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O BRINQUEDO NA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANCA Cincta AMALIA RigeiRo Reaina Issuzu HiROOKA DE BORDA Maco ANDRADE REZENDE 1. Compreender 0s princpios tebricos que nortelam a utlizacéo do brinque- oforinquedo terapéutico na asssténcia de enfermagem & crianca. Conhecer as funcdes, as caracteristicas e tipos de brinquedo. Conceituar brinquedo terapeutico e diferencia-lo de ludoterapia, Reconhiecer modalidades do brinquedo terapeutico e os objetivos de sua utilzagdo. CConhecer 0 material e a técnica de aplicagao do brinquedo terapéutico. Compreender a importancia de a crianca ser preparada para os procedi- ‘mentos. 7. Conhecer os objetives e os fundamentos do prepare da crianca para os procedimentos. 8, Descrever os principios e as diretrizes da acéo do entermelro quanto ao Dreparo da crianca e do adolescente para os procedimentos, nos diferen. tes grupos etsrios da infancia, ‘9: Reconhecer o preparo como uma das etapas que compéem a técnica do procedimento, PONTOS A APRENDER PALAVRAS-CHAVE |S srinavedo, brinquedo tereptutco, cranca, prepare para procediment, enfermagem pedir. ESTRUTURA DOS TOPICS ‘A importancia do brincar para 2 cana. O brincar no contexto da asssténcia 2 sate. Caractersticas e fungdes do brinquedo. importancia do preparo da crianga para os procedimentos. Possiblidades de utlizacdo do brinquedo/ ‘brinquedo terapeutico na asisténcia a sade. Brinquedo no contexto da edu- ‘ado em sate. Seguranca e higienizagio dos brinquedos. Consideracoes finais. Pontos @ revisar. Propostas para estudo. Referéncias biblogréficas. bD ENFERMAGEW E & SAUDE DA CRIANGA NA ATENGAO BASICA IMPORTANCI, A crianga nao é um adulto em miniatura, mas sim um ser com caracteristicas Peculiares e necessidades especiais que precisam ser tespeitadas ¢ atendidas para que o rapido processo de crescimento ¢ desenvolvimento, caracteristico desse periodo da vida, transcorra da melhor forma possivel”, Entre essas necessidades, destaca-se o brincar, que tem sido habitualmente compreendido e conceituado como uma forma de diversio, de recreacio, de atividade nao-séria e oposta ao trabalho. Segundo o Novo Dicionério da Lingua Portuguesa’, brincar significa divertir-se infantilmente, entreter-se em jogos de crianca recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar, ocupar-se. De acordo com o conhecimento atual, embora esses sejam real- mente atributos do brinquedo, brincar é muito mais do que isso: € tuma necessidade da infincia, o trabalho da crianga eo meio pelo dual ela se desenvolve em todos os aspectos, fisico, emocional, cog. nitivo ¢ social, de forma natural. Epistemologicamente, brincar deriva da palavra brinco, que vem do latim vinculo, que significa fazer lagos, ligarse". Essa definigdo jé evidencia o quanto a atividade hidica é essencial para o desenvolvi. mento infantil, pois ¢ brincando que, desde bebé, a crianga se integra a ela mesma, as outras pessoas e a0 meio ambiente. Brincar 6, portan- {0, muito mais do que passar o tempo, é uma atividade integradora ara a pessoa da crianga, A necessidade de brincar e a participagéo da crianga em uma brincadeira envolvente tém precedéncia sobre a satisfacdo de certas necessidades consideradas basicas, a no ser que 0 organismo esteja em elevado estado de tensio, medo ou privacao®, A compreensio de que brincar € uma necessidade basica é essen- ial &s pessoas que cuidam da crianga, devendo ser valotizada tanto quanto a higiene, a alimentagio, 0 exame fisico, a medicacao, o curativo ¢ outros cuidados. Assim, na Programagao e sistematizacao da assisténcia A. crianga, © profissional deve prever, prover e facilitar a sua participagao nos diferentes tipos de brincadeira, além de ele