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1.

º Seminário IAS/IFRS

DEPARTAMENTO DE REGULAÇÃO
E ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA
FINANCEIRO

DEPARTAMENTO DE SUPERVISÃO
PRUDENCIAL

Luanda, 9 de Setembro de 2015

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
001
Índice

• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
002
Enquadramento

O Banco Nacional de Angola (doravante “BNA”) está a promover, desde Outubro de 2013, o processo de adopção
plena das Normas Internacionais de Contabilidade e de Relato Financeiro (doravante “IAS/IFRS”)
pelo sector bancário nacional.

Como passo prévio, procedeu-se ao levantamento das matérias mais relevantes para a actividade bancária (i) nas
quais se verificava uma maior divergência entre a actual versão do CONTIF e as IAS/IFRS, ou (ii) cujo ritmo de
crescimento leve a que tais matérias estejam a assumir uma importância crescente.

O processo de adopção plena das IAS/IFRS implica a revisão dos actuais normativos, incluindo a revisão do
CONTIF e a emissão de Guias de Implementação Prática (“GIP”), sob a forma de Instrutivo, para as matérias alvo
de convergência. Estes normativos foram sujeitos a consulta pública e encontram-se disponíveis no sítio de internet
do BNA, numa área específica sobre o processo de adopção plena das IAS/IFRS.

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003
Enquadramento

As IAS/IFRS são emitidas pelo IASB, que tem como principais objectivos:

 Desenvolver, tendo em conta o interesse público, um conjunto único de normas de relato financeiro de
elevada qualidade, compreensíveis, passíveis de ser implementadas/executadas e globalmente aceites, baseadas
em princípios claramente definidos;
 Promover o uso e a aplicação rigorosa daquelas normas;
 Tomar em consideração as necessidades de entidades de diferentes dimensões e tipologias, em ambientes
económicos diversos; e
 Promover e facilitar a adopção das IAS/IFRS, através da convergência das normas contabilísticas locais e
das IAS/IFRS.

O IASB não dispõe de poder legislativo para exigir a adopção das IAS/IFRS, sendo necessário requerer a utilização
dos normativos contabilísticos emitidos pelo IASB através de legislação específica ou de decisões tomadas por
agentes reguladores de cada jurisdição.

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004
Enquadramento

 Apresentam-se de seguida os tipos de normativos existentes, conjuntamente com a indicação do órgão emissor e do
respectivo horizonte temporal1:

Normativos Definição Órgão emissor Horizonte temporal

IASC - International
IAS Normas Accounting Standards 1973 até 2001
internacionais de Committee
contabilidade e de
IASB - International
relato financeiro
IFRS Accounting Standard 2001 até à data
Board

SIC - Standing
SIC Interpretações às Interpretations 1997 até 2001
normas Committee
internacionais de
contabilidade e de IFRS Interpretations
IFRIC relato financeiro 2001 até à data
Committee
1 Quando da criação do IASB em 2001, foi estabelecido que as novas normas a serem publicadas posteriormente teriam a
designação de “IFRS”. De igual forma, as novas interpretações passaram a ter a designação de “IFRIC”.
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005
Enquadramento

 Apesar de existirem múltiplos impactos decorrentes da adopção das IAS/IFRS no sistema financeiro nacional, importa
destacar as normas que se antecipa virem a ter uma maior relevância:

IAS 7 IAS 10 IAS 16


Demons. de Acontecimen.
Activos
IAS 18
fluxos de após a data Rédito
caixa IAS 8 do balanço
tangíveis
IAS 1 Políticas IAS 12 IAS 19
Apresentação contabilíst., Impostos IAS 17 Benefícios dos
de demons. alterações nas sobre o Locações
financeiras estimativas e IAS 28 rendimento IAS 37
empregados IAS 391
IAS 24 erros Investimentos
IAS 34 Provisões,
Instrumentos
Divulgações Relato financeiros:
em associadas passivos e
de partes financeiro Reconheci-
e empreend. activos
IAS 21 relacionadas intercalar mento e
Efeitos de
IAS 27 conjuntos IAS 32 IAS 36
contingentes
IAS 38 mensuração
Demons. Instrumentos
alterações em financeiras financeiros: Imparidade Activos
taxas de de activos intangíveis
câmbio IFRS 1
separadas IFRS 3 Apresentação IFRS 5 IFRS 13
Adopção pela
Concentra- Activos não IFRS 8
ções de correntes Segmentos Mensuração
primeira vez actividades detidos para operacionais pelo justo
das IFRS valor
IAS 40 IFRS 2 empresariais
IFRS 4
venda IFRS 7 IFRS 10
Propriedades Pagamento Instrumentos Demons.
de com base em Contratos de financeiros: financeiras
investimento acções seguro Divulgações consolidadas

norma será substituída pela IFRS 9 – Instrumentos financeiros,


1 Esta

a qual será de aplicação obrigatória a partir de 1 de Janeiro de 2018. Legenda: Norma com maior relevância Norma com menor relevância
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006
Enquadramento

 A identificação das normas/áreas de maior relevância resultou na elaboração de GIP para as seguintes matérias:

Títulos e valores Divulgações de Benefícios dos


Locações
mobiliários instrumentos financeiros empregados

Adopção pela primeira vez Perdas por imparidade do


Método da taxa efectiva
das IFRS crédito

Legenda: Estas matérias serão abordadas nas próximas páginas da presente Apresentação.

