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Getúlio Vargas, um legado histórico polêmico

Rosemary Bars Mendez1

Um homem que se colocava a favor da classe trabalhadora, conhecido como


‘o pai dos pobres’, a imagem do político que deixou um polêmico legado para a
história do Brasil por suas ações nos períodos que assumiu a Presidência da
República. Nascido em São Borja (RS), no dia 19 de abril de 1883, Getúlio
Dornelles Vargas é um dos protagonistas históricos mais lembrados por suas ações
populistas.
Formado na Faculdade de Direito, em Porto Alegre, aliou-se aos cadetes da
Escola Militar Pedro Aurélio de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, dedicando-
se a estudar as obras de Júlio de Castilhos, fundador do Partido Republicano no
Rio Grande do Sul. Seu ingresso na política começou em 1909 ao eleger-se como
deputado estadual, reeleito em 1913. Contrário às ações de Borges de Medeiros,
que governava o Rio Grande do Sul, renunciou e voltou em 1917 e se reelegeu
novamente em 1921. Dois anos depois, assumiu como deputado federal e passou a
líder da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados.
No governo de Washington Luís, em 1926, Getúlio Vargas assumiu como
ministro da Fazenda onde permaneceu por menos de um ano para se candidatar ao
governo do Rio Grande do Sul, empossado em 25 de janeiro de 1928. Sua
trajetória política é marcada por chefiar o governo provisório depois da Revolução
de 1930, organizada pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba
contra a candidatura de Júlio Prestes. Para isso, formaram a Aliança Liberal em
1929, com a chapa de Getúlio e João Pessoa, apoiada pelas camadas médias
urbanas da sociedade e por nomes do Movimento Tenentista como Siqueira
Campos, João Alberto, Juarez Távora e Miguel Costa.
Ao perder a eleição para Júlio Prestes, em março de 1930, a Aliança Liberal
iniciou uma conspiração com base no Rio Grande do Sul. O assassinato de João
Pessoa, em julho de 1930, por João Dantas foi o estopim para uma mobilização
armada. Os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto e o almirante Isaías de

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Jornalista, doutora em Comunicação Social, professora de Jornalismo da PUC-Campinas
2

Noronha depuseram Washington Luís e formaram uma junta governativa. O golpe


estava dado e em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas assumiu a liderança do
governo provisório. “As liberdades civis foram suspensas, o Parlamento
dissolvido, os partidos políticos extintos. O comunismo transformou-se no inimigo
público número um do regime, e a repressão policial instalou-se por toda parte”
(PANDOLFI, 1999, p.7)
Eli Diniz (1999) apresenta Getúlio Vargas como líder de uma revolução
vitoriosa, com uma bandeira reformista ligada à temática da justiça social,
expandido os direitos civis e políticos ao instaurar novo padrão de relacionamento
entre a elite e os trabalhadores. Foi nesse período que Vargas criou o Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde e assinou a lei
da sindicalização, em março de 1931, vinculando a existência dos sindicatos ao
Ministério do Trabalho.
Com a derrubada da Constituição em 1931, Getúlio Vargas enfrentou
resistências, culminando na Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo,
patrocinada pela oligarquia paulista para a reconstitucionalização do país. O
movimento foi derrotado e Vargas convocou as eleições para uma Assembléia
Constituinte em 1933, que entrou em vigor em 16 de julho de 1934. Com eleições
indiretas, tornou-se presidente da República em 17 de julho de 1934 com novas
eleições marcadas em 1938. “Esse foi o momento da realização das grandes
reformas políticas representadas pela introdução do voto secreto, pela criação do
tribunal eleitoral, pelo reconhecimento do direito de voto para as mulheres, pelas
medidas destinadas a combater a fraude eleitoral” (DINIZ, 1999, p. 17).
A oligarquia paulista, insatisfeita com o governo, lançou a candidatura de
Armando Sales de Oliveira, e o governo indicou o paraibano José Américo de
Almeida. Mas os bastidores políticos indicavam que Getúlio Vargas queria
permanecer no poder e, a pretexto de deter os planos de um golpe por parte dos
comunistas, Vargas deu o golpe no dia 10 de novembro de 1937. Iniciava-se a
ditadura do Estado Novo, com o fechamento do Congresso Nacional e a extinção
dos partidos políticos.
Durante o Estado Novo, por meio do ministro da Educação e da Saúde
Gustavo de Capanema, Getúlio Vargas promoveu a reforma da educação com o
Plano Nacional de Educação (BOMENY, 1999) que contou com a participação de
3

diversos intelectuais como Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade,


Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Rodrigo Mello Franco, Alceu Amoroso Lima
(mais tarde Tristão de Ataíde), Villa-Lobos, Jorge de Lima, Manoel Bandeira. “Foi
o ministério dos modernistas, dos Pioneiros da Escola Nova, de músicos e poetas.
Mas foi também o ministério que perseguiu os comunistas, que fechou a
Universidade do Distrito Federal (UDF), de vida ativa e curta, expressão dos
setores liberais da intelectualidade do Rio de Janeiro (1935-39)” (BOMENY, 1999,
p. 129).
O governo pretendia implantar em todo o país um padrão nacional de ensino
superior e estabelecer um sistema destinado a controlar a sua qualidade. Com a
reforma, criou por lei a Universidade do Brasil, idealizada por Capanema. Nessa
instituição funcionou o primeiro curso de Jornalismo ligado à Faculdade Nacional
de Filosofia, Ciências e Letras, transformada em 1967 na Escola de Comunicação
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (DUARTE, 1992). Sua criação
aconteceu pelo o Decreto-Lei nº. 5.480 de 13 de maio de 1943, mas assinado por
Getúlio Vargas em 1948.
A Associação Brasileira de Imprensa e sindicatos, representando os
jornalistas e as empresas jornalísticas (MOURA, 2002), apoiava seu
funcionamento. As diretrizes pedagógicas do curso de Jornalismo, que deveria
acontecer em três anos, foram apresentadas em 1946 pelo então ministro da
Educação, Ernesto de Sousa Campos, estabelecendo a estrutura curricular que
deveria ser adotada, predominando matérias culturais e técnicas.
Historicamente, o primeiro projeto para fundação de uma escola profissional
para jornalistas no Brasil foi apresentado em 1908 pelo então presidente da
Associação Brasileira de Imprensa, Gustavo Lacerda. Com sua morte, o projeto foi
esquecido e só em 1918 foi reapresentado durante o I Congresso Brasileiro de
Jornalistas, realizado no Rio de Janeiro.
O Estado Novo sofria a resistência da oposição. Para garantir o apoio da
classe trabalhadora, Vargas editou em 1943 a CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), que previa a estabilidade do emprego depois de dez anos de serviço,
descanso semanal, jornada de oito horas diárias, a regulamentação do trabalho de
menores, da mulher e do trabalho noturno.
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Para conter a oposição, Getúlio Vargas adotou uma série de medidas


repressoras, com nomeação de Interventores para os Estados e a criação do DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda) 2, responsável pela censura aos meios
de comunicação e por difundir a ideologia do Estado Novo, além de controlar a
opinião pública.
A censura ferrenha contra a mídia levou ao fechamento do jornal Meio-Dia,
de Joaquim Inojosa, em 1940, por determinação do DIP, na época dirigido por
Lourival Fontes, simpatizante da política dos Estados Unidos e contrário ao
nazismo (SOLA, 1971). O jornal apoiava a política Alemanha e acompanhava
atentamente as relações internacionais do Brasil com os Estados Unidos e com a
Europa, principalmente da nação germânica.
Porém, a crise econômica internacional, após a queda das bolsas em 1929
seguida pela Segunda Guerra Mundial, acertou em cheio o Brasil. As dificuldades
no setor agrícola levaram Vargas a investir na industrialização do país, com a
adoção de medidas econômicas nacionalistas, um período que propiciou o
desenvolvimento do país com financiamentos norte-americanos para a criação da
Companhia Siderúrgica Nacional e a construção da Usina de Volta Redonda (RJ).
As relações comerciais com os Estados Unidos garantiram o apoio do Brasil
aos países aliados e o rompimento diplomático com as nações do Eixo. Getúlio
Vargas conseguiu empréstimos para investir nas indústrias de base, na Companhia
Vale do Rio Doce, para explorar e exportar minérios, e na Hidrelétrica de Paulo
Afonso. Nesse período, criou o Conselho Nacional do Petróleo para reduzir a
dependência brasileira do combustível, controlando o refino e a distribuição.
Os homens de negócios no Brasil eram os americanos Nelson Rockefeller e
George Humphry, que tinham planejado a conquista do mercado e a difusão
ideológica norte-americana, numa estratégia para que os EUA representassem no
continente americano um sistema central de poder internacional. De positivo, havia
o intercâmbio de ideias e o conhecimento científico e técnico em diversas áreas.

2
O Departamento de Imprensa e Propaganda foi criado por decreto presidencial em 27 de dezembro de 1939, com o
objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares, porém sua origem está em 1931,
quando foi criado o Departamento Oficial de Publicidade e, em 1934, com o Departamento de Propaganda e Difusão
Cultural (DPDC). No Estado Novo, no início de 1938, o DPDC transformou-se no Departamento Nacional de
Propaganda (DNP), que deu lugar ao DIP, com setores de divulgação, radiodifusão, teatro, cinema, turismo e
imprensa. In: CARONE, Edgard. A Terceira República (1937 –1945) São Paulo: Editora Difel, 1974..585 p.
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Essa articulação teve como pano de fundo reverter a influência alemã sobre
os brasileiros presente desde 1933, quando o Partido Nazista alemão passou a ter
projeção internacional, alinhadas à propaganda germânica, com a presença de
embaixadas, consulados, empresas comerciais, linhas aéreas, agências de notícias.
Tudo para criar simpatias internas e difundir os valores germânicos, enquanto se
recrutavam alemães e seus descendentes residentes no Brasil para ingressarem no
núcleo do partido nazista.
Um ano antes de seu fechamento, na edição de quinta-feira, 09 de março de
1939, o jornal Meio Dia revelava que estava Estabelecido o acordo final -
Entendimento entre EUA e Brasil, transmitida pela Agência de Notícias H, de
Washington:

