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Fisioterapia baseada em evidências:

o quê, por que e como? 1

CONTEÚDO DO CAPÍTULO prática? 6

Capítulo 9: Fazendo acontecer6
Visão geral1 Capítulo 10: Estou no caminho certo? 6
O que é "fisioterapia baseada em evidências"? 1 Referências7
O que queremos dizer com "alta qualidade
pesquisa clínica"? 2
O que queremos dizer com "paciente
preferências"? 2
O que queremos dizer com "praticar
conhecimento"? 3
Fatores adicionais que influenciam
decisões clínicas3
O processo de tomada de decisão clínica3
Por que a fisioterapia baseada em evidências é
importante? 4
Para os pacientes4
Para fisioterapeutas e o
profissão4
Para financiadores de serviços de
fisioterapia4
História dos cuidados de saúde baseados em
evidências5
Como este livro o ajudará a praticar
fisioterapia baseada em evidências? 5
Passos para a prática da fisioterapia baseada
em evidências6
Capítulo 2: O que eu preciso saber? 6
Capítulo 3: O que constitui prova? 6
Capítulo 4: Encontrando as evidências? 6
Capítulo 5: Posso confiar nesta evidência? 6
Capítulo 6: O que esta evidência
significa para minha prática? 6
Capítulo 7: Diretrizes para a prática clínica6
Capítulo 8: Quando e como devem ser
introduzidas novas terapias na clínica
VISÃO GERAL
A fisioterapia baseada em evidências é a
fisioterapia informada por pesquisas
clínicas relevantes e de alta qualidade. A
prá tica da fisioterapia baseada em
evidência deve envolver a integração da
evidência (pesquisa clínica de alta
qualidade) com as preferências do paciente
e o conhecimento prático. Este capítulo
fornece um breve esboço da história da
assistência médica baseada em evidências
e argumenta que a prática clínica deve ser
baseada em evidências sempre que houver
pesquisa clínica de alta qualidade
disponível. Um processo de cinco etapas
para a prática da fisioterapia baseada em
evidência é descrito. Este processo fornece
uma estrutura
para o resto do livro.
O que é "fisioterapia
ã 2011, Elsevier Ltd.
baseada em
evidências"?
O objetivo deste livro é fornecer aos fisioterapeutas
um guia prático para a fisioterapia baseada em
eventos. O que é "fisioterapia baseada em
evidências"?
A fisioterapia baseada em evidências é a fisioterapia
informada por pesquisas clínicas relevantes e de alta
qualidade.
Isto implica que quando nos referimos a "provas",
queremos dizer pesquisa clínica de alta qualidade.
Nossa definição de fisioterapia baseada em
evidências difere das definições anteriores de
fisioterapia baseada em evidências e cuidados de
saúde baseados em evidências. Os autores anteriores
consideraram que a prática era baseada em
evidências quando envolvia o uso da melhor
evidência disponí vel (Bury & Mead 1998, Sackett
et al 2000). A melhor evidência disponível pode ser
de alta qualidade.
 Fisioterapia Baseada em Evidências
Práticas
pesquisa clínica, mas onde não há pesquisa clínica
de alta qualidade, a melhor evidência disponível
poderia consistir em pesquisa clínica de má
qualidade, pontos de vista con- sensuais ou
experiência clínica. Isto é, de acordo com definições
anteriores, a prática baseada em evidências poderia
ser a prática baseada em pesquisa clínica de má
qualidade, pontos de vista consensuais ou
experiência clínica. Reconhecemos que muitas vezes
não existe pesquisa relevante e de alta qualidade para
informar as decisões clínicas e que, quando este é o
caso, as decisões ainda precisam ser tomadas. Às
vezes a melhor prática pode ser informada apenas
por pesquisa clínica de má qualidade, pontos de vista
consensuais ou experiência clínica. No entanto, em
nossa opinião, tais práticas não podem ser
consideradas como baseadas em evidências. O termo
"fisioterapia baseada em evidências" deve ser
reservado para fisioterapia que se baseia em
pesquisa clínica de alta qualidade.
