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PROPOSTA DE AUTOMAÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO DE


EFLUENTES EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS DE PAPEL

PROPOSAL OF AUTOMATION OF THE EFFLUENT TREATMENT PROCESS IN A PAPER


PACKAGING INDUSTRY

Enes Amaral de Sousa1, José Beroaldo da Silva2, Ronnie Mario Machado3, Thiago
Alexandre Alves de Assumpção4, Luciano Galdino5

RESUMO
A proposta deste artigo é automatizar algumas etapas do processo de uma estação de tratamento
de efluentes (ETE) em uma indústria de embalagens de papel, cujo várias etapas do processo são
manuais, tornando-se ineficaz devido à demanda da empresa. Alguns produtos como a tinta e a cola
fazem parte do processo de produção das embalagens e, por serem produtos tóxicos, degradam
o meio ambiente se despejados juntos com os efluentes industriais. A contaminação ambiental,
principalmente das águas, aumentou significativamente ao decorrer dos anos com o crescimento
industrial, o que chamou a atenção dos ambientalistas, os quais cobraram das autoridades a
implementação de leis e fiscalização de empresas quanto ao uso racional da água potável.

Palavras-chave: Tratamento. Efluentes. Automatização. Indústria. Embalagens.

ABSTRACT
The purpose of this paper is to automate some process steps of an effluent treatment plant in a paper
packaging industry, whose various stages of the process are manual, rendering ineffective due to the
company’s demand. Some products, such as ink and glue, are part of the packaging production process,
as they are toxic products, degrade the environment if disposed of with industrial effluents. Environmental
contamination, especially water, has increased significantly over the years with industrial growth, which
has attracted the attention of environmentalists, who accused authorities of implementing laws and
oversight of the company on the rational use of potable water.

Keywords: Treatment. Effluents. Automation. Industry. Packing

1 Centro Universitário ENIAC

2 Centro Universitário ENIAC

3 Centro Universitário ENIAC

4 Escola Politécnica da USP, Fatec-SP

5 USP, UNG

Revista AcadêmicaIntegra/Ação, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 85-98, jan./jun. 2017.


ISSN 2594-4878| e-ISSN 2594-4878| doi: 10.22287/raia.v1i1.529
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1. INTRODUÇÃO
Uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) na indústria tem por objetivo tratar a água
utilizada no processo industrial, para que essa possa ser descartada obedecendo à leis e consciência
ambiental ou até mesmo para ser reaproveitada no processo.

1. 1.  Legislação
Com a atual crise hídrica em algumas regiões, tem aumentado significativamente a preocupa-
ção por parte dos ambientalistas e das autoridades em relação ao consumo e descarte dos efluentes,
principalmente nas indústrias, onde o consumo de recursos hídricos é elevado. O Ministério do
Meio Ambiente, junto ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), estabelece por meio da
resolução nº 430, de 13 de maio de 2011, as condições, parâmetros, padrões e diretrizes para o lan-
çamento de efluentes em corpos de águas receptores. O órgão de fiscalização estadual é a CETESB
(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) [1].

1. 2.  Etapas do tratamento de efluentes na indústria de embalagem de papel.


O tratamento consiste em separação física e biológica, sendo que o tratamento biológico pode ser
aeróbio ou anaeróbio. O tratamento aeróbico é similar ao processo natural de decomposição com efici-
ência no tratamento de partículas finas em suspensão, onde a biomassa aeróbia na presença do oxigênio
converte os compostos orgânicos em dióxido de carbono. Já o tratamento anaeróbio consiste na esta-
bilização de resíduos pela ação de bactérias anaeróbias que convertem compostos orgânicos em biogás
na ausência de oxigênio. Processo eficiente e muito utilizado no tratamento de efluentes industriais [2].

A tabela 1 apresenta as principais etapas para a realização de um tratamento de efluentes


especificamente na indústria de embalagem de papel.

Tabela 6 – Descrição das etapas numa estação de tratamento de efluentes (ETE) [2][3][4].