O BNA não irá emitir quaisquer normas que possam alterar de alguma forma as IAS/IFRS desenvolvidas e
aprovadas pelo IASB (International Accounting Standards Board ) e as interpretações desenvolvidas pelo IFRS
Interpretations Committee e emitidas igualmente pelo IASB.
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007
Enquadramento

 A conversão para as IAS/IFRS não se resume a um mero exercício de cálculo e redenominação das demonstrações
financeiras e aplicação de um novo plano de contas.

 A adopção plena das IAS/IFRS acarreta alterações profundas em vários domínios:

Procedimentos Sistemas
Formação dos Fiscalidade de
e actividades
colaboradores informação
de controlo

Estas alterações constituem um desafio relevante para o sector bancário nacional.

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008
Enquadramento
A adopção plena das IAS/IFRS pelo sector
bancário irá permitir que Angola esteja no
grupo de países que exigem ou permitem a
aplicação das IAS/IFRS

Em Setembro de 2014, a IFRS Foundation


publicou no seu sítio o perfil de Angola no que
concerne à adopção das IAS/IFRS, o qual foi
entretanto actualizado no início do presente mês.
A publicação do perfil de Angola trata-se de um
marco relevante no processo de reconhecimento
internacional da adopção plena das IAS/IFRS.
Fonte: Sítio da IFRS Foundation e do IASB
(www.ifrs.org/Documents/Qassimhandout.pdf), actualizado com a informação retirada do
sítio do IAS Plus (http://www.iasplus.com/en/jurisdictions), com referência a Dezembro de
2013, e a publicação do perfil de Angola em Setembro de 2014.

Legenda: Países que exigem ou permitem Países em convergência com o


a aplicação das IAS/IFRS IASB ou a iniciar a adopção das
IAS/IFRS
Países que não se encontram em processo de convergência para as IAS/IFRS

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009
Índice

• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais

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010
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
 A IFRS 1 estabelece as regras para a preparação das primeiras demonstrações financeiras de uma entidade de acordo
com as IAS/IFRS, particularmente no que diz respeito à transição das políticas contabilísticas anteriormente aplicadas.

 A IFRS 1 deve ser aplicada nas primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS, devendo a entidade
emitir uma declaração explícita e sem reservas de que as mesmas cumprem com os requisitos das normas.

 Deve ser divulgada informação financeira pró-forma reportada a 1 de Janeiro e a 31 de Dezembro do ano N-1:

Apresentação de Preparação de demonstrações financeiras


comparativos de acordo com as IAS/IFRS
01.01.N-1 31.12.N-1 31.12.N

Balanço de abertura de acordo Demonstrações financeiras para o exercício Data de relato das primeiras demonstrações
com as IFRS (pró-forma) findo em 31 de Dezembro de N-1 (pró-forma) financeiras anuais de acordo com as IFRS

 Assumindo que as primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS reportam ao exercício de 2016,
teríamos:

Apresentação de Preparação de demonstrações financeiras Exemplo


comparativos de acordo com as IAS/IFRS
01.01.2015 31.12.2015 31.12.2016
(Pró-forma) (Pró-forma)

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011
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
 As primeiras demonstrações financeiras de acordo com as IAS/IFRS devem incluir, no mínimo:

Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS.

Duas demonstrações dos resultados.

Duas demonstrações dos resultados e do outro rendimento integral.

Duas demonstrações de alterações nos capitais próprios.

Duas demonstrações dos fluxos de caixa.

Notas relacionadas, incluindo informação comparativa para todos os elementos apresentados.

 Os relatos financeiros intercalares referentes a uma parte do período abrangido pelas primeiras demonstrações
financeiras de acordo com as IAS/IFRS podem ser elaborados de acordo com: (i) as IAS/IFRS ou (ii) o normativo
contabilístico em vigor.

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012
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Âmbito da norma
 Os ajustamentos resultantes da transição do normativo contabilístico anteriormente em vigor para as IAS/IFRS devem
ser reconhecidos nos resultados transitados ou, se apropriado, noutra categoria de capital próprio na data de
transição para as IAS/IFRS. A título de exemplo, os ajustamentos de transição podem ser apresentados de acordo com o
seguinte modelo:
Resultado
Capitais próprios
Notas líquido do
31/12/n-1 01/01/n-1 exercício n-1
Saldos de acordo com os PCGA anteriores - - -
Ajustamento 1 a)
Ajustamento 2 b)
Ajustamento 3 c)
Ajustamento n n)
Total dos ajustamentos - - -
Saldos de acordo com as IAS/IFRS - - -

 As reconciliações exigidas devem incluir uma descrição suficientemente detalhada dos ajustamentos efectuados pelas
instituições.