Uma premissa deste livro é que, sempre que
possível, as decisões clínicas devem ser informadas
por pesquisas clínicas de alta qualidade. Isto não
significa que as decisões clínicas devem ser
informadas apenas por pesquisa clínica de alta
qualidade. As boas decisões devem levar em conta as
expectativas, desejos e valores dos pacientes
(preferências dos pacientes; Haynes et al 2002). Além
disso, profissionais de saúde experientes podem usar
experiências passadas e conhecimento de
procedimentos ("conhecimento prático"; Higgs et al
2004) para informar a tomada de decisões clínicas.
Sempre que possível, as decisões clínicas devem ser
informadas por pesquisas clínicas de alta qualidade,
mas nunca apenas por pesquisas clínicas. Boas
decisões clínicas, baseadas ou não em evidências,
devem envolver a consideração das preferências dos
pacientes e o conhecimento da prática dos terapeutas.
O que queremos dizer com
"pesquisa clínica de alta
qualidade"?
O termo pesquisa clínica é normalmente usado para
significar a pesquisa1 A realizada em pacientes em
ambientes clínicos. pesquisa clínica é empírica
por natureza, o que significa que ela usa a
experiência ou observação em vez da teoria para
gerar conhecimento.
Nem sempre podem ser realizadas pesquisas clínicas sobre os
pacientes. Poderia incluir, por exemplo, entrevistas em
profundidade com os cuidadores. Da mesma forma, o ambiente
nem sempre pode ser clínico - a pesquisa pode ser realizada na
casa dos pacientes ou em outros ambientes comunitários, ou
pode envolver atividades de saúde pública tais como
como programas de promoção da saúde baseados na comunidade.
2
Uma enorme quantidade de pesquisa clínica tem
sido realizada, mas nem toda pesquisa clínica é de
alta qualidade. A pesquisa clínica de alta qualidade
se distingue da pesquisa de baixa qualidade ao ser
projetada, conduzida e relatada de uma forma que
nos permite confiar nos resultados. Ou seja, a
pesquisa de alta qualidade é aquela que se pode
esperar que tenha um baixo risco de viés. 2 Na
realidade, muita pesquisa clínica não é de muito alta
ou muito baixa qualidade; a maioria das pesquisas é
de alta qualidade em alguns aspectos e de baixa
qualidade em outros. É necessário um grau de
julgamento para determinar se uma determinada
pesquisa é de qualidade suficientemente alta para
informar a tomada de decisões clínicas.
O que queremos dizer com "preferências
dos pacientes"?
O modelo tradicional de tomada de decisão clínica tem
sido aquele em que os fisioterapeutas tomam decisões
sobre a terapia para seus pacientes. Nos últimos anos
houve um maior envolvimento do consumidor na
tomada de decisões e agora muitos pacientes esperam
ter a oportunidade de contribuir e compartilhar
decisões que envolvam sua saúde (Edwards & Elwyn
2001). Nos modelos atuais de tomada de decisões
clínicas, os pacientes são encorajados a contribuir com
informações sobre suas experiências e valores - o que é
mais importante para eles. Desta forma, o paciente
"prefere- ences" pode informar a tomada de decisões.
Tem havido um afastamento da situação em que o
fisioterapeuta ou o médico tomam decisões somente
para o paciente, para uma situação em que o paciente e
o fisioterapeuta ou o médico fazem deci- sões
compartilhadas. Alguns pacientes não gostam de
intervenção e considerariam que a intervenção só
valeria a pena se conferisse efeitos benéficos muito
grandes, enquanto outros pacientes gostariam de ter
intervenção mesmo que os efeitos fossem muito
pequenos. Portanto, as decisões sobre a aceitabilidade
de uma intervenção precisam ser negociadas com cada
paciente individualmente. Cada paciente precisa ser
informado sobre o efeito esperado da intervenção e
perguntado se acha que esse efeito é suficientemente
grande para escolher a intervenção. Ela requer que os
fisioterapeutas exerçam habilidades de comunicação,
empatia e flexibilidade necessárias para comunicar aos
pacientes os riscos e benefícios de ações alternativas.
