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ESTADUAL DO
RIO GRANDE DO
NORTE
Princípios, Direitos e Garantias
Fundamentais
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais......................................................................... 4
1. Princípios Fundamentais............................................................................................................ 4
2. Teoria dos Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................... 11
3. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos........................................................................... 20
4. Direitos Sociais.......................................................................................................................... 23
4.1. Princípio da Reserva do Financeiramente Possível.. ....................................................... 23
4.2. Princípio da Garantia do Mínimo Existencial................................................................... 24
4.3. Princípio da Vedação ao Retrocesso.................................................................................. 25
4.4. Princípio da Implementação das Políticas Públicas pelo Poder Judiciário............... 26
5. Direitos Políticos. . ...................................................................................................................... 28
5.1. Condições de Elegibilidade.. .................................................................................................. 32
Questões de Concurso.................................................................................................................. 36
Gabarito............................................................................................................................................ 47
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Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
Apresentação
Olá! Tudo bem? Acredito e espero que sim!
Na aula de hoje, estudaremos os princípios, os direitos e as garantias fundamentais ex-
pressamente previstos no texto da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte.
Neste ponto da matéria, as questões tendem a exigir tanto a literalidade dos artigos estu-
dados quanto a teoria geral dos direitos e garantias fundamentais.
Forte abraço e bons estudos!
Diogo
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Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I – a autonomia do Estado e seus Municípios;
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II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Sendo assim, vamos aproveitar para conhecer de uma melhor forma cada um destes
fundamentos:
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Posteriormente, quando o estado, fazendo uso da auto legislação, editar normas com a fina-
lidade de regulamentar os mais diversos assuntos, deverá observar as regras emanadas pela
Constituição Estadual.
No entanto, todos os entes federativos, independente da obrigação de observar as regras
previstas nas respectivas normas fundamentais, devem obediência às disposições da Cons-
tituição Federal, uma vez que esta possui abrangência nacional, alcançando todos os entes
federados.
II – a cidadania;
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Neste contexto, a definição de cidadão alcança todos aqueles que estejam em condições
de exercer o direito de votar. É por meio do voto, realizado em eleições diretas e periódicas, que
o corpo de eleitores escolhe os representantes populares, que serão, por um período de tempo,
os responsáveis pela proposição das medidas necessárias ao bem estar da coletividade.
Assim, o fundamento da cidadania está intimamente ligado à democracia, na medida em
que confere aos eleitores (cidadãos) a possibilidade de participação em diversas ações e pro-
cedimentos ligados às decisões fundamentais do Estado.
Não é exagero afirmar que a dignidade da pessoa humana trata-se de princípio funda-
mental extremamente utilizado tanto pelo legislador constituinte quanto pelo Supremo Tribu-
nal Federal.
Neste último caso, o fundamento pauta as decisões do órgão no controle das normas edi-
tadas. Para o legislador, serve de parâmetro para uma série de dispositivos da Constituição,
dentre os quais merece destaque os direitos e as garantias fundamentais.
Como exemplo de utilização da dignidade da pessoa humana, podemos citar duas impor-
tantes Súmulas Vinculantes do STF, a saber:
Súmula Vinculante n. 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Súmula Vinculante n. 25
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS.
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Além disso, podemos citar importantes decisões tomadas pelo STF e que decorrem da
dignidade da pessoa humana:
• O direito à igualdade sem discriminações abranger a identidade ou a expressão de gê-
nero;
• As inúmeras políticas de inclusão, como as cotas para diversas classes de pessoas;
• A possibilidade de realização de pesquisas com células-tronco embrionárias;
• A impossibilidade, por violar a dignidade da pessoa humana, de submissão compulsória
do pai ao exame de DNA;
• A legitimidade da união homo afetiva como entidade familiar.
O serviço postal não consubstancia atividade econômica em sentido estrito, a ser explo-
rada pela empresa privada. Por isso é que a argumentação em torno da livre iniciativa e
da livre concorrência acaba caindo no vazio (...).
V – o pluralismo político.
Como é sabido, é por meio da eleição de representantes que o corpo eleitoral participa,
indiretamente, do regime democrático. Sendo assim, seria bastante complicado caso tivés-
semos apenas uma agremiação partidária disponível para a escolha dos representantes,
não é mesmo?