 A aplicação retrospectiva apresenta um conjunto de excepções obrigatórias e facultativas. As estimativas constituem


uma das excepções obrigatórias previstas pela IFRS 1:

 As estimativas efectuadas pela entidade de acordo com as IAS/IFRS na data de transição não devem utilizar
informação que não estivesse disponível quando da realização das estimativas subjacentes às Demonstrações
Financeiras elaboradas de acordo os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (“PCGA”) anteriores.
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013
AJUSTAMENTOS DE TRANSIÇÃO

IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS


Exemplo
Aplicação prática prático
Divulgação dos ajustamentos decorrentes da adopção plena das IAS/IFRS:

 Seguidamente apresentamos um exemplo de ajustamento resultante da transição do normativo contabilístico


anteriormente em vigor para as IAS/IFRS, considerando que o Banco ABC adoptou as IAS/IFRS em 2016:
(Valores expressos em milhares de kwanzas)

PCGA anteriores Adopção das IAS/IFRS

31/12/2015 01/01/2015
31/12/2015 01/01/2015
Provisões 200.000 180.000
Provisões
200.000 180.000
(PCGA)
Capitais próprios 1.000.000 800.000
Imparidade
Resultados 250.000 225.000
(IAS/IFRS)
175.000 75.000
transitados
Resultado líquido Diferença 50.000 45.000
100.000 n.a.
em 2015

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014
AJUSTAMENTOS DE TRANSIÇÃO

IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS


Exemplo
Aplicação prática prático
Divulgação dos ajustamentos decorrentes da adopção plena das IAS/IFRS:

Resultado (Valores expressos


Capitais próprios líquido do em milhares de
exercício kwanzas)
31-12-2015 01-01-2015
2015
Saldos de acordo com os PCGA anteriores 1.000.000 800.000 100.000
Imparidade do crédito (50.000) (45.000) (5.000)
Total dos ajustamentos (50.000) (45.000) (5.000)
Saldos de acordo com as IAS/IFRS 950.000 755.000 95.000
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015
AJUSTAMENTOS DE TRANSIÇÃO

IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS


Exemplo
Aplicação prática prático

Registos contabilísticos do ajustamento de transição nas demonstrações financeiras pró-forma em


01.01.2015

(Valores expressos em milhares de kwanzas)


Resultado
Capitais próprios líquido do
exercício
31-12-2015 01-01-2015
2015
Saldos de acordo com os PCGA anteriores 1.000.000 800.000 100.000
Imparidade do crédito (50.000) (45.000) (5.000)
Total dos ajustamentos (50.000) (45.000) (5.000)
Saldos de acordo com as IAS/IFRS 950.000 755.000 95.000

D Imparidade para crédito C D Resultados transitados C

Si 180.000 1 Ajust. 45.000 Si 75.000


Ajust. 45.000 1
Sf 225.000 Sf 30.000
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016
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
Aplicação prática
 No âmbito do processo de adopção plena das IAS/IFRS, foram disponibilizados às instituições os modelos de cada
demonstração financeira em base individual e em base consolidada, nomeadamente:

Balanço

• De seguida, apresentamos os modelos


das demonstrações financeiras em
Demonstração Demonstração
dos fluxos de dos base consolidada respeitantes ao
Modelos de
caixa demonstrações resultados Balanço e à Demonstração dos
financeiras resultados e do outro rendimento
IAS/IFRS
integral.

Demonstração Demonstração
de alterações dos resultados
nos capitais e do outro
próprios rendimento
integral Esta demonstração financeira não é
aplicável na versão actual do CONTIF
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017
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO

Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (1/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO

31/12/n-1 01/01/n-1
Activo Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Caixa e disponibilidades em bancos centrais
Disponibilidades em outras instituições de crédito
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS

Aplicações em bancos centrais e em outras instituições de crédito


Activos financeiros ao justo valor através de resultados
Activos financeiros disponíveis para venda
Investimentos detidos até à maturidade
Derivados de cobertura
Crédito a clientes
Activos não correntes detidos para venda
Propriedades de investimento
DEMONSTRAÇÃO DE

CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS

Outros activos tangíveis


Activos intangíveis
Investimentos em associadas e empreendimentos conjuntos
Activos por impostos correntes
Activos por impostos diferidos
Provisões técnicas de resseguro cedido
DEMONSTRAÇÃO

Outros activos
DOS FLUXOS DE

Total do activo - - -
CAIXA

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018
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO

Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (2/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO

31/12/n-1 01/01/n-1
Passivo Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Recursos de bancos centrais e de outras instituições de crédito
Recursos de clientes e outros empréstimos
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS

Responsabilidades representadas por títulos


Passivos financeiros ao justo valor através de resultados
Derivados de cobertura
Passivos financeiros associados a activos transferidos
Passivos não correntes detidos para venda
Provisões
Provisões técnicas
Passivos por impostos correntes
DEMONSTRAÇÃO DE

CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS

Passivos por impostos diferidos


Passivos subordinados
Outros passivos
Total do passivo - - -
DEMONSTRAÇÃO
DOS FLUXOS DE
CAIXA

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019
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO

Aplicação prática
Três balanços, incluindo o balanço de abertura de acordo com as IFRS (3/3):
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO

31/12/n-1 01/01/n-1
Capital próprio Notas 31/12/n
(Pró-forma) (Pró-forma)
Capital Social
Prémios de emissão
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS

Acções próprias
Outros instrumentos de capital
Reservas de reavaliação
Outras reservas e resultados transitados
Dividendos antecipados
Resultado líquido consolidado do exercício atribuível aos accionistas do Banco
Capital próprio atribuível aos accionistas do Banco
Interesses que não controlam
DEMONSTRAÇÃO DE

CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS

Total do capital próprio - - -


Total do passivo e do capital próprio - - -
DEMONSTRAÇÃO
DOS FLUXOS DE
CAIXA

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020
IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
BALANÇO

Aplicação prática Nova


demonstração
Duas demonstrações dos resultados e do outro rendimento integral: financeira
DOS RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO

31/12/n 31/12/n-1 (Pró-forma)