ETAPA DESCRIÇÃO
Processo físico para a remoção dos materiais em suspensão com a utilização de grades grosseiras de 5 a 10 cm,
Gradeamento grades médias de 2 a 4 cm e grades finas de 1 a 2 cm. O gradeamento tem a finalidade de proteger a bomba, a
tubulação e as unidades subsequentes.
Processo físico que consiste na remoção de areia por sedimentação, onde os grãos de areia por serem mais
Desarenação pesados vão para o fundo do tanque, evitando a abrasão e obstrução dos equipamentos e tubulações,
facilitando também o transporte do fluido.
Processo físico-químico que consiste na adição de produtos químicos para promover a aglutinação e o
Floculação
agrupamento das partículas a serem removidas, facilitando a decantação.
Consiste na separação do sólido (lodo) do líquido (efluente bruto) por meio da sedimentação das partículas
Decantação primária sólidas. Os efluentes fluem vagarosamente através dos decantadores, onde os sólidos em suspensão
sedimentam gradualmente no fundo do tanque.
Onde ocorre a remoção da matéria orgânica por reações bioquímicas com a utilização de microorganismos
Tanque de aeração aeróbios (bactérias e fungos). Os microorganismos se alimentam da matéria orgânica e liberam gás carbônico,
água e material celular.
Onde ocorre a clarificação do efluente e retorno do lodo devido à sedimentação dos sólidos em suspensão
Decantação
presentes no tanque de aeração. O lodo ativado retorna para o tanque de aeração para fechar a cadeia
secundária
alimentar e o efluente líquido nessa etapa já pode ser descartado no corpo receptor.
Onde ocorre a redução no volume do lodo com o aumento do teor de sólidos. Os métodos mais comuns são
os adensamentos por gravidade e por flotação. No adensamento por gravidade, o lodo fica retido no fundo do
Adensamento do
tanque decantador. Já no adensamento por flotação, o ar é introduzido na solução por meio de uma câmara de
lodo
alta pressão, ao despressurizar a solução, o ar dissolvido forma micro bolhas contendo flocos de lodo, os quais
são removidos da superfície.
Onde ocorre a estabilização de substâncias instáveis e da matéria orgânica presentes no lodo. Esse processo
Digestão anaeróbia tem por finalidade estabilizar as substâncias instáveis e matéria orgânica presentes no lodo. Este processo
também pode ser obtido pela adição de produtos químicos como: cloreto férrico, cal, etc.
C0ntinua

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Tabela 6 – Descrição das etapas numa estação de tratamento de efluentes (ETE) [2][3][4].


ETAPA DESCRIÇÃO
Desidratação do lodo Remoção da umidade do lodo com a utilização de equipamentos como: centrífuga, filtro prensa ou belt press.
Secagem do lodo Redução da umidade através da evaporação da água contida no lodo com o uso de secador térmico.
Geralmente é feito por empresas terceirizadas que possuem aval da CETESB. Essas empresas coletam o lodo
Descarte do lodo
seco e descartam em aterros sanitários.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
A estação será composta por bombas hidráulicas e tubulações de PVC para a circulação da
água e um motor com agitador para o tanque de mistura, um painel elétrico contendo disjuntores e
relés térmicos para proteção contra sobrecarga e curto-circuito do comando elétrico e motores, con-
tatoras para o acionamento dos motores das bombas hidráulicas e agitador, sensores tipo bóia para
o controle de nível dos tanques e eletroválvulas para controle do fluxo da água e um controlador
lógico programável para o controle e supervisão do processo.

O projeto do sistema de tratamento de efluentes será desenvolvido para suportar uma vazão
nominal máxima de 5 metros cúbicos por hora devido à demanda interna da empresa, podendo
funcionar 24 horas por dia, durante 30 dias por mês.

O sistema irá tratar apenas o efluente proveniente da lavagem de máquinas de impressão


conforme layout da Figura 1. Essas máquinas utilizam tintas flexográficas e leves contaminações por
amidos advindos da cola utilizada no processo. Sendo assim, o esgoto sanitário proveniente dos
banheiros/restaurantes será destinado a rede de esgotos, enquanto o esgoto industrial será tratado
para reduzir a carga poluidora emitida pelo empreendimento, possibilitando o enquadramento des-
sa água aos padrões estabelecidos pelo artigo 19A, constante no Decreto N˚ 8468/76.
Figura 1 – Layout do setor de produção dos efluentes.

