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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA –DELL

LETRAS - PORTUGUÊS E INGLÊS

IGOR CARDOSO RIBEIRO DE ANDRADE

KAROLINNE DE SOUZA TINOCO

LUIZ HENRIQUE SOARES DA SILVA

MATHEUS HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA

RENAN RODRIGUES DUARTE

Questionário sobre a Teoria Estruturalista

Ibirité, 09 de agosto de 2021


IGOR CARDOSO RIBEIRO DE ANDRADE

KAROLINNE DE SOUZA TINOCO

LUIZ HENRIQUE SOARES DA SILVA

MATHEUS HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA

RENAN RODRIGUES DUARTE

Questionário sobre a Teoria Estruturalista

Questionário sobre a Teoria Estruturalista, para


a disciplina de Fundamentos da Linguística.

Professora: Jaqueline dos Santos Batista


Soares

Ibirité, 09 de agosto de 2021


1. Comente a afirmativa saussuriana:

“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua


solidariedade sincrônica” (Saussure, 1975).

A distinção feita por Saussure entre a investigação diacrônica e a


investigação sincrônica representa duas rotas que separam a linguística
estática da linguística evolutiva. “É sincrônico tudo quanto se relacione com o
aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às
evoluções. Assim, o estudo sincrônico de uma língua tem como finalidade a
descrição de um determinado estado dessa língua em um determinado
momento no tempo.
O estruturalismo proposto por Saussure não apenas aponta as
diferenças entre essas duas formas de investigação, mas, sobretudo, registra a
prioridade do estudo sincrônico sobre o diacrônico. Ou seja, para Saussure, o
lingüista deve estudar principalmente o sistema da língua, pois, para os
falantes que não têm informações acerca da história evolutiva de sua língua, a
realidade dela é o seu estado sincrônico.

2. Defina os conceitos de língua e fala a partir da concepção


estruturalista.

Seguindo as idéias de dicotomias de Saussure, a linguagem deve ser


tomada como um objeto duplo, uma vez que o “fenômeno linguístico apresenta
perpetuamente duas faces que se correspondem e das quais uma não vale
senão pela outra” (Saussure, 1975, p. 15). Assim sendo, a linguagem tem um
lado social: a língua; e um lado individual: a fala; sendo impossível conceber
uma sem a outra.
Para o linguista, a língua é um sistema supra-individual utilizado como
meio de comunicação entre os membros de uma comunidade. Sua existência
decorre de uma espécie de contrato implícito que é estabelecido entre esses
membros, daí seu caráter social. Portanto, o indivíduo, sozinho, não pode criar
nem modificar a língua.
Diferentemente, a fala constitui o uso individual do sistema que
caracteriza a língua. Nas palavras de Saussure (1975), é “um ato individual de
vontade e de inteligência” (p. 22). Trata-se, portanto, da utilização prática e
concreta de um código de língua.
Dessa forma, a língua é a condição da fala, uma vez que, quando
falamos, estamos submetidos ao sistema estabelecido de regras que
correspondem à língua, de modo que o objeto de estudo específico da
linguística estrutural é a língua, e não a fala, sendo esta última tomada como
objeto secundário.

3. Um dos postulados de base da linguística estrutural é que o signo é


arbitrário. Explique o que significa essa afirmação.

Afirmar que o signo linguístico é arbitrário, como fez Saussure (1975), significa
reconhecer que não existe uma relação necessária, natural, entre a
sua imagem acústica (seu significante) e o sentido a que ela nos remete (seu
significado). Contudo, ele reconhece que a arbitrariedade é limitada por
associações e motivações relativas: assim, “vinte” é imotivado, mas “dezenove”
não é no mesmo grau, porque evoca os termos dos quais se compõe, “dez” e
“nove”. No entanto, esses exemplos são pouco numerosos e, como observa o
autor, a língua é social, portanto, não está ao alcance do indivíduo nela
promover mudanças.

4. A linguística estrutural reconhece o princípio saussuriano de que


todo mecanismo linguístico repousa sobre relações de dois tipos:
paradigmáticas e sintagmáticas. Explique tal princípio.

As relações sintagmáticas decorrem do caráter linear da linguagem e se


relacionam às diversas possibilidades de combinação entre essas unidades.
Essa análise pode se dar no nível fonológico, no nível morfológico e no nível
sintático. No nível morfológico, por exemplo, os morfemas se unem para formar
a palavra.
Além das relações sintagmáticas que dizem respeito à distribuição linear
das unidades na estrutura, as línguas apresentam relações paradigmáticas. As
relações paradigmáticas manifestam-se como relações in absentia, pois para
ela as línguas apresentam relações associativas que dizem respeito à
associação mental que se dá entre a unidade linguística que ocupa um
determinado contexto (uma determinada posição na frase) e todas as outras
unidades ausentes que, por pertencerem à mesma classe daquela que está
presente, poderiam substituí-las nesse mesmo contexto.
Assim, a palavra “livreira”, por exemplo, está associada a elementos
como “livro” e “livraria” a partir do radical que está na base desses elementos.
Bem como podemos estabelecer outra série de relações paradigmáticas
tomando como base o sufixo: “leiteiro”, “sapateiro”, “garimpeiro”, entre outros.
Adotando uma perspectiva estruturalista, podemos afirmar, então, que o
que permite o funcionamento da língua é o sistema de valores constituído pelas
associações, combinações e exclusões verificadas entre as unidades
linguísticas.

5. A afirmativa de que a “linguística tem por único e verdadeiro objeto


a língua considerada em si mesma e por si mesma”, que finaliza o
texto do Curso de linguística geral, é fundamental para que
possamos compreender os postulados de Saussure. Faça alguns
comentários a respeito dessa questão.

