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Objectivos de Aprendizagem
Até ao fim da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Mencionar a origem embriológica dos músculos.
2. Listar os componentes dos músculos.
3. Diferenciar os distintos tipos de músculo: estriado, cardíaco e liso.
4. Descrever a fisiologia geral do músculo estriado: teoria dos filamentos
deslizantes, contracção muscular.
5. Identificar os diferentes tipos de movimento muscular.
6. Definir tónus muscular.
7. Descrever a estrutura e a função de um tendão.
8. Descrever a estrutura e a função de um ligamento.
Estrutura da Aula
1 Introdução à Aula
2 Músculos: Generalidades
5 Pontos-chave
Anatomia/Fisiologia
1º. Semestre (Versão 2.0)
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Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Modelo anatómico artificial móvel mostrando os grupos musculares (1 por turma).
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser
entregue:
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BLOCO 1: INTRODUÇÃO À AULA
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2.4.1. É derivado do mesoderma, e têm certas características diferenciais com o
esquelético:
Têm um arranjo parecido ao músculo estriado, mas com um único núcleo
em cada fibra, de posição central.
Tem terminações ramificadas que servem para comunicar umas fibras com
outras mediante “discos intercalares”.
2.4.2. Algumas delas são diferenciadas em células capazes de produzir e transmitir
estímulos eléctricos (“células neuro-musculares”). São delas que parte o
impulso que se transmite por todo o coração e que resulta numa contracção
rítmica e sincronizada (batimento cardíaco).
2.5. O Músculo liso involuntário, chamado assim por não apresentar o aspecto em
bandas do músculo estriado e por ser de contracção involuntária (inervado pelo
Sistema Nervoso Autónomo).
2.5.1. Formam parte das paredes dos órgãos com mobilidade (intestino, vasos, útero,
…). As fibras são células com núcleo único e miofibrilas grossas e finas (como
no estriado), mas sem arranjo regular (pelo que não formam as bandas). Pode
ser:
Visceral (Unitário), derivado do mesoderma, formando feixes com fibras
muito unidas (para transmitir impulsos eléctricos) que são capazes de se
contrair na ausência de estímulo nervoso (vísceras ocas e tubos
contrácteis).
Multiunitário, derivado do ectoderma , com fibras separadas que precisam
estímulo nervoso (independente para cada uma) para se contrair (como na
íris do olho).
3.1. Por ser os únicos que formam parte do sistema músculo-esquelético, os músculos
estriados são os estudados nestas aulas, ficando os outros dois tipos inseridos nas
correspondentes aulas de coração e vísceras ocas.
3.2. Tipos de músculos estriados. Se podem classificar considerando diferentes
parâmetros
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3.2.1. Quanto a sua situação:
Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e inserem na camada
profunda da derme. Estão localizados na crânio, na face, no pescoço (como
o “músculo platisma”) e na mão (região hipotenar).
Profundos ou Subaponeuróticos: Se inserem em ossos e estão localizados
abaixo da fáscia superficial.
3.2.2. Quanto a sua função:
Agonistas, músculos principais que pela sua contracção activam um
movimento específico do corpo (para flexionar o cotovelo, agonistas são o
bíceps braquial).
Antagonistas, músculos que se opõem à acção dos agonistas (quando o
agonista se contrai, o antagonista relaxa progressivamente), produzindo um
movimento suave (o triceps braquial é antagonista na flexão do cotovelo).
Sinergistas, músculos que estabilizam as articulações para reforçar a acção
do músculo agonista principal (sinergistas da acção anterior são os
músculos que estabilizam cotovelo e ombro).
Fixadores, músculos que estabilizam a origem do agonista de modo que ele
possa agir mais eficientemente (estabilizam a raiz do membro quando
move-se a parte distal).
O conceito de agonista-antagonista é relativo, pelo que um mesmo músculo
pode ser agonista para um certo tipo de movimento, mas antagonista para outro
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longos os mais superficiais, podendo saltar duas ou mais articulações para
se inserir em ossos que não estão directamente em contacto. Podem ter um
ou mais ventres e inserções (como o bíceps braquial).
Curtos é caracterizado por apresentar as três dimensões relativamente
similares. Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca
amplitude, mas que podem estar envolvidos em movimentos muito
especializados ou que requerem muita força (como os músculos da mão).
Largos ou planos é caracterizado por apresentar um comprimento
semelhante à largura e muito superior a espessura. Caracterizam-se por
serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes cavidades
(como os da parede abdominal).