proprio Participar dessa atividade, em casa, na escola, na creche ou nos servigos de assisténcia 4 satide. Ou seja, a brincadeira ndo pode ser vista como uma ativi- ivertir-se, 1 BRINQUEDO NA ASSISTENCIA A SADDE DA CRIANGA a dade a mais a ser proporcionada a crianga se “der tempo” ou se “as. pessoas envolvidas no cuidado estiverem a fim”, pois a assisténcia a crianga deve estar comprometida com a satisfacao de suas necessida- des, como ser humano que cresce se desenvolve. No caso do profissional de satide, especialmente para o enfermei- 0 € a equipe de enfermagem, essa participacao é imprescindivel para que a crianga nao os relacione apenas a procedimentos desagradaveis € dolorosos e para que se estabeleca uma relagio de confianca ¢ ami zade entre eles. E fundamental considerar que o brincar representa tuma intervengio diagndstica ¢ terapéutica, © BRINCAR NO CONTEXTO DA ASSISTENCIA A SAUDE © contexto da assisténcia a saiide € permeado por situacdes * potencialmente estressantes para a crianga, mesmo que ela esteja saudavel, como consulta de puericultura, avaliacao de sinais vit exame fisico, avaliagio do crescimento ¢ de desenvolvimento, apl cacio de vacinas, entre outras vivéncias, que podem inclusive deter- minar agravos emocionais, caso no haja um manejo adequado da situagao pela equipe de satide que a assiste. Tal situagio, pode ser ainda agravada quando ocorre uma doenga, pois seu advento deter- mina necessidade de outros procedimentos adicionais, tanto para determinagio do diagnéstico como para a efetivagio da terapéutica propriamente dita. Vale ressaltar que a assisténcia de enfermagem a crianga, este ela sadia ou doente, deve ultrapassar a prestagio de cuidados cos € 0 conhecimento técnico-cientifico relacionado a doenca e ao cuidado fisico, pois, para que a pessoa da crianca seja atendida, é fundamental considerar, também, suas necessidades emocionais ¢ sociais, abrangendo'o uso de técnicas adequadas de comunicagio € relacionamento, entre as quais se destaca o brinquedo, ou situagio de brincar®#°, O brinquedo tem sido utilizado na assisténcia de enfermagem a crianga nao s6 como uma forma de satisfazer a necessidade recrea- cional ¢ propiciar desenvolvimento fisico, mental, emocional ¢ a socializacao, mas também como um recurso para propiciar alivio das tensdes, além de constituir uma possibilidade de comunicagio pela ia, a PRMAGEM £ A SAUDE DA CRIANGA NA ATENCAO BASICA qual os enfermeiros podem dar explicagdes e receber informagoes da ctianga sobre o significado das situagdes vividas por ela; com base nisso, & possivel tragar metas de assisténcia de enfermagem. Para tanto, preconiza-se 0 uso do brinquedo terapéutico, que se funda- menta nas fungdes catédrticas do brinquedo ¢ i A utilizagao do brinquedo em geral e do brinquedo terapé como metodologia assistencial atende ao preconizado pela atual Poli- tica Nacional de Humanizagéo do Ministério da Satide que valoriza a dimensao subjetiva e social em todas as praticas de assisténcia a saiide®, Também est em concordancia com os preceitos da assistén- cia atraumética, considerada uma das grandes tendéncias no cuidado de satide & crianga e & sua famflia*, Assisténcia atraumdtica, ou cuidado sem trauma, é uma filoso- fia de cuidado terapéutico que pressupée 0 uso de intervencdes que climinem ou minimizem 0 desconforto fisico € psicolégico experi- mentado pelas criangas e por seus familiares, no sistema de atengao a satide. Tais intervengdes variam desde abordagens psicolégicas, como a preparagio das criangas para os procedimentos e para as intervencoes fisicas, até a provisio de espago adequado para que os pais se acomodem com a crianga. Eis alguns exemplos de cuidados atrauméticos: medidas para facilitar 0 relacionamento entre