2 Uma
definição de preconceito é um desvio sistemático da verdade.
 Fisioterapia baseada em evidências: o quê, por que CHAPT ER 1
e como?

O que queremos dizer com paciente a outro fisioterapeuta que tem as

"praticar o conhecimento"?
Conhecimento prático é o conhecimento resultante
da prática e experiência profes-ional (Higgs &
Titchen 2001). Conscientemente ou
subconscientemente, os fisioterapeutas - pists
adicionam à sua base de conhecimentos pessoais
durante cada encontro com o paciente. Este
conhecimento é usado no dia-a-dia, junto com
outras fontes de formação, como pesquisa clínica
de alta qualidade, para informar a prática. O
conhecimento prático 'sustenta a resposta rápida e
fluente do profissional a uma situação' (Titchen &
Ersser 2001). É o que diferencia os recém-
formados bem formados e os fisioterapeutas
experientes.
O conhecimento prático não é 'evidência' como o
definimos. No entanto, o conhecimento prático
deve sempre ser levado ao processo de tomada de
decisão e, às vezes, o conhecimento prático deve
dominar a evidência. Por exemplo, há algumas
evidências de que a fundição de extremidade
superior pode aumentar a qualidade e o alcance do
movimento da extremidade superior para crianças
com paralisia cerebral (Law et al 1991).
Entretanto, um fisioterapeuta experiente poderia
sugerir intervenções alternativas para uma
determinada criança se seu conhecimento prático
sugerisse que o casting causaria angústia a essa
criança, ou se a criança ou os pais da criança
dificilmente tolerariam bem a intervenção.
Fatores adicionais que influenciam
as decisões clínicas
Temos discutido como a boa tomada de decisões
clínicas envolve a integração de pesquisa clínica de
alta qualidade, preferências dos pacientes e O processo de tomada
conhecimentos práticos. Mas outros fatores também
podem influenciar as decisões.
As boas práticas são sensíveis a uma série de contextuais
fatores.
A disponibilidade de recursos muitas vezes
influencia as decisões clínicas e clínicas. Por
exemplo, a mais eficaz inter-venção para um
problema específico pode exigir muito tempo de
pessoal ou uma peça de equipamento cara que não
está disponível, caso em que uma intervenção
menos eficaz pode ter que ser usada. Outro
recurso a ser considerado pode ser as habilidades
do pessoal.
fisioterapeuta. Ao tomar decisões comuns sobre Decisões clínicas incompletas. O raciocínio clínico
uma intervenção apropriada, os fisioterapeutas deve ser usado para analisar, sintetizar e interpretar
precisam julgar se eles têm as habilidades e a as
competição necessárias para fornecer tratamento informações de pacientes e conhecimentos práticos
seguro e eficaz. Caso contrário, pode ser devem ser integrados utilizando o julgamento pró-
apropriado encaminhar o
habilidades e conhecimentos necessários.
Consideração
também pode precisar ser dada a se os serviços
estão disponíveis em outros ambientes (por
exemplo, na comunidade em vez de um hospital)
e, se houver uma escolha, qual ambiente
proporcionaria o maior benefício para o paciente.
Se observarmos a fisioterapia a partir de uma
perspectiva global, podemos ver enormes variações
no espectro de condições que são tratadas e nos
recursos fornecidos para o atendimento à saúde.
Comparações globais de mortalidade e incapacidade
(Murray & Lopez 199 7 ,
Organização Mundial da Saúde 2004), as
percepções sobre deficiência (U¨ stu¨n et al 1999) e
o nível dos serviços de fisioterapia, mostram
claramente a importância desses fatores. Estes
fatores regionais têm enormes
implicações para quais tipos de pacientes e
fisioterapeutas problemáticos devem se preocupar,
e como as decisões clínicas são tomadas.
