mais alta capacidade de diferenciação (8).

Em países onde estudos com células-tronco são permitidos, elas estão sendo utilizadas, em


carácter experimental, no tratamento de diversas doenças como câncer, doenças do coração,
doenças hepáticas, Alzheimer, diabetes, doenças renais, entre tantas outras. Entretanto, o uso
de células-tronco embrionárias ainda é muito polémico, pois para a retirada dessas células,
tem que haver destruição do embrião e para muitos o embrião é considerado uma vida que se
encontra em formação (8).

Como vimos, o uso de células-tronco na medicina é bastante promissor e os cientistas que


trabalham com elas estão muito confiantes de que os médicos poderão fazer mais por seus
pacientes (8).

7.2. Conceito de Células – tronco

Células – tronco são tipos de células que podem se diferenciar em células com funções muito
especializadas, constituindo diferentes tipos de tecidos do corpo (8).

Em termos práticos, podemos afirmar que células-tronco são células que têm o potencial de
recompor tecidos danificados e, assim, auxiliar no tratamento de doenças como câncer, mal de
Parkinson, mal de Alzheimer e doenças degenerativas e cardíacas (8).

7.3. Tipos de células-tronco e os benefícios esperados do seu uso no tratamento de


doenças

Basicamente existem dois tipos de células-tronco: as que são extraídas de tecidos maduros,
como o cordão umbilical ou a medula óssea, são mais especializados e dão origem a apenas
14
alguns tipos de tecidos do corpo. As pesquisas realizadas com o uso dessas células têm
demonstrado a sua eficácia no tratamento de diversas doenças, a exemplo da leucemia,
doenças cardíacas e doenças hematológicas (7, 8).

As células-tronco embrionárias, por sua vez, apresentam a capacidade de formar qualquer


tecido do corpo. Está sendo pesquisado, em todo o mundo, o potencial dessas células para o
tratamento de diversas doenças graves, como, câncer, diabetes, doenças genéticas, lesões de
medula espinhal, demências, doenças auto-imunes, dentre outras (8).

7.4. Uso de Células-tronco

O uso de células-tronco na medicina ainda está em carácter experimental, mas a cada dia as
pesquisas avançam e o uso dessas células se torna mais promissor (8).

Conclusão

Chegado a esta parte final deste trabalho concluímos que o objectivo da Bioética na saúde é
garantir que os pacientes recebam o tratamento mais adequado a sua situação, sem que o
tratamento escolhido viole seus princípios pessoais.

A Bioética pretende contribuir para que as pessoas estabeleçam “uma ponte” entre o
conhecimento científico e o conhecimento humanístico, a fim de evitar os impactos negativos
15
que a tecnologia pode ter sobre a vida (afinal, nem tudo o que é cientificamente possível é
eticamente aceitável). Em razão da influência histórica, cultural e social que sofremos,
devemos estar muito atentos, caso contrário, corremos o risco de perder os parâmetros que
devem nos nortear na nossa actividade profissional para que nossas atitudes sejam éticas (5).
A primeira etapa que devemos seguir é reconhecer que essas influências (paternalismo,
cartesianismo, ênfase na doença, individualismo, hedonismo e utilitarismo) existem e que não
podemos escapar delas. O segundo passo é entender qual fundamento (base) deve ter para nos
orientar nos nossos processos de decisão, a fim que essas influências negativas não
prejudiquem nossas acções. Esse fundamento é o reconhecimento da dignidade da pessoa
humana (como um ser único e que deve ser considerado em sua totalidade – aspectos físicos,
psicológicos, sociais e espirituais) . O terceiro passo é utilizar as “ferramentas” (princípios)
(5)

adequadas para definir quais devem ser as nossas atitudes, sem esquecer o nosso fundamento.
O primeiro princípio a ser seguido deverá ser o de beneficência/não maleficência, o segundo o
de autonomia e o terceiro o de justiça. Neste texto apresentamos alguns conceitos e teorias
que fornecem subsídios para que possamos saber como agir de maneira ética.
Se esse processo de construção da reflexão ética/bioética, que parte do entendimento do
fundamento bioético e se segue pelo respeito aos seus princípios, for seguido, as respostas
sobre como agir eticamente diante de um conflito ético, ou de uma situação clínica nova (ou
diferente), surgirão naturalmente.

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Referências bibliográficas:

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