pais € filhos; preparagio prévia da crianga que vai se submeter qualquer tratamento ou procediénento; controle da dor; garantia da privacida- de da crianca; oferecimento de atividades lidicas para que ela possa e regulamentado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolugio n. 295, de 24 de outubro de 2004, que reza em seu artigo 1°: “compete ao enfermeiro que atua na 4rea peditrica, enquanto inte- grante da equipe multiprofissional de satide, a utilizacio da técnica do brinquedofbrinquedo terapéutico, na assisténcia & crianga e familia”™ Assim, o enfermeiro deve ter conhecimento das caracteristicas € fungies da brincadeira para utilizar 0 brinquedo no contexto da assisténcia & satide. (© BRINQUEDO MA ASSISTENCIA K SAUDE DA CRIANGA 4 CARACTERISTICAS E FUNCOES DO BRINQUEDO Antes de abordar especificamente as caracteristicas ¢ fungées do brinquedo, é importante salientar que na lingua portuguesa, os ter- mos “brincar”, “brinquedo”, “brincadeira” e “jogo” podem ou nao ser usados como sindnimos. Brincar e brincadeira referem-se sempre a0 ato ou A situagao de brincar, enquanto brinquedo pode referir-se tanto a situagdo como ao objeto usado para brincar. Jogo ¢ brinque- do sao sindnimos, embora, na maioria das vezes, a palavra jogo seja utilizada quando a brincadeira envolve regras e brinquedo, quando se trata de uma atividade no-estruturada. brincar caracteriza-se como uma atividadg espontanea, prazero- sa, envolvente, livre de conflitos e tenses, que tem um fam em si mesma. Envolve intensa motivagio e pode ser classificada considerando-se a par- ticipagio da crianga na brincadeira, a atividade desenvolvida ou a fina- lidade da brincadeira. Deve-se relacionar ao estdgio de desenvolvimento’ da crianga e as funges do brinquedo, ou seja, recreagio, estimulagao, socializagao e dramatizacio de papéis, de conflitos e catarse™""*, Os Quadros 13.1, 13.2 e 13.3 apresentam os diferentes tipos de brincadeira e suas principais caracteristicas. Quadro 13.1 _Diferentes formas de participagio da crianga na brincadera Observada A cianga obits ang brincando com intresse porn Sem x ‘manifesto desejo de participa. Ecaracteristica do primero ano de vida, bce nls ia cao quan stem 3 ler. | elas ots te pp aia € cate do ietena o oe outtos. Poralela ‘Asean cam rs oad tows prt independent Yates ‘ese que haa nteraco ent els Poder bincar com bringuedos seats 28 izes peas res crongas qe bcm 2 eu ‘tedore incsive interessar-se pelo abjeto que etd com a outa cranga, mas ands interessam muita pouco por el, como pessoa, cu pela rica dla € pel &cianga ete 1 e 3 anos de dade (conto) Quadro 13.2 SAUDE DA CRIANGA WA ATENGKO BASICA Tipos e principais caractersticas da brincadeira.(continuagéo) (© ARINQUEDO WA ASSISTENCIA A SAODE DA CRIANCA Quadro 13.3 Diferentesfinalidades da brincadei Ressalta-se que, embora haja todos esses tipos de brinquedo, cada qual com suas caracteristicas, eles ndo so obrigatoriamente excludentes. Assim, em uma brincadeira recteativa, ocorre catarse, como quando a crianca brinca de casinha ou de mame e elabora, brincando, varias vivéncias de sua propria vida familiar. Ou quando a crianga desenvolve brincadeiras de roda que envolvem, ao mesmo tempo, atividade motora, socializacdo e desenvolvimento. IMAGEN E A SAODE DA CRIANGA NA ATENGAO BASICA Pi PROCEDIMENTOS Considerando as caracteristicas ¢ particularidades das fungdes do brinquedo, sio enormes as possibilidades de utilizagao dessa ati- vidade como instrumento de assisténcia a satide da crianga e de sua familia. No contexto extra-hospitalar, o brincar deve ser freqiiente nas creches, nas escolas, nos ambulatérios e nas unidades basicas de satide, tanto para promover a recreacao da crianga como favorecer sua socializagao € seu