Uma vez afirmada como ciência, delimitando objeto e metodologia


próprios, a linguística reivindica sua autonomia em relação às outras áreas do
conhecimento. No passado, o estudo da linguagem se subordinava, por
exemplo, às investigações da Filosofia através da Lógica.
Sobretudo a partir do início do século XX, com a publicação do Curso de
linguística geral (marco inicial da chamada linguística moderna), instaura-se
uma nova postura, e os estudiosos da linguagem adquirem consciência da
tarefa que lhes cabe: utilizando-se de uma metodologia adequada, estudar,
analisar, e descrever as línguas a partir dos elementos formais que lhe são
próprios. Essa abordagem estruturalista de Saussure (1975) entende que a
língua é forma (estrutura), e não substância (a matéria a partir da qual ela se
manifestou).  
Essa concepção de linguagem tem como consequência o princípio de
que a língua deve ser estudada em si mesma e por si mesma. Nessa
perspectiva, ficam excluídas as relações entre língua e sociedade, língua e
cultura, língua e distribuição geográfica ou qualquer outra relação que não seja
absolutamente relacionada com a organização interna dos elementos que
constituem o sistema linguístico.

6. A partir da leitura do texto aponta três características da linguística


descritiva norte-americana (distribucionalismo) que fazem dela uma
vertente do estruturalismo saussuriano.

O objetivo da teoria formulada por Bloomfield é a elaboração de um


sistema de conceitos aplicáveis à descrição sincrônica de qualquer língua.
Dentre alguns elementos convergentes com o estruturalismo, podemos apontar
os seguintes pressupostos:

 a. A estruturação é evidenciada a partir de três níveis – o fonológico, o


morfológico e o sintático – que constituem uma hierarquia;

b. Cada nível é constituído por unidades do nível imediatamente inferior: as


construções são sequências de palavras; as palavras, sequência de morfemas;
os morfemas, fonemas;

c. Cada unidade é definida em função de sua posição estrutural – de acordo


com os elementos que a precedem e que a seguem na construção.

Em suma, a linguística descritiva tem como método a observação de


um corpus para descrever seus elementos constituintes de acordo com a
possibilidade de eles se associarem entre si de maneira linear. Ou seja, as
partes de uma língua apresentam certas posições particulares relacionadas
umas às outras. Trata-se, portanto, de um método puramente descritivo e que
corrobora o entendimento de que todas as frases de uma língua são formadas
pela combinação de construções – os seus constituintes -, e não de uma
simples sequência de elementos discretos.
7. Ferdinand de Saussure estabeleceu 4 pares de conceitos
consensualmente chamados dicotomias, sem os quais a
Linguística atualmente não prescindirá para seus estudos. Explicite
cada uma dessas quatro dicotomias e explique as distinções
existentes entre elas.

a. língua x fala

A oposição desses dois conceitos se deve pelo fato de a língua ser uma
construção coletiva, enquanto a fala é uma propriedade individual. Por
exemplo, no Brasil, todos falamos a Língua Portuguesa, porém, pessoas que
moram em diferentes regiões do país podem usar termos diferentes para
designar as mesmas coisas, como é o caso de MANDIOCA; MACAXEIRA -,
entre outras palavras.

b. sincronia x diacronia

Para melhor entender esta dicotomia, seria bom remontar a origem das
palavras: ambos os termos são gregos, sendo sincronia constituído
de syn juntamente com chórnos (tempo), significando ao mesmo tempo.
Enquanto diacronia parte-se de dya - através, e chórnos , tempo,
significando através do tempo. Isso quer dizer que a sincronia é o estudo
estático da língua. Baseia-se em estudar a palavra em torno de si mesma.
Tomando como exemplo a palavra você, sincronicamente falando,
podemos dizer que ela é um pronome de tratamento usado entre iguais, que
possui quatro letras e quatro fonemas.
A forma diacrônica, por sua vez, trata-se do estudo das mudanças que a
palavra sofreu de acordo com o decorrer do tempo, estudo histórico. Usando
como exemplo a palavra farmácia, podemos notar que ela sofreu mudanças em
sua ortografia, de pharmacya para farmácia.

c. paradigma x sintagma
O sintagma, definido por Saussure (1975) como a "comunicação de
formas mínimas numa unidade linguística superior," surge a partir de uma
linearidade do signo, ou seja, ela exclui a possibilidade de pronunciar dois
elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a partir do
momento que ele contrasta com outro elemento.
O paradigma é definido como um banco de reservas da língua, fazendo
com que suas unidades se opunham, pois uma exclui a outra. O paradigma é o
eixo vertical das escolhas (o eixo por meio do qual eu escolho qual a próxima
palavra que constituirá o meu discurso).
Para exemplificar, podemos usar a seguinte frase:

Ela comprou um carro novo.

Este é o meu eixo sintagmático, a concretização, aquilo que eu escolhi.


O eixo paradigmático é o eixo das possibilidades, aquilo que não foi escolhido.
No lugar de "ela", o autor do frase poderia ter escolhido "Bia", "Marcos", "ele",
"Maria", "nós"; "vendeu", "roubou", “compramos", "perdeu"; "um", "dois",
"quatro"; "aviões", "barcos", "caminhões"; "usado", "antigos", "do ano", "azuis",
etc.
Este é o eixo paradigmático.

d. Significado x Significante

Significado é o sentido real da palavra, aquilo que é encontrado no


dicionário.
Significante é algo mais subjetivo, que varia de indivíduo para indivíduo.
É aquilo que determinado objeto significa para nós, imagem acústica, psíquica.

8. Referências Bibliográficas

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística Geral. Charles Bally e Albert


Sechehaye (orgs.). 5 ed. São Paulo: Cultrix, 1975.

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