Informações coletadas junto ao Departamento de Estado ficou estabelecido


acordo final entre o ministro Oswaldo Aranha e o sub-secretário de Estado
Summer Wells durante reunião realizada na tarde de ontem. O texto do
entendimento entre os dois países será publicado logo depois do novo
encontro entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil com as
autoridades federais. Embora a redação final do acordo seja conservada
secreta, os ciclos responsáveis afirmam que as principais posições se
referirão a concessão de crédito destinado a descongelar no Brasil as
contas comerciais atrasadas dos exportadores dos EUA; a concessão de
créditos destinado a facilitar o desconto sobre as vendas dos produtos dos
EUA; o auxílio destinado para a formação do Banco Central do Brasil. Um
dos pontos mais importantes do acordo será, sem dúvida, esperar a
cooperação do governo americano na concessão e facilidades para a
colocação de determinados artigos no mercado brasileiro. Dentro esses, é
preciso destacar em primeiro lugar o material ferroviário, pois aqui não é
segredo que um dos pontos principais do grandioso plano qüinqüenal,
instituído recentemente pelo presidente Getúlio Vargas, é o aumento e o
aperfeiçoamento da rede ferroviária no Brasil, tidos como um fator
preponderante para mobilizar em grande escala as incalculáveis riquezas
do hinterland brasileiro, para quais parece iminente uma fase de progresso
sem paralelo na história do Brasil. Antecipa-se outros que o acordo ianque
brasileiro prevê um auxílio dos EUA no caso de o Brasil resolver a criação
do Banco Central. É possível também que o acordo faça referência para a
criação de uma cooperação brasileira - Cooperação Industrial Ianque
Brasileira.
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Na página 2 da edição de 9 de março de 1939, Meio Dia destacava a


informação de que Brasil e EUA permanecem unidos para a defesa contínua da
paz, tendo em vista o conflito europeu. O acordo político era traçado por Carlos
Martins Pereira e Sousa, embaixador do Brasil, junto ao governo do presidente
Franklin Roosevelt. A notícia mostrava a intenção dos dois países “em manter os
ideais e aspirações pelos quais os EUA e Brasil procuram manter o rigor do
Direito Internacional para o estabelecimento da ordem e da paz”.
A ação dos norte-americanos era transpor seus valores culturais para todos
os países do continente americano. A resistência da elite brasileira começou a
ceder após a eleição do presidente Franklin D. Roosevelt, em 1933, que anunciou
uma nova política, a da boa vizinhança, com o reconhecimento da igualdade
jurídica entre as nações e com encontros periódicos para discutir os problemas do
continente e a cooperação para o bem-estar das nações (MOURA, 1993).
Nesse período, os Estados Unidos estruturaram o Birô Internacional – Office
for Coordinaton of Commercial and Relations between the Americas, instituído em
1940, destinado a promover cooperação interamericana e a solidariedade entre os
hemisférios. Em 1941 foi inaugurado The Office of the Coordination of Inter-
American Affairs (TOTA, 2000). A finalidade principal era consolidar o estado
norte-americano como grande potência e enfrentar o Eixo Europeu.
Nesse mesmo ano, em 7 de agosto, Vargas foi eleito para a Academia
Brasileira de Letras e ocupou a cadeira 37, que tem por patrono Tomás Antônio
Gonzaga. Sua posse deve-se às obras que publicou enquanto presidente da
República, reunindo seus discursos políticos, entrevistas, manifestos e
pronunciamentos. A Nova Política do Brasil, com onze volumes compreende os
anos de 1930 a 1945 e “apresenta discursos que foram elaborados de forma
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consciente, orientada e planejada racionalmente para a disputa política e para fazer


publicidade do primeiro governo Vargas” (VIVIAN, 2014).
No início da Segunda Guerra Mundial, as notícias internacionais eram
recebidas principalmente pelas agências italianas e alemãs. A política do Birô
Internacional passou a combatê-las e não poupou esforços para negociar o envio de
informações pelas agências United Press e Associated Press. O acordo possibilitou
que o Rio de Janeiro conseguisse o primeiro aparelho de recepção e transmissão de
radiofotos e a primeira foto transmitida do Brasil para os Estados Unidos mostrou
Getúlio Vargas com o embaixador americano Jefferson Caffery (MOURA, 1993,
p.34).
O Birô Internacional era dividido em quatro frentes, Comunicações – rádio,
cinema, imprensa, viagens e esportes; Relações Culturais – arte, música, literatura,
publicações, intercâmbio e educação; Saúde – problemas sanitários; e
Comercial/Financeira – exportação, transporte, finanças e desenvolvimento.
Subordinado ao Conselho de Defesa Nacional dos EUA, era administrado por
Nelson Rockefeller, coordenador das agências estatais e privadas norte-
americanas, tendo como meta afastar da América Latina os produtos alemães. Uma
de suas ações mais populares foi distribuir aparelhos de rádio no Brasil a preço
baixo para facilitar a difusão dos programas coordenados pelos Estados Unidos.
O radiojornal foi a primeira forma de programação, implantada em abril de
1941, para a transmissão diária de um jornal para a América Latina, com a verba
inicial de 50 mil dólares. Os programas eram transmitidos pelo American
Telephone & Telegraph e distribuídos pela Internacional Telephone & Telegraph,
grandes corporações contratadas para combater a Alemanha (TOTA, 2000, p.76).
Na programação, entrevistas com artistas de Hollywood, hit parade, bandas
militares e as seções “As Nações Unidas falam”, “Estamos em Guerra”, “As
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Américas em Guerra”, “A marcha do tempo”, “Acredite se quiser”. “Os programas