Atribuíveis a Atribuíveis a
Interesses Interesses
Accionistas Total Accionistas
Notas que não que não Total
do Banco do Banco
controlam controlam
Resultado líquido consolidado do exercício - - - - -
RESULTADOS E DO OUTRO
RENDIMENTO INTEGRAL
DEMONSTRAÇÃO DOS

Outro rendimento integral


Itens que não serão reclassificados subsequentemente para resultados
do exercício:1
Desvios actuariais e financeiros relativos a planos de pensões de
benefício definido: - - - - -
Valor bruto
Impacto fiscal
- - - - -
DEMONSTRAÇÃO DE

CAPITAIS PRÓPRIOS
ALTERAÇÕES NOS

Itens que serão reclassificados subsequentemente para resultados do


exercício:1
Activos financeiros disponíveis para venda: - - - - -
Variações no justo valor
Transferência para resultados por alienação
Transferência para resultados por imparidade reconhecida no período
Impacto fiscal
- - - - -
DEMONSTRAÇÃO
DOS FLUXOS DE

Resultado não incluído na demonstração dos resultados - - - - -


CAIXA

Rendimento integral consolidado do exercício - - - - -

1 As situações identificadas não constituem uma lista exaustiva.


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021
Índice

• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
022
Método da taxa de juro efectiva
Âmbito de aplicação e definições
 A taxa de juro efectiva corresponde à taxa de desconto que iguala o valor líquido de um determinado instrumento
financeiro ao valor actual dos seus fluxos de caixa futuros estimados.

 A taxa de juro efectiva é calculada de acordo com a seguinte fórmula:

FC1 FC2 FC3 FCn


FC0 = + + + … +
(1 + TJE)1 (1 + TJE)2 (1 + TJE)3 (1 + TJE)n

Legenda:
FC - Fluxo de caixa atribuível a cada período
TJE - Taxa de juro efectiva

 No cálculo do método da taxa de juro efectiva, é necessário:

Estimar os fluxos de caixa considerando a totalidade das condições contratuais do instrumento


financeiro, mas sem ter em consideração perdas de crédito futuras que não foram incorridas.

Incluir todas as comissões que são parte integrante da taxa de juro efectiva, custos de transacção e
todos os outros prémios ou descontos enquadráveis na taxa de juro efectiva.

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023
Método da taxa de juro efectiva
Âmbito de aplicação e definições
 O método da taxa de juro efectiva deve ser aplicado aos seguintes instrumentos financeiros:
 Empréstimos concedidos e contas a receber;
 Investimentos detidos até à maturidade;
 Activos financeiros disponíveis para venda, no que se refere aos rendimentos e/ou gastos a título de juros ou
similares;
 Todos os passivos financeiros que não sejam:
• passivos financeiros ao justo valor através de resultados;
• Outras situações pontuais previstas na IAS 39.

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024
Método da taxa de juro efectiva
Rendimentos e gastos a considerar

Rendimentos e gastos a considerar no cálculo da taxa de juro efectiva de um instrumento financeiro

Comissões recebidas relativas à aquisição ou criação de


O reconhecimento de um activo financeiro que não seja classificado ao justo
rendimentos e gastos de 1 valor através de resultados, de acordo com a IAS 39 (ex.:
instrumentos financeiros comissões de dossier/ abertura de crédito e de montagem de
depende da finalidade/ operações).
objectivo subjacente a esses
rendimentos e gastos e da base
Comissões recebidas pelo compromisso de originar uma
de contabilização do
2 operação de crédito (caso seja provável que ocorra aquela
instrumento financeiro em
operação de crédito).
causa.

Os rendimentos e gastos Comissões recebidas/pagas na emissão de passivos


referidos ao lado devem ser 3 financeiros mensurados ao custo amortizado.
considerados no cálculo da taxa
de juro efectiva de um
instrumento financeiro. Comissões recebidas pela concessão de crédito a uma
4 taxa de juro inferior à taxa de juro observada no mercado.

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025
Método da taxa de juro efectiva
Rendimentos e gastos a não considerar

Rendimentos e gastos a não considerar no cálculo da taxa de juro efectiva de um instrumento financeiro

Comissões recebidas associadas Comissões associadas à execução


a serviços prestados de um acto significativo
(As comissões são reconhecidas como proveito à (As comissões são reconhecidas como proveito
medida que os serviços são prestados) quando o acto significativo tiver sido concluído)

Comissões pelo compromisso de originar uma Comissão sobre a atribuição de acções a um cliente.
facilidade de crédito (caso não seja provável que
ocorra aquela originação).
Comissões de montagem de um financiamento
entre um mutuário e um investidor (em que a
Comissões pela gestão de investimentos. entidade não assuma o papel de mutuário e/ou de
investidor).

Comissões de sindicação de um financiamento.

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
026
Método da taxa de juro efectiva
Principais desafios
 A aplicação prática do método da taxa de juro efectiva apresenta um conjunto de desafios, de entre os quais se destacam:

Recolha de informação histórica sobre comissões recebidas e/ou pagas e análise da


1
fiabilidade dos dados recolhidos.

