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Transmissão das Obrigações

Dois tipos de transmissão:


• Causa mortis: regulada pelo direito das sucessões
• Inter vivos: regulada pelos capítulos seguintes

Capítulo I
Da Cessão de Crédito

• Cessão de crédito: negócio jurídico pelo qual o credor de uma


obrigação transfere seu direito a outrem independentemente de
anuência do devedor. Não se confunde com a novação subjetiva ativa,
que exige concordância do devedor
• Importante asseverar que a cessão transfere todos os elementos da
obrigação, tais como, juros, multas e, inclusive, garantias da dívida,
salvo expressa disposição em contrário. Logo, se a obrigação cedida é
garantida por hipoteca, o cessionário torna-se credor hipotecário; se
por penhor, o cedente é obrigado a entregar o objeto empenhado ao
cessionário.
• Ex.: se um carro da polícia bate no seu carro, quem será processado e
responsabilizado por ressarcir o bem? O Estado, mas caso ele não
possa pagar na hora, você entrar na chamada "fila de precatório". Então
uma empresa te liga para conceder seu precatório (uma parcela)
• Trata-se de negócio similar à compra e venda. Todavia, a CV é sobre
bens corpóreos e a cessão sobre o crédito, bem imaterial.
• Nomenclatura:
o Cedente: credor originário
o Cessionário: novo credor
o Cedido: devedor

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se
não constar do instrumento da obrigação.
• Natureza da obrigação - ex.: obrigação de fazer infungível (aqueles que
podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e
quantidade, como o dinheiro), direitos personalíssimos (como o nome)
etc.
o Alimentos (futuros), por ser personalíssima (art. 1.707. Pode o
credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a
alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão,
compensação ou penhora.)
o Força de lei. Ex.: o crédito de salários a receber, é proibido
conceder. (Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer
desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar
de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.)
• A proibição de cessão, é que não pode ceder em razão à lei, mas em
relação ao contrário é algo cotidiano
• A impossibilidade de ceder, não pode ser posta à C2, se não constar
nas obrigações do contrato, sendo C2 de boa-fé

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito


abrangem-se todos os seus acessórios.
• Penhor: você pega um empréstimo na caixa, e deixa o anel de
diamantes da sua avó

Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito,


se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento
particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
• É válida e eficaz entre as partes independentemente de forma, mas
exige forma para eficácia perante terceiros (registro público - LRP art.
129, nº 9)
• Ex.: você compra uma coxinha no intervalo da faculdade, mas termina o
intervalo e a coxinha ainda não ficou pronta, portanto, você fala para o
seu amigo que ainda não entrará em aula, que ele pode ficar com a
coxinha, mas o dono da cantina não dá a ele a coxinha, pois não há
nenhum documento garantindo que ele está dizendo a verdade,
porém, a sua dívida com o seu amigo, ainda é existente

Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer


averbar a cessão no registro do imóvel.
• Cessionário de crédito hipotecário: o cara que compra o crédito do
banco que está garantido por uma hipoteca
• Averbação: anotação de uma informação posterior

Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor,


senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que,
em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
• Antes da ciência, portanto, o pagamento do devedor ao antigo credor
produz todos os efeitos.
• A cessão de crédito (não pagará mais para C1, agora pagará para C2),
só terá validade, se D for notificado sobre isso

Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que


se completar com a tradição do título do crédito cedido.
• O credor originário não pode ceder duas vezes o mesmo crédito, mas,
se o fizer, valerá a cessão ao cessionário a quem se fez a entrega do
título, exceto o caso da parte final do artigo seguinte

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da


cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão
notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão,
o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública,
prevalecerá a prioridade da notificação.
Ex.: C1 é credor de D, e faz a cessão para C2, e o D, sem saber, paga para
C1, então quem C2 irá processar, é C1, e não D, que não teve nenhuma
responsabilidade. Exija sempre o documento que gerou a obrigação,
para segurança e garantia

Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor,


pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe


competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito
ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas
cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
• O cedente não pode ceder um crédito que não existe, caso faça isso,
terá de ressarcir o cessionário

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela


solvência do devedor.
• Se o D for pobre não dá em nada, a menos que esteja no contrato
• Cessão pro soluto: cedente responde apenas pela existência do crédito,
não pela solvência do devedor. É a regra.
• Cessão pro solvendo: cedente responde pela existência do crédito e
pela solvência do devedor, ambos no momento da cessão (o que é
diferente do avalista, pois este responde pela solvência também depois
do aval), nos limites do artigo seguinte

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do


devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que
o cessionário houver feito com a cobrança.
• C2 foi cobrar, e descobriu que D é pobre, ele cobra o valor que foi pago
por C2, e não o valor total do crédito (mas com juros, e o valor gasto
para fazer a sessão e a cobrança)

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido
pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o
pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente
contra o credor os direitos de terceiro.
• Ex.: uma pessoa perdeu uma ação, mas não tem como pagar, portanto
o juiz penhora algum bem para poder pagar a outra parte. "Não venda
seu carro, pois irei vende-lo, penhora-lo para pagar a outra parte"
• Penhora: ato judicial de limitação da disponibilidade, para realizar o
cumprimento de outra obrigação

Capítulo II
Da Assunção de Dívida
• Assunção de dívida ou cessão de débito: negócio jurídico pelo qual um
terceiro assume a responsabilidade pela dívida com ou sem o
consentimento do devedor, mas sempre com anuência expressa do
credor.
• Duas espécies:
o Por delegação: devedor transfere o débito (sempre com
anuência do credor)
▪ Nomenclatura:
• Delegante: devedor originário
• Delegado: novo devedor
• Delegatário: credor

▪ Sub-espécies:
• Primitiva: libera o devedor originário
• Cumulativa: ambos ficam responsáveis. Pode haver solidariedade ou
não. Pode haver benefício de ordem
• *voltar no minuto 100*

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o


consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor
o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor
para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu
silêncio como recusa.
• A dívida compensa para outros, de uma forma que não compensa para
mim

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-


se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.
• Trocou d1 por d2, a garantia que o d1 deu, vão embora

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o


débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por
terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais
que competiam ao devedor primitivo.
• A defesa pessoal, só pode ser alegada entre AQUELAS pessoas, o D1
pode alegar tal defesa, o D2 não

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o


pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar
em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o
assentimento.

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