desenvolvimento, nas atividades de educacao ‘em satide, durante as consultas de enfermagem e durante a realiza¢ao de procedimentos como: aplicagéo de vacinas, coleta de sangue ¢ urina para exames, inalado, realizago de curativos, administraga0 de medicamentos € outros a que ela tera que ser submetida. Sua utilizagio apresenta vantagens tanto para a crianga e sua familia como para os profissionais, pois promove a aproximacio € a comunicagao entre eles, favorece a compreensio da técnica e da necessidade das intervengdes, possibilita relaxamento das tensdes determinadas pelos procedimentos, permite uma melhor compreen- sao do significado que as criangas atribuem as suas vivéncias, além de alegear e descontrair o ambiente, de tornar 0 tempo de espera do atendimento agradave Apresentam-se, a seguir, algumas poss izacao do brinquedo como intervengao de assisténcia & satide da crianga. © BRINQUEDO NO PREPARO PARA PROCEDIMENTOS DIAGNOSTICOS E TERAPEUTICOS Como ja apontado anteriormente, nos equipamentos de assis- téncia a satide, as criangas sio submetidas a varios procedimentos, como 0 exame fisico durante consulta de puericultura, a aplicagao de vacinas, a coleta de sangue e de outros materiais para exames labora- toriais, a retirada de pontos, a realizacao de curativos, a administragao de medicamentos por diferentes vias (oral, intramuscular, subcutinea, intravenosa, inalat6ria, nasal, otol6gica, oftélmica e outras). bite (© BRINQUEDO WA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANGA es | Pelo fato de muitos desses procedimentos serem desconhecidos, intrusivos e dolorosos, a vivéncia destes costuma representar uma experiéncia desagradével, amedrontadora ¢ traumética para a crian- ae sua familia. A situagao € agravada se sua realizagao nao for ade- ‘quadamente conduzida pela equipe de satide em geral, especialmente a equipe de enfermagem, a principal responsdvel por sua execucio. Para tanto, além do manejo correto da técnica, é imprescindivel que Esse preparo apresenta objetivos determinados que tém sido res- saltados na literatura e confirmados na pratica profissional. O Quadro 13.4 apresenta tais objetivos""", . Quadro 13.4 Objetivos do preparo para os procedimentos. FEstabelecer uma relagdo de confianca com a canga e a fei ‘juder a crianga e seus paisa sentirem que sd considerados como pessoas Prategere favorecero desenvolvimento intel da crianga, (Oferecer recursos que ajudem a canga e sua familaaenfentaren, de manera menos ttaumitca, © que no pode se evitado. ‘Ajudar a cianca ea familia ase sentitem sequras no momento de ententar a stuagéo. -ProporcinarIhes recursos que faclitem a percepao ecomunicaglo em relay 3 expen ‘Amerizar 0 sofimento, diminuir 0 medo e ajudar 2 libetar a tensdo antes, durante eapds 0 procedimento, Subst conceitos exradose fantasia, judando a entrar em contato com 2 realidad, Incentvar @expressao de sentimentos decomenes a stuagio, Fomecer meios pare que ese momenta se transforme em uma experiéncia consti, sto &, de cescimento pare a langa e seus pas A realizagao de procedimentos sem preparo pode fazer com que a crianga fique profundamente magoada com a(s) pessoa(s), pois ainda no tem condig6es de entender on interpretar corretamente a inteng&o de quem a faz passar por tal experiéncia (médico, enfermei- 10, pais), principalmente se for um procedimento doloroso. Desa 0 08 crc aa eno een forma, muitas experincias s40 percebidas como ataques hostis ou provocadoras de raiva ¢ ela pode reagir atacando as pessoas, fugindo ou fechando-se em si mesma. Entretanto, pesquisas constatam que, quando preparadas, as criangas tornam-se mais cooperativas, expressam melhor seus sen- timentos de medo e ansiedade, demonstram compreender a neces- sidade do procedimento, diminuem