se encarregavam de difundir entre nós o modo de vida americana, amparando-se
quase sempre nas músicas e nos filmes” (TOTA, 2000, p.77) que eram
retransmitidos nos programas de rádio no Brasil, como Cruzeiro do Sul, Mayrink
Veiga e Tupi (todas do Rio de Janeiro), Record, Cruzeiro do Sul, Cosmos, Cultura
e Tupi (São Paulo), Farroupilha (Porto Alegre), Pampulha (Belo Horizonte) e
Rádio Club de Pernambuco (Recife). O “Repórter Esso” cedia, diariamente, cinco
minutos de sua programação para The Office of the Coordination of Inter-
American Affairs.
A área da Comunicação era a mais forte evidência da penetração cultural
norte-americana. Usada de forma pedagógica, assegurava o processo de
envolvimento ideológico por meio dos filmes, da educação, da ciência e da
imprensa, principalmente o rádio. “O rádio ajudou a criar uma opinião pública
dinâmica no hemisfério ocidental, apoiando de forma contínua o esforço de guerra
das repúblicas americanas (TOTA, 2000, p.73).
Os Estados Unidos, dessa forma, operavam sua dominação cultural no
continente, o que se refletia na imprensa brasileira, a fim de manter o controle com
subsídios para a os jornais e revistas, verbas publicitárias para a propaganda de
produtos americanos e facilidades para obtenção da licença de exportação de papel
dos EUA, políticas que asseguravam a reserva de mercado no continente após a
Segunda Guerra Mundial (MOURA, 1993, p.35)
Nessa estratégia ideológica entrou o cinema, que, com a aparência de
entretenimento, visava introduzir no Brasil os costumes norte-americanos. “Os
tipos cinematográficos daquela época correspondiam, cada qual a seu modo, ao
herói norte-americano, encarnação dos valores da cultura e concretização viva de
seus anseios e aspirações” (CICCO, 1979, p.49).
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Como na imprensa, é adotado o modelo de intercâmbio entre artistas, a


exemplo de Carmem Miranda. Hollywood levava para as salas de cinema a
produção comercial, que mostrava a vida norte-americana. Nos documentários,
imagens mostravam as riquezas naturais brasileiras e, do outro lado, a capacidade
industrial e bélica dos EUA. Os temas relacionados à política interamericana eram
dirigidos a escolas, clubes, igrejas, empresas, sindicatos e organização rural
(TOTA, 2000). O cinema tinha como função cumprir o papel de difusor das idéias
americanas, tendo os astros de Hollywood como mensageiros que projetavam os
ideais de seu país.

“O conflito cultural foi particularmente perceptível entre a geração nova e


a geração velha nos anos 40, pois, com a repercussão do cinema norte-
americano nos gostos dos brasileiros e a reinterpretação dos valores de sua
cultura no Brasil, a juventude adotava uma maneira de ver as coisas
inteiramente nova, enquanto a geração velha se apegava a seus padrões
costumeiros e tradicionais. Na vida de cada dia, dentro das famílias se
defrontavam duas concepções diversas, com inevitáveis conflitos”
(CICCO, 1979, p.101).

Moniz Bandeira (1973) descreve esse período como de lealdade aos Estados
Unidos, tendo Getúlio Vargas nutrido simpatia pelos acordos comerciais ao mesmo
tempo que se rompia a simpatia que alguns brasileiros ainda nutriam pela
Alemanha3. A teoria desenvolvimentista norte-americana reforçava o paradigma do
liberalismo e ganhava o apoio da Divisão de Imprensa e Publicações – DIP4 – do
governo de Getúlio Vargas.