Logo, o fundamento do pluralismo político está intimamente ligado à ideia do legislador
constituinte de possibilitar que diversas e diferentes ideologias políticas sejam defendidas,
de forma livre, em nosso ordenamento jurídico.
O pluralismo político não se limita ao aspecto “político” propriamente dito, mas sim tam-
bém à liberdade de opinião. Nestas situações, deve ser ressaltado que a Constituição, ainda
que garanta o livre exercício da manifestação do pensamento, assegura também o direito de
resposta, que será proporcional ao agravo.
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Uma importante exceção deve ser feita com relação ao pluralismo político. Ainda que a
regra geral seja a possibilidade de qualquer pessoa expressar livremente suas convicções po-
líticas ou filosóficas, esta liberdade não alcança, na visão do STF, os intitulados “discursos
de ódio”, ou seja, discursos realizados com o objetivo de inferiorizar grupos de pessoas com
base na raça, religião, gênero e nacionalidade.
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce, por meio de representantes
eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Desta forma, temos que memorizar que o poder, que emana, sempre, do povo, pode ser
exercido de duas diferentes formas:
• indiretamente, por meio de representantes eleitos em eleições diretas, periódicas e se-
cretas;
• diretamente, por meio, dentre outros, dos institutos do plebiscito, do referendo e da ini-
ciativa popular;
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Para que estas atividades sejam desempenhadas de uma melhor forma, o poder atribuído
ao Estado, que é uno, divide-se de acordo com as atividades desempenhadas, dando ensejo ao
surgimento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Do mencionado artigo, consegue-se extrair que, ainda que cada um dos Poderes seja inde-
pendente no desempenho de suas atribuições, deve ser observada, quando da sua utilização,
a harmonia com os demais Poderes.
Com isso, evita-se o abuso de exercício no desempenho de uma atividade ligada a um
determinado Poder, criando um sistema de controle, por parte dos demais Poderes, sobre a
atividade que está sendo desempenhada.
Tal sistema é chamado de freios e contrapesos (checks and balances), consistindo, basi-
camente, na possibilidade de um Poder fiscalizar se a função típica dos demais Poderes está
sendo desempenhada de acordo com as diretrizes da Constituição Estadual.
Para entendermos melhor como este sistema funciona, precisamos saber, inicialmente,
que cada um dos Poderes do Estado possui uma função típica.
Ao Poder Executivo, cabe a função administrativa, que se materializa na execução das leis
e das demais normas de caráter tipicamente interno.
Ao Poder Legislativo, por sua vez, cabe a função de editar normas que inovem no ordena-
mento jurídico.
Ao Poder Judiciário cabe a função de julgar as demandas a ele propostas.
Entretanto, ainda que cada um dos Poderes da República possua uma função típica, estes
exercem, atipicamente, as funções inicialmente previstas para os demais Poderes.
Cabe ao Poder Executivo, desta forma, exercer, atipicamente, as funções de legislar e
de julgar.
Ao Poder Legislativo, neste sentido, cabem as funções, em caráter atípico, de julgar e de
executar as normas.
Ao Poder Judiciário, atipicamente, cabem as funções de executar as normas e de legislar.
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É correto afirmar, com base no que foi exposto, que todos os três Poderes do Estado de-
sempenham, concomitantemente, atividades típicas e atípicas. Tal relação pode ser visualiza-
da por meio do quadro a seguir:
Obs.: inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres aos
indivíduos que estavam sob a sua proteção.
Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e
que praticamente não podia expressar as suas vontades.
Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma
“não atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas
à população e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do
Poder Público.
Exemplo de tratado global, pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos.
Como exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Huma-
nos.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter vali-
dade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e positive
os direitos acordados.
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.
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Usamos diversas vezes o termo “positivar”. Você sabe o que isso significa?
Positivar significa reconhecer, estar escrito, expresso em um documento. As normas po-
sitivadas são aquelas que foram reconhecidas como aptas a regular as relações jurídicas da
população de território determinado. São, em última análise, todas as normas expressas em
um ordenamento, desde a Constituição até as leis e pelos decretos regulamentares.
Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um
dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento especí-
fico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordena-
mento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.
Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são
considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela
Constituição.
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De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.
a) Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-
dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto
de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e
abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não
atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou “di-
reitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população ante
os desmandos do Estado.
b) Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um
grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de atuação.
Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal
se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era
bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de
15 horas diárias por 7 dias da semana.
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-
ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder
Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça
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a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da
dignidade da pessoa humana.
Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos so-
ciais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como “li-
berdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e início
do século XX.
Exemplo: na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado
são garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim
que está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.
Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.
e) Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração de
direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por constitucionalistas
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como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direito de toda a espécie
humana à paz.
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível,
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.
Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-
sões dos direitos fundamentais por meio do gráfico abaixo:
Um dos assuntos mais exigidos acerca da teoria dos direitos fundamentais é o relacionado
com as características atribuídas pela doutrina a estes direitos. Pode-se identificar, assim, a
existência de dez características dos direitos fundamentais.
DICA!
Nas provas de concurso, as características dos direitos funda-
mentais são exigidas, comumente, de duas formas:
a) A banca apresenta uma característica e tenta confundir o
candidato com o conceito de outra.
b) Um caso concreto é apresentado, solicitando que o candi-
dato assinale qual a característica pertinente.
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Exemplo: direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental que deve ser assegura-
do a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito, que, devido à sua impor-
tância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos fundamentais.
Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-
mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a
toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.
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Conclusão: os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos, uma vez que
as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em igual sentido, tende a au-
mentar com o decorrer do tempo.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados
com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como consequência,
é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econômico ou patrimo-
nial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.
d) Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atin-
gem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.
Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que entenda neces-
sários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, fazer uso do conjunto de
direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respeitado, como não poderia deixar de ser,
as particularidades de cada pessoa.
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Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá
a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso
temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.
Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período indeter-
minado de tempo, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no ordena-
mento jurídico.
Dada a importância do assunto, a característica da irrenunciabilidade será mais bem de-
talhada em momento posterior.
g) Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada
pelas bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.
Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-
contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-
tuição Federal.
Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de
acobertar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas
que, fazendo uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordena-
mento jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-
petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.
Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será
aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam
objeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso
concreto, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá,
conforme mencionado, da análise do caso concreto.
Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e garantias fun-
damentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o entendimento (ainda mino-
ritário) de que três situações seriam o caso de direitos de caráter absoluto, sendo eles:
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• a proibição à tortura;
• a proibição à escravidão;
• a proibição ao tratamento cruel ou degradante;
Exemplo: uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dig-
nidade da pessoa humana.
Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com
apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?
Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-
cionará o atingimento da finalidade.
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Art. 3º O Estado assegura, nos limites de sua competência, os direitos e garantias fundamentais que
a Constituição Federal reconhece a brasileiros e estrangeiros.
Como não poderia ser diferente, o Estado do Rio Grande do Norte assegura aos brasileiros
e estrangeiros todos os direitos previstos no texto da Constituição Federal.
Importante questão refere-se ao alcance dos direitos fundamentais. Assim, ainda que tex-
to constitucional faça menção aos “brasileiros e aos estrangeiros”, o entendimento atual é
de que os direitos fundamentais, como regra, podem ser usufruídos pelos brasileiros, pelos
estrangeiros residentes no país e até mesmo pelos estrangeiros residentes no exterior e que
estejam em território nacional por um curso espaço de tempo.
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Exemplo: caso um argentino esteja passando uma semana de férias em território brasileiro,
poderá ele, ainda que sua residência não seja no Brasil e sua estadia seja breve, fazer uso, caso
sofra coação em sua liberdade de locomoção, do habeas corpus, remédio constitucional utili-
zado com a finalidade de evitar que o direito de ir e vir seja prejudicado.
Art. 4º A lei adota procedimento sumário de apuração de responsabilidade por desrespeito à integri-
dade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou militar,
encontrado em culpa.
Em caso de desrespeito à integridade física e moral dos presos, o servidor estadual, seja
ele civil ou militar, será objeto de procedimento sumário de apuração de responsabilidade. Em
caso de culpa comprovada, serão cominadas as respectivas penas disciplinares.