as reagées de tensio, passam a se relacionar melhor com as outras criangas e a equipe de enferma- gem'™27414647, Ao contrario, sem um preparo ou assisténcia ade- quada, a crianga poderd vir a ter prejuizos em seu desenvolvimento. Assim, € importante que os profissionais de satide tenham conheci- mento das premissas que embasam e justificam a necessidade desse pre- Paro para as criangas, as quais estdio apresentadas no Quadro 13.52", Quadro 13.5 _Jusificativas do preparo para os pracedimentos ‘Em razéo de seu 10 mature, a crane tem recursos limits pra enfrentat situagGes inesperades ou idivels; sue capacidade de raciocinar logicamente e considerar une eae recorre & fantasia para superar o medo, a frustracéo ‘© a dor, tentando descobrir sozinha por que passa pela experiéncia, Pode até se sentir-culpada « interpretar o procedimento ou a situagSo como um castigo, especialmente os toddlers e pré- scolar ; A ciange quer uma expla, or par la ud pode ser expcado; a ner sept et interessada numa justificativa lOgica, mas quer uma razo para os acontecimentos. ‘A cianga desi aprender sere prazer aprenden, porém ea ca rsosa quando owe © que nao pode entender. Assim, as informagdes dadas 4 crianga dever ser precisas. Ela ficard -Confiante se tudo 0 que for dito se confirmar na realidade. E dificil mudar um conceit ertado da crianca, porém ¢ importante que ela associ os objetos ositlores ao seu verdadero significado No planejamento do preparo para procedimento, é fundamental considerar a fase de desenvolvimento da crianga ¢ as suas caracte- icas individuais, a experiéncia passada relacionada a vivéncias de procedimentos e as peculiaridades do procedimento ao qual a crianca ser submetida, além da importdncia da participacao e do preparo dos pais. (© BRINQUEDO MA ASSISTENCIA A SRODE DA CRIANGA 4 Quanto as caracteristicas da crianga, é importante avaliar a presenga de comportamentos indicativos de tensio, assim como aqueles sugestivos de ego forte. Entre os primeiros, verificam-se: comportamentos de dependéncia, agressio fisica ou verbal contra pessoas ou objetos, choro prolongado, crise de gritos, rigidez muscu- las, auto-agressio, regressées ou disttirbios comportamentais como sugar 0 dedo ou masturbar-se, negativismo e outros ressaltados na literatura‘. No que se refere a ego forte, observam-se os seguintes comportamentos: protestar diante de tratamentos ou procedimentos; expressar verbalmente sentimentos de prazer, raiva ou desconforto; procurar ajuda fazendo perguntas; aceitar dependéncia quando apro- priada; encarar a realidade do procedimento; em tentativas para resolver seus problemas, explorando a situagao, brincando ¢ verbalizando, entre outros", Em relagdo 4 participagdo dos pais, considera-se que deve set incentivada de acordo com a decisio destes, ¢ o enfermeiro tem 0 dever de respeit4-la, assim como de orienté-los e apoid-los para que compreendam a necessidade, a técnica e 0 manejo do procedimento ¢ da necessidade do preparo da crianga. Quando eles se sentem capa- zes de assumir 0 procedimento e desejam fa: o enfermeiro deve orienté-los e oferecer apoio enquanto prepara a crianga™. E importante ressaltar que a maneira como os pais reagem aos procedimentos causa grande impacto no comportamento dos filhos. Se eles percebem que seus pais esto ansiosos, contrariados ou inse- guros, seus proprios temores aumentam; se os pais demonstram con- viccao e confianga, isso também € percebido pela crianga**. Considerando as necessidades e caracteristicas de cada fase de desenvolvimento, 0 Quadro 13.6 apresenta algumas diretrizes de ago, que podem nortear o enfermeiro quanto a0 preparo para 0 procedimento nos diferentes grupos etarios da infincia®’, Quadro 13.6 Coracteristi- «as do