Principais 2 Associação das comissões recebidas e/ou pagas às operações a que respeitam.
desafios

3 Realização de desenvolvimentos necessários nos sistemas de informação.

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027
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
 Seguidamente apresentamos um exemplo de uma obrigação emitida a desconto e de taxa fixa:

• Investimento inicial = 74.000.000 AOA • Taxa do cupão: 1%


• Reembolso = 75.000.000 AOA • Periodicidade de pagamento de cupão: anual
• Data de aquisição: 31-12-2014 • Pagamento do cupão: postecipado
• Data de reembolso: 31-12-2019

 Conforme referido anteriormente, taxa de juro efectiva é calculada de acordo com a seguinte fórmula:

FC1 FC2 FC3 FCn Legenda:


FC0 = + + + … + FC - Fluxo de caixa atribuível a cada período
(1 + TJE)1 (1 + TJE)2 (1 + TJE)3 (1 + TJE)n
TJE - Taxa de juro efectiva

 Com base nos dados disponibilizados apuramos a taxa de juro efectiva da obrigação em causa:

750.000 750.000 750.000 750.000 75.750.000


74.000.000 = + + + + TJE = 1,28%
(1 + TJE) 1 (1 + TJE) 2 (1 + TJE) 3 (1 + TJE) 4 (1 + TJE) 5

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028
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
 Com base nos dados disponibilizados anteriormente efectuam-se os seguintes cálculos:

Proveitos Variação no
Valor Taxa do Fluxos de Custo amortizado no
Datas reconhecidos custo
nominal cupão caixa final do período (a)
(b) = (a) x (TJE) amortizado(1)
31-12-2014 75.000.000 - (74.000.000) 74.000.000 - -
31-12-2015 75.000.000 1,00% 750.000 74.194.957 944.957 194.957
31-12-2016 75.000.000 1,00% 750.000 74.392.403 947.446 197.446
31-12-2017 75.000.000 1,00% 750.000 74.592.371 949.968 199.968
31-12-2018 75.000.000 1,00% 750.000 74.794.893 952.521 202.521
31-12-2019 75.000.000 1,00% 75.750.000 - 955.107 205.107

TJE = 1,28 %

(1) Decorrente do reconhecimento gradual do prémio/(desconto).


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029
Método da taxa de juro efectiva Página actualizada
Aplicação prática
 Seguidamente apresentamos um exemplo de uma obrigação de taxa variável adquirida a desconto:

• Investimento inicial = 88.000.000 AOA • Taxa de juro: 10% (Luibor + spread)


• Valor nominal = 90.000.000 AOA • Periodicidade de pagamento de cupão: anual
• Data de aquisição: 31-12-2014 • Pagamento do cupão: postecipado
• Data de reembolso: 31-12-2020

 Com base nos dados disponibilizados:

Custo amortizado Proveitos Variação no


Valor Taxa de Fluxos de
Datas no final do período reconhecidos custo
nominal juro caixa
(a) (b) = (a) x (TJE) amortizado(1)
31-12-2014 90.000.000 - (88.000.000) 88.000.000 - -
31-12-2015 90.000.000 10,00% 9.000.000 88.255.847 9.255.847 255.847
31-12-2016 90.000.000 10,00% 9.000.000 88.538.605 9.282.757 282.757
31-12-2017 90.000.000 10,00% 9.000.000 88.851.103 9.312.498 312.498
31-12-2018 90.000.000 10,00% 9.000.000 89.196.469 9.345.366 345.366
31-12-2019 90.000.000 10,00% 9.000.000 89.578.161 9.381.692 381.692
31-12-2020 90.000.000 10,00% 99.000.000 - 9.421.839 421.839
TJE = 10,52%
(1) Decorrente do reconhecimento gradual do prémio/(desconto).
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030
Método da taxa de juro efectiva Página actualizada
Aplicação prática
 Em 31 de Dezembro de 2015, a Luibor aumenta e a taxa de juro do instrumento em causa passa para 11,75%. Face à
mudança na taxa de referência, de acordo com a IAS 39, existe a necessidade de re-estimar os fluxos de caixa.

Custo amortizado Proveitos Variação no


Valor Taxa de Fluxos de
Datas no final do período reconhecidos custo
Nominal Juro caixa
(a) (b) = (a) x (TJE) amortizado(1)
31-12-2015 90.000.000 - - 88.255.847 - -
31-12-2016 90.000.000 11,75% 10.575.000 88.528.809 10.847.961 272.961
31-12-2017 90.000.000 11,75% 10.575.000 88.835.321 10.881.512 306.512
31-12-2018 90.000.000 11,75% 10.575.000 89.179.508 10.919.187 344.187
31-12-2019 90.000.000 11,75% 10.575.000 89.566.001 10.961.493 386.493
31-12-2020 90.000.000 11,75% 100.575.000 - 11.008.999 433.999
Face à mudança ocorrida assiste-se então ao aumento da taxa de juro efectiva para o valor de 12,29%.

(1) Decorrente do reconhecimento gradual do prémio/(desconto).


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031
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
 Seguidamente apresentamos um exemplo de uma operação de crédito de taxa fixa, com reembolso de capital
no vencimento e comissão de abertura de 1,5%:

• Empréstimo concedido = 10.000.000 AOA • Periodicidade de pagamento de prestações de capital e juros:


• Data de concessão: 31-12-2014 anual
• Data de vencimento: 31-12-2019 • Comissão de abertura: 1,5% (sobre o montante concedido)
• Taxa de juro nominal: 14%

 Com base nos dados disponibilizados efectuam-se os seguintes cálculos:


Custo Proveitos Reconheci-
Comissão
Fluxos de Capital em Juros do Capital amortizado reconhecidos mento da
Datas de
caixa dívida Período amortizado no final do (b) = (a) x comissão de
abertura
exercício (a) (TJE) abertura
31-12-2014 150.000 (9.850.000) 10.000.000 - - 9.850.000 - -
31-12-2015 - 2.912.835 8.487.165 1.400.000 1.512.835 8.378.400 1.441.235 41.235
31-12-2016 - 2.912.835 6.762.532 1.188.203 1.724.632 6.691.478 1.225.913 37.710
31-12-2017 - 2.912.835 4.796.451 946.754 1.966.081 4.757.728 979.086 32.331
31-12-2018 - 2.912.835 2.555.119 671.503 2.241.332 2.541.035 696.143 24.640
31-12-2019 - 2.912.835 0 357.717 2.555.119 - 371.800 14.083
TJE = 14,63%

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032
Método da taxa de juro efectiva
Aplicação prática
 Seguidamente apresentamos os diversos cenários para o reconhecimento em resultados do exercício da comissão
referente ao exemplo apresentado na página anterior:

Reconhecimento imediato no momento inicial

Reconhecimento gradual linear

Reconhecimento gradual pelo método da taxa de juro efectiva

 Com base nos dados disponibilizados teremos:


150
Em milhares de Kwanzas

60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5
Anos
Reconhecimento imediato no momento inicial Reconhecimento gradual linear Reconhecimento gradual pelo método da taxa de juro efectiva
Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
033
Índice

• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
034
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Âmbito da norma
 A IAS 39 define que em cada data de reporte financeiro deve-se avaliar a existência de evidência objectiva de que
um activo financeiro (ou um grupo de activos financeiros) está em imparidade.

 No âmbito do apuramento de perdas por imparidade, a IAS 39 define que as perdas por imparidade devem:

ser reconhecidas quando incorridas1;


ser consideradas como ocorridas se e só se existe evidência objectiva de imparidade como resultado
de um ou mais eventos que ocorreram após o reconhecimento inicial do activo; e
ter um impacto nos fluxos de caixa futuros esperados do activo, possível de ser estimado de forma
fiável.

 Relativamente aos activos financeiros registados ao custo amortizado, nos quais está incluído o crédito a clientes,
temos que:

Valor actual dos fluxos de caixa futuros estimados


Imparidade Valor de Balanço
(descontados à taxa de juro efectiva do activo)

1 A IAS 39 tem subjacente que a imparidade deve ser estimada através de um modelo de perda incorrida. A IFRS 9 (norma
que irá substituir a IAS 39) baseia o apuramento de perdas por imparidade no conceito de perda esperada. A IFRS 9 será de
aplicação obrigatória a partir de 1 de Janeiro de 2018.

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035
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Âmbito da norma
 De acordo com a IAS 39, a aferição de evidência objectiva de imparidade deverá ser efectuada:

Individualmente, para activos financeiros significativos; e

Individual ou colectivamente, para activos financeiros que não são individualmente significativos.

Se um activo analisado individualmente não apresentar indícios objectivos de imparidade, é incluído


num grupo de activos com características de risco similares para efeitos de realização de uma análise
colectiva.

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036
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Indícios de imparidade
 Os indícios objectivos de que um activo financeiro ou grupo de activos financeiros está em imparidade incluem dados
observáveis com que o detentor daquele activo ou grupo de activos se depara, e de que constituem exemplos:

Indícios de imparidade

Dificuldades financeiras significativas do devedor;

Incumprimento no pagamento de capital ou juros;


Dificuldades financeiras do devedor que resultam em condições de financiamento ao mesmo que de
outra forma não seriam oferecidas;
Probabilidade de o mutuário entrar em processo de insolvência ou reorganização financeira;
Desaparecimento de um mercado activo para o activo financeiro devido a dificuldades financeiras
do emitente; e

Dados observáveis indicando que há uma redução mensurável nos fluxos de caixa futuros
esperados de um grupo de activos financeiros, incluindo:
a) Alterações adversas na capacidade de pagamento dos devedores incluídos no grupo; ou
b) Condições económicas nacionais ou locais que se correlacionam com os incumprimentos
relativos aos activos do grupo.

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037
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Processo de apuramento de perdas por imparidade
 O processo de apuramento de perdas por imparidade por análise individual e por análise colectiva pode ser sintetizado
da seguinte forma:

Realização de
individual

ficha de análise Cálculo de


Análise

individual para imparidade em


cada cliente/ base individual
contrato
Segmentação da Montante total
carteira de de perdas por
crédito imparidade
Consideração da
colectiva

Cálculo de
Análise

experiência de
imparidade em
perdas
base colectiva
históricas

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038
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Análise colectiva
 A IAS 39 evidencia critérios que podem ser tidos em consideração no processo de determinação de grupos
homogéneos de risco da carteira de crédito (segmentação):

Tipologias Localização Tipo de Classificação Comportamento Dias de atraso no Tipo de


dos produtos geográfica contraparte interna de risco actual e passado pagamento das garantia
Existência de créditos reestruturados de crédito das operações responsabilidades prestada

 A norma define ainda várias indicações sobre o processo de análise colectiva, nomeadamente:

O valor dos fluxos de caixa futuros estimados deve ser baseado em informação histórica
1
sobre a perda incorrida em activos com características de risco de crédito semelhantes.

As entidades que não dispõem de dados históricos de perda devem utilizar dados de
IAS 39 2
entidades equiparáveis para grupos de activos financeiros comparáveis.
Análise
colectiva 3 A experiência de perdas históricas deve ser ajustada às condições actuais (“point-in-time”).

