º Seminário IAS/IFRS
DEPARTAMENTO DE REGULAÇÃO
E ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA
FINANCEIRO
DEPARTAMENTO DE SUPERVISÃO
PRUDENCIAL
Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
001
Índice
• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais
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002
Enquadramento
O Banco Nacional de Angola (doravante “BNA”) está a promover, desde Outubro de 2013, o processo de adopção
plena das Normas Internacionais de Contabilidade e de Relato Financeiro (doravante “IAS/IFRS”)
pelo sector bancário nacional.
Como passo prévio, procedeu-se ao levantamento das matérias mais relevantes para a actividade bancária (i) nas
quais se verificava uma maior divergência entre a actual versão do CONTIF e as IAS/IFRS, ou (ii) cujo ritmo de
crescimento leve a que tais matérias estejam a assumir uma importância crescente.
O processo de adopção plena das IAS/IFRS implica a revisão dos actuais normativos, incluindo a revisão do
CONTIF e a emissão de Guias de Implementação Prática (“GIP”), sob a forma de Instrutivo, para as matérias alvo
de convergência. Estes normativos foram sujeitos a consulta pública e encontram-se disponíveis no sítio de internet
do BNA, numa área específica sobre o processo de adopção plena das IAS/IFRS.
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003
Enquadramento
As IAS/IFRS são emitidas pelo IASB, que tem como principais objectivos:
Desenvolver, tendo em conta o interesse público, um conjunto único de normas de relato financeiro de
elevada qualidade, compreensíveis, passíveis de ser implementadas/executadas e globalmente aceites, baseadas
em princípios claramente definidos;
Promover o uso e a aplicação rigorosa daquelas normas;
Tomar em consideração as necessidades de entidades de diferentes dimensões e tipologias, em ambientes
económicos diversos; e
Promover e facilitar a adopção das IAS/IFRS, através da convergência das normas contabilísticas locais e
das IAS/IFRS.
O IASB não dispõe de poder legislativo para exigir a adopção das IAS/IFRS, sendo necessário requerer a utilização
dos normativos contabilísticos emitidos pelo IASB através de legislação específica ou de decisões tomadas por
agentes reguladores de cada jurisdição.
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004
Enquadramento
Apresentam-se de seguida os tipos de normativos existentes, conjuntamente com a indicação do órgão emissor e do
respectivo horizonte temporal1:
IASC - International
IAS Normas Accounting Standards 1973 até 2001
internacionais de Committee
contabilidade e de
IASB - International
relato financeiro
IFRS Accounting Standard 2001 até à data
Board
SIC - Standing
SIC Interpretações às Interpretations 1997 até 2001
normas Committee
internacionais de
contabilidade e de IFRS Interpretations
IFRIC relato financeiro 2001 até à data
Committee
1 Quando da criação do IASB em 2001, foi estabelecido que as novas normas a serem publicadas posteriormente teriam a
designação de “IFRS”. De igual forma, as novas interpretações passaram a ter a designação de “IFRIC”.
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005
Enquadramento
Apesar de existirem múltiplos impactos decorrentes da adopção das IAS/IFRS no sistema financeiro nacional, importa
destacar as normas que se antecipa virem a ter uma maior relevância:
a qual será de aplicação obrigatória a partir de 1 de Janeiro de 2018. Legenda: Norma com maior relevância Norma com menor relevância
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006
Enquadramento
A identificação das normas/áreas de maior relevância resultou na elaboração de GIP para as seguintes matérias:
Legenda: Estas matérias serão abordadas nas próximas páginas da presente Apresentação.
O BNA não irá emitir quaisquer normas que possam alterar de alguma forma as IAS/IFRS desenvolvidas e
aprovadas pelo IASB (International Accounting Standards Board ) e as interpretações desenvolvidas pelo IFRS
Interpretations Committee e emitidas igualmente pelo IASB.
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007
Enquadramento
A conversão para as IAS/IFRS não se resume a um mero exercício de cálculo e redenominação das demonstrações
financeiras e aplicação de um novo plano de contas.
Procedimentos Sistemas
Formação dos Fiscalidade de
e actividades
colaboradores informação
de controlo
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008
Enquadramento
A adopção plena das IAS/IFRS pelo sector
bancário irá permitir que Angola esteja no
grupo de países que exigem ou permitem a
aplicação das IAS/IFRS
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009
Índice
• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais
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010
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
A IFRS 1 estabelece as regras para a preparação das primeiras demonstrações financeiras de uma entidade de acordo
com as IAS/IFRS, particularmente no que diz respeito à transição das políticas contabilísticas anteriormente aplicadas.
A IFRS 1 deve ser aplicada nas primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS, devendo a entidade
emitir uma declaração explícita e sem reservas de que as mesmas cumprem com os requisitos das normas.