desen- volvimento Aectente (0-12 o corpo; confianca versus Gesconfianga gratin + Usarpalawase fase cures como: para o procedimento, wotada & TENGAO BASICA de vor firme, porém ‘bebe no entende 0 sigiiado das falas, mas rladona o sentido a0 tom; sso & mais importante que o Dar go para a clanga olhar ou um bringuedo durante 0 procedmento, Proporcionarconorto iio aps 0 procedimento como carciae colo. - Nessaidade a ciangaobedeceaordens simples e por volta dos 18 meses de ‘dade, nia 0 desenvolimento de um "Isso pi emao voce podera ange, € como id sent (continua) RR RE RR Quadro 13.6 Caracteristi- cas do desen- = Sugerir aos pais que fiquem proximos. & cianga, converse om ela e he déem a mo, (0 BRINQUEDO NA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANGA aque norsiam a aco do ene lescente para os procediment dramaiza 0 que va indie mostando 0 perio our feta comodara,niomereomenivo, Os riwais so inponares pa 0: cota una Hite ¢ fae tnders e ‘tim groulo de suas ‘desenhos. reakzacbes. =Usar uma abordagem fime 0s ile tim um senso incampleto as compress srt eto 105 fluidos corpéreos possam se én ter cxgulo en mos ocala prow de concer. importante fon D ENFERMAGEM E A SAODE DA CRIANGA NA ATENGKO BASICA | (0 BRINQUEDO NA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANCA el Quadro 13.6 Direrizes que norteiam a aco doenfermeiro no preparo da conga Quadro 13.6 _iretrizes que norteiam a acéo do enfermeio no prepar da cranca «edo adolescente para os procedimentos. (continuagio) e do adolescente para os procedimentos. (contin Caracteristi- —_AgBes de enfermagem Justtcativas Caracterst- Aces de enfermagem Jstitcativas 2s do desen- «2s do desen- volvimento : volvimento Freese (38 apex 0 procedimento tas ~0 tempo no deve ~lncenther que 0s pals fem -0 brnquedo terapéutco # uma Sancs) aie a cranga desenoi resents que Sequem a mio e mane eftie da cana lr com Fas fla resp: eas consegu | convesem com a cian fondo fantasia meds, (genital; ‘conceto por ver ‘numa posicio em que possam ser aqueles associados com procedimentos ensamento Nesta idade, a ctianca permanece vistas intrusives elow dolorosos; ele percep egocéntrica e tem 0 pensamento -Apés 0 procedimento, elogiar proporciona qué a crianca descarregue concet mas tanbm pode entender 5 comporamentos a cringe a tensa, Simple dre a seu que fetaram sua resizage, Os pais so una fonte de apd ‘9 membro iméverespvar funda. -Viualar e manusearo equipamento ou especialmente para as criangas, tranqilzador para a cianca ¢, nessa Splear 0 procedmeri vatedo iar a eiacio de un procera aires; quando howe puna, dade and ha grande asedade pela arcs mots depp cana. Kd jr a cana a aprender iso aplqve un banded sobee 0 sepaaco. aumerta sa capaci deena € loa, spelen nas cians A cianga sente prazer em suas cooper 25 lanes grande praes menos reais eared A damatzagio pets 1s far com quer ema 2 perd de 8 cian ereser pesamerts conti copien Prcetmento eu perm que _srtneios send ue canes eats Escolar (6 12 -Ferrpuaactenaumaersonaio -Nessa situasio, a fangs. tem la dramatize a styacao, podem sr conigidos pelo enfermeira. ‘simples e honesta da necessidade a habilidade de pensar de uma Fla clang que os proced- =O preescoar est. deserved fase de espeica do prcedmeri e de manera gia © compreender ments nunea so vaeos como una concénia pode ver um lato; como antes da veazaga ov _tlaconaments. unio e dar uma expcagdo _procedimento como punigéo. para ensamento como parte de seu vatamento. ~Tomar parte no. procedimento, com suas ages mas ele pode entender gine = Pemitr 2 cigs responsabilidad, & um apoio para 2 permit a0 ré9 ncessidade real do procedimenta fomion 0 ue for posse necesdade da cana de dorinat oa (p. através de uma explcaco simples. Indusicsidade aquertoraraijegio)_- Nestadade, a