Circulares é caracterizado por apresentar a forma circular. Circundam um
orifício ou abertura do corpo, fechando-o quando se contraem (como o
esfíncter anal).
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3.3.2. Tendão é o prolongamento (de tecido conjuntivo denso, com aspecto de fita ou
cilindro) do músculo, que serve para a fixação do ventre muscular em ossos,
tecido subcutâneo ou cápsulas articulares.
Os músculos têm tendões “de origem” (ligados a partes ósseas imóveis ou a
partes ósseas mais proximais à raiz do membro) e “de inserção” (ligados à
partes móveis e distais).
Aponeurose é um tendão plano formado por una lâmina de conjuntivo denso
com fibras colágenas paralelas em forma de lâminas ou leques (como os
que inserem os músculos largos do abdómen).
Ligamentos (vide Aula 9) não são tendões nem partes de estes (com os que
não se devem confundir), mas sim espessamentos das cápsulas articulares
ou das fáscias, que reforçam as articulações protegendo-as ao limitar os
movimentos extremos.
3.3.3. Outros tecidos conjuntivos associados ao músculo que dão suporte e estrutura
incluem:
Fáscias superficiais e profundas: lâminas fibrosas (colágena densa
entrecruzada) que recobre todos os elementos profundos (grupos
musculares, com pacotes vasculo-nervosos,…), separando estruturas em
compartimentos.
Fáscia muscular: lâmina fibrosa, que circunda (envolve) cada músculo,
individualizando-o e dando continuidade entre o ventre muscular e os
tendões.
Epimísio: por dentro da fáscia muscular, é a camada mais externa de tecido
conjuntivo, que circunda todo o músculo.
Perimísio: camadas dentro do músculo que o dividem em grupos de 10 a
100 ou mais fibras musculares individuais, separando-as em feixes
chamados “fascículos” (podem ser vistos a olho nu).
Endomísio: fino revestimento conjuntivo que penetra no interior de cada
fascículo e separa as fibras musculares individuais.
3.3.4. Bainhas tendinosas são membranas fibro-serosas que formam pontes ou túneis
entre as superfícies ósseas dentro das quais deslizam os tendões, facilitando a
sua função.
3.3.5. Bolsas sinoviais são pequenas cavidades fibro-serosas que contêm líquido
sinovial, que situadas entre ossos e tendões e músculos, facilitam o
deslizamento destes.
3.3.6. Vasos. Todo músculo recebe a nutrição a partir de uma (ou várias) artérias que
se dividem amplamente pelas estruturas conjuntivas para chegar a todas as
fibras. Existe um sistema paralelo venosos de retorno.
3.3.7. Nervos. Junto com os vasos, acostumam entrar no músculo nervos motores
(trazem as ordens para a contracção), formando “pacotes vásculo-nervosos”.
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Figura 5. Anatomia do músculo estriado.
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4.1.2. Estabilização da posição do corpo, mediante a manutenção de um tónus
muscular que fixa as articulações em posições de repouso (ficar em pé, sentar,
…).
4.1.3. Facilitação do fluxo de linfa e de retorno do sangue para o coração, mediante a
contracção rítmica dos músculos dos membros (ao caminhar,…).
4.1.4. Produção de calor, já que quando o tecido muscular se contrai produz calor,
que é liberado é usado na manutenção da temperatura corporal.
4.2. As propriedades mecânicas dos músculos são:
4.2.1. Excitabilidade, capacidade de responder (com contracção) a um estímulo
químico, mecânico ou eléctrico (como quando recebemos um “esticão”).
4.2.2. Contractilidade, capacidade de diminuir activamente de comprimento, perante
estímulos eléctricos ou mecânicos. É um processo de transformação de energia
química em energia mecânica. Pode ser:
“Contracção tónica” ou “Tônus muscular”, ligeira contracção sempre
existente nos músculos do indivíduo consciente, que lhes confere uma certa
firmeza, ajudando na estabilidade das articulações e na manutenção da
posição corporal, e mantendo o músculo sempre preparado para uma
contracção rápida.
“Contracção fásica (activa) isotónica” é quando o músculo encurta durante
uma contracção, mantendo uma tensão constante durante toda a
contracção. É responsável pelos movimentos do corpo. Por exemplo, a
contracção isotónica do bíceps braquial provoca a flexão do cotovelo.
