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Teoria do Crime

Professora Tatiana Badaró


Professora Tatiana Badaró

Doutora e Mestre em Direito Penal pela UFMG

Bacharel em Direito pela UFMG

Professora de Direito e Processo Penal em


cursos de graduação e pós-graduação

Advogada criminalista
Princípios constitucionais em matéria penal

Definição

Diretrizes fundamentais, expressas ou implícitas ao


texto constitucional, que orientam a criação e
compreensão do direito penal.
Princípios constitucionais em matéria penal

Definição

Originam-se, por meio de um processo histórico-


político, nos valores ético-culturais e jurídicos
vigentes em uma comunidade social.
Princípios constitucionais em matéria penal

Definição

Atuam como alicerce da teoria do delito e da pena e


como limite ao poder punitivo do Estado, baseado
nas liberdades e direitos fundamentais. Logo,
funcionam como fundamento e limite da
responsabilidade penal.
Princípios constitucionais em matéria penal

Princípio da legalidade
Princípio da culpabilidade
Princípio da ofensividade
Princípio da intervenção mínima
Princípios constitucionais em matéria penal

Princípio da individualização das penas

Princípio da proporcionalidade das penas

Princípio da humanidade das penas

Princípio da pessoalidade das penas


Princípio da legalidade

Nullum crimen, nulla poena, sige lege

Art. 5º, inciso XXXIX, CRFB - não há crime sem lei


anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Princípio da legalidade

Nullum crimen, nulla poena, sige lege

Art. 1º do Código Penal - Não há crime sem lei


anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Princípio da legalidade

História do princípio

Revoluções liberais do século XVIII:


Constituições de Estados Federados americanos
(1776) e Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão (1789).
Princípio da legalidade

História do princípio

Regimes totalitários do século XX: A lei alemã


foi alterada, em 1935, para definir crime como a
conduta que “afronta o são sentimento do povo”
e admitir a analogia in malam partem.
Princípio da legalidade

Fundamentos do princípio

Estado de Direito
Divisão de poderes
Prevenção geral
Princípio da culpabilidade
Princípio da legalidade

Princípio da reserva legal

Apenas a lei em sentido estrito - editada pelo


Congresso Nacional, de competência da União,
ordinária ou de hierarquia superior - pode criar
crimes e cominar penas.
Princípio da legalidade

Princípio da reserva legal

E os tratados internacionais?

E as leis penais em branco?


Princípio da legalidade

Infração de medida sanitária preventiva


Art. 268 do CP - Infringir determinação do poder público,
destinada a impedir introdução ou propagação de
doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Princípio da legalidade

Infração de medida sanitária preventiva


Art. 268 do CP - Infringir determinação do poder público,
destinada a impedir introdução ou propagação de
doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Princípio da legalidade

Corolários

Nullum crimen, nulla poena, sine lege stricta


Nullum crimen, nulla poena, sine lege scripta
Nullum crimen, nulla poena sine lege praevia
Nullum crimen, nulla poena sine lege certa
Princípio da legalidade

1. Nullum crimen, nulla poena, sine lege stricta

Proibição da analogia in malam partem

- Analogia é um método de preenchimento de


lacunas pelo qual se transporta uma regra
jurídica a outro caso não regulado em lei por
meio do argumento da semelhança.
Princípio da legalidade

1. Nullum crimen, nulla poena, sine lege stricta

Proibição da analogia in malam partem

- A analogia in bonam partem (isto é, em benefício


do réu) é permitida no direito penal
Princípio da legalidade

1. Nullum crimen, nulla poena, sine lege stricta

Proibição da analogia in malam partem

- Analogia proibida: aplicar a pena de suspensão ou


proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor, prevista para o crime de
homicídio culposo no trânsito (art. 302 do CTB), ao
crime de homicídio doloso no trânsito (art. 121 do CP).
Princípio da legalidade

1. Nullum crimen, nulla poena, sine lege stricta

Proibição da analogia in malam partem


- Analogia permitida: aplicar a previsão do perdão judicial,
de acordo com a qual o juiz poderá deixar de aplicar a
pena, se as consequências do homicídio culposo atingirem
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária (art. 121, §5º, CP), ao crime de
lesão corporal culposa no trânsito (art. 303 do CTB).
Princípio da legalidade

2. Nullum crimen, nulla poena, sine lege scripta


Os costumes não podem criar crimes ou penas, pois
a lei precisa ser escrita.
Os costumes podem eximir ou atenuar a
responsabilidade penal (p. ex. princípio da
adequação social) e contribuir para a elucidação de
elementos normativos do tipo (p. ex. ato obsceno).
Princípio da legalidade

3. Nullum crimen, nulla poena, sine lege praevia

Proibição de retroatividade da lei penal maligna


ou mais grave (lex gravior).

- Art. 5º, XL, CRFB - a lei penal não retroagirá, salvo


para beneficiar o réu.
Princípio da legalidade

3. Nullum crimen, nulla poena, sine lege praevia


A lei penal só pode retroagir para beneficiar o réu,
podendo afetar até mesmo a coisa julgada.
- A lei benéfica ou mais favorável (lex mitior) é aquela que
descriminaliza condutas (abolitio criminis) ou, de qualquer
forma, melhora a situação do agente (novatio legis in
mellius).
Princípio da legalidade

3. Nullum crimen, nulla poena, sine lege praevia

- Tempus regit actum: a lei penal maligna ou mais


grave não tem retroatividade nem ultratividade.

- A lei benéfica ou mais favorável tem


retroatividade e ultratividade.
Princípio da legalidade

4. Nullum crimen, nulla poena, sine lege certa

Princípio da taxatividade
- A lei deve definir com precisão, certeza e de forma
clara a conduta proibida, bem como prever tanto a
qualidade da pena quanto o patamar máximo e
mínimo de quantidade de pena.
Princípio da legalidade
Limites à interpretação da lei penal
O sentido literal possível da linguagem corrente: O
sentido literal dos vocábulos empregados pelo
legislador delimitam o âmbito da interpretação do juiz
(interpretação literal).
Proibição da analogia in malam partem
Proibição do uso do costume para fundamentar ou
agravar a pena
Princípio da legalidade

Resultado da interpretação

Interpretação restritiva

Interpretação extensiva

Interpretação analógica
Até a próxima aula!

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