O monitoramento será realizado mensalmente por um laboratório externo e o efluente ge-


rado no processo produtivo será encaminhado para um tanque de acúmulo que é constantemen-

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te aerado através da injeção de ar comprimido, promovendo a equalização e homogeneidade do


efluente bruto. No tanque de acúmulo é realizada a dosagem automática de soda cáustica e ácido
clorídrico para acerto de pH, através da bomba dosadora.

O efluente segue para os misturadores estáticos, dando início ao processo de tratamento. No mis-
turador ocorre a dosagem de reagentes com o policloreto de alumínio, através da bomba dosadora que
promove continuamente a mistura e a homogeneização do efluente a ser tratado para fins de adsorção.

Após a passagem pelo misturador estático, o efluente industrial vai para o floculador, onde é
feita a dosagem do adsorvente por meio do dosador de sólidos de rosca sem fim. Parte das partículas
que sofrem decantação, são direcionadas para bomba pneumática, a qual transfere o lodo para o
filtro prensa. Posteriormente, no decantador, o sistema propicia a separação da fase leve da fase mais
pesada, sendo assim, o efluente tratado previamente clarificado é removido por transbordo através
das lamelas e direcionado para o tanque de efluente tratado, enquanto que o lodo sedimentado é
transferido para o filtro-prensa por meio de uma bomba pneumática a fim compactar e reduzir a
umidade do lodo.

O efluente tratado é transferido por transbordo para o tanque intermediário (efluente trata-
do), à medida que o nível do tanque aumenta, a bomba de efluente tratado é acionada e o efluente é
bombeado primeiramente para um filtro bag de 20 micra (µm), o qual irá reter as possíveis partículas
que não foram removidas no processo, posteriormente é direcionado para a etapa de filtração no
filtro de areia, na sequência passa por outro filtro bag de 5 micra (µm) e em seguida por um filtro de
carvão ativo. O resíduo sólido será coletado em caçambas e destinado por empresa licenciada pelo
órgão ambiental (CETESB).

A Figura 2 contém o fluxograma do processo de tratamento dos efluentes da empresa, apre-


sentando todas as etapas.
Figura 2 –  Fluxograma simplificado do processo de tratamento.

3. DESENVOLVIMENTO
Por meio da Figura 3 é possível visualizar a planta baixa da estação de tratamento de efluen-

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tes, a qual possui um tanque de efluente bruto (1) de vinte e um metros cúbicos, dois tanques de
flotação (2) de meio metro cúbico cada, um tanque de floculação (3) de três e meio metros cúbicos,
um tanque de decantação (4) de dez metros cúbicos, um filtro de areia (5) de meio metro cúbico, um
filtro de carvão ativado (6) de meio metro cúbico, um filtro prensa (8) e uma caçamba de resíduos
sólidos de sete metros cúbicos.
Figura 3 – Planta baixa da estação de tratamento de efluentes.

A Figura 4 apresenta os reservatórios com seus devidos componentes e posicionamentos em


um vista tridimensional, onde as paredes aparecem translúcidas para melhor visualização interna.
Figura 4 –  Vista isométrica da estação de tratamento de efluentes.

3. 1.  Dimensionamento da tubulação.


A vazão (Q) necessária é de 5 metros cúbicos por hora e com esse dado e sabendo que o ma-
terial da tubulação é o PVC, pode-se calcular o diâmetro da tubulação, a velocidade de escoamento
e o número Reynolds para prever o tipo de escoamento do fluido.

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De acordo com a tabela 2, o diâmetro da tubulação de recalque deve ser maior ou igual a 1,5
polegadas.

Tabela 7 –  Perda de carga (%) em tubulações plásticas a cada 100 metros [5].