Além disso, existem importantes influências
culturais que determinam como a fisioterapia deve
ser praticada. A cultura afeta as expectativas do
paciente e do fisioterapeuta - as tações, as atitudes
em relação à doença, a prestação de cuidados de
saúde, a comunicação e a interação paciente-
fisioterapeuta, e as formas pelas quais as
intervenções são administradas. Isto significa que
pode ser bastante apropriado que a fisioterapia seja
praticada de forma muito diferente em diferentes
países. Reconhecemos que algumas culturas,
particularmente aquelas com fortes hierarquias
sociais, proporcionam contextos que são menos con-
ducivos à prática baseada em evidências ou à
tomada de decisões compartilhadas. Em sociedades
multiculturais, os fisioterapeutas podem precisar ser
capazes de acomodar a gama de origens culturais de
seus pacientes.
de decisão clínica
No centro da prática da fisioterapia baseada em
evidências está o processo de tomada de decisões
clínicas. A tomada de decisões clínicas reúne
informações de pesquisas clínicas de alta qualidade,
informações de pacientes sobre suas preferências e
informações de fisioterapeutas dentro de um contexto
cultural, econômico e político particular.
informações de liberação. Evidências,
fissional. O raciocínio clínico precisa ser

3
 Fisioterapia Baseada em Evidências
Práticas
visto como um ponto central da gestão do
conhecimento na prática, utilizando os princípios da
prática baseada em evidências e os resultados da
pesquisa, mas também utilizando o julgamento
profissional para interpretar e tornar a pesquisa
relevante para o paciente específico e a situação
clínica atual" (Higgs et al 2004: 193). Somente quando
a fisioterapia é praticada desta forma, podemos
"afirmar que estamos adotando uma prática
confiável que não é apenas baseada em evidências,
mas também centrada no cliente e relevante ao
contexto" (Higgs et al 2004: 194).
Embora reconhecendo a importância do
raciocínio clínico e do desenvolvimento de
conhecimentos práticos, o foco deste livro é mais
restrito - o nosso objetivo é ajudar os
fisioterapeutas a informar sua prática com
pesquisas clínicas relevantes e de alta qualidade.
Os leitores que estão especificamente interessados
no raciocínio clínico e no desenvolvimento do
conhecimento da prática podem consultar Higgs
& Jones (2000) e Higgs et al (2004).
Por que a fisioterapia baseada
em evidências é importante?
Para os pacientes
Uma premissa da prática baseada em evidências,
embora seja difícil de demonstrar empiricamente, é
que a prática - que é informada por pesquisas de alta
qualidade é provavelmente mais segura e mais eficaz
do que a prática que não se baseia em pesquisas de
alta qualidade. A expectativa é que a fisioterapia
produza os melhores resultados clínicos possíveis
quando se baseia em evidências.
Os pacientes estão exigindo cada vez mais
informações sobre sua doença ou problema
clínico e as opções disponíveis para tratamento.
Muitos pacientes têm acesso a uma ampla gama
de fontes de informação, mas nem todas essas
fontes fornecem informações confiáveis. A fonte
de informação mais utilizada é a Internet, mas a
Internet fornece todo o espectro de qualidade da
informação. Para que os pacientes possam fazer
contribuições informadas às decisões sobre o
homem-agente de suas condições, eles precisarão
de assistência para identificar pesquisas clínicas
de alta qualidade.
Em alguns países, como o Reino Unido, as
demandas de informação dos pacientes têm sido
alimentadas e incentivadas. Uma série de programas
governamentais de alta prioridade tem promovido a
tomada de decisões e escolhas compartilhadas,
fornecendo aos consumidores de serviços de saúde
acesso a provas confiáveis (Coulter et al 1999,
National Institute for Health and Clinical
Excellence), e apoiando os pacientes para ajudar
cada um deles a
4
outros entendem sobre processos de doenças
(NHS Executive 2001).