Deve ser divulgada informação financeira pró-forma reportada a 1 de Janeiro e a 31 de Dezembro do ano N-1:
Balanço de abertura de acordo Demonstrações financeiras para o exercício Data de relato das primeiras demonstrações
com as IFRS (pró-forma) findo em 31 de Dezembro de N-1 (pró-forma) financeiras anuais de acordo com as IFRS
Assumindo que as primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS reportam ao exercício de 2016,
teríamos:
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011
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
As primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS devem incluir, no mínimo:
Os relatos financeiros intercalares referentes a uma parte do período abrangido pelas primeiras demonstrações
financeiras de acordo com as IAS/IFRS podem ser elaborados de acordo com: (i) as IAS/IFRS ou (ii) o normativo
contabilístico em vigor.
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012
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
Os ajustamentos resultantes da transição do normativo contabilístico anteriormente em vigor para as IAS/IFRS devem
ser reconhecidos nos resultados transitados ou, se apropriado, noutra categoria de capital próprio na data de
transição para as IAS/IFRS. A título de exemplo, os ajustamentos de transição podem ser apresentados de acordo com o
seguinte modelo:
Resultado
Capitais próprios
Notas líquido do
31/12/n-1 01/01/n-1 exercício n-1
Saldos de acordo com os PCGA anteriores - - -
Ajustamento 1 a)
Ajustamento 2 b)
Ajustamento 3 c)
Ajustamento n n)
Total dos ajustamentos - - -
Saldos de acordo com as IAS/IFRS - - -
As reconciliações exigidas devem incluir uma descrição suficientemente detalhada dos ajustamentos efectuados pelas
instituições.
As estimativas efectuadas pela entidade de acordo com as IAS/IFRS na data de transição não devem utilizar
informação que não estivesse disponível quando da realização das estimativas subjacentes às Demonstrações
Financeiras elaboradas de acordo os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (“PCGA”) anteriores.
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013
AJUSTAMENTOS DE TRANSIÇÃO
31/12/2015 01/01/2015
31/12/2015 01/01/2015
Provisões 200.000 180.000
Provisões
200.000 180.000
(PCGA)
Capitais próprios 1.000.000 800.000
Imparidade
Resultados 250.000 225.000
(IAS/IFRS)
175.000 75.000
transitados
Resultado líquido Diferença 50.000 45.000
100.000 n.a.
em 2015
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014
AJUSTAMENTOS DE TRANSIÇÃO
Balanço
Demonstração Demonstração
de alterações dos resultados
nos capitais e do outro
próprios rendimento
integral Esta demonstração financeira não é
aplicável na versão actual do CONTIF
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017
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO
Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (1/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO
31/12/n-1 01/01/n-1
Activo Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Caixa e disponibilidades em bancos centrais
Disponibilidades em outras instituições de crédito
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS
CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS
Outros activos
DOS FLUXOS DE
Total do activo - - -
CAIXA
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018
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO
Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (2/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO
31/12/n-1 01/01/n-1
Passivo Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Recursos de bancos centrais e de outras instituições de crédito
Recursos de clientes e outros empréstimos
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS
CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS
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019
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO
Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (3/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO
31/12/n-1 01/01/n-1
Capital próprio Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Capital Social
Prémios de emissão
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS
Acções próprias
Outros instrumentos de capital
Reservas de reavaliação
Outras reservas e resultados transitados
Dividendos antecipados
Resultado líquido consolidado do exercício atribuível aos accionistas do Banco
Capital próprio atribuível aos accionistas do Banco
Interesses que não controlam
DEMONSTRAÇÃO DE
CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS
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020
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO
CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS
• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais
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022
Método da taxa de juro efectiva
Âmbito de aplicação e definições
A taxa de juro efectiva corresponde à taxa de desconto que iguala o valor líquido de um determinado instrumento
financeiro ao valor actual dos seus fluxos de caixa futuros estimados.
Legenda:
FC - Fluxo de caixa atribuível a cada período
TJE - Taxa de juro efectiva
Incluir todas as comissões que são parte integrante da taxa de juro efectiva, custos de transacção e
todos os outros prémios ou descontos enquadráveis na taxa de juro efectiva.
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023
Método da taxa de juro efectiva
Âmbito de aplicação e definições
O método da taxa de juro efectiva deve ser aplicado aos seguintes instrumentos financeiros:
Empréstimos concedidos e contas a receber;
Investimentos detidos até à maturidade;
Activos financeiros disponíveis para venda, no que se refere aos rendimentos e/ou gastos a título de juros ou
similares;
Todos os passivos financeiros que não sejam:
• passivos financeiros ao justo valor através de resultados;
• Outras situações pontuais previstas na IAS 39.