3
Moniz Bandeira relata que o embaixador Oswaldo Aranha tinha especial simpatia pelos Estados Unidos, enquanto
que o ministro da Fazenda, Arthur de Souza Costa, apoiava a Alemanha, principal rival dos EUA, desde a Primeira
Guerra Mundial, na conquista dos países da América Latina. In: Presença dos Estados Unidos no Brasil – dois
séculos de história. São Paulo: Civilização Brasileira, 1973, páginas p.247-249.
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As funções do Departamento de Imprensa e Propaganda eram as de coordenar, orientar e centralizar as
propagandas interna e externa, censurar o teatro e o cinema, além das funções esportivas e recreativas, organizar
manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos, conferências e dirigir o programa de radiodifusão
oficial do governo. Na imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência Nacional. Elas eram
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O Brasil rompeu com a Alemanha em 1942. Neste período, o DIP mantinha


sedes em Nova York e em Washington, tendo funcionários como John M. Clark,
editorialista da Washington Post, e depois Francis A. Jamieson, da Associated
Press. A função era emitir notícias sobre os Estados Unidos para o rádio, para o
cinema e para os jornais impressos da América Latina. “Os profissionais da área
tinham de contra-atacar o serviço de propaganda da Alemanha, presente na
América Latina com a Agência Transoceânica Alemã que fornecia notícias e fotos
a preços insignificantes” (TOTA, 2000, p.55).
Os Estados Unidos desenvolveram um programa de intercâmbio cultural
entre os dois países, com o aval do Departamento de Imprensa e Propaganda, que
possuía mais de 300 funcionários, como Orígenes Lessa, Marcelino de Carvalho,
Raimundo Magalhães e Carlos Cavalcante, responsáveis pela produção de fotos,
discursos, panfletos e documentos oficiais distribuídos para os jornais brasileiros.
O intercâmbio se consagrava com o convite para que jornalistas brasileiros
pudessem aprender as técnicas norte-americanas de fazer Jornalismo e tivessem
acesso aos progressos editoriais dos Estados Unidos, ganhando assim fortes
adeptos da ideologia pragmática. Uma performance que conseguiu reunir nomes
importantes da história do Brasil, como os jornalistas Orígenes Lessa, Júlio Barata
e Raimundo Magalhães Júnior, Monteiro Lobato, Roberto Pompeu de Pompeu de

distribuídas gratuitamente pelo DIP, que monopolizava o noticiário. O órgão atuou para difundir o rádio nas escolas
e nos estabelecimentos agrícolas e industriais, com a organização do programa oficial "Hora do Brasil". Em agosto
de 1941, foi criado o Repórter Esso, jornal radiofônico inspirado no modelo norte-americano com notícias
procedentes da United Press International (UPI). Um dos reflexos da Segunda Guerra Mundial no Brasil foi uma
campanha de penetração cultural do governo norte-americano destinada a barrar a influência alemã no país. O DIP
colaborou nessa campanha, que marcou a presença dos Estados Unidos no Brasil, apoiando e desenvolvendo de
projetos conjuntos com a agência norte-americana criada para esse fim. Foi nesse contexto que vieram ao Brasil
artistas famosos como o cineasta Orson Welles, Walt Disney e o empresário Nelson Rockefeller. Entre 1939 e 1942,
o DIP esteve sob a direção de Lourival Fontes, que já dirigira o DPDC e o DNP. Seus sucessores foram o major
Coelho dos Reis, de agosto de 1942 até julho de 1943, e o capitão Amilcar Dutra de Menezes, que atuou até a
extinção do DIP, em maio de 1945. In: CHAGAS, Carlos. O Brasil sem retoques 1808-1964. A história contada
por jornais e jornalistas. Volumes 01 e 02.Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2001. 1215 p. e CARONE,
Edgard. A Terceira República (1937 –1945) São Paulo. Editora Difel, 1974. 585 p.
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Sousa, Danton Jobim, Samuel Wainer e Alberto Dines. “A finalidade do grupo era
a produção de coberturas jornalísticas na América do Norte para serem
transmitidas ao Brasil, como parte das atividades do Departamento de Informação
e Propaganda (DIP)” (PEREIRA, 2001, p.236).
Por outro lado, a todo instante, os Estados Unidos mostravam suas intenções
na organização mundial após Segunda Guerra Mundial, com a condição de
que deveriam prevalecer seus conceitos de desenvolvimento e de
democracia, com a implantação de uma disciplina internacional
“compatível com a preservação do american way of life e em defesa de seus
interesses econômicos” (FURTADO, 1978, p.39). Houve uma mudança de
paradigmas, com a modernização da vida na América, cuja gênese ocorreu no
governo de Getúlio Vargas (TOTA, 2000).
A difusão cultural ganhou maior espaço após a Segunda Guerra Mundial
com a exportação de padrões de comportamento, gostos musicais, hábitos de
consumo. Na arte, na ciência e na cultura brasileira predominaram a influência dos
Estados Unidos, que impuseram seus conceitos em detrimento dos costumes
tupiniquins. “O Brasil foi literalmente invadido por missões de boa vontade
americanas, compostas de professores universitários, jornalistas, publicitários,
artistas, militares, cientistas, diplomatas, empresários, todos empenhados em
estreitar os laços de cooperação com brasileiros, além das múltiplas iniciativas
oficiais” (MOURA, 1993, p.11).
O intercâmbio promovido e sustentado pelo Birô Internacional influenciava
todas as áreas do conhecimento, com reflexos na economia, na administração das
empresas, na medicina, na educação – com a expansão de escolas de inglês, por
exemplo.
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“Embora o intercâmbio sugerisse troca de experiência e de especialistas