A metodologia e pressupostos utilizados para estimar fluxos de caixa futuros devem ser
4
revistos regularmente.

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039
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Principais desafios
 A aplicação prática das metodologias de perdas por imparidade apresenta um conjunto de desafios, de entre os quais se
destacam:

1 Identificação e marcação dos créditos reestruturados por dificuldades financeiras


dos clientes.

Recolha de informação histórica sobre o comportamento das carteiras de crédito e


2 análise da fiabilidade dos dados recolhidos.

Principais
3 Sistematização dos colaterais recebidos e sua correcta valorização.
desafios

4 Realização de desenvolvimentos necessários nos sistemas de informação.

Recolha de informação mais completa e sistematizada sobre os clientes e o seu


5
comportamento perante a instituição.

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040
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base individual
 O exemplo seguinte pretende ilustrar o cálculo de perdas por imparidade em base individual para um determinado
empréstimo:

Condições da operação:
(Valores expressos em Kwanzas)

Valor do crédito contratado 100.000.000 O cliente não cumpre com as suas obrigações
Exposição a 31-12-2014 86.000.222 creditícias desde Junho de 2014.
Taxa de juro nominal 13,5%
Data de início 01-01-2014
Data de reembolso 01-12-2016
Garantias prestadas: Notas adicionais:
• 1.ª Hipoteca sobre imóvel • Recuperação do crédito baseada apenas na
51.000.000 execução de garantias prestadas;
situado na Samba
• De acordo com o relatório de avaliação de
Taxa de juro efectiva 14,42% Novembro de 2014, o valor de mercado do imóvel
é de 51.000.000 AOA (deduzido de custos de
venda); e
• Execução da hipoteca em Julho de 2015.

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041
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base individual
Cálculo da imparidade :

Factor de actualização
Fluxos de caixa futuros
1 Valor recuperável
estimados1
(1+TJE)

Hipoteca 51.000.000 92,47% 47.161.640

Onde n se refere ao período temporal entre a data de reporte e o momento em que é expectável a recuperação (em anos).

Imparidade por análise individual = Valor de balanço – Valor recuperável

86.000.222 47.161.640 = 38.838.582


1 Referente à execução da garantia prestada (1.ª Hipoteca de imóvel situado na Samba). Os fluxos de caixa
futuros estimados constituem a melhor expectativa de realização do valor do activo em causa.
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042
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Provisões Vs Imparidade
 Com base nas características descritas no exemplo anterior, de seguida procede-se ao cálculo das provisões que deveriam
ser constituídas, de acordo com o estabelecido no Instrutivo n.º 9/2015, de 4 de Junho:
Condições da operação:
(Valores expressos em Kwanzas)

Valor do crédito contratado 100.000.000


Exposição a 31-12-2014 86.000.222
Taxa de juro nominal 13,5%
Data de início 01-01-2014
O cliente não cumpre com as suas obrigações
Data de reembolso 01-12-2016 creditícias desde Junho de 2014.
Garantias prestadas:
• 1.ª Hipoteca sobre imóvel
51.000.000
situado na Samba
Atraso superior a 180 dias – Risco de Nível G
Taxa de juro efectiva 14,42%

Taxa de provisão – 100%


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043
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Provisões Vs Imparidade
 Dependendo do atraso verificado no cumprimento das responsabilidades associadas ao empréstimo tomado como
exemplo, os níveis de provisionamento de acordo com o Instrutivo n.º 9/2015, de 4 de Junho, e a respectiva comparação
com as perdas por imparidade anteriormente calculadas seriam conforme se apresenta de seguida:

Data de entrada Classificação da Taxa de Provisões a Perdas por Diferencial


em atraso posição em risco provisionamento constituir imparidade apurado

30-06-2014 Nível G 100% 86.000.222 47.161.640

31-07-2014 Nível F 60% 51.600.133 38.838.582 12.761.551

30-09-2014 Nível E 30% 25.800.067 -13.038.515

Para efeitos ilustrativos, foi assumido que a informação existente de suporte ao


apuramento de imparidade é equivalente nos diferentes cenários, resultando por
conseguinte na mesma estimativa de perda por imparidade para a operação de crédito.

O apuramento de perdas por imparidade para cada exposição creditícia pode levar ao apuramento de défices ou
excedentes, quando comparadas com os níveis de provisionamento estimados de acordo com o Instrutivo n.º 9/2015.
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044
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Enquadramento
 O apuramento dos factores de risco que suportam o cálculo de imparidade em base colectiva baseia-se na recolha de
informação histórica de comportamento das operações de crédito.
 Tipicamente, são apurados dois factores de risco que suportam o cálculo de imparidade:

Probabilidade de
Probabilidade de uma operação após a contratação observar o incumprimento
incumprimento (“PD”)

Perda dado o
Perda associada após a observação do incumprimento
incumprimento (“LGD”)

Perda por imparidade = Exposição × PD × LGD

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045
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Probabilidade de incumprimento
 O exemplo seguinte pretende ilustrar o cálculo da probabilidade de incumprimento, tomando por base um período
temporal de 12 meses:

Tempo desde o início da operação A probabilidade de incumprimento apura-se pela


proporção de créditos, pertencentes a um determinado
Operaçao 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
segmento, que após a respectiva contratação registam
A
uma observação em situação de incumprimento.
B
C Neste caso específico, a proporção de créditos, de forma
simples, é de 25%.
D
E
Total de operações: 8
F
G Total de operações com incumprimento: 2
H 2
Probabilidade de incumprimento = = 25%
8
Sem Incumprimento
Com Incumprimento

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046
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Perda dado o incumprimento
 Para o cálculo da LGD, são consideradas todas as recuperações após a data de incumprimento (t0), descontadas para o
momento de análise à taxa de juro efectiva do contrato.