rianca procure dominar situages. Esse grupo de idade & em ue ger, bem suceido encore 0 desenvoimento de as situacSes @ tem prazer em suas inlecoriade, alae elogiar a crangaporsua sua capacidade deter iiiatna, _realeacBes.Decir esté de acardo coopera. Para a ciana dss dade, conversat Deiat a crangsbrincar, com a crecttstica daidade em que ~Provideniar tempo, antes ©2085 — sobre seus sentiments & super 20 ‘ramatizando 0 procedmento, est desenvoNend native © procedimento, para Stat © inquedcomoumméodode tom inchusve com o equipamento real, sob supers ads sua realcago. Por exemplo: dar injecbes e até agathas reais. ‘ansiedades. 0 brinquedo terpéutico ‘ind & eetv, especialmente para as -menores, mas pode ser usado também para as mares (ona) BCs sna cna a reno sca Quadro 13.6 _Diretrizes que norteiam a agdo do enfermeiro no preparo da cianga do adolescent para os procedimentos.continvacdo) Caracterist- Aces de enfermagem Jstficatvas «as do desen- x a -Permitc que os pais segrem as -Os fais so uma fonte de apoio mos da cianga e felem com tranqilizador pare a cianga, asim ‘fe dante 0 procter ow © coma o € um ato em quem ela cenfesmco evercer ese pap. conf ‘Adolescente -Promover 0 matimo de informago - 0. adolescente € capaz de pensar (12216 anos) que adoescerte deseje sobre © de uma maneireligca © abst, Fase de Procediment, ates oy como parte mas também demonstia egocentrismo, sewulidade de um watamenta, e cantare especialmente sob esse. dita: ‘como ele pode ajuda. + Esses aspectos si importantes porque Pensamento -Convesar com 0 adolescents, 0 adolescent se apega a eles para abstato: Considerando suas reals. sents aceito em seu giupo, ‘idenidade _preocupagées arespeito do quanto -0 adolescente velorea os concetos versus © procedimento pode aterar sua sobre imagemcorpoe gosta de sentir confsso contol sobre a stuag, so fa2 com (reocupacio que ee fale com prnvacdade. que ee sesinta dono da siuagSo. ‘omavic- ——_ Povidenciarprivaidade ara 0 ‘imagem e —_procedinento pei ecohas mutes). posses a wspito deste, por ‘exemplo, local de injegéo, horétio, va de um medicament, ~ Pedir para os pais acompanharem ‘ou agua, de acerdo com a escola do adolescente, Fonte Rieko, Bobs POSSIBILIDADES DE UTILIZACAO DO BRINQUEDO/ BRINQUEDO TEI UTICO NA ASSISTENCIA A SAUDE Bringuedo terapéutico € um brinquedo estruturado para a crianga aliviar a ansiedade gerada por experiéncias atipicas 2 sua (© BRINQUEDO WA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANGA a idade, as quais costumam ser ameacadoras ¢ precisam mais do que recreagio para resolver a lade associada. Deve ser usa pre que a crianga tiver dificuldade em compreender ou lidar com a experiéncia® e também como instrumento para auxiliar no preparo da crianga para os procedimentos, dando oportunidade crianga de descartegar sua tensio ap6s 0 processo, ao dramatizar as situacGes vividas € manusear os instrumentos utilizados ou brinquedos que os representem*, © emprego do brinquedo como recurso de comunicagio e tra- tamento de criangas tem sua origem em trabalhos de psicanalistas infantis, com Melanie Klein, considerada uma das pioneiras no uso da terapia pelo bringuedo. Ela afirma que a crianga, espec na idade pré-escolar, nao possui recursos de comunicacéo verbal s cientes para expressar todos os seus sentimentos, fantasias, desejos ¢ experiéncias vividas, fazen 1r meio do brinquedo, que é 0 seu meio de expressio por exc Por ter uma base comum ¢ muitas semelhangas na aplicacdo, o brinquedo terapéutico ainda é confundido com a ludoterapia, assim como denominado erroneamente pela ter nquedotera- ia”, palavra que no tem sustentaco n: tica e ainda aumenta o risco de promover 0 equivoco anteriormente mencionado. Nesse sentido, é importante que