em bases igualitárias, o movimento assumiu duas características
preocupantes, primeiro, o número de americanos que vieram para o Brasil
durante a guerra era infinitamente superior aos brasileiros que iam aos
Estados Unidos. Em 1942, já estávamos inundados de jornalistas,
radialistas, editores, professores, cientistas, escritores, músicos,
diplomatas, empresários, técnicos, estudantes, pesquisadores de mercado
oriundos do norte – o que levou o ministro Osvaldo Aranha à tirada bem-
humorada de que mais uma missão de boa vontade e declaramos guerra
aos Estados Unidos! (...) Os especialistas americanos vinham à América
Latina ensinar suas técnicas e exibir suas realizações, enquanto que os
brasileiros (os latino-americanos em geral) eram favoráveis aos Estados
Unidos, com um sentimento de amizade, de boa vontade. Em poucas
palavras, os brasileiros iam aos Estados Unidos para aprender; os
americanos vinham ao Brasil para ensinar” (MOURA, 1993, p.50).

Época de transformações econômicas num país governador de maneira


ditatorial. Para enfrentar a oposição, Vargas anunciava em 1943 ser favorável à
redemocratização do país. Nesse mesmo ano, Minas Gerais lançou o ‘Manifesto
dos Mineiros’ em repúdio ao Estado Novo. Dois anos depois, em 1945, um ato
aditivo à Constituição de 1937 permitiu eleições presidenciais, tendo duas
campanhas que se destacavam: do brigadeiro Eduardo Gomes oposição a Vargas e
a do general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra e apoiado pelo governo. A
oposição conseguiu depor Vargas da Presidência em outubro de 1945 e Dutra foi
eleito o presidente.
Afastado, Getúlio Vargas não perde o apoio popular e vence as eleições
presidenciais em 1950, retornando ao poder em 31 de janeiro de 1951. Com a
campanha de nacionalização do petróleo (o petróleo é nosso), criou a Petrobras em
1953. No mesmo ano, João Goulart assumiu o Ministério do Trabalho tendo como
meta instituir uma política de aproximação do governo com os trabalhadores com a
valorização do salário mínimo.
Na década de 50, o Brasil sentia as profundas transformações internacionais
na economia e na política, enquanto o mercado interno recebia investimentos e
incentivos para a industrialização e o desenvolvimento da indústria cultural. Foi
uma década frutífera, com a presença de intelectuais que pensavam, discutiam e
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apresentavam propostas políticas e econômicas para o país e a imprensa não


poderia fugir deste movimento, utilizando os espaços jornalísticos para os debates
e propondo mudanças para o próprio sistema de funcionamento. Época de
transformação, que se buscava a construção do novo – na cultura, nas artes
plásticas e na poesia, no teatro e na música. Foram os anos que abriram as portas
do Brasil para a modernidade.

“Foram tempos do ISEB (1955)5, tempos de ESG (1948), ambas


instituições voltadas para a formulação de projetos de desenvolvimento
para o Brasil. Foram tempos de renovação do pensamento católico, com a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB (1952), grande
responsável pela orientação nas questões político-sociais. Foi uma década
de concretizações de muitas idéias e projetos elaborados durante ou após a
guerra, de realizações nos campos político, econômico, social e cultural.
Período do funcionamento do regime democrático, o que evidentemente
permitiu a livre expressão de ideias e o desabrochar da criatividade em
todas as áreas do conhecimento” (ABREU, 1996, p.14).

Porém, uma nova crise política se instalou e o presidente enfrentou a


proposta de impeachement levantada pela UDN, sem sucesso, bem como O
Manifesto dos Coroneis em 1954, um pedido de aumento para os militares, mas na
verdade uma crítica à atuação de João Goulart, que foi demitido do cargo. O
jornalista Carlos Lacerda, que fazia campanha contra Getúlio Vargas no jornal A
Tribuna, sofreu um atentado que culminou na morte do major-aviador Rubens
Florentino Vaz, presenciado pelo jornalista Armando Nogueira, que trabalhava no
Diário Carioca.

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O ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros – influenciou a sociedade brasileira nas décadas de 50 e 60,
sendo o responsável pela formulação e divulgação das ideologias nacional-desenvolvimentista, subordinado ao
Ministério da Educação e Cultura, com “autonomia e plena liberdade de pesquisa, de opinião e de cátedra. (...) Os
isebianos, ao proclamarem a ideologia nacional-desenvolvimentista como a ideologia de toda a nação e endossaram
- durante certo período – os padrões de desenvolvimento que se realizavam no país, não deixavam de se mover
dentro dos quadros de pensamento da classe hegemônica (burguesia industrial, ainda que sob o controle do capital
estrangeiro). Pode-se reconhecer – através das formulações (ou, mais propriamente, das intenções) de certos
isebianos – que havia firme convicção no sentido de se realizar um desenvolvimento capitalista em bases
estritamente autonomistas. Para tanto, julgava-se que significativas parcelas da burguesia industrial eram movidas
por interesses nacionais autóctones. À ideologia, a ser forjada, caberia a função de esclarecer e de organizar tais
setores (torná-los classes dirigentes) e convencer outras frações da classe dominante acerca de seus interesses
objetivos para a efetivação de uma prática econômica e política mais racional e lúcida. Daí, criaram os isebianos a
viabilidade e a necessidade histórica da ideologia nacional-desenvolvimentista”. In: TOLEDO, Caio Navarro. ISEB
– Fábrica de ideologias. São Paulo: Ed. Da Unicamp, 1997. 197 p.
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Lacerda, ex-comunista, na época integrante da extrema-direita, era o