Para fisioterapeutas e a
profissão
Os fisioterapeutas afirmam que eles são
"profissionais". Koehn (1994) argumenta que uma
característica particularmente singular de ser um
profissional é a confiabilidade, o que significa que se
pode esperar que os profissionais se esforcem para
fazer o bem, tenham os melhores interesses do paciente
no coração e tenham altos padrões éticos. Uma
demonstração tangível dos interesses de uma profissão
no bem-estar de seus pacientes é sua preparação para
agir com base em evidências objetivas sobre boas
práticas, independentemente de quão desagradáveis as
evidências possam ser. Um pré-requisito é que a
profissão deve estar ciente do que as evidências dizem.
Os profissionais que não sabem se as evidências
indicam que as intervenções que oferecem são eficazes
podem ter uma pretensão questionável de serem
"profissionais". A fisioterapia se qualifica como uma
profissão na medida em que a prática é informada pela
evidência. E na medida em que não o seja, há o risco
de que os fisioterapeutas percam o respeito e a
confiança dos pacientes e do público em geral.
A profissão de fisioterapia mudou enormemente
nos últimos 60 anos. Houve uma transição de um
papel no qual os fisioterapeutas fizeram o que os
médicos lhes disseram para fazer para o papel atual
no qual, em muitos países, os fisioterapeutas atuam
como profissionais de saúde autônomos ou semi-
autônomos. Esta nova autonomia profissional deve
ser exercida de forma responsável. Com a
autonomia vem a responsabilidade de garantir que
os pacientes recebam diagnósticos e prognósticos
precisos e estejam bem informados sobre os
benefícios, danos e riscos de intervenção.
Para financiadores de serviços de
fisioterapia
A fisioterapia deve fazer mais bem do que mal. Isto
é verdade quer os serviços de fisioterapia sejam
financiados pelo público, através de impostos, ou
por indivíduos em pagamento de taxa por serviço ou
seguro. Os legisladores, gerentes e compradores de
serviços de saúde têm interesse em garantir uma boa
relação custo-benefício em situações em que os
recursos de saúde são sempre escassos. É preciso
tomar decisões sobre onde e como investir para
beneficiar a saúde da população.
 Fisioterapia baseada em evidências: o quê, por que
e como?
como um todo. Sempre que possível, as decisões
sobre investimentos em serviços de saúde devem
ser baseadas em evidências (Gray 1997).
História da assistência
médica baseada em
evidências
O termo "medicina baseada em evidências" foi
introduzido pela primeira vez em 1992 por uma
equipe da Universidade McMaster, Canadá, liderada
por Gordon Guyatt (Grupo de Trabalho de Medicina
Baseada em Evidências 1992). Eles produziram uma
série de guias altamente influentes para ajudar
aqueles que ensinam medicina a introduzir a noção
de encontrar, avaliar e usar evidências de alta
qualidade para melhorar a eficácia dos cuidados
prestados aos pacientes (Guyatt et al 1994, Jaeschke
et al 1994, Oxman et al 1993).
Por que o termo evoluiu? Quais foram os
fatores que levaram a isso? Havia uma
preocupação crescente em alguns países de que a
distância entre a pesquisa e a prática era muito
grande. Em 1991, o Diretor de Pesquisa e
Desenvolvimento do Departamento de Saúde na
Inglaterra observou que "opiniões fortemente
baseadas na crença, em vez de informações
sólidas, ainda exercem muita influência na área da
saúde" (Departamento de Saúde 1991). A pesquisa
médica de alta qualidade não estava sendo
utilizada na prática, embora as evidências
mostrassem o potencial de salvar muitas vidas e
prevenir deficiências. Por exemplo, em 1980,
havia estudos suficientes para demonstrar que a
prescrição de drogas que quebram o coágulo
(terapia trombolítica) para pessoas que sofreram
ataques cardíacos produziria uma redução
significativa na mortalidade. Mas nos anos 90 a
terapia trombolítica ainda não era recomendada
como tratamento de rotina, exceto em uma
minoria de livros didáticos medi- cal (Antman
1992). Da mesma forma, apesar das evidências de
alta qualidade que mostraram que o descanso no
leito era ineficaz no tratamento de dores agudas
nas costas, os fisioterapeutas ainda aconselhavam
os pacientes a levarem para suas camas (Cherkin
et al 1995).