Art. 5º Lei complementar regula as condições de cumprimento de pena no Estado, cria Fundo Pe-
nitenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do tratamento legal previsto aos reclusos e
dispõe sobre a instalação de comissões técnicas de classificação.
§ 1º O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica, semestralmente, relação nominal
dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.
§ 2º Na elaboração dos regimentos internos e disciplinares dos estabelecimentos penais do Estado,
além do órgão específico, participam o Conselho Penitenciário do Estado, o Juízo das Execuções
Penais e o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, observando-se, entre outros prin-
cípios, a resolução da Organização das Nações Unidas acerca do tratamento de reclusos.
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Também é importante destacar que o Juízo das Execuções Penais será responsável por
publicar, semestralmente, a relação nominal dos presos. Nesta publicação, deverá constar a
pena de cada um e o início de seu cumprimento.
Além disso, uma série de órgãos serão responsáveis por participar do processo de elabo-
ração dos regimentos internos e disciplinares dos estabelecimentos penais do Estado, sendo
eles, além do órgão específico:
• o Conselho Penitenciário do Estado;
• o Juízo das Execuções Penais;
• o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 6º A lei coíbe a discriminação política e o favorecimento de partidos ou grupos políticos pelo
Estado, autoridades ou servidores estaduais, assegurando ao prejudicado, pessoa física ou jurídica,
os meios necessários e adequados à recomposição do tratamento igual para todos.
Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Importante dispositivo, e que tende a ser bastante exigido em provas de concurso público.
De início, temos que saber que é um dever do Poder Público fornecer aos interessados infor-
mações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral. A exceção fica por conta
daquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Quando não for o caso de habeas data (em que há a necessidade de prévia negativa na
esfera administrativa), poderá o particular, em caso de não recebimento das informações no
prazo de 10 dias, requerer o acesso de forma judicial.
Nesta hipótese, caberá ao juiz competente, ouvido quem as deva prestar no prazo de 24
horas, decidir no prazo de 5 dias. Após a decisão, o responsável pela recusa ou omissão será
intimado a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência.
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4. Direitos Sociais
Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políticas
públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da
igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço.
Ainda que a imensa maioria do estudo dos direitos sociais seja pautada no conhecimento
dos diversos direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais, precisamos também
conhecer quatro princípios típicos desta classe de direito. Por meio destes princípios, como
veremos adiante, é possível chegar a uma solução acerca da efetivação destes direitos para
a população.
Em outros termos, é por meio dos princípios que podemos verificar até que ponto o Poder
Público deve garantir os direitos sociais sem comprometer os recursos financeiros das de-
mais políticas públicas. Tais princípios, de acordo com a doutrina, são os seguintes:
• Princípio da Reserva do Financeiramente Possível
• Princípio da Garantia do Mínimo Existencial
• Princípio da Vedação ao Retrocesso
• Princípio da Implementação das Políticas Públicas pelo Poder Judiciário.
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Desta forma, a concretização dos direitos sociais se sujeita a uma análise das consequên-
cias que os gastos utilizados para tal resultarão para o Estado.
De nada adiantaria, de acordo com a reserva do financeiramente possível, o Poder Público
assegurar que todos os direitos sociais seriam passíveis de fruição para todos os indivíduos,
se tal medida implicasse na falta de recursos para a utilização nas demais políticas públicas.
Nestas situações, ou seja, quando o Poder Público não dispuser de recursos financeiros para
a implementação de alguns direitos, não deverá ele simplesmente alegar a falta de recursos
como forma de motivação a sua omissão. Em sentido oposto, a respectiva Administração Públi-
ca deverá motivar o ato de não aplicação de recursos de forma objetiva. E como a norma que
estabelece todas as receitas e despesas que poderão ser utilizadas no exercício financeiro é a
Lei Orçamentária Anual, a fundamentação para a não concretização ou efetivação de um direito
social por falta de recursos financeiros deverá, sempre, ter como base as disposições da LOA.
No que se refere ao dever do Poder Público de motivar a falta de recursos financeiros para a imple-
mentação dos direitos sociais, merece destaque a decisão do STF proferida no âmbito da ADPF 45:
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à população que nem mesmo a falta de recursos do Estado poderá servir de justificativa para
a não efetivação dos direitos sociais considerados mínimos para uma existência digna.
