Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CCT – Centro de Ciências e Tecnologia

Crimes contra o patrimônio – Profa. Flávia Siqueira Cambraia

Relatório Palestra Simpósio de Direito da Medicina

Rubens Fabris Golsman – TIA 42017580

Campinas – SP

08/2022
Relatório da palestra do I Simpósio de Direito da Medicina com o tema: Autonomia,
Consentimento e Recusa de Tratamentos

O primeiro palestrante a falar sobre o tema autonomia, consentimento e recusa de


tratamentos foi o Prof. Dr. Venâncio Pereira Dantas Filho, da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp. Ele iniciou seu discurso diferenciando os termos: valores,
princípios e regras. De acordo com ele, os valores são um conjunto de conceitos abstratos,
distantes da nossa realidade, e é a partir deles que a sociedade cria os princípios. A partir
destes princípios então, são criadas as regras presentes nas sociedades modernas.

Dantas Filho então fala sobre o princípio da liberdade, e como a maneira com a qual nós
enxergamos tal conceito é recente, surgindo na Revolução Francesa. Um conceito
positivo que advém da liberdade é o conceito de autonomia, que de acordo com ele é a
evolução, reflexão e conformação do princípio da liberdade. Tal autonomia, porém, leva
a um conceito trazido pelo prof. como “ditadura do paciente”, na qual o paciente comanda
as decisões do médico em favor de sua própria autonomia e desejos pessoais, e o médico
muitas vezes prioriza tais desejos acima da saúde do paciente. Mas, na verdade, segundo
o Dr. Venâncio, o médico deveria presar pela saúde do paciente acima de todas as coisas,
ao invés dos desejos e preferências pessoais do paciente, havendo então um conflito entre
os interesses pessoais e de classe com os interesses do paciente.

Ele então afirma que a relação entre o consulente e o consultor em uma consulta é baseada
na confiança, utilizando-se de uma citação de Renato G. G. Terzi, que afirma o seguinte:
“Ritual é o fenômeno que concede poder a quem ministra e graça a quem recebe”. Ele
cita então o próprio juramento de Hipócrates, que se baseia nos princípios da Beneficência
e Não-malevolência.

Por fim, o Prof. discorre sobre os artigos I e II do Capítulo 1 do Código de Ética Médica,
e sobre os princípios da Bioética, que são: o respeito à autonomia, a justiça, a beneficência
e a não-malevolência. Ele associa esses princípios com dificuldades que médicos têm para
lidar com questões de autonomia do paciente, com pacientes afirmando problemas como
a “frieza” dos médicos no tratamento, a falta de comunicação entre eles e os pacientes, e
a sensação de que os médicos apenas exercem tal profissão por causa do dinheiro recebido
por ela.

Após ele, o Dr. Vitor Almeida, da PUC/Rio, que discursou sobre o tema “vulnerabilidade
e consentimento informado”. Ele iniciou sua palestra com uma citação de Rodotá, que
afirma: “Consentir equivale a ser”. Almeida explica que o consentimento que uma pessoa
pode operacionalizar de maneira consciente é o próprio ser, e que ele deve ser visto como
um exercício de autonomia. Ele traz os conceitos da proteção da pessoa humana em dois
momentos: aspecto dual da dignidade, além do consentimento como autonomia e da
beneficência como heteronomia.

Após isso, ele se utilizou de uma citação de Heloísa Helena Barboza para discorrer sobre
a vulnerabilidade. A citação afirma: “Embora em princípio iguais, os humanos se revelam
diferentes no que respeita à vulnerabilidade”. Almeida se utiliza deste conceito para falar
sobre os sentidos e trajetórias da vulnerabilidade, e ferramentas de apoio aos vulneráveis
para preservar sua autonomia. Ele segue discorrendo sobre a difícil autonomia dos
vulneráveis, realizando a articulação entre a autonomia e a vulnerabilidade, afirmando
que a autonomia dos vulneráveis deve ser protegida, quando não encorajada, e dizendo
que há muitas discriminações contra os vulneráveis. O prof. Almeida afirma que na última
década o Direito se apropriou do termo vulnerabilidade, se utilizando dele cada vez mais,
e que talvez nós ainda não tenhamos o domínio pleno dos sentidos que a vulnerabilidade
tem. Além disso, ele reitera o fato de que há uma necessidade de proteger os vulneráveis,
assim como os já vulnerados.

Ele trata então do que Rodotá chama de A revolução do consentimento informado,


afirmando que o consentimento foi de um ato a um processo, no qual o direito deixa de
proteger o objeto de uma relação jurídica e passa a proteger mais os sujeitos envolvidos
nessa relação. Ele traz o conceito do consentimento qualificado modulado pela
vulnerabilidade, que deve possuir uma postura ativa e interrogante, e se basear na
informação e na compreensão, a fim de se preservar a autonomia.

Por fim, o Prof. Gustavo Ribeiro da UFLA encerra a palestra tratando da participação da
criança e do adolescente nos processos decisórios relativos aos cuidados de saúde: a
questão do consentimento informado. Ele abre o seu discurso com algumas perguntas
relevantes ao tema, como por exemplo a pergunta de como se deve avaliar a competência
ou a capacidade para consentir de uma criança ou adolescente. Então ele responde tais
perguntas, utilizando-se do atual Código Civil e do Estatuto da Criança e do Adolescente
para basear suas respostas e discorrer sobre a autonomia e consentimento informado das
crianças e adolescentes.

Você também pode gostar