Outro fator foi o rápido aumento do volume de
literatura. Novas pesquisas estavam sendo
produzidas muito rapidamente para que os médicos
pudessem lidar com isso. Ao mesmo tempo, havia
um reconhecimento de que grande parte da pesquisa
publicada era de má qualidade. Os médicos tinham
uma necessidade diária de informações confiáveis
sobre o diagnóstico, pro-
nosis, terapia e prevenção (Sackett et al 2000).
Uma maneira de lidar com o crescente volume de
literatura tem sido o desenvolvimento de revisões
sistemáticas, ou resumos sistematicamente
desenvolvidos de provas de alta qualidade. As
revisões sistemáticas serão
CHAPT ER 1
discutidos em vários capítulos deste livro. Em 1992,
a Colaboração Cochrane3 foi estabelecida. O
objetivo da Colaboração Cochrane é o
desenvolvimento de revisões sistemáticas de alta
qualidade, que agora são conduzidas por 52 Grupos
de Revisão Cochrane, superados por 26 Centros
Cochrane em todo o mundo. A Colaboração teve um
enorme impacto em tornar as evidências de alta
qualidade mais acessíveis a grandes números de
pessoas.
Um dos primeiros motores da ioterapia baseada
em evidências foi o Departamento de
Epidemiologia da Universidade de Maastricht, na
Holanda. Desde o início dos anos 90, este
departamento treinou várias "gerações" de
excelentes pesquisadores que produziram um
enorme volume de pesquisa clínica de alta
qualidade relevante para a fisioterapia. Em 1998, o
precursor deste livro, Evidence-Based Health-
care: A Practical Guide for Therapists (Bury &
Mead 1998), foi publicado, fornecendo um texto
básico para ajudar os terapeutas a entender o que era
a prática baseada em evidências e o que
significava em relação à sua prática clínica. E a
partir de 1999, o PEDro, um banco de dados de
ensaios aleatórios, deu aos fisioterapeutas fácil
acesso a provas de alta qualidade sobre os efeitos
da intervenção.
Hoje, a maioria dos fisioterapeutas já ouviu
falar da prática baseada em evidências, e a prática
baseada em evidências - os tempos iniciaram
muita discussão e também algum ceticismo.
Alguns sentem que o conceito ameaça a
importância das habilidades, da experiência e do
conhecimento prático, e a preeminência da
interação com pacientes indi- viduais.
Discutiremos estas questões mais adiante neste
livro.
Como este livro o ajudará
a praticar a fisioterapia
baseada em evidências?
Este livro fornece um guia passo a passo para a
prática da fisioterapia baseada em evidências. O
foco está no uso de evidências para apoiar a tomada
de decisões que dizem respeito a pacientes
individuais ou pequenos grupos de pacientes, mas
muito do que é apresentado se aplica igualmente à
tomada de decisões sobre questões de
poliquimioterapia e saúde pública.
3A
Colaboração Cochrane recebeu o nome de Archie Cochrane,
um distinto epidemiologista britânico que avaliou a eficácia dos
tratamentos e procedimentos médicos. Mais informações sobre
o Archie Cochrane e a Colaboração Cochrane podem ser
encontradas em http://www.cochrane.org/index0.htm
5
 Fisioterapia Baseada em Evidências
Práticas
Passos para a prática da fisioterapia
baseada em evidências
A prática baseada em evidências envolve os
seguintes passos (Sackett et al 2000):
Passo 1 Conversão das necessidades de
informação em perguntas com resposta.
Passo 2 Rastrear as melhores evidências com
as quais responder a essas perguntas.
Passo 3 Avaliar criticamente as provas de seu
impacto de validade e aplicabilidade.