os profissionai Ludoterapia é uma técnica psi de criancas com distirbios emocionais, neuréticas ou psicdticas, rea. lizada em sesses conduzidas por psicélogo, médico ou ivo € promover a compreensao, pela crianga, de seus préprios comportamentos e sentimentos. Para tanto, o terapeuta deve reproduzir para a crianga suas expresses verbais e ndo-verbais, ¢ interpreté-las para ela. As sessGes ocorrem em um meio ambiente muito bem controlado, em um periodo que pode variar de meia a uma hora, € podem se estender por vitios meses" O brinquedo terapéutico, por sua vez, pode ser utilizado para qualquer crianga atendida no servigo de satide, por qualquer enfer- meiro on profissional adequadamente capacitado, com o objetivo de permitirthe alguma compreensio sobre as necessidades € os sentimentos da crianga. Nesse caso, apenas as expresses verbais da crianga sfo reproduzidas a ela, no se devendo tentar explicar as suas wb ENFERMAGEM E SAUDE DA CRIANGA NA ATENGKO BASICA atividades. As sessées podem ser realizadas em qualquer area conve- niente, num perfodo que varia de 15 a 45 minutos”. Existem 3 modalidades de brinquedo terapéutic * instrucional, que visa preparar a crianga para os procedimen- tos a que sera submetida; dramético ou catartico, cujo objetivo é permitir a descarga emocional da erianga; capacitador de fungées fisiolégicas, cuja meta é potencializar as capacidades fisiol6gicas da crianga, de acordo com suas condigées e necessidades biofisicas. © material utilizado nas sessGes de brinquedo terapéutico deve constituir-se de: figuras representativas da familia e da equipe de objetos de uso doméstico e outros, tais como chupera, mamadeira, revélver, carro e telefone (Figura de uso do profissional ¢ terapéutico como estetoscd} fita métrica, seringa, agulha, garrote (Figura 13.3); bonecos para a realizado de procedimentos; material para desenho e pintura ¢ blo- cos geométricos. Figura 13.1 Bonecos representativos da familia e da equipe de sade. (0 BRINQUEDO NA ASSISTENCIA A SAUDE DA CRIANGA a Figura 13.2 Objetos de uso dom Figura 13.3 Objetos de uso da equipe de saéde. ‘A recomendagao desse material baseia-se no fato de que ele deve set variado o suficiente para permitir A crianga dramatizar situagdes domésticas e hospitalares, exteriorizar sentimentos de raiva e hostilida- de, manifestar sentimentos regressivos e ter oportunidade de expressar- se livremente. ‘Vale enfatizar que o mais importante nao é a existéncia de todo esse material. Os brinquedos nao sao terapéuticos, e sim a brincadei- ra propriamente dita e a condugio da sesso de forma nao-diretiva pois 0 essencial é que a crianca perceba a presenca de um adu aceitador que a estimule a exbressar seus sentimentos' A sessio de brinquedo terapéutico deve ser conduzida pelo enfer- meiro de forma a permitir que a crianca brinque com inteira liber- dade, ainda que haja um tema determinado, como ocorre no caso de uma brincadeira instrucional. Para tanto, devem ser observados alguns aspectos quanto ao seu desenvolvimento, conforme pode ser visto no Quadro 13.7. Quadro 13.7 Técnica da sessio de brinquedo terapéutico. Comidar a cance para bincy, Estabelee’lqunas gis como tego ds sesso (etaente ene 15.45 its, ‘aber 29 acompantante a fun de avs quando este rdximo do trnin) e 20 uso ‘dos brnquedos pod seiizades come acianga deejay, mas deverao ser dechitos no fia Ofer os ings 8 anc, mas no ienficbos promt, decid sbi ois que fr eles, No ‘nieromper ou aa rincado, em dren mane patpando qundaslctado ersonagem swans apeiam mui la prceba que & importante e lange as pergunasfitas por ela (para garanti: que tome as decses na ‘Observe anctar os comportaments eas interagtes, pein 2 pofsioal ter una

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