Ainda que não haja unanimidade por parte da doutrina, os direitos sociais que são conside-
rados básicos para uma existência digna são os relacionados com a educação, com a saúde,
com a proteção da criança e do adolescente, com a assistência social, com a moradia, com a
alimentação e com a segurança.
Exemplo: um dos direitos sociais é o transporte, que deve ser assegurado a todos os indivídu-
os que dele necessitarem.
Mas suponhamos que um Município do interior, passando por sérias dificuldades financeiras,
não consiga implantar um sistema de transporte público que atenda a toda a população.
Neste caso, estamos diante da não concretização de um direito social em virtude da reserva
do financeiramente possível.
Caso, no entanto, o direito em questão estivesse relacionado com o mínimo existencial (tal
como o serviço de atendimento à saúde da população), não poderia o Município deixar de efe-
tivar este direito alegando a falta de recursos financeiros.
O que é levado em conta, nesta situação, é a existência de direitos mínimos, considerados
essenciais para uma vida digna, que não podem deixar de ser prestados pelo Poder Público.
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Obs.: o termo cliquet é constantemente utilizado pelos alpinistas, sendo designado para
informar que, a partir de um determinado ponto da escalada, não é mais permitido
descer, mas sim apenas subir até o término do percurso.
Com os direitos sociais acontece algo semelhante: Uma vez encontrando-se um direito so-
cial regulamentado e produzindo efeitos jurídicos, não poderá o Poder Público, ainda que por
intermédio de lei, decreto ou até mesmo de emenda constitucional, editar norma que limite,
revogue ou prejudique a utilização deste direito.
Em sintonia com o aqui exposto é a visão do STF, conforme elucidativo julgado proferido
no âmbito do ARE-639337:
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b) Uma vez presentes na Constituição, os direitos sociais ainda não estão prontos para
serem usufruídos pela população, uma vez que, como anteriormente mencionado, carecem
de regulamentação. Neste momento, cabe ao Poder Legislativo, por meio da edição de leis,
estabelecer a forma como os direitos sociais serão exercidos.
c) Com a lei editada, chega o momento do Poder Executivo implementar a política pública,
isto é, tornar possível que os direitos sociais previstos na Constituição Federal e regulamenta-
dos por lei cheguem às pessoas que atendam aos requisitos necessários. Para isso, os Chefes
do Poder Executivo podem fazer uso, quando necessário, da edição de decretos regulamenta-
res, normas editadas com a finalidade de detalhar os aspectos da lei.
Com base no fluxo acima apresentado, é possível observar que a regulamentação e a imple-
mentação dos direitos sociais compete, respectivamente, aos Poderes Legislativo e Executivo.
O fundamento para tais competências decorre do fato de que estes são os Poderes da
República que possuem representantes eleitos pela vontade popular. Consequentemente, o
povo apenas é beneficiário de direitos que ele mesmo (ainda que indiretamente, por meio dos
representantes populares) tenha concordado.
Mas e caso os Poderes Executivo e Legislativo não façam uso de suas competências,
prejudicando os direitos da população, poderia esta se socorrer no Poder Judiciário, pro-
fessor?
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do financeiramente possível. Assim, pode o Município em questão alegar que não possui re-
cursos suficientes para garantir a execução da política social. Para isso, deverá motivar a sua
decisão de forma objetiva, ou seja, com base nas disposições da Lei Orçamentária Anual.
A Constituição do Estado do Rio Grande do Norte elenca, em seu artigo 8º, aqueles que são
considerados direitos sociais:
Art. 8º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o trabalho, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, consoante definidos no art. 6º da Constituição Federal e assegurados pelo Estado.
O Estado garante, nos limites de sua competência, a inviolabilidade dos direitos assegurados pela
Constituição Federal aos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social.
5. Direitos Políticos
Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela
população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de
forma indireta (por meio de representantes eleitos).
Como forma de assegurar que a democracia seja exercida em sua plenitude, a Constituição
tratou se estabelecer diversas regras a serem observadas pelos cidadãos, quer no exercício
do direito de votar, quer na possibilidade de serem eleitos como representantes do povo. Tais
possibilidades consagram aquilo que a doutrina denomina de Direitos Políticos.