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024
Método da taxa de juro efectiva
Rendimentos e gastos a considerar
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025
Método da taxa de juro efectiva
Rendimentos e gastos a não considerar
Rendimentos e gastos a não considerar no cálculo da taxa de juro efectiva de um instrumento financeiro
Comissões pelo compromisso de originar uma Comissão sobre a atribuição de acções a um cliente.
facilidade de crédito (caso não seja provável que
ocorra aquela originação).
Comissões de montagem de um financiamento
entre um mutuário e um investidor (em que a
Comissões pela gestão de investimentos. entidade não assuma o papel de mutuário e/ou de
investidor).
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026
Método da taxa de juro efectiva
Principais desafios
A aplicação prática do método da taxa de juro efectiva apresenta um conjunto de desafios, de entre os quais se destacam:
Principais 2 Associação das comissões recebidas e/ou pagas às operações a que respeitam.
desafios
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027
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
Seguidamente apresentamos um exemplo de uma obrigação emitida a desconto e de taxa fixa:
Conforme referido anteriormente, taxa de juro efectiva é calculada de acordo com a seguinte fórmula:
Com base nos dados disponibilizados apuramos a taxa de juro efectiva da obrigação em causa:
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028
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
Com base nos dados disponibilizados anteriormente efectuam-se os seguintes cálculos:
Proveitos Variação no
Valor Taxa do Fluxos de Custo amortizado no
Datas reconhecidos custo
nominal cupão caixa final do período (a)
(b) = (a) x (TJE) amortizado(1)
31-12-2014 75.000.000 - (74.000.000) 74.000.000 - -
31-12-2015 75.000.000 1,00% 750.000 74.194.957 944.957 194.957
31-12-2016 75.000.000 1,00% 750.000 74.392.403 947.446 197.446
31-12-2017 75.000.000 1,00% 750.000 74.592.371 949.968 199.968
31-12-2018 75.000.000 1,00% 750.000 74.794.893 952.521 202.521
31-12-2019 75.000.000 1,00% 75.750.000 - 955.107 205.107
TJE = 1,28 %
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032
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
Seguidamente apresentamos os diversos cenários para o reconhecimento em resultados do exercício da comissão
referente ao exemplo apresentado na página anterior:
60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5
Anos
Reconhecimento imediato no momento inicial Reconhecimento gradual linear Reconhecimento gradual pelo método da taxa de juro efectiva
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033
Índice
• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais
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034
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Âmbito da norma
A IAS 39 define que em cada data de reporte financeiro deve-se avaliar a existência de evidência objectiva de que
um activo financeiro (ou um grupo de activos financeiros) está em imparidade.
No âmbito do apuramento de perdas por imparidade, a IAS 39 define que as perdas por imparidade devem:
Relativamente aos activos financeiros registados ao custo amortizado, nos quais está incluído o crédito a clientes,
temos que:
1 A IAS 39 tem subjacente que a imparidade deve ser estimada através de um modelo de perda incorrida. A IFRS 9 (norma
que irá substituir a IAS 39) baseia o apuramento de perdas por imparidade no conceito de perda esperada. A IFRS 9 será de
aplicação obrigatória a partir de 1 de Janeiro de 2018.
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035
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Âmbito da norma
De acordo com a IAS 39, a aferição de evidência objectiva de imparidade deverá ser efectuada:
Individual ou colectivamente, para activos financeiros que não são individualmente significativos.
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036
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Indícios de imparidade
Os indícios objectivos de que um activo financeiro ou grupo de activos financeiros está em imparidade incluem dados
observáveis com que o detentor daquele activo ou grupo de activos se depara, e de que constituem exemplos:
Indícios de imparidade
Dados observáveis indicando que há uma redução mensurável nos fluxos de caixa futuros
esperados de um grupo de activos financeiros, incluindo:
a) Alterações adversas na capacidade de pagamento dos devedores incluídos no grupo; ou
b) Condições económicas nacionais ou locais que se correlacionam com os incumprimentos
relativos aos activos do grupo.
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037
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Processo de apuramento de perdas por imparidade
O processo de apuramento de perdas por imparidade por análise individual e por análise colectiva pode ser sintetizado
da seguinte forma:
Realização de
individual
Cálculo de
Análise
experiência de
imparidade em
perdas
base colectiva
históricas
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038
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Análise colectiva
A IAS 39 evidencia critérios que podem ser tidos em consideração no processo de determinação de grupos
homogéneos de risco da carteira de crédito (segmentação):
A norma define ainda várias indicações sobre o processo de análise colectiva, nomeadamente:
O valor dos fluxos de caixa futuros estimados deve ser baseado em informação histórica
1
sobre a perda incorrida em activos com características de risco de crédito semelhantes.
As entidades que não dispõem de dados históricos de perda devem utilizar dados de
IAS 39 2
entidades equiparáveis para grupos de activos financeiros comparáveis.
Análise
colectiva 3 A experiência de perdas históricas deve ser ajustada às condições actuais (“point-in-time”).