principal inimigo de Getúlio Vargas, pois o acusava de ser tolerante com os
comunistas brasileiros, entre eles Samuel Wainer, que editava o jornal Última
Hora e apoiava o governo de Vargas (TAVARES, 2004). Carlos Lacerda
encontrava eco entre os militares brasileiros, em especial na Força Aérea Brasileira
(FAB) e atacava Vargas em artigos publicados no jornal Tribuna da Imprensa, de
sua propriedade. Uma situação que contrariava o chefe da guarda palaciana,
Gregório Fortunato, que contratou dois pistoleiros para executarem o jornalista.
Era madrugada de 4 de agosto de 1954, quando Carlos Lacerda retornava
para sua casa na rua Toneleros, em Copacabana, no carro do major Rubens
Florentino Vaz (TAVARES, 2004). Ali os jornalistas Armando Nogueira, Deodato
Maia e Otávio Bonfim presenciaram alguém (mais tarde identificado como o
pistoleiro Alcino João do Nascimento), atirar em direção a Lacerda, mas acertar no
major Rubens Vaz e fugir em seguida. Lacerda revidou com um revólver calibre
38 e saiu ferido, com um tiro no pé6. Enquanto Deodato Maia ajudava a levar o
major Rubens Vaz, agonizante, para o hospital, os outros voltaram para a redação e
Armando Nogueira escreveu a reportagem na primeira pessoa.

“Eu peguei os dados, porque vi o atentando e escrevi a matéria na primeira


pessoa do singular. Pompeu me orientou para escrever a matéria, não como
jornalista, mas como testemunha ocular. Graças a essa ousadia do Pompeu,
alguém fez uma matéria, pela primeira vez, na primeira pessoa. O objetivo
de Pompeu era me transformar numa testemunha ocular, numa testemunha
do processo, já na fase de inquérito (para a renúncia de Getúlio Vargas). E
foi o que aconteceu, porque com o meu depoimento eu fui, naturalmente,
arrolado como testemunha. E, com isso, Pompeu tinha um repórter que
tinha acesso permanente aos bastidores do processo. E acabou se
transformando na República do Galeão”7.

Prevendo uma crise política, Getúlio Vargas determinou à polícia que


investigasse tudo, mas viu-se envolvido na suspeita de que teria sido o mandante
do atentando contra Lacerda. Os oficiais da FAB abriram um inquérito por conta
própria, por não confiarem em Vargas, e formou-se a chamada República do
6
O jornalista Carlos Heitor Cony relembra o assassinato do major Rubens Vaz, morto com uma arma calibre 42, e
sustenta a tese de que o tiro no pé de Lacerda “é uma história mal contata”, porque o ferimento foi feito com uma
arma calibre 38. In: História mal contada. Folha de S.Paulo, edição de 4 de agosto de 2004.
7
Entrevista de Armando Nogueira à autora em 16 de julho de 2004, em sua casa, na Lagoa, Rio de Janeiro.
15

Galeão, um Inquérito Policial Militar – IPM - dirigido pela FAB, da Base da Área
do Galeão do Rio, à revelia das autoridades constituídas. “O poder real interno da
FAB estava nas mãos do brigadeiro Eduardo Gomes8” (TAVARES, 2004, p.77).
O guarda-noturno da rua Toneleros, Sálvio Romero, foi quem ajudou a
desvendar o assassinato do major Rubens Vaz9. Ele anotou a placa do carro 5-60-
21 e estabeleceu o eixo-condutor da trama policial (TAVARES, 2004).
No dia 13 de agosto, Alcino João do Nascimento, assassino confesso do
major Vaz, foi preso e no dia seguinte aconteceu a prisão de Gregório Fortunato. O
poder político de Getúlio Vargas se esvaziou. Políticos e militares, apoiados pela
imprensa, exigem sua renúncia acusando-o de ser o responsável pelo crime.
Isolado, Getúlio Vargas escreveu uma carta testamento e se suicidou na madrugada
de 24 de agosto de 1954 com um tiro no coração, no Palácio do Catete. "Contra a
justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. (...) Não querem
que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. (...) Eu vos
dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o
primeiro passo no caminho da Eternidade e saio da vida para entrar na História".