Passo 4 Integrar as evidências com a experiência
clínica e com as biologias, valores e
circunstâncias únicas dos pacientes.
Passo 5 Avaliar a eficácia e eficiência na
execução dos passos 1-4 e buscar maneiras de
melhorá-los para a próxima vez.
Estas etapas formam a base para o esboço deste
livro, que está estruturado da seguinte forma.
Capítulo 2: O que eu preciso saber?
A fisioterapia baseada em evidências só ocorrerá
quando duas condições forem cumpridas: tem que
haver uma sensação de incerteza sobre o melhor
curso de ação, e tem que haver o reconhecimento de
que pesquisas clínicas de alta qualidade poderiam
resolver parte da incerteza. Uma vez satisfeitas estas
condições, o primeiro passo na fisioterapia baseada
em evidências é identificar, possivelmente com o
paciente, qual é o problema clínico. Enquadrar o
problema ou pergunta de forma estruturada facilita a
identificação das necessidades de informação. O
Capítulo 2 foi projetado para ajudá-lo a enquadrar
perguntas capazes de responder. Focalizamos quatro
tipos de perguntas clínicas: aquelas sobre os efeitos
da intervenção, atitudes e experiências, prognóstico,
e o acu - raciocínio dos testes diagnósticos.
Capítulo 3: O que constitui prova?
Cada tipo de pergunta clínica é melhor respondida
com um tipo particular de pesquisa. O Capítulo 3
considera os tipos de pesquisa que melhor
respondem a cada um dos quatro tipos de questão
clínica levantada no Capítulo 2.
Capítulo 4: Encontrando as provas
Você precisará fazer uma pesquisa em bancos de
dados relevantes para encontrar evidências que
respondam a suas perguntas clínicas. O capítulo 4
faz recomendações sobre quais bancos de dados
pesquisar, e como pesquisar de uma forma que
6
será mais provável que lhe dê as informações de
que você precisa de uma maneira eficiente.
Capítulo 5: Posso confiar nesta evidência?
Nem toda pesquisa é de qualidade suficiente para ser
utilizada para a tomada de decisões clínicas. Uma
vez acessada a evidência da pesquisa, é preciso
poder avaliar se ela pode ou não ser acreditada. O
capítulo 5 descreve um processo para avaliar a
confiabilidade ou validade da pesquisa clínica.
Capítulo 6: O que esta evidência significa
para minha prática?
Se a pesquisa for de alta qualidade, você precisará
decidir se ela é relevante para as circunstâncias
clínicas particulares de seu paciente ou pacientes,
e, se for o caso, o que a evidência significa para a
prática clínica. O capítulo 6 considera como
avaliar a relevância da pesquisa clínica e como
interpretar os resultados da pesquisa.
Capítulo 7: Diretrizes para a prática clínica
Diretrizes clínicas devidamente desenvolvidas
fornecem recomendações para a prática que são
informadas, sempre que possível, por evidências de
pesquisa de alta qualidade. O capítulo 7 descreve
como decidir se as diretrizes clínicas de prática
são suficientemente confiáveis para serem
aplicadas na prática.
Capítulo 8: Quando e como as novas
terapias devem ser introduzidas na
prática clínica?
Este capítulo descreve um protocolo que deve ser
dobrado antes que novas terapias sejam
introduzidas na prática clínica.
Capítulo 9: Fazendo acontecer
Pode ser difícil colocar em prática uma pesquisa
clínica de alta qualidade. O Capítulo 9 discute as
barreiras para a mudança da prática e formas de
melhorar a prática profissional.
Capítulo 10: Estou no caminho certo?
A aprendizagem ao longo da vida requer auto-
reflexão e auto-avaliação. No Capítulo 10
discutimos a auto-avaliação, tanto da forma como a
evidência é utilizada para informar a prática, quanto
da forma como as práticas baseadas em evidência
são implementadas. Além disso, consideramos a
avaliação clínica dos efeitos da intervenção em
pacientes individuais.
 Fisioterapia baseada em evidências: o quê, por que
e como?
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