A velocidade de escoamento é calculada pela equação 1, e sendo o diâmetro da tubulação de


, então:

O número de Reynolds (Re) pode ser calculado pela equação 2:

Sendo a viscosidade cinemática da água dada por [6], então:

Como o número de Reynolds (Re) é maior do que 2400, o escoamento é classificado por tur-
bulento.“Escoamento turbulento é aquele em que as partículas apresentam um movimento aleató-
rio macroscópico, isto é, a velocidade apresenta componentes transversais ao movimento geral do
conjunto do fluido” [6, p. 69].

De acordo com a tabela 3, a perda de carga na tubulação () de 1,5 polegadas para uma vazão
de cinco metros cúbicos é de 4 % a cada 100 metros de tubulação.

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Tabela 8 – Valores característicos das singularidades ou conexões [5].

Utilizando valores do parâmetro k da tabela 2, pode-se calcular a perda de carga localizada na


curva de 90 graus e na válvula de pé por meio da equação 3.

Logo, a perda de carga localizada na curva de 90 graus e na válvula de pé, será aproximada-
mente 2,9% e 12,8% respectivamente.

3. 2.  Dimensionamento da Bomba hidráulica.


Para dimensionar a bomba precisa-se calcular a altura manométrica com as perdas decorren-
tes da tubulação e das conexões calculadas anteriormente. As dimensões podem ser obtidas por
meio da figura 5.

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Figura 5 – Bomba de recalque do tanque de efluente bruto.

Neste caso, o cálculo das perdas de carga () total é a soma da perda de carga no tubo com a
perda de carga nas duas curvas, assim:

Já a altura manométrica () é dada pela soma do desnível entre os dois reservatórios () com a
perda de carga total, assim:

Com esse valor é possível selecionar a potência da bomba por meio da tabela 3. A bomba mais
apropriada para essa aplicação é a moto bomba centrífuga da Schneider modelo BC-98 de 0,5 cv ou
368 W / 220 V, 3500 rpm, 4 mca, 5,6 kg.

Tabela 9 –  Características hidráulicas para a seleção da moto bomba [7].

3. 3.  Painel elétrico


Após o cálculo da potência da bomba, cuja valor é de 380 W e sendo o sistema de ligação da
rede elétrica da empresa é trifásico, tem-se a potência aparente dada pela equação 4.

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Sendo ( PR ), a potência real obtida pelo cálculo da bomba e ( PA) a potência aparente com um
fator de potência de 0,9, ou seja, somente 90% da energia gasta pelo motor será aproveitada para
realizar trabalho. Com o valor da potência aparente pode-se calcular a corrente elétrica do motor
pela equação 5

A corrente nominal ( IN ) do motor elétrico da bomba d’água será de aproximadamente 1,2 A.


Logo, o relé térmico deve ter uma faixa de ajuste que atenda a esta corrente requisitada. O disjuntor
de proteção mais próximo acima desta corrente é de 5A e deve ter uma curva tipo c devido à carga
ser motor elétrico, o qual tem uma corrente de pico na partida.

Assim, a corrente de partida do motor será calculada por:

Como a corrente de partida do motor é de aproximadamente 6 A, logo a contatora deve su-


portar uma corrente elétrica igual ou superior a 6 A e deve ser de categoria AC-3, a qual é designada
para o acionamento de motores elétricos.

3. 4.  Circuito elétrico


A figura 6 representa o esquema elétrico da estação de tratamento de efluentes, onde: (ch1)
é a chave geral do painel elétrico, (q1 a q4) são disjuntores de proteção do circuito elétrico, (k1 a k3)
são as contatoras dos motores elétricos, (e1 a e3) relés térmicos para a proteção dos motores contra
sobre carga, (m1 a m3) motores elétricos das bombas e agitador, (f1), fonte de alimentação 24 volts
corrente contínua para alimentar o clp e os sensores, (b1 e b2) botão de emergência e inicia/pára
processo respectivamente, (s1 a s6) sensores de nível para os tanques de tratamento, (v1 a v4) eletro-
válvulas para o controle de fluxo do efluente.

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Figura 6 – Diagrama elétrico da estação de tratamento de efluentes.