 O seguinte exemplo ilustra a forma de cálculo da perda dado o incumprimento, assumindo uma conjunto de empréstimos com
uma taxa efectiva de 10% e uma exposição global de 1.000 u.m. no momento do incumprimento:

N.º meses após o incumprimento 1 2 3 4 5 6 7 8

Recuperações 150 110 90 70 50 50 40 30

Valor recuperável
(Valor Actual
Líquido)

 150   110   90   70   50   50   40   30 
LGD  1             / 1.000  42,55%
               
 1  10%    1  10%    1  10%    1  10%    1  10%    1  10%    1  10%    1  10%  
1 2 3 4 5 6 7 8
12 12 12 12 12 12 12 12

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047
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Factores de risco: Perda dado o incumprimento
 Apresentamos de seguida dois exemplos adicionais de cálculo da perda dado o incumprimento:

Considerando os seguintes pressupostos para a operação A:


 Taxa de juro efectiva de 10%;
 Montante em dívida de 10.000 AOA; e
 Execução de garantia que cobre 95% do montante em dívida, sendo expectável o
recebimento deste valor decorridos 5 anos.
A LGD da operação A será igual a:
𝟗. 𝟓𝟎𝟎
𝑳𝑮𝑫 = 𝟏 − 𝟓
𝟏𝟎. 𝟎𝟎𝟎 = 𝟒𝟏, 𝟎%
𝟏 + 𝟏𝟎%
Considerando os seguintes pressupostos para a operação B:
 Taxa de juro efectiva de 12%;
 Montante em dívida de 10.000 AOA; e
 Recuperação de 2.500 AOA no primeiro ano e de 1.500 AOA no segundo ano.
A LGD da operação B será igual a:
𝟐. 𝟓𝟎𝟎 𝟏. 𝟓𝟎𝟎
𝑳𝑮𝑫 = 𝟏 − 𝟏
+ 𝟐
𝟏𝟎. 𝟎𝟎𝟎 = 𝟔𝟓, 𝟕%
𝟏 + 𝟏𝟐% 𝟏 + 𝟏𝟐%

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048
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
Uma vez apresentada a metodologia de cálculo dos factores de risco, procede-se à apresentação de um exemplo para cálculo de perdas
por imparidade em base colectiva. Considerando as seguintes operações:

Operação A: Operação B:
 1.000.000 AOA com reembolso no final de um prazo de  1.000.000 AOA com reembolso no final de um prazo de
cinco anos; cinco anos;
 Garantia hipotecária associada.  Sem nenhuma garantia associada.

PD 12 meses = 25%, LGD oper. com garantia = 41% PD 12 meses = 25%, LGD oper. sem garantia = 65,7%

𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 × 𝑃𝐷 × 𝐿𝐺𝐷 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 × 𝑃𝐷 × 𝐿𝐺𝐷


Operação sem 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1.000.000 × 25% × 41% Operação sem 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1.000.000 × 25% × 65,7%
incumprimento 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 102.500 incumprimento 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 164.250
% 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 10,25% % 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 16,43%

𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 × 𝐿𝐺𝐷 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 × 𝐿𝐺𝐷


Operação em 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1.000.000 × 41% Operação em 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1.000.000 × 65,7%
incumprimento 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 410.000 incumprimento 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 657.000
% 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 41% % 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 65,7%

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049
Perdas por imparidade para a carteira de crédito
Aplicação prática – Apuramento de perdas por imparidade em base colectiva
 O apuramento da probabilidade de incumprimento deverá atender à evolução histórica do estado de uma determinada
operação de crédito (i.e., aos seus comportamentos actual e passado).

 Desta forma, poderemos ter, a título exemplificativo, os seguintes cenários:

Comportamento Comportamento Probabilidade de Perda dado o Perda por


Actual Anterior incumprimento incumprimento imparidade (%)

Nunca 25% 15%


teve indícios

Sem indícios Já teve indícios 40% 60% 24%

Já esteve em 50% 30%


incumprimento

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050
Índice

• Enquadramento
• IFRS 1 - Adopção pela primeira vez das IFRS
• Método da taxa de juro efectiva
• Perdas por imparidade para a carteira de crédito
• Considerações finais

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
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Considerações finais

As instituições financeiras bancárias que cumpram com os critérios definidos pelo BNA deverão
proceder à adopção plena das IAS/IFRS a partir de 1 de Janeiro de 2016, devendo as restantes
instituições proceder à adopção plena das IAS/IFRS até 1 de Janeiro de 2017.

O processo de adopção plena constitui um desafio relevante para o sector bancário nacional.
Este processo acarretará alterações profundas em vários domínios, nomeadamente (i) normativo
contabilístico e prudencial, (ii) sistemas de informação, (iii) procedimentos e processos,
(iv) formação dos quadros bancários e (v) fiscalidade.

É essencial que as instituições financeiras bancárias assegurem o cumprimento das


datas reportadas nos planos de acção globais para a adopção plena das IAS/IFRS,
remetidos para o BNA.

Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro e Departamento de Supervisão Prudencial – 1.º Seminário IAS/IFRS
Obrigado.

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