“Contracção fásica (activa) isométrica” é quando o músculo não encurta
durante a contracção.. É responsável pela postura e sustentação de
objectos em posição fixa. Por exemplo, como o cotovelo já flexionado, a
contracção isométrica do bíceps braquial é capaz de suportar um peso,
como quando se carrega um objecto pesado.
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Figura 7: Contracção Isométrica e Isotónica
4.2.3. Extensibilidade, pela que o músculo, independentemente da sua
contractilidade, pode-se alongar passivamente até um certo limite.
4.2.4. Elasticidade, capacidade de recuperar a forma e comprimento original depois
de uma mudança passiva ou activa destes.
4.3. Estruturas que intervêm no mecanismo de contracção.
4.3.1. Unidade motora é um grupo de fibras musculares (entre 10, em músculos de
movimentos muito finos, e 1.000 em músculos grosseiros) associadas funcional
e bioquimicamente (se comunicam por sinais eléctricos e moleculares), pelo que
são capazes de se contrair ao mesmo tempo.
Cada unidade motora é inervada por uma única fibra nervosa motora (que leva
a ordem para se contraírem).
4.3.2. Placa motora ou Junção neuromoscular é uma estrutura de comunicação entre
a terminal da fibra nervosa e o sarcolema da fibra muscular.
Quando chega um impulso nervoso a terminal nervosa, esta libera vesículas
com acetilcolina (neurotransmisor), capazes de provocar um impulso químico
pelo sarcolema e retículo sarcoplásmico da fibra muscular,
Este impulso libera Ca++ desde o retículo às miofibrilas, onde provoca
mudanças estruturais nas uniões entre filamentos finos e espessos, permitindo
a contracção dos sarcómeros.
4.3.3. A contracção efectua-se pelo deslizamento dos filamentos finos (em cada
extremidade dum sarcómero em direcção ao outro) entre os filamentos
espessos estacionários.
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4.4.4. Uma descarga intermitente de estímulos de alta frequência causa contracção
prolongada e de magnitude crescente (“tetánia”).
4.4.5. Uma descarga contínua de estímulos leva a uma contracção fraca (“fadiga”) e a
uma recuperação incompleta (“contractura”).
o Algumas horas após a morte, todos músculos do corpo entram num estado de
contractura conhecido como “rigidez cadavérica” (ou rigor mortis), ou seja, os
músculos se contraem e ficam rígidos. Essa rigidez resulta da perda de todo
ATP que é necessário para a separação das pontes cruzadas dos filamentos de
actina durante o processo de relaxamento. Esta situação dura 15 a 25 horas,
quando as proteínas musculares degeneram.
BLOCO 5: PONTOS-CHAVE
5.1. O tecido muscular está composto por fibras (células musculares) com capacidade de
se contraírem, dando movimento às estruturas às que estão ligados.
5.2. Há três tipos de tecido muscular morfológica e funcionalmente diferentes: estriado (de
contracção voluntária, que forma os músculos que mexem o esqueleto), cardíaco (de
contracção involuntária, que forma as paredes do coração) e liso (de contracção
involuntária, que forma as paredes das vísceras ocas).
5.3. Os grupos musculares funcionam por balanço entre opostos (“agonistas”, que
favorecem um certo movimento, e “antagonistas”, que se oporem aos anteriores).
5.4. Um músculo esquelético típico está formado por: ventre, fáscia muscular que a
envolve, tendão que o insere aos ossos, e conjuntivo estrutural (epimísio, perimísio e
endomísio).
5.5. As funções dos músculos estriados são: produzir movimentos voluntários, estabilizar a
posição do corpo, facilitar o fluxo de linfa e de retorno do sangue para o coração, e
produzir calor.
5.6. O músculo tem propriedades de excitabilidade (responder a um estímulo),
contractilidade (mudar o seu comprimento), extensibilidade (deixar-se estender) e
elasticidade (voltar à posição de repouso).
5.7. A contracção do músculo é iniciada por um estímulo nervoso eléctrico que chega até a
placa motora onde libera neurotransmissores que provocam uma liberação massiva
de cálcio num grupo de fibras musculares comunicadas (unidade motora), provocando
uma contracção sincronizada.
5.8. A contracção muscular ocorre pelo encurtamento do sarcómero (unidade funcional
das miofibrilas) quando se deslizam grupos sobrepostos de diferentes miofibrilas.
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