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Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
Em todas estas hipóteses, estamos diante dos direitos políticos ativos (capacidade eleito-
ral ativa), que pode ser exercida diretamente (através de plebiscito, referendo e iniciativa popu-
lar) ou indiretamente (através da escolha dos representantes por meio do voto direto e secreto).
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O mencionado artigo constitucional, no entanto, pode levantar uma série de dúvidas: O que
é sufrágio? O que é plebiscito? E referendo?
Inicialmente, temos que saber que o sufrágio não se confunde com o voto. Enquanto o pri-
meiro conceito liga-se à ideia do próprio direito em si, o segundo atua como forma de exercer
este direito.
Exemplo: ao exercer o voto, estamos escolhendo nossos representantes para um dado período
de tempo. Estamos, em outras palavras, exercendo um direito.
Mas vocês já pararam para pensar em qual direito que está sendo exercido por meio do ato de
votar?
A resposta para tal pergunta é o sufrágio, que, como mencionado, liga-se a uma ideia maior do
que o voto, uma vez que envolve o processo eleitoral como um todo.
Assim, o Sufrágio pode ser entendido como a soma da capacidade eleitoral ativa (direito de
votar) e da capacidade eleitoral passiva (direito de se eleger).
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Afirmar que o voto é direto significa garantir que os próprios eleitores serão os responsá-
veis pela escolha dos governantes e parlamentares.
O voto indireto, em sentido contrário, é aquele em que os eleitores elegem delegados, que,
por sua vez, serão os responsáveis pela escolha dos representantes da população. Neste sen-
tido é o entendimento de Maria Helena Diniz: “Voto indireto Aquele em que os eleitores elegem
delegados que, por sua vez, escolherão aqueles que vão ocupar cargos políticos.”
Além de direito, o voto também é secreto, de forma que o eleitor não é obrigado a mani-
festar publicamente em quem irá votar para o exercício dos cargos políticos. Trata-se esta,
talvez, da mais importante garantia assegurada ao voto, e, por consequência, da democracia
como um todo.
Ainda nas disposições iniciais, temos que conhecer os conceitos de plebiscito e referendo.
Ambos os institutos são formas de manifestação direta da vontade popular, consistindo
em consulta à população sobre matéria constitucional, legislativa ou administrativa.
Enquanto no plebiscito a população é consultada previamente à edição do ato legislativo
ou administrativo, no referendo, em sentido oposto, o povo é consultado quando a lei ou o ato
administrativo já foram editados.
Dessa forma, temos que levar para a prova que, assim como ocorre nas eleições para es-
colha de cargos políticos, no plebiscito e no referendo:
• O voto é facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os eleitores
com idade entre 16 e 18 anos;
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Inelegibilidade revela impedimento à capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado). Obsta, pois,
à elegibilidade. Não se confunde com inalistabilidade, que é o impedimento à capacidade eleitoral ativa
(direito de ser eleitor), nem com incompatibilidade, impedimento ao exercício do mandato depois
de eleito.
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§ 4º Para concorrerem a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem renunciar aos
respectivos mandatos até seis (6) meses antes do pleito.
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Temos aqui a conhecida “Inelegibilidade Reflexa”, de forma que os parentes até segundo
grau dos Chefes do Executivo não poderão, via de regra, se candidatar para Cargos Eletivos
dentro da circunscrição do titular.
Exemplo: imaginemos um Prefeito que acabou de ser eleito para o cargo. No município em que
este estiver exercendo as suas atribuições, seus parentes até o segundo grau não poderão ser
eleitos, por exemplo, para o cargo de Vereador.
Exemplo: na cidade de Concurcity, Mévio foi eleito para vereador nas eleições de 2008. Em
2012, concorreu novamente ao cargo e foi reeleito. Nesta última eleição, porém, Tício, que é
filho de Mévio (parente de primeiro grau) candidatou-se ao cargo de Prefeito e acabou sendo
eleito.
Nesta situação, algum deles será declarado inelegível?
Claro que não, uma vez que quando Tício foi eleito para o cargo de Prefeito (fato gerador da
Inelegibilidade Reflexa), Mévio já ocupava o cargo de Vereador.