A metodologia e pressupostos utilizados para estimar fluxos de caixa futuros devem ser
4
revistos regularmente.
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039
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Principais desafios
A aplicação prática das metodologias de perdas por imparidade apresenta um conjunto de desafios, de entre os quais se
destacam:
Principais
3 Sistematização dos colaterais recebidos e sua correcta valorização.
desafios
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040
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base individual
O exemplo seguinte pretende ilustrar o cálculo de perdas por imparidade em base individual para um determinado
empréstimo:
Condições da operação:
(Valores expressos em Kwanzas)
Valor do crédito contratado 100.000.000 O cliente não cumpre com as suas obrigações
Exposição a 31-12-2014 86.000.222 creditícias desde Junho de 2014.
Taxa de juro nominal 13,5%
Data de início 01-01-2014
Data de reembolso 01-12-2016
Garantias prestadas: Notas adicionais:
• 1.ª Hipoteca sobre imóvel • Recuperação do crédito baseada apenas na
51.000.000 execução de garantias prestadas;
situado na Samba
• De acordo com o relatório de avaliação de
Taxa de juro efectiva 14,42% Novembro de 2014, o valor de mercado do imóvel
é de 51.000.000 AOA (deduzido de custos de
venda); e
• Execução da hipoteca em Julho de 2015.
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041
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base individual
Cálculo da imparidade :
Factor de actualização
Fluxos de caixa futuros
1 Valor recuperável
estimados1
(1+TJE)
Onde n se refere ao período temporal entre a data de reporte e o momento em que é expectável a recuperação (em anos).
O apuramento de perdas por imparidade para cada exposição creditícia pode levar ao apuramento de défices ou
excedentes, quando comparadas com os níveis de provisionamento estimados de acordo com o Instrutivo n.º 9/2015.
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044
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Enquadramento
O apuramento dos factores de risco que suportam o cálculo de imparidade em base colectiva baseia-se na recolha de
informação histórica de comportamento das operações de crédito.
Tipicamente, são apurados dois factores de risco que suportam o cálculo de imparidade:
Probabilidade de
Probabilidade de uma operação após a contratação observar o incumprimento
incumprimento (“PD”)
Perda dado o
Perda associada após a observação do incumprimento
incumprimento (“LGD”)
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045
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Probabilidade de incumprimento
O exemplo seguinte pretende ilustrar o cálculo da probabilidade de incumprimento, tomando por base um período
temporal de 12 meses:
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046
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Perda dado o incumprimento
Para o cálculo da LGD, são consideradas todas as recuperações após a data de incumprimento (t0), descontadas para o
momento de análise à taxa de juro efectiva do contrato.
O seguinte exemplo ilustra a forma de cálculo da perda dado o incumprimento, assumindo uma conjunto de empréstimos com
uma taxa efectiva de 10% e uma exposição global de 1.000 u.m. no momento do incumprimento:
Valor recuperável
(Valor Actual
Líquido)
150 110 90 70 50 50 40 30
LGD 1 / 1.000 42,55%
1 10% 1 10% 1 10% 1 10% 1 10% 1 10% 1 10% 1 10%
1 2 3 4 5 6 7 8
12 12 12 12 12 12 12 12
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047
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Perda dado o incumprimento
Apresentamos de seguida dois exemplos adicionais de cálculo da perda dado o incumprimento:
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048
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Uma vez apresentada a metodologia de cálculo dos factores de risco, procede-se à apresentação de um exemplo para cálculo de perdas
por imparidade em base colectiva. Considerando as seguintes operações:
Operação A: Operação B:
1.000.000 AOA com reembolso no final de um prazo de 1.000.000 AOA com reembolso no final de um prazo de
cinco anos; cinco anos;
Garantia hipotecária associada. Sem nenhuma garantia associada.
PD 12 meses = 25%, LGD oper. com garantia = 41% PD 12 meses = 25%, LGD oper. sem garantia = 65,7%
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049
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
O apuramento da probabilidade de incumprimento deverá atender à evolução histórica do estado de uma determinada
operação de crédito (i.e., aos seus comportamentos actual e passado).
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050
Índice
• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais
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051
Considerações finais
As instituições financeiras bancárias que cumpram com os critérios definidos pelo BNA deverão
proceder à adopção plena das IAS/IFRS a partir de 1 de Janeiro de 2016, devendo as restantes
instituições proceder à adopção plena das IAS/IFRS até 1 de Janeiro de 2017.
O processo de adopção plena constitui um desafio relevante para o sector bancário nacional.
Este processo acarretará alterações profundas em vários domínios, nomeadamente (i) normativo
contabilístico e prudencial, (ii) sistemas de informação, (iii) procedimentos e processos,
(iv) formação dos quadros bancários e (v) fiscalidade.
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Obrigado.