Referências bibliográficas
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nos anos 50. In: ABREU, Alzira Alves de, LATTMAN-WELTMAN, Fernando,
FERREIRA, Marieta de Moraes e RAMOS, Plínio de Abreu (orgs). A imprensa

8
O brigadeiro Eduardo Gomes tinha sido candidato duas vezes à Presidência da República pela UDN, em 1945
quando perdeu a eleição para Eurico Dutra, que recebeu apoio de Getúlio Vargas, e em 1950 para o próprio Getúlio
Vargas. In: TAVARES, Flávio. O dia em que Getúlio matou Allende e outras novelas do poder. Rio de Janeiro,
Ed. Record, 2004. 333 p.
9
Segundo o levantamento realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, publicado na Série Memória – Cadernos da
Comunicação, “Pompeu de Sousa, na época diretor de redação do Diário Carioca, dizia que o atentado da Rua
Tonelero,( em Copacabana), tinha sido um crime feito com exclusividade para o jornal. Estava fechando a edição
quando o repórter Armando Nogueira o chamou ao telefone de um botequim para contar o crime que, por acaso,
havia presenciado. Ele estava em companhia de dois colegas do jornal, Deodato Maia e Otávio Bonfim, passando
em frente ao prédio onde morava Lacerda, e também assistiram o atentando. Viram alguém (mais tarde identificado
como o pistoleiro Alcino João do Nascimento), atirar no major Rubens Vaz e fugir em seguida. Enquanto Deodato
Maia ajudava a levar o major Rubens Vaz, agonizante, para o hospital, os outros voltaram para a redação, onde
Armando Nogueira escreveria a reportagem na primeira pessoa”. In: BRAGA, Regina Stela (edição). Diário
Carioca. O máximo de jornal no mínimo de espaço. Série Memória. Cadernos da Comunicação. Secretaria Especial
de Comunicação Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. 2003. p. 39.
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19

Discursos marcam publicações de GV

Os documentos e pertences pessoais de Getúlio Vargas estão preservados no


Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
(CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, que recebeu em 2007 o diploma da
Unesco pelo título de Patrimônio Documental ao Arquivo Getúlio Vargas pelo
registro da biografia e atividades políticas do ex-presidente. Os discursos,
mensagens, manuscritos, pronunciamentos e fotos podem ser encontrados nesse
acervo. Seu nome conta no Livro dos Herois da Pátria, guardado no Panteão da
Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes em Brasília.
Nos períodos que governou o Brasil reuniu, na coletânea A Nova Política
do Brasil, um total de onze volumes, seus principais discursos e pronunciamentos
entre os anos de 1930 a 1945, a saber:

Volume Titulo Período coberto Publicação


I Da Aliança Liberal às realizações 2 de janeiro de 1930 1938
do primeiro ano de Governo a 3 de novembro de
(1930-1931) 1931
II O ano de 1932 - A Revolução e o 4 de março de 1932 1938
Norte – 1933 a 13 de outubro de
1933
III A realidade Nacional de 1933 - 15 de novembro de 1938
Retrospecto das realizações do 1933 a 20 de
Governo, em 1934 outubro de 1934
IV Retorno à terra natal - 23 de novembro de 1938
Confraternização sul-americana- 1934 a 5 de julho de
A Revolução Comunista 1937
Novembro de 1934 a Julho de
1937
V O Estado Novo - 10 de novembro 10 de novembro de 1938
de 1937 a 25 de julho de 1938 1937 a 25 de julho
de 1938
VI Realizações do Estado Novo – 1° 1° de agosto de 1940
20

de agosto de 1938 a 7 de setembro 1938 a 7 de


de 1939 setembro de 1939
VII No limiar de uma nova era – 20 de 20 de outubro de 1940
outubro de 1939 a 29 de junho de 1939 a 29 de junho
1940 de 1940
VIII Ferro, Carvão, Petróleo – 7 de 7 de agosto de 1940 1941
agosto de 1940 a 9 de julho de a 9 de julho de 1941
1941
IX O Brasil na Guerra – 14 de julho 14 de julho de 1941 1943
de 1941 a 1 de janeiro de 1943 a 1º de janeiro de
1943
X O Brasil na Guerra – 1º de maio 1º maio de 1943 a 1944
de 1943 a 24 de maio de 1944 24 de maio de 1944
XI O Brasil na Guerra 1º de julho de 1º de julho de 1944 1947
1944 a 30 de outubro de 1945 a 30 de outubro de
1945.
Fonte: Vivian, 2013

Publicado em 1997, o Diário de Getúlio Vargas é outra obra de referência


por conter suas impressões sobre a situação política nacional e revelar os
momentos em que tomou decisões políticas, por registrar fatos importantes da
política nacional e os acontecimentos internacionais entre os anos de 1930 a 1942.
“O Diário de Getúlio Vargas pode ser classificado como literatura confessional e
de fato insere-se nesse gênero não só por ser um diário, mas também porque o
sujeito avalia de forma autocrítica sua posição no mundo” (REMÉDIOS, 2001,
06).
As demais publicações que marcam a vida e obra de Getúlio Vargas são:

1. As Diretrizes da Nova Política do Brasil, publicada em 1942 com trechos


selecionados de seus discursos e entrevistas dadas à imprensa internacional.
2. A Política Trabalhista no Brasil, publicado em 1950 com discursos
proferidos entre 1945 a 1947.
3. A Campanha Presidencial com discursos eleitorais realizados durante a
eleição de 1950.
21

4. O Governo Trabalhista do Brasil, editado em quatro volumes, com


discursos de 1951 a 1954.

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