A mesma lógica se aplica caso os dois candidatos (Tício e Mévio) tivessem corrido na mesma
eleição e não estivessem exercendo, anteriormente, nenhum cargo eletivo.
Neste último exemplo, caso Tício fossem eleito Prefeito e Mévio não conseguisse se eleger
Vereador, ficaria Mévio impedido de candidatar-se até que Tício estivesse ocupando o cargo.
Algum aluno poderia estar se questionando se a inelegibilidade seria afastada pela dis-
solução do vínculo conjugal (separação), no exercício do primeiro mandato, como forma de
possibilitar que o cônjuge se tornasse elegível. Tal situação é possível?
O STF possui entendimento de que a separação ou dissolução do vínculo conjugal, ainda
que ocorra no período do primeiro mandato, não afasta a inelegibilidade em questão. Tal en-
tendimento está exposto na Súmula Vinculante n. 18:
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Súmula Vinculante n. 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
Exemplo: Jorge, que é casado com Fernanda, é Governador do Estado de Concursópolis. Nesta
situação, Fernanda é considerada inelegível no território de jurisdição do titular (todo o Estado).
No entanto, seria muito fácil “driblar” a regra da inelegibilidade forjando uma separação conju-
gal, situação que deixaria os dois cônjuges em condições de disputar qualquer cargo na res-
pectiva jurisdição, não é mesmo?
Assim, como forma de evitar que isso ocorra, o entendimento dos Tribunais Superiores é de
que, no caso concreto, ainda que haja a separação do casal no curso do primeiro mandato de
Jorge, tal ocorrência não afastará a inelegibilidade de Fernanda.
E se Jorge renunciar ao cargo, Fernanda é considerada elegível?
Depende! Para que isso ocorra, a renúncia de Jorge deverá ocorrer no curso do primeiro man-
dato, ou seja, Jorge deve renunciar em uma situação em que poderia concorrer ao segundo
mandato. Caso ele já esteja no curso do segundo mandato (foi reeleito), nem mesmo a sua
renúncia acarreta a possibilidade de Fernanda concorrer a algum cargo na circunscrição.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FCC/AL/ALERN/PSICOLOGIA/2013) Nos termos da CE/RN, quem não receber, no pra-
zo de dez dias, informações de seu interesse particular, de interesse coletivo ou geral, reque-
ridas aos órgãos públicos estaduais pode, não sendo hipótese de habeas data, exigi-las judi-
cialmente. Nesse caso, o juiz, após ouvir quem deve prestar essas informações, deverá decidir
no prazo de
a) 2 dias.
b) 5 dias.
c) 10 dias.
d) 15 dias.
e) 30 dias.
Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Letra b.
Apenas a Letra C elenca princípios que não estão previstos no texto da Constituição do Estado
do Rio Grande do Norte. Em sentido diverso, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são
formas de exercício direto da soberania popular.
Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I – a autonomia do Estado e seus Municípios;
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II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Letra c.
Por ter apenas 18 anos, o único cargo eletivo que pode ser ocupado pelo cidadão em questão
é o de Vereador.
Letra b.
Estabelece a Constituição Estadual que todo o poder emana do povo. Entretanto, pode este
poder ser exercido tanto diretamente (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular)
quanto indiretamente (por meio da escolha dos representantes legais).
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce, por meio de representantes
eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Errado.
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De acordo com o parágrafo único do artigo 1º, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Certo.
Ótima questão para memorizarmos que a soberania se trata de princípio fundamental que
rege, apenas, a República Federativa do Brasil. No caso dos Estados, como o do Rio Grande do
Norte, gozam eles de autonomia, e não de soberania.
Logo, a soberania não alcança os entes internos (Estados e Municípios), mas sim apenas, con-
forme mencionado, a República Federativa como um todo.
Letra b.
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Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Letra a.
O Poder, conforme informado pela questão, emana do povo, estando dividido em três diferen-
tes funções ou Poderes do Estado, a saber: Executivo, Legislativo e Judiciário.
No entanto, ainda que cada um dos Poderes tenha funções típicas, desempenham eles, ati-
picamente, as atividades desempenhadas pelos demais. Com isso, temos o surgimento do
sistema de freios e contrapesos.