3. 5.  Sistema de controle e supervisão do processo


Para controlar o processo será utilizado um controlador lógico programável (clp), equipamen-
to eletrônico micro processado que executa um determinado programa criado pelo usuário. Neste
caso o programa de controle da estação de tratamento de efluentes.

O programa foi desenvolvido em linguagem ladder (escada) que é a mais utilizada na programa-
ção de controladores lógicos, sendo que parte desse programa está representado na figura 7. O pro-
grama é sequencial, logo todo processo é executado passo a passo conforme descrito anteriormente.
Figura 7 – Programa em Ladder, desenvolvido no LAD Editor da WEG.

4. RESULTADOS
De acordo com a tabela 5, a potência total instalada será de 1360 W. Para determinar o consu-
mo médio de energia elétrica, deve-se levar em conta que a estação irá operar com aproximadamen-
te trinta por cento da sua potência, vinte e quatro horas por dia durante seis dias na semana, então

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têm-se o seguinte:

Tabela 10 – Potência elétrica da estação de tratamento de efluentes.


Descrição Potência (W) Qt. Subtotal (W)
Motobomba d’água 380 3 1140
Controlador lógico programável (clp) 100 1 100
Fonte de alimentação 220VAC/24VDC 120 1 120
Potência total: 1360

Logo, o consumo de energia elétrica será de aproximadamente 235 kW/mês, sendo o valor
vigente até a presente data de R$ 0,238 por kWh [8], o valor mensal seria de aproximadamente R$
55,93

Em contra partida, sabendo que a vazão de água é de 5 metros cúbicos por hora, levando em
consideração a mesma quantidade de horas de operação do cálculo anterior, temos:

Sendo o valor do metro cúbico de água R$ 3,50, a economia de água seria de aproximadamen-
te R$ 3.024,00 [9].

Para implantação dessa automação, há a necessidade de adquirir um conjunto que equipa-


mentos e que são contabilizados conforme tabela 6. Estes valores foram obtidos por meio do site do
fornecedor [10] e servem como base para ter uma ideia do custo real na automatização da estação
de tratamento de efluentes. A empresa já possui todos os tanques e filtros, assim como o filtro prensa
e algumas tubulações que não requerem alteração.

Tabela 11 – Custo para a automatização da ETE (cotado em fevereiro de 2017).


Descrição Valor (R$) Quant Subtotal (R$)
Moto bomba SCHNEIDER BC-98-1/2CV 417,00 3 1.251,00
CLP WEG CLIC 02 20HR 1.223,00 1 1.223,00
Sensor de nível automático VOLTAM 37,00 6 222,00
Fonte chaveada 24/5A ANDELLI1 45,00 1 45,00
Disjuntor SIEMENS tripolar 10A - curva C 42,00 1 42,00
Disjuntor SIEMENS tripolar 4A - curva C 42,00 3 126,00
Disjuntor SIEMENS bipolar 2A - curva B 34,00 1 34,00
Relé térmico WEG RW27D -1,2 a 1,8 A 62,00 3 186,00
Contator tripolar WEG CW07 220V/7A 38,00 3 114,00
Chave geral rotativa STECK D2T-A3-25A 99,00 1 99,00
Chave duas posições auto/manual STECK SLMB-8 12,00 1 12,00
Botão liga/desliga bomba pulso verde STECK 7,80 3 23,40
Canaleta de 3 metros 30x50mm DUTOPLAST 10,55 1 10,55
Cabo flexível 2,5 mm² preto (Rolo de 100 metros) 58,90 1 58,90
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Tabela 11 – Custo para a automatização da ETE (cotado em fevereiro de 2017).