Errado.
Art. 2º São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
Errado.
Conforme visto em aula, o pluralismo político apresenta um duplo sentido, assegurando desde
a liberdade ideológica (ou até mesmo apartidária) quanto a obrigação de respeitar as diferen-
ças (vedando, por exemplo, os discursos de ódio).
Certo.
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De acordo com a característica da relatividade, não existem direitos fundamentais de caráter absolu-
to. Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, encontran-
do limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
Certo.
Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Certo.
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Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Letra a.
Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Letra e.
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Os direitos políticos ativos são aqueles que permitem que o cidadão vote regularmente nas
eleições. Já os direitos políticos passivos, sem sentido oposto, implicam na possibilidade do
cidadão ser votado para os diversos cargos eletivos.
Errado.
A ex-esposa apenas poderia ser candidata caso o rompimento do vínculo conjugal tivesse
ocorrido no curso do primeiro mandato, ou seja, quando o Governador ainda poderia concorrer
à reeleição.
Como ele foi reeleito e não pode mais concorrer para o mesmo cargo, o rompimento do vínculo
conjugal não afasta a inelegibilidade reflexa em relação à ex-esposa.
Errado.
A elegibilidade trata-se da possibilidade do particular ser eleito para os diversos cargos ele-
tivos. No caso do analfabeto, a elegibilidade não é possível. Em outros termos, o analfabeto
apenas pode votar, mas não pode ser votado nas eleições.
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De acordo com a Constituição, o poder pode ser exercido tanto indiretamente (por meio de
representantes eleitos) quanto diretamente (por meio, dentre outros, de plebiscito, referendo e
iniciativa popular).
Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular;
Errado.
020. (CESPE/AI/ABIN/2018) Acerca dos direitos políticos, julgue o item que se segue.
Referendo é uma consulta ao povo quanto a assunto já transformado em lei, enquanto plebis-
cito é uma consulta prévia aos eleitores sobre assuntos políticos ou institucionais.
Ao passo que o plebiscito é uma consulta prévia, ou seja, antes da matéria virar lei, o referendo
ocorre em momento posterior ao processo legislativo.
Certo.
Dentre as opções da questão, apenas o plebiscito trata-se de uma forma de participação direta
da população.
Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular;
Letra a.
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CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
Art. 4º A lei adota procedimento sumário de apuração de responsabilidade por desrespeito à integri-
dade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou militar,
encontrado em culpa.
Errado.
A publicação deverá ocorrer com a periodicidade semestral, diferente do que afirmado pela questão.
Art. 5º, § 1º O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica, semestralmente, relação
nominal dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.
Errado.
Aqui, estamos diante de uma previsão expressa no artigo 7º da Constituição Estadual, de se-
guinte redação:
Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Certo.
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CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
Art. 8º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o trabalho, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, consoante definidos no art. 6º da Constituição Federal e assegurados pelo Estado.
Certo.
Os Chefes do Poder Executivo apenas podem ser reeleitos para um período subsequente.
A inelegibilidade reflexa alcança os parentes até segundo grau dos Chefes do Poder Executivo.
Art. 10, § 5º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consan-
guíneos ou afins, até o segundo grau, ou por adoção, do Governador do Estado ou do Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis (6) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
dato eletivo e candidato à reeleição.
Errado.
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Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
Apenas para concorrerem a outros cargos é que o Governador e os Prefeitos devem renunciar
com a antecedência de 6 meses. Em caso de reeleição, não há necessidade de renúncia.
Art. 10, § 4º Para concorrerem a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem renun-
ciar aos respectivos mandatos até seis (6) meses antes do pleito.
Errado.
Art. 5º Lei complementar regula as condições de cumprimento de pena no Estado, cria Fundo Pe-
nitenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do tratamento legal previsto aos reclusos e
dispõe sobre a instalação de comissões técnicas de classificação.
Certo.
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Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi
GABARITO
1. b 11. C 21. a
2. c 12. C 22. E
3. b 13. C 23. E
4. E 14. a 24. C
5. C 15. e 25. C
6. b 16. E 26. E
7. a 17. E 27. E
8. E 18. E 28. E
9. E 19. E 29. C
10. C 20. C 30. C
Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.
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