Descrição Valor (R$) Quant Subtotal (R$)
Cabo flexível 2,5 mm² verde (Rolo de 100 metros) 58,90 1 58,90
Cabo flexível 4 mm² preto (Rolo de 100 metros) 110,00 1 110,00
Eletroduto galvanizado 3/4” x 3 metros 10,50 10 105,00
Condulete tipo “x” em alumínio 3,40 20 68,00
abraçadeira 3/4” tipo “d” com cunha 1,15 20 23,00
Cano marrom pvc 1.1/2” x 3 metros TIGRE 29,00 10 290,00
Curva 90º 1.1/2” em pvc TIGRE 7,49 15 112,35
Conexão tipo “t” 90º 1.1/2” em pvc TIGRE 8,39 2 16,78
Válvula de pé 1.1/2” em pvc TIGRE 69,90 1 69,90
Cola para tubo pvc 175g TIGRE 10,91 1 10,91
Valor total: R$ 4.311,69

De acordo com os valores de energia elétrica e de água fornecidos pelas empresas conces-
sionárias, o consumo mensal de energia elétrica seria de aproximadamente R$ 55,00 e a economia
de água seria de aproximadamente de R$ 3024,00. O custo efetivo para a implantação do sistema
automatizado na estação de tratamento de efluentes seria de aproximadamente R$ 4.300,00. Obser-
vando esses valores, em apenas dois meses, a economia de água cobriria o custo de implantação do
sistema, sendo que o custo de energia elétrica mensal é muito inferior à economia de água gerada
por este sistema.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo foi desenvolvido em uma empresa de embalagens localizada na zona norte de São
Paulo, onde existe uma estação de tratamento de efluentes (ETE), que possui processo de impressão
flexográfica.

Quando é realizado o Setup do equipamento a mesma passa por limpeza afim de se retirar
toda a tinta que ficou no interior da maquina e nos seus compartimento, essa limpeza ocorre por
que a maquina recebera um novo pedido de embalagens, dessa forma é gerado o resíduo que é
direcionado a estação de tratamento de efluentes(ETE).

Levando em consideração a melhora do processo, confiabilidade dos resultados sem a neces-


sidade da operação manual, foi apresentada a empresa o artigo sobre a automação da planta da
estação de tratamento de efluentes (ETE), contendo os estudos e melhorias necessárias para se obter
um sistema adequado ao tratamento de efluentes gerado pela empresa.

A empresa aprovou a idéia, ressaltando a confiabilidade de informações. O sistema automa-


tizado resulta em economia gerada durante todo o processo e a garantia da qualidade do efluente,
destacando como é viável a implantação desse sistema automatizado.

REFERÊNCIAS
Resolução nº 430. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2011. Disponível em: <http://www.

Revista AcadêmicaIntegra/Ação, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 85-98, jan./jun. 2017.


ISSN 2594-4878| e-ISSN 2594-4878| doi: 10.22287/raia.v1i1.529
DE SOUSA, E. A., DA SILVA, J. B., MACHADO, R. M., DE ASSUMPÇÃO, A. A., GALDINO, L.: PROPOSTA DE AUTOMAÇÃO DO
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INFORMAÇÕES DOS AUTORES


Enes Amaral de Sousa. Graduando em Engenharia Mecatrônica pelo Centro Universitário ENIAC -
E-mail: 203992013@eniac.edu.br

José Beroaldo da Silva. Graduando em Engenharia Mecatrônica pelo Centro Universitário ENIAC. -
E-mail: 261872010@eniac.edu.br

Ronnie Mario Machado. Graduando de Engenharia Mecatrônica pelo Centro Universitário ENIAC -
E-mail: 202382013@eniac.edu.br

Revista AcadêmicaIntegra/Ação, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 85-98, jan./jun. 2017.


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DE SOUSA, E. A., DA SILVA, J. B., MACHADO, R. M., DE ASSUMPÇÃO, A. A., GALDINO, L.: PROPOSTA DE AUTOMAÇÃO DO
98 PROCESSO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS DE PAPEL

Thiago Alexandre Alves de Assumpção. Doutor e Mestre em Ciências Exatas e da Terra na área de
Microeletrônica (Eng. Elétrica) pela Escola Politécnica da USP e Tecnólogo em Materiais, Processos e
Componentes Eletrônicos pela Fatec-SP – E-mail: taa.assumpcao@gmail.com.

Luciano Galdino. Mestre em ciências Exatas e da Terra na área de Física Nuclear pela USP, especializado
em Física pela USP e Licenciado em Matemática pela UNG - E-mail: lucianogaldino1@yahoo.com.
br

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